Catálogo Arte Pará 2011

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ARTE PARá ANO 30

Museu Histórico do Estado do Pará Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Museu da Universidade Federal do Pará Museu Paraense Emilio Goeldi

FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA

Belém – PA 2012

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Arte Pará leva ao caminho da cidadania

Na comemoração dos 30 anos do Projeto Arte Pará a Fundação Romulo Maiorana (FRM) traz para o público paraense uma mostra que olha a paisagem amazônica em ressonância com as paisagens do mundo, sob curadoria de Ricardo Resende e Armando Queiroz. Procuramos transferir para os espaços expositivos do Arte Pará o clima reinante desses vários lugares, na visão de artistas do cenário contemporâneo da arte. Mostramos também a trajetória desse evento importante para a cidade, que completa 30 anos consecutivos, que coube à Roberta Maiorana, minha filha, seguir os passos de seu pai, e nos legar a FRM. É com grande orgulho que acreditamos no projeto, ao apresentar a cada nova edição a uma nova geração, com a certeza de estar proporcionando uma ampla e sempre renovada panorâmica da produção artística local, nacional e internacional. É com grande satisfação que agradecemos às empresas Supermercado e Supercenter Nazaré, Escola Superior da Amazônia (EZAMAZ), UNIMED Belém e MARKO Engenharia, que nos fortalecem na realização desta edição, com compromisso social e sensibilidade. E, assim, a FRM quer reafirmar o que se confirma nesses 30 anos: aproximar a gente paraense da arte, que leva ao caminho da cidadania. Lucidéa Maiorana

Presidente da Fundação Romulo Maiorana

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Tradição se renova

Arte Pará marca sua maturidade

Sempre o mesmo e sempre tão diferente, tal como o Círio que ocorre na mesma semana de outubro, a segunda, a energizar as formas de expressão da nossa genuína maneira de ser paraense. Assim vem caminhando o Arte Pará, nesse encontro marcado entre o que é feito aqui e o que vem de fora, numa fecunda sinergia de conceitos e modos de fazer arte.

O Arte Pará é o mais antigo Projeto de Arte privado do país. A Fundação Romulo Maiorana intensifica, ao longo de 30 anos consecutivos, sua responsabilidade com o diálogo das artes com a sociedade. Paulo Herkenhoff (2011) diz que “Não existe cidadania plena sem o acesso à cultura, tanto

Ou seja, tradição que se renova, de pai para filha, repetindo o zelo que já se tornou marca

quanto a alfabetização visual integra o conhecimento crítico do mundo”. No ano de 1981, o Arte

registrada de qualidade no universo cultural da Amazônia, com inegável repercussão além-fronteiras.

Pará, quando surgiu de uma brilhante ideia de meu pai, Romulo Maiorana, que tinha como intenção

O evento empresta a quem dele, de uma maneira ou de outra, se associa, um inestimável prestígio

abrir caminhos entre artistas do estado do Pará com artistas do resto do Brasil, promovendo, assim,

junto a sociedade e, em particular, aos meios artísticos que lhe dão substância.

um diálogo entre eles. E com legitimidade ele conseguiu o seu objetivo. Foi além, pois, da conversa entre artistas de todo país, críticos de artes, curadores e as modificações que o mundo requeria

Feliz Círio, feliz Arte Pará.

através das artes, o Arte Pará serviu de tradutor, expositor e de trabalho de educação. O Arte Pará faz movimento, movimenta-se. Sua inquietação é maior que suas dificuldades. Sua Paulo Chaves

Secretário de Cultura do Estado

permanência é pertinente, pois ela insiste. Seu trabalho é fazer para que aconteça. Estamos sempre em processo de amadurecimento. O cenário da arte contemporânea sim, é a escola. Ela se intensifica a todo o momento e nos faz pensar – o que está acontecendo? Ela humaniza e rompe qualquer fronteira preconceituosa que por ventura possamos ter. O trabalho de cada artista é a maior prova de que a arte nos provoca todo tipo de sentimento. Mesmo quando olhamos um trabalho e sentimos que nos incomoda, é porque é arte! O que fizemos para manter a permanência no cenário das artes com o Arte Pará foi acreditar que a arte é um meio de educação e de cultura. Que através do movimento intelectual que fazemos e do cenário que os curadores costuram com os artistas de todo o país, se fortalece e se perpetua através da documentação dos trabalhos dos artistas, especialmente com a edição dos catálogos. E só encontramos nossas respostas com a educação, que fundamentada de maneira responsável, desenvolve um trabalho com crianças, jovens e adultos. Acabo este texto escrevendo que tenho muito orgulho de toda a nossa equipe, que começou com Dona Sônia Renda, Osmar Pinheiro, João Carlos Pereira, Daniela Sequeira, Claudio de La Rocque Leal, Orlando Maneschy, Marisa Mokarzel, Vânia Leal, Emanuel Franco, Alexandre Sequeira, Armando Queiroz, Ricardo Resende e destaco Paulo Herkenhoff, que começou com toda a abertura e liberdade que o Projeto Arte Pará teria de ter, e tem hoje, e que talvez seja a marca da sua maturidade.

EFRAIN ALMEIDA Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ Cabra (Afro) Umburana e óleo | 2011

Roberta Maiorana

Diretora Executiva da Fundação Romulo Maiorana

Cortesia Galeria Fortes Vilaça

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Arte Pará – Ano 30 O Arte Pará comemora seu 30º aniversário com um feito raro: é o mais antigo salão de arte privado no país. É também o maior. A efeméride é uma festa do olhar. Quando inaugurou o primeiro evento, em 1982, Romulo Maiorana afirmava sua fé na arte paraense, abria um espaço de diálogo do ambiente cultural de Belém com o país e assumia uma responsabilidade sociopolítica para suas empresas e para sua família. Comportava-se como um empresário moderno, que reconhece a importância da representação simbólica. Nesses 30 anos, Lucidéa Maiorana conduziu e deu continuidade ao processo, com dinamismo exemplar. O apoio das empresas patrocinadoras converte o capital financeiro em capital simbólico, a serviço do Pará. O Arte Pará surgiu como um espaço de hospitalidade para a diversidade da arte. Foi, então, um espaço privilegiado das discussões da visualidade amazônica em Belém. Do mesmo modo, hoje, abre-se para as inquietações emergentes de um tempo de mutações vertiginosas em que o espírito crítico problematiza os dilemas do olhar. A ação radical da arte situa seu foco, sobretudo nas dúvidas e não nas certezas, mais no risco de viver, do que na segurança das formas conhecidas. Por isso mesmo, o Arte Pará abre-se para tudo que é desafiante.

cildo meireles Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ

Belém é uma metrópole epicêntrica em que o urbano se estende para a tradição vernacular, em que os avanços tecnológicos não escondem os abismos da violência, em que a natureza clama por

Cruzeiro do Sul Escultura em madeira | 1970

um pensamento que reponha a humanidade no centro dos valores, entre os quais a liberdade é um bem maior. O espaço social amazônico é o lugar em que a arte do Brasil é acolhida em viés radical e surpreendente. As mais de 800 inscrições legitimam o processo de um salão com a abertura intelectual deste Arte Pará. Desde a sua origem, a grande tarefa do Arte Pará passou por reconhecer a sensibilidade transformada em poética. O trabalho dos artistas é a própria base do Arte Pará, é seu capital cognitivo. Além de estimular e premiar os artistas, seu processo pensa modos de inscrever a arte no espaço coletivo ou de estabelecer agendas que pensem o tempo em que vivemos. O processo curatorial, que contou com Orlando Maneschy em 2010 e Ricardo Resende, coadjuvado por Armando Queiroz, em 2011, situou o Pará em sintonia com o pensamento artístico radical de todo o país. Este Arte Pará, sob a direção de Roberta Maiorana, poderia estar em qualquer lugar do mundo. Sob sua gestão desde 1987, a Fundação Romulo Maiorana tem constituído um acervo de publicações que também são uma fonte historiográfica fundamental da arte amazônica e brasileira. Para isso, Roberta promoveu a integração com as universidades, por entendê-las como sede de um saber

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crítico de alto nível. Sua equipe técnica devota uma dedicação ímpar no apoio aos artistas, na complexidade de um processo dessa magnitude. Inegavelmente, o Arte Pará abriu caminhos, fortaleceu vocações e cultivou o olhar de artistas em formação, integrou o Pará com o Brasil. Nesta década, uma de suas conquistas mais importantes foi seu lúcido programa de arte e educação, com grande ambição e alcance, além de uma rara inteligência de mediação. Não existe cidadania plena sem o acesso à cultura, tanto quanto a alfabetização visual integra o conhecimento crítico do mundo. Esse é um modelo experimental de emancipação do sujeito. O Arte Pará não pretende mudar o mundo, mas sabe que a arte pode transformar nosso modo de vê-lo. Essa é a radicalidade que propõe à experiência de cada visitante. Paulo Herkenhoff

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9º Arte Pará

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ARTE PARÁ 2007

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ARTE PARÁ 2006

ARTE PARÁ 2007

ARTE PARÁ 2008

VERIFICAR LOMBADA

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ARTE PARÁ 2011 - Ano 30

ARTE PARÁ 2010

ARTE PARÁ 2010

ARTE PARÁ 2011

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Arte Pará Ano 30

A mostra aconteceu de 9 de outubro a 6 de dezembro de 2011, em vários espaços de museus da cidade de Belém.

Ricardo Resende Foram muitos os acontecimentos no período, que não caberiam aqui comentar, e que mudaram os

Um só mundo entre as paisagens amazônicas

rumos da escrita. Mas um em especial, e muito recentemente, foi o de ter assistido ao documentário sobre a cineasta belga, Agnès Varda, As praias de Agnès2. Um filme em que ela conta a sua vida e a

ou poroc poroc1,

vida passada ao lado do francês, Jacques Demy, seu marido e também cineasta, que foi um dos criadores do que ficou conhecido como Nouvelle Vague.

De uns tempos para cá, ao se organizar exposições, tornou-se obrigatório escrever um texto que justifique as escolhas do curador e contextualize a mostra criticamente, num contexto histórico ou ideoló-

Agnès Varda começa o seu filme em uma praia, onde organiza espelhos para a filmagem do que seria

gico, transformando o curador em protagonista, junto ao artista e sua obra.

um documentário sobre sua trajetória, em que diz, diante das câmeras, que se as pessoas fossem abertas, o que se encontraria dentro delas seriam paisagens. E as paisagens que seriam encontradas dentro

Os textos fazem uma crítica de arte ou partem da história da arte para reescrevê-la, ou ainda, há os que

dela, seriam as de praias.

tomam o caminho da filosofia e, mais recentemente, os que transbordam para questões sociais, dando um fim últi para a arte. O resultado pode se restringir apenas à obra em questão ou não. Muitos estão mais para literatura ou filosofia puras. Talvez seja um pouco o caso deste texto, que pode parecer em alguns momentos com um tipo de literatura artística e que, neste caso, foi escrito em circunstâncias especiais, na verdade

Nesta necessidade de ter um tema para a mostra paralela do Arte Pará Ano 30, escolhi, coincidentemente, a paisagem natural como tema, sem antes ter assistido a este filme, o que aconteceu muito recentemente, mas que coube perfeitamente para a introdução deste texto e justificativa para o tema da exposição, pois a cineasta fala de uma mesma paisagem que pensei trabalhar com os artistas na

todos os textos são assim. Escritos em circunstâncias especiais.

mostra, aquela paisagem que carregamos internamente.

O texto, geralmente, parte de um processo que pode levar meses, e abrigar dentro desse período de

No meu caso, e aqui falo também pelo cocurador da mostra, o artista paraense Armando Queiroz,

“gestação” muitos acontecimentos que marcam quem escreve, além do processo da própria exposição

não saberia dizer se há alguma em especial que nos motivasse como uma paisagem em especial. São

e das escolhas até ser escrito, e que entendo como melhor condição, ser escrito depois da exposição

muitas as paisagens que carregamos. São muitas as paisagens que nos habitam.

já ter sido realizada. Neste caso, o texto foi iniciado no meio do processo de seleção dos artistas, e seus trabalhos sem ainda um tema definitvo ou que justificasse um norte para tais escolhas. Esta exposição Arte Pará 2011 acabou sendo alinhavada dentro de um tema que foi solicitado pelos realizadores, para minha surpresa, depois de já termos algumas escolhas de artistas e trabalhos, pois imaginava que não fosse necessário para o certame Arte Pará. 1 O nome pororoca vem de poroc poroc, que em Tupi significa “estrondo”, “barulho grande”.

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Talvez, a partir de agora, desde este mês de janeiro de 2012, em que trabalhava no texto, elas estejam, no meu caso, um pouco mais tristes, se não, mais melancólicas – como as que se vê no interior do estado de São Paulo. O caminho que faço toda vez que visito a cidade de Mococa, adotada como minha terra, o meu lugar protegido, o meu paraíso e agora não mais, depois da morte de minha mãe, também muito recente. Sinto que aquele lugar esvaziou-se para mim. Como se tivesse sido expulso para o mundo...

2 Título original: Les Plages d’Agnès, 110 min. França, 2008. Direção Agnès Varda, roteiro Agnès Varda.

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“In princípio erat hortus. No princípio não era a casa, mas o jardim; nossos

se transformam, com nossa capacidade de imaginação, em paisagens. É como quando observarmos

pais bíblicos habitavam ao ar livre, sem outro teto, senão o céu e a copa das árvores,

através de uma janela o que se descortina a nossa frente. O enquadramento que se vê é o que isola

nessa primeira residência: uma só paragem aberta, o imenso plaino edênico com inú-

o nosso olhar do entorno, nos distancia, ou ainda, nos isola do que seria o mundo exterior ao nosso

meros recantos e refúgios. Parecia ilimitado, mas já nascera pronto, obra do jardineiro

corpo. Mas, ainda assim, fazemos parte de um mesmo mundo visto nesta paisagem enquadrada. Na

que amassou o barro do primeiro casal, largado no meio do Éden, com as restrições

verdade, somos o entorno. Somos o outro lado nem sempre perceptível para todos os homens.

que se sabe quanto ao uso de duas árvores eternas lá plantadas. Não se pode calcular

Esta capacidade de imaginar, construir ou “inventar paisagens”3 está mais relacionada a uma capaci-

o tempo que as duas primeiras criaturas humanas aí passaram. Porém, qualquer que

dade intelectual e cultural bastante desenvolvida.

tenha sido, breve semana ou um século, acompanhou-os, a despeito da residência vigiada, a sensação fagueira de um viver solto como o do ar e plácido como o das

Aquelas paisagens do interior de São Paulo descritas no começo do texto, são de um verde esmaeci-

árvores”.

do característico das plantações de cana-de-açucar, pontuadas, por sua vez, na paisagem campestre,

Escreveu Benedito Nunes (1929-2011) em um livro.

pelo verde intenso dos cafezais ou, ainda, o verde mais profundo dos laranjais, com pinceladas na cor intensa do amarelo das frutas. São os laranjais a se perderem de vista naquelas planícies de uma pai-

O filósofo paraense nos descreve o imaginário que fazemos do Paraíso Celestial, ou seja, uma paisa-

sagem composta, modificada e reconstruída pelo homem. Como se ele quizesse modelar a natureza.

gem mental, imaginária e constrúida através de uma descrição textual que resiste há milhares de anos

Seriam estes os grandes jardins dos homens contemporâneos no seu desejo romântico de controlar a

desse lugar sagrado que se lê no Primeiro Testamento da Bíblia, o livro sagrado dos cristãos, em que o

natureza?

homem depois de ter sido expulso desse paraíso, vaga como errante desde então, pelos quatro cantos do mundo.

Os céus daquelas paragens são também de um azul esmaecido, meio acinzentado, igualmente meio tristes. Estas paisagens melancólicas lembram mais ou menos a descrição que Agnés Varda faz de

Tratava-se de um lugar edênico, ideal e de paz, onde tudo começou. O homem em consonância com a natureza, e que antecede as catástrofes planetárias que assolam o mundo depois que o homem e a mulher deixaram para trás, como um castigo, aquele paraíso. Foram expulsos e condenados a lutar para sobreviver como todos os outros animais criados pelo mesmo Deus. Desde esta saída do lugar prometido, em que nada faltaria, os homens e as mulheres ficaram em desacordo com o mundo natural. Para imaginarmos ou reconstruírmos esta paisagem edênica, o ideal de uma paisagem parasídiaca, é necessário que estejamos de fora do seu contexto físico. A paisagem nada mais é do que uma vista

suas praias banhadas pelo mar do norte da Europa. Praias cinzentas e de pouco verde, características daquela região. Mas o que é a paisagem? Qual o seu sentido para os seres sensíveis que ainda se dedicam a contemplar ou se emocianar diante de uma bela visão da natureza em paisagens naturais ou cultivadas pelo homem? As várias mostras que compuseram o Arte Pará – Ano 30 são uma tentativa de trazer a público a construção de várias dessas paisagens interiores que os artistas, os curadores e os organizadores da mostra criaram. São as paisagens reais e subjetivas que habitamos.

que se descortina à nossa frente, da qual, a princípio, não fazemos parte, ela é um quadro descrito na forma literária, de uma pintura ou de uma fotografia. Mas, há também esculturas e instalações que

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3 CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. Tradução de Pedro Bernardo. Lisboa: Edições 70, 2008. (Arte & Comunicação, 93).

