Tractatus Logico-Philosophicus

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Tem sentido a questão: O que deve ser a fim de que algo possa ocorrer ? É claro que temos da proposição elementar um 5.555 conceito independente de sua forma lógica particular. Onde é possível formar símbolos de acôrdo com um sistema, o importante do ponto de vista lógico é o próprio sistema, não o símbolo singular. Como seria também possível que, na lógica, tivesse que me ocupar de .formas que posso inventar ? No entanto, devo ocupar-me com o que me torna possível inventá-las. 5.556 Não pode haver hierarquia de formas das proposições elementares. Podemos pressupor ~ente o que nós próprios construímos. 5.5561 A realidade empírica é limitada pela totalidade dos objetos. O limite reaparece na totalidade das proposições elementares. As hierarquias são e devem ser independentes da realidade. 5.5562 Por motivos puramente lógicos sabemos que deve haver proposições elementares; dèsse modo, isto deve ser conhecido por todo aquèle que compreende as proposições na sua forma não-analisada. 5.5563 Tôdas as proposições de nossa linguagem corrente são, de fato, tais como são, perfeitamente ordenadas de um ponto de vista lógico. — Tudo o que fôr mais simples e que devemos aqui admitir não é símile da verdade mas a própria verdade plena. (Nossos problemas não são abstratos mas talvez os mais concretos que existem.) A aplicação da lógica decide que proposições 5.557 elementares existem. O que está na aplicação a lógica não pode antecipar. É claro: a lógica não há de colidir com sua aplicação. Mas a lógica deve referir-se à, sua aplicação. Dèsse modo, a lógica e sua aplicação não devem sobrepor-se uma à, outra.

5.5571 Se não posso indicar a priori as proposições elementares, querer indicá-las deve redundar num patente absurdo. 5.6 Os limites de minha linguagem denotam os limites de meu mundo. 5.61 A lógica preenche o mundo, os limites do mundo são também seus limites. Não podemos pois dizer na lógica: isto e isto existem no mundo, aquilo não. Porquanto se pressuporia aparentemente que excluímos certas possibilidades, o que não pode ocorrer pois, do contrário, a lógica deveria colocarse além dos limites do mundo, como se pudesse considerar ésses limites também do outro lado. Não podemos pensar o que não podemos pensar, por isso também não podemos dizer o que não podemos pensar. 5.62 Esta observação dá a chave para decidir da questão: até onde o solipsismo é uma verdade. O que o solipsismo nomeadamente acha é inteiramente correto, mas isto se mostra em vez de deixarse dizer. Que o mundo é o meu mundo, isto se mostra porque os limites da linguagem (da linguagem que ~ente eu compreendo) denotam os limites de meu mundo. O mundo e a vida são um só. 5.621 Sou meu mundo. (O microcosmos.) 5.63 O sujeito representante e pensante não existe. 5.631 Se escrevesse um livro: O mundo tal como encontro, deveria reportar-me a meu corpo e dizer quais membros estão sob minha vontade e quais não estão, etc. — isto é particularmente um método para isolar o sujeito, ou melhor, para indicar que não existe sujeito num sentido importante: déle sdzinho não é possível tratar neste livro. O sujeito não pertence ao mundo mas é limite 5.632 do mundo.


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