Cvampiro9 1

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É mais do que justo dizer que quando ele não estava fazendo caretas e dando cambalhotas, ele me impressionava com um amor avassalador. Talvez fosse mais forte quando ele não estava visível, mas se ele não aparecesse para mim em curtos intervalos de tempo durante o dia e a noite, eu começava a chorar por ele e a ficar angustiado. Às vezes, quando estava correndo pela grama ou subindo no carvalho perto do cemitério, eu sentia que ele se agarrava a mim, pendurado nas minhas costas, na minha garupa, e o tempo todo eu falava com ele, estando visível ou não. Num dia muito claro, quando eu estava na cozinha, Sweetheart me ensinou a escrever algumas palavras — bom e mau, alegre e triste — e eu as ensinei para Goblin, nossas mãos juntas. É claro que ninguém entendia que era Goblin que escrevia uma parte do tempo, e quando eu tentava dizer-lhes isso, eles apenas riam, menos Pops, que nunca gostou de Goblin e ficava sempre preocupado dizendo „onde é que toda essa conversa de Goblin ia parar‟. Sem dúvida Patsy estava sempre por perto, mas não lembro muito bem dela até meus quatro ou cinco anos. E mesmo então acho que não sabia que ela era minha mãe. Com certeza ela nunca subiu aqui para o meu quarto e quando eu a via na cozinha já começava a temer que ela e Pops acabariam brigando. Eu amava Pops e com razão, porque ele me amava. Ele era um homem alto e magro, de cabelo grisalho desde que me lembro, e sempre trabalhando, a maior parte do tempo com as mãos. Era educado e falava muito bem, assim como Sweetheart, mas queria ser um homem do campo. E assim como a cozinha engoliu Sweetheart, que um dia debutara na sociedade - 148 -


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