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O escritor inglês Geoff Dyer, no romance Ioga para quem não está nem aí, reflete, em um diálogo com

“É só quando estou maconhado”, disse eu, “que me sinto parte da paisagem, só nas ocasiões em que

os personagens do livro, depois de uma caminhada destes, sobre a invenção da paisagem:

consigo imaginar a paisagem como poderia ser vista por um pássaro ou uma árvore, é que consigo

““A vista ou a paisagem, no sentido estrido, é produto de uma separação entre o lazer e o trabalho”,

curtir a vista – e é nesse exato momento, claro, que a vista deixa de ser uma vista.”4

disse eu. Eu não sabia ao certo se o que estava dizendo era correto – eu improvisava –, mas continuei

Continuando esta reflexão do escritor inglês, o que se percebe é que as pessoas nas cidades, o homem

assim mesmo. “Não é nenhuma surpresa, portanto, que a paisagem seja considerada melhor quando

urbano, como o autor, personagem de si próprio, nos descreve no parágrafo acima, já não mais se

há – na verdade, praticamente só quando há – a presença de gente trabalhando, ativamente empe-

percebe. Já não mais percebe as paisagens que o circundam. Já não mais tem a capacidade de observar

nhada em sua criação e preservação. É como aquele momento de Jean de Florette ou de Manon des

e captar a essência do lugar que habita, que seja de um momento ou apenas de uma vista. As pessoas

Sources, em que Gérard Depardieu pergunta a um camponês se ele gosta da vista. O campornês nem

na contemporaneidade não conseguem mais deambular ou flanar como o homem dos séculos XVIII

entende do que ele está falando.

e XIX o fazia. Estes tinham especial apreço pelas vistas naturais ou construídas. São dessa época os jardins urbanos, os parques públicos, os belvederes, as alamedas feitas para este fim. O de caminhar.

Você precisa ser estranho à paisagem para considerá-la uma vista. Essa idéia de vista – ou paisagem – era inicialmente exclusiva de uma pequena elite dominante, e depois se transformou num direito

Naquela época, uma cidade que se pretendia civilizada tinha estes parques e alamedas como essencial

burguês; hoje, que as viagens se democratizaram, a vista está disponível para todos – exceto para as

para uma vida social. O que vemos como grandes parques nas cidades de hoje, são dessa época. É o

pessoas empregadas na sua manutenção.”

caso de Belém do Pará, que viveu este surto civilizatório no final do século XIX e começo do XX e hoje

“Em conformidade com isso”, disse Circle, “o lugar a partir do qual você aprecia a vista muitas vezes

conta com belas praças públicas e parques urbanos, como poucas cidades no país.

encobre a vista das pessoas que você está vendo.”

E é fato de que a maioria das cidades ocidentais, as grandes e as pequenas, já no final do século XX, deram as costas para si mesmas, no desejo desenfreado do progresso, de modernização e, consequen-

Sentamo-nos e ficamos apreciando a vista. Por assim dizer. O mais exato seria dizer o que eu acabei

temente, de destruição ou substituição do que consideravam velho e antiquado. O desejo era – e

dizendo a Circle, depois de alguns minutos sentados em contemplação.

ainda é, o de substituir o antigo pelo novo.

“Estou vendo a vista”, disse eu. “Eu avisto a vista, mas não consigo participar do ato de contemplá-la.”

Na verdade, as pessoas não mais percebem a cidade que habitam, não percebem o entorno dessas cidades, não enxergam além dos seus muros ou através de suas grades.

“É o pacto do arrozal”, disse Circle. “A separação é o preço que se paga por não ter de trabalhar nele.” O que se vê, hoje, são as cidades gradeadas e prisioneiras de si mesmas. “Mas sinto a mesma coisa em outros tipos de paisagem também”, disse eu. “Nos mirantes panorâmicos do Grand Canyon, por exemplo.”

O que se propõe com as obras dos artistas convidados para o Arte Pará 2011 – Ano 30, é trazer um novo olhar para o nosso entorno, para o outro, e o que se passa ao nosso lado.

“Talvez a separação seja mais fundamental”, disse Circle. “A alienação do homem urbano – ou sua, pelo menos – em relação ao mundo natural.” 4

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DYER, Geoff. Ioga para quem não está nem aí. Ttradução Sergio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 57-58.

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Museu Histórico do Estado do Pará

LEDA CATUNDA Artista Convidada São Paulo-SP A Cachoeira Acrílica s/plástico e tecido | 1985 Coleção da Artista

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Fotografia: Luiz Braga

Luiz Braga Belém-PA Artista Convidado Fé em Deus Fotografia Digital | 2006

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Luiz Braga Artista Convidado Belém-PA

KLINGER CARVALHO Artista Convidado Mannheim - Alemanha

Pierre VergeR | 1902-1996 Artista Convidado Paris - França

Pierre VergeR | 1902-1996 Artista Convidado Paris - França

Campos de Ajuruteua Fotografia Digital | 2011

Entre duas margens Construção artística - objeto tridimensional | 1999

Coleção Porto de Belém Fotografia - 06 | 1948

Coleção Porto de Belém Fotografia - 06 | 1948

Casa e Açaí Fotografia Digital | 2007 Igapó Fotografia Digital | 2010 Fé em Deus Fotografia Digital | 2006 Curuça Fotografia Digital | 2009

Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

Coleção Museu de Arte de Belém - MABE

Luiz Braga Artista Convidado Belém-PA Tárcila na canoa Fotografia digital | 2011 Coleção do Artista

Caraparú Fotografia Digital | 2010 Coleção do Artista

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Emmanuel Nassar, Miguel Chikaoka e Leda Catunda,

O resultado são pinturas de cores fortes e formas inusitadas, que exploram o universo de imagens massificadas, oferecidas pela sociedade contemporânea. Carrega em suas pinturas e instalações uma Ricardo Resende

crítica bem-humorada ao apropriar-se desses códigos de imagens arquétipicas e originárias da própria História da Arte.

O artista Emmanuel Nassar é uma importante referência para a arte contemporânea brasileira, princi-

Os suportes podem ser toalhas, cobertores, jogos de toalha tipo americano para mesa, tecidos e ma-

palmente quando pensamos a arte que vem do Norte do país, e isto não quer dizer tratar-se de uma

teriais macios e, mais recentemente, camisetas de times de futebol, a compor sua obra. Ao invés de

obra regional, pelo contrário, sua obra está em consonância com os grandes centros de arte internacio-

pincéis e tinta convencionais para se fazer uma pintura, tem como ferramenta a máquina de costura

nais. O que a faz única e original é o tratamento estético que deu para elementos ligados ao universo

para criar, o mesmo procedimento do artista Mestre Nato, que também está sempre envolto aos seus

popular, aí sim, regional, como roldanas, estrelas, máquinas de ventos, equipamentos indígenas, as

tecidos. Costurar é fundamental no processo artístico dos dois artistas.

bandeiras de cidades do estado do Pará e, mais recentemente, e que são apresentadas no Arte Pará 2011 - 30 anos, bandeiras de lugares ou cidades fictícios.

O resultado de Leda Catunda pode ser observado neste trabalho – A Cachoeira, de 1985, em que registra o mundo das águas nesta paisagem afetiva, almofadada e etérea. Como se quisesse transformar

Dentro desta matriz “artesanal” e popular, estas bandeiras são decorrência das que se apropriou das

a rigidez do mundo contemporâneo em algo mole, aconchegante e belo.

cidades paraenses. Procedimento que tem ressonância na obra de Leda Catunda e do Mestre Nato. Traz para o Arte Pará 2011 – 30 anos esta grande instalação estruturada no volume e leveza dos teciOs três artistas incorporam a costura como processo artísitco de construção e estruturação de suas

dos e plásticos que a compõem. Uma visão onírica de uma cascata apresentada pela primeira vez na

obras, fazendo uso da apropriação de coisas e situações do imaginário popular.

Bienal de São Paulo, em 1985, e, mais recentemente, apresentada em sua retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2008.

Nassar, em um determinado momento, sentiu a necessidade de inventar outros territórios, representados por essas bandeiras, à procura de uma independência política. A artista Leda Catunda, egressa da Gereção 80, que ficou conhecida pelo retorno à pintura, trouxe para a arte uma forma descontraída de pintar, em que experimenta os mais diversos suportes.

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EMMANUEL NASSAR Artista Convidado São Paulo-SP

MIGUEL CHIKAOKA Artista Convidado Belém-PA

Série Bandeiras Bandeira em tecido | 2010 Coleção do Artista

Projeto Urublues | 2004 Coleção do Artista

Martelo Bandeira em tecido | 2010 Nova estrela Bandeira em tecido | 2010 Égua Bandeira em tecido | 2010

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Projeto “ URUBLUES” | 2004 Feirantes, frequentadores, visitantes e a luz do lugar. Furo do espinho, inversão, negativo e positivo. Fragmentos do cotidiano pelo olhos que fazem o lugar do Ver-o-Peso. “Foto-píxeis. Unidade-Identidade-diversidade. Construção, desconstrução e construção. Urublues ! Convidados: Andrew de Miranda Moraes, Carlos Henrique Costa Cardoso, Josimar Santos da Silva, Luiz Henrique dos Santos Moreira, Suenni Nayara Lopes Félix, Severino Ramos Silva e Vânia do Socorro Maia (Sementes do Amanhã), Alberto Bitar, Areta Kyara Terra, Ana Letícia Nunes, Ana Paula Vidal Bastos, Andreza e Amanda Botelho (netas da Beth Cheirosinha), Andrea Feijó, Armando Queiroz, Adriana Meschede, Ava Carla Dias Rodrigues, Betânia Muniz Matos Pereira, Bruno Jeben da Silva (filho da Dona Deuza, erveira), Beth Cheirosinha (erveira), Claudia Duarte, Celeste Alves Moura, Cristiane Almeida Carvalho, Cleide Nascimento da Cunha, Célio Turino, Claudia Brack, Cristovão Fernandes Duarte, Daniel Cruz, Denise Machado, Dirceu Maués, Dona Coló (erveira), Elaine Fonseca Lobato, Elisiario Pires Palermo Jr., Elmilson Moreira de Souza (filho da Dona Gizeuda, erveira), Edmundo José Xavier Bastos, Edivaldo Rodrigues da Silva, Edivaldo Moreira (Banca das aves), Ediléia Barros Teles (Barraca 19), Érika Batista Pereira, Eduardo Kalif, Francisco Hernandes Ferreira da Silva, Fábio Júlio Colares Monteiro, Francy Mary Silva de Oliveira, Flávya Mutran, Fernanda do Socorro Santos, Fátima Silva, Gabriela Ahares Brasil, Guaciara Freitas, Guida (Erveira), Genilza Mácula, Irene Almeida, Irís Jatene, Ingo Chaves, Ionaldo Rodrigues da Silva Filho, Ivanildo Nascimento Ribeiro da Silva, João Boaventura Menezes Pereira, Jadiel do Nascimento Gomes, Jimmy Freire, José Luis da Silva Correia (Feirante), Joyce Dias Nabiça, Julia Gietl Gorayeb, Jonilson Lemos Pantoja, Karol Rodrigues Serrão, Kamila Frazão Lopes, Kate Ledighton, Karina Frazão, Lúcia Naoko Yamauchi, Liane Raiol Cardoso, Luis Fernando Pontes Ferreira Jr., Lucilene Marinho Ferreira, Liane Dahás, Luciana Loureiro F. Magno, Luis Gonçalves Pereira de Barros (Barraca 28 Ervas), Maria Sebastiana Gomes Feijó, Maria Zilda Azevedo da Silva, Marc Michel Lucotte, Makiko Akao, Marcelo dos Anjos Cardoso, Matheus Ribeiro, Michel Pinho Moisés Benigno Rego, Márcio Augusto Freitas de Meira, Marise Maués, Moisés Araújo, Marcel, Maria de Nazaré (Banca 42), Maria Lourenço, Naylana Thiely, Nina Matos, Neb’sn Labaska, Neiva Oliveira da Silva, Nilce Teixeira do Nascimento Gomes, Nilson Miranda, Patrícia Costa, Paula Sampaio, Patrick Pardini, Paula Mayara Oliveira dos Santos, Paulo Almeida, Paulo Ribeiro, Paulo Ronaldo Freire (Feirante), Raimundo Miguel Sales Cardias (filho de Dona Flora, erveira), Rosa Arraes, Rosicleide da Silva Almeida, Rosinaldo Martins Pereira, Robert Davidson, Raurizonia Fernandes Sousa, Regilson Freire (filho da Beth Cheirosinha), Sandra Helena Teixeira Lisboa, Sonia Maria dos Santos Barbosa, Silvio, André Lima da Conceição, Silvana Maria dos Santos, Thays Adriane Neves Ferreira, Thamires Aline Neves Ferreira, Teonila Bezerra Lima, Thaiana Bitti,Taisa Aloy, Tita (Erveira), Valéria Ferreira, Yuli Motoki. 27

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Orlando Maneschy e Marco Paulo Rolla, Ricardo Resende Nos vídeo-performances de Orlando Maneschy e Marco Paulo Rolla, o enquadramento da câmera de vídeo é congelado em si mesmos. No primeiro, o artista caminha à frente da câmera até se confundir na paisagem, desaparecendo ao distanciar-se ou embrenhando-se na mata, deparecendo entre os galhos e folhagens. O segundo, Marco Paulo Rolla, joga-se na frente da câmera enquanto é recoberto por folhas, por pedras ou por areia em paisagens diferentes como o campo, a mata ou a praia, respectivamente. Ambos os artistas aparecem diante da câmera e desaparecem, em uma simbiose com a paisagem e a natureza. Estes são os trabalhos que precisamente traduzem a proposta de reunião dos artistas convidados para o Arte Pará 2011. A Natureza e o homem em um projeto artístico único. Ou um sistema único do homem e a natureza. Mas tratam-se de desejos utópicos, nos casos de Maneschy e Rolla, de misturarem-se ou mesmo de transmutarem-se na própria mata, na própria paisagem. O expressivo nas obras dos artistas está na ação quase banal de ambos diante das câmeras. Ações de caminhar ou jogar-se; e é aí também que está o absurdo da situação criada pelos artistas.

MARCOS PAULO ROLLA Artista Convidado Belo Horizonte-MG Paisagens Vídeo | 2002 Coleção do Artista

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Sem acidentes neste processo, o que acontece nas obras de Maneschy e Rolla, é bastante planejado,

público é instado pelo artista a trazer uma planta de “estimação” de casa, para compor uma floresta

elaborado e até mesmo ensaiado, nas ações de desaparecer. No caso de Orlando Maneschy, há um

construída, em que as pessoas as arrumam aleatoriamente ou simplesmente as deixam naquele espaço

outro trabalho. Trata-se de uma instalação apresentada logo na entrada do Museu do Estado, onde o

da exposição. É uma floresta inventada, cheia de espíritos a habitá-la, trazidos nas plantas.

Orlando Maneschy Artista Homenageado Belém-PA

Orlando Maneschy Artista Homenageado Belém-PA

Berlim #00 - Da Série Desaparições Video | 2009

Natureza Selvagens Instalação Performantiva | 2011

Wiesbaden #01 - Da Série Desaparições Video | 2009 Wiesbaden #00 - Da Série Desaparições Video | 2009 México #00 - Da Série Desaparições Video | 2008

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Como idílios e exílios Armando Queiroz

Viver na planície provoca vertigem de abismo. A franqueza e veemência de Orlando Maneschy, como artista e homem que é, deixam marcas indeléveis em tudo que se propõe a realizar. Enfatiza e faz refletir justamente aquilo que tentamos ocultar. Brilha na luz e contrasta com a escuridão do interdito das vozes emudecidas. Fissuras da condição humana poetizadas em refinada teia de significados. É impossível para ele ocultar cadáveres ou carregar o peso morto do arrependimento de não dizer o que pensa. Sentir o que sente. Crava cristais de luz em nossa pele. Machuca, mas convida, convida a pensar. Força-nos a reagir à solidão. Um presente que dói. Quase imperceptíveis, estas frações de luz encontram o olhar desprevenido do outro. E, assim, deixam pistas das passagens secretas para aqueles que desafiam penhascos e arrecifes intransponíveis. Assusta-nos ao traçar uma topografia do isolamento. E é justamente ao fazer-se solitário que nos provoca a seguir caminho. Sabemos o quanto é dura a solidão forçada. Tem consciência do valor político de transpor os abismos que construímos. Sonhos, verdades, meias-verdades e desejos. Ausências. Mergulhos profundos, mergulhos profundos neste espaço intervalar entre o eu e o outro. Busca campos coincidentes, territórios do pensar, do permitir-se às relações. Murmura luz, globo estelar nas profundezas do oceano, minúcias cravejadas. Farol de Alexandria. Ilhas habitadas por seres abissais. Ondas do mar. Idílios e exílios que somos nós. Viver na planície provoca vertigem, uma vertigem às avessas. Sua coragem como artista desafia a quietude da boa vizinhança, prefere os riscos do aparentemente inconciliável. Assim é sua obra. Somente quem encara de frente seus abismos, tem a capacidade de dizer ao outro: vem, Invade e conquista delicadamente meus domínios! Viver na planície provoca vertigem de abismo.

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Orlando Maneschy Artista Homenageado Belém-PA Istmo Instalação | 2011 34

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Rodrigo Braga, Ricardo Resende

A história do vídeo apresentado na mostra Arte Pará Ano 30, de como ele aconteceu, é a parte constituinte do trabalho mais importante. Rogrigo Braga contou que nasceu em Manaus, por ocasião em que os seus pais pernambucanos foram trabalhar naquela cidade. Saiu de lá ainda criança e nunca mais voltou à região, até o ano passado. Foram pai e filho para Manaus. O pai cumpria uma promessa de retornar com o filho para aquela cidade embrenhada no meio da floresta. Em meio a vegetação, o artista surge de peito exposto e grita até a exaustão. Gesto simples e direto, sem rodeios, e parece nos dizer que algo mais existe deste reencontro exasperante com o lugar. A mesma floresta vista em Luiz Braga, em Apichitapong Weerasthakul e outros artistas presentes nas exposições. O grito de Rodrigo Braga é de caráter otimista, escuta-se de longe; e é a arte com desejo de ecoar nas paredes das salas expositivas. Cria uma tensão constante entre o público e a instituição.

