Catálogo Arte Pará 2014

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Curador Paulo Herkenhoff

ARTE PARÁ ANO 33

Museu do Estado do Pará Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Museu Paraense Emílio Goeldi

FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA

9 de outubro a 9 de dezembro de 2014

Belém-PA 2015


O Arte Pará supera as fronteiras e unifica o público

Dentro de seu formato, o Salão Arte Pará tem sido

o apoio dos nossos patrocinadores: Supermercados

Romulo

Nazaré, Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA),

Maiorana ter se mantido viva no decorrer de seus trinta e

Banco da Amazônia (Lei Rouanet) e Vale, que se integram

três anos, aliada à história do Arte Pará, é uma conquista

à Fundação Romulo Maiorana nesta 33ª Edição, com

notável.

determinação, na busca de fortalecer as relações entre

muito bem-sucedido. O fato de a Fundação

Além disso, o Arte Pará se converteu em uma meta

artista e público, e entre educação e arte.

prioritária e em um ponto de referência para artistas,

Por fim, agradecemos aos artistas que superam

educadores, curadores, pesquisadores de Belém e de todo

as fronteiras e unificam o público, sem coibir a sua

o Brasil.

criatividade. E, para tanto, mais do que formar uma

Esta é uma conquista relevante e, cada vez mais, o

equipe integrada de educadores, artistas, curadores,

projeto propõe um processo que permite uma maior

pesquisadores e público em geral, todos os segmentos

interatividade com o público. Essa premissa modesta inicia

da Fundação Romulo Maiorana, absolutamente todos,

uma direção para o futuro promissor da instituição: ter a

trabalham na mesma direção

educação como um processo pedagógico. É, portanto, uma instituição viva e contínua, que funciona dinamicamente, dedicada à educação da arte. Agradecemos ao Curador Geral, Paulo Herkenhoff, pela sua dedicação por mais de uma década. Agradecemos

Lucidéa Maiorana Presidente da Fundação Romulo Maiorana


Salão em trânsito

Arte Pará: comunhão dialógica

Há 33 anos, o ato de ousadia – aliás, dizer isto de

seus indiscutíveis méritos, mas, também, da sua natural

O Arte Pará completa 33 anos e, cada vez mais, vem

quem me refiro é pura redundância – de um sonhador

superação em alguns aspectos. Tenho conhecimento,

aprendendo com a linguagem artística contemporânea,

trazia à vida cultural de Belém um sopro inovador: o

inclusive, de que o seu novo formato já está sendo urdido e

com o propósito de alcançar, todos os anos, novos olhares.

Todo o processo de construção deste projeto é realizado

Arte Pará. Depois do Romulo, a filha Roberta não só

reconstruído com o vigor que os novos tempos estimulam,

A cada edição, expandimos ao público apreciações,

graças ao apoio imensurável dos nossos patrocinadores:

deu continuidade ao Salão, mas o ampliou. E com muito

para continuar sendo, no cenário atual, um espaço de

convergentes ou não, de artistas de todo o Brasil.

Supermercados

empenho e a mesma inspiração apaixonada do pai,

grande visibilidade e prestigio na vida cultural do Brasil.

credenciou-o como um dos melhores do país. A cada ano, experimentando novas ideias e, portanto, novas ousadias,

Na expectativa das transformações, desejo sucesso no seu renascimento e vida longa ao Arte Pará.

afirmou-o como um evento de referência nacional. Todavia, como só acontece nos salões que têm longa

Paulo Chaves Fernandes

duração, há que se fazer, a partir desta tão simbólica

Secretário de Cultura do Estado do Pará

data para o cristianismo, uma rigorosa avaliação dos

Este ano, tivemos quase 700 inscritos, vindos de todo o país. Esta troca é importante para que os nossos visitantes,

da arte, para que novos aprendizes – sejam crianças, jovens ou adultos – possam se aventurar no universo das artes.

Nazaré,

Faculdade

Integrada

Brasil

Amazônia (FIBRA), Banco da Amazônia (Lei Rouanet) e Vale, em conjunto com a Fundação Romulo Maiorana (FRM).

estudantes e os próprios artistas percebam esse desenho

Desta forma, conseguimos chegar à 33° edição num

convergente que a própria mostra delineia, ao aproximar

esforço coletivo, em busca de novos caminhos para a

os eixos do país numa comunhão dialógica nos espaços

formação artística.

expositivos.

Assim, nós da equipe da FRM desejamos contribuir com

O curador Paulo Herkenhoff desenha os espaços

as instituições e empresas parceiras, para que as ações do

expositivos e transmite para o espectador os vários sentidos

Arte Pará promovam, cada vez mais e melhor, o ensino

que a arte provoca ao congregar artistas geograficamente

e o conhecimento da arte, não sendo apenas um polo

heterogêneos e tão próximos na maneira de comungar

difusor da produção artística, mas um fórum permanente

processos artisticos. Pois, nas suas diferenças e contradições,

de discussões e um lugar aberto a novas experiências do

integram-se ao espaço social da arte.

público com a arte.

Ressaltamos as ações educativas, que têm um papel importante para a inclusão de todos na construção de

Roberta Maiorana

relações humanizadoras, promovendo o acesso ao mundo

Diretora Executiva da Fundação Romulo Maiorana


Percursos no Arte Pará

A iniciativa da Fundação Romulo Maiorana, com

d) A experimentação de um modelo espacial,

Este Arte Pará homenageia o artista Guy Veloso, com

O Arte Pará também homenageia o Soldado da

o apoio primordial das Oranizações Romulo Maiorana e

que leva em consideração a complexidade das

sua obra dedicada aos encontros da fé. Sua câmera é

Borracha, Paulo Sampaio, recentemente falecido, que aos

com o inestimável patrocínio de: Supermercados Nazaré,

demandas da arte contemporânea.

tenaz na busca por imagens da rica diversidade religiosa

90 anos encontrou na pintura uma forma para registrar

Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA), Banco

Em 2014, o Arte Pará continua sendo o termômetro da

brasileira, das suas diferenças e convergências. Num tempo

o sacrifício e os tempos árduos dos seringueiros, que

da Amazônia (Lei Rouanet) e Vale, é um exemplo de

excelência da arte paraense, como ocorre há três gerações

de insidiosa intolerância das doutrinas fundamentalistas

durante a 2° Guerra Mundial embrenharam-se pela

cooperação contemporânea entre a iniciativa privada

de artistas. Deve-se também apontar a qualidade de suas

no Brasil e no mundo, Guy Veloso aposta na arte como

floresta amazônica em busca do látex, tão necessário aos

e orgãos públicos,

publicações e o aprimoramento da sua produção através

lugar de diálogo e de entendimento para a consolidação

países aliados no combate ao nazismo.

da equipe liderada por Daniela Sequeira.

do respeito devido por todos a cada um.

o que garante uma continuidade

produtiva.

Para 2015, Roberta Maiorana propõe um Arte Pará

O Arte Pará desenvolve um programa de Arte-

Nessa compreensão podem estar as soluções para a

Educação que tem alcançado reconhecimento nacional

humanidade. A fotografia de Guy Veloso recorda que a

a) O reconhecimento do artista paraense, que

através da Bienal de São Paulo, do Museu de Arte do

origem etmológica da palavra “religião” surge do verbo

sempre teve em nosso salão o mais antigo e estável

Rio (MAR) e da Universidade de São Paulo (USP). Com

latino “religare”, isto é, traz o significado de religar

Paulo Herkenhoff

mecanismo

de estímulo no estado do Pará.

a colaboração da Universidade Federal do Pará (UFPA) e

as pessoas. Veloso trouxe ainda fotografias de Pierre

Curador do Arte Pará

Poucos salões estaduais têm essa continuidade e

apoio decisivo de Carmem Peixoto e da empresa Setrans-

Verger, de cerimônias das religiões afro-amazônicas e

persistência no trabalho.

Bel, o programa educacional do Arte Pará atende 20.000

indumentárias sacras solenes dos orixás da Casa Ilê Asé

crianças da rede pública de ensino, que são recebidas por

Agaro Níle.

Em sua 33° edição, o Arte Pará continuará abraçando novos objetivos, que em 2014 incluem:

b) A consolidação de seu porte nacional, ao tornarse um dos portais de encontro entre a Amazônia

mediadores, sob a direção da professora Vânia Leal.

e o restante do país. O recorde de inscrições, de

A edição do material infantil, O Liberalzinho, encartado

700 artistas oriundos do Pará, Minas Gerais, Rio

na edição do Jornal O Liberal no domingo do Círio, leva

de Janeiro, São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul,

o Arte Pará para outras dezenas e milhares de crianças.

atesta essa vocação.

A Fundação Romulo Maiorana entende que a educação

c) A introdução de um novo formato da Sala Especial, com a mostra “Amazônia Ciclos de Modernidade”, com patrocínio da Petrobras.

e a cultura são necessidades políticas e espirituais para a construção de uma cidadania emancipada.

que prime pela inovação nos modelos curatoriais, no diálogo com a crítica e na forma de apresentar a arte.


O dois mil e quatorze do Arte Pará

O que aponta o dois mil e quatorze do Arte Pará,

oficial feito de prata ou ferro, usado para marcar os negros

localizados entre o espaço e o nada – a reverberação

de um texto literário e um ensaio fotográfico. No texto

após trinta e dois anos de existência? Existências do corpo.

na condição de escravos no momento do embarque, no

do nada. Davylim Dourado traz uma questão. Fruto de

literário, o verbo “lembrar” torna-se recorrente na fala de

Resistências do corpo. Existências-resistências? Sim, sim,

ato da cobrança dos direitos de exportação. Feridas ainda

quatro anos de pesquisa, Davylim reúne 450 imagens dos

um sujeito oculto. Lembrar, lembrar e lembrar. No ensaio

certamente resistências-existências. O estar no mundo,

abertas no seio do nosso país. Mariana Marcassa aponta para

moradores da cidade de Borá (SP), considerado o menor

fotográfico, o álbum de família é revisitado, refotografado.

atravessado pela sensibilidade dos artistas aqui presentes,

esses corpos que sofrem de Banzo – um estado melancólico

município do Brasil, com 805 habitantes. Mais da metade

A diluição da memória atinge todos aqueles corpos, num

que se oferecem em Holocausto para a reflexão e tomada

que acometia os negros africanos nas senzalas brasilieiras.

de seus habitantes compõe uma única imagem que

ato de reconfiguração da desmemoria. Lembrar e lembrar

de decisão de todos nós, diante de um mundo prenhe de

A artista assinala que traz para o seu corpo, em registro de

sobrepõe os seus corpos. O que emana da sobreposição de

é construir eternamente a memória.

contradições e significados. As obras e os artistas como

performance, este sentido da dor, expresso também em

olhos que nos observam, potencializados em uma única

pontas de lança a instigar as consciências e contingências

palavras – palavras-dor: “dor em relação àquilo que já não

imagem? No arco de compreensão oposto e complementar,

do corpo – corpo individual, social e político – plástico

mais se pode ser, onde o ‘eu’ já não pode ser o mesmo. Mais

do particular para o coletivo, Andréa Barreiro apresenta

e expressivo.

que isso, onde o ‘eu’ já não pode se redesenhar frente às

o projeto Estudo para uma memória – vol. 1, constituído

Cabelos longos, longuíssimos, protegem aquele corpo, a poeira se alevanta e cobre este mesmo corpo na

forças que o assolam, levando-o ao suicídio forçado”. Cor, impossibilidade e dor.

curva de piçarra. Luciana Magno está em toda e qualquer

Em “Pequeno Compêndio dos Mares, do Compêndio

rodovia que rasga a mata-floresta. Eis um dos vídeos da

das Tormentas”, fotogravuras e fotografias apropriadas

série “Orgânicos” – estratégias afetivas natas ao corpo

da internet, Flora Assumpção redimensiona o horror do

do cartógrafo performático. O corpo que protege pode

homem à imensidão tormentosa do mar. O pequeno

sangrar. Paul Setúbal asperge o seu próprio sangue no

formato em que as obras são apresentadas instiga o olhar

trípico Res Non Verba (Fatos e não palavras, em latim),

a devanear errático em seus azuis profundos – um corpo

constituindo constelações sentimentais de dor, do fato de

líquido, movente. Raquel Uendi desestabiliza o estatuto

“estar vivo”, do corpo que habita o plano político e social,

desse corpo fotográfico, propondo nos trabalhos “A Boa

e que não sai ileso.

