Dia do Autor Português

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“Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes, se quem as diz não é grande. Por isso os ditos que alegamos se chamam autoridade, por que o autor é o que lhe dá o crédito e lhe concilia o respeito.” Pe. António Vieira, O Sermão do Rosário- Maria Rosa Mística

Para comemorar o Dia do Autor Português (22 de maio), o Grupo de Português do 3.º ciclo e secundário, para além de outras atividades que assinalaram esse dia, lançou um desafio a cada um dos alunos das suas turmas: “roubar” um verso de um poeta integrado nos programas escolares e fazer um poema. O objetivo das professoras era tornar os alunos-autores de textos o centro da comemoração, para que se ouvissem as suas “Vozes” pela Escola. Para além disso, as professoras cumpriam objetivos atinentes à disciplina, como o princípio de privilegiar e desenvolver atividades e processos de leitura literária e escrita criativa, para além de promoverem o conhecimento de poetas. Os nossos autores corresponderam positivamente.


“Campo, que te estendes/ Com verdura bela” Assim escreveu o aclamado poeta Luís de Camões na primeira glosa da cantiga “Verdes são os campos/ de cor de limão”. Quando li este verso, só pensei em Natureza. Como o poeta refere em “Campo, que te estendes”, a natureza (neste caso o campo) tem uma dimensão imensa, considero até que é a componente mais importante para nós, uma de entre milhares de espécies de animais, todas com características diversificadas. E, por isto, considero que Camões realmente tinha razão. Se olharmos para trás no tempo, verificamos que a natureza desde sempre esteve presente nas nossas vidas. Até mesmo nas cidades mais agitadas há a presença deste elemento, mesmo que seja a mais pequena presença. Pegando nos artigos mais recentes e no que se fala por aí, penso que a natureza está também conotada negativamente com a poluição. O que está agora na “moda” são as energias renováveis, que são lindas e maravilhosas, são a salvação deste planeta. Claramente que apoio medidas onde são aplicadas as energias renováveis, mas não nos podemos esquecer de que tudo o que é bom tem sempre um lado mau. Para produzir certas máquinas, tais como painéis solares, são precisos muitos mais recursos e equipamento do que para queimar carvão. Intriga-me, portanto, a quantidade de comentários como estes: “Então se isso produz energia de uma fonte limpa, porque é que não usamos apenas e exclusivamente isto?”. Vamos raciocinar: Se retirássemos completamente os combustíveis fósseis e proibíssemos a emissão de gases poluentes, então praticamente tudo à


nossa volta iria mudar drasticamente, isto porque, para fazer energia ou transformar matéria, há emissão de qualquer coisa, incluindo matéria poluente. No caso da energia, se retirássemos tudo o que é poluente, empresas como a REN e EDP não iriam conseguir responder à enorme carga pedida, visto que as energias renováveis são apenas responsáveis por uma percentagem da produção de energia. Visto

isto,

penso

que

temos apenas de esperar, dado que a tecnologia disponível não consegue ainda ser totalmente eficiente e a energia renovável não consegue ser produzida em grandes quantidades. Concluindo, com esta análise ou divagação, pretendo reiterar não só a intemporalidade do sentimento de harmonia, serenidade, deleite e nostalgia que sempre a natureza nos proporcionou mas também a apreciação da natureza pelo Poeta, que, claramente, perdeu a batalha contra o tempo e não teve a chance sequer de ter uma previsão precisa do estado atual da natureza. José Rodrigues, 10.º A


«A Arte é a autoexpressão lutando para ser absoluta» Fernando Pessoa

Fernando

Pessoa

pretende

transmitir, com esta expressão, que a arte é algo que cada pessoa tem dentro de si e que exprime para o exterior, dando expressão ao mundo material. Utilizando a criatividade e a imaginação, pode-se criar algo extraordinário que contém emoções diferentes e únicas. Absoluta será a arte? Não há dúvida que sim! Pois absoluta, neste caso, significa «sem restrições nem limites» e é exatamente um dos princípios da arte. Cada um tem o direito de se exprimir livremente através da arte. Tudo o que nos rodeia contém arte, mesmo não sendo feita por nós humanos, desde as planícies verdejantes e os oceanos cristalinos à imensidão do universo e das galáxias.

