[1993] Pavilhão JCMN

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A+R arquitetos

Pavilhão JCMN Subtítulo subtítulo subtítulo subtítulo subtítulo subtítulo


Obras publicadas na Biblioteca Submersa: A Casa Sonhada • Memórias Sobrepostas: Um Pintor e Uma Arquiteta La Maison Rêvée • Mémoires Superposées: Un Peintre et Une Architecte The Dreamed House • Overlaping Memories: A Painter and An Architect Isabel Rebello de Andrade • Prefácio: Paulo Raposo Andrade Porto: Edições João Sá da Costa, 2016. Quarto Livro Paulo Raposo Andrade Recife: Biblioteca Submersa, 2016. Casa Queira Deus • Invenção & Tradição em Arquitetura Paulo Raposo Andrade et al. • Prefácio: Álvaro Siza • Leonor de Lencastre (ed.) Recife: Edições João Sá da Costa, 2015. Fórum do Recife • Arquitetura e Reminiscência Andrade+Raposo arquitetos • Prefácio: Francisco Brennand Recife: Edições João Sá da Costa, 2015. Casa Mínima e Projeto [1a e 2a edição] Mônica Raposo et al. • Prefácio: Moisés Andrade Recife: Editora da Universidade Federal de Pernambuco, 2012. A Casa Ruben A. • Obra de João Andresen: Arquiteto Português do Século XX Joaquim Pedro Alpendurada • Prefácio: Moisés Andrade • Posfácio: Paulo Raposo Andrade Porto: Civilização Editora, 2009. Queira Deus • Invenção & Tradição em Arquitetura Paulo Raposo Andrade et al. • Prefácio: Álvaro Siza • Paulo de Lencastre (ed.) Recife: Civilização Editora, 2007. A Moldura Arquitetônica Paulo Raposo Andrade Recife: Biblioteca Submersa, 2007.


Biblioteca Submersa é um programa editorial independente.

Encheu-se-me de água o quarto

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os livros bóiam no teto grandes peixes taciturnos espiam-me o sono imenso.

Saio à rua e não há rua que a cidade está submersa... Cidade Submersa, ou Variações sobre um Tema Antigo, desde Atlântida e Lemúria —Edmir Domingues, 1958


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m 1990, tendo sido aclamado membro da Academia Pernambucana de Letras, João Cabral de Melo Neto viajaria ao Recife e visitaria Francisco Brennand. Sabendo de nossa admiração pela obra do poeta, Brennand então nos convidou para o encontro. Em 2 dias —sem que houvesse encomenda ou contratante— concebemos a arquitetura de um monumento dedicado à obra do poeta pernambucano. Na verdade, ao invés de um desenho, de uma forma, concebemos um algoritmo para geração automática da solução arquitetônica a partir do ‹Quadrado de Duijvestijn› [1]: A solução ‹simples› e ‹perfeita› para o chamado ‹Problema da Quadratura do Quadrado›. [2] (Uma Quadratura —ou dissecação— ‹simples› e ‹perfeita› é a que obedece a dupla condição: [i] Divide o quadrado em quadrados todos desiguais; e [ii] Não apresenta subconjuntos que formem outros quadrados.)

O encontro com João Cabral nunca veio a ocorrer —O poeta não veio ao Recife nem compareceu à cerimônia de sua posse na Academia. Restaram os planos da arquitetura concebida como uma homenagem ao mais arquiteto dos poetas. —P.R.A. • 1993.

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[1] O ‹Quadrado de Duijvestijn›.

O grande Cubo, virtual, transparente, seria construído com linhas e planos: perfis e lâminas de aço inoxidável, soldados entre si em estado de tensão permanente. Como uma gigantesca ‹harpa cúbica›, capaz de vibrar em ressonância à mais leve brisa; ou aos passos de um visitante disposto ao risco de escalar as plataformas.

[4] As quatro etapas do algorítimo para geração da solução arquitetônica.


[2] A história do ‹Problema da Quadratura do Quadrado› inicia em 1902, quando H.E. Dudeney propõe a questão: Seria possível dissecar um quadrado em um número finito de quadrados desiguais? Entre 1923 e 1925, Zbigniew Moro publicou ‹Sobre a Dissecação de um Retângulo em Quadrados› (‹O Rozkladach Prostokatow Na Kwadraty›), oferecendo as primeiras soluções geométricas para dissecação de Retângulos. Em 1930 M. Kraitchik publicou uma comunicação pessoal do célebre matemático russo Nikolai Lusin afirmando que seria impossível dissecar um quadrado em um número finito de elementos diferentes. Mas, entre 1933 e 1935, Brooks, Smith, Stone e Tutte —‹The Trinity Four›— trabalhando na Universidade de Cambridge, formularam um método geral de solução por analogia com circuitos elétricos, baseado na ‹Primeira Lei de Kirchhoff›. [3] Em 1938, R.P. Sprague publicou pela primeira vez uma solução ‹Simples› e ‹Perfeita› para a Dissecação do Quadrado. Em 1967 G.H.Morley publicou em ‹Eureka› seu próprio método, incluindo uma Quadratura de Ordem 60: 616457a, erroneamente citada com lado igual a 616.467.

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[3] A ‹1a Lei de Kirchhoff›: ∑ Ik =0 k=1

Ou o Princípio da Conservação da Carga Elétrica:

Em 1982, A.J.W. Duijvestijn et. al., com auxílio de computadores, demonstraram matematicamente que a menor Quadratura ‹Simples e Perfeita› possui 20 elementos: O ‹Quadrado de Duijvestijn›.

«Dar a qualquer matéria a aritmética do metal dar lâmina ao metal e à lâmina alumínio.» A escultura de Mary Viana —J.C.M.N., 1975. 2


Isometria vista do piso ao teto

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número quatro feito coisa ou a coisa pelo quatro quadrada, seja espaço, quadrúpede, mesa, está racional em suas patas; está plantada, à margem e acima de tudo o que tentar abalá-la, imóvel ao vento, terremotos, no mar maré ou no mar ressaca. Só o tempo que ama o ímpar instável pode contra essa coisa ao passá-la: mas a roda, criatura do tempo, é uma coisa em quatro, desgastada.» O Número Quatro —J.C.M.N., 1975.

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[4] Pars pro toto, Sinedoque: Como um Fractal, o menor de todos os quadrados —o ‹elemento 2›— constituiria uma réplica em miniatura do monumento inteiro. Não a forma encontrada como uma concha, perdida nos frouxos areais como cabelos […] mas a forma atingida como a ponta do novelo que a atenção, lenta, desenrola.

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