Onda”, “Tons” e “Impacto”, que forma e conteúdo covivam

São estes os mesmos corpos que podem ser marcados

em pé de igualdade, fazendo com que o material perca a

a ferro em brasa. Através da série de fotografias Karimu,

sua funcionalidade tradicional –, uma fotografia matérica

imagens do pós-guerra em Angola, Edu Simões nos conclama

na investigação de seus elementos constitutivos. Desenhos

a defrontar-nos com um espelho ancestral –, a África.

aparentemente saídos de uma prancheta técnica revelam

Segundo ele, um espelho ainda enturvado pelo tempo.

o universo particular de Henrique César. Desenhos em

Continente-mãe, confundido com a história da colonização

suspensão, universos ocultos. Corpos que vagam no

nas Américas. De Karimu advêm o termo Karimbo, ferrete

vazio da existência – um mundo de ponta-cabeça. Corpos

Memórias reconfiguradas também são a matéria-corpo de Dirnei Prates. Armando Queiroz Curador Adjunto


Museu do Estado do Pará

Sala Expositiva Antônio Parreiras

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paul setÚbal

Artista Premiado

Apresento três trabalhos que têm em comum o uso

ao desenho de uma arma de fogo – uma metralhadora

do meu próprio sangue como pigmento. Isso porque,

que aparece fragmentada. É uma espécie de constelação

além de um pigmento natural do próprio corpo, visceral

estrelar feita de sangue, que carrega em si algumas

por sua própria significância, o sangue aparece no meu

conexões. De toda sorte, a expressão Ad Nauseam (até a

trabalho em resposta ao meu afetamento nas relações

náusea) é usada quando uma situação ou argumentação é

com o mundo: não saio ileso diante do contexto social;

levada a situações extremas, que chegam a causar náuseas.

sou afetado pelas imagens e coisas do mundo, e elas me

É uma náusea política, uma náusea da vida social.

pedem que a preciosidade do sangue, enquanto elemento

Aparecida de Goiânia-GO Ad nausean Habeas corpus Res non verba Desenho | 2014

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No

trabalho

Abeas

Corpus

utilizo

o

mesmo

fundamental para o corpo humano, seja transformado em

procedimento de Ad Nauseam: o gotejamento, a sugestão

elemento poético. Neste sentido, quando uso o sangue

de conexões e o questionamento político. Há uma linha

falo da vida, falo da morte, falo da dor – viver dói.

tênue de sangue que liga e divide, ao mesmo tempo, as

No trabalho Res Non Verba (Fatos e não palavras, em

palavras Abeas Corpus (que tenhas o teu corpo). É certo

latim), um tríptico, expresso as relações entre o corpo,

no nosso cotidiano o uso deste termo jurídico, que muitas

asferramentas e as palavras. São aproximações de situações

vezes representa a impunidade, nos casos em que a noção

que retratam justamente a dificuldade e a dor pelo fato de

de justiça pode ser questionada. Isso me leva a refletir

“estar vivo”; do corpo que habita o plano político e social,

sobre a expressão latina usada com frequência em nossa

e que não sai ileso.

sociedade, em relação ao corpo social.

No trabalho Ad Nauseam, em meio aos gotejamentos de sangue há uma linha que liga a palavra Ad Nauseam 15


dIRNEI PRATES

Artista Selecionado

Porto Alegre-RS O sacrifício de Isaac – Série Júpiter, Netuno e Plutão Deposição – Série Júpiter, Netuno e Plutão Repouso na fuga para o Egito – Série Júpiter, Netuno e Plutão Fotografia | 2014

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Júpiter, Netuno e Plutão. Desde 2007 venho utilizando

instaurando nas imagens, uma aura de brutalidade e

apropriações nos meus trabalhos em vídeo e fotografia.

redenção que aproxima os retratados dos anônimos,

Nestas imagens, absorvidas quase sempre do meu entorno

quase sempre marginais, reinventados nas pinturas de

imediato, procuro alguns padrões que evidenciem

Caravaggio. A dualidade no tratamento dado ao trabalho

suas contradições, suas possibilidades de subleituras e

se complementa com os títulos propostos, que, a partir

interpretações pessoais. As associações entre fotografia e

desta lógica, utiliza nomes bíblicos e citações inerentes ao

pintura, recorrente em meu processo de criação, apresenta-

campo sacro, extraídos e recontextualizados dos trabalhos

se, neste caso, sob a forma de contrastes e tenebrismos que

do pintor barroco. No projeto, capturo imagens na tela do

tangenciam imagens/conceitos do período barroco, porém

computador, oriundas de sites de encontro, onde, através

reafirmam o corpo em detrimento da face. As fotografias

de webcam, seus usuários podem se exibir e conversar

resultantes do projeto, feitas a partir de pessoas comuns,

com os pretensos parceiros, numa encenação, em que, o

procuram corroborar a ambigüidade que mescla o gesto

que está em jogo é o compartilhamento de uma fantasia

aparentemente mundano e carregado de urgência, com

momentânea e sem culpa.

a naturalidade e a inocência do desejo não reprimido,

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FLORA ASSUMPÇÃO Artista Selecionada

São Paulo-SP Pequeno compêndio dos mares III, IV e V Do Compêndio das Tormentas. 2014 Fotografia | 2014

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A artista propõe uma reflexão visual de aspectos da

Flora trabalha sobre imagens do sublime, aquelas que

relação do homem com a natureza, sempre pautada

submetem a humanidade à sorte dos fenômenos mais

pela interferência, poder e dominação. A série ‘Pequeno

intensos e destrutivos da natureza. Nestas fotogravuras

Compêndio dos Mares’, composta por imagens produzidas

e fotografias a artista se apropria de imagens capturadas

em fotogravura (técnica do século XIX, que combina

da internet e tensiona com o conteúdo sublime das

fotografia e gravura em metal) e originada de fotografias de

tempestades, dos maremotos, editando e manipulando as

domínio público, apropriadas da internet, selecionadas,

imagens. Flora retira as imagens de sua condição pública

manipuladas, alteradas e editadas, e que evocam a

e as sequestra para o seu laboratório, submetendo-as ao

grandiosidade e o caráter incontrolável da natureza. Estas

processo artesanal, longo e delicado, como gravar uma

obras combinam uma atitude da arte contemporânea

fotografia em camadas, corroendo o metal. Lado a lado,

de apropriação com uma técnica tradicional e antiga.

as ondas gigantescas e as nuvens parecem sugerir que a

A atmosfera destas imagens é fortemente inspirada pela

grandiosidade e a violência desses fenômenos possuem

literatura de Gabriel Garcia Márquez, em seus escritos sobre

uma dimensão intimista, privada, secreta, como se fosse

o mar, especialmente o conto ‘O Mar do Tempo Perdido’.

possível reduzir a sua fúria e estudá-la detalhe por detalhe,

“Em ‘Pequeno Compêndio dos Mares, do Compêndio das

como uma célula ou um sistema filosófico.”1

Tormentas’, a artista reelabora a combinação que talvez seja a mais forte de sua trajetória: a estética funcional da máquina da natureza e o imaginário fantástico.

1 Trecho de texto crítico de Lucas Oliveira (artista e curador independente, educador do MAM-SP).

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EDU SIMÕES

Artista Selecionado

Karimu - Estas imagens foram feitas durante a minha

ferro, esquentado em brasa, usado para marcar os negros

terceira e mais demorada visita a Angola. Foram 15 dias

no momento do embarque, no ato da cobrança dos direitos

de convivência, que me remeteram fortemente à primeira

de exportação. Era um ritual macabro de legalização

viagem para fora do meu estado, no final dos anos 1970,

e inclusão do escravo no sistema comercial europeu.

quando visitei Salvador e o interior da Bahia. O poeta

Karimbo ou carimbo, derivado da palavra karimu, significa

angolano Arlindo Barbeitos diz que “O brasileiro que

marca em quimbundo (a língua principal falada em Angola

conhece a história de África conhece um pouco a sua

ainda hoje, depois do português): Ka = prefixo diminutivo;

história/.../ porque ela é uma parte do passado, também

rimu = marca.21 Carimbo e marca são duas palavras muito

do seu país”. Nós brasileiros devemos visitar estas

instigantes e significativas para se pensar a constituição

imagens como se estivéssemos diante de um espelho

africana na identidade do povo brasileiro, ou seja, a minha

ancestral, ainda que enturvado pelo tempo. Da mesma

(nossa) própria identidade, por mais branca que pareça

forma, os angolanos e africanos em geral, e também o

a minha (nossa) pele. Essa pele negra, marcada a ferro

resto do mundo, somos praticamente todos filhos do

quente, chegou ao continente americano para se misturar

tráfico negreiro. Essa terrível prática transformou o mundo

à pele indígena nativa, e ambas ao europeu português, na

como um todo, a partir da segunda metade do século

maioria das vezes, através do estupro. Somos todos pretos

XV, e no Brasil perdurou até 1888. Por esta prática foram

e índios, indistintamente.

travadas inúmeras guerras. Por esta prática foram tecidas retóricas filosóficas e religiosas. No contexto do tráfico negreiro, Karimbo era o ferrete oficial feito de prata ou

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2 Luiz Felipe de Alencastro. O Trato dos Viventes, Companhia das Letras.

São Paulo-SP Vendedor de macaco (díptico 1) Nelinho (díptico 2) Januário Francisco (díptico 3) Fotografia | 2014

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PEDRO DAVID

Artista Selecionado

Belo Horizonte-MG Sem Título – Tríptico da série Impureza Fotografia | 2014

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A discussão acerca do avanço do “progresso” sobre

pelo marketing industrial e seus materiais mais baratos,

a natureza é um tema crucial para a continuidade da

dinâmicos e descartáveis, que passam a povoar os desejos

vida no planeta. Todos os dias temos notícias sobre os

e a habitar a paisagem. Ao mostrar, através de fotografias,

impactos nefastos da poluição, sobre a dificuldade de

o impacto gerado pela ocupação humana em ambientes

aprovação de planos de contenção da destruição causada

onde ela não é tão óbvia e tão dominante como nos

pelas indústrias com as emissões de gases e dejetos. Com

grandes centros, pretendo levar o expectador a refletir

Impureza pretendo lançar um olhar para as mudanças que

sobre este impacto e adotar uma postura conservacionista,

o homem do interior enfrenta hoje, mas ainda não está tão

ainda que tardia. Impureza, ainda que tenha sido realizada

transformado quando o ser urbano. Pretendo investigar a

(até o momento) somente no Brasil, conecta as zonas

transformação dos hábitos e do ambiente, da arquitetura,

rurais de todo o mundo, pois a globalização irrefutável

a profusão de cores dos novos tecidos, das imagens

por que passamos na contemporaneidade deixa marcas de

televisivas e impressas pela publicidade, a substituição do

sua presença em todo o mundo.

modelo tradicional de vida pelas novidades apresentadas

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luciana magno

Artista Selecionada

As ações performáticas de “Orgânicos” buscam uma

Por meio de estratégias afetivas inatas ao corpo do

apropriação do espaço vegetal e da relação deste corpo

cartógrafo performático é possível a construção de outra

que é composto em sua base por moléculas de carbono

geografia que se expande aos limites das geografias física e

e hidrogênio, encontradas na constituição de qualquer

humana – uma geografia difusa que comunga a invenção

matéria viva. A simbiose inicia na organicidade, no

de um outro espaço/corpo.

sentido que estes dois elementos, corpo e vegetação, são Belém-PA Pedra do Sol Performance direcionada para vídeo | 2014

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compostos pela mesma matéria, organizada de formas distintas pela formação celular.

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RAQUEL UENDI

Artista Selecionada

Os trabalhos “A Boa Onda”, “Tons” e “Impacto” são

a sua função tradicional de proteção do objeto (como

resultantes da pesquisa em que a artista Raquel Uendi

a moldura), dando-lhe outro estatuto, tornando-o uma

pontua uma síntese básica em sua prática: a harmonia

ferramenta para edição de algum sentido escamoteado

entre imagem e forma.