Rodrigo BRAGA Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ Mentira Repetida Vídeo | 2011 Obra realizada com o patrocínio do XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia

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Ricardo Resende

Para a mostra paralela, foram convidados os artistas Cildo Meireles; Efraim Almeida; Klinger Carvalho; Apichatpong Weerasthakul; João Modé; Leda Catunda; Luiz Braga; Marcelo Moscheta; Marco Paulo

Foram selecionados 36 artistas das várias regiões do Brasil para o Edital Arte Pará: Anderson Pereira Silva dos Santos (BA), André Luís Andrade Pinto (RJ); Beanka Mariz (RJ); Elvis Almeida (RJ); Elza Lima (PA); Fábio Barbosa de Oliveira (RJ); Fabíola Scaranto (SC); Flavya Mutran (RS); Fernanda Griolin (SP); Fernanda Rappa (SP); Fernando Ancil de Souza Gaed (MG); Fernando Cidade Broggiato (SP); Fernando Figueiroa/ Coletivo Cia de Foto (SP); Geraldo de Souza Dias Filho (SP); Gilvan Tavares de Oliveira (PA); Gisela Motta & Leandro Lima (SP); Gordana Manic (SP); Hernandes F. da Silva (PA); Hugo Houayek (RJ); Ivan Grilo (SP); James Kudo (SP); Jardineiro André Feliciano (SP); Jocatos Torres da Silva (PA); José Luiz Stefano Mianutti (PR); Karina Zen (SC); Keyla Sobral (PA); Laércio Redondo (RJ); Lívia Paola Gorresio (SP); Luciana Magno (PA); Paula Márcia Mendes de Podestá (SP); Paulo Cezanne Souza Cardoso de Morais (GO); Renato Bezerra de Mello (RJ); Rubens Ferreira do Espírito Santo (SP); Silvan Kalin (PE); Val Sampaio (PA); Victor de La Rocque (PA), sendo que Geraldo de Souza Dias Filho recebeu o Primeiro Grande Prêmio, o Segundo Grande Prêmio foi para Anderson Pereira da Silva dos Santos e quatro Prêmios-aquisição para Gordana Manic, Keyla Sobral, Paul Setubal Souza Cardoso de Morais e Alberto Bitar.

Rolla; Rodrigo Braga; Rui Meira (em memória) e Emmanuel Nassar. O artista Orlando Maneschy recebeu homenagem especial. Foram quatro instalações distribuídas por três museus. Fizeram ainda parte desta homenagem mais quatro vídeos-performances inseridos na exposição dos convidados. Ainda, uma terceira mostra foi organizada com curadoria do artista paraense Armando Queiroz. Uma coletiva que tinha como tema uma homenagem ao Mercado Ver-o-Peso, com trabalhos de outros mais de 40 artistas paraenses. São eles: Antonieta Feio (em memória); Alexandre Sequeira; Benedicto Mello (em memória); Berna Reale; Oswaldo Goeldi (em memória); Pierre Verger (em memória); Pinto Guimarães; Ronaldo Moraes Rêgo; Acácio Sobral (em memória); Rybas; Bruno Cantuária e Ricardo Macedo; Albery Albuquerque; Dirceu Maués; Fernando de Pádua; Leno Vidal; Margalho-Açu; Valdir Sarubbi (em memória); Rosangela Britto; Mestre Nato; Yoshio Yamada (em memória); Raquel Stolf; Jair Jr.; Alfredo Volpi (em memória); Renato Chalú; Miguel Chikaoka; Walda Marques; Armando Sobral; Dina Oliveira; Dumas Seixas; Emanuel Franco; Geraldo Teixeira; Jocatos; Jorge Eiró; José de Moraes Rego (em memória); Marinaldo Santos; Nio Dias; Oriana Duarte; Paula Sampaio; Ruma; Veronique Isabelle e Elaine Arruda; Osmar Pinheiro (em memória); Pablo Mufarrej; Elza Lima; Roberto de la Rocque (em memória); George Venturieri; Éder Oliveira; Elieni Tenório, que se inspiraram, registraram em fotografia ou pintaram aquele lugar.

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LUCIANA MAGNO Belém-PA Simbioses sobre raízes aéreas Fotografia | 2011 HERNANDES HAVISHE Ananindeu-PA Afuá Bridge City Mista/Escultura | 2011 Pala-nóis na fita tower Mista/Escultura | 2011

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ALBERTO BITAR Prêmio Aquisição Belém-PA S/título, da Série Sobre o Vazio Fotografia - Instalação de Parede | 2003

COLETIVO CIA DE FOTO São Paulo-SP Jardim Políptico impresso como uma peça apenas | 2012 Uma fotografia que não se fixa Tríptico de fotografia | 2012

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FABÍOLA SCARANTO Canoinhas-SC BEANKA MARIZ Rio de Janeiro-RJ

Imagem para deixar de existir I - Mercado Ver-O-peso Desenho | 2011

Sem título, Série Manutenção Assemblagem | 2011

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LIVIA GORRESIO Santana do Paraíso - SP

JARDINEIRO ANDRÉ FELICIANO São Paulo-SP

Living Vivo Instalação Performática | 2011

“Frutos do jardim da Exposição Ecológica-MAN/ SP 2.jpg” Fotografia | 2011 “Frutos do jardim da Exposição Ecológica-MAN/ SP 3.jpg” Fotografia | 2011

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VITOR DE LA ROCQUE Belém-PA O Senhor é meu pastor e nada me faltará Performance orientada para Fotografia | 2011

JAMES KUDO São Paulo-SP Caveira 1 Pintura | 2011 Caveira 2 Pintura | 2011 Caveira 3 Pintura | 2011

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Fotografia Orlando Maneschy

KARINA ZEN Florianópolis-SC S/Título 02 Instalação | 2011 S/Título 04 Instalação | 2011

vitor de la rocque Belém-PA Gallus Sapiens Parte 3 Performance | 2011

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Val Sampaio Belém-PA

silavan kalin Recife-PE

Mangueiras de Belém Intervenção Urbana - Instalação | 2011

One Man Fantasia Instalação | 2011

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RENATO BEZERRA DE MELLO Rio de Janeiro-RJ E estas páginas te contarão um segredo Conjunto de desenhos em caneta BIC sobre folhas de papel milimetrado| 2008-2011

ANDRÉ ANDRADE Rio de Janeiro-RJ

O tempo não é uma coisa, é uma idéia. Ele morrerá na mente Desenho em nanquim vermelho sobre folhas de cadernlo Moleskine | 2009-2011

S/título Pintura | 2011 S/título Pintura | 2011 S/título Pintura | 2011

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FLAVYA MUTRAN Porto Alegre-RS S/título, da Série / Mapas de Rorschach Fotografia | 2011 S/título, da Série / Mapas de Rorschach Fotografia | 2011 S/título, da Série / Mapas de Rorschach Fotografia | 2011

FERNANDO ANCIL Belo Horizonte-MG Geometrias Orgânicas Fotografia | 2011 Contra Campo Fotografia | 2011

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FERNANDA RAPPA SÃO PAULO-SP

JOCATOS Belém-PA Noites Brancas Instalação/Gravura/Objetos | 2011

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S/título, da série No fundo do mundo, na fenda do medo, findo o mito. Fotografia | 2009 À sua volta, começo Instalação/Gravura/Objetos | 2011

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GERALDO SOUZA DIAS São Paulo-SP Espinho no Pé Pintura | 2010

GERALDO SOUZA DIAS Grande Prêmio São Paulo-SP Der Freie Dozent (O livro docente) Pintura | 2010

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emanuel franco belém-PA Artista Convidado Variações sobre um mesmo urubu Impressão sobre lona plástica | 2011 Coleção do Artista

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De onde pulsa a vida em Belém... Armando Queiroz

Como dar conta do que é o Ver-o-Peso? Certamente é uma polifonia de vozes, quereres e saberes: uma construção mental. Estados de espírito: alma. Amores, ódios, desprezos... De lá, pulsa a vida da cidade. Pulsa, pulsa vida! Peixes e odores acres, cheiros marcantes de ervas, cheiro de carne e sangue. Verduras frescas. Rostos e corpos luzidios. Falares, dizeres. Pulsa, pulsa a vida ali! Além do Ver-o-Peso atual, está o Ver-o-Peso antes do Ver-o-Peso: o Ver-o-Peso é ancestral! Peles e carne de caça, velames e Boiúna. O Ver-o-Peso não se restringe ao seu espaço físico. O Ver-o-Peso é mais do que isso – não se resume a um espaço arquitetonicamente constituído: o Ver-o-Peso traduz, revela uma arquitetura humana. A diversidade da experiência vivida entre a selva e a cidade. Atritos, fricções. Violência, abandono e salvação. Ferro de Glasgow misturando-se ao acobreado das peles mestiças, pôres-do-sol em pleno meio-dia! Retire os transeuntes, os feirantes, as cheirosas... o que restará? Um oco de ferro, pedra e cal... Mais do que querer apreender o que é o Ver-o-Peso, talvez seja mais interessante tentarmos compreender como fazer nossa entrada no Ver-o-Peso. Certamente o Ver-o-Peso não se dá assim tão facilmente... Este local requer zelo e atenção. Tempo de espera, brisa quente que passa. Ao turista desavisado, ao belenense já desacostumado ao suor da diferença, o Ver-o-Peso se entrega, em geral, superficialmente. Contudo, este Ver-o-Peso profundo, este convite ao desregramento e a certeza de nossa incapacidade de apreensão da totalidade, exige cumplicidade e mistura. Como disse linda e sabiamente Dalcídio, deste Ver-o-Peso: “[...] Ver-o-Peso, sem pintura e literatura”. Este poderoso Ver-o-Peso estará eternamente a desafiar a sensibilidade dos artistas na crueza de suas formas, cores e odores. Neste desafio de idas e vindas, constitui-se o percurso deambulatório do visitante ao penetrar neste universo multifacetado sugerido pela Sala Especial Ver-o-Peso. O Museu do Estado do Pará foi tomado por esta atmosfera de encontros fortuitos, ou não tão fortuitos assim. Artistas convidados da sala especial dialogando incessantemente com os artistas selecionados e demais artistas convidados do salão. Perder-se, encontrar-se, estabelecer relações muitas vezes improváveis, nos diz muito do que é estar conectado ao clima sugerido pelo Ver-o-Peso. No calor da hora.

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MARGALHO-AÇU Artista Convidado Belém-PA Alma Instalação | 2008 Coleção do Artista

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Bater açaí, dele retirar o vinho de subsistência de tantas bocas e estômagos, assim é a instalação Alma (2008) de Margalho-Açu, que abre o circuito de visitação da sala especial Ver-o-Peso, ainda no primeiro piso do museu. Margalho-Açu nos fala de uma alma corpórea, matérica, de luz e sumo consubstanciados. Uma alma bruta, rebelde e resoluta. Alma que ecoa na série fotográfica “Porto de Veleiros, Ver-o-Peso” (1948), de Pierre Verger, que ocupa paredes da sala ao lado, onde velames inflados por luminosidade e sombras trazem a dramaticidade teatral de uma boca de cena geometrizada pelo encontro de lonas, mastros e corpos caboclos. Do outro lado da sala, outros corpos caboclos são percebidos pelo olhar acurado de Luiz Braga, na série Nigthvision (2009-2011) que, através da subversão de captura da câmera, nos devolve imagens que mais pertencem ao mundo do espírito. Testemunhos da passagem do homem pela vastidão da floresta. “Fé em Deus” (2010) é obra capital em sua trágica apreensão da ação do homem ante a natureza. Entre o porto seguro luminoso e os extremos ocultos da mata está a obra “Entre duas margens” (1999), de Klinger Carvalho, sua “montaria” aprisionada a nos indagar sobre os limites e validade dos processos civilizatórios impostos à região. Um grande painel fotográfico nos espera na sala posterior. Fruto do projeto “Urubles” (2007-2011), de Miguel Chikaoka, que arregimenta dezenas de olhares para constituir uma única e gigante imagem do Ver-o-Peso. O eterno compartilhar e a generosidade criativa do fotógrafo preenchem o espaço. A postura de Chikaoka é exemplo fundamental para Belém e para o mundo. Nas paredes do jardim interno do prédio, Emanuel Franco faz pousar seus “Urubus no MEP” (2011), pontos negros a macular a brancura do prédio anunciando a presença de uma realidade outra, sobrepondo-se em lógica diversa. É a balburdia da feira. É a virada do vento e da maré, é o “pitiú” de peixe nas garras e bicos dos urubus ocupando o palácio Lauro Sodré.

GILVAN TAVARES Belém-PA Fecundo Instalação | 2011 68

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Ao subir para o andar superior, deparamo-nos com artistas que dialogam com os belos salões nobres do palácio. Ali encontramos a instalação “Fecundo” (2011), de Gilvan Tavares, artista selecionado, que ressignifica tecidos abandonados de sombrinhas, quais vitórias-régias multicoloridas, a impor conversa franca com a suntuosidade do salão, tempos idos, tempo atual, como se a Rua João Alfredo estivesse ali. Complementando a atmosfera do local, ouvimos pássaros e mais pássaros numa sinfonia criada por Albery e Thiago Albuquerque, a partir da pesquisa científico-musical transmórfica, denominada por eles “Música Universal das Linguagens”, que também pode ser nomeada com o título de “Música Viva da Floresta”. Segundo os artistas-pesquisadores, “a Música Universal das Linguagens é um dos processos transmórficos que transforma, por exemplo, as vocalizações produzidas pelos animais, em escolas musicais e, consequentemente, em cultura musical.” Argúcia e sensibilidade humana invocando os dons da natureza. No ambiente ao lado, Armando Sobral apresenta a “Série Labirinto: Ver-o-Peso: Urnas” (2010). Madeira e terracota, essencialidade formal de longínqua memória, a medir forças com a pintura parietal do salão Império, advinda do ecletismo do início do século XX.

ARMANDO SOBRAL Artista Convidado Belém-PA Série Labirinto Ver-O-Peso: Urnas Instalação-Madeira e Terracota | 2011 Coleção do Artista

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Raquel Stolf Artista Convidada Indaial-SC Grilo [relato] Vídeo | 2008 Coleção Fundação Romulo Maiorana

oriana duarte Artista Convidada Recife-PE A coisa em si [Sopa de pedras] Vídeo | 1998

Nas salas opostas, dividem espaço o vídeo de Raquel Stolf, “Grilo [Relato B.]” (2008), onde a artista acompanha a despedida de uma bike-som contratada para circular pelo entorno do museu, devolvendo à cidade barulhenta a sutileza sonora do esfregar de patas de um pequeno grilo. Tocante despedida entre carros e a escuridão da noite; e o registro em vídeo de Oriana Duarte “A coisa em si [Sopa de pedras]” (1998), trabalho inaugural de ações perfomáticas no Ver-o-Peso. Oriana estabelece relação com os feirantes, que disponibilizam todos os elementos necessários à ação, momento de troca intensa e percepção do outro, intermediado pelo próprio corpo da artista. Ao lado, na sala destinada à religiosidade cabocla do Círio de Nazaré, Leno Vidal apresenta a instalação “Tabajara” (2011), “o senhor da aldeia”, devotada a esta entidade chefe que, juntamente com a índia cabocla Iracy das Neves, orientavam espiritualmente sua avó Dinair Serra de Souza, no Centro Conceição de Maria, inaugurado no fim dos anos 60. Local de cura através de rituais de pajelança cabocla, agora trazido para um espaço laico de museu. Vida, religiosidade e arte se inter-relacionando, como potência em si, de troca, respeito e resgate de memórias invisibilizadas. Após estas salas, abrindo o corredor que irá levar o visitante propriamente à sala especial do Ver-o-Peso, está a paisagem sonora, oriunda da pesquisa da estrutura arquitetônica da treliça metálica do frontão do Mercado de Ferro do Ver-o-Peso “Frontão do Ver-o-Peso” (2007), também de Albery e Thiago Albuquerque, no mesmo sistema de pesquisa

leno vidal Artista Convidado São Paulo-SP

científico-musical transmórfica da Música Universal das Linguagens apresentada no canto dos pássaros. Tabajara Instalação | 2010 72

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Ainda no corredor, iniciando o painel de apresentação da sala Ver-o-Peso, temos a presença de Dumas Seixas, com objetos “Memória engarrafada” (2003) e “Memória engavetada” (2003), que demonstram seu forte vínculo com o mercado e as lojas de produtos de Umbanda encontradas no mercado do Ver-o-Peso e cercanias. Seu pai era dono da Casa Sete Flechas e fazia seus próprios rótulos, em sua pequena tipografia. Entre “tipos” gráficos de chumbo, garrafas, banhos e ervas, cresceu Dumas, e seu amor pelas artes gráficas e a realidade mística da Amazônia. No mesmo painel, dois momentos sublimes de Luiz Braga “Açougueiro” (1993) e “Mercado de Carne” (2006), da série Nigthvision. A vitalidade sanguínea daquele homem de olhar penetrante dá lugar à palidez das carnes tornadas limo, peças arqueológicas de um futuro distante, vida e morte: permanência. Do lado oposto do corredor, Renato Chalú mostra “Das origens” (2005-2011), fotografias manipuladas apontando, hoje, para uma pesquisa de promissores desdobramentos. Do fundo da gaveta, Jorge Eiró traz um conjunto de gravuras digitais “Novas poesias em quadrinhos” (1982-2011), trabalho que homenageia os trinta anos do Arte Pará, coincidentes com sua primeira participação no evento. Aqui, faz-se poeta pop-perambulante da cidade-palavra-imagem.

dumas seixas Artista Convidado Belém-PA

Luiz Braga Artista Convidado Belém-PA

Jorge Eiró Artista Convidado Belém-PA

Memória engavetada Objeto | 2003

Açougueiro Pigmento sobre papel fotográfico de algodão | 1993

Novas poesias em quadrinhos Gravura Digital | 1982-2011

Memória engarrafada Objeto | 2003 Coleção Luiz Fernando Carvalho

Série Nightvisions - Mercado de Carne Pigmento sobre papel fotográfico de algodão | 2006 Coleção do Artista

renato chalú pacheco Artista Convidado Belém-PA Das coisas Fotografias manipuladas | 2005-2011 Coleção do Artista

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Abrindo o salão, o registro fotográfico da performance “Quando todos calam” (2009), de Berna Reale, um dos retratos mais deslumbrantes, mais pungentes, do que pode ser o Ver-o-Peso para a artista. Desnuda, eviscerada, posta aos urubus... quando todos calam... a arte fala com grandiosidade. Dialogando perfeitamente com as questões centrais levantadas este ano, pela curadoria geral de Ricardo Resende, ao atentar para as paisagens que nos habitam, Elza Lima – artista selecionada –, desvenda nas fotografias “Intrínseca Paisagem I, II e III” (2011) a força híbrida do homem em comunhão total com a natureza, experiência correlata ao filme Tio Bommee que pode recordar suas vidas passadas, de autoria do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, apresentado em mostra paralela no Cine Olympia.