Maria Beatriz, 8.ºB


“Amigo é o contrário de inimigo!” Alexandre O’Neill

Amigos “Amigo é o contrário de inimigo!” Está sempre presente Nos bons e nos maus momentos! Aceita-nos tal como somos. É sempre sincero Mesmo quando a verdade dói! Realça as nossas qualidades Com ele, podemos pensar em voz alta! Fica feliz com o nosso sucesso. A amizade duplica as alegrias E divide as tristezas. Na infelicidade é que se reconhecem Os verdadeiros amigos.

Matilde Brites, 8.º B


“Magro, de olhos azuis, carão moreno” Manuel Maria Barbosa du Bocage

O sonho de Cristal Magro, de olhos azuis, carão moreno Era um rapaz bem sereno, Alto e elegante Entrou de rompante no castelo gigante. Um olhar de encantar, De olhos azuis mar Uma princesa foi achar, No fundo do salão a pasmar. Era bela e celestial, Com uma coroa de cristal. E lá foi o rapaz, sem acreditar No que os seus olhos estavam a vislumbrar. Mas, de repente, tudo acabou Pois de um sonho não passou.

Madalena Andrade, 8.º B


Esparsa ao desconcerto do mundo “Os bons vi sempre passar No mundo grandes tormentos; E, para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar em mar de contentamentos….”

Luís de Camões

Com os versos citados, o sujeito poético pretende transmitir que a injustiça existe no mundo e é visível aos olhos de todos, pois, se observarmos bem, nem sempre uma pessoa com algumas posses é uma boa pessoa e outra que nada tem, nem mesmo um teto a que chame casa, é capaz de dar tudo para que outro fique bem; essa, sim, é uma boa pessoa. No presente, temos o exemplo de pessoas que se preocupam com o planeta, que é de todos, e tentam salvá-lo, ainda que não ganhem nada com isso,


demonstrando, assim, uma boa atitude. Porém, temos outras que só o destroem, apenas por ambição ou dinheiro. Supostamente, o ambiente poderá não se relacionar diretamente com o assunto do poema, mas o conceito de bom ou de mau relaciona-se com as ações que as pessoas praticam, pelo que associei à natureza, dado que considero importante mostrar às gerações futuras que é um bem por que lutar. Concluindo, na minha opinião, o mundo é feito de injustiças e arbitrariedades e nem sempre nos apercebemos de que isso acontece, mas, quando encaramos a realidade e refletimos sobre ela, ficamos perplexos, verdadeiramente chocados.

Adriana David, 8.º B


Verso do poema “Aquela cativa” de Luís de Camões

 Aquela cativa, que me tem cativo, porque nela vivo, já não quer que viva.

 Significado deste verso:  Este poema fala sobre o amor sentido por Luís de Camões por Bárbora.  O sujeito poético começa o poema com as palavras cativa/cativo, que é de um certo modo um subjetivo de escravidão sentido pelo mesmo.  Com isto, Luís de Camões sentia-se escravo do seu amor.

Carmo Santos, nº4, 8ºA


AMIGO “Mal nos conhecemos Inaugurámos a palavra amigo” Alexandre O´Neill

Os amigos são pessoas Em que podemos confiar Contam histórias E todos rimos sem parar. Às vezes ficamos chateados Mas isso tem solução Resolvemos os problemas E damos um abraço que fica no coração. Mesmo que nos separemos Vai sempre haver uma ligação Todos nós crescemos e aprendemos.

