BEM VIVER 14

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Foto: ©iStockphoto.com/cdwheatley

COMER BEM

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SEMPRE NA MODA

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A revista BEM VIVER é uma publicação quadrimestral Rua Itararé, 501 - Jardim Paulista Tel. 16 3515 5151 Ribeirão Preto-SP redacao@bemviverrevista.com.br Coordenação: Ana Maria Machado Agência: N.Case Comunicação Coordenação Editorial:

Compartilha Brasil Godi Júnior - MTB: 43.852/SP Revisão: Renata Canales Projeto Gráfico e Editoração: Rita

ESPERANÇA DE VIDA

Corrêa

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AS CORES DA ALEGRIA

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SABOR DO CAMPO

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Produção Fotográfica: Rita Corrêa e

LAZER

Editor/Jornalista Responsável:

VIAGEM

Ana Machado Ilustrações: Renato Andrade Impressão e Fotolito: Gráfica São

Tiragem: 10.000 exemplares Agradecimentos: Ricardo Perez

Profissional

LIBERDADE PARA VOLTAR

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BEM ESTAR

MORAR BEM

Francisco


carta do leitor Capa 13ª ed. / maio. 2012

Com grande satisfação vimos a reportagem sobre a nossa peregrinação no milenar Caminho de Santiago de Compostela, lá pelos lados norte da longínqua Espanha, lindamente estampada nas páginas dessa magnífica e promissora “Revista Bem Viver”, que aliás diga-se de passagem, é digna de um refinado bom gosto, eis que retrata em suas belíssimas páginas o nosso cotidiano em todAs As suAs nuances como saúde, natureza, diversão, turismo, moda, educação, esporte, espiritualidade e tantos outros condizentes com as necessidades salutares da nossa raça humana e é exatamente isso que todos nós almejamos e precisamos para sermos felizes. Os nossos cumprimentos a todos os idealizadores e equipe dessa maravilhosa idéia “BEM VIVER” e em especial a Ana Machado, A mentora incansável de tudo isso. José Luiz Costa, Ovídio Mora, Ademir Martins, Henrique Ravasi, Claudinei Fernando Zanella e Gislaine Batistuci.

Mediante sua larga experiência de mercado, a equipe de auditores e consultores da BLB desenvolveu um método de trabalho único e exclusivo, que de maneira simples e eficaz, promove a confluência de análises e dados favorecendo a conquista de resultados. É com orgulho que a revista Bem Viver conta com essa empresa na conferência da tiragem de suas edições, aumentando ainda mais sua credibilidade diante do mercado.

ALEX ATALA: Na última edição da Revista Bem Viver, a reportagem do chef de cozinha Alex Atala dizia que seu restaurante DOM era o 7° no ranking de melhor do mundo, porém, até o fechamento da revista o empreendimento passou a ser o 4° melhor restaurante do mundo. Fato que comprova o talento, a fama e a afinidade de temperos e sabores que o ilustre chef conquistou. Parabéns! Envie seu comentário ou sugestão: redacao@bemviverrevista.com.br

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Outras reportagens também mostram que através de atividades físicas, bons pensamentos e lugares paradisíacos, você pode ter um caminhar mais tranquilo e prazeroso.

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” Charles Chaplin.

Aplauda sua decisão de ser feliz e saúde!

Boa leitura! Ana Maria Machado Diretora da Revista Bem Viver

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editorial

redacao@bemviverrevista.com.br

Sabemos que para usufruir de uma vida saudável é necessário o equilíbrio entre corpo e mente, por isso iniciamos uma nova editoria, SAÚDE, que mostra que a prevenção é realmente o melhor remédio. Veja como os chás podem ser bons aliados, com seus efeitos benéficos e reconhecidos pela medicina tradicional.

qualidade de vida

A busca pela qualidade de vida é constante e essa é a nossa maior motivação, abordar assuntos que despertem em você novas possibilidades de bem viver!


FRUTOS DA TERRA

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Comida oleosa, pratos pesados de difícil digestão,alimentos engordativos. Pessoas mais antenadas sabem que o prazer de comer passa longe deste tipo de refeição e da importância do vegetal no dia a dia. “Nosso corpo é formado de células que, por sua vez, são formadas única e exclusivamente por nutrientes. Legumes, folhas e frutas têm maior quantidade de vitaminas e minerais, influenciando diretamente na qualidade de vida e saúde dos indivíduos. Ótima fonte de fibras, ajudam no funcionamento do intestino que age no sistema imunológico”, explica a nutricionista Lícia Sanchez Vendruscolo.

A tendência em fazer do alimento um aliado à saúde movimenta o mundo da gastronomia e chefs premiados mostram que os frutos da terra são inevitáveis para boas receitas.

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Foto: Rubens Guerra

Legumes, folhas e frutas. Os grandes chefs rendem-se à nova tendência da gastronomia


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gastronomia


Foto: Virgine Klecka

Em Paris, uma das cidades mais visitadas do planeta, os paladares apurados disputam vaga no restaurante L’Arpège, com sua classificação máxima de 3 estrelas no Guia Michelin. Inaugurado em 1987, o local conquista apreciadores do sabor e cheiro com uma cozinha “légumière”, usando produtos de suas próprias hortas. O chef Alain Passard cultiva os alimentos naturais sem força mêcanica, utilizando cavalos para arar os quatro hectares de terra ao invés do trator, uma maneira mais trabalhosa, mas Alain Passard em sua horta que não sacrifica o solo. O tratamento contra pragas é feito com produtos naturais, ou seja, uma jardinagem biológica que respeita o ecossistema, preservando as hortas. Para o chef, “a gastronomia nunca está longe da natureza, da ternura, do sorriso”. Mas não é preciso ir à Paris e nem menos sair de casa para ter à mesa um excelente prato feito à base de legumes, folhas e frutas. Imagine uma horta no seu jardim com alfaces, tomates, berinjelas. Beleza, odor e alimento : chique demais! Para quem tem pouco espaço, que tal pequenos vasos com temperos ? Será um charme você servir aos amigos uma receita feita com pimenta, salsinha ou qualquer outra erva retirada de sua jardineira. Adepta a hortinha caseira, a jornalista Mariangela Gumerato diz que o prazer em preparar um prato para a família com ingredientes cultivados por ela mesma não tem preço. “Tenho canteiros pequenos com ervas, como manjericão, hortelã, alecrim e também com tomatinhos. A grande vantagem é que além de estar na mão na hora de fazer um molho de tomate ou de temperar um prato especial, as ervas são fresquinhas, cheias de energia vital e, o principal, sem agrotóxico. Adoro!!! Se um dia eu mudar para uma casa com quintal maior vou ter uma horta e só comer verduras e frutas. Meu sonho de consumo”.

Foto: Rubens Guerra

Bom, mas é claro que muitos desses produtos têm que ser comprados, então, fique atento à procedência do que leva à mesa.O alerta é da nutrionista Lícia Sanchez Vendrusco. “Esses tipos de alimentos são consumidos, na maioria, crus. Portanto é importante saber qual água é utilizada no cultivo, a quantidade de agrotóxico (se está dentro das recomendações) e, por fim, a distância que esse alimento percorre até chegar ao consumidor, porque assim que é colhido já começa a perder suas vitaminas e minerais”.

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Ratatouille “Bigouden” (adaptada ao Brasil)

INGREDIENTES: 4 tomates - 1 berinjela grande - 1 cebola grande - 1 cabeça de alho - 100 g de manteiga com sal - Folhas de 1/2 maço de manjericão - 2 abobrinhas grandes

Fotografia Ilustraiva

por Alain Passard, do livro “Collages et Recettes

- 2 pimentões (1 vermelho, 1 verde) - Molho de soja ou flor de sal - Azeite

PREPARO: Em fogo baixo, em uma frigideira grande, refogar a cebola picada com dois terços de manteiga com sal. Adicione metade dos tomates em quartos, dentes de alho descascados e esmagados, e uma abobrinha grande cortada em fatias finas. Deixe ensopar sem misturar para manter uma cor bonita. Cozinhe por 40 minutos, tendo a referência a água do tomate: deve ser reduzida na parte inferior da panela. Enquanto isso, grelhar os pimentões, tirar as peles e adicioná-los imediatamente em tiras. Em seguida, deixe a chama queimar a pele da berinjela por 15 a 20 minutos: o objetivo é dar-lhe um sabor defumado. Em seguida, deixe esfriar em um prato. Em uma tigela, misture os tomates restantes, a abobrinha cortada em finas rodelas e folhas de manjericão. Tempere com azeite e molho de soja à temperatura ambiente. Tire a pele queimada da berinjela. No resto da manteiga com sal, fritar. Tempere o guisado com molho de soja e sirva quente em um prato com a polpa de berinjela polvilhada com flor de sal.