veronique isabelle e elaine arruda Artistas Convidadas Quebec-Canada / Belém-PA Intervenção In Situ no Porto do Sal Intervenção | 2011 marinaldo santos Artista Convidado Belém-PA Imagens produções Mista s/tela | 2010 Coleção Ronaldo Salame

rybas Artista Convidado Belém-PA

JAIR JR. Artista Convidado Belém-PA

berna reale Artista Convidada Belém-PA

Ídolos de Pano Pintura sobre Eucatex | 2010

Quando todos calam Performance-Registro fotográfico | 2009

Coleção Fundação Romulo Maiorana

Coleção Fundação Romulo Maiorana

Eliene Tenório Artista Convidada Belém-PA

pablo mufarrej Artista Convidado Belém-PA

Caminhos da Fé Acrílida sobre tela | 2000-2011

Série, lugar comum - Corpo Escultórico 1 (5 objetos)

Coleção do Artista

Manipulação construtiva | 2007-2011

Eu adoro as Mulatas Pintura sobre tecido | 2010 Coleção Espaço Cultural Casa das Onze Janelas-SIM

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As três pinturas de Geraldo Teixeira fendem a azulejaria lusitana, entre limo e abandono. Nelas, o passado agita-se, retorcido entre nuvens plúmbeas e velas encarnadas. Doura o Minho em terras onde nem tudo que reluz é ouro. Aqui, Granada nunca será reconquistada totalmente, nesta ímpia e selvagem morada do Encantado. No alto, as devorações de “Antro” (1999), enorme desenho sobre papel de Dina Oliveira, numa cadeia alimentar que não permite comiserações: a crueza do mundo na consciência da artista. Todo o calor e a umidade dos trópicos então contidos nas gotículas prateadas da obra Cristais de Luz, de Valdir Sarubbi. Pintura de delicada fatura e poderosa reverberação simbólica. Com licença poética, este núcleo da sala também recebe a litogravura sem título “Série 73/200” (1975), de Alfredo Volpi. São bandeirolas e mastros de um Ver-o-Peso provavelmente nunca visitado pelo artista ítalo-brasileiro até este momento.

mestre nato Artista Convidado Belém-PA Estandart Senhor das ervas Mista s/tecido | 2010

dina oliveira Artista Convidada Belém-PA

elza lima Intrínseca Paisagem Fotografia | 2011

Coleção do Artista

Intrínseca Paisagem Fotografia | 2011 Intrínseca Paisagem Fotografia | 2011

Astro Mista s/papel | 1999

valdir sarubbi | 1939-2000 Artista Convidado Bragança-PA Cristais de Luz Acrílida e esmalte s/tela Coleção Espaço Cultural Casa das Onze Janelas-SIM

GERALDO TEIXEIRA. Artista Convidado Belém-PA Feira Mista s/placa | 2011 Feira Mista s/placa | 2011 Feira Mista s/placa | 2011

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Especialmente para este momento, Elieni Tenório retoma a obra “Caminhos da Fé” (2000 a 2011), retorno ao figurativo há muito não trabalhado, oportunidade ímpar de revê-la nas origens de sua pintura. A sonoridade vibrante do Ver-o-Peso está na instalação “Ídolos de pano” (2010), de Jair Junior. Entre luzes multicores, Ted Max, Wanderley Cardoso, Carlos Santos, Alípio Martins e Waldick Soriano abrem espaço para o gosto musical do local. Sem esta sonoridade, a sala jamais seria a mesma. Atento cronista da Belém invisível, Ribas não poderia estar de fora, com seus estandartes precários retratando amores e desamores do cotidiano. A obra “Imagens produções” (2010), de Marinaldo Santos, problematiza os liames nem sempre explícitos entre a espontaneidade do artista e a obra feita por encomenda. Com fina irreverência, desata os nós e ata tantos outros ao convencer-nos: imagem é tudo! A mística do Ver-o-Peso está presente em José de Moraes Rego, em sua pintura “Ritual Basílico” (1986), repleta de símbolos esotéricos a representar a multiplicidade de crenças e credos da feira. Lojas de produtos de místicos, o conhecimento da erveiras, os tajás de proteção dos estabelecimentos comerciais: um Ver-o-Peso oculto dentro do Ver-o-Peso. José de Moraes Rego é um caso especial nas artes do Pará, ainda a ser devidamente pesquisado. A pintura “Norato” (1998), de Ruma, fala a língua da Cobra- Grande, serpenteia o mercado e vai morar embaixo da Catedral de Belém. Obras que estão na mesma sintonia vibratória dos estandartes, “Cobra Norato” (2005), “Senhor das Ervas” (2010) e “Oxossi” (2009), de Mestre Nato. Proveniente do bairro populoso do Guamá, possui ali seu atelier. Aparentemente tão pequeno, é infinitamente gigante: tem uma porta escancarada para o mundo, para a rua, para o passante desconhecido que logo para e vem alimentá-lo de conversa nova, para o amigo de longa data e suas reminiscências, para a garota que vem beijar-lhe reverente a cabeça e cobrar-lhe se já tomou os remédios diários. Neste poderoso universo, o vizinho que vira porco, o policial que se amasiou com Cobra Norato depois de quebrar-lhe o encanto, convivem com a dura realidade do hoje, da saúde abalada e da precariedade de subsistência. Contudo, crê em sua missão, na quantidade de trabalhos ainda por fazer, que lhe exige a demora terrena. Vê-se, aqui, um Ver-o-Peso profundo, expandido por toda Belém. No centro da sala, Pablo Mufarrej reconfigura sua Série “Lugar Comum – Corpo escultórico 1 (5 objetos)” (2007-2011). Feito ambulante, organiza sua cena e está agora no Ver-o-Peso a capturar gotículas de chuva, gotículas de suor, gotículas de saliva, gotículas de experiência dos visitantes. Cerebral, confabula com Dumas Seixas, no lado oposto da sala, e seu álbum encadernado de desenhos referenciais de grafismos do Ver-o-Peso (2003). Entre eles, estão Acácio Sobral e sua Instalação de “Couros/cascas” (...) a nos remeter a uma ancestralidade do Ver-o-Peso, um Ver-o-Peso antes do Ver-o-Peso. Um Ver-o-Peso

ALFREDO VOLPI | 1896-1988 Artista Convidado Lucca-Itália

josé de moraes rego | 1926-1990 Artista Convidado Belém-PA

Pintura, Série 73/200 | 2011

Ritual Basílico Óleo e acrílico s/tela | 1986

Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

ruma Artista Convidado Belém-PA Norato Acrílica s/tela | 1998

Coleção Bernadete Rego

das carnes e couros de caça. Um Ver-o-Peso atualíssimo, ecoando, ainda hoje, nas feiras-livres de tantas beiras de rio; e Nio Dias, e sua instalação “Roendo pelas beiras” (2011). Artista de senso apurado de observação, a resgatar na feira do Ver-o-Peso a memória matérica dos restos de madeira esculpidos ao sabor do acaso, na faina diária daqueles que descascam sementes de Castanha-do-Pará.

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O Duo Very Well, composto por Véronique Isabelle e Elaine Arruda propõe o encontro de realidades pouco visitadas. Através da aplicação de “lambe-lambe” em lugares estratégicos dos portos da cidade, a dupla provoca a troca de experiência e o contato direto com os trabalhadores e transeuntes do local. Desta forma, uma rede de cooperação espontânea é criada. Assim também acontece na própria sala Ver-o-Peso, onde ocupam uma parede e buscam o encontro com o visitante ao permanecerem trabalhando no local, mesmo depois da abertura da exposição. Além disso, propõem nova intervenção in situ no Porto do Sal, como desdobramento de suas propostas. Solitária, a pintura “Estrela da Magia” (1993), de Rosangela Britto, busca outras maneiras de envolver o espectador, enlaçando-o em suas tramas para fora da tela. É no olhar daquele que observa o quadro que a artista irá buscar cumplicidade e conforto, preencher vazios. Paula Sampaio, através da Folha do Ver-o-Peso (2006), uma publicação que circulou no Ver-o-Peso durante o 25º Arte Pará, dá voz aos próprios feirantes. Casos, comentários, visão BENEDICTO MELLO | 1926-2004 Artista Convidado Belém-PA Ver-O-peso I Óleo s/tela | 1970 Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

Alexandre sequeira Artista Convidado Belém-PA Identidades Calcinadas I Serigrafia s/papel de fibra de Curauá | 2003

mestre nato Artista Convidado Belém-PA Estandart Oxossi Mista s/tecido | 2009

acácio sobral | 1943-2009 Artista Convidado Belém-PA

DIRCEU MAUÉS. Artista Convidado Brasília-DF

Coleção do Artista

Feito poeira ao vento Vídeo | 2007 Coleção do Artista

Peles Construção artística

de mundo. É o imaginário local a pari passu com o olhar da fotógrafa. Experiência que levará consigo ao abrir o porão de sua própria casa para receber os vizinhos e, como eles, construir e reconstruir histórias pessoais do bairro, na Folha da Campina. O exercício de alteridade também está presente na série de ações performáticas realizadas por Ricardo Macedo e Bruno Cantuária. Como exemplo, temos o vídeo “identidades móveis: vídeo Anderson Barbosa” (2010), onde a dupla cria uma situação para que Ricardo Macedo tome o lugar vivencial do feirante Anderson Silva. O outro, nele, em si.

Identidades Calcinadas II Serigrafia s/papel de fibra de Curauá | 2003 Identidades Calcinadas III Serigrafia s/papel de fibra de Curauá | 2003 Coleção Fundação Romulo Maiorana

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Basta que olhemos para os seus olhos. Na mesma parede, duas obras de menor tamanho, mas de não menos importância e significação, dois mestres, duas aquarelas, Oswaldo Goeldi com “Mercado de ferro” (1939), sutil pintura de ferruginosa veladura; e Roberto de La Rocque, mestre querido de tantos, com “Arquitetura do Limo” (1986). Lugares e abandono, talhos de carne, talhos de tempo. Desmemória. Na parede ao lado, paira, acima, “Liberdade” (2010), uma das bandeiras pessoais de Emmanuel Nassar. Possibilidades de construção de um eu afirmativo, demarcador de limites e autonomia: um eu caboclo por excelência. Próxima está a pintura sem título (...) de Osmar Pinheiro, um tocante entardecer prateado emoldurando a silhueta enferrujada do mercado de peixe às vésperas da escuridão. Neste conjunto, o silêncio de Ronaldo Moraes Rêgo está presente no óleo sobre tela “Ver-o-Peso” (1977). Luzes rasantes permitem-nos sentir a mesma brisa morna dos embarcadiços. A atmosfera dourada da aquarela “Ver-o-Peso” (2008), de George Venturieri, transporta-nos a outro Ver-o-Peso; um Ver-o-Peso etéreo, quase impossível. Na aquarela de Georges Wambach, mastros e velames fragmentados fazem aportar embarcações geometrizadas na “Doca do Ver-o-Peso” (1939). Pinto Guimarães destaca-se ao propor um ponto de vista diferenciado em sua pintura “Doca do Ver-o-Peso” (1996). Direciona seu olhar para a lama, a sujeira e os urubus. É o Ver-o-Peso mal-cheiroso, dos restos, do rebotalho. Vibrante, feérico, movimentado é o “Ver-o-Peso” (1963), sob o olhar de Yoshio Yamada. Olhar de deslumbre sobre a terra estrangeira e ser adotada como lar. Pintura e sentimento. Muitos olhares, muitas perspectivas, muitas expectativas, muitos Ver-o-Peso. Sentimentos, sentimentos. Impressionante o diálogo entre a bela pintura de Benedicto Mello, “Ver-o-peso I” (1970), e o vídeo “Feito poeira ao ven-

Como forma potencializar suas atividades ao longo dos meses que sucedem ao mês de outubro, destinado ao Salão Arte

to” (2007), de Dirceu Maués. Distantes no tempo, optam pela Pedra da Beira como ponto de referência do olhar: o lugar

Pará, a Fundação Romulo Maiorana pretende ampliar o alcance de seu site, introduzindo-o como fórum de pesquisa. Para

menos qualificado do complexo do Ver-o-Peso. É ali que será vendido o peixe que não mais pode ser negociado dentro

isso, lança o projeto Processos Curatoriais, que visa promover o acompanhamento curatorial de ações artísticas no norte

do Mercado de Peixe, o peixe “passado”, quase estragado. As serigrafias sobre papel de fibra de Curauá “Identidades calcinadas I, II e II” (2003), de Alexandre Sequeira, fala-nos deste lugar onde as pessoas não são vistas pelo restante da cidade. O mesmo lugar onde foram parar as latas de manteiga Nossa Senhora de Nazaré, após serem distribuídas numa ação de ressignificação da lata, no 25º Arte Pará, proposta por Jocatos aos feirantes que poderiam reutilizá-la da maneira como quisessem. Muitos optaram por dar-lhe uma finalidade estética, e até mesmo um concurso foi promovido pela Fundação Romulo Maiorana para premiar as interferências mais criativas. Contudo, outras latas retornaram a sua origem pragmática, utilitária. Jocatos não se furtou a registrar fotograficamente este maravilhoso retorno. Na mesma Pedra da Beira, um grupo de pessoas se utiliza de algumas destas latas para preparar uma bela caldeirada de peixe. Calcinada pela fuligem do carvão, pouco se reconhece da imagem de Nossa Senhora de Nazaré, tal qual os rostos desapercebidos nas serigrafias de Alexandre Sequeira. Mesmo assim, estão ali: existem e resistem. Questões identitárias também estão presentes na pintura de Antonieta Feio e seus personagens. Na pintura “Vendedora de cheiro” (1947), a identificação com uma camada da população torna-se possível. Aquela mulher que ganha a vida vendendo cheiro é vista, é percebida. Ela passa a existir. Estas questões também atravessam os dois retratos fotográficos de Walda Marques, na série “Faz querer quem não me quer”. São as obras “Canela” e “Aranha Rica” (2006). Exercício sensível de percepção do outro, onde a fotógrafa abre espaço para que as próprias erveiras digam a forma com que querem ser retratadas. Nos gigantescos retratos pintados por Éder Oliveira, como em “Homônimo” (2011), apresentado na sala Ver-o-Peso, o isolamento da figura de seu contexto original, onde aparecem geralmente estampando as páginas

antonieta feio | 1897-1980 Artista Convidada Belém-PA Vendedora de cheiro Óleo s/tela | 1947 Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

walda marques Artista Convidada Belém-PA Faz querer quem não me quer-Aranha Rica Fotografia | 2006 Faz querer quem não me quer-Canela Fotografia | 2006 EDER OLIVEIRA Artista Convidado Belém-PA Homônimo Pintura s/tecido | 2011

policiais, em situação de vulnerabilidade e degradação, agora são regatados pelo artista em sua plena dignidade do ser. 86

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do país. Como projeto-piloto, o site abrigará quatro ações de artistas convidados da sala especial Ver-o-Peso que não estiveram com seus trabalhos fisicamente presentes na mostra, mas que se adéquam perfeitamente, em suas propostas, ao meio digital. Teremos, então, relacionados ao Ver-o-Peso, Lúcia Gomes, e o registro de sua ação “STOP”; Fernando de Pádua, e o registro da ação “CICLOVIDA”; P. P. Condurú e a revisitação de sua série de desenhos digitais “Os pessoal” e Nando Lima com “VER : O : PIXEL”, retrofit (2011), realidade virtual em plataforma Second Life. Outros tempos, outros Ver-o-Peso possíveis.

mestre nato Artista Convidado Belém-PA Estandart Oxossi Mista s/tecido | 2009 Alexandre sequeira Artista Convidado Belém-PA Identidades Calcinadas I Serigrafia s/papel de fibra de Curauá | 2003 Identidades Calcinadas II Serigrafia s/papel de fibra de Curauá | 2003 Identidades Calcinadas III Serigrafia s/papel de fibra de Curauá | 2003 Coleção Fundação Romulo Maiorana

DIRCEU MAUÉS. Artista Convidado Brasília-DF Feito poeira ao vento Vídeo | 2007 Coleção do Artista

antonieta feio | 1897-1980 Artista Convidada Belém-PA Vendedora de cheiro Óleo s/tela | 1947

EDER OLIVEIRA Artista Convidado Belém-PA

george venturiere Artista Convidado Belém-PA

emanuel nassar Artista Convidado Belém-PA

Homônimo Pintura s/tecido | 2011

Ver-O-Peso Aquarela | 2008

Liberdade Bandeira de tecido | 2010

Coleção Vanilson Hesketh

ROBERTO DE LA ROCQUE | 1924-2001 Artista Convidado Belém-PA Arquitetura do Limo Mista | 1986 oswaldo goeldi | 1895-1961 Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ Mercado de Ferro Aquarela s/papel | 1939 Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

ALFREDO VOLPI | 1896-1988 Artista Convidado Lucca-Itália S/título - Série 73/200 Litogravura | 1975 Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

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YOSHIO YAMADA | 1910-1973 Artista Convidado Belém-PA Ver-O-peso Óleo s/tela | 1963 Coleção Célia Yamada

georges waMbach | 1901-1965 Artista Convidado Antuérpia-Bélgica Doca do Ver-O-peso Aquarela | 1939

pinto guimarÃes | 1930-1997 Artista Convidado Belém-PA Doca do Ver-O-peso Óleo s/tela | 1996 Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

osmar pinheiro | 1950-2006 Artista Convidado Belém-PA

bruno cantuária e ricardo macedo Artistas Convidados Belém-PA

S/título Encáustica s/tela | 2002

Identidades Móveis Vídeo-Performance | 2010

Coleção Aurélio Meira

ronaldo moraes rego Artista Convidado Belém-PA Ver-O-peso Óleo s/tela | 1977 Coleção Museu de Arte de Belém-MABE

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paula sampaio Artista Convidada Belém-PA Projeto Folhas Impressas | 2006-2011

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paula sampaio Artista Convidada Belém-PA Projeto Folhas Impressas | 2006-2011

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O projeto “Folhas Impressas” é um conjunto de ações que vêm sendo realizadas desde 2006 no Centro Histórico de Belém, Pará, pela fotógrafa Paula Sampaio. O principal objetivo é provocar uma reflexão sobre questões como patrimônio, identidade e esquecimento, por meio de imagens e memórias orais, editadas em jornais tabloides com circulação gratuita nos bairros da Campina, Comércio e Cidade Velha. O conteúdo das folhas denuncia o descaso com o patrimônio histórico arquitetônico e traz a reinterpretação das perdas e dos acréscimos ocorridos naquela área, a partir da memória de quem vive o movimento da história cotidiana nesses espaços públicos e na intimidade. A “Folha do Ver-o-Peso”, baseada em entrevistas com os trabalhadores e frequentadores do complexo do Ver o Peso, foi o ponto de partida para a criação do projeto “Folhas Impressas”, que vem se desdobrando ao longo dos últimos anos em várias ações. Uma delas foi a”Folha da Campina”, que circulou com artigos de convidados, narrativas e imagens colhidas no bairro. A outra foi a instalação “No Porão ” , realizada com fotografias e objetos de acervos particulares de moradores dos bairros do centro histórico de Belém, que também deu origem a Série “Paragens”, composta por releituras de imagens de família e paisagens amazônicas, intervalos de lembranças e delicadezas, que se misturam aos muitos lugares de passagem, nessas paragens que não têm fim.

rosangela britto Artista Convidada Belém-PA Estrela da Magia Mista s/tela | 1993 91

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Ricardo Resende O Mercado Ver-o-Peso não poderia ser chamado de um “edifício”, simplesmente. Não é um simples prédio construído no Século XIX. É um belo exemplar da arquitetura de ferro. Mas não é só isso. É antes de tudo um lugar de encontros de todos os extratos da cidade de Belém. Um espaço que pulsa na confluência de deslocamentos diários, de venda e compra de mercadorias. É lugar de se comer. É lugar de miscigenação de culturas. É lugar de cheiros, de cores, de texturas e de histórias individuais e coletivas. É por onde passa uma cidade inteira. Talvez onde ela comece e é mais democrática. É lugar de muita deambulação. É o coração de Belém, que fica largada molemente à beira de um largo

nossa vivência como observadores, e que vai muito além de uma ressonância temporal ou puramente política de ver o mundo. É, antes, uma relação prática e intelectual, mas é também puro afeto. A paisagem é como um perfume...

e caudaloso rio, quase um mar de água doce e peixes à sua frente. Um rio imenso que corta uma

Nada mais do que uma maneira de enxegarmos, sentirmos e entendermos o mundo na sua represen-

vastidão de floresta. É um porto seguro para muitos que vêm ali atracar os seus barcos todos os dias.

tação.