Matilde Amaral, 7.º C


Lágrima de preta “Encontrei uma preta estava a chorar” António Gedeão Encontrei uma preta estava a chorar Tinha as mãos nos olhos E não queria falar. Falei com ela, com calma e atenção do fundo do meu coração virei-me de costas para lhe explicar que nem tudo na vida dá para explicar. Ela riu-se para mim Com aquele riso de ternura E eu alegrada fiz-lhe uma leitura Que leitura era essa? Bem podem perguntar Só vos digo que gostou E deixou de chorar. Joana Rodrigues, 7.ºC


Lágrima de preta” “Encontrei uma preta Que estava a chorar “

António Gedeão Encontrei uma preta Que estava a chorar Perguntei-lhe o que tinha Para a tentar apoiar Ela ficou em silêncio Baixou o olhar Disse-me com tristeza Que tinha um sonho para realizar Fiquei pensativo E quis saber mais Ela em tom agressivo Disse-me que éramos todos iguais Logo percebi a sua tristeza Falava da sua diferença de cor Do racismo, com certeza Disse-lhe que o importante era ter amor Depois de umas horas de conversa Ela parou de chorar Eu disse-lhe que nós somos todos iguais Não na cor, mas no olhar Ela foi-se embora um pouco a correr E eu fiquei a pensar Que nós, humanos Temos muito que aprender Pedro Cruz, 7.ºC


Lágrima de Preta

“Encontrei uma preta Que estava a chorar, Pedi-lhe uma lágrima Para analisar.”

António Gedeão Imaginei como ela era Pensei, pensei E tornei-a real, Um inventor um dia serei E terei o meu laboratório genial.

Bia Amaral, 7.ºC


«Tudo isto é nada»

Fernando Pessoa Tudo isto é nada Sessenta palavras Tem este poema Não tem título Não tem tema Conteúdo não tem nenhum Só do que me lembrei Tem este e mais algum E mais não sei. Este poema nada diz Daquilo que eu quero Daquilo que eu fiz Por isso nada dele espero. Este poema que o meu pai escreveu Se a verdade querem mesmo saber Não foi ele, fui eu. J. Pessoa, 7.º A


«Quando vier a Primavera,» Alberto Caeiro A primavera está a chegar e os pólenes andam no ar As flores começam a florir e os campos a colorir Com a primavera chega o calor E eu vou sair de casa Vou ver as árvores em flor e as borboletas a bater a asa Vêm as andorinhas a voar E a música fica no ar Eu gosto de estar à janela a vê-las passar A primavera é mais bonita de todas as estações Anda sempre catita Mesmo com trovões

Filipe Castela, 7.º B


“Mas” O Mar Andava a passear E perguntei-me Onde era o mar Miguel Torga O mar sabia eu o que era “Mas” Não o sabia encontrar Então peguei no mapa E pus-me a procurar Tentei encontra-lo no mapa Até nos livros de Geografia Mas não encontrei nada Isso deu-me uma azia Perguntei a todos os adultos A todos os geógrafos gregos Mas, acabei de perceber que O mar são nossos medos


O medo de viver O medo de pensar O medo de adormecer E nĂŁo voltar a acordar Comecei a sentir-me sem ar Como se me estivesse a afogar E foi isso mesmo que me aconteceu Afundei-me no mar Dinis Monteiro, 7.ÂşB


«As gaivotas, tantas, tantas»

Fernando Pessoa

Este é o mar Com melhor vista Com o melhor para dar Já não sei o que é o mar Só sei o que é perdoar Vendo aquele farol Que parece um caracol “As gaivotas, tantas, tantas” Só sabem voar em voltas Os barcos que estão no cais Estão prontos para descarregar Está um dia lindo de encantar João Pais, 7.º A


«Amigo

é

o

contrário

de

inimigo!» Alexandre O’Neill

Amigo é o contrário de inimigo! Está sempre presente Nos bons e maus momentos! Aceita-se tal como somos É sempre sincero Mesmo quando a verdade dói! Realça as nossas qualidades Com ele, podemos pensar em voz alta! Fica feliz com o nosso sucesso. A amizade duplica as alegrias E divide as tristezas. Na infelicidade é que se reconhecem Os verdadeiros amigos!

