Jornal Observatório SP - Bairro Brás

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Observatório Brás

SP

Jornal produzido por alunos de Jornalismo | Universidade Anhembi Morumbi | 2º semestre de 2017

Brás se mantém importante polo comercial de São Paulo

Primeira greve geral no Brasil completa 100 anos e influencia reivindicações trabalhistas.

Feirinha de artesanato mostra a influência dos nordestinos no bairro do Brás.

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Observatório SP Brás

Expediente

O jornal “Observatório SP” é um jornal laboratório feito por estudantes da disciplina Produção de Jornal do curso de Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi. Todo material jornalístico publicado é protegido pela Lei Federal de Direitos Autorais e não pode ser reproduzido, no todo ou em partes, por qualquer meio gráfico, sem a autorização por escrito da coordenação do curso de Jornalismo, sob pena de infração da legislação que zela pela propriedade intelectual neste país. Os textos assinados são de única e total responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a opinião do Jornal. REITOR Prof. Paolo Tommasini DIRETOR DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO Prof. Luís Alberto de Farias COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Prof. Nivaldo Ferraz COORDENADOR ADJUNTO DO CURSO DE JORNALISMO Prof. Alexandre Possendoro PROJETO GRÁFICO Prof. Ricardo Senise PRODUÇÃO DE JORNAL Profa. Claudia Cruz FOTOJORNALISMO E PLANEJAMENTO VISUAL I Prof. Carlos Eduardo Frucci Prof. Roberto Ferreira da Silva

REPÓRTERES Adelson Palombello Aline Fay Ana Beatriz Larre Anna Laura Dettilio Ariely Damascena Barbara Alves Beatriz Gomes Beatriz De França Beatriz Xavier Caíque Guimarães Carolina Hungria Dalila Rocha Danielle Melgaço Edgar Buzzetto Eduardo Maffei Evelyn Mackus Fábio Gosmos Fernando Watanabe Gabriela Dos Santos Gabriele Dudu Gustavo Tolezzani Heloisa Correia Igor Silva

Jakeline Deres João Pedro Tanascovici Josiane Revelim Larissa Souza Maira Modesto Maite Cruz Marcela Bueno Matheus De Lucca Michelli Galdino Monica Crepaldi Natali Mamani Nathália Fernandes Nathalia Ferreira Pedro Ungheria Tales Silva Thainara Carvalho Thauany Perreira Vanessa Lucena Vinícius Oka Vitor Balciunas Vitor Muniz Yuri Trivellato


editorial

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Jornalismo local, mas universal Por Nivaldo Ferraz, coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi Enxergar nossas circunstâncias é exercício fundamental para melhorarmos nossa qualidade de vida. Saber o que temos, o que podemos, o que devemos, nossos direitos e possibilidades em relação ao que está ao nosso redor, ou muito próximos de nós, em nossa cidade, oferece a chance de expandimos nossa posse de bens públicos, mantidos com o pagamento de nossos impostos. O jornalismo local é uma das ferramentas funcionais para conhecermos e nos apoderarmos do que temos ao nosso dispor. O jornalismo local encontra fatos e ações capazes de nos modificar em nossa atitude frente a cidade, ao poder local e a iniciativa privada. É o jornalismo capaz de mostrar a realidade do bairro e da região, apontando uma saída para problemas ainda sem solução ou uma nova forma de se melhorar o que está posto. É o jornalismo que encontra pessoas com ótimas histórias para contar e as converte em reportagens agradáveis e úteis. Esse é o exercício que propomos aos nossos alunos do 4º semestre do curso de jornalismo da universidade Anhembi Morumbi, na disciplina “Produção de Jornal”. Um exercício relutante no Jornal Observatório SP, que você lê agora. Em cada semestre, cada turma produz reportagens sobre um bairro importante da cidade de São Paulo. Nesse semestre que passou as cinco turmas das disciplinas produzem matérias sobre os bairros Brás, Belém, Saúde, Jardim Paulista e Perdizes. Esta edição específica que você vê, caro leitor, é sobre o bairro do Brás. Nesta edição as reportagens foram orientadas pela professora Claudia Cruz, a fotografia pelo Prof. Carlos Frucci e o planejamento visual pelo Prof. Roberto Ferreira da Silva. Todas as edições do Jornal Observatório SP você poderá conferir no site jornalismo.anhembi.br, no qual publicamos periodicamente os principais conteúdos produzidos por nossos alunos. Não se trata apenas de desenvolvemos uma ação protocolar para aprovar alunos de jornalismo em uma disciplina. Construído sob os valores já expostos, o projeto editorial do observatório SP, é uma iniciativa que vai muito além, ao praticar um jornalismo local que é pilar fundamental da cidadania.


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GREVE GERAL DE 1917

En t e nd a o s fa t ores en vol vi d os no d es e nv o l v i men t o d a G reve Ger al q u e c o m p l et a 100 a n os em 2017 Convocada inicialmente por mulheres, a greve geral de 1917 ocorreu entre os meses de junho e julho, teve início na Fábrica Téxtil Cotonifício Créspi.

A ideologia anarquista traazida pelos imigrantes italianos influenciou muito no desenvolvimenteo da greve. Outro fator que também teve reflexos na paralisação dos operários foi a Revolução Russa que ocorreu no mesmo ano.

Sobre a Revolução Russa A Revolução Russa foi responsável pela adoção de um novo regime de governo, marcado pela queda do Czarismo e pela implantação do Vladimir Lênin Regime Socialista. Líder do Partido Bolchevique As condições precárias de trabalho infantil, longas jornadas, salários baixos, acidente frequentes, foram as razões para que os trabalhadores aderissem a greve.

Começou no dia 12 de julho, em São Paulo. As fábricas e os transportes foram paralizados, e por causa da grande repressão policial os operáios se negaram a negociar o fim da greve.

História de um bairros da regiã

A pluralidade cultural e o forte comé região que também sofreu impacto d

Bárbara Alves Natali Mamani Hoje, o Brás é um dos principais centros comerciais de São Paulo e possui grande importância para o desenvolvimento da cidade, porém a sua formação ocorreu dentro de um ambiente rural. Ele foi fundado a partir da construção da Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos pelo proprietário de terras José Brás. Nesse período ocorreu a formação de um povoado ao redor da Igreja. Já com o desenvolvimento da cultura cafeeira em São Paulo e necessidade de transportar o café para exportação, foi construída a linha

de trem Santos-Jundiaí, que trouxe o sistema ferroviário para o bairro, responsável também por transportar imigrantes recém-chegados ao país para trabalhar nas fábricas da região no início do século passado. A nova massa proletariada, formada pela industrialização do bairro e pela imigração, era recepcionada pela Hospedaria dos Imigrantes, que tinha função abrigar os imigrantes chegados ao Brasil. Hoje, ela se tornou o Museu da Imigração que preserva registros do movimento migratório fundamental para a consolidação do Brás. As assinaturas de quem se hospedou no local estão

CONSEQUÊNCIAS A Greve Geral promoveu a consciência de classe do operariado, o surgimento de sindicatos no Brasil, a morte do sapateiro espanhol José Iñeguez Martinez e as reivindicações dos grevistas foram aceitas. Foi um momento em que a classe trabalhadora se organizou para obter seus direitos em um período de transformações do ambiente urbano.

Imagem de dentro da Paróquia Bom Jesus do Brás, antes chamada Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Foto: Bárbara Alves


dos principais ão central

ércio são considerados a marca da da Greve Geral de 1917 abertas ao público. Os italianos representavam grande parte dos imigrantes e em 1919 realizaram a primeira Festa de São Vito em homenagem ao santo católico. Eles também foram importantes para a Greve Geral de 1917, pois juntos com outros imigrantes europeus inseriram a ideologia anarquista no Brás, base ideológica da paralisação operária. Ela foi iniciada por mulheres da fábrica Cotonifício Rodolfo Crespi, e teve repercussão em diversos cantos do Brasil. A Revolução Russa que ocorreu no mesmo ano também influenciou a paralisação operária devido a organização dos operários em torno dos sindicatos. Eles reivindicavam melhores condições de trabalho, pois eram superexplorados com longas jornadas de trabalho, péssimos salários, acidentes rotineiros, trabalho infantil, entre outros aspectos desumanos. O movimento migracional não parou. Nos anos 40, um movimento de migração interna fez com que o bairro recebesse um forte fluxo de imigrantes nordestinos que se intensificou com

a seca em 1952. Eles foram responsáveis pela instalação do comércio local, que hoje é uma das marcas do bairro. Em 1978, o Metrô chegou na região e fez com que a região se devolvesse ainda mais devido a sua localização da região central de São Paulo. Atualmente o bairro abriga uma grande população de imigrantes de diversas partes do mundo, essa diversidade cultural e o forte comércio local faz com que várias pessoas do Brasil venham ao bairro para comprar devido ao preço baixo das mercadorias

história

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IMIGRANTES NO BRASIL

SÉCULO XIX 1,4 MILHÕES Italianos 75 MIL Portugueses 160 MIL Espanhóis 75 MIL Alemães

Fonte: IBGE

Eduardo Cedenõ além de ser editor do Jornal do Brás também é neto de imigrantes. Um de seus avós é o italiano Ernesto Martellotta enquanto o outro, o espanhol Francisco Cedenõ Ponce. Ambos foram recepcionados pela Hospedaria do Imigrante quando chegaram ao país. Ele contou que o nome Brás foi oficializado no dia 8 de junho de 1818 por um decreto do rei D.João VI e esse documento atualmente se encontra na sede do jornal local, que possui uma forte importância para o bairro.

Largo da Concordia antes e depois da remoção da subprefeitura da Mooca em parceria com a Associação de Lojistas do Brás. A remoção retirou os inumeros vendedores ambulantes que ocupam o local desde 1999. Foto: Acervo do Jornal do Brás


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Primeira greve geral realizada no Brasil completa 100 anos de lutas trabalhistas

Considerada a primeira paralisação geral de trabalhadores no país, greve de 1917 inspira manifestações até hoje

Comício realizado no bairro do Brás durante a greve em 1917. (Foto: Acervo/Estadão)

Fábio Cosmos Há 100 anos, o bairro do Brás foi palco de um grande movimento que visava regulamentar as jornadas de trabalho, conceder leis trabalhistas, aumento de salários e acabar com a exploração do trabalho infantil. No dia 14 de junho de 1917, cerca de 400 operários, em sua maioria mulheres, se reuniam no edifício Crespi para lutar a favor de seus direitos e assim iniciando o que ficou conhecido como a “Primeira Greve Geral do Brasil”. Estavam entre as reivindicações da primeira greve conceder uma jornada de oito horas e uma semana de trabalho de cinco dias; a liberdade às pessoas detidas por conta da greve; respeito ao direito das

associações e sindicatos dos trabalhadores; impossibilidade de demissão dos participantes do movimento; fim da exploração do trabalho de menores de 14 anos; proibição do trabalho noturno para mulheres e menores de 18 anos; aumento de 35% nos salários inferiores a 5 mil réis e de 25% para os mais elevados; data certa para o pagamento dos salários; garantia de trabalho permanente e o pagamento de 50% por horas extras de trabalho. Em um cenário de preparação para a grande paralização no setor operário, em março de 1917 foram organizadas diversas assembleias populares e comícios de protesto, realizadas no Largo da Concórdia. As reuniões caracterizavam

um movimento contra a alta dos preços de diversos produtos, chamado de “carestia da vida”. O fim da greve Após várias negociações, o fim da greve foi declarado em um dos comícios realizado no Brás em 16 de julho, após serem aceitas todas as reivindicações e divulgarem na edição do mesmo dia do jornal Estado de São Paulo. Para a Prefeitura Regional Mooca, que atende aos distritos de Água Rasa, Belém, Brás, Mooca, Pari e Tatuapé, essa greve representa que o Brás como um bairro totalmente industrial onde recebeu diversos imigrantes, muitos deles com formações especializadas, assim contribuindo para grandes marcos para o bairro

como a participação na construção do edifício Martinelli, localizado no Centro, e o Museu da Imigração, no Brás. O cenário atual Quase 100 anos após a primeira grande manifestação no país, a greve do dia 28 de abril, dessa vez organizada por órgãos como a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), as reivindicações ainda estão ligadas as condições de diversos setores profissionais, em especial contra as reformas trabalhista e da Previdência, estabelecidas pelo governo de Michel Temer. As duas greves foram fortemente marcadas pela participação feminina e a busca por melhores condições de trabalho ao longo dos anos.


política

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Imigrantes chegam ao bairro e impulsionam a expansão do centro de São Paulo Em um século, italianos, sírios, bolivianos e haitianos transformaram as características da região central da cidade Gabriela dos Santos Em 2017, o bairro do Brás, na região central de São Paulo, é exponencialmente comercial. As indústrias cederam espaço às lojas que são referência na economia do Brasil. O panorama da região mudou completamente em 100 anos, a população imigratória, o estilo e a expansão do bairro fazem parte de outro contexto histórico. O impacto que a imigração, no começo do século passado, causou foi essencial para o crescimento do Brás. A transição do século XIX para o XX causou um forte impacto na política de imigração para o Brasil. Após o fim da escravidão, em 1888, e o início da industrialização no país, houve a inserção de uma mão de obra preparada para substituir a escrava, a fim de que os proprietários das lavouras cafeeiras não ofertassem um valor alto pelo serviço, sem abrir mão da qualidade. Devido à expansão da lavoura cafeeira, europeus, especialmente os italianos, imigraram para o Brasil para atender a demanda. Porém, o trabalho rural não agradou os imigrantes que vieram ao país com intenção de ter oficina, ser operário ou fazer pão. O acelerado processo de indus-

Imigrantes bolivianos e haitianos dividem espaço em rua movimentada da região do Brás. (Foto: Gabriela Santos)

trialização em São Paulo fez com que os italianos saíssem da zona rural para as cidades, aglomerando a população de imigrantes na região do Brás, o que mudou o cenário da cidade. Por esta mobilidade e o bairro já ser um pequeno polo industrial, as práticas e as qualificações dos imigrantes influenciaram para a construção do bairro. “Construíram edificações, como o Edifício Martinelli, aconteceram transformações nas instituições políticas, na religião, na saúde, na educação e no lazer, e o comércio vinha crescendo devido às técnicas que os italianos tinham”, afirma Paulo

Criscuolo, prefeito regional da Mooca. Eliane Barreto, 56, conta que o bairro evoluiu aos poucos, mas não trouxe muitos benefícios aos moradores. Proprietária de uma loja de sapatos, confeccionados por ela e seu marido, diz que “a crise financeira ajudou para que a expansão parasse. Espero que prefeitura e governo ajudem a melhorar a relação entre comércio e moradia. Meu pai trabalhou nas Indústrias Matarazzo por muitos anos, então a referência que eu tinha de urbanização, é bem diferente de hoje”. Segundo um artigo desenvolvido pela professora Deisy Ventura,

do Instituto de Relações Internacionais da USP, o crescimento e urbanização do Brás foi um processo em meados de 1910. O estilo europeu do bairro colaborou para que as melhorias na região do Brás em mobilidade urbana, economia e zoneamento permanecessem durante décadas. Porém, as indústrias passaram a ocupar grande parte do bairro por volta de 1950, transferindo os italianos e libaneses para outras regiões da cidade. Em 2017, novos imigrantes bolivianos e haitianos dividem espaço em áreas comerciais e residenciais, criando uma outra perspectiva para o Brás.


