HISTÓRICO DO BIOBANCO DE DENTES HUMANOS DA UFPR

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ENTREVISTA HISTÓRICO DO BIOBANCO DE DENTES HUMANOS DA UFPR (BDH-UFPR) BDH – Como e por quê surgiu a ideia de criar o BDH? Profa Marili – Em 2005 ingressei no Departamento de Odontologia da UFPR. Até então, tinha sido professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Lá ajudei a montar um Banco de Dentes junto com os professores daquela Instituição, para atender a legislação vigente na época. Na UFPR, quando me deparei com a necessidade dos alunos em obter dentes extraídos para as atividades préclínicas fiquei pensando, com tantos dentes armazenados em coleções particulares e sem destinação, poderíamos recolhê-los e usá-los para essas atividades. Procurei os meus colegas de Disciplina e o departamento de Odontologia Restauradora. O Professor Joel Bley Sobrinho (Coordenador do Departamento de Odontologia Restauradora) apoiou totalmente a ideia e começamos a trabalhar.


BDH – Como era a necessidade de uso de dentes humanos dentro do curso de Odontologia da UFPR? Profa Marili – Basicamente posso expressar a necessidade na Disciplina de Endodontia. Quando se faz treinamento laboratorial o aluno precisa realizar as atividades com material o mais próximo possível da anatomia dentária, daquilo que irá encontrar na clínica, durante atendimento aos pacientes. Nesse contexto, à época não tínhamos dentes feitos em laboratórios com resina que mostrasse a câmara pulpar e canal radicular. No Brasil, as Resoluções nº 347/2005, nº 196/96, nº 441/2011 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) já estabeleciam normatização mínima para o uso e armazenamento de materiais biológicos. Imagine o aluno teria que obter o dente sem as garantias da ética, conforme a lei preconizava. BDH – Como era a situação da UFPR antes da fundação do Biobanco? Profa Marili – A Universidade tinha vários Bancos em todos os departamentos que guardavam material biológico, principalmente para pesquisa. A ideia era juntar tudo isso, mas não foi viável por uma questão de custos. Somente em 24 de agosto 2012 que a Universidade Federal do Paraná normatizou o uso de materiais biológicos.


BDH – O que mudou com a criação do BDHUFPR? Profa Marili – Na área odontológica, a implantação do Banco de Dentes Humanos (BDH) foi baseada na Lei n° 10.211, de 23/03/01. É o órgão responsável pela coleta, limpeza, seleção, armazenamento, preservação, esterilização, distribuição (cessão ou empréstimo) e documentação de dentes humanos extraídos, vinculado a uma faculdade de Odontologia, universidade ou outra instituição, sem fins lucrativos. Tem como atividades prioritárias suprir as necessidades acadêmicas, fornecendo dentes humanos para pesquisa científica ou para treinamento laboratorial pré-clínico de alunos de odontologia ou áreas afins; evitar a infecção cruzada de dentes extraídos, além de manter dentes armazenados, evitando o comércio ilegal de órgãos. BDH – Quais obstáculos encontrou para a criação do BDH? Profa Marili – Primeiro: o espaço físico, mas com ajuda dos Professores e do Departamento de Odontologia Restauradora conseguimos obtê-lo. Afinal, a Universidade e ética andam juntas. Segundo: os equipamentos para remover cálculos, cáries, computadores, POPs, pessoal e


alunos na busca do sucesso na implantação do BDH (divulgação). Terceiro: projetos para conseguir bolsas de estudo com essa finalidade, afinal não poderíamos voltar atrás. BDH – Quem, além da professora, fazia parte da equipe do BDH? Profa Marili – Professores: Joel Bley Sobrinho, Professora Ivana, Professora Andressa, Professor José Vitor, Professor Nelson. Técnicos Administrativos: Ricardo Vieira e a força incontestável da Sra Idalina Luz e de Sergio Luz. Alunos: Fernanda Prochnow, Isadora Maria Polettini e Bianca Semmer Breda entre outros. BDH – Quais as atividades desenvolvidas pelo BDH em 2010? Profa Marili – Basicamente, ficávamos separando por grupos os dentes doados por alunos, professores e profissionais e divulgando nas Disciplinas a necessidade do dente que seria utilizado no aprendizado de alunos que deveriam obrigatoriamente estar cadastrados no BDH.


Considerações finais Profa Marili – O objetivo sempre foi em zelar pela guarda do órgão dentário. Destacar a importância do Banco de Dentes Humanos da UFPR e conscientizar a sociedade sobre a importância da doação do órgão dentário por parte dos adultos, adolescentes e crianças em fase de esfoliação dos dentes decíduos. O serviço foi estruturado para proporcionar limpeza, classificação e armazenamento dos dentes coletados e também para atender as necessidades acadêmicas. Neste contexto, foram desenvolvidas atividades de pesquisa e extensão. Prof. Joel: A UFPR conta com o Banco de Dentes Humanos que está ligado ao curso de Odontologia. Nós iniciamos o Banco de Dentes com 1500 unidades captadas e, estas unidades, poderão ser utilizadas pelos estudantes, na pósgraduação, em pesquisas e também em treinamentos. Na graduação os alunos irão trabalhar em laboratório simulando ações que posteriormente serão executadas em pacientes. E, na pesquisa e no treinamento, é um campo ilimitado de ações que poderá de vir da criação deste banco de dentes humanos.


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