Leonor Brites, 7.º A


«Encontrei uma preta» António Gedeão

Preta era a pedra

“Encontrei uma preta” Preta era a pedra Pedra que apareceu no meu caminho Fui andando até que cheguei ao ninho A pedra deu-me confiança Confiança para seguir em frente Onde corria o rio lentamente O rio com a sua leveza trouxe-me a calma E a tranquilidade entre a aliança Do corpo e da alma. BSGJ, 7.º A


«Acordei, tremendo,…” David Mourão-Ferreira

“Acordei, tremendo,” Sem saber o que fazer, Sentia que ia ser um dia importante E eu sem saber O que ia acontecer. Pensei que seria um aniversário De um familiar ou de um amigo. Fui ver o calendário E não tinha nada escrito. Pensei numa reunião Ou num teste, Fui ver a agenda E o calendário escolar, E novamente nada fui encontrar.

Perguntei à minha família


Se era algo que eu tinha esquecido Se calhar não tinha nada escrito Por não me ter apercebido, E, pela terceira vez, Nada descobri. Fiz o mesmo com os meus amigos, Eles de nada sabiam. Aí fiquei chocado, Mas eu sabia que algo me tinha escapado. Fui à internet E descobri algo, Que a todos tinha escapado Era algo importante Que com todos interferia Era o primeiro dia de verão Nem eu me tinha lembrado. Rodrigo Moreira, 7.º A


“No meu próprio peito.” David Mourão-Ferreira A minha música Como todos sabem, Eu toco guitarra. Quando eu faço quadras, Eu sinto o seu jeito, “No meu próprio peito”. Quando toco uma música, É como se estivesse Num paraíso e, Lá no fundinho, Está a minha inspiração Que me enche o coração. Elas dizem´ “Tu és romântico!”, E eu respondo que há alguém Por quem eu o sou, Mas não digo quem ela é a ninguém. Tocar guitarra É encantador, Mas ser romântico É por amor. Rafael Marques, 7.º A


«Pelo sonho é que vamos» Sebastião da Gama O Sonho “Pelo sonho é que vamos” Começar a sonhar Por caminhos que não conhecemos Lá vamos nós a saltar. É uma viagem desconhecida Que parece não ter fim Sabe-se lá onde estamos Mas os sonhos são mesmo assim. Sonhar é imaginar e Em mil e uma coisas pensar, É possível voar Basta acreditar. Por vezes sonhamos a cores Outras vezes a preto e branco Há quem sonhe com horrores E outros com amores E como nada dura para sempre Os sonhos não são exceção Está na hora de acordar E por fim a esta imaginação. Inês Almeida, 7.º A


«Era uma vez, lá na Judeia, um rei»

Miguel Torga “Era uma vez, lá na Judeia, um rei” Com duas grandes tranças e uma cara de burro Ele odiava crianças, Devido a esse ódio todo Mandou matar todas as crianças Mas um milagre aconteceu Uma criança cresceu e foi Deus E pôs no inferno o rei das tranças Que mandou matar todas as crianças A. B., 7.º A


«São como um cristal»

Eugénio de Andrade A história de um cristal Havia um cristal Que por mal Fugiu para um pinhal Os amigos procuraram-no E caíram num caudal Afogaram-se de mágoa Por causa do cristal Que magoa quem vê Com um grande punhal Com arrependimento ficou E no pinhal parou Para salvar os amigos Afogados no caudal Salvou os amigos que contentes Ficaram de voltar à Sua vida normal e assim Com os cantos dos pássaros voaram Mabel, 7.º A


«Sei um ninho» Miguel Torga “Sei um ninho” Bem pequenino Quando o encontrei Logo lhe peguei Todos os dias o via De manhã, à tarde ou à noite Quando lhe peguei Algo estranhei O ninho tinha uma folha colada Com uma morada Afinal o ninho tinha uma casa E eu tinha de a encontrar Bastou seguir o trajeto para encontrar a sua casa Quando a encontrei À sua dona o mostrei Joaninha Lopes, 7.º A