Para quem for à Paris e quiser experimentar as delícias do chef Alain Passard, o endereço é Rua de Varenne, 84, no coração da cidade Luz, perto do Musée Rodin.

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vejo FLORES em vocĂŞ

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15 Fotos: Rubens Guerra

morar bem


Primavera, de Giuseppe Arcimboldo

A magia destas plantas multicoloridas que fazem do dia a dia algo mais especial

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Comecemos com um teste: quando você pensa em um local maravilhoso, qual é o ingrediente imprescindível nesta paisagem imaginada? Flores, não é mesmo? Com suas cores diversas, formas diferentes que impõem, a cada tipo, personalidade e cheiro característicos, as flores formam uma aquarela que invade os olhos e atinge a alma, deixando quem as admira simplesmente feliz. Das quatro estações do ano, é a primavera a mais romântica, a que vem tirar o frio dos corações invernizados, estendendo um tapete florido que aquece os sentimentos. Muitos são os poetas que se entregaram a descrever essa beleza tão diversa e ao mesmo tempo tão uniforme. A mineira Adélia Prado declarou em um de seus escritos: “ Me perguntas por que compro arroz e flores?

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Compro arroz para viver e flores para ter algo pelo que viver”. Pois é, óbvio assim! Alimento de alegria, por mais que as tristezas tentem dominar o ambiente, as flores agradecem cada olhar, cada gesto de cuidado com formosura, com encanto. O advogado Brasil Salomão compra todas as semanas duas dúzias de rosas amarelas, as preferidas de sua esposa. Um hábito que começou há mais de 20 anos. “As flores, além do motivo principal de representarem uma comunicação de amor, afeto, dão à casa, aos diversos locais por onde são distribuídas em vasos, uma idéia de lar, de natureza, de vida.“, afirma Salomão. Nas plantas cultivadas ainda é possível acompanhar toda a transformação mágica da semente que explode em coloridos múltiplos. “Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores”, descreveu Cecília Meirelles. Muitas são exigentes no cuidado, preferem a luz indireta, podas constantes, água em dias certos. Outras apenas nascem, crescem, embelezam, nutrem o espírito de quem as vê e morrem com a naturalidade que é a vida e a morte. Há também as que ficaram imortalizadas em quadros de pintores famosos e que até hoje deslumbram os visitantes de museus. Claude Monet retratou seu próprio jardim em Giverny com uma série de pinturas. Será que era ele o artista ou o ambiente dele que era grandioso? O italiano Giuseppe Arcimboldo personificou, no século XVII, a primavera em uma obra excepcional em que flores e alegria formam o rosto da estação. Musas das artes, são elas também que simbolizam o maior dos sentimentos – o amor! Como diz a música da banda pop rock Ira! “ Vejo flores em você”. E nada mais é preciso dizer e já é possível sentir-se no paraíso.

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Dicas para conservar suas flores em casa Violetas: Deve-se regar apenas a terra, sem deixar as folhas e flores receberem água diretamente. Coloque o vaso em local claro, mas longe do sol direto. Rosas: Corte 2 cm de suas hastes em diagonal, coloque água gelada com um pouco de água sanitária, e não deixe as folhas inferiores ficarem imersas. O local deve ser arejado, sem corrente de ar. Esse cuidado deve ser diário.. Orquídeas: Deve-se regar apenas a terra, sem deixar as folhas e flores receberem água diretamente. Coloque o vaso em local claro, mas longe do sol direto.

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Projeto: Marcelo Pajaro | Foto: Gianclaudio Ribeirão Preto

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boa safra chique

contemporâneo

exclusivo atemporal

estilo luxo passado futuro jeito de ser

impecável qualidade

grife preservação 22


Foto: Rubens Guerra

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estilo


Roupas, acessórios e sapatos com mais de 20 anos compõem tendências atuais

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Muitos filmes de ficção científica feitos no passado tinham como cenário o século 21. Mostravam uma sociedade com alta tecnologia, explorações espaciais, máquinas substituindo o trabalho humano, e roupas futuristas que mais imitavam o design de um robô. Bem, se na área das ciências as previsões foram corretas, no figurino, o cinema errou feio! Uma das tendências mais vips da moda neste começo de século é exatamente o resgate do passado. Hoje o mundo fashion aprecia peças antigas de qualidade que dão o tom contemporâneo. É o movimento chamado Vintage, palavra que alguns atribuem a origem ao inglês, outros ao francês, e que foi primeiramente usada no século 18 para designar “ o ano de um vinho de boa safra”. Para ser uma legítima peça Vintage, ela precisa ter sido feita entre os anos 1920 e começo dos anos 90, ter estilo próprio ou a marca de um estilista famoso, acabamento impecável e estar em perfeito estado, ou seja, ser de uma “boa safra”. É a valorização do passado através de peças de qualidade que se diferem do efeito temporal de uma estação e da tendência casual.

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Muitas pessoas confundem o estilo Retrô com o Vintage, mas são segmentos totalmente diferentes. O primeiro é a releitura da moda de outras épocas, mas confeccionado no presente, ou seja, uma peça nova com cara de velha, enquanto o segundo são os originais antigos, porém tão bem preservados que têm cara de novo. Garimpar um Vintage em bons brechós é uma arte sendo indispensável ficar atento a grife e conservação. É possível achar modelos exclusivos de estilistas internacionais e outros itens raros que são verdadeiras jóias. Um grande charme! Por exemplo, se você se deparar com uma calça Levi’s com a letra “e” em maiúsculo (LEvi’s), não tenha dúvida em comprar: é uma peça Vintage, anterior a 1971, ano que passou a ser escrita como encontramos atualmente. Também é possível descobrir preciosidades nos armários da própria família como é o caso da pecuarista ribeirãopretana Renata Marchesi que herdou da avó um pingente português feito há 70 anos, e da mãe, uma pelerine Dior comprada na década de 60. “Sempre gostei de ter coisas boas guardadas, pois tudo é cíclico e o bom dura a vida inteira se for bem cuidado”, revela Renata. Já a designer Rita Corrêa achou por acaso uma peça especial no guarda-roupa da mãe. “Certo dia eu estava procurando um casaco de lã, algo bem quente, pois iria para Gramado e não estava preparada para tanto frio. Vasculhando os armários, encontrei um casaco lindo da minha mãe do início dos anos 60, em perfeito estado. Algo incrivelmente maluco, me senti uma pessoa Vintage”, diz Rita. Pois é, essa vontade em ter algo para a vida inteira expõe mais que uma atitude modista, mostra um jeito de ser, uma maneira de preservar o que é bom, e contestar uma época em quase tudo é passageiro e temporário. Lembrando que a moda nada mais é que o reflexo de sentimentos do ser humano, ou seja, na era da tecnologia em que smartphones, computadores, aparelhos de TV têm tempo ínfimo de uso, o mundo fashion vai ao baú recuperar a história e desfilar memórias de épocas que não devem ser esquecidas. Portanto, guarde bem roupas, acessórios e sapatos de qualidade adquiridos agora, porque logo eles poderão ser raridades e compor um look Vintage. Um brinde às boas safras e sucesso nas próximas colheitas!