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Lei de zoneamento torna possível a convivência entre comércio, moradia e lazer

Grande desenvolvimento demográfico no bairro vem trazendo aumento do fluxo de pessoas na região

Rua Coimbra recebe intenso movimento nos finais de semana. (Foto: Gabriela Dudu)

Gabriela Dudu Moreira Fundado em 1915, o Brás é nacionalmente conhecido pelo seu grande comércio que traz compradores de todas as regiões brasileiras por seus preços acessíveis e suas festas temáticas, principalmente as italianas. Diariamente, circulam mais de 500 mil pessoas, mas nem todo mundo conhece a Lei de Zoneamento, 13.885/04, que vem sendo pauta na prefeitura regional para a mudar algumas regras, o que pode trazer uma organização ainda maior para o equilíbrio moradia, comércio e lazer. Além de seu comércio e festas, o bairro possui moradores antigos e áreas residenciais,

entretanto, o bairro não prioriza o verde, o que acarreta em um clima mais quente. A Lei obriga que cada construção tenha um mínimo de área verde em seus projetos, mas de acordo com o prefeito da Prefeitura Regional, Paulo Criscuolo, mesmo com uma boa fiscalização, essa porcentagem não é o suficiente para manter o bairro com um clima mais agradável e com uma área verde maior e mais bem preservada. O crescimento demográfico do bairro trouxe um atropelo para a oferta de serviços como ampliação de redes de esgoto, por exemplo. Comércios que eram uma pequena fonte de renda familiar, hoje se tornaram grandes ne-

gócios, o que exige um fluxo maior em redes de água e esgoto. Apesar do grande esforço da prefeitura para manter uma organização do Brás, nem sempre é possível melhorar as condições da área. Do ponto de vista do comerciante Emerson Menezes, devido ao grande fluxo de pessoas do bairro é necessário o aumento da oferta de transporte público na região para melhor circulação da população e uma melhoria nos calçamentos e vias públicas, pois a falta de cuidado acarreta uma dificuldade de locomoção dos clientes e dos comerciantes, o que piora em épocas de maior movimento, transformando-o numa zona comercial cada vez maior.

O bairro vive numa constante e intensa movimentação, mas existem poucas opções de lazer, se comparado as demais regiões, possui teatros e áreas culturais que muitas vezes não são aproveitados pelos moradores. No ano de 2017, o Brás passou a receber também diversos bloquinhos de carnaval, transformando o bairro numa boa opção de lazer durante a época e a estimativa é de que no próximo ano esse sucesso aumente mais. A população ainda pode auxiliar enviando ideias e opiniões pelos meios oficiais de comunicação da prefeitura de São Paulo e da prefeitura Regional Mooca, que também atende pelo distrito do Brás.


política

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Prefeitura aplica projetos na região central da cidade de São Paulo

Para repaginar a zona central da cidade, subprefeituras aplicam projetos de políticas públicas para reformar as ruas e calçadas Michelli Galdino A prefeitura de São Paulo, com apoio das regionais, vem promovendo projetos para a melhoria das condições das ruas e calçadas da cidade, devido as dificuldades de mobilidade, falta de áreas verdes e limpeza. Os espaços reservados para os pedestres não são projetados e não recebem manutenções adequadas, assim dificultando a mobili-

dade no bairro. Apesar de ser responsabilidade dos proprietários dos imóveis, é a prefeitura que regulariza e fiscaliza as condições de padronização. Bem como, promove reformas, com ajuda de voluntários, nas calçadas que são administradas pelo poder público como praças e escolas municipais e estaduais. Segundo Emerson Menezes, comerciante do bairro, as condições

das vias urbanas do Brás estão deploráveis, com falta de manutenção, dificultando a mobilidade no local. Em entrevista, a Subprefeitura da Mooca assume que não tem fiscais suficientes para solucionar tais problemas, no entanto não há uma denúncia vinda por parte dos usuários para que haja uma agilização do processo de manutenção. Uma das últimas

ações feita pela prefeitura é o projeto Cidade Limpa, realizada recentemente na praça Kennedy, na Radial Leste, com cerca de cem voluntários. Outra foi em conjunto com a Rede Globo, o projeto Verdejando, em frente ao Shopping Mooca, plantando cerca de duzentas árvores e implantando um sistema de drenagem da água da chuva para a irrigação das novas plantas da região atendida.

Prefeitura Regional Mooca R. Taquari, 549 CEP: 03166-000 Tel: 2292-2122 - Horário de Funcionamento Segunda a Sexta-feira 08h00 às 18h00 - E-mail: moocagab@ prefeitura.sp.gov.br 0800 011 0156 - Solicitação de operação Cata-bagulho, ligue 156.

Falta de manutenção do asfalto na Rua do Hipódromo, região do Brás, em São Paulo. (Foto: Michelli Galdino)

Portal de atendimento ao cidadão: 156, sp156. prefeitura.sp.gov.br ou aplicativo SP156, disponível nas lojas para dispositivos móveis.


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Políticas de inserção social facilitam estadia dos refugiados estrangeiros O bairro do Brás é uma região conhecida por abrigar diversos estrangeiros, que chegam ao local à procura de melhores condições de vida, trabalho e moradia Pedro Ungheria A vida de um refugiado é instável, afinal, o motivo que se faz necessária a saída do seu país é o que lhe atribui esse status. A exemplo disso, em 2010, um terremoto atingiu o Haiti, deixando 100 mil vítimas. A ilha sofre até hoje para se recuperar do desastre natural, sem expectativa para que tudo retorne à normalidade. Na necessidade de reestruturar suas condições social e econômica, buscam destinos que os ajudem a recomeçar. O Brasil é um dos países que adotam política de acolhimento. O Coordenador de Políticas Públicas para Refugiados da Prefeitura de São Paulo, Ebenézer Oliveira, afirmou que ao chegar no país, o refugiado tem livre acesso às informações para tornar sua estadia legal pelos órgãos públicos e políticos. Qualquer documento com foto é necessário para que ele possa requisitar o Registro Nacional do Estrangeiro (RNE), tendo esse documento, as necessidades básicas são dadas para os recém-chegados. Esse auxílio e inserção social está ligada ao Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/1980), que afirma que o estran-

Av. Celso Garcia é uma opção para reestruturação financeira e social. (Foto: Pedro Ungheria)

geiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos brasileiros. Qualquer órgão do governo e da prefeitura os direcionam com as informações necessárias, para o lugar específico, onde realizam esse cadastro. “O Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI) é uma das organizações

responsáveis por fazer esse atendimento”, disse o Coordenador. Segundo Ebenézer, a região do centro de São Paulo é a mais procurada para este tipo de registro, justamente por abrigar o centro financeiro do País. O Brás é o bairro de maior procura, junto com as adjacências, por serem locais de fá-

Refugiado recorre ao comércio ambulante como fonte de renda. (Foto: Pedro Ungheria)

cil acesso ao comércio e também pela sociabilização dos estrangeiros, que de certa forma, encontram seus compatriotas facilitando a estadia deles no país. Há cinco anos no Brasil, Ernst Casimir atualmente com 40 anos, chegou por meio de um programa da empresa Odebrecht que trazia refugiados do Haíti para o Mato Grosso do Sul. Depois de partcipar por um ano neste programa, veio para São Paulo com o intuito de adquirir recursos financeiros e trazer toda a sua família para o Brasil. Ao chegar na cidade, recorreu ao Brás, local onde encontrou um programa de refugiados, que acolhe pessoas nesta condição. Desde então, começou a atuar nos comércios do bairro e garantir sua estabilidade e de parte da sua família que também residem no país. Marco Antônio, comerciante no Brás há doze anos, afirmou que a relação entre a categoria dos comerciantes e os refugiados no bairro é saudável e existe auxílio mútuo. “A vontade de estar empregado, e sendo funcional, seja legal ou ilegal, deveria servir de exemplo de vida para os brasileiros”, disse o mercador da região.


economia

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Economia Criativa ganha espaço no centro de São Paulo O bairro do Brás mescla sua tradição com a criatividade dos novas formas de comércio para driblar a falta de empregos Thainara Carvalho

Jonas da Silva utiliza da criatividade para inovar nas embalagens de seus produtos.

A relação entre o tradicional bairro do Brás – localizado na região central de São Paulo – com os diversos tipo de comércio que lá existem já atravessa séculos de história. No início, com a chegada dos imigrantes italianos, foram construídas as primeiras fábricas de café, levando a um rápido desenvolvimento. No entanto, com a rápida transformação imposta pelas novas tecnologias e o surgimento de tendências como a Economia Criativa, que prezam pela inovação, os comerciantes do bairro vêm apostando em ideias diferentes para os seus negócios, a fim

de chamar a atenção de um público cada vez mais exigente e ávido por novidades. O Brás possui um cenário caótico e recheado de informações, onde, agora, o tradicional e o novo coexistem. Lá é possível encontrar ideias como a de Jonas da Silva, 18 anos. A criatividade implementada em seu negócio consiste em oferecer amendoins, frutos secos e doces já separados em pequenas embalagens individuais aos clientes que passam pelo seu carrinho. Na zona cerealista, as lojas de cereais à granel vem trazendo produtos diferentes e inovando no atendimento, como,

por exemplo, a Casa de Saron. A loja utiliza o sistema de senhas com o objetivo de otimizar o serviço aos clientes. Porém, o que chama a atenção são os produtos diferentes encontrados no local, como a feijoada vegetariana, o risoto de espinafre e o risoto integral com algas. Apesar de ser um local muito procurado e movimentado pelo seu comércio, o Brás ainda necessita de incentivos que proporcionem uma base concreta para a

“É necessário empenho da comunidade local”

criação de negócios criativos. É o que explica Rose Meusburger, presidente da Rede Economia Criativa Brasil. “A expansão de empreendimentos criativos em uma localidade/distrito não depende exclusivamente da vontade dos empreendedores. É necessário, além do empenho da comunidade local, uma forte organização e vontade de administração pública. É preciso, também, que os gestores públicos facilitem o estabelecimento desses empreendimentos em determinadas localidades fornecendo melhores condições não só físicas (logística) mas eventualmente melhores impostos, segurança e divulgação”, explica.

Jonas da Silva utiliza da criatividade para inovar nas embalagens de seus produtos.


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Tradicional Feirinha para quem busca bom preço

Boxes com diversidade de produtos a preços atraentes levam o consumidor a fazer compras ainda na madrugada Josiane Revelim

Começo da madrugada e os ônibus já estão atravessando as ruas do Brás e ocupando o estacionamento da Feirinha da Madrugada. Os compradores chegam de diversas partes do Brasil em busca de produtos como roupas, calçados e acessórios para revendê-los em suas respectivas cidades. Alguns compram para uso próprio e da família. A feirinha da madrugada, grande centro de compras no bairro do Brás, fica localizada entre a Rua Oriente com a Rua São Caetano com a Rua Monsenhor de Andrade e Avenida do Estado. A história da feirinha teve início na região da 25 de março, centro de São Paulo, porém com o crescimento dos comerciantes e produtores estes migraram para o Brás em um terreno cedido pela União á prefeitura, que fez uma estrutura de boxes para os comerciantes. Verônica Guimarãis 58 foi uma das primeiras comerciantes a montar um boxe na feirinha da madrugada do Brás, ela e o marido possuem mais de cinco boxes de roupas infantis e dizem que a renda

Comerciantes garimpam produtos em boxes na Feirinha da Madrugada. (Foto: Josiane Revelim)

da família vem exclusivamente das vendas do local, que mesmo com altos e baixos nas vendas ainda conseguem se manter. Maria Neves, cliente que frequenta a anos a Feirinha contou que compensa muito a ida ao local pois os preços são ótimos e a revenda dos produtos garante uma renda extra para sua família. O local é organizado por ruas e números, como em uma cidade, com câmeras monitoradas pelo Consorcio Circuito das Compras, responsável pelo local. O terreno onde fica a Feirinha está sendo monitorado, pois foi constatado que o local está contaminado. Uma empresa contratada pe-

los quase 4 mil comerciantes encontrou componentes de Benzeno e Chumbo no local. O Consorcio Circuito das Compras disse em nota que “toma todas as providências para a saúde e segurança dos frequentadores do local”. Há caminhões pipas para que não seja utilizada água subterrânea, não há plantio de árvores e a implantação de um plano de gestão ambiental. O comércio faz parte do terceiro setor da economia juntamente com serviços e, pela primeira vez na história das contas nacionais do Brasil, o terceiro setor entrou com um destaque específico na composição do Produto Interno Bruto

(PIB). Isto aconteceu após a revisão realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O Brasil é um dos 12 países que incluíram o setor em suas características econômicas separando-o do Estado e das organizações do setor privado.

SERVIÇOS:

Feirinha da Madrugada

- Rua Monsenhor de Andrade, 987 - Brás - Horário de funcionamento: Segunda a Sábado, das 2h às 16h Mais informações: www.feirinhadamadrugada. com.br


economia

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Zona Cerealista: meio de economia e promoção de qualidade de vida

Paraíso de produtos a granel vira ponto turístico e local de compras inteligentes aos adeptos de alimentação de qualidade Danielle Melgaço

Na década de 1980 foi integrada ao bairro do Brás (SP), a Zona Cerealista, que é uma área atualmente conhecida por sua variedade de produtos orgânicos e com preços consideravelmente menores, por exemplo, em comparação ao Mercadão localizado a 200 metros de distância. Em entrevista realizada na Loja Empório do Arroz Integral, o Responsável pela administração, João Nicolau, informou sobre a economia da região. Acerca da relação entre a Zona Cerealista e o Mercado Municipal de São Paulo, relata o por que mesmo com os benefícios eco-

nômicos da Zona Cerealista, o Mercadão continua sendo um grande ponto de venda, além de ser um ponto turístico: “Por mais que ele não faça parte da Zona Cerealista é um ponto de referência, quando se fala em frutas, frutas secas”. Disse também que antigamente o Mercadão não oferecia tais produtos pois era mais direcionado a açougues e espaço de alimentação. Hoje as pessoas que passam pela Zona e conhecem o local gostam e se tornam clientes. Referente aos custos dos produtos e imóveis das lojas, Nicolau reforça a ideia que no Mercadão, um dos motivos pelos quais a mercadoria serem mais caras mesmo sendo igual às da Zona Cerealista, é porque usa

Tamanho sucesso de vendas, mercadorias expostas nos recipientes são repostas diariamente.

Uma das avenidas mais movimentadas do bairro, a Mercúrio, é ponto de encontro de compradores e vendedores.

box, que custam muito caro. Já referente à Zona, a maioria dos comerciantes são proprietários dos imóveis. Já sobre importações, Nicolau ainda conta que “Quarenta por cento dos produtos que temos aqui é importado. São mais produtos de prateleira, já embalados”. Disse também ter bastante atacado, e que enviam para clientes dentro e fora do estado, tanto consumidores, quanto interessados em abrir lojas revendendo os produtos. A aposentada Lourdes Silva Candido, moradora do bairro e compradora assídua, faz uma relação sobre os preços dos produtos vendidos na Zona Cerealista com outros estabeleci-

mentos, a respeito dos produtos que ela mais compra, chás e ervas naturais, e conclui: “Bem mais barato”. O universitário Tales da Silva mostrou grande satisfação com a experiência de compra na região: “Estou gostando bastante, porque tem grande variedade de produtos, e o preço é muito em conta aqui. Vale bastante a pena”, conclui ressaltando o benefício das compras e recomendando a visita a todos os interessados. Para acesso ao local utilize os transportes público. Pelo metrô, descendo na estação Pedro II, ou pelas linhas de ônibus, com pontos no Terminal Dom Pedro.


