Procura se um marido carina rissi

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- Sabe, você podia ter dito logo de cara que se sentia atraído por mim. Teria facilitado muita coisa. - Podia, mas e se você não sentisse o mesmo? Alguma vez , quando nos beijamos, eu dei a entender que não queria? Ele sacudiu a cabeça. - Você não entendeu. E se você estivesse apenas querendo suprir o espaço deixado pelo seu avô? Já imaginou como os próximos onze meses seriam constrangedores pra mim? – falou, me encarando atentamente, procurando sinais de que pudesse ter dito a verdade. – mas naquela noite em que você estava com medo da ...hã..em que eu estava entediado, eu vi algo em seus olhos. Algo que eu queria tanto, mas que ia contra tudo que eu prezava. Você parecia me desejar e eu estava louco por você. Queria tanto que o que vi nos seus olhos fosse real. Estava tão perto de arruinar tudo...Como já não me sentia em meu juízo perfeito, decidi pedir ajuda, e pretendia contar pro Paulo sobre a nossa situação. Talvez alguém de fora pudesse ver as coisas com mais clareza. Mais aí te vi com aquele advogadozinho sardento e... Desculpa por aquilo – ele disse, mas sorriu descaradamente. - Max, vamos deixar uma coisa bem clara. Eu sinto muita falta do vovô. Tanta que às vezes acho que vou morrer, que vou sufocar até definhar de tanta saudade. Nunca vou deixar de sentir falta dele. E ninguém nunca vai poder substituir o vô Narcisio no meu coração. Nem mesmo você. O amor que sinto por ele é diferente, ele é família. O que eu sinto por você é...outra coisa. É ...hã...é como...se eu estivesse me afogando e de repente conseguisse encontrar a superfície. – Eu nunca tinha sido muito boa com essa coisa de declaração, mas esperava que ele compreendesse o que eu sentia. - Como se estivesse à beira de um precipício sem proteção alguma, mas não resistisse e saltasse. - Exatamente! – Caramba! Era exatamente daquela forma que eu havia me sentido tantas vezes ao lado dele. Ele também se sentia assim? - Como se estivesse faminto por décadas e finalmente pudesse saciar a fome – ele deixou sua xícara de lado e começou a se inclinar em minha direção.- Como se descobrisse que o que move o universo não são as energias cósmicas, mas os pálidos olhos azuis no rosto de uma menina-mulher – e me beijou. Um beijo longo e quente, que deixou todos os meus sentidos alertas. - Meu celular tocou, estridente, em alguma parte do quarto. Max suspirou e me libertou de seus lábios. Não que eu quisesse isso. Procurei com os olhos pelo chão acarpetado, sobre a mesa de cabeceira, na poltrona, mas não vi minha bolsa em lugar algum. - Onde você está? – gemi, revirando os lençóis com cuidado para não derrubar a bandeja.


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