Jornal O Batista Sul-Mato-Grossense

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Janeiro/Fevereiro 2014

Maturidade

O Princípio da Cruz no Discipulado Cristão Nunca devemos nos esquecer de que a Cruz é loucura para o mundo, mas para nós é o poder de Deus manifesto

V

imos nos estudos anteriores que o propósito de Deus é ter muitos filhos iguais a Jesus, sendo Ele mesmo o modelo e o padrão. Hoje veremos uma importante característica de vida de Jesus que deve ser desenvolvida na vida do discípulo, através do discipulado: o Princípio da Cruz. Jesus viveu a sua vida pelo Princípio da Cruz. E isso nos fala de uma completa dependência de Deus. Não interessa mais se algo é bom ou se é mau; se é correto ou pecaminoso; o que interessa saber é se isso se trata da vontade de Deus ou não. O Princípio da Cruz é o processo que nos leva à maturidade. Percebe-se, pela vida de Jesus, que o processo de Deus para tratar com o nosso ego segue certo padrão, uma ordem. Se falharmos em um aspecto, Deus vai repeti-lo até que sejamos aprovados. Em João 5.19, 5.30 e 8.28 vemos Jesus testificando claramente a sua posição de completa dependência

do Pai – é o Princípio da Cruz em operação. Antes de avançarmos nesse entendimento, vamos observar melhor o que é o negar a si mesmo. 1. O negar a si mesmo não é completa anulação da vontade. Isso evidentemente seria impossível; trata-se antes de uma renúncia definida quando “minha” vontade quer seguir outra direção diferente da vontade de Deus. Significa que a vontade de Deus deve prevalecer, e não a minha própria. 2. Negar a si mesmo não é tornar um alienado. Muitos fogem da realidade recriminando, como se tudo estivesse errado e proibido, e criam uma nova filosofia que os leva à loucura. Isso, além de ser perigoso, constitui um sintoma de fuga neurótica; e Jesus nunca disse tal coisa. 3. Finalmente, negar a si mesmo não é a perda do desejo. Quando o desejo se torna concupiscência, ele passa a ser pecado. Mas nós estamos mortos para o pecado, e, portanto, livres do seu domínio. Existem, no

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“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm. 8.29)

entanto, desejos legítimos e bíblicos como o desejo de se casar, ter filhos, pregar o evangelho, salvas vidas, e coisa assim. Vemos, portanto, que a autonegação, proposta por Jesus é, antes de tudo, uma renúncia ao domínio da própria vida, e isso, sem dúvida, em algumas situações, vai implicar em todos os aspectos que mencionamos acima. Haverá momentos de aparente perda da vontade, da aparen te alienação, de um também aparente ascetismo, bem como de uma renúncia de um desejo legítimo. Isso acontece em função de que a vida cristã é, em essência, uma contracultura do sistema vigente. Nunca devemos nos

esquecer de que a Cruz é loucura para o mundo, mas para nós é o poder de Deus manifesto. Mas, afinal, sobre o que falou Jesus quando exigiu a negação de si mesmo? Em Lucas 14.25-33, lemos a respeito das qualificações de um discípulo. Dali desprendemos três ênfases essenciais, que juntas formam a base da estrutura do nosso Ego. Como já sabemos que a centralização do Ego está na raiz de todo pecado, podemos dizer então, que estas três ênfases, colocadas por Jesus, estão na base de qualquer ação. Ou seja, qualquer comportamento implicará direta ou indiretamente em uma ou mais destas ênfases. A primeira ênfase diz respeito aos relacionamentos. Diz respeito à minha necessidade de ser aceito sempre pelos outros; o medo de ser rejeitado; e ainda de viver uma relação qualquer, colocando Jesus em segundo lugar. Negar a si mesmo implica numa renúncia ao amor dos outros. Não que eu não mais queira

ser amado, mas que não ficarei doente se isso não acontecer. A segunda ênfase diz respeito à minha vontade (v. 27). Isso é fundamental para qualquer cristão que conheça a vontade específica de Deus para sua vida. Tomar a Cruz nos fala de tomar a vontade de Deus em detrimento da minha. A cruz nos fala de abrir mão de direitos, de reconhecimentos, de oportunidades e assim por diante. A terceira ênfase diz respeito à questão dos bens (v. 33). Eu devo renunciar a viver para mim mesmo, e ainda mais, devo abrir mão dos meus bens? Para muitos, o abrir mão de seus bens é bem mais difícil que abrir mão até de si mesmo. Renúncia é morte, e sem a morte o Cristianismo perde o sentido. Não existe Cristianismo sem cruz. Existe apenas religião. O ego deve perder o seu lugar de centralidade, cedendo lugar à vontade de Deus. (OLIVEIRA, Elvis. Discipulado Fácil. Fortaleza, Premius, 2010, 128 p. Págs. 49-52).

