Catálogo Arte Pará 2010

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29ª EDIÇÃO

Museu Histórico do Estado do Pará Museu de Arte Sacra Museu da Universidade Federal do Pará Museu Paraense Emílio Goeldi

FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA

Belém – PA 2011


Contrastes unidos pela e para a arte

A 29ª edição do projeto Arte Pará, apresentado pela Fundação Romulo Maiorana (FRM) sob curadoria geral de Orlando Maneschy e curadoria da Sala Especial “Armando Queiroz” dirigida por Marisa Mokarzel, é o resultado de um trabalho de equipe que cumpre seu compromisso de contribuir para a divulgação e o conhecimento da arte contemporânea. Os 57 artistas escolhidos provêm de horizontes diferentes e os caminhos trilhados são necessariamente contrastados assim. A exposição possui uma dimensão subjetiva e bem diversificada, bem marcadas na sua diferença em várias direções - característica que pontua a trajetória do Arte Pará, sempre possibilitando que o artista experimente mais, participe mais. Deixo aqui os meus mais sinceros agradecimentos às empresas Supermercado e Supercenter Nazaré, Escola Superior da Amazônia - Esamaz, UNIMED Belém e MARKO Engenharia, que nos ajudaram a fortalecer a realização desta edição com compromisso social e sensibilidade. Este ano, contamos ainda com o Apoio a Festivais de Fotografia, Performances e Salões Regionais – FUNARTE, que integra assim o Arte Pará numa comunhão nacional. E assim, a Fundação Romulo Maiorana (FRM) vem permitindo que nomes e momentos relevantes da arte brasileira sejam mais bem estudados e redimensionados por aqueles que já conhecem, e principalmente, apresentados ao público mais jovem de modo compatível com sua real importância. Vem reafirmar, com mais esta edição, sua alegria em aproximar a comunidade paraense da arte e da cultura.

Lucidéa Maiorana

Presidente da Fundação Romulo Maiorana

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Um coletivo de singularidades

Às vésperas do Círio de Nazaré do ano de 1982, o jornalista Romulo Maiorana fez, através da Fundação que leva seu nome, o primeiro Arte Pará ao reunir artistas visuais do Estado em uma grande exposição. A partir de sua 6ª edição, em 1987, coube a mim levar o trabalho adiante pela Fundação Romulo Maiorana (FRM), um sonho trabalhado e moldado com ajuda de muitas mãos. Hoje em sua 29ª edição, verificamos caminhos de transformação e confirmação do Arte Pará no cenário das artes nacional. Dessa forma, a Fundação concebe em quatro conceituados museus - Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP), Museu de Arte Sacra (MAS), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Museu da Universidade

Andréa Facchini Prêmio Aquisição Niterói-RJ Onde você sempre quis estar da série ficções Desenho | 2010

Federal do Pará (Mufpa) -, além do espaço da cidade, a exposição que reúne o ponto de vista de 57 artistas, dentre convidados e selecionados do âmbito local, nacional e internacional, num coletivo em que cada um deles apresenta sua visão própria, singular em constante movimento. O curador do projeto, Orlando Maneschy, ao desenhar o conceito do projeto para este ano, traz a reflexão sobre as transformações que ocorrem nas organizações sociais da arte e no planeta, viabilizando amplificações dessas modificações no território da cultura. Ressaltamos o patrocínio de empresas como Supermercado e Supercenter Nazaré, Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ, UNIMED Belém e Marko Engenharia, que nos permitiram a viabilização desta edição numa iniciativa de atuação em redes de cultura, que é uma postura louvável no campo social, político e cultural. Este ano, a Fundação Nacional de Artes - FUNARTE integra a parceria com a FRM para realização do evento num caminho de

Abro aqui um especial espaço para o projeto educacional que, na nossa diretoria, tem um foco bem determinado desde o início do Arte Pará e que, no percurso, graças ao trabalho da nossa curadora da Ação Educativa, Vânia Leal, preocupou-se igualmente com a importância do público, organizou cursos, palestras, oficinas, além de trocas interinstitucionais. Neste segmento, registro meu reconhecimento pelo empenho de toda a equipe da Fundação Romulo Maiorana, a equipe de montagem, curadores, educadores, artistas, universidades, instituições, jurados, infraestrutura, designers e aos companheiros das Organizações Romulo Maiorana (ORM) pela lealdade e dedicação. Assim, a todos que estiveram e estão conosco, construindo a história do Arte Pará, o nosso agradecimento por tudo o que tornou possível esta 29ª edição.

comunhão onde o circuito institucionalizado da arte ganha na mediação do conhecimento artístico e cultural. Destacamos ainda o apoio da Mendes Publicidade, da Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Setrans-Bel), que auxiliou no projeto O Liberal na Escola. Sabemos que, em tudo o que diz respeito à cultura e à educação, os méritos são coletivos.

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Roberta Maiorana

Diretora Executiva da Fundação Romulo Maiorana

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Arte Pará. Arte fazendo ARTE

Os salões têm tido, historicamente, um papel decisivo na inserção,

Como mencionado anteriormente, somente é possível o êxito do

divulgação de obras, artistas e espaços, sem deixar de mencionar na

evento pelo alto nível de organização, dedicação e profissionalismo dos

divulgação da própria cidade onde acontece o evento.

profissionais envolvidos no projeto. Isto pode ser percebido em todo o

O Arte Pará se insere nesta categoria como um salão contemporâneo

processo, desde a confecção do edital à seleção dos membros dos júris

que engloba uma diversidade de propostas com suportes e técnicas

de seleção e de premiação, e no resultado das exibições dos trabalhos

variadas. Dessa forma, o evento desenvolve uma decisiva função na

em diferentes espaços da cidade de Belém.

divulgação e apresentação de forma prospectiva, na maioria dos casos,

O intercambio cultural que o Arte Pará possibilita não se reduz

no que se refere à apresentação de jovens artistas nacionais. O caráter

à apresentação das obras, mas se irradia no intercâmbio entre os

prospectivo do Arte Pará tem garantido a projeção e participação de

membros dos júris, entre os artistas, entre os artistas e o júri, e entre

artistas que, a partir da exibição de seus projetos no evento, têm tido

todos os profissionais da Fundação e os contratados, o pessoal dos

uma projeção no cenário artístico nacional e internacional. Coloco-me

espaços onde são expostas as obras... Os debates em torno do evento e

dessa forma por ter acompanhado durante anos o Arte Pará e por tido

dos trabalhos pelos diferentes espaços da cidade fazem com que o Arte

o privilegio de participar, como membro do júri no processo de seleção

Pará seja responsável pela formatação de uma festa cultural na cidade

e de premiação, da última edição, em 2010.

onde, além do meio artístico, o publico em geral tem a possibilidade

A indiscutível qualidade dos projetos avaliados, o profissionalismo

de desfrutar de ARTE. E com o suporte do aspecto educativo e da

e competência das equipes responsáveis pela produção, lideradas

divulgação do evento.

pela Fundação Romulo Maiorana (FRM), que tem Roberta Maiorana

Destaque especial para o trabalho educativo pedagógico que torna

como presidente, formam um panorama de primeiríssima qualidade. O

o Arte Pará contribuinte da consolidação do papel da arte na sociedade

Arte Pará se situa num patamar de eficiência e resultados à altura de

e da disseminação da importância da mesma em um contexto geral

qualquer outro evento artístico cultural que se proponha a consolidar e

e de experiências artísticas e/ou estéticas - a par dos desafios

desvendar qualitativamente o melhor da produção estética e visual na

contemporâneos dados na tensão das obras em exposição e dos

área das artes visuais no Brasil.

suportes e espaços que as recebem.

A solidez e o reconhecimento do Arte Para transparecem na

A relação e as possibilidades de intercâmbio entre artistas

quantidade significativa de inscritos nesta 29ª edição. Foram projetos

consagrados, que participam como convidados, e jovens artistas, que

de todas as regiões do Brasil. Propostas que mostram um caudal significativo de nova safra artística. Jovens criadores e propostas inovadoras que põem em evidência o importantíssimo lugar que o projeto ocupa no cenário artístico nacional.

Rodrigo Freitas Grande Prêmio Belo Horizonte – MG

se inscrevem por edital e participam após selecionados, possibilita

Paisagens de Inverno da série variações sobre o mesmo abandono Livro de pintura | 2009

produção artística no Brasil, contribuindo à consolidação do Arte Pará

formatar um panorama das diferentes etapas pela qual transita a como um dos eventos mais importantes no cenário artístico nacional.

Andrés I. M. Hernández

Membro dos júris de premiação e de seleção do 29º Arte Pará

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A terra treme; Treme Terra “Artistas são os melhores sismógrafos sociais... [eles] trabalham por conta própria. Lidando com [suas] tentativas de fazer um mundo para sobreviver...e viver [suas] obsessões.” Harold Szeemann’s

O século XX criou um fluxo de informações jamais experimentado anteriormente na cultura ocidental. De viajantes sonhadores em busca de novas descobertas às crises estruturais que abalaram o mundo, conhecimentos, bens de consumo, pessoas circulam pelo globo estabelecendo novos contatos, influências e miscigenações. Os centros de atenção vão mudando na velocidade das transformações sócio-culturais, concebendo novas lógicas para o capital. Há uma polifonia de centros e faz-se necessário navegar pelas bordas. E a arte tem sido catalisadora dessas reverberações, refletindo transformações que ocorrem nas organizações sociais e no planeta, viabilizando amplificações dessas modificações no território da cultura, movimentando setores distintos da sociedade. A oscilação está na vida, está no mundo – das placas tectônicas, que nos lembram que a terra está em movimento contínuo, aos lugares das trocas sociais, que são reinventados a cada segundo -, com o afluxo de dinâmicas relacionais que favorecem a invenção de outros espaços de contato, provocando mudanças, com novas regras de civilidade, em processos de realocação social. Em meio a conquistas diversas, no espaço da arte a autonomia em relação ao lugar é um dos grandes avanços daquele século. A arte transforma os espaços, vai de encontro à natureza, subverte o cubo branco, constitui territórios particulares, específicos para existir no mundo. Por meio da arte temos a possibilidade de estabelecer mediação com o outro, conceber pontos de contato, de contágio, de troca, propiciando ricas experiências que reinventam relações e ultrapassam o espaço instituído, ganhando a rua para viabilizar a existência de ambientes transitórios, autônomos, de liberdade e potência. São nesses lugares que queremos pensar, lugares em que essas relações se dão, ambientes em que nossas trocas são construídas, referências acionadas: espaço aberto, terreiro social, campo de relação em que nossos tambores tecnotrônicos são ativados, o contato estabelecido, em que o contágio, a miscigenação cultural se dá, porque na arte construímos espaços de liberdade, somos antropófagos e a terra, treme. Hall de entrada do Museu Histórico do Estado do Pará Belém-PA

Orlando Maneschy

Curador do 29° Arte Pará 8

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Museu Histórico do Estado do Pará

Integrado ao Sistema de Museus e Memoriais, o Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP) reune em seu acervo exemplar de natureza, épocas e estilos diversos, estando os objetos agrupados nas mais diferentes categorias. No térreo, duas salas para exposições de curta duração: Antonio Parreiras e Manoel Pestana. O MHEP está localizado no Palácio Lauro Sodré, na Praça Dom Pedro II, s/n, Cidade Velha, tels.: (91) 4009-8838 / 4009-8840.