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Clientes dão preferência à credibilidade dos comércios antigos Estabelecimentos resistem às crises há mais de quarenta anos e continuam conquistando clientela no bairro Ariely Damascena Pesquisa feita em 2016 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) registrou uma imensa queda de pontos de vendas no país, sendo São Paulo o estado mais atingido, com o fechamento de mais de 30 mil lojas entre janeiro a novembro. Esse foi o pior resultado já registrado desde 2005, quando se iniciou o levantamento. No entanto, em meio à crise econômica, destacou-se a permanência de comércios antigos, que resistem há mais de 40 anos e continuam a crescer economicamente diante de todas as adversidades. Essas empresas conseguiram de alguma forma se sobressair e sobreviver a instabilidade financei-

ra. O grande segredo é: como? Para o senhor Lauro Mori, dono da Tinturaria Cereja, o segredo do sucesso é o trabalho bem feito e honesto, que conquista a clientela desde 1974. “Hoje as pessoas se preocupam mais em vender, do que fazer um trabalho bem feito. A maioria das lavanderias novas tem esquema de linha de montagens, aqui é trabalha manual, peça por peça”, afirma o Sr. Mori. Há alguns metrôs de distância, no número 440 da famosa rua do Gasômetro, está localizada a Casa de Couros São João. Aberta desde 1965, é uma das lojas mais tradicionais do bairro do Brás, quem visita o local, logo entende o motivo pelo sucesso. Os funcionários bem-humorados e cheios de simpática conquis-

Esquina da rua do Gasômetro com a rua Monsenhor Anacleto, duas das mais tradicionais do bairro.

tam os clientes. Bruno e Jean possuem uma fábrica de sandálias no Rio de Janeiro, e a cerca de cinco anos viajam até São Paulo apenas para comprar matérias na loja São João. “Existem outros lugares mais baratos, mas ser bem atendido compensa mais” conta um dos empresários. Além dos funcionários, o material de alta qualidade, vindo de um mesmo fornecedor desde o início do negócio,

Fachada da loja Casa de Couros São João localizada no mesmo local da rua do Gasômetro desde 1965

mantém a fama positiva. A economista Monica Alves explica que saber lidar com as oscilações do mercado financeiro é um dos fatores que garantem o sucesso desses comércios, muitas das novas empresas abrem o negócio sem o preparo adequado. “Com a crise econômica elas (empresas) não têm para quem vender, os comércios que já estão estabelecidos passaram antes por essas recessões e sabem como se manter – não no topo, mas eles conhecem e fazem suas reservas de capital para essas situações”. Além disso, Monica também ressalta que o atendimento é a forma de persuasão a compra e, portanto, um atendimento personalizado é a maior característica para manter um comércio, pois fideliza o cliente. “A oferta cria sua própria demanda, a partir do momento que o cliente tem suas necessidades respondidas”.


economia

Comércio influencia aquecimento imobiliário

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Entenda como as lojas de roupas estão virando fábricas e como afeta a economia imobiliária Carolina Hungria

O Brás teve sua trajetória marcada pelos cortiços, onde muitos operários instalaram-se pois facilitava a locomoção para as fábricas em que trabalhavam. Em 1970 com a chegada do metrô e dos nordestinos, o comércio popular ganha força no local. “O Brás está crescendo cada vez mais em relação ao comércio de roupas, e principalmente, com vendedores ambulantes, fica até difícil andar na calçada”, diz frequentadora do local, Isabelle Araújo, que adora fazer compras de roupas e acessórios. É nítido que os ambulantes têm ganhado muita visibilidade no local, e um dos principais motivos são as despesas,” um aluguel de uma loja, ou até mesmo um box nas galerias ali é muito caro, não vale a pena pra quem trabalha por conta” conta Rogério Silva, vendedor ambulante de roupa infantil. Devido a mudanças, algumas medidas acabam prejudicando os comerciantes que possuem lojas fixas, e consequentemente, afeta o mercado imobiliário. O engenheiro Rafael Medeiros de Souza, trabalha na Aplic Lar Imobiliária, no Brás, explica” as lojas estão virando

fábricas, pela pouca procura, pois antes, as pessoas vinham de fora para comprar no atacado, e agora, estão priorizando o varejo nos boxes e camelôs, que também tem preços baixos, e produtos diversificados”. Outro fato importante é o pós-crise de 2008, que teve um aumento significativo nos valores dos imóveis em todo o Brasil, e o Brás não ficou de fora, porém, esse crescimento permaneceu até 2013, que estabilizou e devido as incertezas políticas no país, enfraqueceu “em 2008, eu recebia um aluguel na rua Xavantes a R$8.300,00 reais, e fechei esse aluguel mês passado, no mesmo prédio, mesmo lugar, a R$4.500,00 reais” conta Rafael, que ressalta também que o fluxo de com-

Nas principais ruas do bairro é possível observar o intenso fluxo de ambulantes.

pradores na região diminuiu muito, e acredita que isso se deve ao tipo de comércio que mudou. Ele diz que para entender sobre o setor imobiliário no local, uma característica fundamental é a quantidade de pes-

Os boxes de roupas são uma alternativa para os vendedores terem mais lucro.

soas que passam pela rua, no caso, ele destaca a Rua Oriente “é uma das ruas mais caras do Brás atualmente, onde tem mais fluxo de gente, tem lojas lá que o metro quadrado chega a custar, R$20.000,00 reais”.


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Comerciantes aderem ao mercado virtual As lojas online tem dispertado o interesse dos consumidores, que buscam bons preços e comodidade

Clientes podem optar entre a comprar online ou presencial. (Foto: Vitor Balciunas)

Vitor Balciunas Um dos maiores e mais importantes centros comerciais da América latina está localizado aqui, na cidade de São Paulo. Por anos, o Brás tem atendido as necessidades dos consumidores que procuram por melhores preços e variedade de produtos. Os clientes- ganharam mais autonomia, hoje podem escolher o produto dentro de casa, acompanhar o andamento da entrega e pagar com mais segurança e conforto. Pensando nisso, lojas como a ‘Fenomenal’, localizada na Rua Bresser, 695, de-

cidiram ir além, através de vendas realizadas em sites de compras online. Ivanilde Lopes, gerente geral da Fenomenal, diz que com a entrada da loja no mercado digital, as vendas aumentaram consideravelmente. “Nossos clientes, podem escolher os produtos de qualquer lugar, e contar com um atendimento personalizado. Se surgir uma dúvida ou qualquer complicação durante a compra, eles podem entrar em contato via WhatsApp e serão respondidos rapidamente por um vendedor. Esse tipo de coisa atraiu novos compradores.” O sistema utilizado

pela loja possui uma ferramenta que permite um monitoramento, para saber quanto tempo o cliente passou dentro do site, quais produtos foram visitados, se chegou a concluir a compra e separa os mais populares. Esse tipo de mecanismo permite que a empresa esteja sempre preparada para traçar uma estratégia de venda e atendimento que acompanhe a demanda dos consumidores. A estudante Thaina Arcanjo diz que sempre que possível, prefere fazer suas compras online, porque assim pode evitar as multidões que diariamente

visitam o bairro. Entre os funcionários da loja atualmente não existe uma preocupação de que possam ser substituídos com a modernização do atendimento. Alguns vendedores relataram que tiveram se preocuparam no começo, mas depois perceberam que um atendimento não substitui o outro completamente. Priscilla Souza, gerente da ‘Brunfer Jeans’, localizada na rua Xavantes do Brás, assegura que seus funcionários não precisam temer, pois a tecnologia veio para auxiliar, e não há nada que supere o bom e velho charme do vendedor.


tecnologia

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Bairro expande no mercado de tecidos inteligentes Com o objetivo de atender ao público em conforto e inovação, a estratégia para atrair novos compradores fez sucesso.

Tecidos ficam a mostra para que qualquer cliente possa tocar e interagir com as novidades antes de decidir qual comprar. (Foto: Maíra Modesto)

Maíra Modesto O mercado dos tecidos inteligentes se tornou um dos setores com mais rápido crescimento em todo o mercado global de modelagem e vestuário, revolucionando a forma como os tecidos estão sendo criados, pensados e usados em diversos setores. Durante milênios, as pessoas utilizaram os tecidos para se aquecerem, para cobrir seus corpos e para a criação de um status social. Mas o que antes se baseava, primordialmente, em sobrevivência e poder, hoje ganha uma multifuncionalidade, inclusive inteligência. Atualmente é possível associar praticidade tecnológica com conforto e estilo, isso graças a um novo jeito de se enxergar

o mercado, o usuário e a moda. A maioria dos tecidos inteligentes foram criados, inicialmente, para o uso esportivo e militar, mas a sua divulgação e aspectos positivos tomaram proporções gigantescas, ao ponto de serem produzidos, nos dias de hoje, em grande escala e para diversos públicos. Para quem mora em São Paulo, ou até mesmo para quem gosta de pesquisar antes de comprar algo, o bairro do Brás é um dos resultados de busca que mais aparece quando o assunto é tecido e modelagem. Pelo lago da Concórdia, até a rua Joli e perto do Mirante, por onde se passa o que se vê é um mar de opções. Sempre honrando a fama que carrega de atender a todos os públicos e suas neces-

sidades. “O problema não era ter ou não ter público, isso aqui sempre teremos. Temos todo o tipo de público! O que era desafiador era conquistar um segmento fiel e atender ele com qualidade e excelência. Trazer para as pessoas algo novo é muitas vezes complicado, mas se você está disposto a entregar o que prometeu, será tranquilo”, comentou Fábio Alencar, gerente de uma loja de tecidos inteligentes. “O processo de tonar um tecido mais usual, pensando em sustentabilidade e conforto, é o que torna o tecido inteligente. Tecnologia de ponta a ponta, desde o fio até a casa do cliente. Seja para ele revender, ou para uso próprio. O que o público quer, não só precisa como deve ser levado em conta, eles são o nosso medidor de sucesso. Se

eles gostam, ótimo, investe! Se não, corta!”, comenta Guilherme Crepaldi, vendedor da loja Falcon Têxtil. Para os clientes a possibilidade de encontrar essa grande variedade tecidos reunidos em apenas um bairro facilita o dia a dia deles, e diminui o tempo que antes eles gastavam em busca do produto ideal que atendesse a todos os requisitos: preço, qualidade, beleza, conforto e atendimento. Afinal, quem conhece o bairro do Brás sabe que bom atendimento é o que não falta aqui. O mercado de tecidos só tende a crescer e ser inovado, e é nesse mesmo ritmo que o bairro do Brás mantém seu nome e credibilidade, se tornando parte impactante da grande potência econômica que é a cidade de São Paulo.

Compradores podem escolher entre uma diversidade de tecidos. (Foto: Maíra Modesto)


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Indústria moveleira modifica seu método de produção e reposição da madeira no ambiente

Como a indústria de móveis brasileira se reinventou para atrair novos consumidores no mercado nacional e internacional

A loja Leo Madeiras aposta em novas tecnologias em madeiras e MDF para atrair novos clientes. (Foto: Beatriz Gomes)

Beatriz Gomes Nós últimos anos, o mercado de madeira, que já foi bem próspero, passou por certa retração, devido ao combate á exploração ilegal de madeira. Mas o setor passou por uma grande reformulação, e começou a investir em florestas plantadas e priorizando os fornecedores que trabalham com áreas certificadas e legalizadas. As indústrias de portas e painéis de madeiras são um dos setores que mais empregam no país. Na região sul ficam concentradas as maiores indústrias que produzem MDF, carretel e pisos em madeira. Com a constante expansão desse mercado, os móveis estão cada vez mais diversificados, sendo

produzidos, na grande maioria dos casos, com madeira processada e reconstituída, utilizando aglomerados e o MDF como principal matéria prima. Seguindo esse padrão de expansão e de investimentos, a indústria moveleira também aposta alto em novas tecnologias para impulsionar mais o mercado. Atualmente, a produção artesanal vem sendo substituída por uma produção mais especializada, dedicando as suas coleções a móveis mais padronizados, o que torna a indústria moveleira nacional mais próxima dos padrões de exportação exigidos pelo mercado internacional. Na cidade de São Paulo o principal ponto de referência quando o assunto é madeira é a

Rua Do Gasômetro, localizada na zona Leste da capital Paulista. A Rua dos Marceneiros, como é conhecida, conta com um conglomerado de lojas especializadas no comércio de madeiras. Para quem está comprando, construindo ou reformando, a Rua do Gasômetro é o endereço ideal para comprar os mais variados tipos de madeiras, placas em MDF e ferramentas. Leonardo Salles, funcionário de umas dessas lojas, conta que a nova forma com que a indústria madeireira começou a agir, atraiu mais clientes, já que existe uma preocupação muito grande dos

palmente das grandes empresas em saber qual é procedência das madeiras utilizadas nas confecções dos materiais que ali são vendidos. A grande concentração de lojas faz com que a oferta de produtos seja grande e os preços se tornem atrativos, por isso, o local atrai inúmeros profissionais da área da construção civil, como arquitetos, engenheiros, decoradores e designs de interiores, a fim de idealizarem seus projetos. Dessa forma, unindo o preço atrativo e todas as opções de lojas a Rua Do Gasômetro se firma cada dia mais como o ponto certo na cidade e no estado de São Paulo

consumidores,

para comercio de MDF.

princi-


tecnologia

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Bairro se moderniza em transporte e saneamento

Para suprir uma necessidade de reformas do bairro projetos de modernização da cidade começam a ser implantados pelo Brás

Onibus elétrico em exposição em frente da Prefeitura de SP em julho. (Foto: Prefeitura de SP)

Vinicius Oka São Paulo pretende, até o fim de 2018, implantar uma frota de novos ônibus elétricos e uma tubulação de água que reduz perdas e gera energia. O primeiro bairro escolhido a receber as novidades foi Brás, por um motivo. Construídos no Brasil pela chinesa BYD e carroceria da Companhia Americana Industrial de Ônibus (CAIO), o novo modelo de ônibus elétricos oi anunciado em julho deste ano e depende apenas de suas baterias com autonomia de 300 quilômetros, suficientes para percorrer uma trajetória diária da capital. As rodas têm um sistema hidráulico auxiliar com a capacidade de reter energia de frenagens, usada na recarga da bateria de fosfato de ferro. Segundo SPTrans serão 60

veículos em “test-drive” pela região, mas o modelo ainda não foi homologado e tem previsão de entrar em circulação ainda este ano. Os 200 trólebus que circulam, principalmente os arredores da Mooca ao Centro, estão extremamente desgastados e aumentaram o número de veículos em manutenção em 37% no último ano segundo a prefeitura.

do Estado de São Paulo (Sabesp) o desperdício de água chega a 30% devido vazamentos. Devido esses dados alarmantes ao Estado, desde a crise hídrica de 2015 uma parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) tem intensificado a modernização da rede de esgoto do Brás com a troca de canos e a instalação de novas válvulas redutoras de pressão (VRPs). Essas válvulas regulam a força da água e reduz o surgimento de vazamentos. A parceria também prevê a instalação de uma tecnologia de ponta chamada “pipe bursting”, uma espécie de “moedor de tubo”. A empresa abre dois buracos na rua, com uma distân-

cia razoável entre eles, que pode ser de 100 metros, por exemplo. Uma broca é inserida em um dos buracos e vai passando por dentro do tubo antigo, que nessas áreas é de ferro fundido. A broca “tritura” o tubo de ferro e, logo atrás dela, vai puxando o cano novo, de PEAD (um superplástico). A broca é retirada no buraco seguinte e a rede de PEAD já fica instalada. Essa tecnologia evita maiores impactos ao trânsito da região e reduz drasticamente o tempo das obras. Trocar os canos de 1930 e atualizar o transporte vai renovar o Brás sem interferir em sua herança cultural, apenas estrutural.