«Amor e ódio» António Ramos Rosa

«Amor e ódio» Uma balança desequilibrada Pessoas boas morrendo à fome E pessoas com ódio a reinar Pessoas com ódio andam A mandar bombas, aproveitando-se da fraqueza das outras. Um a construir um muro para Salvar uns tostões E outro fazendo fogos de artifício com explosões Há pessoas com amor no coração Morrendo à fome Sendo escravizadas Sendo maltratadas E algumas tentando melhorar o mundo O mundo não tem mais salvação A balança está desequilibrada E um dia tudo isto vai acabar Gonçalo Marques, 7.º A


«Sei um ninho» Miguel Torga

“Sei um ninho” Que tem um passarinho Além de fofinho é bonitinho O passarinho está sempre a voar E só parava Para descansar E a sua mãe sempre a resmungar O passarinho canta E a sua mãe não se espanta Simão Silvério, 7.º A


«Correm as fontes ao rio»

Percy B. Shelley

“Correm as fontes ao rio” Pelo carreiro sombrio Naquela floresta exuberante Que os animais tornam fascinante As suas águas calmas cintilantes Vão matando a sede a pequenos visitantes Nas suas margens acolhedoras De odores inconfundíveis E com cores imiscíveis Vão correndo devagarinho Pouco a pouco vão andando Pelo carreiro mais estreitinho E à fonte vão chegando Bernardo Santos, 7.º A


«Enquanto a caravela não voltou» Miguel Torga A caravela “Enquanto a caravela não voltou” Esperei e esperei Quem nunca chegou Num sentimento Que nunca se apagou. Sentir saudade é sentir um vazio É uma enorme dor Que não se vence São dias tristes Em que nem mesmo o sol aparece Dias pesados Que nem se dá conta que existem. O relógio avança devagar Num silêncio vazio E eu sem te ver chegar Como numa estrada deserta. Beatriz Marques, 7.º A


«São como um cristal»

Eugénio de Andrade

As palavras São como um cristal Limpas e suaves Prontas para serem adoradas Quando abrimos um livro Temos de saber observar Quando o lemos Temos de saber imaginar Quando observamos as palavras As imagens combinam São como a palavra-chave Para o livro abrir M.F., 7.ºA


«É uma constante da vida»

António Gedeão

Lançar um grande amor aos pés de alguém É o mesmo que lançar flores ao vento Uma alegria é feita dum tormento Um riso é sempre o eco dum lamento “É uma constante da vida” Alto ou baixo gordo ou magro Assim nasceu assim seja Feliz ou triste o amor nunca vence Bem ou mal Vais ter sempre alguém para te ajudar. L.F., 7.º A


“Correm turvas as águas deste rio” Luís de Camões

Correm turvas as águas deste rio Devido à ação das pessoas Sobre as águas que um dia foram puras, E o ecossistema está por um fio. Entretanto mudaram os tempos. A poluição tomou conta da Terra, À conta do Homem, que erra, Não apenas um, mas muitos. Correm turvas as águas deste rio. Beber dele já faz mal. O clima deixou de ser normal: Ora faz calor, ora faz frio.

“É só este”, dizem os humanos. Lá fica o lixo no areal. “Só um bocadinho não faz mal.” Mas é “este”, aquele e outros tantos…

Mariana Loureiro, 10.º A


“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” Luís de Camões Há uns séculos atrás, Luís de Camões, num dos seus poemas, escreveu um verso que, a meu ver, ficou eternizado por uma situação que é cada vez mais frequente na nossa sociedade - “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Se refletirmos, concluímos que, por muito que gostemos de um objeto, este afeto é momentâneo e possessivo, é somente material, porque, muito provavelmente, nem precisávamos assim tanto dele e, por isso, daqui a um tempo já não nos diz nada, absolutamente nada. Este é um pequeno exemplo de algo muito comum no nosso quotidiano e que retrata muito bem as palavras citadas no verso que referi. Finalmente, lanço um repto: “O que acham de pensarmos bem naquilo que as nossas “vontades” nos dizem? Pode ser, consequentemente, que os tempos se alterem mais devagar e que nada seja tão atribulado!