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Biodanรงa:

um encontro com o prazer de viver

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bem estar

A prática possibilita o autoconhecimento e a consciência de fazer parte da teia cósmica

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Depressão, falta de referências de vida, dificuldade com a afeição. Essas eram as características de um grupo de doentes em um hospital psiquiátrico em Santiago do Chile que se tornou objeto de pesquisa do antropólogo e psicólogo chileno Rolando Toro Araneda, em meados dos anos 1960. A proposta de desenvolver um trabalho a partir da dança e da música para a conscientização do ser e de sua relação com o mundo tornou-se eficaz e rápida. O método da Biodança propagou-se por todo o planeta e Araneda passou a ser conhecido como “o mestre da afeição”. O sistema trata basicamente de enfatizar o potencial saudável de cada pessoa, fazendo com que os pontos positivos sobreponham-se aos negativos na busca pelo bem-estar do indivíduo. “ Esta é uma abordagem que acontece em grupo e enfatiza a importância do ser humano estar bem consigo mesmo, com seu semelhante e com o universo que o rodeia. Assumir o comando de sua própria vida, abandonando comportamentos viciosos, contribui para uma significativa melhoria da saúde, já que as

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enfermidades são, em sua maioria, resultantes do estilo enfermo de viver. E estar saudável implica em viver bem com seus semelhantes e com a natureza”, explica a facilitadora didata em Biodança pela International Biocentric Foundation, Hilda Nascimento. A Biodança reúne três elementos fundamentais: a música, o movimento e a emoção. A teoria agrupa as potencialidades humanas em cinco linhas: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. Estas linhas são separadas apenas para uma melhor compreensão, mas na prática, durante a aula (chamada de “sessão”), elas são interligadas. Veja o que significa cada uma delas:

A linha da vitalidade, como o próprio nome diz, é a consciência de estar vivo, desenvolvendo a capacidade de se expressar sem restrições. É o prazer da própria vida e a dos outros.

A linha da sexualidade é tudo aquilo que dá prazer, ultrapassando simplesmente o ato sexual. Na Biodança, o ser humano é considerado mais do que erótico: ele é um ser erógeno.

A criatividade propõe pequenos atos diferentes dos habituais, mudanças simples que instalem novas possibilidades de ser feliz.

A afetividade é vista como o potencial que reconecta o indivíduo com o amor universal e o sentimento de pertencer a uma comunidade e ao mundo.

A linha da transcendência convida as pessoas ao exercício de uma percepção cada vez mais ampliada e sutil do ato de viver, despertando a consciência de pertencerem a uma teia cósmica ampla e indiferenciada.

Todos estes conteúdos são trabalhados de forma progressiva, respeitando o tempo de cada integrante do grupo, com resultados efetivos. Praticante de Biodança e em formação para se tornar facilitadora, a zootecnóloga Helena Cristina Schmidek afirma que a transformação se dá na maneira de ver o mundo. “Suas ações começam a mudar sem você nem ter percebido que elas mudaram”. O processo é feito com músicas catalogadas pela International Biocentric Foundation, instituto que regulamenta e organiza a Biodança no mundo, e variam de temas primitivos, clássicos, eruditos a músicas atuais. Esse contato com a música desperta uma parte não muito

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utilizada no cérebro, segundo o médico e facilitador didata Werner Robert Schmidek. “ Nosso cérebro é dividido em duas partes e, em geral, nossa cultura oferece mais estímulos ao hemisfério esquerdo, responsável pelo verbal, racional, analítico, deixando de lado todo um conjunto de qualidades melhor percebidas pelo hemisfério direito, que envolve todas as artes. Isso criou uma sociedade potencialmente forte, mas triste”, diz Schmidek, responsável pelo Projeto de Biodança Religar, em Ribeirão Preto, Integrante de um grupo de Biodança por quatro anos, a médica e psicodramatista Ani Cintra afirma que esta atividade pode ser considerada uma terapia ao trabalhar o corpo, a mente e consequentemente as emoções. “Através de músicas especiais escolhidas de acordo com os objetivos e movimentos corporais, o método estimula os nossos sentimentos e passamos a nos perceber, a tomar consciência de quem somos e como estamos olhando para dentro de nós mesmos. Assim vamos quebrando aquelas cristalizações que nos prendem e nos amarram em determinados comportamentos que hoje não nos fazem bem. Fiz Biodança numa fase difícil de minha vida e posso dizer que me ajudou muito na interação com os outros e a estar mais satisfeita comigo mesma”, relata.

Deficientes Visuais A Biodança também pode ajudar a integração de deficientes visuais. Em Ribeirão Preto, dois grupos são coordenados por Werner Robert Schmidek e reúnem cerca de 35 pessoas. Nas aulas, o contato visual é substituído pelo toque. As inscrições podem ser feitas através da ADEVIRP, Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e Região, através do site www.adevirp.com.br, e-mail adevirp@adevirp.com.br, telefone 3916-4655, ou pessoalmente na sede que fica na Avenida Leais Paulistas, 706 – Jardim Paulista. As aulas são gratuitas.

As pessoas interessadas em fazer Biodança devem buscar profissionais qualificados para desenvolver esta prática. A formação de um facilitador de Biodança dá-se no período de três anos. Desejando tornar-se didacta, o professor deve cumprir mais dois anos de estudos. A formação é certificada pela International Biocentric Foundation.

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para lavar

a alma

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viagem

tem que molhar 35

o corpo


Ilhas da Polinésia francesa, mais que locais turísticos, são paraísos românticos

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Taiti (em francês Tahiti) é a maior ilha do Arquipélago Sociedade, na Polinésia Francesa. Cenário de várias obras do pintor Paul Gauguin, teve o exotismo da sua beleza natural e a sensualidade das nativas registrados nas cores fortes do artista francês. A capital é Papeete onde mora mais da metade da população. A vida noturna na cidade é agitada com bares, restaurantes, cafés, discotecas e boates. As massas continentais mais próximas são a Austrália, que fica a 5,2 mil quilômetros a oeste, e o Chile, a 6 mil quilômetros a leste. Seu território é dividido em duas porções circulares ligadas pelo istmo de Taravao. Em seu interior encontram-se montanhas vulcânicas com picos que superam 1.200 metros acima do nível do mar. É de Papeete, porta de entrada de outros países para a Polinésia Francesa, que você poderá se deliciar em outras ilhas paradisíacas, como Moorea, Tahaa, e Bora Bora, conhecida pelos seus bangalôs construídos sobre o mar.

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Foto: cortesia do Tahiti Tourisme

A consultora de turismo Eliana Toquett afirma que o passeio é imperdível para quem ama natureza, principalmente a fauna marinha, além da ilha ter hotéis paradisíacos. “A hotelaria é deslumbrante e perfeita agindo em sintonia com o mundo ao redor. A hospitalidade do povo é ímpar. As ilhas são fantásticas, além de proporcionar lindas lembranças

com as famosas pérolas negras, onde há dezenas de fazendas deste cultivo. Não existe nada parecido no planeta, a cor do mar, as ilhas, uma brisa constante e refrescante convidam a festejar a vida e as pessoas”, garante.

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Bora Bora Sem dúvida é a mais famosa dentre todas as Ilhas da Polinésia Francesa. O maior atrativo é o colorido das águas que brilham em tons de azul, verde e violeta. As praias são de areias brancas com coqueiros e palmeiras. É a ilha favorita dos casais em lua de mel e aniversários de bodas. Localizada a 230 km de Papeete, é considerada a mais bela ilha do Pacífico, também conhecida como a “pérola da Polinésia”. De origem vulcânica, Bora Bora é cercada por uma lagoa de águas cristalinas e salpicada por um cordão de ilhotas chamadas de “motus” (ilhotas formadas por corais), que compõem uma barreira natural. Os hotéis mantêm equipamentos para mergulho, windsurf, vela, caiaque e esqui aquático. A maioria deles oferece, à noite, shows típicos polinésios. Um dos passeios mais realizados pelos turistas é de barco e consiste em alimentar arraias e tubarões, e depois fazer piquenique em um motu.

Moorea É a ilha mais próxima de Papeete, a aproximadamente 17 km, famosa pelos corais multicoloridos e a riqueza de sua fauna marinha. As montanhas de origem vulcânica e as baías de Cook e Opunohu completam a paisagem. A maior parte da estrutura turística está localizada ao norte da ilha como o Templo e as Praias de Papetoai e de Pihaena, onde são realizados shows típicos polinésios e os famosos casamentos taitianos. Pode-se, ainda, brincar com os golfinhos nos hotéis da lha.

Taha’a

Fotos: cortesia do Tahiti Tourisme

É considerada, pelos nativos, uma ilha sagrada conhecida como “Taha’a do mar longínquo”. A ilha exala o perfume da baunilha, cujo cultivo constitui hoje uma parte importante da atividade econômica. Dessa ilha é possível ver Bora Bora.

