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aquilo tudo como um enorme santuário. Fileiras de lírios sobre um altar de pedra baixo, que continha um imenso tabernáculo dourado todo trabalhado com delicados entalhes dos mesmos motivos egípcios. Uma corrente de ar descia por colunas escavadas na rocha acima, avivando as chamas dos lampiões sempre acesos, agitando as folhas verdes e compridas dos lírios, que pareciam lâminas em seus vasos de água, exalando seu perfume embriagador. Eu quase podia ouvir hinos naquele lugar. Podia ouvir cânticos e antigas invocações. E já não estava mais com medo. A beleza era por demais tranqüilizadora, por demais grandiosa. Mas olhei fixo para as portas de ouro do tabernáculo sobre o altar. O tabernáculo era mais alto que eu. Era três vezes mais largo do que eu. E Marius também estava olhando para ele. E eu senti o poder que emanava dele, o leve calor de sua força invisível, e ouvi o ferrolho deslizando para trás no interior das portas do tabernáculo. Eu teria me aproximado um pouco mais dele, se tivesse coragem. Parei de respirar quando as portas de ouro se abriram por completo, dobrando-se para trás para revelar duas esplêndidas figuras egípcias — um homem e uma mulher — sentadas lado a lado. A luz movia-se sobre seus rostos esbeltos e brancos, delicadamente esculpidos, em seus corpos brancos retratados com dignidade; brilhava em seus olhos escuros. Possuíam o mesmo ar severo de todas as estátuas egípcias que eu já havia visto; eram econômicas em detalhes, de contornos belíssimos, magníficas em sua simplicidade; apenas a expressão franca e infantil dos rostos abrandava a sensação de dureza e frieza. Mas ao contrário de todas as outras, estavam usando roupas com tecido e seus cabelos eram de verdade.


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