“embaixo” das imagens. Quanto às fotografias, a artista se

Para tal, vale-se de diversos materiais. No caso das três obras, utiliza o vidro, fazendo com que o material perca

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utiliza de diversos tipos de ampliação, impressão e papéis, num processo livre e variável.

São Paulo-SP A Boa Onda Tons Impacto Objeto | 2014

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JOSÉ VIANA

Artista Selecionado

S11D (ou projeto para Salvaguardar Pedras), 2014. José Viana em colaboração com Camila Fialho faz uso de

Pará, em áreas mapeadas para a mineração, no contexto de implementação do próximo grande projeto

estruturas do sistema das artes – linguagem, plataforma

S11D, localizado na Serra Sul, corpo mineral 11,

expositiva e acervo – para salvaguardar um pequeno

bloco D. Sobre o processo, visite o site: projetopara

conjunto de pedras com alta concentração de ferro, que

salvaguardarpedras.tumblr.com/

foram coletadas na Floresta Nacional de Carajás, no sul do 28

Belém-PA S11D (ou projeto para salvaguardar pedras) Tapete Carajás Fotografia | 2014

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melissa barbery

Artista Selecionada

Expressar o que é a intimidade pode ser complexo, podendo ser diferente de um relacionamento para outro,

Belém-PA #íntimogrãoColeção01 Fotografia | 2014

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através da Hashtag #íntimogrão, alocada no aplicativo Instagram.

ou mudando com o passar do tempo, em um mesmo

A compilação que aqui se apresenta recebe o título

relacionamento. Para algumas pessoas a intimidade está

de #íntimogrãoColeção01, e consiste numa extensão do

conectada às relações sexuais, para outras a intimidade

trabalho acima citado, das possibilidades de combinação

é o que permeia a relação em momentos convividos

e recombinação de imagens veiculadas nas mídias sociais,

entre dores e alegrias. Seja como for, a intimidade está

ampliando a concepção expressiva em uma proposição

pautada em sentimentos e afetos entre parceiros em um

que convida o expectador a vivenciar uma experiência

relacionamento. Para mim, neste momento se traduz em

ativa, propondo ao visitante que produza a sua própria

imagens que se agrupam em um acervo que se materializa

compilação do #íntimogrão. 31


COSTA & BRITO Artistas Premiados

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33


COSTA & BRITO Artistas Premiados

O vídeo apresenta ações realizadas pela dupla COSTA & BRITO em ambientes extra-artísticos, onde desenvolveram soluções – através do corpo – com os

ATIVIDADE Nº 4. Nesta atividade foram utilizadas duas

materiais encontrados no contexto de cada atividade

tábuas, dispostas na arquitetura local de forma que fosse

ATIVIDADE Nº 2. A atividade consiste em equilibrar dois

possível sustentar e percorrer esta nova estrutura. Para

cavaletes de bloqueio de acesso, dispostos ao lado do

isso, enquanto um corpo cumpria a função de manter esse

posto de segurança da Polícia Civil, na estação de metrô

arranjo, o outro caminhava sobre este patamar construído

Palmeiras- Barra Funda (São Paulo-SP). O trabalho dialoga

temporariamente. A atividade é encerrada quando esta

entre uma atividade relativamente simples, mas realizada

estrutura torna-se uma rampa, justamente para a descida

em um local restrito, criando, assim, um ambiente

de quem já percorreu toda a sua extensão.

problematiza (e proíbe) a atividade.

34

suas relações estruturais (disposição desses objetos).

31

tenso entre os elementos equilibrados e um espaço que

São Paulo-SP “Atividades” Vídeo | 2014

experiência travada com o corpo, e conseguida através de

ATIVIDADE Nº 5. A partir de um poste cilíndrico de metal, chumbado na lateral de um pátio, a ação é iniciada

ATIVIDADE Nº 3. Ação baseada na utilização de

com o equilíbrio de um caibro de madeira sobre o poste

materiais encontrados no local de trabalho, segundo

através do peso e contrapeso provocado pela dupla

as suas funções primárias e de modo sincrônico. Desta

na realização dos movimentos básicos de locomoção

maneira, a atividade está concentrada na solução para

(braquiação e elevação). Equilibra-se a estrutura (caibro

uma escada e uma cadeira (objetos utilizados) naquele

sobre

espaço. A funcionalidade de cada objeto se dá na

coordenados.

poste)

através

de

deslocamentos

corporais

3 Com execução da atividade nº 2, todas as ações foram realizadas nas imediações do Instituto de Artes da Unesp (São Paulo-SP)

35


vitor mizael

Artista Selecionado

São Paulo-SP Sem Título – Série Diorama Interferência | 2014

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Quais os limites existentes entre as necessidades

envolvem as dinâmicas museológicas o material necessário

de salvaguarda museológica e as políticas às quais

para provocar um debate, levantar questionamentos e

essas necessidades estão subordinadas? Quais são os

propor diálogos. Mais que um “objeto” finalizado, a obra

mecanismos envolvidos na eleição daquilo que é tomado

se corporifica num processo dialógico e provocativo.

como necessário ao registro da nossa memória? Existe o

Inicialmente buscou-se um diálogo com o Museu

arquivo como mecanismo necessário à salvaguarda da

Paraense Emílio Goeldi, visando entender quais valores

nossa cultura – ou como exploração fetichista de um

simbólicos são atribuídos ao seu acervo de animais

sistema cujo propósito é difuso e sem direcionamento

taxidermizados. Essa conversa inicial repousava sobre a

claro? Há um pensamento museológico que vai além das

solicitação de empréstimo desse acervo e sua exibição

especificidades de cada museu e permeia os interesses

no Arte Pará, numa montagem claramente diferenciada

conservacionistas e de exibição em várias vertentes? Quais

daquela em que os animais se encontram no Museu. A

os diálogos possíveis de serem estabelecidos entre um

negativa do empréstimo era uma potencialidade desde o

Museu de Ciências Naturais e uma instituição dedicada

início. Contudo, mais que a posse dos objetos, estavam

às Artes?

em jogo os ditames burocráticos e conceituais envolvidos

O trabalho aqui apresentado configura-se como

nesse processo. Desse modo, não eram as respostas que

uma metáfora das situações que envolvem os arquivos

importavam, mas sim as questões surgidas a partir do que

contemporâneos e busca na observação das situações que

foi observado.

37


HENRIQUE CÉSAR

Artista Selecionado

São Paulo-SP Frota Desenho | 2014

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Procuro pistas para acessar um universo oculto. Não

uma pintura. A linguagem do desenho se faz presente no

penso nos códigos dificilmente decifráveis, mas nas

ponto de partida para a materialização de cada ideia que

situações quase óbvias do mundo, escondidas dos olhos

surge. Para concluir a breve partilha do meu processo de

humanos, frequentemente nus ou despreparados. Me

trabalho, penso que se o dia a dia e a cultura são notados

utilizo de diversas mídias para devolver ao mundo o que

dentro de um espaço e tempo comuns, não resta outra

se apresenta na minha percepção. No entanto, geralmente

alternativa para a arte, a não ser acessar outro lugar,

é por meio do desenho que começo a pensar o que será

invisível, porém elétrico, localizado entre o vácuo e o

produzido, seja o trabalho final um vídeo, um objeto ou

nada. 39


ricardo villa Artista Selecionado

São Paulo-SP Espaço Revelado #4 e #5 Fotografia | 2014

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Espaço Revelado é uma série de ações que consiste

histórico e atual, trazendo à tona o seu soterramento

no transporte de um aparato de luz composto por uma

temporal e apresentando-o como referência sociocultural,

lâmpada fluorescente e uma bateria de carro. Esse aparato

especulando outras dimensões simbólicas dos processos

é instalado em lugares que se encontram em estado de

de configuração das cidades, e como uma operação que

abandono, e com condições mínimas de luminosidade.

articula duas realidades: a realidade material do espaço

O dispositivo é montado nesse lugar-resíduo, com o

ocupado e a realidade sensível do espaço percebido ou

objetivo de fazer surgir/revelar/iluminar o lugar em

transformado.

questão, visando confrontar, subjetivamente, os contextos

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ANDRÉA BARREIRO Artista Selecionada

São Paulo-SP Sem título – da série Estudo para uma memória – vol 1. Fotografia | 2014

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O projeto Estudo para uma memória - vol 1 é

se mostra líquida, e os vestígios que sobram transgridem o

constituído de um texto literário e um ensaio fotográfico.

sentido de origem, de congelamento de um determinado

Na instância do texto, um sujeito oculto está presente em

instante. Os índices que permanecem: a composição, os

frases curtas e insiste na repetição do verbo “lembrar”. A

gestos e luzes, ativam uma memória coletiva dividida/

linguagem utilizada evidencia um aspecto circular, como

construída/partilhada na cultura. O legado individual

uma ladainha. Na descrição de situações cotidianas, ele se

se dissolve. Rompem esta fluidez imagens de aparência

esforça para construir recordações.

“sólida”, com foco definido e contornos evidentes. Em

Na esfera visual, o álbum de família é readquirido pelo

um mundo limítrofe onde imaginação e realidade se

ato de refotografar as imagens guardadas. Documentos de

confundem, estas cenas tencionam o espaço visual e

uma época, de suporte sólido, papel fosco, e densidade

reafirmam ficções. O instante contido no ontem, no hoje

do preto e branco, essas imagens são manipuladas até

e no agora está no que acabamos de lembrar, no que

perderem a rigidez, por meio de interferências e distorções.

acabamos de esquecer, no que criamos.

No gesto da autora “desmancham-se” as bordas, contornos e superfícies. A imagem se dilui como uma memória que

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rodrigo arruda

Artista Selecionado

Se há um ponto em comum entre os meus trabalhos

sua vez, apresenta-se paradoxalmente dotada de massa e

nesta exposição, afirmo que todos são vulneráveis ao

de volume. De modo igualmente contraditório, o prego

contato com o público, não apenas no que diz respeito

de vidro (ou seria vidro em forma de prego?) resiste ao

à possibilidade de serem destruídos, mas frágeis e

consentir a função de pregar, como se questionasse sua

suscetíveis ao olhar desatento. Trata-se de obras discretas,

própria razão de existir. Já 1g de ar, com uma amostra de

sutis -- por vezes invisíveis? Ao mesmo tempo são

ar paralisada e isolada, ressalta um caráter que me parece

concisas, simples, precisas e, curiosamente, são a negação

importante neste conjunto: são trabalhos que partem do

delas mesmas. A argila reluta em tornar-se linha. Esta, por

mínimo e funcionam enquanto unidade.

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São Paulo-SP Sem título 1g de ar Sem título Objeto | 2014

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Davilym dourado Artista Selecionado

Borá é o resultado da sobreposição de 450 imagens

longo dos anos os objetivos iniciais foram se transformando,

dos moradores de Borá-SP, considerado o menor

à medida que entrava em contato com os moradores em

município do Brasil, com população de 805 habitantes,

suas singularidades. Distanciando-me da perspectiva de

segundo o censo de 2010. Borá é retratado através de seus

retratá-los em seus afazeres cotidianos, as singularidades

moradores, em uma única imagem, deixando no ar uma

deram lugar à multiplicidade, e a partir da técnica de

interrogação: é possível materializar a multiplicidade de

sobreposição foram utilizados 450 retratos para se chegar

rostos em um único retrato? A partir da experiência da

a esta imagem fantasmagórica, múltipla, indiscernível, que

metrópole, Davilym Dourado iniciou o seu percurso de

provoca o olhar, deslocando-nos de um lugar confortável

pesquisa para entender o modo de vida dos boraenses,

para um turbilhão, uma espécie de redemoinho que

cuja população inteira caberia em qualquer condomínio

coloca a imagem em movimento, revelando as camadas

de uma grande cidade. A imagem que encontramos é fruto

processadas na justaposição caleidoscópica. A exposição

de um processo de quatro anos de pesquisa imagética

possibilita uma experiência psicodélica – termo de origem

através de viagens, conversas, estabelecimento de uma

grega, que articula a psique e o delos, ou seja, a alma

rede de contatos. O projeto inicial era de retratar todos

e a manifestação. A partir do retrato, o que vemos é a

os habitantes – uma espécie de censo de imagens, mas ao

manifestação da existência para além da visualidade.