E para os artistas presentes na mostra “Ver-o-Peso”, que souberam captar, registrar, pintar todos estes matizes, sonoridades, cheiros e o movimento do vai-e-vem das pessoas que habitam o lugar, é a cons-

a paisagem é perfume,

trução viva de uma paisagem urbana igualmente viva de Belém do Pará. É algo a se registrar sempre, na forma de uma pintura do final do século XIX, do pintor italiano que viveu nesta cidade, Giuseppe

A arte é visionária e cria um desconforto com o presente. Sempre esteve à frente até mesmo do seu

Leone Righinni (1820-1884) ou na fotografia recente, já no século XXI, da paraense Berna Reale. Na

próprio criador.

escultura, na instalação ou nos estandartes do Mestre Nato, uma entidade artística que miscigena o sincretismo cultural e religioso do Mercado Ver-o-Peso.

A arte é a maior invenção do homem e é a sua capacidade de se colocar à frente do seu criador maior. E, deste, este sempre foi o maior conflito, o do homem se colocar à frente. Fato este muito bem descri-

Tanto os artistas selecionados no Edital, como os convidados e os artistas que faziam parte desta ho-

to pelo filósofo Benedito Nunes logo no começo deste texto.

menagem ao mercado, foram misturados nos diversos espaços dos museus que abrigaram as mostras,

Desta forma, falar de arte contemporânea é falar de uma afirmação de desconexão com o presente. É

sem hierarquia ou qualquer segmentação. Não havia rigidez de um espaço expositivo para outro. De

como falar para o futuro. Se retrocedermos na história da arte, vamos verificar que esta situação sem-

uma sala para outra, a exposição era de uma forma porosa e permeável, como a natureza e suas tantas

pre existiu. A de um distanciamento daquilo que é compreensível e não compreensível na atualidade.

paisagens.

Este distanciamento, esta forma de pensar diferente, de questionar as coisas humanas, é uma condição muitas vezes incômoda para o artista contemporâneo, quando este rompeu definitivamente a fronteira

A mostra paralela dos convidados trata das relações poéticas, com trabalhos que têm em comum o

entre arte e vida.

pensamento e a inspiração na Natureza e na sua representação. É o ser humano em consonância com o mundo natural. O homem na figura do artista, na sua busca de uma vivência harmoniosa com um

Da mesma forma, o homem contemporâneo está em descompasso com a natureza, tanto quanto com

mundo que é tratado na contemporaneidade com um certo descaso.

a arte.

Quando o artista cria uma paisagem, seja em formato de uma pintura, escultura, instalação, fotografia,

A natureza ou toda a vida natural, para este homem significa apenas riquezas a serem exploradas ou

vídeo-arte ou cinema, o que o leva a fazer, nada mais é do que revelar o seu desejo, ainda que utópico,

é, antes, o que é pior nesta relação, um empecilho para o “desenvolvimento” do capitalismo. Aquele

de reordenar o mundo harmoniosamente e que se encontra em “aparente” desordem.

que prega a avidez do consumismo para manter os lucros sempre em ascensão. Pode parecer ingênuo escrever estas linhas quando se trata deste assunto em texto sobre arte. Mas o certo é que o homem

Para os artistas, a paisagem narrativa como descrição, é um recurso poético para o esclarecimento de

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está na contramão da natureza.

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o perfume,

““O que era doce como a alfarroba será amargo como a coloquíntida” [Otelo, ato I, cena 3, fala de Iago (N. do T.)], e o amor e a amizade derretem nas próprias chamas. Odiamos velhos amigos; odiamos

A realidade existencial tem a “forma” de uma dor aguda e só uma bela paisagem pode aliviá-la...

velhos livros; odiamos opiniões velhas; e, por fim, acabamos por odiar a nós mesmos.”6

... “Há uma aranha andando no chão do quarto onde estou (não a que foi tão bem alegorizada nos

Parece que a natureza também é velha. Parece que é também velha inimiga do homem dito civilizado

admiráveis “Versos a uma aranha”, mas outra da mesma espécie edificante); ela depressa desliza

e mercantilista. E talvez seja por isso, por ela ir na contramão das regras do mercado, do capitalismo,

descuidada, cambaleia desajeitada na minha direção e para – vê a sombra gigantesca diante de si e,

é que a odiamos e a levamos para sua autodestruição, mesmo que nós sejamos parte, e isto é, um

confusa entre recuar e seguir em frente, considera seu inimigo imenso –, mas, como não faço menção

contrassenso, do mesmo sistema.

de me lançar sobre a pobre condenada, como ela faria a uma mosca infeliz que se metesse em seus afazeres, ela toma coragem e se arrisca com uma mescla de astúcia, despudor e medo. Quando

Aqui busquei mais um autor para pensar o homem e a natureza, já que este texto parte de citações

passa por mim, levanto o tapete para ajudar em sua fuga, feliz por me ver livre da intrusa ingrata, e

literárias e de reflexões próprias nesta relação.

sinto calafrios ao lembrar depois que ela se foi. Uma criança, uma mulher, um clown ou mesmo um moralista de um século atrás teriam esmagado o ser rastejante; minha filosofia foi além disso – não

As exposições que formam o Arte Pará – Ano 30, tratam das relações poéticas de artistas com suas

tenho qualquer má intenção para com a criatura, mas ainda assim a odeio só de a olhar. O espírito

obras combinadas com a de outros, que têm como pensamento e inspiração a Natureza, na sua repre-

malévolo sobrevive a seu próprio exercício. Aprendemos a conter nossa vontade e a manter nossas

sentação e registros fotográficos, que também são uma representação da realidade que vivemos.

ações intempestivas dentro dos limites da humanidade, muito antes de sermos capazes de atenuar nossos sentimentos e imaginações até o mesmo tom ameno. Chegamos a abrir mão da demonstração

Aqui é a busca do ser humano em consonância com o mundo natural. É o homem visto nas obras

externa, da violência bruta, mas não da essência ou do princípio da hostilidade. Não pisamos no

destes artistas em sua busca de uma vivência harmônica em um mundo tratado na contemporaneidade

pobre bichinho em questão (o que seria bárbaro e lamentável!), mas observamos com uma espécie

com desdém.

de horror místico ou asco supersticioso. Serão necessários outros 100 anos de boa literatura e intenso

As paisagens são vistas majestosas, de estontear. São muitas as paisagens a encher os nossos olhos e

pensamento para nos curar do preconceito e poderíamos reagir a essa tribo maldita com uma prova do

mentes como as fotografias fantásticas de Luiz Braga.

“leite da bondade humana”, em vez de lhes devolver sua própria timidez e veneno.”5 Fotos noturnas, que invertidas pela máquina digital transformam o que é negro em branco e vice-versa. Passados quase duzentos anos depois de ter sido escrito o texto acima, a sociedade não mudou. Muito

Seriam apenas registros a utilizar-se desta tecnologia avançada de fotograr na noite. Uma técnica

pelo contrário. Pouco mudou. Na verdade, parece ter havido um revés, em se tratando da relação do

desenvolvida a partir de interesses de guerra, que o artista subverte este interesse bélico e traz sua

homem com a natureza. A sociedade melhorou em alguns aspectos sociais de convívio, quando com-

interpretação do que vê diante de um mundo às escuras. O resultado são imagens de seres espectrais,

paramos com os séculos passados. Mas ainda ou mais ainda, parece que na sociedade contemporânea

de um realismo fantástico e fantasmagórico que se juntam na exposição Arte Pará 30 Anos, ao filme

das grandes cidades, odiamos uns aos outros. Odiamos o nosso vizinho, odiamos a pessoa sentada

Tio Bommee que pode recordar suas vidas passadas, de autoria do cineasta tailandês Apichatpong

ao lado no restaurante, no cinema, no ônibus. Tudo indica, parece, que odiamos muito o outro que é

Weerasethakul. Um filme com uma narrativa não linear e não convencional, como aquela que se cos-

diferente e a natureza.

tuma ver em filmes do cinema de entretenimento. O do artista-cineasta tailandês mostra o homem em simbiose com a natureza, em situações igualmente fantásticas, só possíveis de serem imaginadas em meio as florestas tropicais, onde o calor e a umidade dão a medida nesse corpo único, que é o homem e os seres que habitam as florestas e nossas mentes.

5 Hazlitt, William. Sobre o prazer de odiar. Serrote, São Paulo, n. 9, p. 15-16, nov. 2011. 6 Ibdem, p. 19.

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Tanto as fotografias de Luiz Braga como as imagens do filme de Weerasethakul, dão um tratamento realista

É o encantamento artesanal o que nos propõe com os materiais naturais e de estruturação, como o uso da

à fantasia, se é que seria possível isto. O que Braga faz é transformar a realidade captada pela fotografia em

madeira e dos cipós, no caso da escultura apresentada no Arte Pará. Os materiais escolhidos pelo artista são

paisagens imateriais de estupenda beleza, irreais, portanto. O tailandês tem a capacidade, com o seu filme,

os que dão a simplicidade estética e expressividade à sua obra.

de estender o tempo da morte como uma magia só possível na dilatação proporcionada pelo cinema. Em ambos, a fotografia de Braga e o filme de Apichatpong, têm o fascínio pela floresta e pelo homem. As ima-

Uma estrutura precária, que lembra a construção de utensílios e arquiteturas indígenas. Juntar na mesma

gens de ambos são como uma epifania estranha, absurda, que tratam da reencarnação de almas, de corpos,

sala esta escultura de Klinger Carvalho e as fotos de Luiz Braga, que nos falam poetimente de uma paisagem

de seres, como os que “enxergamos” nos sonhos, quando são indefinidos ou fantasiosos.

libertária, dramática na sua beleza, em que se vê uma circulação harmoniosa e silenciosa de ribeirinhos em seu ambiente natural, causa estranhamento. Nos faz refletir sobre a nossa condição no mundo.

Quando o artista faz uma paisagem, seja uma pintura, seja uma escultura, seja uma instalação, seja uma fotografia, seja um vídeo-arte, seja cinema, o artista nada mais deseja do que, utopicamente, reordenar o mundo.

O que estes três artistas, Luiz Braga, Klinger Carvalho e Apichatpong Weerasethakul nos propõem com suas

E é este desejo utópico que se vê em parte das obras expostas no Arte Pará 30 Anos.

fotos, escultura e filme, respectivamente, é que o homem deveria habitar o mundo poeticamente; como os animais e a natureza, que vivem ou se transformam; como a flor e a árvore, que crescem harmoniosamente

É um só mundo entre as paisagens amazônicas ou poroc poroc...

no seu tempo. Germinar, brotar, crescer, florescer ou tornar-se frondosa, depois secar e tombar para se desfazer em pó, transformar-se em terra. Pode se levar dias, como pode se levar séculos para o estágio de nascer

Na sala em que se via Luiz Braga, podia se ver as fotos que Pierre Verger fez na sua passagem por Belém, em 1948. São velas de barcos que desenham com suas formas geométricas triangulares a paisagem com o porto do Mercado Ver-o-Peso ao fundo. São corpos de homens bravos e brutos a compor estas cenas do porto mais popular da cidade, na sua movimentação rotineira, do vai-e-vem dos homens e mulheres e dos barcos. No meio da sala, encontrava-se a canoa de tronco de árvore, construída conforme técnicas indígenas e engaiolada com grade feita de cipó, de autoria do artista paraense Klinger Carvalho. Um barco fantasma, um barco enjaulado. Parece situação surreal e inimaginável – a de gradear um barco como se fosse uma daquelas gaiolas usadas como armadilha para se pescar.

e morrer das coisas no mundo. Do tronco de uma árvore que brota, cresce e apodrece para se transformar em matéria terrosa novamente. Mas, desde os primórdios da humanidade, os homens vêm quebrando as regras naturais para o bem e para o mal. Aceleram ou encurtam este processo da Natureza, que transforma lentamente toda paisagem. O mundo é poroso. Os seus rios são as veias a regar as terras. Os seus mares cobrem as profundezas de suas fossas. As suas montanhas nos deixam ver mais longe de cima. As árvores o colore com verdes que esmaecem ao cair da luz solar. A luz, que ilumina tudo, que cria sombras e contornos, dá forma ao mundo.

Mas, nos dias de hoje, este barco de Klinger parece fazer sentido quando se ouve falar de que pelos rios amazônicos, os barqueiros estão colocando grades nas suas embarcações. Na realidade da vida cotidiana dos

Neste sentido, os trabalhos de Orlando Maneschy, com suas performances de desaparição na paisagem, os

ribeirinhos, é para proteger os seus passageiros e suas cargas dos piratas fluviais. Situação vista antes só nas

vídeo-performances de Marco Paulo Rolla, em que se transforma na própria paisagem lentamente, e, por

cidades grandes, amedrontadas, em que se constroi casas gradeadas. O barco do artista paraense, que vive

fim, o vídeo-performance de Rodrigo Braga, em que retorna à floresta em busca de sua origem e que grita à

hoje na Alemanha, mais parece agora uma crítica melancólica na subjetividade silenciosa do aprisionamento

exaustão, são formas de “esvaziar-se” e de “transformar-se” na própria matéria que constitui o mundo à sua

da liberdade, que antes singrava livre pelas águas caudalosas dos rios amazônicos, que confluem com força

volta, como uma pele que o recobre.

no seu volume para o Oceano Atlântico. Klinger Carvalho mistura cultura indígena e suas estruturas de sobrevivência, que transformam a paisagem da

Os mapas, como disse o geógrafo baiano Milton Santos (1926-2001), são vários, mas o mundo seria um só. O

região amazônica em formas arquitetônicas simplificadas, com suas esculturas e instalações.

que muda são as paisagens desse mundo que não é plano. Montanhas, mares, florestas, rios, praias, nuvens, animais e o homem a interpretá-la, a modificá-la, a transformá-la em seu habitat, não mais natural.

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mas o mundo não é plano,

Orlando Maneschy,

Por mais que a cultura do mundo globalizado busque a sua padronização e planificação, o mundo continua a não

O paraense Orlando Maneschy trouxe para a exposição, entre as instalações distribuídas pelos espaços que com-

ser plano. São paisagens naturais, construídas, urbanas, em movimento, abstratas ou mentais.

puseram o Arte Pará Ano 30, quatro vídeos-performances. Não dá para pensar o que se vê nos vídeos como apenas performances. E não dá para pensar nos vídeos como registros destas performances. De fato, são performances

As paisagens são as narrativas do nosso tempo, modificadas ou não. São, muitas vezes, puras invenções visuais,

pensadas para o vídeo. Trata-se de uma câmera postada e estática à frente de uma paisagem em que o artista passa

no caso dos artistas. Em outras, surgem descritas na maneira simples de enxergar o mundo dado pelos escritores,

à sua frente caminhando até desaparecer nesta vista.

filmadas ou recriadas pelos cineastas, em movimento quando dançadas pelos bailarinos, dramatizadas pelos atores no teatro e ainda cantadas pelos músicos com suas palavras e instrumentos musicais. Para os artistas, a paisagem narrativa como descrição do mundo, é um recurso poético para o esclarecimento da nossa vivência como observadores, muito além de uma ressonância temporal, puramente política, prática, relacional, afetiva e intelectual. Mas o certo é que na paisagem não existe janelas ou portas fechadas, e o mundo à frente não é plano e… [...] É possível pensar o mundo a partir do qualquer lugar. Daqui ou do Congo, posso pensar o mundo como um todo. Produzir um conceito, uma idéia idéia e um siste-

Berlim #00 - Da Série Desaparições Video | 2009

Wiesbaden #01 - Da Série Desaparições Video | 2009

Wiesbaden #00 - Da Série Desaparições Video | 2009

México #00 - Da Série Desaparições Video | 2008

ma de mundo. Não é mais o nacionalismo anterior. É produção da idéia idéia de mundo que tem base no território e da minha cultura. 7 Mas, as pessoas nas cidades já não mais se percebem. Já não mais percebem as paisagens que as circundam. As pessoas sempre deram as costas para suas cidades. No Museu da Universidade Federal do Pará vimos uma cena triste no período de produção das exposições. Uma jovem mulher que passava ao lado do jardim da instituição jogou o seu lixo através da grade e continuou caminhando sem olhar para os lados. Não percebia aquela casa-museu, não percebia aquele jardim limpo e organizado, em meio ao caos da cidade. Não percebia as pessoas que a observavam. Na verdade, não percebia a cidade que habitava. A mesma cidade gradeada, prisioneira de si mesma.

