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1890 - Osasco - Chalé Brícola

1890 – OSASCO

CHALÉ BRÍCOLA

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Avenida dos Autonomistas, 4001 Uso original – residência Uso atual – Museu Municipal Dimitri Sensaud de Lavaud Foto – Luludi Melo, 2017 “Cheguei neste casarão com o sol se pondo. O jogo de luzes e sombras provocado pelo reflexo das palmeiras me mostrou um belo cenário. Ao percorrer a casa, as grades de ferro que a cercam se projetavam pelo chão e pareciam estar em movimento. Quando entrei no casarão a cidade silenciou. Em um passe de mágica fui transportada para o campo. Foi possível ouvir pássaros, o balanço das folhagens com o vento e sentir aquele característico cheiro de mato.” Luludi Melo

Este chalé foi construído logo após a abolição da escravatura, quando o café se expandia pelas terras paulistas e começavam a se instalar as primeiras indústrias. Giovanni Brícola, seu primeiro proprietário, chegou da Itália em 1865 para trabalhar como engenheiro na Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Mais tarde, comprou um comércio de secos e molhados, importações e câmbio, que entre outras atividades agenciava a vinda de italianos para o Brasil. Angariou fortuna quando se tornou agente do Banco de Nápoles, instituição que detinha o monopólio das transferências de dinheiro feitas pelos imigrantes para suas famílias na Itália. Investiu também no ramo imobiliário. Atraído pelo seu patrício Antônio Agu, pioneiro na ocupação da região de Osasco, aplicou recursos na compra de terras na localidade, onde construiu esta casa de campo. Em São Paulo, viveu numa mansão na Avenida Paulista. A maioria dos imigrantes italianos, no entanto, vivia em cortiços, onde diferentes famílias compartilhavam o mesmo espaço. Trabalhava na lavoura e sua mão de obra supria à procura por operários qualificados no Brasil. A Itália passava por uma crise econômica e a possibilidade de uma vida melhor na América, estimulada pela política de imigração brasileira e pela ação de agências especializadas em imigração, preencheu a imaginação de muitos italianos. O Chalé Brícola nos fala dos imigrantes e das desigualdades sociais. É um vestígio da influência europeia na arquitetura e no gosto da elite brasileira, já que no período tais chalés eram construções típicas para as casas de campo de europeus da classe alta. Conta sobre as estradas de ferro, que viabilizavam a importação de materiais e equipamentos necessários para este tipo de construção. Fala também da história de Osasco e da vida de outros moradores. Um deles foi Evaristhe, pai de Dimitri Sensaud de Lavaud, autor do primeiro voo da América Latina, que ocorreu na cidade. Desde 1976, passou a abrigar o Museu Municipal Dimitri Sensaud de Lavaud, que expõe detalhes e ornatos do interior do imóvel e uma coleção de documentos e obras de arte que fazem parte da história de Osasco.

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