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São Paulo-SP Borá Fotografia | 2014

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luciana magno Artista Premiada

Belém-PA Trans Amazônica Performance direcionada para vídeo | 2014

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Cabelos longos, longuíssimos, protegem o corpo, a

expande aos limites das geografias física e humana –

poeira levanta e cobre este mesmo corpo na curva de

uma geografia difusa que comunga a invenção de um

piçarra. Luciana Magno está em toda e qualquer rodovia

outro espaço/corpo. A artista intriga as consciências do

que rasga a mata-floresta. O vídeo da série “Orgânicos”

corpo. Corpo este individual, social, político, plástico e

revela estratégias afetivas natas ao corpo do cartógrafo

expressivo.

performático e constrói uma outra geografia que se

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JULIANA NOTARI

Artista Premiada

Ao lado do edifício em que eu morava em Belém havia

do órgão municipal responsável pelo cemitério e recolhi

um antigo cemitério abandonado chamado Soledade,

no próprio cemitério, com a ajuda de Mineiro, um dos

que foi construído por volta de 1850 e funcionou apenas

funcionários encarregados da manutenção do cemitério,

por 30 anos. Sempre gostei de visitar cemitérios, onde é

o material para a limpeza. Vestida de branco como uma

possível ter contato com um ambiente de paz. O “campo

enfermeira, juntamente com a equipe iniciamos a filmagem

santo” é um local de conciliação ou de confronto com a

às 5h da manhã e terminamos às 16h. Foi um trabalho

morte.

exaustivo e de muita paciência. Eu estava fisicamente

O Soledade, no entanto, não é um cemitério

debilitada, como se meu corpo também precisasse

abandonado. Muito pelo contrário, é o cemitério mais

estar “limpo”. Para realizar este trabalho passei um mês

vivo que já visitei. A cultura religiosa de Belém devolveu

sem comer proteína animal. Ao término da limpeza do

a vida ao cemitério abandonado: apesar de ser tombado

mausoléu eu me senti transformada em uma escultura de

pelo IPHAN, continua desprezado pelo poder público.

mármore. A minha roupa branca ficou muito suja e o limo

Mesmo sentindo certo pesar pelo descaso público, fui

verde que estava no mármore passou para a minha pele.

tomada por uma sensação de felicidade. Durante a a visita

As esculturas que estavam sujas ficaram brancas após a

fiquei intrigada com um mausoléu que aparentava ser o

limpeza. Mesmo tentando organizar e limpar a morte

maior e o mais bonito de todos. Assim que suas portas se

(tão presente no mausoléu), senti que de alguma forma

abriram percebi que tinha encontrado um local para o meu

ela retornou a mim através da sujeira do mármore. Tive a

trabalho. Passaram-se alguns dias, e em outra visita me dei

sensação de que dei um pouco de vida ao mausoléu e ele

conta de que o trabalho seria uma performance, em que

me deu um pouco de morte.

eu executaria uma limpeza do local. Consegui autorização

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Rio de Janeiro-RJ Soledad Performance direcionada para vídeo | 2014

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mariana marcassa

Artista Selecionada

Banzo é o nome que se dá ao estado em que os negros

Mas se entendêssemos o Banzo como um campo

africanos ficavam nas senzalas brasileiras. Era uma espécie

expandido? Ou como uma sensação que surge com o

de tristeza profunda que se manifestava nos escravos, por

tráfico Atlântico, desenrola-se sinuosamente ao longo das

estarem longe da sua terra natal. Um escravo com banzo

histórias e produz múltiplos efeitos? Ou algo que assola

ficava em profundo silêncio, sentia muito fastio, dores e a

a invenção do Brasil, e com ela todo um percurso de

liberdade abortada, sofrimento continuado pela aspereza

massacres, dores e esmagamentos de corpos e vozes que

com que o tratavam. Era uma espécie de melancolia

não ganharam espaço ao longo da história? Se pensássemos

aguda, um absoluto desgosto da

vida. Sentia dor em

no Banzo como um afeto que, especialmente por ser

relação àquilo que já não mais poderia, onde o ‘eu’ já não

de um silenciamento de vozes minoritárias, insiste na

podia ser o mesmo. Mais que isso, onde o ‘eu’ já não pode

urgência de se expressar aqui e acolá através de diferentes

se redesenhar frente às forças que o assolaram, levando-o

modos de vida?

ao suicídio forçado. 58

São Paulo-SP Banzo 1 Performance | 2014

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luísa nóbrega Artista Selecionada

São Paulo-SP Eject, rewind Cântico Eco ou reescrita: nunca te disse que ia durar Ação Performance | 2014

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luísa nóbrega

Artista Selecionada

As três ações de Luísa Nóbrega exploram uma mesma

Janeiro, no dia 21 de dezembro de 2012, data prevista

zona de ambivalência: a boca, que acumula funções tão

para o fim do mundo, Luísa permanece quase imóvel

complexas quanto falar, morder e engolir. Trata-se de

sobre uma cadeira durante o tempo que leva para um

um órgão peculiar, híbrido, que transcende a fronteira

copo se encher de saliva. Em Eject, rewind, a artista

entre o sujeito e o mundo, entre o corpo e a linguagem,

descobre que o tempo que se leva para engolir uma fita

a biologia e a cultura. Cabe a ela fazer a mediação entre

magnética é aproximadamente o mesmo tempo que se

dois espaços imprevisíveis: a zona úmida das vísceras,

leva para reproduzir uma fita cassete. Em Eco ou reescrita,

onde os tecidos se movem, se devoram e se regeneram,

por fim, as 24 horas do dia são divididas pelos 60 minutos

e o tabuleiro de xadrez da linguagem, onde aquilo que

em que uma mesma fita cassete reproduz a voz da artista

falamos necessariamente se distorce, ganhando sentidos

continuamente, enquanto ela grava e escuta os lados A

múltiplos e imprevisíveis. Em cântico, realizada na parte

e B alternadamente, e num ciclo repetitivo, cada nova

de trás de uma igreja no Morro da Conceição, no Rio de

gravação apaga a anterior.

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São Paulo-SP Eject, rewind Cântico Eco ou reescrita: nunca te disse que ia durar Ação Performance | 2014

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Amazônia – Ciclos de Modernidade Sala Especial

Salas Expositivas

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Cláudia anduja Artista Convidada

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guy veloso

Artista Homenageado

pierre verger

Artista Convidado (1902-1996)

Casa das Onze Janelas

Sala Waldir Sarubbi Projeções de Guy Veloso e Pierre Verger

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guy veloso

Artista Homenageado

Este ano Arte Pará homenageia o artista Guy Veloso,

Brasil e no mundo, Guy Veloso aposta na arte como um

com sua obra dedicada aos encontros da fé. Sua câmera

lugar de diálogo e de entendimento, para a consolidação do

é tenaz na busca por imagen da rica diversidade religiosa

respeito devido por todos a cada um. Nessa compreenção

Belém-PA

brasileira, com suas diferenças e convergências. Um tempo

podem estar as soluções para a humanidade.

Devota faz oferenda, Festival de Iemanjá em Icoaraci,

de insidiosa intolerância das doutrinas fundamentalistas no

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Paulo Herkenhoff

distrito de Belém-PA, 2013. Digital. Festival de Iemanjá em Icoaraci, distrito de Belém-PA, 2013. Digital. Fotografia | 2014

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Belém-PA Ritual de iniciação, Candomblé Ilê Asé Iya Oguntè Oguntè, Ananindeua-PA, 2014. Digital. Fotografia | 2014

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Esta sala especial objetiva traçar um paralelo entre

corpo sua entidade de “cabeça”, fotografá-los; tudo ganha

a produção destes dois fotógrafos, evidenciando suas

horizontalidade em importância humana. É o humano

particularidades, assim como a sua complementaridade.

que vê, fotografa e participa; é o humano que “baila”

Pierre Verger e Guy Veloso, parceiros devocionais?

e participa; é o humano em contato com o divino que

A complexidade dos ritos afro-amazônicos, pontuados

participa. É o desejo humano que se estabelece e busca

nos vértices de um arco temporal extenso, compreendido

compreender-se através deste jogo de cena imagético,

num hiato de quase 70 anos, desdobra-se nestes olhares

repleto de significados, muitas vezes imperceptíveis

atentos que percebem e se sensibilizam, cada um ao seu

ou acintosamente ocultados neste panorama da rica

modo, na minúcia dos gestos transcendentes.

experiência de ocupação da Amazônia.

O transe, o movimento do corpo, a movimentação

Esta mesma Amazônia que traz em si o contraditório,

do grupo de onde a cena emerge, e rapidamente imerge,

o revelador, naquilo que a fotografia vocaciona explicitar

o ato social. Tudo é motivo de atenta investigação que

do que hoje é chão, terra firme, multiplamente habitada,

ultrapassa o mero documentar. Verger e Guy, observadores

grão. Verger e Guy, mensageiros devocionais?

participantes devocionais? Tomar uma cuia de mingau de açaí com arroz na

Armando Queiroz

beirada do mercado do Ver-o-Peso, receber em seu

Curador Assistente

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Belém-PA Dia de Exu, Terreiro de Mina do Rei Sebastião e Toya Jarina, Belém-PA, 2013. Digital. Fotografia | 2014

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Belém-PA

Belém-PA

Mulher em transe, festa de Exu, Terreiro de Mina do Rei Sebastião e Toya Jarina, Belém-PA, 2013. Digital.

Festa da Negrita, Manso Mamsubando Keke Neta Nangetu, Belém-PA, 2013. Digital.

Fotografia | 2014

Fotografia | 2014

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Belém-PA Ritual para Exu, Terreiro de Mina do Rei Sebastião e Toya Jarina, Belém-PA, 2013. Digital. Ciganos na Festa da Negrita, Manso Mamsubando Keke Neta Nangetu, Belém-PA, 2013. Digital. Fotografia | 2014

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"A palavra religião vem do verbo latino religare, que

ideia sobre o outro. E ao mesmo tempo pensar que a tarefa

significa religar os homens. Então, se essa palavra, se essa

dos que querem um mundo mais democrático é não só

força, se essa junção, se essa crença que é a fé pode trazer

trazer essas religiões afrodescendentes à visibilidade, mas

paz às pessoas, que voltemos à sua origem etmológica

compreender que elas – como Verger e Rubens Valentim

no sentido de conectar e não de separar as pessoas, e

compreenderam – não estão no campo do folclore; nem

ao mesmo tempo insistir que todos devemos respeitar a

no campo da superstição, mas estão no campo dos valores,

religião de cada um. No caso das religiões afro-brasileiras,

os mesmos que ligam as pessoas".

esta violência exacerbada é algo que remonta a momentos obscuros da sociedade ocidental, de se impor através de

Paulo Herkenhoff

métodos, sejam eles psíquicos, políticos, físicos etc., uma 79


pierre verger Artista Convidado (1902-1996)

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eLAINE ARRUDA Artista Selecionada

O trabalho apresentado é uma gravura em metal, com

no visitante uma reação contemplativa. Para o Arte Pará

dimensões de 12m x 1,20m, produzidas a partir do meu

proponho o inverso: uma sensação de enclausuramento,

interesse pela paisagem. O encontro do corpo com a

ao ocupar integralmente a sala com o conjunto de 10

imensidão das grandes escalas sempre me atraiu sensorial

estampas de 1,20m a 3m. Dessa forma, ao entrar no

e processualmente. Estes trabalhos foram produzidos em

ambiente o visitante vai se envolver com o trabalho.