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Casamento dos sonhos Os turistas podem se casar com rituais típicos do local. A noiva veste trajes de uma princesa polinésia (flores na cabeça e um pareô branco) e o noivo tem o seu corpo tatuado e usa vestes de um chefe taitiano. Ele chega ao local da cerimônia de pironga, uma embarcação típica da região e, na praia, a noiva é acompanhada por um cortejo de damas de honra. Depois da benção do sacerdote, o casal é coberto de flores e, no final, fazem um brinde de champagne em uma casca de coco.

Dicas Úteis •

Idiomas: Oficiais são o francês e o maohi (taitiano). Na indústria turística fala-se inglês e é possível encontrar guias que dominem o espanhol e o japonês.

Moeda: Franco francês do Pacífico

Gorjetas: Não faz parte dos costumes taitianos!!

Como chegar: Dois voos semanais a partir de Santiago do Chile (quartas e domingos, voltando segundas e quintas). O voo demora cerca 11 horas. Papeete também é o ponto de conexão de voos para Japão, Austrália e Nova Zelândia.

Permanência no país: Não é necessário visto para estadias até três meses.

Licença de motorista: São válidas as do país de origem desde que tenham pelo menos um ano desde a emissão. Idade mínima: 21 anos.

Gastronomia: O prato típico é atum fresco marinado no leite de coco. Na festa tradicional Tamaara é servido um banquete de carnes e verduras cozidas em um forno enterrado na areia. Peixes típicos da região são o mahi mahi, peixe papagaio, atum, bonito e peixe espada. É muito comum encontrar uma parrilhada de peixes em uma ilhota desabitada.

Calçados: Leve um par de sandálias de borracha para andar na praia, mesmo se estiver indo apenas dar um mergulho – os corais podem machucar.

Fuso Horário em relação ao Brasil: 7 horas a menos

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Nascer de novo

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incentivo social


Doação de órgãos cresce no Brasil, mas ainda é insuficiente para atender a alta demanda

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Há 12 anos, um ato de amor salvou a vida de Iria Marta Ramos Queiroz. Na fila para um transplante de rim, a compatibilidade era o grande obstáculo. Mas como os anjos agem de formas diversas, em exames foi descoberto que o próprio irmão poderia ser o doador. O médico pediatra Paulo Marcos Ramos não pensou duas vezes em submeter-se à cirurgia. “ Foi constatado que temos o mesmo tipo sanguíneo, peso e tamanho de órgãos semelhantes, além da compatibilidade genética, ou seja, começamos a brincar que somos irmãos gêmeos nascidos em dias diferentes”, diz Ramos. O mesmo final feliz de Iria e Paulo é o desejo de milhares de pessoas que esperam a possibilidade de transplante. Apesar do Brasil ser referência mundial e do aumento de 25% de doação de órgãos desde 2003, ainda são vários aqueles que aguardam o órgão que lhes salve a vida. Segundo o Coordenador da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplante de Ribeirão Preto e Região, o médico Jeova Nina, no ano passado, só no estado de São Paulo, existiam 10.500 pacientes na fila por um rim, mas só 1.620 conseguiram realizar o transplante. Em âmbito nacional, mais de 90 mil pacientes fazem tratamento de hemodiálise, sendo que 1/3 espera por um possível transplante. A situação não é diferente em Ribeirão Preto. O Hospital das Clínicas possui estrutura física e profissional para realizar, por exemplo, dois transplantes de fígado por semana, mas os números estão bem abaixo. O responsável pelo Instituto dos Transplantados do Interior de São Paulo, Zeus Meira, que teve na família a experiência da esposa receber um fígado, lamenta não haver doadores suficientes para atender a alta demanda e afirma a mudança positiva na vida de um transplantado. “A rotina de quem recebe um órgão muda para melhor, principalmente a qualidade de vida. Normalmente, a pessoa se aproxima de Deus. Hoje, minha esposa tem uma vida normal, ela trabalha, se alimenta bem, viaja, dirige”.

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O Instituto dos Transplantados do Interior de São Paulo foi criado em outubro de 2007 por Zeus Meira após o transplante de fígado da esposa. A organização levanta a bandeira da doação de órgãos, divulgando isso das mais diversas formas: adesivando veículos, colocando faixas e banners em eventos esportivos e locais de grande fluxo de pessoas. Além disso, o Instituto também dá suporte àqueles que já realizaram a cirurgia e receberam um novo órgão. “Quando se recebe a ligação do HC dizendo que há um órgão à sua disposição, é difícil explicar o que se passa em uma fração de segundo pela sua cabeça. Não sabe se chora, ri, ajoelha e agradece a Deus, reza pela família que autorizou a doação. Enfim, é uma sensação de milagre!”. A mesma sensação é compartilhada pelo Dr. Jeova Nina. “A satisfação é grande para quem atende. Qualquer cirurgião fica sempre na expectativa de um bom resultado, e quando ele ocorre cria-se uma situação muito gratificante”.

Fila Única: Quando detectada a necessidade de um transplante, o médico é que deve encaminhar o doente para a lista de espera. A urgência e a compatibilidade com o órgão doado são o que definem sua posição na Fila Única.

Como ser um doador É a família que autoriza a doação de órgãos, por isso, deixe claro o desejo de ser um doador. O corpo não fica deformado e a lei estabelece que os hospitais autorizados a retirar os órgãos têm que recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da retirada. A doação em vida é possível apenas no caso de rins, parte do fígado, do pâncreas, do pulmão e, entre os tecidos, parte da medula óssea e da pele. Em outros casos, é preciso ser comprovada a morte encefálica, ou seja, uma lesão irrecuperável do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral. Já córneas e alguns tecidos que podem ser doados por parada cardíaca.

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A doação de órgãos no Brasil foi regulamentada em 1997 e define que: • Doação de órgãos de doador vivo, familiar até 4º grau de parentesco, mais frequentemente de rim, pois é um órgão duplo e não traz prejuízo para o doador. • Doação de órgãos ou tecidos de doador falecido, que é determinada pela vontade dos familiares até 2º grau de parentesco, mediante um termo de autorização da doação.

Doador na rede Desde o final de julho, os usuários brasileiros do Facebook podem se declarar doadores de órgão na rede social. A opção já existia nos EUA e na Grã-Bretanha desde maio. Com a divulgação dessa informação na web, o Ministro da Saúde Alexandre Padilha acredita que o número de doadores pode aumentar, assim como ocorreu nos EUA, em que a quantidade de doadores cresceu em 40% após a criação da ferramenta virtual.

Foto: ©iStockphoto.com/ uchar

Para se declarar doador de órgão na rede social, vá até seu perfil, na parte superior, e clique em “Evento Cotidiano” > “Saúde e Bem-Estar” > “Doador de Órgãos”. Você ainda pode escrever algum comentário e escolher quais usuários poderão visualizar essa informação. DOE ORGÃOS SALVE VIDAS.....AVISE SEUS FAMILIARES

Serviço: Instituto dos Transplantados do Interior de São Paulo Contato: Zeus Meira e-mail: zeusmeira@yahoo.com.br Telefones: (16) 3013-3551 / (16) 8824-0181

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os tambores

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da liberdade

Fotos: Rita Barreto

cultura


As origens, o significado, a função social do Olodum em seus 33 anos de Samba Reggae e Cidadania

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Olodum é uma palavra de origem Yorubana, idioma falado pelos Yorubás vindos da Nigéria e do Benin para a Bahia em séculos passados. O termo completo é Olodumaré, o Deus criador, o Senhor do universo. Fundado em 25 de abril de 1979, durante o período carnavalesco como opção de lazer aos moradores do Maciel-Pelourinho, o grupo garantia a eles o direito de brincarem o carnaval em um bloco de forma organizada, já que o bairro era marginalizado e discriminado pela sociedade baiana, Poucos sabem, mas o Olodum é uma associação sem fins lucrativos e que, além do desfile no carnaval baiano, promove festivais de música, eventos culturais, seminários, palestras, publica livros, jornais, e ainda mantém um amplo programa de educação através de uma escola própria, sempre com o foco de desenvolver e divulgar a diversidade da cultura negra por todo o mundo. Essas atividades visam valorizar e fortalecer a cultura de matriz africana, aprimorar o processo de formação cultural dos afro-baianos através de ações educativas e culturais que melhorem a qualidade das manifestações da cultura negra e contribuir para o desenvolvimento profissional de novos agentes culturais. Segundo o presidente do Olodum, João Jorge Santos Rodrigues, o trabalho já colaborou na criação de novos espaços culturais e na geração de renda através de empregos diretos e indiretos no Centro Histórico de Salvador. “Nosso papel é desenvolver ações de combate à discriminação racial, estimular a autoestima e o orgulho dos afro-brasileiros, defender e lutar para assegurar os direitos civis e humanos das pessoas marginalizadas na Bahia e no Brasil através de políticas públicas de ações afirmativas como as de acesso às universidades”, explica Rodrigues.