Desperdício de água chega a 30%

A segunda novidade servirá para atualização das antigas tubulações de água. A região do Brás, Mooca e Pari receberam as primeiras instalações da cidade, em 1930, mas nunca foram trocadas desde então. Segundo a Companhia de Saneamento Básico

Válvulas redutoras de pressão no depósito da Sabesp na Ponte Pequena prontos para o transporte até as obras. (Foto: Vinicius Oka)


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Transporte público dificulta o deslocamento de moradores

Com o aumento das vendas de final de ano, o transporte privado é a opção mais procurada

Estação Metro Brás/CPTM, em conexão com a Linha Vermelha 2 ( Foto: Maite Cruz )

Por: Maite Cruz O trânsito nos bairros de São Paulo sempre foi intenso, sendo sempre apontado como um dos maiores problemas da cidade pela população. Há dias em que a fila de carros é enorme, causando inúmeros desconfortos aos moradores da cidade, que acabam por perder seus horários e também sofrerem outros problemas como assaltos e acidentes. Mesmo com o rodízio de carros, o fluxo de veículos continua sendo muito grande. Com a implantação das linhas de ônibus,

metrô e trem, uma facilidade foi observada. Com horários extensos, o metrô é uma das principais alternativas para o cidadão, atendendo das 04:40 até 00:30, de segunda a sexta feira, e das 04:40 a 01:00 aos sabados, milhares de pessoas passam pelas estações que levam a várias linhas, tais como a Turquesa e Coral. “O metrô é o coração da locomoção. Através dele consigo ir para qualquer lugar da cidade”, diz o estudante Igor Meirelles, de 19 anos, que usa o sistema metroviário para ir até a faculdade diariamente. O Bairro

do Brás foi o ponto de encontro de inúmeras pessoas, devido ao terminal rodoviário que tinha como destino 147 cidades. Com a desativação do terminal em 2001, o fluxo de moradores de outras cidades no bairro diminuiu. Segundo Tiago Souza , atendente da CET, “se as linhas do Brás não existissem, seria péssimo, tanto para o trânsito, quanto para o meio ambiente, porque foi através dessas linhas que o trânsito diminuiu”. Com a utilização dos transportes públicos, os moradores estão colaborando para o de-

safogamento das principais vias de São Paulo. “Em dezembro, o fluxo de carros aumenta devido as compras de Natal nas lojas da região. Devido ao grande volume de compras, que implica consequentemente na quantidade de sacolas, parte das pessoas acabam por optar por um meio de transporte mais confortável e acabam escolhendo os transportes privados”, analisa Tiago. Como alternativa ao transporte privado, para quem não quer encarar o trânsito prejudicado nesse período, é o metrô que faz a locomoção de forma ágil e rápida.


meio ambiente

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População da área central sofre com enchentes constantes Projetos surgem em busca de soluções para o problema Por: Monica Crepaldi O Brás é um bairro localizado no centro da cidade de São Paulo e é um dos maiores polos comerciais do município, recebendo centenas de visitantes ao longo do dia. Entretanto, suas ruas também guardam uma marca negativa: as enchentes. Todo ano, especialmente no verão, as chuvas causam alvoroço, e no Brás não poderia ser diferente. Tendo em mente que o lixo é um dos grandes causadores de alagamentos, fica mais fácil entender porque a região é tão castigada. Por ser um bairro com grande fluxo de pessoas, muita sujeira acaba indo para o chão, além do descarte inadequado de quilos de retalhos por parte dos fabricantes. No final da tarde, o resultado não poderia ser outro: os temporais vêm e todo esse lixo é levado pela água, causando transtornos, como no caso de Jorge Di Palma, comerciante do ramo têxtil na região há 49 anos: “já perdemos muitos produtos para as enchentes, o prejuízo é muito grande porque é algo que não esperamos que vá acontecer”, diz. Alguns projetos, no entanto, apareceram para tentar dar uma solução ao problema. Em

2013, durante o mandato do prefeito Fernando Haddad, o número de funcionários de varrição e coleta dobrou no Centro, com o objetivo de deixar o lixo recolhido menos tempo na rua. Junto a isso, mudou-se o horário da coleta de lixo na região. O trabalho que era feito durante a noite passou a ser executado de manhã. A empresa Inova, responsável pela coleta, distribuiu panfletos sobre a mudança aos moradores e comerciantes, que tiveram um mês de adaptação antes que a aplicação de multas fosse efetivada para aqueles que não cumprissem o novo horário. Apesar disso, o lixo continua

estando de forma bastante presente nas ruas da região, e, para Jorge, a culpa é das pessoas: “A prefeitura até tenta, mas por mais que haja muito trabalho, não adianta se as pessoas não têm bom senso”. Outra iniciativa é o projeto chamado Retalho Fashion, criado pela Sinditêxtil-SP, que tem como proposta reutilizar e reciclar os retalhos que são descartados no Brás e Bom Retiro. A ideia é unir os comerciantes de roupa com outros que têm interesse na matéria-prima dispensada, como fabricantes de automóveis, sofás e colchões. A meta, segundo idealizadores, é reciclar 20t de retalho por dia –

número total de desperdício no mesmo período. Segundo o site do projeto, a primeira fase ainda está em andamento, e é responsável pelo levantamento de dados sobre o desperdício na região, através de questionários respondidos pelos lojistas. Entretanto, Seu Jorge diz que ninguém o procurou em nome do projeto: “Não ouvi falar, e acho que o pessoal também não, já que sobras de retalhos são vendidas”. Trata-se, afinal, de um patrimônio da cidade, que deveria ser tratado com mais cuidado pela prefeitura e ser levado mais a sério por projetos que dizem se preocupar com o bairro.

Descarte inadequeado de retalhos de roupa no bairro do Brás. (Foto: Monica Crepaldi)


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O aumento da poluição após o surgimento das lojas

Comércio contribui para o aumento da poluição no bairro do Brás, que sofre com a falta de educação ambiental Por: Marcela Bueno Conhecido principalmente por ser um centro de comércio de confecção de roupas.O bairro do Brás é visitado por pessoas de todos os lugares do Brasil, para comprar roupas, as quais, geralmente, são vendidas em atacado ou varejo, possuindo um preço menor em comparação ao mercado. O centro aglomera lojistas e revendedores de moda que buscam produtos de qualidade e um pouco mais em conta, o que contribui para o maior fluxo de pessoas e comerciantes, onde o aumento da poluição do bairro é nítido. Em visita ao bairro do Brás, em seus pontos mais afetados pelo descarte de lixo dos comércios, pude constatar com meus próprios olhos o descaso de alguns comerciantes com a poluição do ambiente onde trabalhão e em alguns casos até morram. Assim como o bairro do Brás, os comerciantes são de propriedade governamentais, onde as pessoas que ali residem devem cumprir os conceitos básicos de dever e direitos. A subprefeirtura do Brás, tem a função de dar apoio gerencial e administrativo para os moradores e comerciantes do bairro. A prefeitura é ainda responsável por qualidade

Praquia Bom Jesus do Brás, em 1914 onde o fluxo de comerciantes e moradores não eram constantes. (Foto: Marcela Bueno)

de ambiente, onde entra a questão anbiental. A qual é um problema para a população residente do bairro do Brás. Entramos em contato com a Subprefeitura da Região Mooca/ Brás, onde a estagiaria Mariana Sampaio (25), responsável pela parte de relações públicas e assesoria de emprensa, conversou com a gente sobre o posicionamento da prefeitura na questão da poluição no bairro do Brás. Ao serem contestados sobre a existência de projetos e auxílios de limpeza das ruas do bairro, foi revelado que não só há o conhecimento por parte da Prefeitura sobre o problema abordado, como também há a existênciae de

projetos e auxílios para solução do mesmo. Tais como, coleta semanal de lixo em dias específicos da semana e em épocas de maior fluxo de comerciantes. Há também a existêmcia de um projeto conhecido como ‘‘Cata Bagulho’’, onde é a realizada a coleta não só do lixo produzido pelos comerciantes mas também os lixos descartados pelos moradores, onde os mesmo jogam seus lixos doméstico, tais como, sofás, moveis usados, eletrodomesticos entre outros.Concluindo assim, que a limpeza e a manutenção do bairro é um trabalho em comunhão entre a prefeitura e os habitantes da região.

Morador relata sobre falta de educação ambiental Seu José (65), como ele mesmo preferiu ser chamado ao decorrer da entrevista, é morador e também lojista do Brás, em entrevista o mesmo desabafou sobre a poluição do bairro. ‘’ O pior de tudo é que não são nem as pessoas daqui que sujam o bairro, são as pessoas que veêm para comprar, acredito que pensam, que por não residirem no local, isso não os afeta.


meio ambiente

Projeto vai enterrar os fios no bairro

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Com propósito de melhorar a qualidade de vida dos moradores, prefeitura coloca em vigor projeto para fiação subterrânea

Em grande parte das ruas do bairro os fios ficam caídos, podendo causar acidentes e prjudicando a paisagem visual. (foto Aline Fay)

Por: Aline Fay O paisagismo sem fio é uma das mudanças que o Prefeito João Doria fará na cidade de São Paulo. O programa, que foi nomeado de ‘’Cidade Linda Redes Aéreas’’, conta com uma parceria entre as empresas AES Eletropaulo e Telecomp e não terá custos para a prefeitura. Além do bairro do Brás o projeto beneficiará outras regiões, como a Vila Olímpia, Santa Cecília, Bom retiro, Bela Vista, Consolação e Jardins. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos moradores, a qualidade visual e também a segurança da cidade e do cidadão. “O projeto de enterramento

faz parte do nosso compromisso com a qualidade de vida na cidade de São Paulo e é resultado de um trabalho em equipe’’, diz Julian Nebreda, presidente do Grupo AES Brasil. As obras no Brás ainda não têm previsão de quando irão começar, mas a estimativa é para o início de 2018 e segundo a Eletropaulo, serão enterrados cerca de 9 km de fios e 584 postes removidos. A fiação subterrânea é uma intervenção urbana muito moderna e segura comparada com a fiação aérea, porque é menos propensa a interferências do meio, como temporais, acidentes de

trânsito, vandalismo, contato com galhos de árvores e pássaros. Os moradores da região reclamam bastante dos problemas que os fios aéreos acabam causando. ‘’Quando chove, dependendo da intensidade da chuva, nós moradores corremos o risco de ficar sem energia, como já aconteceu várias vezes, também existem vários fios pendurados, caídos e ninguém arruma’’, diz Elisângela dos Santos, moradora do Brás. Além de favorecer esteticamente o bairro, o enterramento vai contribuir para a qualidade de vida dos habitantes da

região, sem fios as ruas vão ficar mais limpas e espaçosas e como o Brás é considerado um dos bairros mais quentes de São Paulo, o projeto ajudará nessa questão, pois terá mais espaço para o plantio de árvores e área verde. ‘’ Plantar árvores traz o equilíbrio térmico, a temperatura fica mais amena. E outra coisa, em um bairro como o Brás que passam muitos veículos, as árvores retém a poluição que sai dos escapamentos e ao invés de você aspirar aquilo ela segura, não fica no ar’’, diz José Walter, Coordenador do Programa Município Verde Azul da SMA.


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Prefeitura e moradores revitalizam espaços públicos de convivência

Região residencial e comercial passam por reparos ambientais.

Moradores do bairro plantando mudas no parque Benemérito José Brás. (Foto: Mayara Folgati)

Por: Vanessa Lucena Um dos bairros mais tradicionais da cidade de São Paulo, o Brás, passa por mudanças em seu meio ambiente, desde sua fundação, sejam elas de degradação ou de melhoria do local. Alguns dos exemplos flagrantes dessas transformações no bairro é a canalização do Rio Tamanduateí e o aumento da poluição após o surgimento das lojas em seu centro comercial. Porém, ao contrário do que muitos pensam, houve modificações positivas também. A região residencial, ao longo dos anos, mudou muito. Com a in-

tervenção da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, de moradores, do jornal local e do esforço do “Instituto Amigos da Praça nos Trilhos da Cidadania” foi criado o parque Benemérito José Brás, onde antes era uma praça com poucas opções de lazer e segurança. “No ano em que eu vim para cá, em 1994, era um lugar perigosíssimo. Depois fizeram o parque, que é maravilhoso. Eles montaram os aparelhos para exercício, tem as quadras onde as crianças podem jogar, tem campeonato, tem tudo ali”, conta dona Divina Rodrigues, moradora antiga do bairro e

integrante do Instituto, que se mostra satisfeita com a qualidade de vida e revitalização do verde de onde mora.

“Em 94, quando vim para cá, era muito perigoso “ Segundo lojistas do Brás a região do centro comercial tem uma poluição sonora maior graças à falta de árvores. “Nessa parte comercial o movimento é muito grande, aqui a gente não vê muito verde, já na

parte residencial podemos ver bastante verde”, José Mota, comerciante de confecção têxtil no bairro. “Além disso, as calçadas são ruins para andar, o que fica bem difícil para os idosos”. De acordo com o site da prefeitura, para a revitalização de vários lugares, foi lançado o programa “São Paulo Cidade Linda”. O projeto está em vigor desde janeiro de 2017, que faz manutenção periodicamente desses pontos. A última realizada no Brás foi em junho na avenida Rangel Pestana, onde foram feitas podas de árvores, conservação de áreas ajardinadas, entre outras melhorias.


meio ambiente

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Parque Benemerito José Brás sofre com descaso na educação ambiental

Sem apoio do estado e entidades privadas, parque vai terminar o ano sem atividades para população.

Hortas e composteiras abandonadas. (Foto: Igor Silva)

Por: Igor Silva O Bairro do Brás, conhecido nacionalmente como região bastante comercial, teve seu primeiro parque e único no ano de 2011, o Parque Benemerito José Brás, com 27 mil metros quadrados, antes tido como praça criada por iniciativa do Jornal do Brás e mobilização local. O Parque fica em frente da saída do metro Brás e CPTM. A área anda bem conservada, com mato aparado, árvores e flores bem cuidadas e quadra de jogos em bos estado. Possui vegetação bem diversa, composta por alfaneiro, aroeira-salsa, chapeu-de-sol, chuva-de-ouro, espatódea, faveira, figueira-benjamim, ipe-de-el-salvador, ipe-de-jardim, jambolão, mangueira, palmeira-imperial, pau-brasil, si-

bipurana e uva-japonesa e flores bem cuidadas. As benfeitorias na parte de educação embiental estão em uma horta e de uma composteira. O instituto Macuco, por meio do Pólo de educação ambiental foi um grande parceiro durante o tempo em que permaneceu realizando atividades. Assim foram criados os minicursos que começaram em 2016 e que acabaram em outubro de 2017, entre eles: Bonsai, Bro-

mélias, Hortas em Canteiros e Verticais, Orquideas e Plantas em recipiente fechado. Essas ações foram todas de origem de gestões passadas, destacando a de Luciana Simões. Mas desde o dia 13 de julho o novo gestor é Robson Velani, que substitui Gustavo Cardoso, morador de São Miguel Paulista, advogado, 37 anos de idade, que atua pela primeira vez na gestão de um parque. Mayara Folgati 23 anos, é a es-

Robson Vilani, Advogado e Gestor do parque (Foto: Igor Silva)

tagiária na administração do parque há quase 2 anos, comenta que o parque não recebe verba pública do estado nem de empresas privadas, e que se mantém pela solidariedade das pessoas que costumam sempre frequentar o parque. “Mas há reniões acontecendo com o novo gestor, pois esse parque não é único que está abandonado”. Novos projetos ambientais só voltarão em 2018, exceto a composteira e as hortas, pois continuarão desativadas.