2013, como parte do processo de pesquisa com apoio da

Essa disposição espacial muda a relação do corpo com o

Bolsa Funarte de estímulo à produção em Artes Visuais. As

espaço, a escala, portanto, com as sensações que o mesmo

obras foram apresentadas em situações expositivas onde a

evoca.

imensidão era a questão central do trabalho, que provoca 86

Belém-PA Outras Paisagens Gravura/Instalação | 2014

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edivania andrade

Artista Convidada

INDUMENTÁRIAS

Osum foi o nome dado a um rio na Nigéria, em Ijexá. Deusa do ouro, riqueza e do amor, Osum pertence

Figurinos de divindades do candomblé que exibem a

ao ventre da mulher, e ao mesmo tempo controla a

exuberância da cultura afro-brasileira. São indumentárias

fecundidade, por isso as crianças lhe pertencem. Dona dos

de três orixás, criadas pela artista plástica e estilista

rios e cachoeiras, gosta de usar colares, jóias, perfumes e

paraense Edivânia Câmara (Yiatundê).

tudo relacionado à vaidade feminina. Osum é destemida

Com esta exposição, pretende-se mostrar a marcante

diante das dificuldades enfrentadas pelos seus. Ela usa a

presença dos africanos na cultura brasileira, seja na

sua sensualidade para salvar a sua comunidade da morte.

linguagem, na culinária, na música, na dança, nas artes

Dança com seus lenços e o véu, seduzindo todos à sua

plásticas, nos rituais e na religiosidade. Para compor os

volta.

figurinos dos orixás, que são as divindades do candomblé, a

Enfrenta o perigo quando Olodumare, Deus supremo,

artista utilizou elementos da cultura africana, empregando

ofendido pela rebeldia dos orixás, prende a chuva no

uma grande variedade de materiais como tecidos de

Orum (Céu), deixando que a seca e a fome se abatam sobre

várias texturas e cores, contas (colares de miçangas),

o aiê (a Terra). Transformada em pavão, Oxum voa até

búzios, correntes de metal, flores, cabaça e espelho. Vale

o Deus maior para suplicar ajuda. Yabá (Orixá feminino)

destacar a adequação do figurino às características de cada

não tolera o que considera injusto. Da beleza à destreza,

divindade representada.

da fragilidade à força, com toque feminino de bondade, é

A exposição não tem nenhuma intenção religiosa.

assim o jeito dessa deusa-heroína chamada Osum.

Apesar de as indumentárias expostas representarem a

Assim, Osum se torna senhora do jogo de búzios.

religião afro-brasileira, o que se pretende é promover um

Beleza, agilidade e astúcia são ingredientes do sucesso

encontro com um capítulo da história do Brasil, escrito

deste orixá. No amor, Osum é ardorosa, de tão formosa

pelas culturas africanas, através da estética, das formas

e quente que é. Osum luta para conquistar o amor do seu

plásticas da arte.

amado, e quando consegue é capaz de gastar toda a sua riqueza para mantê-lo. Afinal, Oxum quer ser amada, e

OSUM, “SENHORA DAS RIQUEZAS” Na aurora de sua civilização, o povo africano, possivelmente conhecido pelo nome de Iorubá, acreditava

todos sabem que ela deve ser tratada como uma rainha, ou seja, com roupas finas, joias e boa comida – tudo a seu gosto. A beleza é o maior trunfo do orixá do amor.

que forças sobrenaturais impessoais, espíritos ou entidades

Com suas jóias, espelhos e roupas finas, Osum satisfaz

estavam presentes nos objetos e nas forças da natureza.

o seu gosto pelo luxo. Ambiciosa, ela é capaz de geniais

Muitos desses espíritos passaram a ser cultuados como

estratagemas para conseguir êxito na vida. E assim Oxum

divindades, mais tarde designados Orixás, detentores do

torna-se “senhora de tanta riqueza, como nenhuma outra

poder de governar aspectos do mundo natural, como o

Yabá (Orixá feminino) jamais o fora”.

trovão, o raio e a fertilidade da terra, enquanto outros foram cultuados como guardiões de montanhas, cursos d’água, árvores e florestas. 88

Salão das Artes

Belém-PA OŞUM. IYEMANJÁ. NÀNÁ Cenografia e figurino: Edivânia Câmara Iyatunde Indumentárias ritualísticas pertencentes ao templo Ilê Asé Agaro Níle. Instalação | 2014

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YEMONJÁ, “RAINHA DE TODAS AS ÁGUAS”

O abebé (leque prateado em forma de peixe, com o cabo a partir da cauda) é uma insígnia real que lhe

Yemanjá, a Rainha do Mar, mãe de quase todos os orixás, é exaltada por negros e brancos. Possui vários nomes: sereia do mar, princesa do mar, rainha do mar, Inaé, Mucunã, Janaína, Princesa de Aiocá, Sereia e Maria. “Afrodite brasileira”, Yemanjá é a padroeira dos amores e muito solicitada em casos de desafetos, paixões conflituosas, desejos de vinganças, tudo pode ser conseguido caso ela consinta. Yemanjá exerce um fascínio nos homens, sendo o estereótipo da beleza feminina. Ela tem poderes sobre todos aqueles que entram em seu domínio, e é venerada e respeitada por todos. Segundo a lenda, é ela quem decide o destino das pessoas que adentram seu império: enseadas, golfos e baías. Dona de grandes poderes, a tranquilidade do mar ou as tempestades estão sob o seu domínio. Em cada lugar do Brasil Yemonjá é festejada em datas diferentes, variando de um lugar para outro, quando os devotos entregam suas oferendas como velas, espelhos, pentes, flores, sabonetes e perfumes, na esperança de que ela leve todas as tristezas, problemas e aflições para o fundo do mar e traga dias melhores. Yemonjá também é conhecida como a deusa lunar. Ela rege os ciclos da natureza que estão ligados à água e caracteriza a “Mudança”, à qual toda mulher é submetida devido à influência dos ciclos da lua. Com o casamento de Obatalá, o Céu, com Odudua, a Terra, iniciam as peripécias dos deuses africanos. Dessa união nasceram Aganju, a Terra, e Yemonjá (yeye ma ajá – mãe cujos filhos são peixes), a Água. Como em outras antigas mitologias a terra e a água se unem, com Yemanjá vieram mais dois orixás yorubanos: Osum e Nanamburucu. Durante os milhões de anos que se seguiram, antigas e novas divindades foram e unindo ao famoso Orixá das águas, como foi o caso de Omolu, que era filho de Nanã, mas foi criado por Yemanjá. Antes disso, Yemanjá dedicava-se à criação de peixes e ornamentos aquáticos,

conferiu amplo poder de atuar sobre todos os rios, mares,

vivendo em um rio que levava seu nome e banhava as

mais vaidosa, em nome da qual desprezou o seu filho

terras da nação de Egbá.

primogênito com Osalá, Omulu, por ter nascido com

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e oceanos e também dos leitos onde as massas de águas se assentam e se acomodam. Na África, a origem de Yemanjá também é um rio que desemboca no mar. De tanto chorar o rompimento com seu filho, Oxóssi, que a abandonou e foi viver escondido na mata. Yemonjá se derreteu, transformando-se num rio. É a mãe de quase todos os orixás de origem Iorubá. Apesar dos preceitos tradicionais relacionarem tanto Oxum como Yemanjá à função da maternidade, cada uma domina a maternidade num momento diferente. Mãe de quase todos os Órisa é a deusa da compaixão, do perdão e do amor incondicional. NÁNÀ, “SENHORA DA MORTE E DA VIDA” No início dos tempos, os pântanos cobriam quase toda a terra. Faziam parte do reino de Nánà Buruquê e ela tomava conta de tudo, como boa soberana que era. Era Nánà com sua majestosa figura matriarcal que não admitia contrariedades – para passar sobre o seu território, tem que pedir licença – ou pede licença ou não passa. Julgava os homens, sendo muito respeitada pelas mulheres que eram consideradas deusas. Ela morava numa bela casa com jardim. Quando alguém apresentava alguma reclamação sobre seus maridos, ela amarrava numa árvore e pedia aos Eguns para assustá-los. Nánà não era rainha de nenhum povo, e tinha poder sobre os mortos. Conta a lenda que Nánà só julgava os homens, pois ela colocava as mulheres acima do julgamento humano. Considerada a deusa das chuvas, Nánà, senhora da morte, é responsável pelo portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Em sua passagem pela Terra, foi a primeira yabá e a

várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma

Nánà era considerada como a grande justiceira.

criança assim, acabou abandonando-o no pântano. Nánà

Qualquer problema que ocorria em seu reino os habitantes

tornou-se uma das yabás mais temidas, tanto que em

a procuravam para ser a juíza das causas. No entanto,

algumas tribos, quando seu nome era pronunciado todos

Nánà era conhecida como aquela que sempre castigava

se jogavam ao chão.

mais os homens, perdoando as mulheres.

Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida

Protetora

dos

idosos,

desabrigados,

doentes

e

de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano

deficientes visuais, Nánà Buruku é a divindade das águas,

amargo e sofrido, principalmente ressentido, Nánà possui

a mais antiga de todas, muito velha e arredia, dona das

não dois lados, como tantos orixás, mas sim um orixá

águas paradas, das lagoas e dos pântanos.

dentro do outro, um conceito que foi sendo gradativamente substituído por outro, dando margem a muita confusão e contestação na forma de defini-la. 91


A selva, a borracha e o soldado

Museu Paraense Emílio Goeldi

Em tempos de guerra, costuma-se chamar de “frente

descortina. E é um mundo bem diverso do que muitos

doméstica” o trabalho de civis que, em seus respectivos

esperam, de artistas autoditatas de traço naïf: não há lugar

países, contribuem para a indústria militar ou o suprimento

para sentimentalismo, bucolismo ou comprazimento. Ao

de meios, víveres e apoio moral para seus soldados na

contrário, em Paulo impera a realidade de um interminável

frente de combate. Durante a Segunda Guerra Mundial,

conflito: a selva verde a cercar o homem por todos os lados,

o Brasil estava geograficamente distante do palco dos

a hostilidade das feras da mata, dos índios belicosos e do

conflitos na Europa, e portanto a salvo das bombas e

isolamento; a dura labuta diária; as armas e instrumentos

morteiros inimigos. Entretanto, uma parte pouco conhecida

de enfrentamento.

da nossa frente doméstica viveu condições de adversidade

Em termos de riscos à vida e aflições d’alma, Paulo

comparáveis a dos pracinhas da Força Expedicionária

mostra que os seringais do Pará nada deviam a Monte

Brasileira, sofrendo, no entanto, um número de baixas dez

Castello ou Montese. Tomara tenha ele tido a satisfação de

vezes maior.

saber que a borracha que recolheu tão penosamente tenha

Passadas várias décadas do fim da guerra, o sacrifício dos Soldados da Borracha continua sem exaltação ou

contribuído para salvar uma vida ou aliviar um pouco o sofrimento nos rincões longínquos da Europa.

mesmo lembrança. A injustiça da memória pública, a

O último trabalho de Paulo, “Transamazônica”,

traição das promessas oficiais e a angústia de um dever

permanece inacabado. Oportunamente realizado sobre

cumprido, mas não reconhecido, deve ter instilado Paulo

tecido encauchado, o mesmo material que ele contribuiu

Sampaio, um desses heróis dos Batalhões da Borracha, a

para produzir na labuta da selva, a sua inconclusão é

se expressar através dos pinceis no ocaso da vida.

de uma trágica pertinência. Pois, tanto o quadro como

Seu amigo Margalho Açu apresenta as obras do

a estrada que ilustra ou a luta pelo reconhecimento dos

Caríssimo Paulo, forçando o visitante a passar por uma

Soldados da Borracha, continuam ainda no aguardo de

tenda de campanha, semelhante àquelas em que o

um desfecho.

seringueiro alistado passou infindáveis noites na selva:

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é apenas atravessando o umbral do mosquiteiro que

Horácio Higuchi

o mundo dos Soldados da Borracha literalmente se

Coordenador de Museologia do MPEG

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PAULO SAMPAIO Artista Homenageado (1923-2014)

Caríssimo: Soldado da Borracha

construir de memória os objetos que tinha utilizado nas matas. Agora utilizava esses objetos “de forma diferente”,

O caríssimo Paulo Sampaio foi um dos Soldados da Borracha, que atendeu à convocação do governo brasileiro

Começou com desenhos (2009, 2010 e 2011, quando

para alistar-se no “Batalhão da Borracha” e entrar nas

expôs no Museu da UFPA); depois pintou em suportes

matas brasileiras em busca do látex.

de madeira e duratex (2012 e 2013), quando expôs no

Com o fim da segunda guerra, esses soldados foram

ArtePará e no Banco da Amazônia. Paralelamente passou

abandonados. Paulo passou a reivindicar reparos, e só

a pintar em tecidos encauchados com borracha natural

conseguiu benefícios a partir da Constituição de 1988.