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A força da arte

No Museu Histórico do Estado do Pará-MHEP concentraram-se proposições as mais variadas. Logo na entrada, encontramos a escultura em bronze de Flávio Cerqueira. Ela convida o observador a adentrar ao ambiente, mas, na verdade, indica o espaço entre dois corpos, como aponta o título: Tudo entre Nós. E é assim que buscamos construir essa curadoria, visando trazer à tona o que pode acontecer, irromper entre seres, territórios, no intervalo possível de existência. Logo na primeira sala, apresentamos fotografias que lidam com o espaço e constituem dimensões para o corpo. Elza Lima, com as fotos da série Quem te Ensinou a Nadar cria delicadas composições que revelam a afinidade do amazônida com a água. Construídas pela justaposição de diversos quadros, as imagens versam sobre a intimidade do nativo com o elemento e nos leva a observar o quanto nos relacionamos com as águas, com os rios. Já Anita de Abreu Lima, com as fotografias Ainda Queria Falar das Flores, parece convidar o visitante a perceber as questões pictóricas presentes na ordenação a partir de plantas e paredes de casa. Há ali um princípio organizacional instável, irradiando na paisagem elaborada. Ainda discutindo a paisagem, na pintura lê-se: Vendo Alugo Apropriações, obra da série Dealer, de Osvaldo Carvalho. O artista apropria-se do lado comercial do espaço urbano para fazer uma crítica pontual ao sistema das artes. Também nessa chave da crítica elaborada com inteligência, Keyla Sobral apresenta três desenhos. Métodos de Vingança I: Jogar Teus Livros no Fogo; Métodos de Vingança II: Quebrar Teus Óculos ao Meio e Métodos de Vingança III: Rasgar Teu Dossiê do Arte Pará. Com refinamento e bom humor a artista fala a um sujeito específico, mas revela questões universais presentes nas relações humanas e ainda brinca com o impacto que seria a um artista ter seu dossiê destruído no momento da inscrição do evento. Ainda nesta primeira sala, o corpo em transmutação aparece nos vídeos Pequena Tentativa Flávio Cerqueira Guarulhos-SP

Desvanecente e Como Digerir Lembranças, de Diego de Los Campos, em imagens instigantes

Tudo entre nós Escultura/pintura eletrostática sobre bronze | 2010

Chapeuzinho e O Pônei, (Prêmio Aquisição), de Cleantho Viana, cenas surreais parecem ocorrer

Ex corde Escultura/pintura eletrostática sobre bronze | 2010

e tensas, de ações performativas dirigidas à imagem. Já na vídeo performance O Artista, A em um morro carioca, no qual, sobre uma espécie de “tapete mágico” ou um campo que se expande a outra dimensão, pela imagem em espiral que se apresenta nesse piso, desfilam personagens insurgentes. No centro dessa primeira sala, outra escultura de Flávio Cerqueira, Ex Corde, em que o personagem da escultura tem um buraco no lugar do coração. A solidão pode ser um dos grandes males, um dos temores mais recorrentes na humanidade. Daquele ponto se vislumbra a sala seguinte, que abre com a imagem do artista convidado, Hidelbrando de Castro, Missing Person, em que um coração pulsa. E diante desse fato inesperado, uma fotografia

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Anita Lima Belém-PA Ainda queria falar de flores III, II e I Fotografia | 2009/2010

Elza Lima Belém-PA Série Água Quem te ensinou a nadar? Fotografia | 2010

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Keyla Sobral Belém-PA Métodos de vingança I, II e III Desenho | 2010

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Osvaldo Carvalho Niteroi-RJ Sem título - da série Dealer Pintura | 2010

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Cleantho Viana Prêmio aquisição Rio de Janeiro-RJ O artista, chapeuzinho e o pônei Vídeo performance | 2010

Diego de Los Campos Florianópolis-SC Sobre como digerir uma lembrança Vídeo | 2009 Pequena tentativa desvanecente Vídeo | 2010

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Hildebrando de Castro Artista Convidado São Paulo - SP Missing person Fotografia Lenticular | 2009 Acervo Galeria Laura Marsiaj

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pulsante, imagem lenticular, somos tomados de assalto. Não há saída, a não ser nos deixarmos preencher pelo chamado, pela pulsação surpreendente que a arte parece a todo instante nos convidar. Sim, a terra, treme, o sangue corre e pulsa nas veias, e estamos vivos e pulsantes. Nesse espaço temos a obra de Carolina Ponte, que constrói, com croches e pequenos objetos, uma trama que se estabelece entre escultura e pintura, com volumes no ambiente. Letícia Rita apresenta desenhos de um corpo feminino em suspensão. O desenho, enquanto gesto, aponta para a performance e para a relação desse corpo - apropriado de fotografias de bondage retiradas da internet -, em tensão para discutir a sua liberdade. Também é o corpo do artista que se faz presente nas fotografias de Flávio Lamenha, quando o autor aparece inserido no campo fotográfico em diversas posições. O detalhe é que os lugares em que são captadas as cenas são exposições de outros artistas e aí se revela uma particularidade significativa para a obra: Lamenha também tem atuado como exímio fotógrafo de obras de arte, apropriando-se dessa experiência no seu fazer artístico. Sinval Garcia se detém em objetos encontrados em situações públicas para montar sua obra em forma de um grande painel de imagens. Na sua série Encontros – Coleção Belém – PA ele apresenta um conjunto de objetos nos quais observa uma situação, uma condição estética, para apontar sua câmera e subtraí-los da realidade. O artista vê algo de especial naquela situação com a qual se depara, e percebe existir ali algo que rompe com o comum. É também fruto de um encontro, no percurso da viagem de ônibus entre a Rodoviária de Porto Alegre e Belém, que a obra de André Venzon se delineia, feita no diálogo com os viajantes. O artista instiga estes a escolherem entre dois carimbos para terem impressos em seu corpo uma das frases: “a terra é meu corpo” e “a cidade é o meu corpo”. A partir daí, Venzon vai colecionando imagens para apresentá-las em uma instalação performativa, na qual o visitante pode tanto observar o que ocorreu, quanto carimbar uma das frases em si. Subvertendo as relações entre tempo e espaço, Rodrigo Cass (Terceiro Prêmio) cria uma instalação em que a medida tempo (Meditação Sobre Um Tridimensional Iluminado) é o mote para a obra. No trabalho, trenas giram relógios medindo a passagem do tempo. Além desta obra, o artista ainda apresenta Óleo Sobre Tela, um objeto televisivo, e que em seu interior, a imagem que se vê é de um líquido ao fundo da tela. E a ironia se faz presente novamente, tal qual em O Mundo Justificado, alinhado à direita, centralizado, alinhado à esquerda, de Ângela Detanico e Rafael Lain, vídeo em que os artistas convidados desmontam o mapa-mundi para falar de política global. Nesse ambiente, ainda encontramos as obras de Alberto Bitar, capturadas na velocidade do olho passante na estrada e que nos mostram uma

Carolina Ponte Salvador-BA Sem título Instalação de parede Escultura de crochê | 2010

paisagem líquida, em transformação. Pensando e modificando formas, Barrão, artista convidado, constrói uma escultura a partir de canecas de cerveja e durepox, O Caneco é Nosso!, em que o humor é instaurado ao se falar da paixão do brasileiro pelo futebol.

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Letícia Rita São Paulo – SP A liberdade nem sempre está em poder voar Instalação de parede | 2009

Flávio Lamenha São Paulo-SP Vieira Fotografia | 2008 Solá gallery Fotografia | 2008

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Sinval Garcia São Paulo-SP Encontros - coleção Belém - PA Fotografia/instalação | 2009/2010

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Rodrigo Cass 3 prêmio São Paulo-SP Meditação sobre um tridimensional iluminado Instalação | 2010

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Rodrigo Cass São Paulo-SP

André Venzon Porto Alegre-RS

Monitor de televisão, óleo, lâmpada, circuito elétrico e suporte de metal Óleo sob tela | 2010

A cidade é o meu corpo 1 Fotografia | 2009 A terra é o meu corpo 1 Fotografia | 2009 A cidade é o meu corpo 2 Fotografia | 2009

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Barrão Artista Convidado Rio de Janeiro - RJ O caneco é nosso! Cerâmica e durepox | 2007 Acervo Galeria Laura Marsiaj

Angela Detanico e Rafael Lain Artistas Convidados Paris - França O Mundo Justificado, alinhado à direita, centralizado, alinhado à esquerda Animação | 2006 Acervo Galeria Vermelho

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alberto bitar Belém - PA Sem título, da série Efêmera Paisagem Fotografia | 2010 Sem título, da série Efêmera Paisagem Fotografia | 2009 Sem título, da série Efêmera Paisagem (díptico) Fotografia | 2009

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MURILO RODRIGUES Prêmio Aquisição Belém - PA Black Bird II vídeo instalação | 2010