Poderia se afirmar tratar-se de uma forma de land art, como as longas caminhadas do norte-americano Richard Long, um dos precurssores desta arte. Mas o que Orlando propõe em seus vídeos performances é uma fusão do espaço e do tempo, marcados pela presença de um corpo que caminha dentro da paisagem. Ou ainda, a ação seria o retorno para dentro da paisagem. É como se o artista, diferentemente daquela reflexão inicial deste texto, não quisesse ficar atrás da janela (aqui a imagem captada pela lente da câmera de vídeo funcionaria como uma janela imaginária a enquadrar uma paisagem descortinada à sua frente). A ação nada mais é do que aquela que o artista sai detrás da câmera e insere-se na paisagem que está sendo registrada ou “pintada”.

7 Mais uma vez Milton Campos, em Encontros, p 133.

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Cildo Meireles , Ricardo Resende

Cildo Meireles é dos artistas brasileiros mais importantes para se pensar a arte contemporânea, principalmente aquela que consideramos política. Sua obra tem como características tirar o público de sua passividade contemplativa e envovê-lo através dos seus sentidos numa ação política. São obras desta vertente o Desvio para o vermelho, de 1968-1984, Missão/Missões, de 1987, Babel, de 2001 e as duas expostas no Arte Pará 2011 – Ano 30, o Cruzeiro do Sul, de 1970 e o mais recente trabalho, Rio/oir, de 2011, um projeto de 1976, que só foi agora realizado. O Cruzeiro do Sul, lida com a escala grande. Embora seja um diminuto quadrado de 9 mm de aresta, composto de duas madeiras de espécies diferentes na cor e na resistência, a sua força está ao ser levado para o espaço expositivo. Uma sala de grandes proporções, vazia, que o artista solicita que seja de

Espaço Cultural Casa das Onze Janelas

no mínimo 200 m2. Esta situação mexe com a nossa percepção de lugar, o campo onde se dá o trabalho. Trata-se de uma grande sala vazia, com um quadradinho formado por duas partes de madeira, uma é pinho e a outra carvalho. De um lado, uma madeira dura e, do outro, uma madeira macia. Os índios, sábios conhecedores do mundo natural, as usam para fazer o fogo, quando friccionadas. Mas, também, as duas árvores representavam entidades míticas na cosmologia dos Tupis.

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Rio/oir, 1970-2011, é uma obra de sonoridades, que nasceu pretensamente poética, como todos os seus trabalhos, e que se materializa nos sons gravados em um disco de vinil e resulta e em uma posição política. O trabalho transforma-se em uma escultura de estrutura sonora, e não está relacionada a uma discussão simples sobre ambientalismo, mas uma articulação entre palavras e conceitos. Rio se refere a risadas e ocupa um dos lados. Oir se refere aos sons que vêm das águas dos rios. No fim, sem ser intencional, o trabalho ganhou conotação política ao abordar o fato de que as águas no Brasil estão se tornando residuadas. Como os rios que já nascem mortos nas suas fontes, quando estas são privatizadas. Um dos lados do disco, dedicado aos sons das águas, começa com o da pororoca, o mais estrondoso, para terminar no quase inaudível som de uma nascente ou de uma gota que cai.

cildo meireles Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ Cruzeiro do Sul Escultura em madeira | 1970

cildo meireles Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ Rio Oir Escultura de estrutura sonora | 1970-2011

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Orlando Maneschy

ORLANDO MANESCHY Artista Homenageado Belém-PA

ORLANDO MANESCHY Artista Homenageado Belém-PA

“S/título (Buscando Mitos - Sala da Sereia) Instalação | 2011

“S/título (Buscando Mitos - Sala da Sereia) Instalação | 2011

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A paisagem de Ruy Meira, Ricardo Resende

São mais de cinquenta anos de arte. O raio de ação do artista paraense Ruy Meira (1921-1995) estende-se ao infinito, com seu legado que confunde-se com a história da arte no Pará. Figura central na pintura e na cerâmica desenvolvidas na região. Egresso da Escola de Engenharia, Ruy Meira foi membro de uma destacada família de homens públicos e intelectuais nortistas e desempenhou papel central no amadurecimento das artes no Pará, sintetizando a história da absorção das principais vertentes da arte moderna no século XX. Começou a expor seus trabalhos em 1944, no V Salão Oficial de Belas Artes, promovido pelo governo do Pará e, na década seguinte, juntamente com artistas a ele ligados, foi responsável pelas primeiras

Museu da Universidade Federal do Pará

manifestações de arte abstrata registradas no estado. Iniciou sua carreira artística pela pintura, transitou e experimentou outras técnicas, como a gravura e o desenho, notabilizando-se com a cerâmica escultórica. Para o Arte Pará, que o homenageia, foram trazidas seis pinturas que dão conta de parte de sua trajetória artística. De uma paleta esmaecida, em que se percebe uma técnica mais acadêmica, vista nas três primeiras telas expostas, para terminar em uma vista de Mosqueiro, em que as cores explodem em luminosidade, invadindo a superfície da tela. Era serenidade e o prazer de pintar.

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RUY MEIRA | 1921-1995 Artista Convidado Belém-PA

Carro de Boi, Rio Grande do Norte Pintura | 1956

Estrada do Farol, Mosqueiro Pintura | S/d

Engenho Diamante, Cera Mirim, Rio Grande do Norte Pintura | 1956

Hotel Farol, Mosqueiro Pintura | S/d

Rio de Janeiro Pintura | 1954

Casa Grande do Engenho Diamante, Cera Mirim, Rio Grande do Norte Pintura | 1956

Coleção Maria Angélica Meira

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HUGO HOUAYEK Rio de Janeiro-RJ Catálogo de cores/esmalte de unhas - Cores Preto e Hot Pintura | 2011 Catálogo de cores/esmalte de unhas - Cor Vanguarda Pintura | 2011 Catálogo de cores/esmalte de unhas - Cor Marisa Pintura | 2011

JOSÉ MIANUTTI Curitiba-PR Suspensão Pintura | 2011 S/título Pintura | 2011 Encruzilhada Pintura | 2011

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ELVIS ALMEIDA Rio de Janeiro-RJ Técnicas de sobrevivências Pintura | 2003

RIGHINNI | 1820-1884 Turim-Itália Artista Convidado Belém do Pará óleo s/tela | 1868 Coleção Museu da Universidade Federal do Pará

Polichinelos Pintura | 2003 Caixas Pintura | 2003

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ORLANDO MANESCHY Artista Homenageado O Gabinete de Troféus do Idiotinha do Amor Instalação | 2011

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fabíola scaranto Canoinhas-SC Imagem para deixar de existir III - Vista da Orla de Belém Desenho | 2011

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IVAN GRILO São Paulo-SP quase/Casa Instalação | 2011

gordana manic Prêmio Aquisição São Paulo-SP Pretéritos imperfeitos Fotografia | 2011 Dentro Fotografia | 2011 Prêmio Aquisição

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PAULA DE PODESTá São Paulo-SP Instante Pintura | 2011

KEYLA SOBRAL Prêmio Aquisição Belém-PA

Trabalho Pintura | 2011 Descanso Pintura | 2011

Isso não é um desenho I Desenho | 2011 Isso não é um desenho II Desenho | 2011 Isso não é um desenho III Desenho | 2011 Prêmio Aquisição

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LAÉRCIO REDONDO Rio de Janeiro-RJ Para mirar Al Sur-After Untiled/Perfect Loveres Fotografia | 2011 Para mirar Al Sur-After Untiled/Perfect Loveres Fotografia | 2011 Para mirar Al Sur-After Untiled/Perfect Loveres Fotografia | 2011

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fábio barolli Rio de Janeiro-RJ piroca do Dóido Pintura | 2011 Nham! Pintura | 2011

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FERNANDO BROGGIATO São Paulo-SP S/título Pintura | 2011 S/título Pintura | 2011

RUBENS ESPÍRITO SANTO São Paulo-SP Bazuca Escultura | 2011 Fuzil Escultura | 2011 Espingarda Calibre 12 Escultura | 2011

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ANDERSON PEREIRA SANTOS Segundo Grande Prêmio Salvador-BA

PAUL SETUBAL Prêmio Aquisição Goiânia-GO

Paisagem #7 Pintura | 2011 Segundo Grande Prêmio

Paisagem I, da Série Paisagens Oníricas Desenho | 2011

Loui Pintura | 2011

Paisagem II, da Série Paisagens Oníricas Desenho | 2011

Paisagem #4 Pintura | 2011

Paisagem III, da Série Paisagens Oníricas Desenho | 2011 Prêmio Aquisição

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FERNANDA GRINGOLIN São Paulo-SP Edith Instalação Fotográfica | 2011

GISELA MOTTA E LEANDRO LIMA São Paulo-SP Calar Vídeo-Instalação | 2011

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Diálogos entre Arte e Ciência Nelson Sanjad Museu Paraense Emílio Goeldi/MCTI Em 2011, celebramos o quinto ano consecutivo em que o Museu Goeldi participa do Arte Pará. Para nós, que gostamos de comemorar efemérides, é uma data importante, por dois motivos: em primeiro lugar, a inclusão desse museu em um circuito de arte permitiu que alargássemos nosso horizonte museológico, incorporando linguagens diferentes da comunicação e integrando os mais variados artistas no diálogo entre conhecimento, natureza e estética. Tem sido um desafio grande, mas o assumimos de maneira proposital, acreditando que nosso papel, enquanto instituição museológica e científica, é provocar, questionar e abrir possibilidades. O outro motivo consiste na ampliação do próprio Arte Pará, que deixou de ser um salão para se tornar um evento da cidade. E, como tal, tem valorizado a cultura local e o patrimônio histórico de Belém de diversas maneiras, sobretudo incentivando a visitação pública aos museus. Nos unimos com alegria a essa louvável iniciativa e não poupamos esforços para fazer jus à tradição do Arte Pará e à qualidade dos artistas que já expuseram suas obras aqui. Nesses cinco anos, tendo a Fundação Romulo Maiorana como parceira, nos associamos aos artesãos de Abaetetuba na produção da mostra “Arte em Miriti” (2007); inovamos ao convidar artistas para ex-

Museu Paraense Emilio Goeldi

plorar o espaço do Parque Zoobotânico em “Mapas Orgânicos” (2008); desafiamos fronteiras do conhecimento em “Ciência e Estética” (2009); valorizamos o diálogo intercultural e as artes indígenas em “Igualmente diferentes” (2010); e, através de obras de arte, provocamos reflexões sobre a representação da natureza (2011). Nos anos vindouros, novas ideias certamente serão experimentadas, tendo sempre como motivação as possibilidades de contato entre formas distintas de expressão, de visão de mundo, de percepção do meio natural e do ambiente que nos cerca. Dessa maneira, o Museu Goeldi, com seus 145 anos de serviços à sociedade brasileira, instiga e vê-se instigado pela Fundação Romulo Maiorana, que, aos 30 anos do Arte Pará, continua renovando a cultura local.

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Efrain Almeida, Ricardo Resende

O artista cearense Efrain Almeida, tem uma obra composta de trabalhos em escala reduzida e feitos de madeira esculpida, de rara delicadeza e contundência. São expressionistas e de um realismo que beira o poético das imagens religiosas. São como peças de um relicário, que lembram os ex-votos tão populares na cultura nordestina. Trata-se também de uma parceria, como a de Marcelo Moscheta, presente aqui no Museu Emílio Goeldi, com o seu pai, um escultor-artesão que vive em um sítio na cidade de Boa Viagem, no interior do estado. É o pai quem dá o primeiro tratamento na madeira. Os primeiros cortes ou desbaste da madeira cabe ao pai artesão. Ao artista, que vive no Rio de Janeiro desde 1976, resta-lhe o refinamento delicado dos traços de suas figuras humanas, animais, casas, elementos religiosos como terços e partes do corpo humano, que ao serem levadas para as paredes ou para o meio das salas de exposição, criam paisagens subjetivas, imaginárias. Como o paraense Emmanuel Nassar, exposto no Museu do Estado, os artistas têm em comum a mesma matriz popular. Para o Arte Pará 2011 – 30 anos, o artista trouxe a escultura de uma cabra e a incumbência de criar no local uma instalação para compor uma paisagem no ambiente suntuoso das salas expositivas desse museu. Nas paredes, levou beija-flores, que simulavam uma revoada, e, sobre uma base desproporcionalmente grande, acomodou a cabra. O campo branco que sobrava criava um distanciamento de quem a observava. Criava, assim, a simulação de uma paisagem vazia no branco das bordas, que se juntavam com os passáros na parede que fazia fundo da sala. Pelas janelas entrava o verde exuberante e dramático do parque tropical que rodeia a casa. EFRAIN Almeida Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ Céu (Beija-flores) Aquarela sobre Papel, trabalho composto por quatro desenhos | 2011 Cabra (Afro) Umburana e óleo | 2011 Cortesia Galeria Fortes Vilaça

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Marcelo Moscheta, Paulista do interior, nos propõe com sua obra, ver o mundo segundo a ideia de classificação de coisas. Fundamentada ao longo de mais dez anos, sua carreira teve no início, como motivação particular, as referências à memória de seu avô, imigrante italiano que veio para o Brasil no início do século XX, e também de seu pai, professor universitário, Ismar Moscheta, “um misto de biólogo e botânico”, na descrição do próprio artista. Com interesse na observação da natureza e na arquitetura das cidades, o gênero paisagem prevalece em sua obra. Para sua participação no Arte Pará 2011 – 30 anos, o artista foi convidado, junto com o seu pai, a visitar o Museu Emílio Goeldi, e conhecer o acervo da instituição museológica especializada em antropologia, etnografia e zoobotânica, para desta experiência e impressões, criar o seu trabalho artístico. Existe um fascínio em sua obra por entender “o engenho do mundo”, como diria o escritor Italo Calvino. Não é casual, portanto, que territórios e acervos por explorar – por entender – façam parte de seu imaginário artístico. Moscheta narra de forma poética o que encontrou nesta coleção do museu, com determinação e desejo de descobrir e conquistar a memória do lugar. Para Moscheta, trata-se simplesmente de um desejo de artista organizar as coisas e entender o mundo. Em sua própria definição, “o artista é alguém que se propõe a renomear as coisas e as relações que existem no mundo, segundo outros critérios, que não os da natureza e da cultura já preestabelecida”. O artista oferece ao observador o poder de habitar seus espaços inventados, segundo sua própria presença e imaginação, recriando e simulando com o acervo fotográfico, a ideia de catalogação das coisas que habitamos. marcelo e ismar moscheta Artistas Convidados Campinas-SP Linnaeus Instalação | 2011

marcelo e ismar moscheta Artistas Convidados Campinas-SP Série Fotocromática Fotografias | 2011

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João Modé, O artista carioca lida com os silêncios das mesmas coisas encontradas no coditiano das pessoas, no entorno dos seus deslocamentos e na ideia de abandono. São fenômenos êfemeros e muitas vezes invisíveis, que não percebemos na vida agitada e corrida que levamos nas cidades, enquanto estamos nos deslocando em carros, trens ou aviões. Do próprio processo do artista faz parte o seu deslocamento, em que vai recolhendo, reordenando e registrando estes acidentes imperceptíveis. Para o Arte Pará 2011, o artista foi convidado a vir à Belém desenvolver um trabalho no próprio local da exposição, o Museu Emílio Goeldi. A proposta era a de que João Modé viesse para o espaço de exposição com o que encontrasse nos seus jardins, na pequena floresta que o circunda e nas suas salas, criando uma outra paisagem dentro desta paisagem encontrada ali. O artista nos propõe um “exercício” de ver, de uma nova sensibilidade delicada, silenciosa, pequena e que nos faz agachar, debruçar-nos ou mesmo ajoelharmos diante desses pequenos mundos à parte que cria. Propôs, como parte de sua presença, recriar, na sala que lhe foi destinada, uma câmara escura que permitisse entrar a luz e as sombras que rodeavam o lugar. Uma situação quase imperceptível para um olhar apressado. O vídeo Solos, 2005, que fazia parte da instalação, era a única fonte de luz interna. É um desses trabalhos silenciosos que melhor exemplificam este processo de criação, em que o artista, durante uma viajem pelo deserto de Atacama, saindo do Chile e adentrando o Peru, encontrava-se contemplativamente diante daquela paisagem inóspita, desabitada e silenciosa, como se o mundo ali não se mexesse e fosse surdo. Eis que apercebeu-se, bem ao acaso, da presença, nas margens da estrada, de cachorros solitários, esquálidos e que estavam em permanente deslocamento, sempre para frente. Onde iriam chegar não se sabe. O resultado é um vídeo que flagra o estado de errância desses animais, a errância do próprio do homem, em certa medida.

joão modé Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ Solos Vídeo | 2005 Coleção MAM/SP

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Apichatpong Weerasthakul,

no Museu da Casa das Onze Janelas, em que apresenta uma vista marinha em tons de rosa e situada no meio da instalação, uma sereia dourada. Nos leva também para as fotos de Luiz Braga e as fotos de Berna Reale Ricardo Resende

presentes na mostra do Ver-o-Peso. Situações fantásticas – ou tão reais que se tornam fantasiosas, pois extrapolam nossa noção de realidade, em

Este é o cinema que domina e o cinema que liberta, segundo o crítico de arte Alcino Moreita Leite.

um mundo excessivamente racional na atualidade, em que o que vemos são as utopias corroídas. O homem contemporâneo esta perdendo sua capacidade de sonhar. Substitui o sonho por desejos puramente materiais.