(2013), e em 2014 pintou apenas nesses encauches.

Em 2011, o governo brasileiro reconheceu os soldados da borracha como “Heróis Nacionais”.

Marabá-PA Soldado da Borracha Instalação | 2014

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como vivências nas florestas em forma de arte.

Suas pinturas são “grafitadas” sobre um misterioso suporte branco que vaza entre as pinceladas – mesmo

Após escrever um livro, passou a desenhar e pintar

que o branco seja leitoso de látex. Sua última obra,

sobre o tema. Contudo, suas inquietações estéticas o

“Transamazônica”, ficou inacabada: metáfora daquela por

levaram a experimentar várias fases em pouco tempo:

onde andou.

tudo era urgente, pelo avanço da idade. Gostava de

Margalho Açu 97


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Ação Educativa

Aproximação para a Arte/Arte para aproximação: o Arte Pará é propício para educação? A edição do Projeto Educativo Arte Pará traz uma

discutido. A importância da presença do mediador como

reflexão importante como plataforma de trabalho, com

catalizador junto à obra de arte e o público desfez a ideia

o seguinte questionamento: os espaços do Arte Pará são

modernista da “autonomia” da obra de arte, que muitas

propícios para a educação? Com esse propósito, planejamos

vezes é determinante na arte contemporânea.

as ações pedagógicas para alcançar o objetivo desejado nessa direção.

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Outra questão relevante foi sempre colocar o público como principal agente de questionamentos e a construção

Em primeiro lugar, fomos buscar na história e memória

junto com ele – para além de uma apreciação banal, de um

do projeto Arte Pará a comunicação com o grande público,

encontro superficial, do conhecido. Assim, nos imbuímos

e constatamos que uma parte da resposta está relacionada

da ideia de colocar a arte como amiga do público e o

ao circuito de arte contemporânea em Belém. Em nenhum

público como amigo da arte.

momento da história o projeto adotou o modelo bienal.

Diante de forças conjuntas, consideramos o que Paulo

Dessa forma, a comunicação com o grande público

Freire nos disse acerca de considerarmos sempre o olhar

sempre se direcionou para um projeto cultural ao longo

do outro, que traz informações que está atrás dele e o olhar

dos seus 33 anos.

que está à frente dele. A partir daí, provocar o público

O retorno para o público e para os parceiros que

acerca da memória afetiva e cognitiva que atravessa os mais

o apoiam é interessante, pois tem promovido agentes

diferenciados campos do conhecimentos para agregar valor

multiplicadores no campo da educação, pesquisa,

com o contato íntimo e prazeroso com as obras dos artistas.

curadoria e na formação de artistas, que iniciam a sua

Tais questões foram importantes porque o nosso

trajetória no projeto como forma de legitimação e impulso

educador convidado, Paulo Portella, fez um jogo

para prosseguirem na pesquisa em arte.

interessante com os mediadores: contou uma experiência

O grande desafio a partir dessa reflexão consiste em

vivida no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

transformar o processo de formação com os mediadores em

(MASP) sobre um transeunte que ficava em frente ao museu,

encontros de se “prestar atenção” em como e onde essa

e vivia à margem, ali na rua. Paulo convidou o sujeito para

comunicação pode acontecer.

visitar o museu. Ao entrar no museu, o sujeito fez uma

Uma questão pontual foi colocar os espaços expositivos

pergunta ao Paulo. Essa pergunta, Paulo solicitou para o

como motivadores da comunicação, onde obra de arte

grupo de mediadores escreverem o que supostamente ele

e público caminham juntos. A partir dessa convicção,

tinha perguntado. Várias perguntas foram elaboradas: “De

a importância do papel do mediador foi amplamente

quem é tudo isso?” “Como faço para trabalhar aqui?” entre

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várias outras. Porém, Paulo revelou a pergunta que tinha sido feita pelo transeunte, e que veio a afirmar o quanto não devemos subestimar o olhar do outro. A pergunta foi: “Onde encontro a obra de Sandro Botticelli?” Diante desse relato, houve um desdobramento interessante e tocante sobre como se dirigir ao público, como aproximá-lo sem distinção e compreender arte como um processo pedagógico em si. Não se trata de uma explicação da obra, mas sim um convite para pensarmos as obras dos artistas como um processo, um problema para dar indicativos de várias questões, dentre elas: o pensamento crítico como um terceiro lugar, a partir das dualidades geradas no mundo como: “esquerda/direita” ou “social/formal” dentre outras. Assim, o pensamento crítico seria para criar esse lugar dialógico, sem reducionismos. É fácil criar essa metáfora para falar com o público? Existe uma fórmula pronta e acabada? É lógico que não, pois sempre a experiência será renovada – estamos falando de diálogo ativo e não de transmissão passiva. Colocar em prática o que é teorizado através da filosofia de Foucault e de tantos outros, que o expectador é também autor é sempre um grande desafio, e assim lançamos vários caminhos para ter essa experiência renovada a cada encontro com o público. Pensar e executar a comunicação entre público e artista é fundamentalmente uma possibilidade temporária, ativa, crítica e, portanto, pedagógica. Os desenhos do artista goiano Paul Setúbal podem ser compreendidos como uma forma de retratar o esforço individual que cada um de nós precisa empenhar no dia a dia. Ao fazer uso do sangue, fluido, vital, como a tinta de seus desenhos, o artista acaba criando uma espécie de metáfora, chamando atenção para esse esforço dedicado a pequenas ou grandes atividades, que de tão rotineiras acabam perdendo o reconhecimento e se tornando vítimas de uma suposta banalidade criada inconscientemente pelo próprio ser humano? Nesse caso, o sangue pode representar a individualidade e os limites de cada um. Por outro lado, é muito mais fácil perceber o quanto afetamos e somos afetados pelo mundo, quando essa 106

doação foge dos padrões rotineiros dos limites e da ordem, como o que acontece nos vídeos da série “Atividades”, dos

AÇÕES COMUNICATIVAS

artistas Costa e Brito. Em vez de sangue, os artistas doam a sua força física, sua concentração, sua mente. Seus próprios corpos se tornam pesos que somam e anulam forças, com a intenção de encontrar o equilíbrio em plena rotina apressada do cotidiano. É possível questionar esse equilíbrio que a dupla paulista tanto busca durante as quatro atividades apresentadas no vídeo. Afinal, que equilíbrio é esse? Simplesmente o equilíbrio físico? Um ideal a ser alcançado por um conjunto de indivíduos apressados e aprisionados em diversas outras atividades que aparentemente exigiriam doses menores de equilíbrio e dedicação? Se o corpo e a mente estão juntos no dia a dia, a memória ocupa um papel de destaque na sistematização das atividades. E vai além: é ela que nos torna únicos. A artista Andréa Barreiro vai buscar imagens do seu álbum de família e as mistura com fotos de outras pessoas, criando uma memória nova. As fotos foram propositalmente borradas durante o processo de revelação para que se tornassem enevoadas como uma lembrança. Dessa forma, as três obras se complementam e conversam especialmente entre si, como se constituíssem um tripé de corpo, mente e memória. Um ligado ao outro e todos ligados diretamente às nossas experiências e aos modos de nos relacionarmos com o nosso exterior e interior. Nessa tríade, a educadora Márcia Pontes elaborou a oficina do corpo junto com os mediadores, para o público visitante. O trabalho desenvolvido teve como base as obras dos três artistas, iniciando o percurso de visitação na sala Antônio Parreiras, onde se encontravam as obras, sendo que no primeiro momento foi feita a mediação, considerando as vivências do espectador fazendo uma conexão entre as obras dos artistas com o acervo do museu. Em seguida, ocorreu a experimentação de jogos corporais, considerando a arte como jogo, utilizando materiais simples, como cabo de vassoura, livros, entre outros, desenvolvendo a força e o equilíbrio. 107


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Os participantes formaram duplas ou trios, que criaram

foi um espaço entre ambos, e que a comunicação foi gerada

e apresentaram ações e propostas performáticas. A terceira

nesse espaço que não sabemos precisar, pois nos pareceu

etapa teve como ponto principal a memória e a criação

vazio.

de estratégias, por meio de jogos lúdicos, como dominó,

A obra e o espectador ficam numa margem, e ambos

vareta, blocos de encaixe etc. Ao final havia a roda de

precisam ser reconhecidos e considerados para favorecer

conversa e o relato das experiências corporais vivenciadas

a criação e criar a terceira margem citada acima: a crítica

pelos participantes, fazendo um contraponto com as obras

ativa. Assim, as experiências vivenciadas nos deram o

dos artistas.

seguinte indicativo: O Arte Pará é propício para educação.

Observou-se que nossas experiências ultrapassaram

É, portanto, intrinsecamente pedagógico!

questões acerca de: Onde está o conteúdo? Onde está a obra? Onde está o artista?, pois constatamos que não são as

Assim seja!

obras que necessitam do espectador, e nem o expectador

Vania Leal Machado*

que precisa das obras para criar e elaborar. O que sentimos

Curadora do Educativo

* Professora, pesquisadora e coordenadora do Projeto Educativo Arte Pará. Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/9022053484802566

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Mediação com a arte contemporânea no Arte Pará

A perenidade do Salão Arte Pará nos conduz a

ao articular as relações sociais com o meio ambiente e a

pensar sobre a função social que vem desempenhando,

subjetividade cultural (GUATTARI, 1990); e metodológica,

primordialmente, no aspecto que se refere à apropriação

ao propor a mediação por meio da intervenção dialógica e

cultural da arte pela sociedade, representada pelo público

da experiência estética.

que o frequenta. Participando da formação dos mediadores culturais

qual arte estamos falando. Trata-se de uma exposição de

desse importante evento há alguns anos, entendo que

arte contemporânea, e esta se desenha conceitualmente

a função social do Arte Pará se cumpre na experiência

na esfera das relações construídas entre o ser humano, o

educativa concreta: inclusão cultural, difusão da arte

seu contexto social e o mundo, que, conforme Bourriaud

contemporânea e formação de público para a arte, museus

(2009), inverte radicalmente a concepção de objeto

e espaços culturais.

estético, cultural e político postulado pela arte moderna.

É no processo educativo que ocorrem as relações

Contudo, apesar dessa relação tão próxima com as coi-

interpretativas e propositivas com a arte, no qual estão

sas do mundo, muitas vezes o que o público espera encon-

envolvidos o educador mediador e o público. Cada

trar numa exposição de arte são obras que lhes permitam

educador mediador opera uma curadoria educativa

contemplação e entendimento imediato, frustrando-se dian-

ao eleger obras de arte numa exposição para realizar o

te de objetos e imagens que lhes causam estranhamento.

seu percurso, ao organizar o pensamento e a ação para recepcionar o público.

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Epistemologicamente, é necessário esclarecer de

Em muitos exemplos de arte contemporânea ocorre um processo de (des)linguagem, ou seja, de decomposição

À medida que as interações e o diálogo entre o público,

ou desconstrução dos códigos de linguagem usados na

o mediador e as obras vão acontecendo, o percurso previsto

arte modernista. Noutros, retomam-se esses códigos,

vai naturalmente sendo alterado. Isto acontece quando todos

porém numa visão contemporânea sobre o passado, com

estão envolvidos na experiência estética.

outros postulados.

O objetivo da curadoria educativa é, portanto: “[...]

Há ainda processos de desestetização na arte

explorar a potência da arte como veículo de ação cultural.

contemporânea, quando se observa que “[...] o repúdio da

[...] constituindo-se como uma proposta de dinamização

estética sugere a eliminação total do objeto de arte e a sua

de experiências estéticas junto ao objeto artístico exposto

substituição pela ideia de um trabalho ou pelo rumor de

perante um público diversificado” (VERGARA apud

que aquele foi consumido – como na ‘arte conceitual’”.

MARTINS; PICOSQUE, 2012, p. 63).