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Black Bird II (Prêmio Aquisição), de Murilo Rodrigues, é uma vídeo instalação concebida para um lugar específico do MHEP, e apresenta um violinista acorrentado tocando a música homônima dos Beatles. Confinação, dor, busca pela liberdade são alguns dos motes presentes nessa obra instigante do jovem artista paraense. Também operando em torno de questões de liberdade, corpo, natureza, a obra de Angela Conte versa sobre o humano, com seus dilemas e desejos, entre paisagens-passagens. Nessa sala, outras obras discutem a relação entre paisagem, limites e tempo, como nas pinturas de Manoel Novelo, que definem espaços, que remetem à arquitetura, em áreas delimitadas, mas que são subvertidas por formas abstratas. Já Pedro David, em suas fotografias da Cartografia do Infinito, da série Impureza, constrói uma imagem a partir de vários pontos de vista de uma determinada área definida, desdobrando esta, constituindo um entendimento espacial enquanto imagem. Há, nesse procedimento uma ênfase no desenho, e este, que se apresenta no ambiente, só existe como o vemos, como imagem. É ela que potencializa a multiplicidade de percursos. Também, trabalhando com o desenho, Marinaldo Santos revigora elementos da história para refazer possíveis momentos, encontros. Nesse ambiente, mais uma pintura de Osvaldo Carvalho irá pontuar criticamente as relações na arte, lembrando-nos sempre de refletir sobre os papéis que desenvolvemos. E são encontros possíveis que vemos aqui, como na obra do artista convidado Nazareno, que revela a fragilidade do sujeito frente às dificuldades do cotidiano. Na fotografia do objeto empunhado, o soco inglês, confeccionado em prata, apresentase gravado com a inscrição: “Agora eu só estou contra você”, (título do trabalho). Este comunicado se desfaz com a segurança do politicamente correto instaurado no campo social em que nos sentimos seguros. Com a obra, o artista assume uma posição direta de oposição, revelando jogos de poder e a coragem de se colocar, de romper com o outro, com aquele que possivelmente oprime. Há uma disposição explícita para o confronto. Operando com um amplo aspecto da violência, Armando Queiroz, artista convidado e homenageado do 29° Arte Pará, traz obras em todos os espaços do evento. Aqui, duas instalações marcam a violência imputada aos povos indígenas. Em Cântico Guarani, Queiroz constitui uma instalação escura, com uma luz difusa, em que o visitante precisa penetrar para perceber o que há ali. No espaço, redes negras pendem do teto e remontam a processos de auto violência que determinados índios se impõem na ausência de perspectivas de vida na tribo. Há um doce odor que

ANGELLA CONTE São Paulo - SP Essência Vídeo | 2009

toma conta da sala, tal qual flores, e certo avinagrado, que sutilmente invade as narinas do visitante. Potentes, os trabalhos de Queiroz, curados por Marisa Mokarzel, falam, de forma inteligente da violência velada, como na instalação sonora que ocupa a capela do museu, Tupambaé, em que o artista se apropria das vozes de crianças guaranis coletadas na internet, para tomar conta do ambiente branco e vazio apenas com o som dos cantos infantis. Essas canções são as que as crianças índias entoam ao esmolar em sua região. É com cuidado e dignidade que o artista aponta para um grave problema social. 34

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Manoel Novello Rio de Janeiro-RJ Paisagem da Ilha Pintura acrílica sobre tela | 2010

Pedro David Nova Lima-MG Cartografía do Infinito (políptico da série Impureza) Fotografia | 20009/2010

Sobre a Terra dos Coqueiros Pintura acrílica sobre tela | 2010 Sobre a Terra dos Coqueiros 2 Pintura acrílica sobre tela | 2010

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Marinaldo Santos Belém-PA Escalação cartas de defesa Mista | 2010

Nazareno Artista Convidado São Paulo - SP Agora eu só estou contra você Fotografia sobre papel | 2000/2010

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Outra obra de forte caráter político é O Ovo e a Galinha (Prêmio Aquisição) de Victor de La Rocque, que num desdobramento do projeto Gallus Sapiens, (Grande Prêmio de 2008) traz para dentro da exposição uma instalação em que coloca um ovo para ser chocado. Partindo da clássica pergunta, – “o que veio primeiro, o ovo ou a galinha? “-, La Rocque irá discutir questões existencialistas em que se utiliza da metáfora do galo para criar metáforas da vida e de sua simplicidade e magnitude, prenhe de todas as promessas. O ovo eclodiu durante o Arte Pará, anunciando a potência da arte enquanto força de vida. Valéria Coelho também propicia questionamentos entre tempo e vida com suas instalações em que adesiva frases na cidade. Por que o que vivi aqui tem resto de esquecimento? Esta obra encontra-se na entrada da sala em que o ovo de La Rocque foi germinado. A artista propôs obras que dialogassem com lugares específicos e ativassem os conteúdos presentes na história desses lugares. O Cheiro da Tua Carne Ainda está Aqui, proposição para o Mercado de Carne e a frase Daqui, em 1976, acenei para você, fixada no Solar da Beira, na feira do Ver-o-Peso. Nessa sala uma forte relação com experimentação se manifesta, como nas fotografias de Adriana Maciel, que com suas imagens da série Sertão falam do interior, dos espaços habitados, da construção da vida e do tempo inscrito nos lugares. Jorane Castro, artista convidada, no vídeo Íntima Paisagem, convida via internet pessoas de várias partes do mundo a captarem e reenviarem suas paisagens vistas da janela, filmando em celular ou câmera digital, compartilhando seus olhares. O trabalho surgiu a partir da edição das respostas dadas por essas pessas, constituindo um sensível fluxo de experimentações diante da paisagem. Tomaram parte com a aritsta: Andréa Cals, Carlos Barretto, Fabio Hassegawa, Fernanda Martins, Fernando Hage, Juan Zapata, Jorge Luquín, Johanna Mercer, Josynaldo Ferreira, Lilian Bado, Luciana Magno, Mariana Lopes, Pablo Ramírez Durón, Pedro Rodrigues, Stephen Dean Thaysa Oliver e eu mesmo, que não pude resistir ao generoso convite, que revela aspectos de Belém, Campinas, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro (Brasil), Buenos Aires (Argentina), Caiena (Guiana Francesa), São Francisco, Chicago, Nova Iorque, (Estados Unidos), Tacubaya, Naucalpan (México), Londres (Inglaterra), Paris (França), Twin Islands, Indian Arm, North Vancouver (Canadá). Jimson Vilela exibe seus cadernos de desenhos, O Livro do Encontro, A Procura de Horizontes e 3 Cegos, em que desenhos e palavras, apagamentos e rasuras falam de desistências, esperas e dores por meio de um desenho vigoroso de intensa carga conceitual. Também potente, a proposição de Igor Vidor, a performance Mais Um Dia em Belém, traz o artista à cidade com a proposição de permanecer pelo tempo em que tiver alguém que lhe aceite como hóspede. Vidor circula da perifeira ao centro, estabelecendo relações, pondo-se em cheque e sente uma transformação interna com sua passagem por Belém. Do Una a Nazaré, Vidor constitui laços, trocas sensíveis e debates críticos. Encontra desconforto, se depara com seus medos e percebe-

Victor de La Rocque Prêmio aquisição Belém - PA O ovo e a galinha Instalação | 2010

se mudado, como em seu depoimeto aponta: “certamente o posicionamento mais importante

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Jorane Castro Artista Convidada Belém - PA Íntima Paisagem Vídeo Setembro e outubro de 2010

Valéria Coelho São Paulo-SP Psicografias Instalação | 2010

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Foram enviados convites pela internet à diferentes pessoas, em diferentes cidades e países, para que elas/eles compartilhassem a vista de sua janela filmando com uma câmera digital ou um celular. Este trabalho é a resposta em vídeo a este convite.Com a colaboração de (em ordem alfabética): Andréa Cals, Carlos Barretto, Fabio Hassegawa, Fernanda Martins, Fernando Hage, Juan Zapata, Jorge Luquín, Johanna Mercer, Josynaldo Ferreira, Lilian Bado, Luciana Magno, Mariana Lopes, Pablo Ramírez Durón, Pedro Rodrigues, Orlando Maneschy, Stephen Dean Thaysa Oliver.

Lugares: Belém, Pará, Buenos Aires, Argentina, Campinas, São Paulo, Caiena, Guiana Francesa, Chicago, Illinois, Estados Unidos, Naucalpan, México, Nova Iorque, Estados Unidos, Londres, Inglaterra, Paris, França, Porto Alegre, Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, São Francisco, Califórnia, Estados Unidos, São Paulo, Brasil, Tacubaya, Cidade do México, México,Twin Islands, Indian Arm, North Vancouver, Canadá.

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Jimson Vilela Rio de Janeiro-RJ O livro do encontro (168 páginas) Objeto | 2010

AdrianA Maciel Rio de Janeiro-RJ Série sertão n°1, n°3 e n°2 Fotografia | 2009

A procura de horizontes (124 páginas) Objeto | 2010 3 cegos (64 páginas) Objeto | 2010

