Julianna Costa 4 semanas de prazer

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– “Ele é um cara legal?” Você perdeu o juízo? – sussurrei. – Não! Mas você não estava dizendo nada. – Ela gesticulava enfurecida. – Melhor do que elogiar o cara! Você esqueceu o que a gente veio fazer aqui? – Dominique, a gente precisa puxar o assunto de algum jeito! – E dizer “Poxa! Seu marido é bem legal” – fingi uma voz sonsa – “Sim! E, por sinal… Ele está te traindo” é uma boa ideia? Esse é o seu plano? – Eu não tenho um plano! – rosnou – Porque isso não é “um episódio de Scooby Doo”, lembra? – Tá, tá, tá. Shelbi estava voltando, mas Andy não tinha calado a boca. – Eu queria ter um plano! Mas você tem que fingir que sabe de tudo. Mesmo quando não sabe – chiou. – Psss! – abanei a mão para que ela se calasse e ela encarou Shelbi, que retornava afobada, com um sorriso vazio. – Olhem que coisa linda! Ela abriu uma caixa preta da Cartier e, descansando sobre a almofada de veludo, estava a bijuteria de vidro mais falsa que eu já tinha visto na minha vida. – Não é perfeito? E é Cartier – ela sussurrou a palavra arregalando os olhos com ares de mistério e sacudiu os ombros empolgadamente. Eu tentei dissimular o desconforto e abrir um sorriso de falsa admiração. Uma coisa que quem me conhece percebe com facilidade é que eu tenho vários sorrisos: O sedutor, o eu quero alguma coisa, o saia do meu caminho e até mesmo o que demonstra uma gratidão que eu não sinto. Todos esses eu sempre fui capaz de simular com uma atuação digna de um Oscar. Já o meu sorriso de falsa admiração ou o de falsa alegria pela felicidade alheia… Bem… Nunca tive muita prática com nenhum dos dois. Shelbi estava contando como não sabia onde usar uma peça tão cara, Andy estava impressionada que o crápula do marido traidor fosse capaz de tamanha gentileza e eu tinha enfiado minha testa na mão e estava encarando o chão pela simples falta de saber o que fazer comigo mesma. O cara tinha comprado uma coisa de vidro colorido para enrolar no pescoço em alguma zona de livre importação, vulgo, mercadinho chinês da esquina. Tinha colocado em uma caixa usada para relógios e eu estava ali tendo que engolir a vontade de gritar que aquilo era mais falso que o meu sorriso. Andy olhou para mim e abriu a boca em admiração como quem diz “Não é que ele não é de todo mal?”, e eu revirei os olhos diante de sua inocência. – Vocês terminaram? Eu vou tirar logo a bandeja do caminho e deixar tudo limpinho. Eric fica nervoso quando chega cansado e a casa está suja. Eu olhei para a sala que brilhava impecável. Eu posso ter milhões de defeitos. Bilhões até. Mas eu sempre fui limpinha. Quase ao ponto de ser fresca. E a sala de estar de Shelbi era deslumbrante até para os meus padrões. Onde estava a sujeira? Ela tirou a bandeja e eu perguntei se ela precisava de ajuda. – Não querida, eu resolvo. Sente aí – gesticulou, e eu parei o movimento a meio caminho de me levantar. Andy me deu quatro tapas na coxa. Com força. – Ai! – Ela estava me batendo? Ela ficou louca? – Você viu o tamanho daqueles diamantes?


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