(ROSEMBERG, 1986, p. 217-218).

Assim, compreendo que um programa educativo

Ao adentrar num salão de arte contemporânea o

dessa natureza ancora-se nas dimensões: epistemológica,

público se depara com objetos, instalações e imagens

por entender a arte como conhecimento; ética-política,

imersas em: complexidade, ecletismo, contradição,

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hibridismo, ambiguidade, simulacro, virtualidade, e com

Nessa experiência estética colocam-se os conceitos e

outras tantas características propositivas inesperadas à sua

ideias em ação, num exercício perceptivo das múltiplas

compreensão do que seja arte.

formas e dos diferentes conceitos apresentados nas obras

Então, aquela leitura imediata se torna impossível e o espectador precisa deixar a postura passiva para participar

contemporâneas, com as quais se constroem teias de significados.

ativamente da obra. O medo de deixar a confortável

É preciso, portanto, estar atento aos percursos que vão

posição de espectador o impede de compreendê-la, e

se construindo a cada mediação, pois estamos a elaborar

nesse momento o mediador exerce o papel de deflagrar

uma cartografia de consumações estéticas (DEWEY,

o desejo e a coragem de rompê-lo, ampliando o campo

2010), um imenso mapa (DELEUZE; GUATTARI, 1995)

perceptivo, tornando-se ambos, enfim, sujeitos da ação,

de significados, sempre pronto a se modificar.

ao compartilharem a experiência estética. Vale salientar que o mediador cultural comumente é

REFERÊNCIAS

estudante de artes visuais, arquitetura, comunicação social

BOURRIAUD, Nicolas. Estética relacional. São Paulo: Martins

ou de áreas afins, de modo que está ali complementando

Fontes, 2009.

a sua formação e vivenciando uma singular experiência

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs. São Paulo: Ed.

com a arte.

34, v. 1,1995.

O acesso a arte contemporânea vem cada vez mais

DEWEY, J. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes,

ocorrendo por meio da frequentação dos estudantes com

2010.

seus professores aos museus e outros espaços culturais.

GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1990.

O Salão Arte Pará tornou-se, ao longo dos anos, uma oportunidade ímpar para os estudantes entrarem em contato com a arte contemporânea diretamente na fonte e, desta forma, romperem o medo e o preconceito cultural. A intervenção dialógica e a experiência estética compõem a dimensão metodológica dos percursos exercitados na exposição. Numa intervenção dialógica

ROSEMBERG, Harold. Desestetização. In: BATTCOCK, Gregory. A nova arte. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1986. p. 215 - 224. VERGARA, Luiz Guilherme; FARIAS, Agnaldo; DESGRANGES, Flávio; SCARASSATTI, Marco. Entre a potência da arte e sua ativação cultural: curadoria educativa. In: MARTINS, Míriam Celeste et al. Mediando (com)tatos com a arte e cultura. São Paulo: UNESP, v. 1, nº 1, novembro, 2007, p. 66-95.

articula-se a leitura dos objetos, imagens e palavras com a leitura do mundo, considerando tanto o contexto da obra como também o de quem está vivendo a experiência.

Janice Shirley Souza Lima*

Coordenadora do Curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem da Unama

* Professora, pesquisadora e coordenadora do curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem, na Universidade da Amazônia. Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/9710362875158495

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ARTISTAS HOMENAGEADOS, CONVIDADOS E SELECIONADOS

MUSEU DO ESTADO DO PARÁ - MEP ANDREA BARREIRO Artista selecionada São Paulo-SP Andreabarreiro01@gmail.com Sem título – da série Estudo para uma memória – vol. 1. Fotografia [2014] COSTA & BRITO Artista premiado São Paulo-SP Lucas_brs@hotmail.com “Atividades” Vídeo [2014] DAVILYM DOURADO Artista selecionado São Paulo-SP davilymdourado@hotmail.com Borá Fotografia [2014] DIRNEI PRATES Artista selecionado Porto Alegre-RS dirneiprates@hotmail.com O sacrifício de Isaac – Série Júpiter, Netuno e Plutão Deposição – Série Júpiter, Netuno e Plutão Repouso na fuga para o Egito – Série Júpiter, Netuno e Plutão Fotografia [2014] EDU SIMÕES Artista selecionado São Paulo-SP edusimoes@uol.com.br Vendedor de macaco (díptico 01) Januário Francisco (díptico 03) Fotografia [2014] FLORA ASSUMPÇÃO Artista Selecionada São Paulo-SP florassumpcao@yahoo.com.br Pequeno compêndio dos mares III, IV e V, Do Compêndio das Tormentas. 2014 Fotografia [2014] HENRIQUE CÉSAR Artista Selecionado São Paulo-SP hcesoliv@gmail.com Frota Desenho [2014]

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JOSÉ VIANA JÚNIOR Artista Selecionado Belém-PA josealmeidavianajunior@gmail.com Tapete Carajás S11D (ou projeto para salvaguardar pedras) Instalação [2014] Agradecimentos: IMCBio/Carajás - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. JULIANA NOTARI Artista Premiada Rio de Janeiro-RJ julinotari@gmail.com Soledad Performance direcionada para vídeo [2014] LUCIANA MAGNO Artista Premiada Belém-PA lulumagno@yahoo.com.br Trans Amazônica Pedra do Sol Performance direcionada para vídeo [2014] LUÍSA NÓBREGA Artista Selecionada São Paulo-SP nobrega.luisa@gmail.com Eject, rewind Cântico Eco ou reescrita: nunca te disse que ia durar Ação Performance [2014] MARIANA MARCASSA Artista Selecionada São Paulo-SP mariana.marcassa@gmail.com Banzo 1 Performance [2014]

PEDRO DAVID Artista Selecionado Belo Horizonte-MG pedro@pedrodavid.com Sem Título – Tríptico da série Impureza Fotografia [2014] RAQUEL UENDI Artista Selecionada São Paulo-SP Raquel.uendi@gmail.com A Boa Onda Tons Impacto Objeto [2014] RICARDO VILLA Artista Selecionado São Paulo-SP dinhohc@hotmail.com Espaço Revelado #4 e #5 Fotografia [2014] RODRIGO ARRUDA Artista Selecionado São Paulo-SP Rodrigo.arruda.gonzalez@gmail.com Sem Título 1g de ar Sem título Objeto [2014] VITOR MIZAEL Artista Selecionado São Paulo-SP vitormizael@gmail.com Sem Título – Série Diorama Interferência [2014]

MELISSA BARBERY Artista Selecionada Belém-PA melissabarbery@gmail.com #íntimogrãoColeção01 Fotografia [2014] PAUL SETÚBAL Artista Premiado Aparecida de Goiânia-GO paulsetubal@hotmail.com Habeas corpus Ad nausean Res non verba Desenho [2014]

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AMAZÔNIA Ciclos de Modernidade Sobre o título: O artista Emmanuel Nassar construiu a Amazônia como forma de escritura de sua diversidade: elementos da natureza, a cultura cabocla e o gosto vernacular e mesmo a serra eletrica, instrumento e simbolo do desmatamento. A obra foi especialmente concebida para ser o título da exposição Amazonia ciclos de modernidade. A exposição apresenta dois períodos de modernidade: O Iluminismo e O Ciclo da Borracha (1860 – 1910). Na primeira sala da exposição: A Conquista da Amazônia e a noção de antropologia. -Antônio Parreiras (A Conquista da Amazônia) - Rodrigo Braga (Mentira Repetida) -Sala dos Quadros: - Benedito Calixto, Os Flaquejadores, 1904, oleo sobre tela – acervo Museu Histórico do Pará - Armando Queiroz – vídeo - Ymá Nhandehetama - Antigamente fomos muitos. - Octávio Cardoso - Sem título, da série Lugares imaginários Na sala Atelier: O Ilumisnismo, irá tratar de assuntos relativos a Ciência, Antropologia e Arquitetura. A expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira (1756 - 1815) e seus desenhistas botânicos, nomeado pela Rainha D. Maria I como “o primeiro naturalista português” e encarregado da expedição científica denominada “Viagem Filosófica” (que complementou a Comissão de Demarcação de Limites entre as fronteiras dos domínios de Portugal na América), indubitavelmente o maior empreendimento científico realizado no Brasil pela Coroa Portuguesa em todo nosso período colonial. E a arquitetura de Antônio José Landi (1713 – 1791). Do Acervo da Fundação Biblioteca Nacional - RJ Desenhos originais que ilustram a Expedição Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira. - António Landi (arquitetura/outras gravuras) - Desenhos: Botânica e Zoologia. Do Acervo do Museu Naval - RJ - Maquetes de embarcação: Canoa Meia Coberta - Séc XX, Canoa Coberta - Séc XX, Canoa Coberta - Séc XIX. Sala Landi: Fotografias – Esquecimento e Visibilidade O Ciclo da Borracha (1860 – 1910) Fotografia: Felipe Augusto Fidanza (1847 - 1903), o principal fotógrafo a atuar em Belém (PA) na segunda metade do século XIX e no início do século XX, George Huebner (1862 - 1935), fotógrafo alemão que se estabeleceu em Manaus no final do século XIX, abrangeu em sua obra todas as possibilidades técnicas e representacionais daquele meio. Aproximandose da ciência européia; especialmente a botânica e a emergente etnologia alemã; Huebner dirigiu seu olhar também para os indígenas da Amazônia; fotografando-os tanto no campo como em seu estúdio. Fotógrafos: - Felipe Augusto Fidanza, Col. IMS (Instituto |Moreira Sales) - George Huebner, Col. IMS - Marcel Gautherot, Col. IMS ; - Pierre Verger, Col. MABE;

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Pinturas do sec. XIX e XX: Hélio Melo (pintura - o universo do seringalista. Col. Fundação Elias Mansour – Governo do Acre; Antonieta Santos Feio, Vendedora de Cheiro, 1947, óleo sobre tela, col MABE. Manoel Santiago Iara, óleo sobre tela, acervo Pinacoteca Amazonas. Manoel Santiago, A Cobra Grande, óleo s/tela acervo Pinacoteca Amazonas. Artistas contemporâneos: Paulo Sampaio (Soldado da Borracha); Emmanuel Nassar; Margalho Açu; Alexandre Sequeira; Claudia Leão; Elza Lima; Guy Veloso; Luiz Braga; Marcone Moreira; Miguel Chiakaoka; Orlando Maneschy; Osmar Pinheiro; Paula Sampaio; Walda Marques; Ronaldo Moraes Rego (col. Casa das Onze Janelas. (Belém-PA); Jair Jacqmont; Otoni Mesquita; Sergio Cardoso; Oscar Ramos; Turenko Beça (Manaus-AM); Grupo Urucum. (Macapá-AP) Fotografias e vídeo - Claudia Andujar (fotografia - Galeria Vermelho - SP), (o trabalho com os Yanomâmis, seu universo simbólico e lutas política); - Roberto Evangelista (vídeo), (mito e ancestralidade).