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A ação cultural do Olodum contribuiu decisivamente para a revitalização do Centro Histórico de Salvador não só como um lugar de visitação turística, mas também como local em que a educação revitaliza esperanças, como é o caso do projeto educacional da Escola Olodum que atende cerca de 360 crianças e adolescentes e aprimora seus conhecimentos em percussão, música, dança afro, informática e cidadania afro-brasileira. O ator Lázaro Ramos, um dos mais premiados da sua geração, começou a carreira no Olodum. Ele revela que foi o Bando de Teatro do Olodum que lhe deu consciência social e lhe ensinou a lidar com as situações de racismo. “A gente precisa ser treinado para lidar com o preconceito e estar com a autoestima lá em cima para enfrentá-lo”, comenta. A entrada do ator no grupo foi através de amigos de escola. “Um dia fui com eles assistir a uma peça e adorei! Ficamos sabendo que o Bando buscava novos atores e, no dia seguinte, voltei com cinco amigos para fazer o teste. Fui o único aprovado. Como tinha só 15 anos, acabei transferido para outro grupo porque o Bando só aceitava adultos. Mas tanto insisti que acabei aceito pela turma mais velha. Me apaixonei pelo trabalho e descobri a importância histórica do grupo e dos assuntos que tratavam nos espetáculos. Por ter entrado tão cedo na minha vida, o Bando colaborou muito com minha formação e me deu a oportunidade de aprender a profissão pela qual me apaixonei. Foi uma coisa muito legal, até porque eu era tímido e perdi a timidez no palco”, explica o ator.

O Bloco Afro Olodum O carnaval da Bahia é hoje uma das maiores manifestações populares culturais do mundo. É uma festa que agrega milhões de pessoas de diferentes classes sociais, etnias, e de diferentes partes do Brasil e do exterior. O bloco Olodum agita o público com o seu Samba Reggae alegre e de conteúdo de militância do Movimento Negro. Em conjunto com outros blocos afros, tem somado esforços no sentido de estabelecer uma melhor comunicação com as pessoas interessadas na luta contra o racismo. Neste intuito ajudou a criar o programa de rádio FM Tambores da Liberdade, inspirado em um programa de rádio que o grupo teve nas décadas de 1980 e 1990.

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Astros internacionais já se renderam ao Olodum Em 1987, a Banda Olodum estreou no mercado musical com o álbum “Egito Madagascar”, consagrado pelo sucesso da musica “Faraó”. O trabalho fascinou personalidades da música mundial. Paul Simon foi o primeiro a chamar o Olodum, incluindo o grupo no clipe “The Obvious Child”, de 1990. Depois foi a vez de Michael Jackson, Jimmy Cliff e Ziggy Marley identificarem-se com a Banda. Entre os artistas nacionais, já tocaram com o Olodum: Gal Costa, Sandra de Sá, Roberto Ribeiro, Luiz Melodia, Gilberto Gil, Margareth Menezes, Caetano Veloso, Zezé Motta, Beth Carvalho, Rapin Hood, Leci Brandão, Simone, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Leci Brandão, Paralamas do Sucesso, Orquestra Sinfônica Brasileira, Daniela Mercury, Cidade Negra, Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Afro reggae, Armandinho, Gabriel o Pensador, Charlie Brown Jr., Claudia Leite, Seu Jorge, entre outros. Composta por 19 músicos ( dez percussionistas, três cantores e seis músicos de harmonia), a Banda do Olodum já esteve em 37 países, alcançando um público de mais de 20 milhões de pessoas, gravou dois DVDs, 11 CDs no Brasil, quatro no exterior, e tem mais de cinco milhões de cópias vendidas. Mas é no carnaval o grande apogeu de todo o trabalho desenvolvido durante o ano. É nesta hora que o protesto, o lúdico e o artístico se encontram e o Olodum celebra a realização do seu objetivo maior: a valorização e o respeito à cultura negra.

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Lazaro ramos

O ator Luís Lázaro Sacramento Ramos, mais conhecido como Lázaro Ramos, nasceu no dia 01 de novembro de 1978 na Bahia. Revelado como artista no Bando de Teatro Olodum (que integra o Teatro Vila Velha), na cidade de Salvador, participou de mais de 14 espetáculos, incluindo o sucesso de público e crítica a peça “A máquina”, de João Falcão, que estourou no eixo Rio-São Paulo e o levou a trocar Salvador pelo Rio de Janeiro. Participou também da peça “Mamãe não pode saber”, novamente sob direção de João Falcão.

Em 2000, juntamente com os também baianos Vladimir Brichta e Wagner Moura, foi para a cidade de Recife, estado de Pernambuco, integrar o elenco de “A máquina”. Em Madame Satã, seu primeiro protagonista no cinema, Lázaro representou a personalidade homossexual do bairro carioca da Lapa. É um dos mais premiados atores brasileiros de sua geração e repetidamente elogiado pela crítica. “Madame Satã” foi seu primeiro filme como protagonista, mas, antes da estreia desse filme, Lázaro já havia rodado “O homem que copiava”, em que também fazia o papel principal, o tímido desenhista e operador de xerox André. Depois disso participou também do filme “Carandiru”. Sua estreia na televisão ocorreu em 2002 com a minissérie “Pastores da Noite”, exibida pela Rede Globo, baseada na obra de Jorge Amado. Em 2003 conquistou o público no seriado global “Sexo Frágil”. Em 2005, fez a série “Carandiru - Outras Histórias”, da Globo. Em 2006 atuou na novela das 7, “Cobras e Lagartos”. Depois fez a novela das 8 “Duas Caras, em 2007, e “Insensato Coração”, em 2011. Em julho de 2009 Lázaro Ramos foi nomeado embaixador do UNICEF. Ele também foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Quando percebeu que tinha talento para ser artista? Na verdade era um garoto muito tímido e com 10 anos de idade percebi se fingisse que era outra pessoa, poderia falar tudo que eu queria. Consegui fazer isso na escola através de versos para a minha mãe e sempre utilizei desse mecanismo. Você já foi alvo de racismo? Várias vezes em Salvador, por policiais que sempre têm uma abordagem diferente para o cidadão negro. Para mim isso é racismo quando você está ali para proteger a sociedade e trata o cidadão branco diferente do negro. Já fui muito maltratado. O que é Bem Viver? É ter alegria. Aprendi este maior patrimônio com minha mãe. Ela já faleceu, mas me deixou alegria. Ela perdeu a capacidade de andar e nunca perdeu o humor. Graças a ela, procuro levar comigo a mensagem de que nada é impossível. 53


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poesia visual de 56


RIBEIRテグ PRETO

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Fotos: Rubens Guerra

lazer


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Ver o mundo através das nuances da luz, aproveitar o melhor ângulo, eternizar um momento pelo olhar singular e flagrar emoções são habilidades só mesmo de um amante da fotografia com sua máquina do tempo. Rubens Guerra é um dos apaixonados por esta arte com o prazer de transmitir percepções, pesquisas, sentimentos através da imagem. Fez da fotografia sua profissão há mais de trinta anos e o amor a sua cidade natal lhe fez registrar cantos e contos de Ribeirão Preto. A fotografia fala em silêncio e, nesse momento, simplesmente contempla.