Este é o cinema de expressão artística, o cinema de autor, do cineasta tailandês Apichatpong Weerasthakul. O filme fica nos limites entre o racional e o sensível, o concreto e o fantasmático, o natural e o tecnológico, O filme Tio Boonmee que pode lembrar de suas vidas passadas, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, no

o animal e o humano, o bestial e o homem.

festival de 2010, faz parte do Primitiv Project, iniciado com uma instalação pictórica e uma série de vídeos do diretor exibidos em Paris, em 2009. O filme foi apontado pela crítica especializada e pelo júri, por oca-

É um cinema político, que deseja libertar os fantasmas que carregamos dentro de nós. É como se quisésse-

sião daquele certame, como uma nova forma de fazer cinema.

mos nos libertar das nossas angústias e incertezas da vida após a morte. Ela existe ou não? O filme fala de esquecimento. Das gerações que desconhecem as vidas passadas. Da sua própria história e até das histórias

Antes de ser cineasta, Weerasthakul é um artista e, mais precisamente, um pintor. Fato que nos faz entender

mais recentes.

as cenas pictóricas deste filme que é apresentado no Arte Pará, quebrando a abstinência do evento em matéria de cinema. Pela primeira vez, inclui-se entre os artistas convidados um cineasta ou um filme entre as

O filme trata de uma floresta de energias e de desejos, de transformação e transmutação.

obras de artes visuais. Encontramos no Arte Pará, as florestas tropicais amazônica e a tailandesa, com os seus mitos e seres que as As cenas iniciais dos seres fantásticos que habitam a floresta e povoam o filme e a bela e enebriante cena

habitam. Nos encontramos todos nos estandartes do Mestre Nato.

da princesa feia que se banha em uma cachoeira, levam-nos para obras dos outros artistas presentes na exposição de convidados do Arte Pará. O filme dialoga com a cascata de Leda Catunda, o vídeo de Rodrigo Braga, os de Marco Paulo Rolla, os de Orlando Maneschy e as fotos de Paula Sampaio, que se encontram na homenagem ao Mercado Ver-o-Peso. Faz uma relação direta, também, com a instalação de Maneschy, vista

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CINEMA OLYMPIA - Belém-PA 140

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AÇÕES COMUNICATIVAS

Assim orquestra-se um Projeto Educativo: ao caminho, ao andar

O ano de 2011 representou um importante passo no processo evolutivo do Projeto Educativo Arte Pará e consideravelmente nas metas da Fundação Romulo Maiorana: ter a arte como instrumento para a expressão e respeito à diversidade, na experimentação de instrumentos educacionais que levam à cidadania. Com esse propósito, ter a qualidade nos processos e realizar um projeto pedagógico consistente é um caminho que se faz, ao andar. Nesse percurso, fazer um recuo na minha prática educativa se faz necessário, ao lembrar que quando era estudante de Artes na universidade, almejava trabalhar no Arte Pará como mediadora e quase sempre esbarrava em algo que não me conduzia à ação. “O Arte Pará é para qualquer estudante um grande laboratório de experimentação na arte contemporânea”. O fato é que no ano de 2007, o curador Paulo Herkenhoff, juntamente com a equipe da Fundação buscavam uma pessoa para assumir o projeto – e o Alexandre Sequeira, naquele contexto, fez a indicação de meu nome. Inicia-se, então, uma grande mudança na minha vida profissional, porque trabalhar em cima de uma plataforma da arte contemporânea me fez buscar pontos importantes para conhecer as ambiências contemporâneas. E para entender essas ambiências, faz-se necessário entender as partes de um todo, porque o educativo é um segmento que instaura o debate entre agentes, promove diálogos que pressupõem vozes de sujeitos que propõem junto conosco essa plataforma. Então, venho conduzindo uma ambiência em que o outro vem a introduzir. Ressalto que as edições anteriores do Arte Pará já vinham trabalhando com o intuito de fortalecer as suas ações educativas, mas, a partir da ampliação para a promoção, discussão e formação ampliada acerca da experiência artística contemporânea que acreditamos contribuir na organização, sistematização e apresentação de um trabalho qualitativo junto aos educadores que fazem a mediação nos espaços expositivos, junto às parcerias com as instituições de pesquisa e culturais de Belém, e na inter-relação de proposições educativas no Brasil. Dessa forma, acreditamos promover uma reflexão sobre educação em espaços culturais e suas diferentes formas de elaboração. Assim, orquestra-se o Projeto Educativo do Arte Pará e uma possibilidade de apresentação de um trabalho que não é para um lugar exclusivo, e para um determinado fim, e sim, sempre uma edição renovada, um recorte do meu pensamento de curadoria educacional que me leva para uma organização interna, como um lugar de comunicação que se propõe a um diálogo, o qual acrescento como uma edição do ateliê, no sentido de plataforma, a partir do momento em que seleciono para o processo de conversação, uma escolha que se constrói e que determina a maneira como vai ser concebido. da ação com o público, esse fim determina essa relação com o público e educador preparado para o jogo, instaura um momento de debate, leva à condição da reflexão, oferece uma condição de discussão acerca da produção dos artistas. Então os indicativos nos processos educativos são: analisar, investigar e abrir possibilidades. O educador deve escrever sua própria prática e a interrogação sobre as funções da crítica de arte, instaurar uma

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Fotos: Shirley Penaforte

O Projeto Educativo nos espaços expositivos determina a conformação dessa escolha, porque na plataforma

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dúvida, um grafo, um desenho e uma condição sofisticada para um debate com qualidade. Esse exercício prático leva à elaboração de uma conversa aproximada de pesquisa poética educativa, traz as ideias dos autores para essa ambiência e instaura um campo de ambiência para o todo. Entendemos, dessa forma, que recorrer a um sistema anterior é impossível, pois hoje somos convocados à percepção de mudança para o meio da arte, que nos coloca em situação de vertigem como educadora e, antes de tudo, os processos de formação compelem não para um que, mas para a maneira como se comportam os corpos quando relacionados a pensar. A dúvida, nesse pensar, é uma constante. Não é uma forma de fazer, mas uma atenção de como fazemos, fundamentados pelas trocas que atravessam o cotidiano, que constroem sentidos. A maneira como as coisas acontecem na curadoria educacional é um estado de atenção que me convoca a ter – e onde sempre me vejo – sair para o mundo e ter uma experiência plena de liberdade, porque acreditamos que não é possível parar de pensar, esterilizar o pensamento. Tudo é tão dinâmico a cada edição, que é impossível se deter sob um método ou uma forma específica de produzir o projeto educativo. Parar e estagnar numa metodologia única seria clicherizar-me e tender para a repetição. Portanto, estou sempre diante de um novo desafio, sempre numa construção de um pensamento estético inicial que é individual e singular, mas que nunca repousa sobre si mesmo como algo decantado e pronto, porque o outro vai entrar e desdobrar em outras proposições. Essa rearticulação motiva a continuidade do Projeto pedagógico, de maneira especial, por meio de ações descentralizadoras que se aliam a uma grande rede de educadores, pesquisadores, artistas, curadores, instituições públicas e privadas, internet e todos os segmentos do Projeto Arte Pará, que se articulam e desempenham o sistema de arte. A percepção nítida sobre qual espaço o projeto educativo se instaura, e fazer o confrontamento do trabalho desenvolvido com o sistema, indica-me para onde o trabalho vai; e cada pequeno movimento contribui para dar forma ao fazer, hoje, o Projeto Educativo. Acreditamos que através da educação é possível alcançar outros Fotos: Shirley Penaforte

horizontes, pois o grande diferencial é que este opera na linha colaborativa. Não existe “eu” – paira sempre “nós” – e isso muito me alegra. Assim seja! Vânia Leal Curadora Educacional Projeto Arte Pará Ano 30

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ARTISTAS CONVIDADOS E SELECIONADOS Museu do Estado do Pará Alberto Bitar. Belém – PA afbitar@gmail.com Sem Título, Da Série Sobre o Vazio, 2003 Fotografia/Instalação de parede 100x300 cm Prêmio Aquisição André Andrade. Rio de Janeiro- RJ andreandrade154@gmail.com S/título S/título S/título, 2011 Pintura 192x150 cm, 105x76 cm, 105x70 cm. Beanka Mariz. Rio de Janeiro – RJ Beanka.mariz@terra.com.br Sem Título da Série Manutenção, 2011 Objeto 63x115x220 cm. Coletivo CIA de Foto. São Paulo-SP pio@ciadefoto.com.br Jardim Políptico impresso como uma peça apenas Uma fotografia que não se fixa Tríptico de fotografia 80x120 cm Elza lima. Belém – PA. Intrínseca Paisagem Intrínseca Paisagem Intrínseca Paisagem, 2011 Fotografia 60x90 cm. (cada) Emannuel Nassar. São Paulo -SP Artista Convidado Liberdade Égua Martelo, 2010 Bandeira em tecido 90x130 cm - (cada) Coleção do Artista Fabíola Scaranto. Canoinhas – SC fscaranto@gmail.com Imagem para deixar de existir I (Mercado Ver O Peso), 2011 Imagem para deixar de existir III (Vista da Orla de Belém) Desenho 150x350 cm, 150x400 cm Fernanda Rappa. São Paulo –SP fernandarappa@hotmail.com S/ título, da série no fundo do mundo, na fenda do medo, findo o mito À sua volta, começo, 2011 Fotografia 66x100 cm. (cada) Fernando Ancil. Belo Horizonte – MG fernandoancil@gmail.com Contra Campo Geometrias Orgânicas, 2011 Fotografia 200x126 cm, 150x150 cm. Flavya Mutran. Porto Alegre – RS flavyamutran@gmail.com S/ título, da série / ‘Mapas de Rorschach/’ S/ título, da série / ‘Mapas de Rorschach/’ S/ título, da série / ‘Mapas de Rorschach/’ , 2011 Fotografia 90x60 cm. (cada)

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Rodrigo Braga. Rio de Janeiro - RJ Artista Convidado

Geraldo Souza Dias. São Paulo – SP gsdias@usp.br ”Der Freie Dozent”/ (O livre docente) Espinho no Pé, 2010 Pintura 215x98,5 cm, 116x195 cm. Grande Prêmio

Luiz Braga. Belém – PA bragafoto@uol.com.br Artista Convidado

Gilvan Tavares. Belém – PA. Fecundo, 2011 Instalação 600x600 cm.

Fé em Deus, 2006

Hernandes Havishe. Ananindeua – PA hernanhavishe@bol.com.br “Pala - nóis na - fita tower” “Afuá bridge city” “Windows, janelas ou ventanas”, 2011 Mista/Escultura 117x148x10 cm, 137x137 cm, 120x105 cm James kudo. São Paulo – SP kudo@terra.com.br Caveira 1 Caveira 2 Caveira 3, 2011 Pintura Jardineiro André Feliciano. São Paulo – SP Frutos do Jardim da Exposição Ecológica – MAM/SP Frutos do Jardim da Exposição Ecológica – MAM/SP, 2011 Fotografia 100x60 cm Jocatos. Belém – PA Noites Brancas Instalação / gravura /objetos, 2011 6m² 200x300x30 cm Karina Zen. Florianópolis – SC karizen@uol.com.br Sem Título (02) Sem Título (04), 2011 Instalação de Parede 210x143x20 cm, 160x60x15 cm. Klinger Carvalho. Mannheim – Alemanha info@franciscoklingercarvalho.com Artista Convidado Entre duas margens, 1999 Construção artística Coleção do Museu de Arte de Belém - MABE Leda Catunda. São Paulo - SP Artista Convidada A Cachoeira, 1985 Acrílica sobre plástico e tecido Coleção da artista 600x400x700cm Lívia Paola Gorresio. Santana do Paraíso – SP www.ligiapaolagorresioblogspot.com Living Vivo, 2011 Instalação Performática 210X800X600 cm. Luciana Magno. Belém – PA Simbioses sobre raízes aéreas, 2011 Fotografia 80x120 cm.

Campos de Ajuruteua, 2011 Casa e Açaí, 2007 Igapó, 2010 Curuça, 2009 Caraparu, 2010 Tarcila na canoa, 2011 Fotografia Digital 75x100 cm (todas) Coleção do Artista Marcos Paulo Rolla. Belo Horizonte-MG Artista Convidado Paisagens (folhas), 2002 Vídeo Paisagens (pedras), 2002 Vídeo Coleção do Artista Margalho-Açu. Belém – PA. margalhomatos@gmail.com Artista Convidado “Alma”, 2008 Instalação Coleção do Artista Miguel Chikaoka. Belém - PA Artista Convidado Projeto Urublues Coleção do Artista Orlando Maneschy. Belém – PA orlando.maneschy@gmail.co Artista Homenageado “Natureza Selvagem” Instalação Performantiva, 2011 “Istmo”, 2011 Instalação “Wiesbaden #01 - Da Série Desaparições”, 2009 Video “Berlim #00 - Da Série Desaparições”, 2009 Video “Wiesbaden #00 - Da Série Desaparições”, 2009 Video “México #00 - Da Série Desaparições”, 2008 Video “Bandeira de Belo Monte”, 2011 Objeto e Performance Pierre Verger | 1902-1996 Paris-França Artista Convidado Porto de Veleiros, Ver- O- peso Fotografias – 06, 1948 Coleção do Museu de Arte de Belém - MABE Renato Bezerra de Mello. Rio de Janeiro - RJ renatobezerrademello@gmail.com ”O tempo não é uma coisa, é uma idéia. Ele morrerá na mente” “E estas páginas te contarão um segredo”, 2011 Desenho 32x42x12 cm, 28,8x221

Mentira repetida, 2011 Vídeo Obra realizada com o patrocínio do XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia Silvan Kalin. Recife – PE. silvan.Kaelin@gmail.com One Man Fantasia, 2011 Instalação 2m² Val Sampaio. Belém – PA. Mangueiras de Belém, 2011 Intervenção Urbana – Instalação 200x300x200 cm. Vitor de La Rocque. Belém – PA. Gallus Sapiens Parte 3 O Senhor é meu Pastor e Nada me Faltará, 2011 Performance orientada para Fotografia 500x220 cm, 82x110 cm

Sala Ver-O-Peso - Artistas Convidados Alexandre Sequeira. Belém – PA “Identidades calcinadas I, II e III”, 2003 Serigrafias sobre papel de fibra de Curauá Coleção Fundação Romulo Maiorana

Dina de Oliveira. Belém - PA “Astro”, 1999 Mista Sobre Papel Coleção do Artista

Nio Dias. Belém – PA “Roendo Pelas Beiras, 2011 Construção Artística Coleção do Artista

Dumas Seixas. Belém - PA “Álbum de Desenho – S/ Título”, 2003 Coleção Luiz Fernando Carvalho “Memória Engavetada”, 2003 Objeto Coleção Luiz Fernando Carvalho

Oswaldo Goeldi. Rio de Janeiro - RJ “Mercado de Ferro”, 1939 Aquarela sobre Papel Coleção Museu de Arte de Belém

Emanuel Franco. Belém – PA “Variações Sobre um Mesmo Urubu”, 2011 Impressão Sobre Lona Plástica Coleção do Artista Emannuel Nassar. São Paulo-SP Nova Estrela Bandeira em Tecido Dimensão: 90x130cm Eliene Tenório. Belém - PA “Caminhos da Fé”, 2000-2011 Acrílica Sobre Tela Coleção do Artista Eder Oliveira. Belém – PA “Homônimo”, 2011 Pintura Sobre Tecido

Oriana Duarte. Recife-PE. A coisa em sí [Sopa de Pedras], 1998 Vídeo Osmar Pinheiro | 1950-2006 Belém - PA Sem Título, 2002 Encáustica Sobre Tela Coleção Aurélio Meira Oswaldo Goeldi | 1895-1961 Rio de Janeiro-RJ Mercado de Ferro Aquarela s/papel | 1939 Coleção Museu de Arte de Belém-MABE Paula Sampaio Belém – PA Projeto folhas Impressas, 2006 - 2011

Alfredo Volpi | 1896-1988 Lucca – Itália. “Série 73/200” Litogravura Coleção Museu de Arte de Belém

Geraldo Teixeira. Belém-PA “Feira”, 2011 Mista Sobre Placa

Pinto Guimarães | 1930-1997 Belém - PA “Doca do Ver-o-Peso”, 1996 Óleo sobre Tela Coleção Museu de Arte de Belém

Antonieta Feio | 1897-1980 Belém - PA Vendedora de Cheiro, 1947 Óleo sobre Tela Coleção Museu de Arte de Belém

George Venturieri. Belém – PA “Ver-o-Peso”, 2008 Aquarela Coleção Vanilson Hesketh

Pablo Mufarrej Belém – PA Série “Lugar Comum – Corpo Escultórico 1 ( 5 Objetos), 2007-2011 Manipulação Construtiva

Acácio Sobral | 1943-2009 Belém – PA “Peles”, S/Data Construção Artística Coleção Particular

Jair Jr. Belém – PA. “Imagens produções”, 2010 Mista Sobre Tela Coleção Ronaldo Salame

Raquel Stolf. Indaial – Santa Catarina “Grilo [relato]” (2008) Vídeo Coleção Fundação Romulo Maiorana

Albery e Thiago Albuquerque. Belém – PA “O Frontão do Ver-o-Peso”, 2007 Composição Musical Extraída da Arquitetura da Treliça Metálica do Frontão do Mercado de Ferro do Ver-o-Peso. Coleção do Artista

Jocatos. Belém - PA “Compartilhar”, 2005 Registro Fotográfico da Ação Ver-o-Peso

Ronaldo Moraes Rego. Belém – PA “Ver-o-Peso”, 1977 Óleo Sobre Tela Coleção Museu de Arte de Belém