Gabriela Silva, 10.º A


Luís de Camões “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,” muda- se o gosto, muda-se a pureza; tudo é composto pela natureza, de tudo o que é maravilhoso tenho saudades.

Sempre com novos olhares, admirando a beleza, tendo a absoluta certeza que escutarei os teus cantares.

Cada dia é especial, haja Chuva, Sol ou Vento; a ti quero ser leal.

Vivo neste encantamento, conhecendo o teu rico potencial, sou teu a cada momento. Guilherme Soeiro, 10.º A


Verdes são os campos aqueles por onde costumo caminhar tão belos que de dia os pássaros vejo a voar, apesar de todo o lixo que os está a povoar. Verdes são os campos, esses locais de encantar, mas não ouço animais, apenas carros a buzinar. Verdes são os campos por onde me perco pois é durante a noite que o céu está coberto. Apesar de tudo, tenho esperança, Confiança de um dia mudar esta forma que o ser humano Tem de pensar. Afonso Andrade, 10.º A


“As armas e os barões assinalados” Luís Lusíadas

de

Camões,

Os

“As armas e os barões assinalados” desta nação que renasceu das cinzas depois de uma “crise política”. Com a recente polémica da devolução integral do tempo de serviço dos professores, surgiu um conjunto de situações conturbadas difíceis de entender. Irei demorar nove anos, quatro meses e dois dias a perceber qual o intuito dos partidos políticos com estas jogadas. No fundo, nada se alterou, apenas se venderam mais jornais. Mas não apenas de tristezas se faz Portugal. Integramos o melhor país do mundo, segundo o Sr. Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, e isso devia orgulhar-nos. Revelámos “Novos mundos ao mundo”, na época dos Descobrimentos, e, agora, já com quase tudo descoberto, é altura de nos distinguirmos dentro dos demais, sempre com respeito e humildade. Ricardo Silva, 10.º A


Esparsa ao desconcerto do mundo Luís de Camões, Rimas

«Os bons vi sempre passar»

Os bons vi sempre passar e sempre os acompanhei, sendo igual a eles, na vida nunca sorte terei. E digo isto a todos aqueles que iguais a mim são, muita coisa vão ter de ultrapassar senão desmoronarão, Isto é um ciclo, como tudo na vida, os bons são prejudicados enquanto os maus se riem.

Rodrigo Silva, 10.º A


“Aquela cativa” Luís de Camões Aquela cativa Vive numa escravidão, com uma recarga de trabalho, com tantas cicatrizes na mão. Cheia de marcas do passado Vi aquela cativa passar, com o cesto na mão, para levar a roupa a enxugar. Derrama lágrimas e suor, para os filhos poder alimentar. Coitada daquela cativa, o que se esforça para trabalhar. Sente-se cansada, já sem mãos a medir. Vão se passando os anos, começa a chegar a hora de partir. Lembro-me de vê-la passar, com o cesto da roupa para estender. Ia sempre a cantar. Uma memória que passa a correr. Pobre daquela cativa, a vida miserável que levou. Hoje está em paz, como sempre sonhou. Raquel Tenreiro, 10ºA


“Chegava o mês de maio era tudo florido” Ruy Belo, Todos os poemas

Chegava o mês de maio era tudo florido A vegetação verde como nunca antes vista Parecia um mundo colorido. Mas era apenas um mero sonho. Na realidade, era setembro, Mês de incêndio Mundo repleto de cinza Onde restava apenas o anseio da leve brisa Do mundo colorido. João Fonte, 9.º A