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borboleta: transformação, beleza e liberdade

Da feia lagarta ao esplendoroso inseto colorido, o símbolo da borboleta garante que vale a pena tentar mudanças na vida

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ecologia


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Tema de poesia, artes plásticas, dança e música, a borboleta é vista, às vezes, apenas como bela e delicada. “Eu sou uma borboleta pequenina e feiticeira, ando no meio das flores procurando quem me queira”, canta Marisa Monte. Só que o pequeno bicho de asas desenhadas não é nada frágil quando símbolo da liberdade. O cantor e compositor Raul Seixas usa metaforicamente a borboleta na música Metamorfose Ambulante para reivindicar a necessidade de mudança do ser humano frente aos preceitos estipulados pela sociedade. “ Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, poetiza Seixas. Símbolo de fortaleza ou de suavidade, esse inseto carrega um ciclo de vida mágico e perfeito. As borboletas pertencem à ordem Lepidóptera e têm dois pares de asas membranosas cobertas de escamas responsáveis pelas cores e desenhos. Essa variedade de cor, forma e textura atrai milhares de colecionadores. A guia turística Relindes Fonseca é uma apaixonada por borboletas, e o curioso é que esse amor surgiu através das abelhas. “Meu hobby sempre foi apicultura, mas atrair abelhas para o jardim inevitavelmente atraia também as borboletas. Comecei então a pesquisar o assunto e aprender o manejo o que resultou no jardim de borboletas, uma paixão e responsabilidade com o meio ambiente”, conta.

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O processo de metamorfose constitui-se de quatro fases: ovo, lagarta, crisálida e borboleta. O ovo é colocado em uma planta que, conforme a umidade e temperatura, eclode entre quatro e seis dias. A partir daí, a lagartinha começa a se alimentar vorazmente da planta, crescendo muito rápido e começa a ter várias mudanças de pele. Transforma-se em crisálida e durante essa fase, no casulo, há a grande transformação até sair voando como uma linda borboleta. Relindes confessa que estudar o ciclo das borboletas lhe ajudou a dar maior valor à vida. “É muito interessante criar borboletas e acompanhar seu desenvolvimento. Cada uma tem seu tempo e vê-las romper a crisálida, desenrolar suas asas e esperar até que fiquem prontas para voar é uma lição de vida e respeito às leis da natureza. Aprendi muito com elas, principalmente a entender que tudo tem o seu tempo”, reflete. As borboletas possuem línguas longas, chamadas de espirotromba, que lhes permitem sugar o néctar do interior da flor. Elas são importantes na fertilização de flores, transportando grãos de pólen de uma flor para outra. “É maravilhoso ter um jardim de borboletas, elas alegram a paisagem, atraem pássaros e poder vê-las voar por esse jardim é uma recompensa e tanto”, afirma Relindes.

FLORES QUE ATRAEM AS BORBOLETAS Para atrair as borboletas, é essencial um jardim com variedade de flores, de preferência, perfumadas e com cores brilhantes como margarida, crisântemo, picão preto, lavanda, salvia, vinca e lobélia.

CURIOSIDADE A psicanálise moderna vê a borboleta como símbolo do renascimento. Mas ela tem representações diferentes em culturas diversas como, por exemplo, no Japão que simboliza a paz conjugal, no Vietnã, a longevidade, foi vista como a alma pelos astecas e gregos em tempos longínquos, e ainda hoje é o emblema de espírito para alguns povos do Oriente Médio e da África.

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SUGESTÃO TURÍSTICA Campos do Jordão possui um lindo borboletário chamado Flores que Voam, localizado em uma fazenda de preservação ambiental, em uma área de 10.000 m2. Além de caminhar em um lindo jardim de 500 m2, em meio às borboletas, os visitantes contam com um grande deck de observação e a possibilidade de ver a “Casa de Criação”, através de um vidro. O local fica aberto de quarta-feira a domingo e também nos feriados, das 10h às 15h.

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Angústia Ela(h!) ficou muito espantaaaaada Porque na separação-decepção Ele não quis levar NADA... Nem ROUPAS...nem aquela soberana E temperamental camisa de seda italiana. Nem LIVROS... o Quixote, um dicionário de latim, Bachelard, Barthes, Serres, Sponville, Bakhtin... Nem DISCOS…Ataulfo, Hermeto, Sivuca, Cartola, Jobim, Surpreendentemente, não estava mais a fim. Bethânia, na poesia-prosa de Guimarães Rosa. A música rara de Louis, Frank, Ella, Billie, Sara... Em andamento religio-sonolento O canto gregoriano... ano... ano Dos monges do Mosteiro de São Bento... Nem TINTAS: bisnagas da Alemanha, guaches da Espanha, Uma cerâmica de Burle paisagista, Aquarela de Chico Silva: GALO DE CRISTA! Nem FERRAMENTAS: martelo maneiro de pai carpinteiro. Nem VINHOS: um PETRUS que ganhara há mais de ano E, de ervas de claustro, aromático licor olivetano. Nem o violão da serenata primeira Com caliautografia de Paulinho Nogueira! Resoluto, ele não tergiversou nem um momento Para deixar boné que ganhara do Milton Nascimento. Como é possível encolher-se por perdido Em todas as coisas suadamente suas Como se suas jamais tivessem sido!? Atordoada, ela ficou sem entender mais nada... Mas teve a revelação no fim da madrugada: Quando acordou mal que sentiu alguma coisa errada, Foi engolfada, angustiada, macerada, avassalada Por um etéreo e implacável silêncio sem fim De vôo paraplanado de ebúrneo querubim. Naquela hora, O mundo simplesmente tinha acabado lá fora... Ela abriu a janela, muito a medo, num suspiro-afã, Procurando as muitas aves Que vinham acordá-la de manhã, Festivando, agudas, graves, sempre bem suaves, Naquele pé de romã... Ela sentiu o coração enrijecer Antonio Fernandes Deléo Na aguda sensação de que ia morrer... Circunstanciando, começou a tremer e a compreender E foi se derreteeeeendo...a chorar...devagariiiinho: Poema ANGÚSTIA vencedor do concurso da FEIRA NACIONAL DO LIVRO de RIBEIRÃO PRETO - SP

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ELE TINHA LEVADO EMBORA OS PASSARINHOS...


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saúde

CHÁS, Foto: www.pontonatural.com.br

solução antiga

Os efeitos e benefícios das plantas são reconhecidos pela medicina tradicional

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Conta uma lenda milenar que os chineses tomavam água quente para aquecer o corpo todas às manhãs. Num certo dia, uma folha de Camellia sinensis caiu no bule onde estava sendo aquecida a água do imperador Shen Nong. Ao perceber um gosto diferente, o soberano gostou e passou a pedir que a folha fosse acrescentada sempre e, como os costumes dos imperadores eram copiados pelos súditos, o chá passou a se popularizar. A planta nativa da China, da família Theaceae que se tornou tea em inglês, foi levada aos quatro cantos do mundo. Além do gosto bom, a infusão de plantas começou também a ser usada como tratamento de certos males de saúde entre diversos povos e hoje, o chamado “ remédio caseiro” , tem seus efeitos e benefícios aprovados pela medicina tradicional. A finalidade profilática e curativa passou a ser reconhecida pela Organização Mundial da Saúde em 1978. No Brasil, a discussão iniciou-se na década de 1980, e o Sistema Único de Saúde estabeleceu em 2008 o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos com mais de 500 medicamentos registrados pela Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Várias prefeituras do país já promoviam o uso da cultura popular distribuindo material informativo sobre algumas plantas. Atualmente, esses programas municipais têm apoio deste Programa Nacional. O idealizador do Projeto Farmácias-Viva, o professor Dr. Francisco José de Abreu Matos, afirma em artigo acadêmico a importância da “cultura da vovó” ser pesquisada cientificamente. “ É correta (essa política de saúde) por aceitar a premissa de que nunca se deve subestimar a informação sobre plantas medicinais oriunda da sabedoria popular e somente repassá-la como verdadeira para o povo, depois de confirmar se a atividade atribuída realmente existe e que o seu uso como medicamento é seguro”. Algumas das plantas já utilizadas pelo Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos são: a Casca da Aroeira para tratamento ginecológico, a Unha de Gato no combate da artrose e artrite, a Espinheira Santa para gastrites e úlceras e o Guaco para tosses e gripes.