Festa de Natal no Parque Benemérito José Brás Igor Silva Todo Final de ano há uma grande festa com atividades e atrações, mas pra que isso aconteça, precisam arrecadar brinquedos que serão distribuidos no dia do evento. Faça sua parte e contribua com brinquedo usado (em boas condições) ou novo. Deixe sua doação na sala de administração do parque, todos os dias , das 08 ás 17, até 04 de dezembro. Rua Piratininga, 365, Brás, São Paulo, CEP: 03042-001.


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INAUGURAÇÃO DE PARQUE SONORO MOBILIZA PAIS E ALUNOS NO BAIRRO Projeto em escola une musica e meio ambiente

Inauguração do parque sonoro foi com um grande evento, onde reuniu grande publico de pais e alunos. (Foto: Nathalia Ferreira)

Por: Nathalia Ferreira A escola Emei João Mendonça Falcão, localizada no bairro do Brás começou no segundo semestre a construção de um parque sonoro a base de reciclagem, esse projeto consiste em utilizar materiais recolhidos pelos pais e alunos da escola, e são os próprios professores, educadores e alunos que fizeram os itens recicláveis virar instrumentos sonoros. O projeto tem o intuito de incentivar as crianças a terem um interesse pela música e a preservar o meio ambiente, utilizando recicláveis para produzir os instrumentos. A coordenadora da escola, Marilene Sales, falou em entrevista que em 2016 houve um projeto na escola voltado especificamente ao meio ambiente e para dar continuidade, a escola deu início ao parque sonoro, que une a mú-

sica com a reciclagem. “Como as crianças estão no início da formação é essencial mostrar a importância de projetos ambientais e também para reeducar as famílias para que possam dar mais atenção ao meio ambiente e de uma certa forma mobilizar o bairro para os projetos e causas ambientais” No dia 18 de agosto, aconteceu uma oficina para incluir os familiares ao projeto e incentivar os alunos a levarem para casa todas as ques-

tões ambientais aprendidas na escola. O pai do Matheus, Alessandro Correia participou da oficina e disse que foi muito significativo para o seu filho. “Com essa reeducação, a criança acaba levando para casa, quando ele vê algo reciclável fala para não jogar fora, até cascas de fruta, como banana, ele não deixa jogar fora, fala para colocar na terra para servir de adubo as plantas” Pelo bairro do Brás ser extenso é bem ca-

rente de área verde e muitas escolas não possuem projetos ambientais, isso acaba prejudicando no princípio básico da educação ambiental infantil, diz Daniela Silva Freitas, coordenadora do curso de meio ambiente da Etec. Um problema na falta de lazer é que acaba deixando as crianças mais conectadas as redes sociais o que é um incômodo para muitos pais, já com o parque eles vao poder bricar no meio de outras crianças exercitando a criatividade com os instrumentos ao inves de ficar brincando com aparelhos eletronicos afirma a mãe do Miguel, Aline Oliveira. O parque foi inaugurado no dia 23 de setembro de 2017, com um evento aberto. Os objetos estão espalhados pela escola, onde as crianças vão poder ir e brincar a qualquer momento, não é um projeto com término e sim com começo, afirmou Marilene.

A escola utilizou latas de leite em pó e com um pouco de criatividade transformaram em tambores para as crianças utilizaram para reproduzir o som de uma bateria. - (Foto: Nathalia Ferreira)


saúde

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Enchentes podem causar graves doenças

A leptospirose, principal doença causada por pragas urbanas, pode levar a óbito em caso de demora de procura médica

Bueiros entupidos causam alagamentos na região do Largo da Concórdia. (Foto: Fernando Watanabe)

Fernando Takashi Watanabe O verão está chegando, e junto dele, começa também o período de chuvas. Este fenômeno climático essencial para o nosso planeta pode trazer alguns transtornos para quem vive nas grandes cidades, como enchentes e alagamentos. É o que ocorre com frequência no bairro do Brás, localizado no centro de São Paulo. Perguntados, muitos moradores e lojistas da região afirmam que alagamentos são constantes. Segundo eles, a altura do 2300 da Av. Celso Garcia é um dos piores pontos. “A água chega na altura dos joelhos, e dificulta a volta para casa”, afirma Giovanna Ramin, trabalhadora da região.

Os problemas trazidos vão bem além do que apenas danos materiais ou transtornos no retorno para casa. Esses alagamentos podem causar uma série de doenças, de forma direta, como leptospirose, hepatite, cólera, ou criar focos da dengue. A mais provável de se contrair é a Leptospirose, infecção aguda, transmitida através do contato direto com a urina dos animais infectados ou pela exposição à água contaminada. Segundo o Dr. Bento Carvalho, infectologista do Hospital das Clínicas, os sintomas são febre alta e repentina, dor muscular, diarréia, náuseas, olhos avermelhados, cansaço, meningite. De acordo com o médico, a doença pode levar a óbito quando a pessoa

demora para procurar assistência médica e já se apresenta com os vasos sanguíneos inflamados. Normalmente isso ocorre quando a pessoa confundiu os sintomas com os da gripe ou dengue, ou eles demoraram mais que 30 dias para aparecer. Em ambos os casos, deve-se ficar atento e procurar assistência médica imediata. O acúmulo de água

parada torna possível a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de diversas doenças graves, como a Dengue, Chikungunya e Zika, ambas sem tratamento específico ou vacinas. Portanto, a única forma de prevenção é acabar com o mosquito transmissor, eliminando o acúmulo de água parada. Os alagamentos estão relacionados a problemas de drenagem. O descarte de lixo na rua contribui para isso. É papel da prefeitura disponibilizar lixeiras e implementar um sistema eficiente de coleta de lixo, mas a população também deve contribuir, jogando lixo em local adequado. Segundo a Prefeitura Regional da Mooca, será retomado o trabalho de troca das tubulações e linhas de drenagem na região da Celso Garcia, e novos projetos de drenagem na Praça Padre Bento.

Água parada possibilita a proliferação do mosquito da dengue. (Foto: Fernando Watanabe)


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Observatório SP Brás

Moradores de rua ainda sofrem com Tuberculose

A doença atinge principalmente os pulmões, mas também pode ocorrer em outros órgãos do corpo

Morador de rua dormindo em frente a estação Brás. (Foto: Vitor Muniz)

Vitor Muniz Januário Pesquisas indicam que moradores de rua têm 60 vezes mais chances de se infectar com tuberculose, fato que, torna a doença como a enfermidade infectocontagiosa que mais ocasiona mortes no mundo, pelo seu fácil contágio pelo ar. A região do Brás, ponto de forte comércio da cidade de São Paulo, sempre foi um refúgio da população em situação de rua. De acordo com o censo Fipe, até 2015 os bairros Sé, Pari, Brás e outras regiões centrais, concentram 49,8% da população de rua da capital, basicamente, por fácil obtenção de alimentos e albergues.

Porém, com eles, também chegam diversos problemas sociais, como o tratamento da saúde destas pessoas, principalmente a tuberculose que atinge, sobretudo, as classes menos favorecidas e está diretamente ligada às condições precárias de vida. Essa doença tão preocupante é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch e estima-se que 30% da população mundial esteja infectada, embora nem todos venham a desenvolver a doença. De acordo com a especialista em clínica geral, Dr. Edilene Castro, cada organismo responde uma forma, fazendo com que só alguns desenvolvam a doença. “O

aparecimento e a gravidade com que a doença irá se manifestar e se agravar está diretamente ligada às defesas do corpo humano e onde o bacilo irá se hospedar. Quanto mais debilitado o organismo, por exemplo, com carência nutricional e debilitado por uso de drogas, maior a exposição ao bacilo e maior o risco de desenvolvimento da doença ”. No caso dos moradores de rua da região do Brás, o diagnóstico precoce seria ideal e prioridade para o tratamento bem sucedido e, antes de um problema de saúde, é um problema social, levando em consideração o difícil acesso desta população ao direito de saúde básica com apenas uma

UBS disponível na região. Fazendo com que o diagnóstico seja tardio, ineficaz e até mesmo doloroso. A infecção dessa população, é justificada pelo contato direto com outros infectados em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, fatos determinantes para a infecção com a bactéria causadora da doença. O voluntário da associação de assistência social Rede Rua, Robson José Almeida, afirmou que o tratamento da tuberculose em moradores de rua deve ser iniciado do zero, em um processo de conscientização. “A população de rua sofre preconceito diariamente e, isso não é diferente dentro das instituições de saúde, o tratamento de início deve ser cultural, fazendo com que as pessoas se sintam a vontade para procurar ajuda. É um processo gradual e que deve começar logo”, enfatizou o voluntário. De acordo com dados do Fundo Global Tuberculose Brasil, a doença ainda mata cerca de 4.700 brasileiros a cada ano, e boa parte dessas pessoas vivem em situação de rua. O Brás, como um dos pontos de maior índice de moradores em situação de rua, ainda é refém desses dados.


saúde

Imigrantes enfrentam dificuldades no atendimento médico

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Cerca de trinta mil imigrantes passam pela UBS Manoel Saldiva Neto em busca de atendimento médico. Matheus De Lucca Castro Bartolomei O bairro do Brás, situado na região central de São Paulo, nasceu como uma região de chácaras, cresceu e se desenvolveu como um bairro operário concentrando principalmente imigrantes italianos, depois de alguns anos o bairro conheceu a sua deterioração urbana e atualmente é conhecido como um dos principais centros de comércio popular de São Paulo, que abriga imigrantes de todos os lugares. Duzentos e cinquenta mil bolivianos, oitenta mil paraguaios e cinquenta mil peruanos. Os números que representam a quantidade de imigrantes somente em São Paulo. Em grande parte, esses imigrantes estão concentrados no bairro do Brás, localizado na Centro de São Paulo, e com esses números alarmantes a situação da saúde pública preocupa. A UBS (Unidade Básica de Saúde) do Brás atende muitos imigrantes todos os dias, a maioria deles bolivianos. São tomadas diversas medidas para ajudar na prevenção de doenças, como a distri-

buição de contraceptivos e cartazes indicando as vacinas que devem ser tomadas. Em grande parte, esses cartazes estão escritos em Espanhol para facilitar a comunicação, um dos fatores que mais prejudicam o atendimento dos imigrantes. Para estreitar o atendimento, a UBS criou uma estratégia e contratou imigrantes para distribuírem livros de bolso sobre saúde. A médica Dra. Renata Carvalho funcionaria da UBS explica que “Muitas vezes essa dificuldade na comunicação atrapalha o atendimento realizado na UBS, principalmente

pelas dúvidas que surgem durante a consulta, as vezes fica complicado explicar de uma maneira técnica para os pacientes”. As DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) são os casos mais frequentes na UBS, isso se deve as condições precárias que vivem esses imigrantes. O imigrante Karim Hayouk reclama da demora no atendimento e na maneira como é feito “Eu sou imigrante sírio e moro no Brasil já faz alguns anos, sempre que vou na UBS meu atendimento é demorado e muitas vezes de maneira desatenciosa”. Outra preocupação

Imigrantes realizando comércio na região do Brás . (Foto: Matheus De Lucca)

diz respeito às informações que são disponibilizadas pelo governo em seus sites e material informativo oficial, não há nada que diga a respeito do funcionamento ao atendimento dos imigrantes, correndo o risco de enfrentar dificuldades na hora do atendimento. Os imigrantes tem direito a todos os tipos de serviço do SUS, basta procurar a unidade da região onde reside, com o comprovante de residência, os documentos pessoais em mãos e o registro nacional de estrangeiro o atendimento é realizado logo após o cadastro


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Observatório SP Brás

Bairro do centro possui apenas uma UBS para atender à população

População acredita que uma nova UBS ajudaria a melhorar a qualidade do atendimento

Fachada da UBS Manoel Saldiva Neto. (Foto: Gustavo Tolezzani)

Gustavo de Souza Tolezzani A população do Brás é composta por cerca de 40 mil pessoas e o bairro possui apenas uma UBS (Unidade Básica de Saúde), Manoel Saldiva Neto, que está hà 40 anos localizada na Rua Sampson, 61, para atender quem precisa de curativos, vacinas, tratamento odontológico, fazer inalação, pré-natal, prevenção a câncer, cuidado de diabetes e hipertensão, exames laboratoriais ou até mesmo ser encaminhado para o especialista. A UBS

contém em sua equipe, alguns profissionais para o atendimento aos doentes, como enfermeiros, dentistas e agentes da saúde. A UBS é conhecida como a porta de entrada para o SUS (Sistema Único de Saúde) e tem por objetivo atender 80% dos casos que iriam para lá. Para dar entrada na UBS é necessário apresentar o cartão do SUS, que pode ser obtido na própria UBS apresentando documento com foto e comprovante de residência. A empregada doméstica, Raimunda Carvalho, afirma que fica cerca

de 4 a 5 horas para ser atendida pelo médico, mas prefere usar a UBS do Manoel Saldiva Neto, pois ir para outra não compensa por causa da distância.

Em 2013, durante uma entrevista para o Jornal do Brás, a gerente da Ubs e doutora Meire Hiroko Uehara, disse que sentia que a UBS, deveria ampliar o prédio por conta do alto número de pacientes. Naquela época a UBS recebia cerca de cem pacientes todo os dias. O estudante Pasquale Augusto Di Salvo, 19, usa a UBS e diz que a estrutura é inadequada para atender a população e que ela não suporta a quantidade de usuários. ‘’ Sempre que vou lá a UBS está cheia, falta lugar para sentar e o atendimento sempre demora’’. A UBS Manoel Saldiva Neto e a Prefeitura Regional da Mooca não responderam até o fechamento desta matéria.

Carteirinha do SUS. (Foto: Gustavo Tolezzani)


saúde

CAPS AD luta contra dependência química

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Centro de Atenção Psicossocial é o único espaço da região especializado no tratamento e recuperação de usuários Caíque Guimarães Torres Costa O prédio localizado no número 259 da Rua Frederico Alvarenga pode passar despercebido por muitos dos moradores do Brás. Mas o que acontece pro trás dos portões do local, tem um impacto gigantesco no cotidiano do bairro e de toda região central da cidade. O CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) é a única unidade de saúde especializada em atender os dependentes de álcool e drogas na capital, dentro das diretrizes determinadas pelo Ministério da Saúde, que tem por base o tratamento do paciente em liberdade, buscando sua reinserção social. Sem julgamentos e preconceitos, o CAPS AD recebe de braços abertos todos os dependentes químico em busca de uma segunda chance. Apesar de ignorada por muitos, a dependência química é uma das doença com mais vítimas no Brasil e que segue em crescimento no país. Segundo pesquisa realizada pela UNIFESP, 28 milhões de brasileiros têm algum parente dependente químico. Além disso, na última década, os gastos do SUS com a doença, che-

garam a R$9,1 Bilhões. Segundo a psicóloga Eide de Oliveira Dávalos, isso ocorre pela maneira a qual a doença é abordada pelas famílias do dependente e pela própria sociedade: “Criou-se um tabu muito grande sobre os usuários de drogas, principalmente em regiões mais periféricas. Não existe a abordagem da dependência como uma doença e sim como um crime digno de punição” A psicóloga também ressaltou a importância de centros como o CAPS AD de incluírem a família no tratamento: “A cada dependente, pelo menos quatro pessoas da família são impactadas. É crucial que

a família também seja abraçada e que também faça parte desse processo de recuperação.” Para Simone Machado, 26 anos, sem esse espaço o caminho traçado por seu irmão, não teria volta: “Em casa a gente já não sabia o que fazer, ele já tinha sido preso e mesmo assim continuava no vício.”, disse Simone. ‘Nossa visão mudou muito. Trancar é muito diferente de tratar. É uma doença como as outras e merece um tratamento como o das outras.” completou Simone, cujo o irmão está em tratamento há um ano e completamente sóbrio ha 6 meses. Associações de fami-

Familiares protestam pr melhores condições. (Foto: Caíque Torres)

lares e de usuários em tratamento, lutam por melhores condições de recuperação. A causa antimanicomial brasileira, tem reuniões mensais e protestos constantes Caso conheça alguém passando por esses problemas, visite o local (funcionamento de segunda a sexta, das 7h às 19h) ou ligue para 3241-5460 e procure orientação. Bastam apenas dois documentos para realizar a internação: Um do usuário e outro de um responsável. O responsável se compromete a acompanhar de perto e ter envolvimento durante todas as etapas do tratamento.