José Gomes Ferreira

«Aquela nuvem…», Poeta Militante

Diogo Rodrigues, 9.º A


“As pessoas sensíveis” Sophia de Mello Breyner Andresen

As pessoas sensíveis não são capazes De matar uma mosca Ou não lhe acertam Ou ficam especadas de mão na boca À espera que as oportunidades apareçam. É gente pouco comum De gente bem vulgar. Se fôssemos contá-la uma a uma Não conseguíamos aguentar É tanta que nem número existe para a enumerar. Somos gente de outro mundo Cada geração mais preguiçosa do que outra. Perdemos o gosto do trabalho E o trabalho perdeu gente trabalhadora. Somos um mundo novo Um como mais nenhum. Espero que tenha sido um sonho E que não tenha de ser como outro algum.

António Cunha, 9,º A


“E tudo era possível” Ruy Belo, Todos os poemas Na minha juventude antes de ter saído da casa de meus pais tive o interesse de viajar uma experiência única num avião em cima do mar olhando por entre as nuvens vislumbro a beleza no ar. E com toda a empolgação lembrei-me do livro que havia lido Como jovem estava cansado de viver uma vida normal Foi assim que tomei a decisão de ira para Portugal Um país tão pequeno, mas tudo muito florido e natural! Muitas experiências terei eu para relatar De tudo que havia sonhado Metade está quase realizado Mas sei que mais países ainda irei visitar. Por isso, tenho de me preparar Porque de todas as coisas tristes que passei E as coisas boas como sonhos que realizei Ainda muitas histórias terei eu de contar.

Isaías Sutério, 9.º A


“Mar Português” Fernando Pessoa, Mensagem

Madalena de Jesus, 9.º A


“Uma pequenina luz” Jorge de Sena, Poesia II

Margarida Cruz, 9.º A


“Sei que tudo era possível Todos os poemas, Ruy Belo

Só sei que tinha o poder de uma criança O poder da imaginação Que não pode ser roubado Àquela que o tem no coração! Esse era o meu poder E ninguém o conseguiu compreender É o poder de uma criança, Pois é o único da sua confiança! Mas agora sou uma mera pessoa, Triste, insignificante e cansada. Quem me dera voltar àqueles tempos Onde a minha imaginação era minha aliada! Raquel Costa, 9.º A


“Sei que tudo era possível” Todos os poemas, Ruy Belo

Ruy Belo

E tudo se passava numa outra vida O que conhecia já não existia Era a guerra, a fome, as pessoas com SIDA Era o medo que eu via. O mundo a mudar As alterações climáticas a chegar Os glaciares a derreter E os políticos todos a ver! É este mundo que eu vejo É aquele que não desejo! Não finjas que não está a acontecer Porque o nosso mundo está a desaparecer! Rita Costa, 9.º A


“Já no largo Oceano navegam” Os Lusíadas (Canto I, est. 19)

Luís de Camões

Ricardo Coito, 9.º A


“Bailarina

Encontrei uma bailarina Guardada no armário armar

Cecília Meireles

Dei-lhe uma clementina Para a fazer dançar Chama-se Catarina Tem vinte anos Nasceu na Argentina E tem uma irmã Tem uma família muito unida a irmã chama-se Emília e gosta da sua vida Todos os dias ensaia No ballet dança Veste-se com uma saia E nos tempos livres canta A tia chama-se Albertina Mas é uma chata Quando vê a Catarina A dançar ri-se de alegria Agora atenção! Porquê? Porque a bailarina de coração Vai cantar. Débora, 7.º B


Vida escolar

Vida escolar sem trabalhar, Para estudar. Os professores não deixam respirar. Quando toca é para brincar Podes cantar E rebolar. O almoço chegou e eu vou a correr Para comer, e depois vou ler. Os alunos têm de trabalhar Só podem descansar Depois de acabar. As visitas de estudo são de alegrar Os professores vão impressionar.

António Mendes, 7.º B



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