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pra que esse embate fosse horizontal seria eliminar qualquer tipo de olhar colonizador, ou pelo menos não me prestar a olhar SOBRE, na verdade somente o “olhar” aqui não seria suficiente, não tratava-se da capacidade “retiniana”. (...) É sobre a condição de afetividade que as relações se desenvolveram, tornando aquilo que inicialmente se apresentou como zona de desconforto em afeto e cordialidade, identificando fronteiras, mas que não as tornou barreiras, invadindo e sendo invadido pela privacidade alheia. Os corpos suam, sem medo de repreensão, os abraços são molhados, e fui assim convidado a me predispor por uma esfera afetiva, inventiva e apaixonante, ao embate com os corpos, o clima, o lixo, o trânsito, o rio, os olhos”. O artista se desapegou de suas convenções, se permitiu viver e estar na cidade e estar no mundo virou o trabalho. Do embate com as situações sociais surge a video-performance Cafetinagem, de Bruno Cantuária, Luciana Magno e Ricardo Macêdo: uma performance no centro da cidade em que mulheres de máscaras de monstro e de lutador de luta-livre mexicana realizam uma ação em torno do consumo e da identidade, relacionando vida, corpo, arte, concebendo uma ação instigante e potente. Nesse ambiente também se vêem outras obras de Osvaldo Carvalho e de Flávio Cerqueira, e deste último, O Invisível, é uma escultura em bronze de dimensão pequena em que um sujeito “barrigudinho” tem um saco sobre a cabeça, falando sobre o esvaziamento e solidão. Já Fernando Limberger, com seus Abraçadinhos propicia a manipulação entre os objetos, sugerindo o estabelecimento de relações entre eles. Louise D.D. após descobrir que suas obras enviadas ao Arte Pará haviam sido furtadas com ocaminhão dos correios, envia o documento de envio do Sedex, o histórico do trânsito do objeto nos Correios e um cartaz dos objetos desaparecidos, lidando com as circunstâncias e transformando um fato nefasto em arte. José Hailton apropria-se de retratos de familia, imagens sacras e profanas para elaborar objetos em que a relação pictórica se faz presente. Lançando mão de linguagens distintas, Regina Parra, apresenta o video Travessia (ou sobre la marcha) e a pintura Eldorado II. Nas obras a artista fala do espaço e do registro da ação, da similaridade entre pintura e vídeo, criando um campo de interrelação, tendo como base imagens apropriadas de câmera de vigilância. Ena Lautert cria uma escultura e uma instalação em que se vêem grandes pedras brutas dispostas em uma rede fina de pesca. Há uma sugestão de tensão entre peso e fragilidade na obra que é posicionada numa passagem do museu, bem acima das cabeças. Provocando a percepção sobre a gravidade, as rochas de papel de Lautert parecem ser o que não são e conclamam o observador a tentar decifrá-las, tal qual as imagens de Flora Assumpção, que com suas Serpentes de Prata, imagens de objetos escultóricos exibidas como lambe-lambe interferem no espaço subvertendo a ideia do objeto, enquanto imagem.

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Igor Vidor São Paulo-SP Mais um dia em Belém Performance | 2010

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Flávio Cerqueira Guarulhos-SP

Bruno Cantuária, Luciana Magno e Ricardo Macêdo Belém - PA

O invisível Escultura pintura eletrostática sobre bronze | 2010

Cafetinagem Vídeo | 2010

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Fernando Limberger São Paulo-SP Abraçadinhos III, I e II (versão 1) Cabaças pintadas | 2003

LoUise D. D. Rio de Janeiro-RJ Dor e febre Objeto | 2009 Carne vermelha (série) Objeto | 2010

José Hailton Belém-PA Casa I, II e III Pintura | 2010

Original e cópia Objeto | 2009

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Regina Parra São Paulo - SP Eldorado II Óleo e cera sobre papel | 2010 Travessia (ou sobre a Lamarcha) Vídeo | 2010

Ena Lautert Porto Alegre-RS S/título Instalação

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Flora Assumpção São Paulo-SP Serpentes de prata VI, V Instalação | 2010 Serpentes de prata II Instalação | 2010 (MUFPA)

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Ricardo Macêdo Belém-PA Relações intercambiáveis Instalação | 2010

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Ricardo Macêdo, com suas Relações Intercambiáveis, estabelece uma proposição para a abertura da mostra em que cria um site specific no jardim do museu com uma toalha de piquenique, almofadas e um lanche vegetariano. Macêdo irá discutir o lugar da arte a partir de vivências no espaço compartilhado, pensando o convívio como suporte artístico e a aceitação do outro com suas diferenças. Após a abertura da mostra, a instalação adentra a sala de exibição e agrega desenhos, bilhetes, que são fruto da ação educativa. O Segundo Prêmio é o site specific Meta-Ver-o-Peso-Esquema, de Renato Chalu, localizado na Feira do Açaí, que conta com um video feito naquele lugar inserido em uma escultura feita com as caixas utilizadas pelos feirantes daquele entreposto. Chalu irá fazer uma sobreposição da imagem da paisagem no próprio ambiente, desdobrando a ideia de escultura, que se monta e desmonta a cada dia, já que a obra tem horário para funcionar, dentro do próprio ritmo da feira, dialogando com seus habitantes e funcionários, emprestando a materialidade do lugar na sua constituição instável, provisória, insólita. São as mais variadas experiências artísticas de lidar/estar no mundo que vimos no 29° Arte Pará. Nesta ação, que se inscreve na Amazônia, a arte ocupa um lugar que ultrapassa os limites instituídos, fazendo com que este projeto assuma um papel singular na cena contemporânea nacional, relacionando-se com experiências de vida e da própria existência, percebendo a possibilidade de construir caminhos singulares na arte que se faz e se mostra na região.

Orlando Maneschy

Curador do 29° Arte Pará Renato Chalu 2º prêmio Belém-PA Meta-ver-o-peso-esquema Instalação | 2010

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ARMANDO QUEIROZ Artista homenageado

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Armando Queiroz: Cântico dos corpos Armando Queiroz desde os anos 90 se destaca por um trabalho denso que se detém nas questões específicas da arte e, ao mesmo

não mais se reconhece. Em ato de profunda tristeza, impõe a si mesmo o eterno silêncio. A voz é calada, se cala... para sempre.

tempo, as envolve em distintos campos do conhecimento. O artista

O Museu Goeldi recebeu Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos

conhece o lugar em que vive, sabe que se encontra em um espaço

muitos), vídeo resultante da pesquisa realizada por Armando Queiroz

delimitado por atuações de poder que reverberam na vida cotidiana do

para o Prêmio Marcantonio Vilaça. Com o amigo Almires, de etnia

cidadão. Atento, mergulha nas tensas condições daquele que vive na

guarani, o artista montou um documentário-performance sem uma

Amazônia, conseguindo estabelecer em sua obra uma linguagem que é

direção pré concebida, apenas com uma idéia matriz. O depoimento

entendida além da região, independente de cidade, país ou continente.

surge contundente, Queiroz torna visível aquele que costumam tornar

Seu trabalho deixa transparecer as relações entre subjetividades e uma

invisível. O tempo expandido e o silêncio intercalado entre a voz e as

realidade de luta em que as contradições não impedem o respeito pelo

mãos que pintam o rosto deixam rastros profundos e nos faz pensar

outro e o sentimento de pertencimento.

naqueles que foram muitos.

O simbólico representa o fato ocorrido, o imaginário que, no campo

No Mufpa ficou uma obra concebida como um ritual, uma espécie

da arte e pelas mãos do artista, transforma-se em uma poética que

de happening. Desapego teve origem na obra Mirante (2005), feita

remete à memória, ao esquecimento e ao incerto presente. O processo

especialmente para o jardim do Museu da Universidade. Composta por

curatorial ocorreu em parceria com o artista e elegeu três diferentes

várias peças modulares, tornou-se móvel e mutante, podendo trocar

espaços atravessados pela arte e pelas culturas silenciadas. Armando

de lugar e de forma inúmeras vezes. Da mesma maneira que Keith

Queiroz, concomitantemente, expôs no Museu Histórico de Estado do

Arnatt, em 1969, realizou o Auto-enterro, em que o artista desaparecia

Pará (MHEP), no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e no Museu da

na terra, Armando Queiroz desapega-se da sua criação realizando o

Universidade Federal do Pará (Mufpa).

enterramento da obra. Assim, cumpre o ritual do desaparecimento,

Com uma percepção aguçada do mundo, no MHEP o artista nos

mas diferente de Arnatt, não é o artista que questiona a sua razão de

colocou diante de questões específicas, mas que ultrapassaram

ser, existir, o que está em jogo é o objeto criado que se desmaterializa

territórios e nos conduziram à interrogações e à busca da compreensão

e torna-se pura imagem.

da nossa própria cultura e da cultura do outro. Duas obras formaram um

Com o enterramento, o Mirante mergulhou à terra para ver o invisível

único cântico: Tupambaé (Parte de Deus) e Cântico Guarani. A primeira

e brotar transformado. Durante o ritual, presenciou-se o nascer do dia:

ficou exposta no vazio da Capela do Museu e constituiu-se apenas pelos

o espetáculo foi a natureza. O cotidiano citadino logo teve início, sem nos

sons de vozes infantis. Armando Queiroz discutiu o desvio cultural dos

impedir de presenciar as trocas de memórias que marcaram o encontro

cânticos indígenas que cumprem hoje um triste e involuntário destino.

de tempos distintos. Os fragmentos, encontrados na escavação,

Ao usar esses cânticos para esmolar, as crianças atraem os olhos dos

momentaneamente serviram de lençol à terra que acolhia o Mirante.

não índios e misturam-se aos ruídos. Tornam-se estranhas às terras de onde vieram. Na instalação Cântico Guarani, o artista propõe uma discussão sobre

Naquele dia em que acompanhavámos o enterramento, sôou o som dos pássaros e ele nunca mais saiu de nossos ouvidos. Tivemos certeza que o efêmero marcou nossa memória pra sempre.

os vestígios de uma cultura indígena de histórias interrompidas, cujos cânticos emudeceram e o fio das falas partiu-se. Sem mais reconhecer

Marisa Mokarzel

Curadora da sala especial “Cântico Guarani” – homenagem a Armando Queiroz

o rio no qual molhava seu corpo, o guarani não mais reconhece o outro, 60

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Armando Queiroz Belém-PA Tupambaé (Parte de Deus) Instalação sonora | 2010

Armando Queiroz cria Tupambaé (Parte de Deus) com os sons compostos por vozes infantis, por cânticos entoados distantes ou na própria aldeia. Deslocados, atraem os olhos dos não índios, misturam-se aos ruídos, tornam-se estranhos ao lugar de onde vieram. Para ver as imagens acessem os sites: http://www.youtube. com/watch?v=pdQyxr92U4&feature=related

Armando Queiroz Belém-PA Cântico Guarani Instalação | 2010 62

http://www.youtube.com/watch?v= PzuDZYdMnBM&feature=related http://www.youtube.com/ watch?v=74HnhdsJ5dI&NR=1

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Museu de Arte Sacra

Integrado ao Sistema de Museus e Memoriais, o Museu de Arte Sacra (MAS) é composto pela Igreja barroca de Santo Alexandre e o antigo Palácio Episcopal, do século XVII. Apresenta um acervo de imaginárias e objetos litúrgicos. No térreo, a Sala Augusto Fidanza, abriga exposições de curta duração. O MAS está localizado na Praça Dom Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha, tels.: (91) 4009-8800 / 4009-8845. www.secult.pa.gov.br