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Observatório SP Brás

Projeto social usa o esporte para mudar a vida de moradores de rua

Através de doações e ajuda dos próprios moradores a instituição vem protagonizando a diminuição da criminalidade

Fundador da acdemia escolhido para conduzir a tocha olímpica. (Foto: Ana Beatriz Scudeler)

Ana Beatriz Scudeler A academia Nilson Garrido é um espaço onde moradores de rua e pessoas que habitam o bairro do Brás, podem participar de atividades inclusivas e socioeducativas sem qualquer custo, entre elas estão boxe, muay thai e musculação. Localizada embaixo do viaduto Alcântara Machado, o local recebe cerca de 250 pessoas por dia. A iniciativa do projeto social partiu de Nilson mais conhecido por todos como Garrido, o guardião do viaduto. Morador de rua há mais de 20 anos, ele é a inspiração e exemplo

e exemplo para muitas crianças e adolescentes que vivem ás margens da sociedade e estão expostas a tantos perigos. A academia começou a se formar com ajuda de moradores que foram doando aparelhos velhos de malhação, o espaço foi aumentando e hoje se tornou uma espécie de casa para muitas pessoas que lá fazem refeições, praticam atividades físicas, leitura, e encontram o apoio e a motivação para seguir em frente. A instituição não recebe nenhum tipo de ajuda governamental e se matem com pequenas colaborações dos próprios frequentado-

res e de pessoas que apoiam a iniciativa. As despesas de água, luz e mantimentos são pagas com essa verba arrecadada. Em entrevista com o fundador do projeto e com alguns frequentadores do projeto, conhecemos melhor a principal essência de tudo isso. Garrido diz que “através do esporte ele recicla histórias e seres humanos’’, e conta que passou por muita coisa para chegar onde chegou e hoje poder ajudar tantas pessoas por meio de uma iniciativa tão bonita. Hoje frequentam o projeto 2 mil pessoas, entre mulheres e homens de rua, crianças, dependentes químicos que lutam para sair das drogas e ex- usuários. Moradores e comerciantes da região dizem

ter visto, desde que foi implantado o espaço em baixo do viaduto, uma diminuição enorme no número de pessoas pedindo dinheiro e comida nas portas de seus estabelecimentos. Tudo isso porque lá elas encontram o que o governo não oferece, comida, educação, lazer e mínimas condições de sobrevivência. A instituição ganhou o título de Esporte para Todos, e seu projeto para o futuro é de revitalizar o espaço dando uma nova cara para o lugar, que antes abandonado, servia como ponto de droga na região, e dessa forma despertar o olhar do poder público, que coloca essas pessoas em um lugar invisível na sociedade como um todo.

Aparelhos da acdemia Nilson Garrido. (Foto: Ana Beatriz Scudeler)


esportes

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De espaço abandonado, viaduto se transforma em academia de boxe

Área embaixo de viaduto, que era ponto de droga, hoje passou a abrigar um importante trabalho de esporte e respeito Por Thauany Alves Perreira Holyfield nos ringues do Brás, (apelidado pelos amigos, devido à sua maneira de treinar, na qual lembra muito o ex-plugilista norte-americano, Evander Holyfield), Cristiano Sá Santos, de 26 anos, é nascido em São Paulo, ajudante de pizzaria, de uma família humilde, Cristiano foi criado pela mãe, Gregória Sá de 58 anos. Um rapaz simples, com objetivos a serem traçados, passou muita dificuldade na infância. Quando mais novo, ele enfrentou o preconceito na escola, apanhou e foi discriminado, tendo que fazer um acompanhamento com um psicólogo devido dos seus traumas escolares por não saber ler e nem escrever. Com uma adolescência bem rebelde, Cristiano pensou em abandonar os estudos, o que deu forças para ele persistir foi o exemplo que a sua mãe deu, com muita força e garra, conseguiu abrir a mente do filho, fazendo com que ele completasse o ensino médio. Em 2009, resolveu ocupar a mente, começando a fazer atividades físicas. O seu primeiro contato com o boxe foi aos 22 anos, em uma academia localizada em baixo do viaduto Alcântara Machado, no Brás. O seu

Cristiano Sá Santos, treinando duramente nos ringues da vida.

mestre desde o inicio foi Nilson Garrido, com quem ele dividiu o seu medo de ir treinar, ‘’no começo ele tinha medo dos treinos e até fugia do ringue’’, diz Garrido. o mestre teve uma importância fundamental na vida do nosso guerreiro do viaduto, ensinando que não se pode desistir dos sonhos, sempre pensando positivo. Ao ser questionado de como o boxe mudou a sua vida, Cristiano vibra ao falar que o esporte o refez como pessoa, deixando bem mais tranquilo. Com uma grande referência nesta área, o seu maior ídolo é o Chris Weidmam, lutador de MMA. ‘’Me sinto o Weidmam no ringue’’ Cristiano afirma que a sua maneira de lutar é deixar o adversário vir para cima, deixando-o bem a vontade na hora da luta. Como a vida de um atleta não se baseia

somente nos ringues, ele nos conta que nas horas vagas ajuda a sua mãe com as tarefas de casa. E quando o assunto é dona Gregória, o filho enche os olhos de lágrimas para falar da grande mulher que ele tem em casa. Um conselho do grande guerreiro para os jovens que estão começando agora é ser regrado, não ir pela cabeça dos outros, e jamais, em hipótese alguma, fazer o

uso de drogas ou ingerir bebidas alcoólicas. Ele conta ainda que seu grande sonho é criar um projeto para treinar futuros campões. Infelizmente, no Brasil, as pessoas não dão muita importância para esta modalidade esportiva. O boxe não é valorizado no país, como o futebol. Aos poucos, o boxe estará de volta ao estrelado, com a ajuda de novos e velhos talentos.

Acadênia Alcantara Machado - Localizado na região paulistana do Brás.


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Observatório SP Brás

Imigrantes bolivianas jogam futebol com conterrâneas

Apesar do intenso trabalho, aos sábados elas reservam o tempo livre para as disputas na quadra Alcântara Machado

om

conterrâneas

Times feitos por imigrantes são a atração da quadra, localizada na região do Brás.

Anna Laura Dettilio O viaduto Alcântara Machado, localizado no Brás é conhecido pelos moradores do bairro pela sua diversidade em esporte. O local abriga quadras de futebol, ringues de boxe e até uma academia altamente equipada, tudo isso à disposição dos moradores do bairro famoso por abrigar uma grande quantidade de imigrantes bolivianos que vieram para o Brasil em busca de novas oportunidades de trabalho e uma nova vida para suas famílias. Como destaque de busca pela qualidade de vida, as mulheres imigrantes bolivianas frequentam o local, e são completamente apaixonadas pelo futebol. Jogam com raça e liberam todo o stress vivido durante a longa semana

de trabalho dentro da quadra, buscando sempre o melhor resultado. Milenka, chegou no Brasil há dois anos e sentia muita falta da prática de um esporte, até que seu chefe à levou ao viaduto, onde conseguiu encontrar um time de futebol feminino onde pode voltar a se exercitar. “Quando cheguei ao Brasil, não conhecia nada e nem ninguém por aqui. Até que o dono do lugar onde tive meu primeiro trabalho, me trouxe para cá. Aqui encontrei o time dessas garotas e pude voltar a praticar o futebol, que já praticava no meu país desde criança”, comemora Milenka. No Brasil desde 2002, Victoria jogava futebol na Bolívia desde sua infância. Ao chegar na região do Brás, teve dificuldades para encontrar um lugar que pudesse

exercer sua paixão pelo esporte. Porém, com a ajuda de alguns familiares a imigrante encontrou o time feminino de futebol e pode voltar a praticar seu esporte favorito. “Aqui na região, a prática de esportes é muito ruim, são poucas opções e poucos lugares para gente ir. E com a falta de tempo durante a semana por trabalhar muito, acabamos tendo só o fim de semana. Quando encontrei a quadra, aqui embaixo desse viaduto foi ótimo, poder voltar a jogar meu futebol, tão amado e praticado aqui no Brasil, minha nova casa”. No total são seis times que durante os meses de janeiro e julho disputam um campeonato na quadra do viaduto, o transformando em um verdadeiro estádio onde até torcida de familiares está presen-

te vibrando a cada gol marcado nas disputas totalmente acirradas que empolgam a todos que estão presentes animando o ambiente com a alegria contagiante das imigrantes.Lembrando sempre de sua terra natal e juntanto com novas.

SERVIÇO Quadra Poliesportiva Alcântara Machado. Endereço: Viaduto Alcântara Machado Horário de funcionamento: Sábado e Domingo, das 7:30 às 20h. Necessário agendamento com antecedência. Valor: pagamento de uma taxa para a manutenção da quadra.


esportes

Moradores sofrem com a falta de espaço para a prática de esportes

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Com a falta de esportes em um dos bairros mais antigos da capital, projeto aponta as “Ruas de Lazer” como solução para o problema não queria. “Um bairro tão antigo e tradicional como o Brás deve sim ter seu espaço para esporte seguro, de boa qualidade, com a ajuda de moradores e frequentadores da região” diz Ricardo dos Santos, morador há poucos meses do Brás, mas já frequentador há muito tempo do bairro.

Crianças alegres, mas mesmo assim com necessidade de ter um espaço para brincar e praticar esportes.

Por NATHÁLIA CRISTINA M M FERNANDES

Um dos mais antigos bairros da capital Paulista enfrenta um grande problema na sua área de esportes, sem opção para os moradores. “Não há esportes na área do Brás”, diz o secretário de esporte da subprefeitura do Brás Eduardo Rossini. Por um bairro onde se concentra o maior fluxo econômico de compras populares, o bairro não tem estrutura para espaços de esportes, tendo que na maioria das vezes se deslocar para outros bairros. Os moradores mais antigos

como Ana Bartou, afirma que o bairro já teve um clube e até mesmo um time de futebol, mas com o avanço da imigração, e fábricas, esqueceram os moradores, focando na estrutura dos operários. O bairro, atualmente, conta com apenas dois centros de esportes, onde a maioria da população tem medo de frequentar, por serem lugares perigosos. Os novos projetos de modernização do bairro prédios e condomínios para que as pessoas não necessitem se deslocar de suas próprias casas. E qual é a solução? Segundo o Secretário de esportes da

subprefeitura Eduardo Rossini, uma possível solução são as ruas de lazer, onde é fechada uma parte da rua, aos domingos, para que os moradores possam desfrutar, mas para este projeto ser possível é necessário que: 80% dos moradores queiram ao propagarem por meio de assinaturas, não podendo haver bares, restaurantes, igreja ou escola no quarteirão. Essa demanda tem que parti dos moradores e não da própria subprefeitura. As opiniões de como devem ser um bairro com esportes e lazer, fica dividida, mas uma coisa é certa não há uma pessoa que

Para maiores informações sobre as ruas de lazer na sua região : Eduardo Rossini Supervisor de Esportes e Lazer: Telefone: (11) 22922122 - ramal:2069 email: eduardorossini@ prfeitura.sp.gov Endereço Subprefeitura: Rua Taquari, 549 MOOCA


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Observatório SP Brás

ONG abre espaço para moradores praticarem atividades esportivas Projeto social voltado para o esporte incentiva a prática de exercicíos no Parque Benemérito José Brás

Alunas da terceira idade paraticipando da aula de Rádio Taissô, no Parque Benemérito José Brás

Beatriz de França A ONG Amigos da Praça é uma organização feita por moradores do bairro para a prática de diversas modalidades esportivas na região. O objetivo é buscar apoio da comunidade para o encaminhamento do projeto. Com uma luta que já contabiliza 13 anos para conseguir um local fixo, o grupo começou ocupando espaços abandonados, com o objetivo de buscar apoio da comunidade para o encaminhamento do projeto. Hoje, a associação tem aulas todos os dias da semana no Parque Benemérito José Brás, próximo à estação de metrô Brás. Conhecido por suas lojas e por ser totalmente focado na sua economia, a dificuldade de fazer algo destinado a pratica esportiva no bairro é muito maior. Seu forte é a ginástica Rádio Taissô, de origem japonesa que tem como intuito melhorar

a saúde, a disposição e a longevidade das pessoas. A prática desse esporte pode ocorrer em qualquer lugar, seja nas ruas, dentro de empresas, escolas ou lugares públicos. Há também aulas de dança urbana e rítmica e caminhadas, que uma vez por ano é organizada pelas ruas do Brás contando com o apoio da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da Secretaria Municipal da Cultura. A professora e diretora administrativa Marcia Sakurato diz que, “A parte mais difícil foi conseguir o apoio e o patrocínio para um local, foi uma luta de 13 anos. E, agora, é uma satisfação ver que tudo deu certo”. Qualquer pessoa, moradora do bairro ou não, pode fazer parte dos grupos dessa associação, mesmo sendo mais conhecido pela prática de atividades da maior idade. Para participar das aulas oferecidas

Aluna da ONG interagindo na aula de Dança Rítmica

pela ONG, basta chegar no dia e na horários das aulas, de segunda a quarta das 7:30 às 8:30 para as aulas de ginástica Taissô, às quintas–feiras, Dança

Urbana, das 8h às 9h, e nesse mesmo horário, às sextas–feiras, aulas de Dança Rítmica, todas no Parque. A ONG também oferecepalestras culturais.


educação

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Estrangeiros são acolhidos em escola do Brás Desde sua chegada, jovens se sentem em casa com todo apoio que recebem dentro do ambiente escolar

Investimento da Secretaria da Educação ajuda no preparo dos funcionários na Eduardo Prado (Foto: Yuri Trivellato)

Yuri Trivellato A escola estadual Eduardo Prado, localizada no bairro do Brás, na cidade de São Paulo, conta com 1013 alunos, sendo 80% estrangeiros, no qual a sua maioria são bolivianos, e o resto se divide em estudantes da Colômbia, Índia, Peru, Equador, Angola e Síria. Essas famílias mudam de seus países a procura de uma vida melhor e mais oportunidades, e como o esperado, quando chegam ao Brasil encontram várias dificuldades de adaptação, principalmente com a cultura e a língua. A instituição pública trabalha apenas com crianças de 6 a 14 anos

de idade, para fornecer estudos do 1° ao 9° ano. Apesar das dificuldades apresentadas em se mudar para uma nação diferente, a escola dá todo auxílio possível para os alunos se sentirem em casa e acolhidos pelos professores e colaboradores do Eduardo Prado, a Secretaria da Educação também apoia através de investimentos, no qual eles oferecem estudos para os profissionais, principalmente com cursos de idioma. O fato de o colégio contar com tantos estrangeiros e que predominantemente falam a língua espanhola os ajudam na adaptação,

porém há um trabalho feito pelos colaboradores da escola como conta a diretora, Marisa Tameci: “todos nossos projetos tem sempre uma atividade voltada para a cultura deles, como por exemplo, a nossa festa do folclore e feira cultural, tentamos colocar alguma dança e comida típica, eles estão sempre participando e os pais também”. Através de parcerias com a UBS (Unidade Básica de Saúde) e o CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante), a escola ampara os alunos também em suas vidas pessoas com palestras, informações necessárias para tirar docu-

mentação e auxílios psicológicos. “Quando eu cheguei todos fizeram eu me sentir em casa, o que me ajudou muito”, disse Peter Vicent de 15 anos. “A adaptação dos jovens acaba não sendo tão demorado quanto o esperado, devido a todo apoio que eles recebem, porém os mais novos tendem a se estabilizar no Brasil mais rapidamente do que os adolescentes, isso porque eles interagem com os meninos e as meninas de todas as nacionalidades, enquanto os mais velhos ficam em grupos fechados do mesmo país”, disse Jailson Miranda, professor de português.


