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Ao mestre Aleijadinho

Artífice maior da arte colonial brasileira, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica no apogeu do Ciclo do Ouro, em 1737, e deixou um legado em obras primas da arquitetura, esculturas geniais em pedra e madeira, talhas, retábulos e desenhos, que encantam gerações ao longo dos séculos. Reverenciando a memória do grande mestre, que faleceu em 1814, a Assembleia Legislativa instituiu 18 de novembro como o Dia do Barroco Mineiro6, cujas comemorações nos 300 anos de Minas foram marcadas, em 2020, pela reedição do livro de arte Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho: artista síntese, de autoria da historiadora Cristina Ávila e do fotógrafo Márcio Carvalho.

“Aleijadinho extrapola o próprio barroco, com a sua arte mais dramática do que piedosa”, ressalta a autora do livro, para quem as obras do artista de Ouro Preto revelam profundo conhecimento dos estilos da arte do período da Idade Moderna, do maneirismo ao barroco e ao rococó, bem como das Escrituras Sagradas. Com o pai, o mestre de obras português Manuel Francisco Lisboa, que o alforriou da escravidão na pia batismal, o mulato Antônio Francisco, filho da negra Isabel, teria aprimorado a vocação para o desenho, a escultura e a arquitetura, enquanto nos estudos no seminário dos franciscanos adquiriu o gosto pela religião e pela leitura.

6 Lei nº 20.470, de 2012, regulamentada pelo Decreto nº 46.309, de 2013.

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Para Cristina Ávila, se há “muita fantasia” sobre a vida de Aleijadinho, o livro desfaz os mitos, inclusive o de que o artista seria uma invenção. “Tudo o que ele fez de mais importante, como a Igreja de São Francisco, em Ouro Preto, ou o Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas, por exemplo, foi por encomenda. Então, temos os recibos assinados”, lembrou a historiadora, cujo livro traz um minucioso detalhamento tipológico das criações de Aleijadinho, de arquitetura, de esculturas em pedra e madeira, de talhas decorativas e desenhos.

Tendo como corte obras do artista tombadas pelo Iphan e pelo Iepha e inscritas na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco, o livro traz também informações minuciosas sobre cada uma, tais como título, data de criação/execução e técnicas construtivas. “O livro não foi organizado em função de cidades históricas de maior ou menor magnitude, mas, diferentemente, pela seleção de obras de fácil acesso público e que abrangem as diversas facetas do artista. Além disso, o leitor encontrará um breve glossário de termos técnicos para a iniciação ao tema da arte colonial mineira”, acrescentou Cristina Ávila, que contou em sua equipe com as pesquisadoras Josanne Guerra Simões e Moema Quites.

Tudo isso e tudo o que foi retratado pelas lentes do fotógrafo Márcio Carvalho torna Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho: artista síntese (Edição comemorativa dos 300 anos de Minas Gerais) uma obra de referência única da história da arte mineira e brasileira.

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Segunda edição do livro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho: Artísta Síntese, da historiadora Cristina Ávila e do fotógrafo Márcio Carvalho. Foto: Flávia Bernardo

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