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Mas o emprego correto destas plantas é fundamental para a eficácia e, portanto, há o alerta do Ministério da Saúde em se fazer o tratamento sempre com orientação médica. Para o terapeuta holístico, Ademar Menezes Junior, o chá é um composto alimentar que serve como combustível mental para o dia a dia, ajudando na digestão, no controle das emoções e como um aliado à saúde. “ O sal não mata a fome de ninguém, mas é um complemento, assim como os chás que são estimulantes”, explica o terapeuta. Para ele, a melhor forma de preparo não é ferver as folhas junto com a água, mas sim jogar a água quente nas folhas e abafar alguns minutos. Já partes vegetais mais duras como raízes e caules devem ser fervidas. A professora aposentada Nilva Mariane conhece e se vale bem dos benefícios das plantas. Vítima de um câncer em 2009, utilizou chás para combater enjoos consequentes das sessões de quimioterapia e também como conforto emocional. “Entrei forte nos chás para limpar o organismo, para me acalmar e dormir melhor”, relata.

A nutricionista Pâmela Monteiro dá a dica de uma infusão desintoxicante e diurética através da combinação de hibisco (Hibiscus sabdoriffa), centelha (Centella asiática), e cavalinha (Equisetum arvense). “ O hibisco, assim como o chá verde, torna o metabolismo mais rápido aumentando a queima de gordura. A centelha elimina as toxinas e as gorduras que estão em excesso no organismo, e a cavalinha combate o inchaço provocado pelo excesso de líquidos retidos no organismo”, explica.

Preparação: O chá deve ser preparado em infusão, sendo 01 (uma) colher de sopa da combinação de chás em 500 ml de água fervente. Abafe durante 05 a 10 minutos e coe. Utilize, de preferência, recipiente de vidro ou porcelana. A preparação do chá deve ser realizada diariamente e o consumo não deve exceder 01 (um) litro ao dia. Não consumir o chá junto às refeições.

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Conheça os benefícios de outros chás utilizados popularmente: CHÁ VERDE: Estudos indicam que o chá verde é rico em substâncias antioxidantes que auxiliam no combate ao câncer, envelhecimento e na queima de gorduras. CHÁ BRANCO: Rico em antioxidantes, ajuda a regular os níveis do colesterol e previne doenças cardiovasculares. CHÁ PRETO: Possui grande quantidade de potássio e magnésio fortificando ossos, músculos e nervos e ainda possui flúor. CHÁ VERMELHO: Acelera o metabolismo, auxiliando na queima de gorduras, além de ser rico em vitamina C. ALECRIM: Combate hipertensão, dores reumáticas, cansaço físico e mental, cólicas menstruais, falta de apetite, afta. Pessoas com distúrbios de próstata devem evitar o consumo dessa planta. ANDIROBA: Contra febre, reumatismo, tosse, gripe, pneumonia. FÁFIA:Contra sintomas de depressão, impotência sexual, cansaço, anemia, problemas circulatórios e estresse.

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por Renata Canales

Bem acompanhada 76

Pode-se estar junto de várias pessoas, rodeado de corpos que gesticulam, que falam, dão risadas, reclamam, cruzam e descruzam as pernas, batem os dedos, enfim, fazem barulho provando a existência, e mesmo assim sentir-se sozinho, entregue apenas aos próprios pensamentos, alheio ao que dizem ser real, fechado em si mesmo, absorto em emoções que nutrem a alma. Responde-se ao que é perguntado, cumprimenta-se com um sorriso distante, e ninguém percebe o quão longe daquele cenário se está. Um quadro que parece tristonho para aqueles que nunca desfrutaram a solidão como escolha. A opção de se entreter com as lembranças é a conquista da liberdade, e não existe nessa alternativa nada de melancólico. O difícil é explicar o porquê de um sorriso vir ao rosto durante uma conversa sobre política, ou aquela intervenção inadequada na tentativa de mostrar-se atento à discussão, apesar da cabeça estar a quilômetros de distância. E claro, o motivo dessa alienação é quase sempre um alguém, uma pessoa que aprisiona a atenção, causando um estado de torpor que, talvez para quem veja, pareça até mesmo que se está doente, sem energia, e, na verdade, é somente a consciência de que nesta entrega não se deve movimentar-se muito, pois espantaria os sonhos. Com a paixão, as normas de governar a vida tornam-se diferentes. Já não se é o rei solitário que segue leis autodeterminadas. As regras antes estabelecidas são modificadas pela autoridade do coração e quando se percebe já é totalmente subserviente e fiel, soldado espartano que defende com mão certeira a terra conquistada. A obediência ao sentimento afasta a vontade de se relacionar com o mundo externo, e isso incomoda, ah, incomoda muita gente. E não adianta nada você dizer que está bem, que não quer ir a uma festa, que prefere ficar em casa à noite com seus livros e discos, que certamente vão dizer que a solidão é maléfica. Dificilmente vão compreender que às vezes estar sozinho é estar muito bem acompanhado.


conviver por Regis Vianna

Solidão acompanhada 77

Olhem o que a Manuela Silva disse: “Sinto à minha volta a solidão. A solidão não está no banco vazio nem na cama que não foi dividida. A solidão esta na alma. Esconde-se nas sombras de abismos colossais, usa correntes pendentes envol- vendo as veias e sufoca o ar dos pulmões, sem tréguas meias. Alegre sua alma. Estenda sua mão. É a solidão evolução do ser? Não sei dizer, mas é a solidão que me traz o ser, o sou, o estou quando sufoca, prende, tolda, contorce, distorce.” Qualquer forma de solidão é ruim. Mas a solidão acompanhada vem junto com a sensação de desprezo que por sua vez gera a auto piedade, que gera o complexo, que gera a amargura, que gera a doença psicossomática, que gera a depressão, que apaga a vida. Viver é mesmo uma arte e ninguém tem a receita certa. Enquanto estivermos por aqui estaremos aprendendo dia após dia. A seu tempo, o seu tanto. Sábios dizem que não é bom o homem viver só e parece que isso é mesmo verdade, pois nada tem o poder de substituir a sensação que é ter alguém no caminho conosco. A presença de outra pessoa na mesma casa, no mesmo ambiente e até mesmo em nossa vida não significa companhia, não quer dizer que não estamos sozinhos. Mais complexo do que isso é o fato de uma pessoa não conseguir conviver com ela mesma, vivendo a mais completa e absoluta solidão. Quantas vezes evitamos estar conosco? Quantas vezes fugimos dos pensamentos para não encontrar com o nosso eu? Meditar pra que? Reverter o estado de solidão não é tão fácil. É preciso uma grande viagem introspectiva para achar o caminho de volta. Uma viagem exaustiva, desgastante, triste, dolorosa, incômoda que sempre procuramos evitar. Já não se trata de ter toda uma vida pela frente, mas sim, o resto dela. E é por toda ela que se prepara um portal onde sabemos que passaremos sozinhos, mas alguém nos velou enriquecendo essa partida. Nada pode haver de virtual nisso, nem vacilações. Como disse o poeta:” ...controlando a minha maluquês misturada com minha lucidez, sentado no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar...”???


Um dia, quando o monge zen Tanzan e um jovem monge estavam viajando, encontraram uma bela jovem em apuros, pois não conseguia atravessar o rio sozinha. - Vou ajuda-la a atravessar o rio! Adiantou Tanzan. Após a travessia, a jovem agradeceu: - Muito obrigada. Adeus. Após o episódio da travessia do rio, os dois monges continuaram a viagem da outra margempor quase um dia, quando de repente, o monge novato desabafou: - Pensei que nós monges, devíamos evitar as mulheres! Por que fez aquilo? - Você se refere à mulher lá atrás? Perguntou Tanzan ao jovem. Ao que este aquiesceu com a cabeça afirmativamente, Tanzan arrematou: - Eu a coloquei no chão na outra margem do rio

por Felício Bombonato

há muito tempo. Você ainda a está carregando?