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Observatório SP Brás

Colégio Padre Anchieta dá exemplo de ensino

Mesmo com a simplicidade na estrutura, escola oferece oportunidade de desenvolvimento para jovens no bairro Edgar Buzetto A Escola Pública Estadual Padre Anchieta, localizada no bairro do Brás, em São Paulo, pode hoje ser considerada um exemplo para as demais instituições de ensino público da capital paulista. Com uma estrutura básica, ela atende em média mil alunos, do ensino fundamental, passando pelo médio e indo até os adultos que ainda buscam terminar suas formações escolares e fazem supletivo durante a noite. Uma vez que está localizada em um bairro como o Brás, região em que a quantidade de

Colégio Padre Anchieta sobrevive ao tempo com ensino de qualidade (Foto: Edgar Buzetto)

imigrantes é muito alta, ela atende todos os tipos de nacionalidades, como bolivianos, haitianos, angolanos, sírios e chineses, além dos próprios brasileiros que

Desenho de alunos retrata a diversidade cultural (Foto: Edgar Buzetto)

moram na região. Na Padre Anchieta apesar de todos os problemas e dificuldades encontradas, os responsáveis fazem o possível para que o ambiente escolar seja o melhor possível, principalmente com os alunos que são estrangeiros e necessitam de toda uma adaptação e do preparo dos funcionários para ajudar nessa transição. Como conta Braulio Manoel Luiz, estudante de 18 anos que veio da Angola, “a estrutura da escola é boa, tem tudo. Não tenho do que reclamar”. Ela não tem o mesmo padrão das particulares, mas a estrutura predial está bem conservada, os banheiros são limpos e a merenda servida para as crianças é bem variada e de qualidade.

Muitos dos imigrantes como também os brasileiros estão em busca de uma condição de vida melhor, e os alunos da Anchieta acreditam que encontraram na escola as oportunidades que muitas outras da cidade, não oferecem. Apesar de toda as dificuldades de adaptação e da estrutura simples que a instituição oferece, os alunos de uma forma geral são bem recebidos. Por isso em meio a situação caótica da educação no Brasil, é necessário dar crédito ao trabalho feito por esses profissionais, que se empenham todos os dias para proporcionar aos estudantes não só estrangeiros, mas como também brasileiros, uma estrutura e educação de qualidade.


educação

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ETEC forma profissionais cidadãos há 106 anos

Escola profissionalizante tem o curso mais antigo da instituição

Antiga ala da Carlos de Campos (Foto: Adelson Palombello)

Adelson Palombello A ETEC como é conhecida hoje, em 1911 era a Escola Profissional Feminina. Ela foi implementada no bairro do Brás onde na época, vivia-se um período de intensa atividade fabril e comercial com grande concentração de operários e imigrantes. A Escola Profissional Feminina instalou-se, em primeiro lugar, num antigo sobrado na rua Monsenhor de Andrade, já demolido, onde anteriormente funcionava o Colégio Azevedo Soares. Em meados da década de XX, o edifício adquirido na fundação, considerado adequado na época, passou a sofrer críticas de diversos segmentos da sociedade, o que levou o Governo

do Estado a construir um novo prédio para a escola, de acordo com os preceitos de higiene, harmonia e beleza. Em 1930 foi entregue a primeira etapa da construção, sendo que a segunda etapa nunca foi concluída. No início, as alunas recebiam aulas teóricas de Português, Aritmética, Geografia e Desenho Geométrico, entre outras disciplinas e participavam das atividades práticas nas oficinas. A mais procurada era a de Confecção, que fornecia aprendizagem geral de costura, seguida pela de rendas e bordados, de flores e chapéus. Os cursos eram destinados às meninas maiores de 12 anos, que possuíssem o diploma do grupo escolar ou co-

nhecimentos equivalentes. A maioria dessas alunas eram de classes trabalhadoras e constituídas por filhas de imigrantes, principalmente italianos. A escola teve muitos nomes durante o século XX, desde Escola Feminina até Centro Estadual Interescolar. Em 1994 quando se integrou ao Centro Paula e Souza, passou a ser chamada pelo seu nome atual ETEC Carlos de Campos que funciona, até hoje, no mesmo endereço, no edifício construído nos anos 30 e em outra ala, construída recentemente. Atualmente todas as escolas técnicas são regidas pelo plano pluri de gestão. Esse plano é elaborado para quatro anos, visando metas e as necessidades da escola; tanto estruturais quan-

to pedagógicas. Apesar de ser profissionalizante, a maior missão da escola é a formação dos cidadãos. Na parte profissional, a ETEC tem tradição; o que facilita como um todo, o ensino. Nessa escola trabalham projetos interdisciplinares, com muitas atividades externas. O que oferecem de curso é o que a capacidade da escola permite. Ao todo 1800 alunos são atendidos entre 7 e 23 horas. Do ensino técnico integrado ao médio, os alunos têm aulas das 8:10 até as 16 horas. São cursos integrados em edificações, design de interiores, nutrição, enfermagem, modelagem de vestiário e comunicação visual. O de nutrição foi um dos primeiros cursos a ser praticado na escola e possui aproximadamente 90 anos.

Pintura representando as mulheres (Foto: Adelson Palombello)


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Senai oferece cursos para produções têxteis

Com aulas práticas alunos aprendem na prática as técnicas que exigem o mercado Tales Silva

O bairro do Brás possui uma vasta cadeia de lojas de roupas e confecção, devido a isso a região se adaptou a necessidade de profissionalização do setor, assim surgiu a unidade da Escola Senai Francisco Matarazzo e a nova Faculdade de Tecnologia Senai “Antoine Skaf”, nome levado pelo pai do presidente do Sesi/ Senai Paulo Skaf. As duas unidades são especializadas naquilo que o Brás tem nas suas veias, a produção têxtil. As unidades contam com curso de Costureiro Industrial Polivalente e Costureiro Industrial do Vestuário, que tem por objetivo qualificar os alunos na confecção de produtos do vestuá-

Unidade Francisco Matarazzo é voltada para área têxtil (Foto: Tales Silva)

rio, habilitando-os para inserção no mercado de trabalho. Capacitando adolescentes e jovens para a inserção no mundo do trabalho, na área do vestuário.’ Também a unidade conta com curso de Técnico de Vestuário e Técnico Têxtil, que habilita no planejamento e coordenação dos processos de

Primeira unidade do Senai Roberto Simonsen (Foto: Tales Silva)

fiação, tecelagem, malharia e beneficiamento; no controle de atividades relacionadas a estes processos e no desenvolvimento de novos produtos e processos têxteis; seguindo normas e procedimentos de qualidade, de meio ambiente, saúde e segurança do trabalho. Com uma grande estrutura a uni-

dade conta com oficinas de Fiação, Tecelagem, Malharia, beneficiamento Têxteis e oficinas de corte e costura. Conta ainda com laboratórios para pesquisas de e analise de fibras têxteis e desenvolvimento de novas matérias primas. Ainda no bairro do Brás conta com outra unidade do Senai, a escola Roberto Simonse, que é a primeira unidade do sistema Senai do País, nela desde 1942 é desenvolvido cursos nas áreas de qualificação em Eletricista de manutenção, mecânica de usinagem, Marcenaria e ferramenteiro de corte. Todos os cursos voltados para jovens e adultos que desejam entrar no mercado de trabalho ou se qualificar, falando nisso o Senai dispõe de amplos acordos com a indústria para inserção do seu aluno no mercado de trabalho.


educação

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SP Escola de Teatro atrai artistas diversos todo ano

Formadores e aprendizes constroem juntos o conhecimento João Pedro Tanasovici A SP Escola de Teatro foi fundada em 2010, na cidade de São Paulo, em um prédio antigo do bairro do Brás. A sede, construída em 1913, foi tombada como patrimônio histórico, e já funcionou como a Escola Normal do Brás. Durante 2014 e 2015, passou por uma restauração, e reabriu os trabalhos da SP em fevereiro de 2017, com direito a um novo anfiteatro de 157 lugares. A escola é gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça, uma Organização Social sem fins lucrativos, que trabalha através de verba da Secretaria da Cultura de São Paulo, e conta com vários profissionais com carteira assinada. Possui 8 cursos regulares: Atuação, Cenografia e Figurino, Direção, Dramaturgia, Humor,

O prédio da SP Escola de Teatro divide espaço com o comércio ambulante do Brás (Foto: João Pedro Tanasovici)

Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco; além de cursos de extensão e o Programa Kairós. Juntos, estes são os três pilares orientadores da instituição. Os cursos são modulares, os conhecimentos não são hierarquizados e o processo de aprendizagem consiste no fazer teatral, através de projetos cênicos chamados Experimentos. A procura pelos conhecimentos oferecidos

vem das mais diversas origens, idades e personalidades. Os aprendizes, como são chamados os alunos, vão atrás da SP baseados na intenção de obter conhecimentos em cursos que não são oferecidos em muitos outros lugares, enquanto aprendem, na prática, a trabalhar em equipe e lidar com pessoas desconhecidas, em um ambiente que está sempre atento ao que se passa do lado de fora.

Aprendizes tem formação ampla em todos os aspectos da produção teatral (Foto: João Pedro Tanasovici)

O perfil geral dos aprendizes consiste na diversidade. A escola está acessível a qualquer interessado em se profissionalizar dentro das áreas oferecidas pela SP, desde que este já tenha 18 anos de idade e ensino médio completo. Assim, é possível encontrar desde mestres formados pela Universidade Paris-Sorbonne ou a Universidade de Nova Iorque, até algum morador da periferia que nunca foi ao teatro. Os formadores, como são chamados os professores, passam por um processo seletivo em sua admissão, e são treinados para entender o método da escola, de forma que eles estudem o que vão ensinar, ao invés de ensinar o que já sabem, compartilhando da experiência do aprendizado com os seus aprendizes, demonstrando o mote “artistas que formam artistas”.


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Observatório SP Brás

Raízes longe de casa: a permanência da cultura boliviana na Rua Coimbra A travessa no centro de São Paulo é um importante centro comercial e cultural para a resistência boliviana no Brasil

Fachada da primeira loja de cereais da Rua Coimbra, Corazón de Bolívia

Por Evelyn Mackus Uma rua antes da Avenida Celso Garcia, em um cruzamento da Rua Bresser, o linguajar muda levemente e o sotaque castelhano é audível sem interrupções. A vista se torna pouco brasileira à medida que se adentra à Rua Coimbra. Fachadas de lojas de grãos, cabeleireiros e anúncios de vagas de emprego são escritos em espanhol, pois o português passa a ser uma segunda língua por ali. A travessa é considerada patrimônio boliviano no Brasil e concentra a maior colônia de habitantes do país andino em São Paulo. A ocupação boliviana na região data dos anos 1990, quando um grande número de oficinas de costura se instalou no local e incentivou os imigrantes a comercializarem produtos importantes para a comunidade: grãos, petiscos,

comidas rápidas provenientes da Bolívia e cartões telefônicos para chamadas internacionais, via orelhão. Segundo dados da Polícia Federal, cerca de 90 mil bolivianos vivem em São Paulo, e a prefeitura estima que 72% se dediquem à atividade têxtil. A Coimbra é identificada nos dias de hoje pela abundância de itens que remetem aos costumes do país, interessando tanto aos imigrantes quanto aos brasileiros que desejam conhecer mais sobre os detalhes da Bolívia. Abertos para consumidores e fechados para jornalistas, os trabalhadores do local tem motivo para a introspecção: a produção de um grande canal de televisão recentemente os colocou em apuros ao exibir em um telejornal, de abrangência nacional, entrevistas feitas sem seus consentimentos através de câmeras escondidas.

A atitude tornou os comerciantes cautelosos, fazendo com que eles se recusassem a falar com a reportagem do Observatório SP. Deixando de lado o cuidado com a própria imagem dos imigrantes no local, a rica cultura boliviana é manifestada através do comércio de produtos simples, como o pão artesanal, vendido em bancas montadas na própria rua. As lojas de cereais também se destacam por oferecerem temperos típicos e ingredientes pouco populares no Brasil, como o milho choclo. Os restaurantes são uma ótima opção para quem busca sentir no paladar um pouco da cultura boliviana: no Restaurante Bolívia, por exemplo, é servida uma generosa porção do popular Chicharrón, composto de carne suína frita, milho e molho picante (Llajua). Outro prato apreciado por quem frequenta a rua é o

Fricase, feito com pernil, milho, batata desidratada e Locoto, uma pimenta tradicional do país. Quem tiver interesse em experimentar os sabores, ver as cores e ouvir as vozes da Bolívia no Brasil tem que ir à Rua Coimbra aos finais de semana e conhecer a feira que acontece por lá, receptiva para todos que tem interesse nas coisas provenientes dessa nação latina vizinha à nossa. Feira de produtos típicos da Bolívia: Comércio de alimentos, bebidas, cereais, artesanatos, vestimentas e apresentações musicais provenientes da Bolívia. Organização: Associação Bolívia Cultural Endereço: Rua Coimbra - entre a Rua Bresser e a Rua Dr. Costa Valente Brás - São Paulo Horário de funcionamento: Sábados e domingos, das 15h às 21h Fone: (11) 98133-1055

Alimentos frescos vendidos ao ar livre na quitanda Cereais La Pacennita


cultura

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O sincretismo religioso que chega com a imigração

A diversidade da fé de imigrantes contribui para uma nova face da história das religiões no bairro

Padre Simone iniciando a missa de terça-feira, dedicada às pessoas que são perseguidas em países estrangeiros.

Por Dalila Rocha O Brás foi construído através da junção de diversas nacionalidades devido ao grande fluxo de recebimento de imigrantes. Como consequência, o bairro é palco das mais diversas manifestações religiosas da cidade. De acordo com o Padre Simone Bernardi, imigrante italiano e padre na Paróquia Nossa Senhora de Casa Luce, fundada no Brasil em 1900 pelos italianos que chegaram ao país para trabalhar na cafeicultura, a imigração vai além da questão econômica. Ele afirmou “Estão vindo pra cá e o pessoal não traz só o desejo de uma vida melhor. Traz cultura, a fé, religião, histórias, sofrimento”. A convivência com diferentes etnias desperta a necessidade de perpetuar a própria cultura, por isso manter a tradição seja gastronômica, artesanal, linguística ou religiosa, se torna ainda mais im-

portante, como o Padre validou ao indagar “Por quê fazer uma festa italiana em um bairro que não é mais italiano? História é importante. Saber porquê essa igreja existe e qual foi a fé que a fundou é importante”.