Armando Sobral. Belém - PA “Série Labirinto Ver-o-Peso: Urnas”, 2011 Instalação-Madeira e Terracota Coleção do Artista Benedicto Mello | 1926-2004 Belém - PA “Ver-o-Peso I”, 1970 Óleo Sobre Tela Coleção Museu de Arte de Belém Berna Reale. Belém – PA “Quando todos calam”, 2009 Performance – Registro Fotográfico Coleção Fundação Romulo Maiorana Bruno Cantuária e Ricardo Macedo. Belém – PA. “Identidades Móveis”, 2010 Vídeo-Performance Coleção do Artista Dirceu Maués. Brasília - DF “Feito Poeira ao Vento”, 2007 Vídeo Coleção do Artista

Jorge Eiró. Belém - PA “Novas Poesias em Quadrinhos”, 1982 - 2011 Gravura Digital José de Moraes Rego | 1926-1990 “Ritual Basílico”, 1986 Óleo e Acrílica Sobre Tela Coleção Bernadete Rego Lenon Vidal. São Paulo - SP “Tabajara”, 2010 Instalação Marinaldo Santos. Belém – PA. “Imagens produções”, 2010 Mista Sobre Tela Coleção Ronaldo Salame Mestre Nato. Belém – PA Estandarte “Cobra Norato” 2005 Mista Sobre Tecido Estandarte “Senhor Das Ervas” 2010 Mista Sobre Tecido Estandarte “Oxossi” 2009 Mista Sobre Tecido

Rosangela Britto. Belém – PA “Estrela da Magia”, 1993 Mista Sobre Tela Coleção Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Renato Chalú. Belém - PA “Das Coisas”, 2005-2011 Fotografias Manipuladas Coleção do Artista Roberto de La Rocque | 1924-2001 Belém – PA. Arquitetura do Limo, 1986 Técnica Mista Ruma. Belém – PA “Norato”, 1998 Acrílica Sobre Tela Rybas. Belém – PA. “Eu adoro as Mulatas”, S/data Pintura Sobre Tecido Coleção Espaço Cultural Casa das Onze Janelas

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Valdir Sarubbi | 1939-2000 Bragança – PA “Cristais de Luz”, S/Data Acrílica e Esmalte Sobre Tela Coleção Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Véronique Isabelle e Elaine Arruda. Quebec-Canadá / Belém-PA Intervenção In Situ no Porto do Sal, 2011 Walda Marques. Belém – PA “Faz Querer Quem Não me Quer – Canela”, 2006 Fotografia “Faz Querer Quem Não me Quer – Aranha Rica”, 2006 Fotografia Yoshio Yamada | 1910-1973 Belém – PA “Ver-o-Peso”, 1963 Óleo Sobre Tela Coleção Célia Yamada

Museu da Universidade Federal do Pará Anderson Santos. Salvador – BA andep8@gmail.com Paisagem #7 Loui Paisagem #4, 2011 Pintura 20x30x5 cm, 30x40x3 cm, 30x20x3 cm Segundo Grande Prêmio Pintura A Elvis Almeida Oliveira. Rio de Janeiro – RJ elvisalmeidaoliveira@gmail.com Polichinelo Técnicas de sobrevivência Caixas, 2003 Pintura 21x39 cm, 21x13 cm, 21x26 cm. Fábio Baroli Rio de Janeiro – RJ fabiobaroli@gmail.com Nhan! Piroca do Dóido, 2011 Pintura 150x220 cm. (cada) Fernanda Grigolin. São Paulo-SP fernanda.grigolin@gmail.com Edith, 2011 Instalação Fotográfica Fernando Burjato. São Paulo – SP fburjato@terra.com.br S/ Título S/ Título S/ Título Pintura (2011) 130x130x5 cm, 40x50 cm, 110x160cm. Gisela Motta e Leandro Lima. São Paulo – SP aagua@me.com Calar, 2011 Vídeo Instalação 63x254 cm. Gordana Manic. São Paulo - SP manic.gordana@gmail.com Tríptico “Dentro”, 2011 Tríptico: “Pretéritos Imperfeitos” Jato de tinta sobre papel de algodão/Fotografia 38x159 cm, 43x129 cm Prêmio Aquisição - “Dentro”

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Hugo Houayek. Rio de Janeiro – RJ hugohouayek@gmail.com Catálogo de cores/esmalte de unhas - Cores Preto e Hot Catálogo de cores/esmalte de unhas – Cor Vanguarda Catálogo de cores/esmalte de unhas – Cor Marisa, 2011 Pintura 13x18 cm. Ivan Grilo. São Paulo – SP igrilo@gmail.com Quase/Casa I Quase/Casa II Quase/Casa III, 2011 Instalação 60x60x40 cm. (cada) José Mianutti. Curitiba – PR Encruzilhada Suspensão S/ Título, 2011 Pintura 42x30 cm, 32,5 cm, 32,5x25 cm

Righinni | 1820-1884 Turim-Itália Artista Convidado Belém do Pará, 1868 Óleo s/tela Coleção Museu da Universidade Federal do Pará Rubens Espírito Santo. São Paulo – SP. atelierdocentro@gmail.com Bazuca Fuzil Espingarda Calibre 12, 2011 Escultura 50x130x25 cm, 30x106x10 cm, 50x30x6 cm.

Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Cildo Meireles. Rio de Janeiro - RJ Artista Convidado Cruzeiro do Sul, 1970 Escultura em madeira

Keyla Sobral. Belém - PA “Isso não é um Desenho I”. “Isso não é um Desenho II”. “Isso não é um desenho III”, 2011 Desenhos 42x29,7 cm. (cada) Prêmio Aquisição Desenho C

Rio Oir | 1970-2011 Artista Convidado

Laércio Redondo. Rio de Janeiro – RJ Para Mirar Al Sur-after untiled/perfect lovers Para Mirar al sur-after untiled/perfect lover Para Mirar al sur-after untiled/perfect lovers, 2011 Fotografia 70x10 cm. (cada)

Sem título (Buscando Mitos – Sala da Sereia), 2011 Instalação

Orlando Maneschy. Belém – PA O Gabinete de troféus do idiotinha do amor”, 2011 Instalação Artista Homenageado Paul Setubal. Goiânia – GO paulsetubal@hotmail.com “Paisagem I , Da Série paisagens Oníricas “Paisagem II” .Da Série paisagens Oníricas “Paisagem III”, Da Série paisagens Oníricas, 2011 Desenhos 55x75 cm (cada). Prêmio Aquisição Desenho - “Paisagem III” Paula De Podestá. São Paulo – SP pauladepodesta@gmail.com Instante Descanso Trabalho, 2011 Pintura 42 x 29,9 cm. (cada) Ruy Meira | 1921-1995 Belém -PA Artista Convidado Estrada do Farol, Mosqueiro Hotel Farol, Mosqueiro Casa Grande do Engenho Diamante, Cera Mirim, Rio Grande do Norte, 1956 Carro de Boi, Rio Grande do Norte, 1956 Engenho Diamante, Cera Mirim, Rio Grande do Norte, 1956 Rio de Janeiro, 1954 Pintura Coleção Maria Angélica Meira

Escultura de estrutura sonora Orlando Maneschy. Belém – PA Artista Homenageado

Lucidéa Maiorana Presidente

Museu Paraense Emilo Goeldi

Roberta Maiorana Diretora Executiva

Efrain Almeida. Rio de Janeiro-RJ Artista convidado

Daniela Sequeira Assessora Geral

Céu (Beija-flores) Aquarela sobre papel

Trabalho composto por quatro desenhos

Cortesia Galeria Fortes Vilaça 21x29cm (cada)

Kamila Lopes Assistente Executiva

Afro Umburana e Óleo Cortesia Galeria Fortes Vilaça 12x38x60 cm

Aureliano Lins Estrutura da FRM

João Modé. Rio de Janeiro –RJ Artista convidado

Fundação Romulo Maiorana Av. Romulo Maiorana, 2. 473 – Marco – CEP: 66.093-055 Fones: (91) 3216.1142 e 3216.1125 – Fax: (91) 3216.1125 E.mail: fundrm@oliberal.com.br Telegramas: jornal O Liberal. Belém – Pará – Brasil Website: www.frmaiorana.org.br

Solos, 2005 Vídeo Coleção MAM – São Paulo-SP Marcelo e Ismar Mosqueta. Campinas – São Paulo Artistas convidados Série fotocromática (2011) Marcelo e Ismar Mosqueta Artistas convidados Linnaeus (2011) Orlando Maneschy. Belém – PA “Bandeira de Belo Monte”, 2011 Objeto e Performance Artista Homenageado

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CURADORIA EDUCACIONAL EDUCADORES Museu do Estado do Pará Renata Mesquita de Almeida Marcos Rafael da Silva Cruz Joyce Miranda Viggiano Erico de Araujo Miranda Rafael Augusto Medina Viana Maria Gabriela das Silva Dias Museu da Universidade Federal do Pará Eliane Cristina Souza da Costa Beatriz Magalhães Lima Melo Casa das Onze Janelas Ramon Reis Souza Fádia Cristina Mufarrej Martin de Melo Museu Paraense Emilo Goeldi Lila Pereira Quezada Manoelle Mendes Gonçalves Carolyne Bastos Lisboa Sergio Bruno Dos Santos Leite PALESTRAS Sala Ver-O-Peso: proposta curatorial Armando Queiroz Proposições na Arte Contemporânea Marisa Mokarzel Arte e Vida: Trajetória de uma poética compartilhada Orlando Maneschy

ARTE PARá 2011 Conversa do artista no espaço expositivo Albery Albuquerque Alexandre Sequeira Geraldo Souza Dias Lívia Paola Gorresio Mestre Nato Orlando Maneschy Paul Setubal Renato Bezerra de Melo Rodrigo Braga Val Sampaio Conversa do Júri de seleção e premiação Arte Pará Ano 30 Participantes da roda de conversa Éder Chiodetto Lilia Chaves Marcelo Silveira Paulo Herkenhoff Ricardo Resende Mediação da roda de conversa: Curador do Arte Pará Ano 30 Ricardo Resende PROGRAMAÇÃO DO NÚCLEO DE OFICINAS “Pintura: releitura da Exposição do Arte Pará” Oficina de Fotografia “Um olhar sobre o Arte Para Atividades Lúdico-Educativas Atelier de Pintura: Oficinas Relâmpagos Transpaisagens: Uma experiência estética com aquarela

Curadoria Ricardo Resende Curador Assistente e Sala Ver O Peso Armando Queiroz Curadoria Educacional Vânia Leal Machado Coordenação Geral Roberta Maiorana Daniela Sequeira Assistente de Coordenação Kamila Lopes Assessoria de Imprensa Carolina Menezes Júri de Seleção e Premiação Éder Chiodetto Lilia Chaves Marcelo Silveira Paulo Herkenhoff Ricardo Resende Projeto de Montagem Roberta Maiorana Maria Alice Penna Montagem Geral Marta Freitas Manoel Pacheco

Assistentes de Montagem Cristiano Damasceno Elton Cardoso Elcide Oliveira Eldimar Benaion Marson Oliveira Sérgio Gayoso Apoio Alexandre Cruz Aureliano Lins David Moura Dantas Geórgia Bittencourt Reginaldo Braga Montagem MPEG Aguinaldo Nascimento Carlos José da Silva Fernando de Assis Louise Fagury Marceliano Liucidalva Queiroz Pinheiro Roberta Couceiro de Miranda Rogério Bezerra Iluminação MHEP Equipe MEP/Casa Onze Janelas Criação Logomarca Arte Pará 2011 - 30 anos Maria Alice Penna / Mendes Comunicação Programação Visual Mendes Comunicação Plotagem D’ávila

Leitura e mediação nos espaços expositivos do Arte Pará Paulo Miyada A Mediação Cultural e o Público: O Projeto Arte Pará Vânia Leal Machado Arte Contemporânea em espaços culturais Vânia Leal Machado A inter relação dos educadores do Arte Pará e os educadores dos museus Zenaide de Paiva

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A Fundação Romulo Maiorana agradece

Governo do Estado do Pará Prefeitura Municipal de Belém

Aurélio Meira, Aurenice Vicari, Alison José de Macêdo, Armando Queiroz, Almir Modesto, Benedito Moura, Bernadete Rego, Carla Silva, Carlos José da Silva, Carlos Amilcar de Sales Pereira, Camila Kzan, Carmem Peixoto, Carmem Siqueira, Carmem Cal, Célia Yamada, Cristiana Barreto, Clara Costa, Cynthia Marques, Daura Maria Araújo Gomes, Deiseane Ferraz, Dayseane da Costa, Dayselene de Assunção,

RM Graph Projeto O Liberal na Escola Secretaria Executiva de Cultura Secretaria de Estado de Obras Públicas

Deusarina Vasconcelos, Ekede Doronéia D’Oyá, Éder Chiodetto, Everton Ballardin,

Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém - SETRANSBEL

Edileusa Sodré, Fábio Roberto Filipo Jacob, Fagner da Silva, Frederico Fragola, Fran-

Círculo Engenharia

cisco Carlos Fragoso da Silva, Gilberto Massoud, Glenn Harvey Shepard Jr, Horácio

Consórcio Camargo Corrêa/Schahin

Higuchi, Haroldo Verbicaro Tuma, Iris Letiere, Izabel Pinheiro, Jane Maria de Belém

Museu Histórico do Estado do Pará

Tavares dos Santos, Joaquim Passarinho, João Rodrigues Neto, João Duarte, Júlia

Museu da Universidade Federal do Pará

Rodrigues, José Francisco Júnior, José Francisco Fontenele, Juliana Leal de Macêdo, Jussara Derenji, Júlia Rodrigues, Jhivago Andrade, Karina Farias, Karol Gillet Soares, Leandro Cruz, Lia Lopes Mendes, Ligia Arias, Liucidalva Queiroz Pinheiro, Luciano Oliveira, Luciano Dias Pereira, Luciana da Vitória, Luis Peixoto, Luis Humberto

Museu Paraense Emílio Goeldi Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Museu de Arte de Belém - MABE

Cardoso, Luiz Videira, Luiz Fernando Carvalho e família, Maria Alice Pena, Maria

Sistema Integrado de Museus e Memoriais - SIM

Angélica Meira, Marisa Mokarzel, Márcia Helena Pontes, Marcelo Silveira, Márcio

Universidade Federal do Pará – UFPA

Alvarenga, Marco Antônio Moreira, Marcus Moreira, Marcus dos Anjos, Mário Mar-

Cinema Olympia

tins, Marisa Mokarzel, Maurício de Souza, Michelle de Barros, Milton Soeiro, Milena

Mendes Comunicação

Claudino, Nelson Nabiça, Nelson Rodrigues Sanjad, Nilma Brasil de Oliveira, Nilson

Faculdade de Estudos Avançados do Pará – FEAPA

Gabas Junior, Nilson Damasceno, Nina Matos, Norma Sueli de Assis, Norberto Tavares Ferreira, Oswaldo Mendes, Oswaldo Mendes Filho, Otávio Pinto, Pai Renato de T. Légua, Paulo Chaves Fernandes, Paulo Miyada, Paulo Herkenhoff, Patrick Pardini, Queila Ramos, Raimundo Teodoro dos Santos, Raimundo Vianna, Raimundo de

Escola Superior Madre Celeste – ESMAC Universidade da Amazônia – UNAMA Restaurante Pomme D’or

Sousa Pinheiro, Raoni Arraes, Raquel dos Santos, Renata Maués, Ricardo Resende,

Galeria Fortes Vilaça

Romulo Maiorana Jr., Ronaldo Salame, Rose Mendes Meira, Rosa Arraes, Rubens

Galeria Virgílio

Ferreira Caxias, Sandra Cristina Santos, Samuel Sóstenes, Sâmia Corrêa, Sérgio Alen-

Limpmax

car de Melo, Sheila Martins, Silvana da Silva, Simão Jatene, Suzanna Teles, Tânia

Security Amazon

Veloso, Tarcisio Silva Tomaz, Tadeu Lobato, Thiago da Silva, Tenda de Umbanda e

Araújo Abreu

Cultos Afro-brasileiros Floresta de São Sebastião, Vanilson Hesketh, Wanda Okada, Waldereis Araujo, Zenaide Pereira de Paiva.

A todos os artistas selecionados e convidados, pesquisadores, curadores, fotógrafos, colaboradores e a equipe das ORM que contribuíram para a realização deste projeto.

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CATÁLOGO

Curadoria Especial Artista homenageado Orlando Maneschy Armando Queiroz

Textos Armando Queiroz Lucidéa Maiorana Marisa Mokarzel Nelson Sanjad Orlando Maneschy Paulo Chaves Fernades Paulo Herkenhoff Roberta Maiorana Ricardo Resende Vânia Leal Machado

Coordenação Editorial Vânia Leal Machado

Revisão de textos Iraneide Souza Silva

Projeto Gráfico Daniela Sequeira

Impressão RM Graph

Coordenação Geral Roberta Maiorana Daniela Sequeira Curadoria Geral Ricardo Resende Curadoria Adjunta Arte Pará Ano 30 e Sala Ver-O-Peso Armando Queiroz

Editoração Eletrônica Ezequiel Noronha Jr. Fotografias Catálogo Everton Ballardin Assistente de Fotografia Pedro Rodrigues Fotografias Educativo Shirley Penaforte Tratamento de Imagens Retrato Falado

Todas as imagens e informações contidas nos textos são de inteira responsabilidade de seus autores.

Dados Internacionais de Catalogação da Publicação

MAIORANA, Roberta; SEQUEIRA, Daniela [Coordenação Geral]; MACHADO, Vânia Leal [Organização]; RESENDE. Ricardo [Curadoria Geral e Organização], QUEIROZ, Armando [Curadoria Adjunta e Organização]. Belém – Pará, 2012.

Título Original: Arte Pará Ano 30 ISBN: 978-85- 62494-05-5

1. Arte Moderna. Século XXI.

Este catálogo foi impresso pela RM Graph no papel Couchè fosco 150 g/m2 para o miolo e no papel Cartão Supremo Duodesign 350

g/m2

para

a

capa.

Foi

utilizada

a

tipologia

CG

Omega.

A tiragem inicial foi de 500 exemplares.

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REALIZAÇÃO

PATROCÍNIO

PATROCÍNIO DO CATÁLOGO

apoio

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