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1865 - Taubaté - Chácara do Visconde de Tremembé

1865 – TAUBATÉ

CHÁCARA DO VISCONDE DE TREMEMBÉ

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Avenida Monteiro Lobato, s/nº Uso original – residência Uso atual – Museu Histórico, Folclórico e Pedagógico Monteiro Lobato (1958) Tombamento – Sphan, 23/07/1962 / Condephaat, 13/10/1980 Foto – Chico Ferreira / Pulsar Imagens, 2016 “Cresci admirando e viajando pelo espaço, pelas matas brasileiras das décadas de 1920 e 30 nas páginas de Monteiro Lobato. A memória dessas histórias continua viva, desperta cada vez que me deparo com algum comentário sobre a vida simples do povo da roça. Durante uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro, ao avistar a placa de entrada de Taubaté, tudo isto retornou com força: mal percebi, já buscava direções no GPS para chegar ao Sítio do Pica-pau Amarelo.” Chico Ferreira

Mais de cento e setenta anos se passaram entre a construção desta chácara, em Taubaté, e da casa do Sítio Morrinhos, em São Paulo. Estima-se que tenha sido construída por volta de 1865, mas o seu primeiro registro só foi encontrado em um documento de 1874, o inventário do taubateano Francisco Alves Monteiro. No começo do século XIX o cultivo de café ganhara força nas terras da região do Vale do Paraíba, enriquecendo rapidamente cidades como Guaratinguetá, Bananal, Lorena, Pindamonhangaba e Taubaté. A paisagem rural não era mais composta predominantemente por pequenas propriedades, onde portugueses e índios conviviam. Neste século e meio, muitos grupos indígenas da região foram dizimados. Sustentados pela mão de obra escrava, latifúndios de café dominaram o Vale. Uma oligarquia rural formada por grandes fazendeiros com títulos de nobreza se estabeleceu na província de São Paulo. A Chácara do Visconde de Tremembé nos leva a este passado. Pode nos fazer refletir sobre a desigualdade que vivemos hoje em paralelo à escravidão e à concentração da renda nas mãos dos grandes latifundiários, à destruição da Mata Atlântica para dar lugar a grandes monoculturas, à formação da riqueza do estado de São Paulo. Enfim, sobre os significados da prosperidade gerada pelo café. O Visconde de Tremembé foi proprietário de fazendas, fundador de uma casa bancária e sócio de uma firma comissária de café. Um homem rico e erudito, cuja biblioteca alimentou a imaginação de seu neto, o escritor paulista Monteiro Lobato. Quando entramos pelo portão da antiga chácara, rodeados por mangueiras, jaqueiras e abacateiros centenários, o poderoso Visconde de Tremembé se transforma no Visconde de Sabugosa. Histórias que fazem parte do imaginário de algumas gerações de brasileiros se materializam e se misturam às histórias que pomar, casa, capela e cruzeiro do amplo terreno parecem querer nos contar. Desde 1981, após o conjunto arquitetônico ser tombado e restaurado, é sede do Museu Histórico, Folclórico e Pedagógico Monteiro Lobato, que se ocupa da divulgação e preservação das obras do escritor.

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