“Para nós, a religião é um instrumento para dialogar com todos”, afirma Simone Na Mesquita Brasil, templo islâmico fundado em 1929, a Sociedade Beneficente Islâmica auxilia 3 mil famílias com cestas básicas e organiza periodicamente feiras de doações para a população. A respeito do projeto, o Sheikh Abdelhamid declarou “Nosso projeto não é sobre religião, é sobre humanidade”.

No templo, os cultos são feitos em árabe e no salão é possível observar que até mesmo as crianças se comunicam na língua, mas os visitantes contam com um tradutor simultâneo para acompanhar as cerimônias. A religião tem o papel de levar forças a quem precisa do conforto e de motivação para continuar. “A fé é importante porque te dá um sustento. Você percebe que não está sozinho naquilo que você faz e que aquilo que você faz não é só para você”, declarou Padre Simone. De acordo com o Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos, de 2015 para 2016 as denúncias de intolerância religiosa aumentaram em 36,51% e tem os maiores números de queixa registrados na região sudeste de São Paulo. Sobre a intolerância e perseguição religiosa que motiva a imigra-

ção em diversos países, o Sheikh Abdelhamid disse “O problema não é a religião, mas sim a política. O mais importante é a liberdade religiosa”. Ao longo da história, diversas religiões tiveram seus membros marginalizados, perseguidos e mortos, portanto conviver e celebrar diferentes expressões de fé é um exercício de paz que contribui para a história contemporânea quando estimula e incentiva a aceitação da diversidade e o convívio entre etnias.

Dados de intolerância no Brasil

Foram registradas 513 denúncias entre 2011 e 2014. Nos 216 casos em que a vítima informou a religião, 35% são do candomblé e umbanda, 27% evangélicos, 12% espíritas, 10% católicos, 4% ateus, 3% judeus, 2% muçulmanos e 7% de outras religiões.

A Mesquita Brasil representa o islamismo, uma das religiões mais perseguidas do mundo.


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Observatório SP Brás

Opções de comidas típicas enchem de sabor o paladar do paulistano Restaurantes espalhados pelo centro de São Paulo oferecem comidas de diversos países

Restaurante de comidas típicas localizado no bairro do Brás (Foto: Eduardo Maffei)

Por Eduardo Maffei A região do Brás, situada na Zona Central da cidade de São Paulo, é uma área que atrai muitos comerciantes, conhecida por suas lojas ela recebe pessoas de diversos lugares do Brasil e do mundo. Com o grande território da cidadem, para quem trabalha na região ,mas mora longe, fica muito difícil voltar para casa para fazer as suas refeições, o que deixa de ser um nenhum problema, pois o bairro está cheio de opções para quem quer comer bem sem gastar muito. Pizzarias, lanchonetes, bares, restaurantes,

self services e food trucks são algumas das muitas opções disponíveis. Luiz Nascimento trabalha na região, é autônomo e passa a maior parte do seu dia por lá, sendo assim não tem tempo de voltar para sua casa para comer e acaba comendo sempre na rua, ele diz que sai mais barato almoçar fora todos os dias do que fazer compra mensal e comer

em casa. Ele busca sempre as opções mais saudáveis e que caibam em seu orçamento. Milhares de pessoas movimentam a economia do bairro e encontram tudo que precisam para adaptar a vida corrida do paulistano. O bairro recebe milhares de pessoas que se alimentam por lá diariamente. Por ser um dos bair-

ros mais tradicionais em acolher bem os imigrantes que vieram de seus países para tentar uma vida melhor, temos como exemplo o Ogarett, de origem síria; a Cantina Gigio, criado por imigrantes italianos; e a Cantina Castelões, também de origem italiana. Edmilson Moraes trabalha há 5 anos no bairro do Brás, na loja Souza, mas sempre na hora do almoço faz a sua refeição no restaurante nordestino, o Geração Sabores. A empresa em que Edmilson trabalha fica na mesma região em que ele almoça, e ele costuma fazer as suas refeições neste restaurante por gostar da comida e também pela facilidade de estar perto da empresa, facilitando assim o seu deslocamento, podendo fazer a sua refeição com mais tranqüilidade, aproveitando a sua hora de almoço. José Firmino é residente na região do Brás e antes de trabalhar procura fazer a sua refeição no próprio bairro por conhecer bem a região, mas devido a distância do trabalho da sua residência ele geralmente compra a sua comida em umas das lanchonetes conhecidas como seu tempo é curto ele acaba comendo na rua indo ao metrô para não se atrasar para o retorno ao trabalho.


cultura

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Artesanato muda o cenário industrial predominante do Brás

Desde meados do século XX, famílias nordestinas bordam suas histórias pelas ruas do tradicional bairro paulistano

A artesã Eliana bordando uma das toalhas que comercializa na feirinha

Por Heloísa Corrêa Pessoas andando para todos os lados, policiais de olho na movimentação, barracas nas calçadas vendendo todo tipo de bugigangas, lojistas tentando chamar a atenção da clientela, placas anunciando as ofertas e inúmeras peças de roupas sendo expostas nas vitrines das lojas. Essa é a realidade do Brás, tradicional bairro localizado no centro da capital paulista. Apesar de ser envolvido pelo caos nos dias de hoje, o Brás não deixa de ser uma figura de grande importância

na formação da cidade de São Paulo. Durante o século XIX, foi dado início ao processo de imigração de povos europeus para o Brasil e o bairro foi um dos que mais acolheu os estrangeiros. Principalmente, devido à construção da Hospedaria de Imigrantes do Brás – que seria posteriormente conhecida como Hospedaria de Imigrantes de São Paulo –, ocorrida em junho de 1886. A imigração deixou fortes marcas em diversos aspectos, mas um dos pontos mais influenciados pelos imigrantes europeus foi a cultura e os costumes

dos cidadãos. Atualmente, a região é popularmente conhecida no Brasil pelas lojas que por lá se instalaram, vendendo diversos tipos de produtos a preços extremamente baixos. Mas, sem sombra de dúvidas, a marca registrada do comércio no Brás são as roupas. E a oferta chega a ser tão grande quanto à procura. Alguns comerciantes nem sequer precisam de uma loja apropriada para realizar suas vendas: basta estender um pano, expor as peças e esperar a clientela chegar. Além da referência comercial que o Brás ganhou com o passar dos anos, o bairro também é, hoje, um polo nordestino em São Paulo. Diversas famílias do nordeste brasileiro começaram a migrar para essa região em meados do século XX, principalmente devido ao processo de industrialização que ocorreu neste período. Muitas pessoas viram em SP uma oportunidade de obter melhores condições de vida e abandonar de vez os prejuízos da seca e da miséria. E assim como os europeus, os nordestinos também deixaram sua marca: é possível enxergar a influência cultural em váriosn cantos do Brás. Em uma feira de artesanatos, localizada bem em frente a saída da estação Brás da CPTM, Eliana Silva, de 53 anos,

expõe os artigos que ela mesma produz. Ela conta que é filha de baianos que vieram para cá em busca de emprego. “Tive que trabalhar desde muito nova para ajudar a pagar as contas”, diz Eliana, enquanto borda uma de suas toalhas. Cada um dos panos de pratos feitos pelas mãos da artesã levam detalhes delicados feitos em crochê. “Aprendi a bordar, fazer crochê e trabalhar com gesso. Minha mãe me ensinou muita coisa e ela aprendeu com a minha avó. É meio que de família”, Eliana lembra ao falar que a paixão pelo artesanato surgiu quando ela tinha 10 anos. Na barraca ao lado, Glauco Pereira também vende artigos de crochê, feitos por ele e por sua esposa. “Nessa feirinha é permitido vender apenas artigos artesanais. A maior parte das peças eu e minha esposa que fazemos, mas também tenho alguns produtos que trago diretamente do Maranhão”, o artesão explica. Além disso, ele conta que sua família é nordestina, parte dela ainda vive no Maranhão e, e de lá traz alguns artesanatos. Eliana e Glauco também são exemplos de nordestinos artesãos. Apesar de o fluxo migratório ser bem menor, hoje, a cultura das famílias descendentes continua escrevendo suas histórias nas ruas do Brás.


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Observatório SP Brás

Catavento promove diversão e aprendizagem em um só lugar

Espaço cultural proporciona lazer e conhecimento para a população

O museu conta com 250 instalações, sendo em sua maioria, com o alvo para o público jovem.

Larissa Souza O espaço Catavento Cultural e Educacional é um museu interativo, inaugurado em 2009 com o propósito de se dedicar as áreas da ciência. O espaço de 4.000 metros quadrados é dividido em quatros seções: “Universo” que possui inúmeros painéis expositivos que representam o conhecimento do espaço como é conhecido atualmente pela humanidade; “Vida” que apresenta diversos blocos que remetem a natureza e a vida em si, como biomas, árvores da vida e célula e DNA; “Engenho” que é dedicada à engenhosidade humana, acumulando assim um conjunto de obras interativas de ricos e diver-

sificados temas; e “Sociedade” onde é focada a parte de meio ambiente e a sustentabilidade, nanotecnologia, experimentos químicos entre outros temas. A parte externa do museu conta com inúmeros objetos expostos. Há réplicas de carruagens, peças de engenhos antigos, vagões de trem, locomotivas e um avião antigo. No dia 17 de fevereiro de 2017, o museu inaugurou a “Sala Dinos do Brasil”, que com a ajuda de óculos de realidade virtual, conduz o visitante a uma viagem aos períodos Triássico e Cretássio do Brasil, com os dinossauros que habitavam este território. Segundo a visitante

Najah Topana, que estava com a filha visitando o local o Catavento serve como a parte interativa da aprendizagem do que se é ensinado na parte de ciências na escola, criando assim, novas oportunidades de ensino. A funcionaria Luana Nunes ainda acrescenta que o espaço consegue agradar de crianças à adultos justamente pela sua interatividade nas exposições e recursos ilimitados de informações que possibilitam ainda mais o aprendizado. Segundo o vice-diretor Sebastião Alberto, o Catavento disponibiliza além de todas as atrações, espaços que podem ser utilizados para promover diversas atividades, de wor-

kshop à apresentações musicais. O aluguel dos espaços precisa ser feito com pelo menos 30 dias de antecedência. O horário de funcionamento do museu é terça-feira a domingo, das 9h às 16h. O valor do ingresso é de 6 reais para o público geral, e 3 reais para idosos, crianças, estudantes e pessoas com deficiência. O pagamento é feito apenas em dinheiro e aos sábados o valor do ingresso fica isento. O local ainda possui uma lanchonete na parte interna, com serviços de cafés, lanches e doces, onde é também possível fazer um verdadeiro piquenique ao ar livre, é só chegar ao caixa e pedir uma cesta com a famosa toalha quadriculada.


lazer

Lazer, diversão e cultura rejuvenescem o bairro

Beatriz Xavier O Museu da Imigração é uma boa opção de lazer para quem procura conhecer a história da formação da cidade. Ele conta com toda a preservação da memória das pessoas que chegaram ao Brasil por meio da Hospedaria de Imigrantes. Com o grande interesse do público em aprender sobre a grande diversidade no país, o local valoriza o encontro das diversas comunidades que vivem em São Paulo tornando o atrativo

cheio de lembranças das viagens que os imigrantes faziam para chegar aqui, exibindo como eram as condições de viagem, as adaptações e as maiores dificuldades enfrentadas, contribuindo assim, para a identidade paulista. E para completar, o local ainda oferece um passeio de Maria Fumaça, a locomotiva responsável pelo deslocamento dos Imigrantes. É possível ainda aproveitar o conhecimento dos monitores, que simulam

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Museu da Imigração conta com um acervo cheio de lembranças da história dos imigrantes.

algumas práticas típicas das antigas viagens de trem. O horário de funcionamento do museu é de terça a sábado, das 9h às 17h, e aos domingos das

10h às 17h. E o embarque no passeio de Maria Fumaça funciona aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 16h, saindo de hora em hora.

Novo espaço para festas atrai jovens e cria um novo centro

Espaço Nos Trilhos surpreende público com grandes novidades em suas festas.

O espaço cultural Nos Trilhos é cercado por trens centenários e trilhos de ferrovias de São Paulo que promo-

ve festas, exposições e eventos culturais. O local foi reformado para ajudar a arrecadar fundos para o processo de

restauração dos trens. Longe dos centros culturais mais populares, como Rua Augusta e Vila Madalena, o ambiente chama a atenção do público, o que torna o reconhecimento dos bairros muito importante, ajudando economicamente o desenvolvimento da região. “É um lugar onde seus olhos fogem do que estão acostumados a ver e te traz uma experiência singular”, diz Marcela Adas, frequentadora das festas. A decoração mais rústica, como a de um grande galpão, sur-

preende o público, contando com Food Trucks e atrações especiais. “Foi muito importante desenvolver esse local pensando em descentralizar as festas de São Paulo, o espaço é incrível e muito divertido, encontramos qualquer coisa por aqui”, diz Vitor Gomes, que também aderiu a esse novo local para se divertir. As festas acontecem de quarta a domingo, com preços acessíveis e disponíveis para todos os públicos. O espaço está localizado na Rua Visconde de Parnaíba, 1253.


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Observatório SP Brás

Festas mantém tradição italiana viva no bairro Eventos comemorativos temáticos atraem diversos públicos na região central de São Paulo Jakeline Deres Conhecida mundialmente por possuir uma das maiores comunidades italianas fora da Itália, São Paulo possui as mais tradicionais festas de rua do país europeu no Brasil. Os eventos, em homenagem a Nossa Senhora de CasaLuce, São Vitto e San Gennaro acontecem em maio, junho e setembro anualmente, oferecendo o melhor da cultura italiana. Desde 1900, as tradicionais festas italianas fazem sucesso no bairro do Brás, contando com a participação de mais de 200 voluntários da comunidade nas pre-

parações dos festejos e trazendo para os visitantes mais de 40 barracas de comidas, bebidas e doces da gastronomia italiana, além de shows gratuitos de músicas típicas. A festa também oferece um espaço reservado para 250 pessoas com apresentações musicais e de Tarantella, dança de característica italiana, tudo por um preço acessível de R$ 50, que inclui a alimentação no local. “ É um ambiente mais aconchegante, pois possui mesas e cadeiras, deixando a nossa família mais disposta a ficar na festa até o

final, curtindo as apresentações e as comidas deliciosas”, relata Giovanna Canova, que estava acompanhada de sua filha e esposo na Festa de San Gennaro. Organizados pelas mamas e padres as festas tem o intuito de arrecadar fundos para as manutenções das paróquias, bem como importantes obras sócias, dentre elas a assistência social para famílias da região que passam por necessidades, aulas de músicas para crianças, karaokê para formação e integração de crianças e adultos, alfabetização de adultos.

Festas que acontecem todos os anos conseguem reunir mais de 1.000 pessoas em dia de evento

Festa de Nossa Senhora CasaLuce Data: De 29 de abril a 28 de maio de 2017 Endereço: R. Caetano Pinto, 608 - Brás Preço: Entrada gratuita Horário: Todos os sábados, das 18h à 00h, e domingos, das 18h às 23h Festa de San Vitto Data: De 3 de junho a 9 de julho de 2017 Endereço: Rua Polignano A`Mare, 51 – Brás (na Rua da Paróquia São Vito) Preço: Entrada gratuita Horário: Sábados e domingos, a partir das 18h Festa de San Gennaro Data: De 09 de setembro a 08 de outubro de 2017 Endereço: Nas ruas San Gennaro e Lins Preço: Entrada gratuita Horário: Sábados e domingos, partir das 18h


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