CASA DAS ONZE JANELAS ELAINE ARRUDA Artista selecionada Belém-PA arruda-elaine@hotmail.com Outras Paisagens Gravura/Instalação [2014] GUY VELOSO Artista Homenageado Belém-PA guyveloso@hotmail.com Casas de Axé fotografadas (e aqui homenageadas): Abêmanjá Gbadé, Ilê Asé Agaro Níle, Ilê Asé Oba Okuta Ayara Yntile, Manso Mamsubando Keke Neta Nangetu, Ilê Asé Odé Ibô Nilê, Ilê Asé Iya Omi Olokun, Casa Grande de Mina Jêjê Nagô de Toy Lissá e Abê Manjá Huevy, Ilê Asé Iya Oguntè Oguntè, Ilê Axé Apará Omi Akalewi,Terreiro de Rei Sebastião e Toya Jarina. Pesquisa (Veloso): Deize Melo, Edivânia Câmara Iyatunde e o autor. Som ambiente: Edivânia Câmara Iya Tunde (voz) e gravação direta de Guy Veloso. Agradecimentos: Alex Leovan Alex Trindade Bàbá Ígbin Nilê Baba Tayando Daniela Sequeira Darlene Santos Eliana Palheta Iya Nare Pai Elivaldo Santos Elvira do Vale (Akalewi) Erica Nascimento Yalorishá Elvira do Valle Akalewi Fabricia Sember Fundação Pierre Verger HuevyOnan De Vodun Olissasa Pai Ismael Novais Jéssica Rabelo João Duarte Josino Leandro Souza Jr Joyce Nabiça Juliana Flores Ayará Kijinan Karla Aires de Obaluaê Luis Laguna MABE – Museu de Arte de Belém Mam’etu Nangetu Maria do Carmo Ferreira Miltom Soeiro Neia de Oxumare Osvaldo lobato Pai Orunko Oba Ytan (Luciano Teixeira) Roberta Maiorana Rosa Arraes Yalorisá Riso Odé Ibô Yalorisá Rosângela de Abê Acossú Babalorisá Dr.Walmir da Luz Fernandes Agaro Níle Yalorisá Rita Iyajite Ogunte, Mãe Rita e Mãe Zenaide. www.pierreverger.org www.guyveloso.com

PIERRE VERGER Artista Convidado (1902-1996) Fotos Pierre Verger © Fundação Pierre Verger Edivânia Câmara Iyatunde Artista Convidada Belém-PA email: OŞUM. IYEMONJÁ. NÀNÁ Cenografia e figurino: Edivânia Câmara Iyatunde Indumentárias ritualísticas pertencentes ao templo Ilê Asé Agaro Níle. Instalação | 2014 Agradecimentos: Armando Queiroz Babalorisá Agaro Níle (Dr. Walmir da Luz Fernandes) Bruno Farias Ebione Alves (Alaye) Ilê Asé Agaro Níle João Duarte Luis Laguna Miltom Soeiro Paulo Herkenhoff Roberta Maiorana

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MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI

EXPOSIÇÃO

CATÁLOGO

PAULO SAMPAIO Artista Homenageado (1923-2014) Marabá-PA Soldado da borracha Instalação [2014]

Concepção e Curadoria Paulo Herkenhoff

Curadoria Geral do Arte Pará Ano 33 Paulo Herkenhoff

Curadoria Adjunta Armando Queiroz

Curadoria Adjunta Arte Pará Ano 33 Armando Queiroz

Curadoria Educacional Vânia Leal Machado

Coordenação Geral Roberta Maiorana Daniela Sequeira

Coordenação Geral Roberta Maiorana Daniela Sequeira

Coordenação Editorial Vânia Leal Machado

Agradecimentos: Antonio Sampaio Neto Bianca da Costa Lima Cacy Elza Neiva Sampaio Carolina Lima da Silva Crácio Rodrigues Cavalcante Daniel Antonio Sampaio Silva Edilson Raimundo de Carvalho Silva e Elcio Fernando Sampaio Lima Joao Arthur Lima da Silva Karina Maria Sampaio Silva Larissa Silva Maneschi Laura Sampaio Cavalcante Leonardo Silva Maneschi Leonel Lobato Gentil Sampaio Luciana Lobato Gentil Sampaio Marina Maria Silva de Oliveira Nazare das Gracas Lavareda Sampaio Paloma Sampaio Paola Lobato Gentil Sampaio Paulo Sergio Sampaio Pietro Gentil Sampaio Brandão Sandra Maria Neiva Sampaio Sandra Maria Neiva Sampaio Silvana Maria Sampaio Lima Silvana Sampaio Lima Surama Sampaio Cavalcante Thais Lavareda Sampaio Vanessa Maria Sampaio Silva Maneschi Yan Sampaio Albuquerque

Assistente de Coordenação e Assessoria de Imprensa Fabricia Sember Júri de seleção e Premiação Armando Queiroz Eder Chiodetto Ernani Chaves Paulo Herkenhoff Projeto de Montagem Roberta Maiorana Montagem Geral Luis Laguna Equipe de Montagem MEP Arte RP (Kiko) Segurança Security Amazon Serviços Gerais Service Amazon Elétrica Araújo Abreu Engenharia Equipe de Montagem MPEG Carlota Brito Horácio Higuchi Karol Gillet Soares Margalho Açu Martha Carvalho Motorista Aureliano Lins David Dantas

Projeto Gráfico Daniela Sequeira Ficha Catalográfica Cleide Oliveira Editoração Eletrônica Ezequiel Noronha Jr. Fotografias Catálogo Walda Marques e arquivo dos artistas Fotografias Educativo Otávio Tsuyoshi Iwabuchi Fotografias sala especial Amazônia Ciclos de Modernidade Raoni Arraes Tratamento de Imagens High Pass Premedia Textos Armando Queiroz Janice Lima Lucidéa Maiorana Paulo Chaves Fernandes Paulo Herkenhoff Roberta Maiorana Vânia Leal Machado Revisão de textos Iraneide Silva Impressão RM Graph Todas as imagens e informações contidas nos textos são de inteira responsabilidade de seus autores.

Equipe de Montagem Casa Onze Janelas Arte RP (Kiko) Criação Logomarca Arte Pará 2014 – 33 anos Daniela Sequeira /Lucas Melo Programação Visual Maria Alice Penna Plotagem L.P.D’Avila Filho

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CURADORIA EDUCACIONAL EDUCADORES Curadora Adjunta Luana Leal Machado Museu do Estado do Pará Amanda Mártires Medeiros Carlos Henrique Araújo Ferreira Brito Erica de Fátima Almeida Oliveira Gianne Regina Conceição dos Santos Renan de Sousa Furtado Tacio Roberto Moraes Fonseca

AGRADECIMENTOS Conversa aproximada do artista no espaço expositivo Andréa Barreiro (SP) Guy Veloso (PA) Juliana Notari (RJ) Luciana Magno (PA) Paul Cezzane (GO) Rodrigo Arruda (SP) Curadores e júri de seleção: Paulo Herkenhoff, Armando Queiroz, Ernani Chaves, Eder Chiodetto PROGRAMAÇÃO DO NÚCLEO DE OFICINAS Oficinas sistemáticas no Museu do Estado do Pará

Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Ana Carolina Reis Farias Monah Brilhante Oruzu

Coordenação do Núcleo oficina Márcia Helena Pontes

Museu Paraense Emílio Goeldi Alexandre Iran Lopes Leonel Bruna Renata do Carmo Favacho Felipe Samir Tavares Damasceno Tamirys Amélia de Almeida Cunha.

Educadores ministrantes das oficinas Carlos Henrique Araújo Ferreira Brito Erica de Fátima Almeida Oliveira Gianne Regina Conceição dos Santos Renan de Sousa Furtado Tacio Roberto Moraes Fonseca

Seminário de Educação e Arte 33ª Edição Arte Pará 2014

Seminário Arte Educação “Reflexões e instrumentalização na Arte Contemporânea Arte Pará 2014 para professores da rede Estadual e Municipal de Ensino. Vânia Leal

Apresentação do Projeto Arte Pará e ações educativas que vão integrar a edição Ano 2014 Vânia Leal Arte contemporânea em espaços culturais: apresentação dos espaços expositivos Arte Pará e Sistema Integrado de Museus Zenaide Paiva

Conversa aproximada com o público do curador da Sala Especial Paulo Sampaio no Museu Paraense Emílio Goeldi “Processos Curatoriais sobre a sala do artista “Paulo Sampaio”, Margalho açu

Governo do Estado do Pará Secretaria Executiva de Cultura - SECULT Secretaria Executiva de Educação - SEDUC Secretaria de Estado de Obras Públicas - SEOP Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém – SETRANSBEL Sistema Integrado de Museus e Memoriais – SIM Coordenação de Educação e Extensão do SIM Coordenação de Montagem e Curadoria do SIM Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Museu Histórico do Estado do Pará – MHEP Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG Prefeitura Municipal de Belém Círculo Engenharia Mendes Comunicação RM Graph Projeto O Liberal na Escola Sol Informática Restaurante Remanso do Bosque Restaurante Pomme D’or Universidade Federal do Pará Faculdade de Estudos Avançados do Pará – FEAPA Fundação Pierre Verger Escola Superior Madre Celeste – ESMAC Universidade da Amazônia – UNAMA Fundação Biblioteca Nacional – RJ

A Mediação Cultural na Arte Contemporânea e A linguagem da Arte Contemporânea. Vânia Leal

Museu Naval – RJ

Processos curatoriais no Arte Pará Armando Queiroz

Galeria Vermelho – SP

Mediação para a Arte Contemporânea: possibilidades metodológicas Janice Lima

Tintas Veloz

Instituto Moreira Sales – RJ Fundação Elias Mansour – AC Pinacoteca Amazonas, Manaus - AM L.P.D’Avila Filho

Poética de Artista Guy Veloso Nas dobras da Amazônia, mundo, Brasil Marisa Mokarzel Ética na Mediação/Tipos de público e ações nos espaços expositivos Luana Leal

A todos os artistas selecionados e convidados, pesquisadores, curadores, fotógrafos, colaboradores e a equipe das ORM, que contribuíram para a realização deste projeto.

Percursos da Arte na Educação Paulo Portella e Vânia Leal Mediação: Ângela Barros

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AGRADECIMENTOS Ademar Queiroz Junior

Nelson Rodrigues Sanjad

Alison Borges

Nilson Damasceno

Antonio Eutálio Correa

Nilson Gabas Junior

Alessandra Corrêa

Norberto Tavares Ferreira

Armando Queiroz

Oswaldo Forte

Brenda Carneiro

Oswaldo Mendes Filho

Carmem Cal

Paulo Chaves Fernandes

Carmem Peixoto

Paulo Herkenhoff

Carol Abreu

Paulo Roberto Santi

Carlota Brito

Padre Ronaldo Menezes

Cleber Farias

Ravy Bassalo

Edilene Portilho

Raimundo Amilson Pinheiro

Fagner Monteiro

Reginaldo Kenedy Alves

Felipe Castanho

Roberta Rodrigues

Gilberto Massoud

Ronald Leonan V. de Paula

Glenn Harvey Shepard Jr

Sérgio Mello

Haroldo Tuma

Suely Nascimento

Horácio Higuchi

Thays Adriele Silva

Ian Ferreira

Thiago Castanho

Íris Letiere

Thiago Leite

José Maria Vilhena

Tomé Coelho Mendes

Juliana Barroso

Wanda Okada

Juliana Macêdo

Zenaide Pereira de Paiva

Juliana Barros Karol Gillet Soares Leandro Cruz Luciana Akim Luciano Dias Luana Couto Luís Peixoto Luiz Brasil Margalho Açu Márcia Helena Pontes Marcio Campos

Lucidéa Maiorana Presidente Roberta Maiorana Diretora Executiva Daniela Sequeira Assessora Geral Fabrícia Sember Assistente Executiva Aureliano Lins Estrutura da FRM Fundação Romulo Maiorana Av. Romulo Maiorana, 2. 473 – Marco – CEP: 66.093-055 Fones: (91) 3216.1142 e 3216.1125 – Fax: (91) 3216.1125 E.mail: fundrm@oliberal.com.br Telegramas: jornal O Liberal. Belém – Pará – Brasil Website: www.frmaiorana.org.br

Marcio Rolim Maria Simone Silva Gomes Barbosa Maria Emília Sales Maria Filomena F. V. Secco Mário Martins Martha Carvalho Milena Claudino Milton Soeiro Milton Meira

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Diretora Executiva Roberta Maiorana Organização Editorial Vânia Leal Machado Coordenação Daniela Sequeira Curadoria Paulo Herkenhoff Curadoria Adjunta Armando Queiroz Ficha Catalógráfica Cleide Oliveira CRB: 1130

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Cleide Oliveira - CRB-1130 A 786

Arte Pará 2014: ano 33. – Belém: Fundação Romulo Maiorana, 2015.

124 p. il..

ISBN: 978-85-62494-10-9 1. Arte. 2.Artes Plásticas. I. Título. 4. Machado, Vânia Leal. I. Título. CDD 730.81

Este catálogo foi impresso pela RM Graph, no papel Couchê fosco 150 g/m2 para o miolo e no papel Cartão Supremo Duodesign 350g/m2 para a capa. Foi utilizada a tipologia CG Omega. A tiragem inicial foi de 700 exemplares.


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