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Tanzan carregou uma pessoa através de um rio, mas em sua mente não era uma mulher. Estava totalmente desligado e sem dúvidas. Você não diria que parece que foi o monge mais jovem quem realmente a carregou? É o que geralmente acontece com as pessoas em geral. Carregam os seus problemas vividos no passado, bem como as suas mágoas e frustrações. Ao invés de viverem o presente, alimentam-se do passado. Por acaso você guarda a água que você coou o macarrão hoje para fazer o arroz amanhã? Isto é, você cozinha o seu arroz hoje com a água do macarrão de ontem? Provavelmente não. Mas por que não? Naturalmente o arroz não sairia tão saboroso quanto aquele cozido na água limpa. Da mesma forma, toda vez que alguém usa as mágoas do passado para construir as relações do presente, está usando a água de ontem para fazer o arroz hoje. Ele não vai ficar saboroso, isto é, uma relação que poderia ser feliz hoje, acaba sendo afetada pelo passado. Imagine que a vida seja um livro e que cada dia representa uma página, sendo que o passado pertence às páginas já viradas, sendo que a página de hoje é a única que está em branco esperando para ser escrita a cada minuto. Procure se desprender do passado, principalmente das lembranças infelizes, perdoando aqueles que teferiram e também perdoando a si mesmo, aceitando os seus enganos do passado como sendo parte do seu aprendizado no presente. Aproveite a vida. Acredite, ela pode ser uma experiência maravilhosa de ser vivida. Desprenda-se do passado e viva o presente. Você pode viver o presente com mais amor e alegria. Faça o seu melhor, e assim você estará construindo um futuro mais feliz para você e para todos os que convivem com você. As páginas do presente estão em branco, à espera das suas decisões. Apenas lembre-se de que você tem o poder de fazer a sua vida ser uma experiência maravilhosa, basta somente você querer.


por Magno Bucci

Baby I Need Your Loving 79

Não sei onde você está nem quem você é, mas por favor venha logo. Não se conforme como as coisas são porque eu não me conformo como as coisas estão. Sou leal, sincero, divertido, trabalhador, honesto, romântico à moda antiga. Meigo, alegre e fiel. Sou generoso, cúmplice e parceiro. Extrovertido, bem humorado, resolvido. Sou do bem. Amo a natureza e os animais. Detesto mentiras e tenho precisão de ser carinhoso todos os dias. Pode chegar que a casa está arrumada, mas se você quiser mudar tudo eu vou gostar. Tem chinelo, toalha e escova de dente à sua disposição no banheiro, alias tenho cama, mesa e banho, é só desempacotar. E não se preocupe porque sei cozinhar, meu macarrão é sempre “al dente”. Na geladeira tem água de coco, salada de frutas e uma garrafa de vinho. E como vinho não se bebe solitariamente... espero você. Ah! Tem também chocolates. Tenho botões em todas as camisas e seu lado na cama já está preservado. Se a questão for o guarda roupa, fica uma parte para as minhas coisas e duas repartições para você. Você vai gostar de saber que diminuí minha paixão pelo futebol nos fins de semana, então proponho passeios, teatro, cinema e um bom DVD com pipoca no caso de dias chuvosos. Férias também são obrigatórias e garanto que não esquecerei nenhuma data importante. Trazer trabalho para casa é certo que está fora dos planos. Sem problemas você me chamar a hora que for para trocar lâmpada ou qualquer outro conserto. Também não tenho tanta necessidade do carro assim, ele pode ficar o tempo todo com você. Eu queria que fosse surpresa, mas não resisto e vou lhe contar: estou aprendendo dançar tango e desde já quero convidá-la para “el día que me quieras... la rosa que engalana...” Faz tempo que aqui não entra um maço de flores, mas já encomendei ambrósias e camélias vermelhas. Também já mandei fazer cópias das chaves e também já tratei com a diarista que prometeu vir dia sim, dia não. Também os vizinhos já estão preparando as boas vindas. E também já providenciei o plano de saúde... que é para você ficar para sempre! Acredite, minha paixão será definitiva e no dia-a-dia não viveremos a mesmice, nem a rotina tomara conta de nossas vidas. Não quero repetir-me com você, a vontade é surpreendê-la a cada instante. Estou desacorçoado de sentar sozinho à mesa, perambular pela casa sem saber no que me concentrar. Se tento ler, não alcanço duas folhas. Cansei de só conversar com a tv ou com a net. E o telefone custa a tocar; quando chama é engano. Estou engordando, relaxando comigo, executando as mesmas coisas, deixando de fazer o importante. Por favor, venha depressa. Ainda há dentro de mim muito encantamento e quero que você seja a destinatária de todo afeto que me resta.


por Luiz Puntel

Ah, o entreabrir do pijama dela, rapazes! 80

Ah, tempos modernos! Há 40 anos, não só as moçoilas não leiloavam a virgindade – leram na net a respeito? - como zelavam por ela, já que o hímen era o selo de garantia que as levariam ao altar. Quem namorou e noivou naquela época sabe disso muito bem. Sim, ó jovens casais afoitos, namorava-se e noivava-se naqueles idos tempos! E conseguir uma simples autorização para nós, os namorados, estarmos a sós com a pessoa amada era uma batalha campal! Que duros tempos eram aqueles da década de 70! Ir ao cinema sozinhos? Nem pensar! Namorar de carro? Fora de cogitação! E havia dias marcados para o namoro: terça, quinta e domingo, sentadinhos no portão, sem direito a escorregar para o cantinho mais escuro do quarteirão! Por isso, era preciso sermos criativos! Um dia, por exemplo, me deu na sapituca – coisa muito improvável de conseguir, lógico! - de ver a amada pela manhã. Mas, como tomar de assalto aquele inexpugnável castelo medieval em que se transformara o sobrado onde ela morava? Que chances teria eu, Robin Hood do Amor, de enfrentar os mil arqueiros do sheriff de Nottingham, em quem se transformara minha futura e estimada sogra? Rapazes, passei óleo de Peroba, calcei a maior cara de pau e apertei a campainha. A janela do sobrado enquadrou o olhar interrogativo da sogra. “Posso ver sua filha, senhora? Eu sei que ela ainda está deitada, mas eu trouxe um presentinho para ela e...”. Ao ver o que eu trazia nas mãos, ela desamarrou a cara, sorriu, os arqueiros desarmaram as flechas certeiras, a ponte elevadiça foi estendida e comecei a galgar as escadas da torre da minha Rapunzel. Entrei na alcova e a angelical amada dormitava o justo sono das deusas virgens! Minhas mãos tremiam ao colocar o presentinho, a singela rosa junto a seu rostinho, os dedos roçando o desvão do entreaberto pijama. Ai que vontadinha de explorar pescoço, colo, seios, a corola toda daquela flor menina! Em vez disso – a sogra estava no maior prestenção, estão lembrados? -, beijei candidamente a fronte da amada, ela abriu os olhos, sorriu, agradecida! Já na rua, eu ia todo pimpão, bradando bravos e aleluias, rapazes, conseeeguiii! Ah, tempos cândidos aqueles! Pena que hoje a virgindade esteja atrelada a um quem dá mais de bingo eletrônico, não é mesmo?


Fornecimento de concreto Obra: Condomínio Everest Pereira Alvim - Ribeirão Preto - SP Serão fornecidos aproximadamente 5.500 m³ de concreto usinado. Previsão de entrega da empreendimento: março de 2015.

Pereira Alvim e Leão Engenharia. É assim que se concretiza uma grande parceria.

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0800 703 3013


curiosidades de esopo

O Leão e o Rato Um Leão dormia sossegado quando foi despertado por um Rato que passou correndo sobre seu rosto. Com um bote ágil ele o pegou, e estava pronto para matá-lo, quando o Rato suplicou: - Ora, se o senhor me poupasse, tenho certeza que um dia poderia retribuir sua bondade. Rindo por achar rídícula a idéia, assim mesmo, ele resolveu libertá-lo. Aconteceu que, pouco tempo depois, o Leão caiu numa armadilha colocada por caçadores. Preso ao chão, amarrado por fortes cordas, sequer podia mexer-se. O Rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou e roeu as cordas até deixá-lo livre. Então disse: - O senhor riu da simples idéia de que eu seria capaz, um dia, de retribuir seu favor. Mas agora sabe que mesmo um pequeno Rato é capaz de fazer um favor a um poderoso Leão.

MORAL DA HISTÓRIA Nenhum ato gentil é coisa vã. Não podemos julgar a importância de um favor pela aparência do benfeitor.

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