Também à partida se colocava (e colocou) a questão da aceitação da figura dos outsiders propostos pela Fundação. A existência de outsiders contrapunha-se à preocupação de tornar o de Águeda um processo endógeno, não apenas por serem externos como, acima de tudo, pelo peso que funcionalmente lhes cabia - em particular no caso do outsider a quem a Fundação atribuíra o papel de team leader. A solução, neste caso, “aconteceu” através de um misto de bom senso e de aprendizagem que se consubstanciou num conjunto de posturas do outsider de que se destacam (assim, o sublinharam os membros da equipa): - uma necessária identificação com os objectivos e problemas do Movimento; - a importância de uma empatia afectiva; - uma capacidade de equilíbrio entre um olhar externo e um olhar interno na reflexão realizada pelo grupo (ora devolvendo a reflexão, ora participando nela); - uma atitude de respeito, na escuta e com os ritmos de cada um e do grupo; - a aposta num esforço continuado de problematização da acção e da realidade.
Palavras Finais
O de Águeda tem hoje e desde já, como principal produto, uma identidade reconstruída. Reconhece-se, como sempre, no combate à exclusão mas resitua-se nesse combate ao explicitar, como traço da sua própria identidade, um dever colectivo de agir sobre as (novas) formas de exclusão ... um dever feito mística, que convida ao(s) desafio(s). Mais uma vez, de facto, o Movimento pegou numa oportunidade que se lhe ofereceu transformando-a num factor do seu próprio desenvolvimento, que o mudou com a mudança que procurou. Ao olhar para a história sempre inacabada (e sempre diferente) do Movimento de Águeda, sou na verdade, levado a recordar Cervantes quando escreve: «Tornar o mundo a ser depois de uma vez ter sido não há na terra poder que a tanto se haja estendido». Referencia 1. Andaloussi, K. (2000). “Recherches - Actions. Sciences, Développement, Démocratie” Paris. Ed. Publisud 2. Morin, A (1992) “Recherche - Action Intégrale et participation cooperative “ Ottawa. Agence d’Arc.
Reflexiones sobre el Movimiento de Águeda y la Iniciativa sobre Efectividad En este artículo, Rui d’Espiney, como outsider del equipo de Portugal en EI, presenta las circunstancias y el porqué del nacimiento del Movimiento de Águeda. Muestra además el particular enfoque, mantenido a través del tiempo, para desarrollar una organización basada en la comunidad: su original naturaleza, su constante espíritu de búsqueda, su “inconformidad” e independencia.
B e r nard van Leer Foundat ion
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La participación del Movimiento de Águeda en la Iniciativa sobre Efectividad ha contribuido a revitalizar y reforzar las relevantes cualidades, actitudes y enfoques que han favorecido, no sólo su longevidad sino también su efectividad. Como anexo al artículo se presenta también la metodología utilizada por el equipo para la realización de su estudio.
Espacio para la Infancia • Octubre 2001