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O PROFUNDO E GLORIOSO DA FOTOGRAFIA Arthur Omar na espessura densa da imagem Apresentar a Antropologia da Face Gloriosa na Galeria Fidanza, do Museu de Arte Sacra-MAS é reafirmar a missão de uma fotografia que se pensa de dentro, que incendeia o olhar do espectador ao capturálo em sua visceralidade sacro profana, e lança-o em um turbilhão de sensações para além da simples contemplação, conclamando-o ao arrebatamento. O carnaval talvez seja um dos últimos lampejos dos antigos rituais pagãos da cultura ocidental e Arthur Omar mergulha com sua lente lúcida a fundo, constituídas num corpo-a-corpo com um outro que nesse momento do encontro está absorvido por tantos papéis, fantasias, num processo ritualístico, como que num estado alterado de consciência e o artista atinge, na intensificação desse estado, o ponto nevrálgico, o êxtase da transcendência. O olhar diligente de Omar se debruçou ao longo de anos para constituir a série Antropologia da Face Gloriosa, da qual vemos um recorte especial aqui, desvelando sete sujeitos em atitudes transitórias, na velocidade da passagem ritualística. Mas o artista não se detém apenas em apresentar o trabalho no museu, ele se lança no frêmito de uma Belém em ebulição, em um período no qual milhões de pessoas se direcionam à cidade para reencontrar amigos, cumprir promessas, vivenciar o Círio de Nazaré em suas complexidades sacro-profanas. No massa de pessoas que irrompem nas diversas procissões e festas, Omar surpreende-se por outros êxtases, permite-se ser tomado por essa experiência única e o trabalho vai além do apresentado, se desdobra para o futuro. Assim Omar, ao expor seu olhar em Belém, vivencia o estar no lugar. São olhares, pequenos gestos de cumplicidade com o outro, com o olho, com o corpo de quem se entrega ao mundo e vive, iluminado, o tremor da existência.

Orlando Maneschy

Curador do 29° Arte Pará

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Arthur Omar Artista Convidado Rio de Janeiro-RJ

Contra Todos os Sistemas Inclusive o das Sereias da série Antropologia da Face Gloriosa C-Print sobre alumínio

A Menina dos Olhos da série Antropologia da Face Gloriosa C-Print sobre alumínio

Intuições Atléticas da série Antropologia da Face Gloriosa C-Print sobre alumínio

Rapto de Rosas e Apagamento Final da série Antropologia da Face Gloriosa C-Print sobre alumínio

Leite Zulu Para a Harmonia Química Nacional da série Antropologia da Face Gloriosa C-Print sobre alumínio

Antropologia da Face Gloriosa da série Antropologia da Face Gloriosa C-Print sobre alumínio

Utilizando o Zero como Roda Acima do Profundo Céu Azul da série Antropologia da Face Gloriosa C-Print sobre alumínio

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Num instante, Belém

Parecia simples. Eu já admirava Belém à distância. Seria a oportunidade

frente, uma enorme pressão sobre a carne como se a alma fosse ser expelida

de mostrar imagens seminais do meu trabalho, e também de fazer imagens

do grande bloco. Toda minha técnica fotográfica tinha que ser repensada,

novas, pois a exposição coincidiria com o Círio de Nazaré. Finalmente, a série

refeita, deletada como um conjunto de fórmulas obsoletas. Novos gestos, nova

Antropologia da Face Gloriosa seria vista num museu de arte sacra, como eu

relação com o instrumento ótico, novos objetos visuais. E o rosto que aparecia

sempre quis. Convivendo com estátuas barrocas e figuras de santos, todos em

nas imagens era como o carimbo enigmático de algo que ainda não havia sido

êxtase, como os meus personagens carnavalescos. Perfeito. Meu último livro

representado em toda sua extensão pela história da fotografia. Algumas faces

havia sido sobre a Amazônia, a terra, o rio. Faltava o homem.

pareciam não ter expressão alguma, o que me inquietou mais ainda diante

Acostumado ao carnaval, no que ele tem de imemorial e sagrado, eu

dessa novidade e dessa ruptura do clichê jornalístico e etnográfico do êxtase.

acreditava que meu olho e minha técnica fotográfico-antropológica seriam

Eu poderia ter parado por ali o meu trabalho, porque a parte essencial dessa

capazes de identificar e dar conta facilmente do que ocorre no Círio. Eu já tinha

antropologia se cumpriu integralmente, e se realizou. Eu não precisaria voltar

ouvido todas as histórias e todas as descrições desse evento fabuloso. Meu

outras vezes, e nem mesmo continuar nessa mesma hora a minha investigação.

desejo era agregar o resultado do Círio ao conjunto de faces que constitui a

Não sei se o trabalho que produzi tem algum valor ou esgote a densidade da

Antropologia da Face Gloriosa, toda ela dedicada à glória do rosto humano em

experiência que aquilo me proporcionou, mas o essencial, a essência dessa

estados alterados e sublimes, o rosto em transe.

atividade antropológica-da-face-gloriosa aconteceu, isto é, criar uma nova

Parecia simples. Como se em Belém eu fosse encontrar apenas variações

posição de olhar, posição que seja o resultado da soma do objeto que eu vejo

de um jogo universal que já conhecia e do qual eu havia desenvolvido a técnica

com a transformação que sofreu meu olhar no instante mesmo em que teve

apropriada para apreender. O êxtase é o êxtase.

seu objeto diante de si sem mediações, num contato de êxtase-a-êxtase.

Mas eu não poderia contar com a surpresa que me esperava no Círio.

Sem ser um devoto de Nossa Senhora de Nazaré, ali também eu fui

Quando se fizer a Enciclopédia do Rosto Brasileiro (onde se coletará não

possuído pela fé. Uma fé sem objeto. A fé na imagem pura, a fé na radicalidade

apenas a diversidade das aparências físicas, mas a originalidade diferencial das

da minha experiência, a fé na infinitude do instante, a fé na surpresa da minha

experiências possíveis e imagináveis), o rosto de Belém terá um capítulo à parte.

própria humanidade ali confirmada, a fé no triângulo pitagórico que é a forma

Esse rosto que se produz na alucinação somática do Círio de Nazaré enquanto

do manto da virgem carregada através do espaço pela grande massa.

produto daquele instante glorioso. Porque não se parece com nenhum outro, apartado de qualquer clichê ou ideia pré-concebida do que seja o êxtase.

Os antropólogos-da-ciência-rigorosa voltarão 30, 40 anos ao mesmo lugar para constituir, desconstruir e reconstruir o seu objeto. E est(ar)ão certos.

Tudo isso me foi revelado num flash, e aconteceu logo nos primeiros

Mas um antropólogo-da-face-gloriosa se retira de cena imediatamente

momentos do meu corpo-a-corpo com a multidão. E não era nem a procissão

após o instante que gerou a foto. Carregando-a consigo, sem saber o que há

do último dia. Comprimido, esmagado, atirado para o alto, eu não reconhecia

nela ou o que ela significa, mas certo de que ela resolveu o enigma da sua

aqueles rostos de lugar nenhum, e meu próprio corpo, sob a pressão da muralha

própria vida, que é, no fundo e estranhamente, o enigma daquele mesmo

humana à minha frente e atrás de mim, abandonou a posição de observador

instante, projetado imaginariamente nos próximos trinta, quarenta anos de

para ser arrastado numa onda violenta que não havia experimentado antes,

sua existência.

dissolvido na umidade, na confusão de suores e no oceano de gritos onde havia mergulhado. Olhos fechados, cabeças pousadas no ombro do caminhante da

Arthur Omar

Fotógrafo e artista convidado do Arte Pará 2010

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Museu da Universidade Federal do Pará

O único museu federal de artes visuais da Amazônia vem desde 2003 se reestruturando para melhor salvaguardar e avivar a memória de si e do outro. O prédio é uma construção do início do século XX, mas precisamente de 1903, conhecido como palacete Augusto Montenegro, foi projetado pelo arquiteto italiano Filinto Santoro para ser a residência particular do então Governador do Estado do Pará, Augusto Montenegro. Hoje, o acervo do Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA) é composto por pinturas, desenhos, cartuns, fotografias, gravuras e esculturas dos séculos XIX, XX e XXI, acervo este formado ao longo dos anos por meio de doações, permutas e aquisições. O MUFPA está localizado na Av. Governador José Malcher, 1192 – Nazaré, tels.: (91) 32240871/32428340.

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OUTROS TREMORES “A diversidade é algo que se constrói, não é dada. Cada um pertence ao lugar a seu modo, em chave própria.” Paulo Herkenhoff

A idéia como princípio da formulação artística é o que movimenta este conjunto de obras aqui reunidas. São operações complexas que se ordenam em torno da imagem e do corpo, e que se desdobram em questões de percepção da paisagem, do tempo, das políticas. Quatro artistas vêm ativar esse núcleo com suas proposições, estabelecendo diálogo fecundo com os artistas selecionados: Paulo Bruscky, com imagens da série Meu cérebro desenha assim, fruto de performance conceitual em que a interação com um aparelho de eletroencefalografia gera desenhos sem o uso das mãos, elabora imagens surpreendentes em vídeo e nas fotografias que vemos aqui. Estas experiências ocorreram graças ao acesso a esse aparelho, com o qual captou os grafismos gerados por seus pensamentos durante sua passagem pelo hospital Hagamenon Magalhães. Tiago Rivaldo, em Via de mãos dadas, n.º2, vídeo no qual apresenta o espaço entre corpos (o do artista e de seu parceiro) ao produzir bolhas de sabão com suas bocas, que ora se tocam, ora transforma-se em uma só, e chegam a se destruir, numa sofisticada metáfora das relações e enfrentamentos contemporâneos. É um vídeo delicado, que nos fala diretamente sobre as dificuldades e tensões presentes nas relações desse século XXI, de sujeitos que frente a frente, buscam diálogos possíveis. Stephen Dean estabelece um diálogo entre vídeo e pintura, lançandose ao encontro da força mística popular ao mergulhar em manifestações culturais que lhe são diferentes. Filmado no norte da Índia, no estado indiano de Uttar Pradesh, o video Pulse apresenta o festival de Holi, um ritual de fertilidade que demarca a chegada da primavera e apresenta momentos em que as diferenças sociais, tão fortes nesse país, são postas de lado em meio à catarse e a um frenesi pictórico, que detém forte caráter performativo, revelando mistérios insondáveis. Odires Mlászho irá, lançando mão de recortes e apropriações, constituir percepções acerca da imagem e do corpo, reelaborando figuras surpreendentes. Aqui, temos dois momentos. No

Paulo Brusky Artista Convidado Recife Da série O Meu Cérebro Desenha Assim Eletroencefalograma e impressão digital | 1966 Obra resultante de pesquisa iniciada nos anos 70

primeiro, Skinner #2, Mlászho irá reinventar um corpo a partir da sobreposição de recortes de corpos que parecem se desdobrar. São esses fragmentos que constituem os contornos do corpo, feito de muitos corpos. Se em Skinner o artista se apropria de fotografias do nu, para construir sua obra, em Diana / Série Serpentina, o artista irá se apropriar de uma clássica imagem da história da arte, para, por meio dos recortes, revelar e esconder o que está por detrás, de forma a proporcionar sugestões avassaladoras.

