Léo, o pardo (biografia) - Coleção Literatura para Todos

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no ponto original de onde saíram do galho, coleirinhas, tico-ticos e os quero-queros armando a espora debaixo das asas e ameaçando defenderem seus ninhos dos cachorros que correm no percalço deles riscando a praça do relógio. Era o centro de tudo da cidade universitária, com um relógio suspenso numa coluna de quarenta metros, com imagens esculpidas no corpo de cimento que sobe de um tanque de água redondo, no qual as crianças negras fi lhas ou vizinhas dos operários que o construíram e vindo das comunidades de perto se molham no faz de conta que é piscina. Palco das greves, namoros e festas, ao lado da rua dos bancos, caminho da reitoria, da Rádio USP, das faculdades, das dissertações de teses, bibliotecas, editoras e museus; ao lado de gente correndo, fazendo ioga, andando de skate ou treinando bicicleta. Aqui, no Crusp, desperto todo dia com canto dos sabiás. Conheci chilenos, paraguaios, moçambicanos, um suíço, um português, guineenses, angolanos, cubanos, outros mineiros, baianos, curitibanos, maranhenses, cariocas, capixabas e paulistanos, e por duas vezes entrou beija-flor no 93


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