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1921 - Bauru - Hotel Cariani

1921 – BAURU

HOTEL CARIANI

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Praça Machado de Mello, 2 – Centro Uso original – hotel Uso atual – desativado Tombamento – Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru), 22/10/2001 Foto – Denise Guimarães, 2017 “Quando fui fotografar este hotel, ele estava fechado e no entorno havia muitos mendigos, que dormiam do outro lado da rua. O paradoxo de fotografar um hotel, que foi construído para abrigar pessoas, enquanto pessoas dormem nas calçadas bem em frente, me levou a uma reflexão sobre as lacunas sociais que existem em nosso país.” Denise Guimarães

“(...) Rua Batista de Carvalho! / O sol da manhã incendeia ferozmente / a gasolina que existe na alma dos homens. / Febre… Negócios… Cartórios, Fazendas… Café… / Mil forasteiros chegaram com os trens da manhã, / e vão, de passagem, tocados da pressa, / para o ElDorado real da zona noroeste! (...)” – Bauru, Rodrigues de Abreu (Capivari, 1897 – Bauru, 1927)

O centro de Bauru, cidade que se desenvolveu em torno do entroncamento das estradas de ferro Sorocabana, Noroeste do Brasil e Companhia Paulista, recebeu nas duas primeiras décadas do século XX melhoramentos urbanos para atender aos ferroviários e à população em constante crescimento. Depois da eletricidade, saneamento básico e telefone, foram criados estabelecimentos de serviços, entre eles escolas, clubes, hospitais, armazéns, oficinas e hotéis. O Cariani foi o terceiro e, durante cerca de duas décadas, o melhor hotel da cidade. Seu fundador foi o italiano Caetano Cariani, que chegou ao Brasil no final do século XIX, trabalhou com comércio de produtos importados e na década de 1920 se estabeleceu no setor hoteleiro. Nas bordas da ferrovia Noroeste do Brasil construiu em Bauru um edifício de arquitetura eclética, seguindo o estilo dos hotéis mais modernos do Rio de Janeiro e São Paulo. Com três imponentes fachadas localizadas em frente à praça e à estação, atraía caixeirosviajantes, artistas, jornalistas, políticos e outros viajantes por seu serviço sofisticado e acomodações de ótima qualidade. Alguns ficavam morando por meses, até encontrar um trabalho e um lugar definitivo para viver. Outros se hospedavam por alguns dias, por motivos de negócios ou eventos sociais, que muitas vezes aconteciam no restaurante do próprio hotel. No Cariani era frequente a realização de reuniões políticas e culturais, desde pequenos jantares a banquetes para até setenta convidados. Notícias da sociedade local em revistas e jornais da capital muitas vezes partiam destas reuniões e redundavam em prestígio social para os envolvidos. O Hotel Cariani está até hoje ao lado da antiga estação de trens. Desativado, corre o risco de se perder.

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