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Tiago Rivaldo Artista Convidado Porto Alegre - RS

Stephen Dean Artista Convidado New York

Via de mãos dadas, n.º2 Vídeo | 2010

Pulse Vídeo | 2001

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Entre os artistas selecionados encontramos Epiderme, em que Viviane Gueller se ocupa de uma sala do Museu da Universidade Federal do Pará (Mufpa) e seu mobiliário para instalar duas caixas de luz em que se vêem radiografias de pessoas com balas no corpo. A sala permanece escura e os backlights se acendem a partir do movimento do público, provocando incômodo com as imagens de corpos alvejados. Em Elemental, Gueller emprega displays de farmácia com o remédio homônimo, que segundo sua embalagem, pode causar dependência. Dentro da caixa do medicamento, vêse a imagem de um corpo em ação. O display também ocupou espaço em uma farmácia nas proximidades da feira do Ver-o-Peso, propiciando instigantes reações no público. Para a artista, “o antídoto é o corpo humano misturado à natureza, sangue com seiva”. Gelka Arruda, também em uma chave da performance, apresenta uma imagem feita a partir de várias, frutos de uma ação denominada Três Dias em Branco, em que a artista se coloca em uma condição de ausência de visão para ser fotografada pelo olhar do outro, buscando atingir a percepção de si com a imagem, diante à profusão de imagens de consumo constituídas na contemporaneidade. Flavia Bertinato em Tormento, Roteiro Ilustrado elabora, com o emprego de imagens e palavras, uma narrativa sobre identidades de dois irmãos gêmeos. Ao concentrar informações visuais empregadas na criação do “roteiro” em cada um dos três quadros, a artista propicia ao espectador uma apreensão parcial mas densa da história, que se complementa a partir da disponibilização do texto do roteiro. Também trabalhando com uma narrativa desconstruída, Nailana Thiely apresenta três fotografias em preto e branco, imagens da série Noir, Dias Curtos de Inverno, em que a artista revela a solidão no limite da luz especular do inverno no hemisfério Norte, tão diferente da luz amazônica. Já Raymundo Firmino olha para o corpo feminino no limite. Contrapõe suas formas com a de objetos, ferramentas que sugerem a construção civil, a oficina mecânica, provocando incômodo acerca das formas desses objetos do universo masculino, em oposição à delicadeza das formas do feminino. Gina Dinucci apresenta Banquete para Judith, citando uma das cenas religiosas mais representadas na história da arte, na qual Judith decapita Holofernes. A artista cria um campo de tensões em que também imagens – um retrato feminino velado, um homem Odires Mlászho Artista Convidado São Paulo -SP

com o travesseiro no rosto -, postas em uma caixa junto a facas apontam para um desfecho

Diana/ série Serpentina Ampliação fotográfica digital | 2002

que se encontra, Deborah Engel, com suas Paisagens Possíveis pensa o território transitório ao

Skinner #2 Impressão jato de tinta | 2007 Coleção Galeria Vermelho

eminente e violento. Tomando a imagem como partida para outras percepções do espaço em sobrepor imagens de revista na paisagem e fotografar essas composições. Cria, assim, novas possibilidades de percepção do lugar. Andréa Facchini se utiliza de imagens da infância, de mundos mágicos que remontam a fábulas em Entre o Azul e o Céu (sobre-viventes), Onde você sempre quis estar, e Sem linha do horizonte, sem ponto de fuga, da série Ficções, (Prêmio Aquisição), que se propõem a suspender um tempo, como “pequenas ilhas”, em que o espectador parece prender a respiração na sugestão do que virá a ocorrer. Nas fotografias de Flávia Junqueira da série Casa em Festa, vêem-se situações de uma

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Gelka Arruda Belo Horizonte-MG Viviane Gueller Porto alegre-RS

Três dias em branco Fotografia | 2010

Epiderme Instalação | 2010 Elemental Intervenção urbana | 2009/2010

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Flávia Bertinato São Paulo-SP Tormento Desenho | (2010)

Nailana Thiely Belém-PA Noir - dias curtos de inverno I, II e III Fotografia | 2009

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Raymundo Firmino Castanhal-PA Rg-1725411 Fotografia | 2010 Rg- 1712252 Fotografia | 2010

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Gina Dinucci Guarulhos-SP O Banquete para Judith Objeto | 2010

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Deborah Engel Rio de Janeiro-RJ Paisagens possíveis - Ladies Fotografia | 2010 Paisagens possíveis - Pastor Itinerante Fotografia | 2010 Paisagens possiveis - Tchola Sola Fotografia | 2010

Andréa Facchini Prêmio aquisição Niterói-RJ Sem linha do horizonte, sem ponto de fuga Desenho | 2010 Entre o azul do céu (sobre-viventes) da série ficções Desenho | 2010

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felicidade melancólica. Em uma delas, balões ocupam toda a sala, se espalham sobre a mobília, ultrapassam o limite do espaço, que se apresenta vazio de elementos humanos; em outra, a artista segura balões de gás na cor negra e, sentada sobre uma montanha de confetes, observa dormir o gato de Alice. São situações que tangem o limite de realidade que a artista constitui para articular sobre a vida. A delicadeza de um espaço construído em que coisas oníricas, mas possíveis podem se revelar irrompe no vídeo Entrando sem Bater, (Prêmio Aquisição), de Maria Mattos. A artista elabora todo um universo para que um piloto de um singelo aviãozinho de brinquedo possa adentrar, em que figuras surgem em meio a nuvens, animais de várias espécies emergem e somem em meio a nuvens. Pungente, o vídeo aborda a fragilidade presente nos sonhos, nos desejos mais singelos, constituindo sensações ternas. O Grande Prêmio, de Rodrigo Freitas, emprega a pintura em diversas situações. Em Variações Sobre o Mesmo Abandono, uma narrativa é instaurada como uma tradução pictórica de fragmentos do cinema, buscando ampliar a percepção em uma narrativa quadro-aquadro e em pintura. Em outro momento da mesma série, um único quadro se apresenta. Outra obra, Para Quem Ainda Sonha com Nuvens: Paisagens de Inverno, propõe um percurso temporal instituído no fluxo do tempo, no folhear das páginas além do toque, da proximidade do corpo, em um desejo de aproximação, mas sem dependência. Pequeno, o livro sugere um olhar perto, um vaguear pelas páginas, na elaboração, reelaboração dos percursos. São distintas relações visuais que se constituem em uma tomada de posicionamento diante das coisas do mundo e, nesse intervalo de tensão e compartilhamento, revelam-se diferentes singularidades, pontos de contato e tremor, presentes na atividade da imaginação que é a arte.

Orlando Maneschy

Curador do 29° Arte Pará Flávia Junqueira São Paulo-SP A casa em festa 6 Fotografia | 2010 A casa em festa 7 Fotografia | 2010

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Maria Mattos Prêmio aquisição Niterói-RJ Entrando sem bater Video | 2010

Rodrigo Freitas Grande prêmio Belo Horizonte – MG S/título da série variações sobre o mesmo abandono Pintura sobre tela | 2010 Para quem ainda sonha com nuvens: paisagens de inverno Livros de pintura | 2009

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Desapego

Concebido como um ritual, um site specific acompanhado de um happening, Desapego, tem origem na obra Mirante (2005) feita especialmente para o jardim do Museu da Universidade Federal do Pará-MUFPA. Composta por várias peças modulares, tornava-se móvel e mutante, podendo trocar de lugar e de forma inúmeras vezes. Da mesma maneira que Keith Arnatt, em 1969, realizou o Auto-enterro, em que o artista desaparecia na terra, Armando Queiroz, desapega-se da sua criação, realizando o enterramento da obra. Assim, cumpre o ritual do desaparecimento, mas diferente de Arnatt não é o artista que questiona a sua razão de ser, existir, o que está em jogo é o objeto criado que se desmaterializa e torna-se pura imagem. O Mirante mergulha a terra para ver o invisível e brotar transformado, sem a identidade primeira. O vídeo, também imagem, é o testemunho do ato de desaparecer, acompanhado do ritual da manhã, no qual presenciou-se o nascer do dia: o espetáculo foi a natureza. O cotidiano citadino teve início. Separada pelas grades de ferro, encontravam-se o jardim e a cidade. As trocas de memórias marcaram o encontro de tempos distintos: os fragmentos, encontrados na escavação momentaneamente servem de lençol à terra que acolhe o Mirante, mas em breve retornarão ao Museu, a casa de onde vieram. Naquele dia em que acompanhavámos o enterramento, sôou o som dos pássaros e ele nunca mais saiu de nossos ouvidos.

Marisa Mokarzel Curadoria especial

Armando Queiroz Artista convidado Belém - PA Site specific: Desapego Happening | 2010

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Museu Paraense Emilio Goeldi

Principal monumento do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e símbolo da instituição, o Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna, mais conhecido como Rocinha, foi construido na década de 70 do século XIX. O Pavilhão é um ícone da cidade de Belém, sendo o único remanescente inteiramente de uso público de um tipo de construção que já foi dominante na capital paraense – as rocinhas. O MPEG está localizado na Av. Magalhães Barata, 376 – São Braz, tels.: (91) 32193300/32491302.