Amor às vidas

O sonho tão ansiado e suado da conquista da casa própria financiada havia se esvaído como fumaça Fotos: Divulgação

Pr. Francisco Barros (*)

Recentemente uma mídia televisiva veiculou uma novela em seu horário nobre, que “brindou” a teledramaturgia com a quebra de mais alguns paradigmas, com o intuito de alimentar a fome de IBOPE e granjear novos adeptos incautos, reféns das tão propagadas culturas de massa. A trama recheada de requintes de sordidez e promiscuidade teria surpreendido, se possível fosse, até mesmo ao inimigo. A história foi regada a traições, mentiras, jogos de poder, perversões, ganância e vingança. Todo esse repertório exigido como tempero indispensável para apimentar o interesse dos telespectadores culminou com fatídicas consequências, destruindo várias pessoas na ficção e inspirando a sordidez de outras na vida real; deveria ter inspirado outra denominação à novela, por sinal, menos auspiciosa, como por exemplo: “Desprezo pela vida”. Notícia desoladora

Ao contrário da narrativa supracitada, a história que inspirou este artigo não foi originada por uma mente transtornada pelo pecado, e sim, fruto da construção e consecução de um lar, cercado de amor e cuidados. Lar este solidificado pela Palavra de Deus, tendo como coluna mestra o próprio Deus. O Natal estava se aproximando, Wellington e Fernanda começaram a fazer planos para a viagem, pensavam nos parentes e amigos do Mato Grosso; imaginavam como seria aprazível a viagem, o entusiasmo das duas crianças, a alegria de rever os entes queridos, enfim de sair da rotina do cotidiano que a todos consome. Os dias estavam

Chegaram donativos de vários tipos e uma casa foi cedida para abrigar a família

Uma força tarefa em forma de mutirão preparou todas as condições para uso da casa

passando muito depressa... de repente, chegou o dia tão aguardado, o dia de fazer as malas e “por os pés na estrada”. O alvoroço foi grande, o dia 23 de dezembro de 2013 foi um corre-corre; tudo transcorreu bem, a viagem, a confraternização de Natal e tudo o mais. O ano de 2013 já estava moribundo emitindo os seus últimos suspiros, dando sinais de que aquele era o fim. Três, dois, um, zero! Feliz Ano Novo! 2014 abençoado a todos! Bum! Bum! Os fogos explodiam esfuziantes no horizonte, a confraternização universal já era uma realidade para todos. Pena que os fogos exalaram um longínquo odor de material degradado, queimado, incinerado. Não eram bons ventos, pois estes traziam as notícias desoladoras de dor e destruição. O sonho tão ansiado e suado da conquista da casa própria financiada havia se esvaído como fumaça. A notícia foi implacável – um bando de vândalos havia perpetrado um assalto

membro da IBCA, mexeu com todos!”, “Se queimar a casa de um de nós, queimou a casa de todos!”; a igreja partiu rumo a uma verdadeira odisséia de socorro e assistência aos nossos queridos irmãos vitimados pelos agentes do mal! Os donativos vieram de todas as formas: uma casa foi gentilmente cedida para abrigar de imediato a família; uma verdadeira força tarefa em forma de mutirão preparou todas as condições para uso da casa; todos os móveis e eletrodomésticos foram doados; enxovais completos de roupas pessoais, cama, mesa e banho abasteceram os seus armários; comida de todos os gêneros foi doada para muito tempo, doações em dinheiro para as necessidades imediatas da família, até o processo para acionar o seguro foi formalizado com a ajuda de profissionais da IBCA.

à residência do casal, ateando fogo em sua casa. Providência Divina

Teria sido uma tragédia pessoal para esta família se encerrássemos nossa narrativa por aqui com um ponto final. No entanto, o Deus Altíssimo adicionou a este ponto uma vírgula, prosseguindo com a história que ensinou a todos nós da Igreja Batista em Coronel Antonino (IBCA) o verdadeiro sentido de amor, fraternidade, acolhimento, cooperação, comunhão e compaixão; mostrando-nos qual é a verdadeira marca distintiva do discípulo de Cristo – o amor. Assim que tomou ciência do fato, o pastor titular da IBCA, pastor Alessandro Soalheiro Barbosa, mobilizou a todos através das mídias da igreja. Em menos de cinco dias a “Corrente do Bem” produziu seus efeitos de maneira inimaginável. Movidos por palavras inspirativas como: “Se mexer com um

Gratidão a Deus

No dia 19 de janeiro de 2014, foi

realizado um culto de gratidão a Deus intitulado: “Culto do Amor”, no qual afetuosamente a família recebeu o carinho e manifestações de solidariedade coletivas. Foi uma noite memorável e emocionante, que teve como clímax o testemunho de gratidão do casal pelas bênçãos recebidas. Não é à toa que o slogan da IBCA é: “Um lugar para todos!” A igreja conta hoje com mais de trinta ministérios, muitos deles voltados ao evangelismo, à comunhão e à assistência aos necessitados e perdidos. Em oportunidade próxima estaremos relatando os resultados do trabalho nessa área. Assim como descrito em Atos 2.42-47, também tem sido esta a tônica da IBCA, uma história de AMOR ÀS VIDAS! (*)Francisco Barros é Pastor Adjunto da Igreja Batista em Coronel Antonino


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