Jornal Ponto de Encontro

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Março 2009

Livros & Companhia Um Romance Histórico a não perder…

O Último Duelo

Autor: Eric Jager Editora: Fronteira do Caos A história passa-se em França, no século XIV altura em que o Feudalismo estava a perder vigor. O autor começa por falar um pouco da História da Europa, principalmente de França, realçando a invasão inglesa que vai dar origem à Guerra dos Cem Anos. Neste contexto, a obra fala de factos reais envolvendo dois amigos que, por causa de um crime, acabam por lutar entre si. Os protagonistas são Jean de Carrouges, homem de armas, e Jacques Le Gris, escudeiro e homem instruído, pois pertencia às ordens menores do Clero, ambos ao serviço do Conde Pierre. Carrouges era casado com Jeanne e Le Gris. Embora casado, tinha fama de sedutor e era pai de muitos filhos. Nos finais de 1370, Jeanne adoeceu e morreu, tal como o seu terceiro filho. Para assegurar que o nome da família não morria, Carrouges via-se na necessidade de voltar a casar, tendo-o feito dez anos mais tarde, regressado da campanha do Cotentin, e já com Carlos VI como Rei de França. A eleita foi Marguerite, uma jovem nobre na casa dos vinte anos e que representava o ideal de mulher bonita para a época: cabelos claros, fronte alva e luzidia, sobrancelhas arqueadas, olhos azuis-cinzentos, nariz bem feito, boca pequena com lábios bem vermelhos e cheios, pescoço esguio, um peito branco como a neve e um corpo bem torneado e esbelto. Apesar deste segundo casamento, Carrouges continuava sem um herdeiro varão, via as suas posses diminuírem e mantinha um conflito com o seu antigo amigo, pois via este ser privilegiado pelo suserano de ambos em detrimento das suas aspirações. Certo dia, o Conde Pierre deu uma festa e convidou os dois amigos agora desavindos a comparecerem. Carrouges, para surpresa geral pois para além de estar em conflito com Le Gris também havia tido forte discussão com o seu senhor - não só compareceu como, quando na presença do antigo amigo, o abraçou e ordenou à sua mulher que o beijasse em sinal de paz e amizade. Marguerite assim fez, tendo beijado Le Gris na boca e aí despertado no sedutor o interesse em si. Entretanto, Carrouges partiu para Edimburgo, na Escócia, para combater e, na sua ausência, Marguerite é violada por Le Gris que contou com a ajuda de Adam Louvel, seu escudeiro. Descobrindo-se grávida (embora na Idade Média se dissesse que uma violação não podia dar origem a uma gravidez), ela e o marido pedem ao Conde Pierre que faça Justiça como senhor e suserano.

Adam Louvel foi preso mas o conde Pierre, por causa do ódio que tinha a Carrouges, nada faz contra o verdadeiro criminoso. Face a isto, o queixoso parte para Paris, para apresentar o seu caso ao rei e apelar a que lhe fosse permitido um duelo judicial, também conhecido como “julgamento de Deus”. Louvel é detido e confinado à Conciergerie, a sinistra prisão adjacente ao Palácio da Justiça, para interrogatório sob tortura. Depois de um longo julgamento, onde Le Gris protestava inocência, o Rei ordenou que houvesse um duelo. Se Carrouges morresse, as suas acusações seriam consideradas falsas e Marguerite seria queimada viva; se o morto fosse Le Gris seria considerado culpado e o seu corpo arrastado por Paris até Montfaucon a cidade dos mortos. O vencedor do duelo foi Carrouges, assim se provando a culpa de Le Gris. Carrouges, entretanto, parte para a Turquia com os Cruzados e aí viria a morrer, não sem antes encontrar um homem que, moribundo, confessa ser ele o criminoso que havia violado a mulher de Carrouges. De acordo com os relatos, e face a esta reviravolta, há quem diga que Marguerite, agora viúva, terá ingressado num convento (o mais provável face aos costumes da época), outros dizem que se suicidou. O Rei, esse, ordena que em França nunca mais se permita um julgamento pelas armas, embora em Inglaterra, por exemplo, tal costume tenha perdurado até 1819. É esta, em síntese, a trama de uma história que é de leitura agradável, cheia de factos históricos e cujo verdadeiro mistério permanece, pois nunca se soube se Le Gris era culpado, se o autor do crime fora o outro homem, se tudo fora inventado por Marguerite para esconder um adultério ou se fora o próprio Carrouges quem pensou num plano para se vingar das afrontas sofridas ante Le Gris. A verdade é que este foi um caso judicial muito famoso e serviu como inspiração a historiadores e cronistas ao longo dos séculos, de tal modo que há quem garanta que o realizador Martin Scorsese considera a hipótese de fazer uma adaptação deste livro para o cinema, mas tal nunca foi confirmado. Sara Cristina Pinto, 10ºE

Trabalho efectuado por Ana Machado, 10ºE

Educar para a Diferença

Alunas do 12º J, Curso de Animação Sociocultural em actividade de sensibilização da comunidade escolar para a diferença.

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