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Igualmente diferentes

Entendendo o lugar da arte como um território repleto de possibilidades de contatos e

Há uma busca de certa essencialidade nas ações performáticas presentes ali, entre cuias

vinculações, constituído por meio de similaridades e diferenças, onde emergem potências para

que flutuam dentro de formações geométricas que se desmaterializam no balanço da água.

diálogos, concebemos esta mostra, na qual artistas interagem com o outro a partir de uma

Evangelista chama atenção para um conhecimento profundo e secular presente no âmago da

perspectiva ética de compreensão daquilo que distingue este outro e transforma o olhar do

Amazônia e nos chama atenção para o desmantelamento de culturas de povos tradicionais.

artista. Aqui, ninguém passa incólume e, no ponto de fricção, a obra acontece como uma tomada

Já Claudia Andujar, em um processo de mergulho no universo Yanomami, irá criar um ponto de

de posição, uma ação política que se estabelece no momento em que a fala daquele emerge,

inflexão ao se deparar com os rituais xamânicos, adentrando na genealogia desse povo, em seus

revelando que este pode estar em nós, e nós nele, se nos permitirmos o exercício da troca calcada

processos simbólicos e constituir uma reinterpretação visual em sua série fotográfica Sonhos.

no respeito e na ética, percebendo e multiplicando experiências possíveis.

Nesse percurso, Andujar estabelece uma troca riquíssima, dissolvendo limites entre arte e vida.

Procuramos reunir obras que fossem fruto de vivências profundas, sejam estas elementos da

Aqui optamos por apresentar uma relação entre imagens realizadas por meio de diferentes

cultura material Yanomami, empregadas em ações cotidianas e ritualísticas, ou decorrências do

procedimentos. De um lado da sala, Yanomamis são captados pela lente de Andujar em momento

contato e da mistura no processo de alteridade, com povos da floresta, como as constituídas por

de alteridade, durante um ritual xamânico, no qual a integração entre índios e olhar da fotógrafa é

Armando Queiroz, Claudia Andujar e Roberto Evangelista que, longe de estabelecerem relações

materializado em uma imagem pungente, índice do estabelecimento de confiança e cumplicidade;

de poder com os indígenas, se articulam junto a estes, nas diferenças e identificações, para erigir

nas demais paredes são os Sonhos dos indígenas que passam a ser interpretados de forma

seus discursos artísticos que por vezes, se dão no conferir a voz ao outro. Daí termos convidado

sensível por esta artista da fotografia, em imagens surpreendentes que revelam a transcendência

um curador do Museu Paraense Emilio Goeldi-MPEG para incluir peças do acervo desse museu,

presente na relação entre esse povo da floresta, sua cosmogonia e a natureza, construídas

chegando ao conjunto de objetos Yanomami que temos aqui, em diálogo com os artistas convidados.

com sensibilidade e ética. Há uma potência demarcada entre quem olha de dentro e o universo

Neste cenário, temos Armando Queiroz - artista homenageado neste ano -, com o vídeo Ymá

sobre o qual dedica seu olhar, força constituída no legítimo fluxo do compartilhar, das trocas

Nhandehetama – (Antigamente fomos muitos), que traz o depoimento forte e lúcido do índio guarani

sensíveis,que tentamos engendrar aqui, neste ambiente entre-imagens que indica vinculações

Almires Martins acerca dos processos de aniquilamento imposto às diversas etnias das Américas.

éticas irreversíveis.

Queiroz convida seu amigo para realizar uma ação diante da câmera, empresta o espaço da

Estes artistas estabelecem processos ímpares de mergulho nos muitos universos, de uma

imagem para conceder a fala ao outro. O depoimento flui e o índio constitui um discurso do lugar

compreensão densa desse outro, materializada por meio da estética e da ética, gerando obras

da experiência, revela procedimentos de apagamento de seu povo para, em um ato silencioso,

de afinada posição política. Reunir estas obras aqui reitera uma necessidade de olhar e pensar a

performático, após sua fala contundente, cobrir sua face com tinta negra e nos mostrar que

Amazônia em suas complexidades de forma profunda. Esta é nossa missão.

também sumirá, será apagado. Roberto Evangelista, por sua vez, irá, com ação registrada em película, criar um verdadeiro manifesto em seu filme Mater dolorosa in memorian II Da criação e sobrevivência das formas, realizado no Lago do Arara, no Rio Negro (AM), em 1978, e que versa sobre memória e transmissão cultural, articulando sobre conhecimentos tradicionais em um encontro com índios

Orlando Maneschy

Curador do 29° Arte Pará

da etnia Tukano. Evangelista afirma resistências e estabelece uma apreensão da relação entre geometria e a concepção de universo desse povo, sobrepondo tempos, evidenciando significados que transcendem as formas.

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No território das experiências irreversíveis

Quando cheguei ao Brasil em 1955 não fotografava. Através desta nova linguagem descobri uma forma de comunicação. Passei minha infância entre a Romênia e Hungria. Oradea, cidade em que morava na época, pertenceu primeiro a Romênia e depois passou para o domínio húngaro – partidário do nazismo. Em 1944 meu pai, que era um judeu húngaro, foi deportado e morreu num campo de concentração. Minha mãe, de origem suíça e protestante, perto do fim da Segunda Guerra, e com a chegada dos Russos a Oradea, decidiu voltar ao seu pais de origem. Meu pai e toda minha família paterna nunca voltaram de Auschwitz, pois pertenciam a um povo marcado para morrer. Salvei-me nesta história por milagre. Comecei a fotografar os índios Yanomami em 1971. Em 1974 começou a construção da rodovia Perimetral Norte, segunda empreitada do governo brasileiro em querer ocupar as áreas “não ocupadas” da Amazônia. Testemunhei o sofrimento daquele povo recém contatado na época. No fim desse período, com a morte de muitos Yanomami, e fazendo parte da recém criada CCPY, uma ONG brasileira nos levou para fazer um trabalho de atendimento à saúde em meio àqueles índios. Passamos a identificá-los “por fichas”, pois culturalmente os Yanomami se reconhecem pelo grau de parentesco. A maneira que encontramos para fazer essa identificação foi fotografálos com números em seus peitos, um por um, e assim abrir fichas de saúde para conseguir submetê-los a tratamento para salvá-los. Dediquei muitos anos na tentativa de conhecer os Yanomami. Entendi que era importante adentrar sua cultura devagarzinho, criar

Em 1977, fui retirada da área Yanomami à força, pela FUNAI, e considerada persona non grata. Voltei a São Paulo, fui co-fundadora da CCPY, a comissão Pró-Yanomami, uma ONG dedicada à luta pelo reconhecimento do governo brasileiro às suas terras. Em 1980 voltei à terra Yanomami acompanhada por dois médicos, e começamos a fazer um trabalho de promoção à saúde. Uns vinte anos mais tarde, retrabalhando meu acervo fotográfico, de repente ocorreu-me a ligação entre a vontade de salvar os índios e minha incapacidade de salvar meus parentes paternos, quando garota de 13 anos. Os Yanomami “marcados” se transformaram num trabalho conceitual de fotografia. As imagens da série “Sonhos”, presentes na exposição,

fruto

de imagens dos anos 1970, reelaboradas entre 2000-2005, tinham como alvo mostrar o encontro dos Yanomami com os espíritos da natureza. Uma construção simbólica do encontro do ser humano com o sobrenatural. Uma vez, na ocasião de uma visita de um xamã Yanomami em São Paulo, vendo as imagens de “Sonhos”, começou um diálogo sem fim com elas. Sua reação às imagens à sua frente me deixou espantada de emoção. Foi uma confirmação da minha tentativa de entrar no pensamento xamânico. Um momento de plenitude por ter conseguido repassar anos de trabalho e de ter tido a oportunidade de conhecer aquele povo. Aqui, nesta exposição em Belém, foi a primeira vez que tive a oportunidade de expor meu trabalho na Amazônia.

confiança mútua. Convivendo com eles entendi que eram um povo que aprendeu, há muito tempo, a se integrar ao meio-ambiente, à natureza. Os seus mitos e seus ritos revelam todo esse conhecimento. Só após ser aceita por eles, quer dizer, depois que minha presença não os incomodava, quando passava despercebida pela comunidade, é

Claudia Andujar

Museu Goeldi, outubro de 2010

que pude me dedicar à fotografia. Aí o trabalho foi se constituindo.

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YANOMAMI: SÉRIE O INVISÍVEL Artista Convidada São Paulo - SP

HÉLIO PARA OS BRANCOS - DA SÉRIE SONHOS YANOMAMI Artista Convidada São Paulo

Fotografia | 1976 Coleção Galeria Vermelho

Fotografia | 1976 Coleção Galeria Vermelho

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GUERREIRO DE TOOTOTOBI Artista Convidada São Paulo

O ESPÍRITO DA FLORESTA - DA SÉRIE SONHOS YANOMAMI Artista Convidda São Paulo

Fotografia | 1976 Coleção Galeria Vermelho

Fotografia | 1976 Coleção Galeria Vermelho

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DA SÉRIE SONHOS YANOMAMI Artista Convidada São Paulo Fotografia | 1974 Coleção Galeria Vermelho

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DA SÉRIE SONHOS YANOMAMI Artista Convidada São Paulo Fotografia | 1981 Coleção Galeria Vermelho

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DA SÉRIE SONHOS YANOMAMI Artista Convidada São Paulo - SP Fotografia | 1981 Coleção Galeria Vermelho

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Roberto Evangelista Artista Convidado Manuas -AM

Armando Queiroz Artista Homenageado Belém - PA

Mater Dolorosa, in memoriam II Da Criação e Sobrevivência das Formas Vídeo instalação | 1978/1979

Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos) Vídeo | 2009

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PAR DE ENFEITES COM PENAS Waiká J. Bechine, 1963 Coleção Etnográfica MPEG 10050

COLEÇÃO ETNOGRÁFICA

CESTO CARGUEIRO Waiká J. Bechine, 1963 Coleção Etnográfica MPEG 10053

ESPATA DE PALMEIRA

CESTO REDONDO (MISSÃO SALESIANA)

Yanomami B. Albert, 1986 Coleção Etnográfica MPEG 13665

Waiká J. Bechine, 1963 Coleção Etnográfica MPEG 10052

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Os Yanomami e o ouro canibal Os Yanomami são a maior nação indígena da Amazônia a entrar em contato com o mundo ocidental só em tempos relativamente recentes. Com uma população estimada em 17 mil pessoas, ocupam um território de cerca de 192 mil quilômetros quadrados, situado entre o Brasil e a Venezuela. A história de seu contato com o mundo dos “brancos”, ao longo do século XX, foi marcada por episódios de invasão territorial, epidemias devastadoras e muita violência – tais como a “febre do ouro” na Serra do Surucucu, no final da década de 1980, e a matança em Haximu, em 1993. Em trechos da entrevista traduzida do idioma Yanomami pelo antropólogo Bruce Albert, o renomado pajé e liderança Davi Kopenawa afirma uma relação cosmológica entre o “ouro canibal” e as epidemias e o mal-estar que afligem seu povo e o mundo em geral nos tempos atuais:

Nós chamamos estas epidemias de xawara. A xawara que mata os Yanomami... Omamë, o Criador da Humanidade, mantinha a xawara escondida. Ele a mantinha escondida e não queria que os Yanomami mexessem com isto. Ele dizia: “Não! Não toquem nisso!”… Tendo falado isso, ele a enterrou bem profundo. Mas hoje os nabëbë, os brancos, depois de terem descoberto nossa floresta, foram tomados por um desejo frenético de tirar esta xawara do fundo da terra onde Omamë a tinha guardado… Quando os brancos secam o ouro dentro de latas com tampas bem fechadas e deixam estas latas expostas à quentura do sol, começa a sair uma fumaça, uma fumaça que não se vê e que se alastra e começa a matar os Yanomami. Ela faz também morrer os brancos, da mesma maneira. Não são só os Yanomami que morrem. Os brancos podem ser muito numerosos, mas eles acabarão morrendo todos também.

Glenn H. Shepard Jr.

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Com arte para a Arte

AÇÕES COMUNICATIVAS

O ano de 2010 deixou a marca de um passo significativo dado pelo Arte Pará em sua 29ª edição e pela Fundação Romulo Maiorana (FRM) no princípio organizador de suas metas: firmar a arte como meio privilegiado para a cidadania, promover oportunidades para artistas, pesquisadores e estudantes, aproximar as diversidades e ter como foco a realização de um projeto pedagógico de qualidade. Essa proposição de valores e metas nos impulsiona a buscar novos desafios em mediar o diálogo para a educação dos envolvidos. A Fundação vem trabalhando, já desde algumas edições anteriores, com o objetivo de ampliar e fortalecer as ações educativas no projeto Arte Pará, que tem característica sazonal e acontece nos meses do outubro e novembro. A articulação com instituições de ensino, professores, alunos, artistas, júri de seleção e premiação provocou grandes avanços no Projeto Pedagógico da FRM, e tem favorecido o diálogo entre as pessoas que participam deste trabalho, a partir das experiências vividas por elas. Como muito bem colocou Vera Alencar, em 1987, na sua dissertação de mestrado, Museu Educação: “... Educação se faz caminho, ao andar”. E nesse caminhar reflexivo, tudo o que podemos querer através da educação é alcançar objetivos maiores na formação de adultos, jovens e crianças com o foco na aproximação de artistas e obras presentes nos espaços expositivos e, fundamentalmente, na apreensão dos conceitos da arte contemporânea. Nesta edição, foi criado o cargo de “curadora educacional”, e não poderia deixar de registrar a satisfação que me provocou o fato de ser designada a ocupar esta função que me fez buscar e pensar qual de fato o meu papel. Tive a clareza de que o curador educacional é alguém que não influi na seleção dos artistas. E na publicação da Fundação Bienal do Mercosul, Educação para a arte/Arte para a Educação (2009), verifiquei que “o curador pedagógico é alguém que atua como um embaixador do público e observa o evento com os olhos do visitante”. Ativar este olhar de alteridade me fez ver a importância da ação educativa e da arte que embaça e distancia a experiência com a arte contemporânea. Durante observações e pesquisas, uma das decisões foi marcar o processo de preparação dos estudantes, o mediador entre as obras e o público, que eu denomino de “linha de frente”. Uma das premissas é elevar a formação, entendendo que mais do que dar informações detalhadas de obras e artistas, o

Fotos: Shirley Penaforte

levantar várias problemáticas. Destaco aqui a barreira do gosto na apreciação

medidor precisa estar preparado para pensar junto com o público. 120

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Neste segmento, promovemos um ciclo de estudos que envolveram uma equipe de educadores, incluindo a profª Renata Maués, diretora do Sistema Integrado de Museus (SIM); os curadores profª Drª Marisa Mokarzel, e o prof. Dr. Orlando Maneschy; a profª Zenaide de Paiva, diretora do Museu de Arte Sacra (MAS); a profª Ms. Rosangela Brito; e Janice Lima. Consideramos significativos tais momentos de troca e envolvimento da equipe, o que refletiu consideravelmente na prática. O professor Neder Charone, diretor da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA), que participou do júri de seleção, fez uma leitura pontual nos espaços expositivos junto com os medidores, desdobrando conceitos e aproximações. O trabalho alcançou ótimo nível qualitativo nas visitas orientadas aos espaços expositivos que compuseram a 29ª edição do Arte Pará. Oficinas de arte, distribuição do encarte especial Arte Pará O Liberalzinho, o ônibus disponibilizado pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros

OFICINAS | MPEG E MHEP

(Setrans-Bel), que proporcionou que escolas distantes participassem da ação, o encontro com curadores, artistas, júri de seleção e outros profissionais, o registro fotográfico sistemático criando uma cultura de memória, dentre outras estruturas do eixo curatorial, acabaram por provocar circunstâncias e resultados muito desejáveis. No que diz respeito à questão quantitativa oficial, alcançamos número total de mais de 19 mil visitantes nos espaços expositivos, que registraram presença em fichas de cadastro junto aos grupos agendados e em livros de assinaturas. Entretanto, não foi possível contabilizar o público flutuante, o que nos leva a crer que mais pessoas ainda percorreram as mostras do Arte Pará 2010. Para nós, importa muito mais a questão qualitativa do atendimento ao público, o que não significa que a estatística não seja relevante para ressaltar que, durante o projeto Arte Pará, o movimento nos museus de Belém é intenso e é quando eles mais recebem público, daí nossa proposição em eliminar fronteiras e ter o professor-propositor no sentido de abranger e unificar o público num trabalho conjunto, trabalhando na mesma direção. Desejamos que, nas próximas edições, cada vez mais pessoas façam parte

Fotos: Shirley Penaforte

desta trajetória e participem desses encontros na vertente dialógica. A presença

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do público é fundamental para que a arte aconteça. Vânia Leal Machado

Curadora Educacional da 29ª Edição Arte Pará

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ARTISTAS CONVIDADOS E SELECIONADOS ORDEM ALFABÉTICA MUSEU HISTÓRICO DO ESTADO DO PARÁ – MHEP Adriana Maciel Belo Horizonte - MG (Vive e trabalha no Rio de Janeiro – RJ) Adria.maciel@yahoo.com.br Série sertão I, II e III Fotografia 39,5x51 cm; 50x37 cm; 51x38 cm Alberto Bitar Belém - PA afbitar@terra.com.br Sem Título, Da Série Efêmera Paisagem I, II e III (2009) Fotografia 40X60 cm; 40X60 cm; 40X123 cm (díptico) Angela Detanico e Rafael Lain Caxias do Sul - RS (Vivem e trabalham em Paris - FR) info@galeriavermelho.com.br Artistas Convidados O Mundo Justificado, alinhado à direita, centralizado, alinhado à esquerda, 2006 animação 1’25’’ Acervo Galeria Vermelho Anita Lima Belém - PA anitalima@hotmail.com Ainda queria falar de flores (2009/2010) Fotografia 20x50 cm André Venzon Porto Alegre-RS Andrevenzon@ig.com.br A Cidade é meu corpo 01 e 02 (2010) A Terra é meu corpo 01 Fotografia 100x145 cm 145x180cm Angella Conte São Paulo - SP angellaconte@gmail.com Essência (2009) Vídeo 5´30 Imagens: Felipe Barros e Flavio Camenha Trilha sonora: Helio Pisca e Eric Satie Edição: Felipe Barros Armando Queiroz Belém-PA queirozarmando@ig.com.br Artista Homenageado Instalação: Cântico Guarani, 2010 Instalação sonora: Tupambaé (Parte de Deus) Barrão Rio de Janeiro –RJ mariana@lauramarsiaj.com.br Artista Convidado O caneco é nosso! (2007) Cerâmica e durepox 20x33.5x18.5cm Acervo Galeria Laura Marsiaj

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Bruno Cantuária, Luciana Magno e Ricardo Macêdo Belém-PA brunomc9@gmail.com; lulumagno@yahoo.com.br; ipsun@hotmail.com Cafetinagem (2010) Vídeo 2’51” Registros em fotografia e vídeo: Bruno Cantuária, Daniel Cruz e Ricardo Macêdo. Performances com máscaras: Cynthia Nascimento, Camila Mareco e Luciana Magno Carolina Ponte Salvador-BA (Vive e trabalha em Petrópolis-RJ) carolinaponte@gmail.com S/Título Escultura de crochê A: 200x150x30 cm e B: 190x125x100 cm Cleanto Viana Rio de Janeiro-RJ cleanthoviana@gmail.com O artista, chapeuzinho e o pônei (2010) Vídeo performance 3’37” Prêmio aquisição Diego de Los Campos Montividéu - Uruguai (Vive e trabalha em Florianópolis - SC) deloscampos@gmail.com Sobre Como Digerir uma Lembrança (2010) Vídeo 15” Pequena tentativa desvanecente (2010) Vídeo 3’ Elza Lima Belém-PA elzalima@gmail.com Quem te ensinou a nadar? 1, 2 e 3 (2010) Fotografia 40 x 60; 60 x 80; 40 x 90 Ena Lautert Lajeado - RS (Vive e trabalha em Porto Alegre-RS) enalautert.com.br S/Título (2010) Instalação Fernando Limberger São Paulo-SP fernando@ccomum.com Abraçadinhos I, II e III (2003) I: Dimensões variáveis, aproximadamente 30x50x25 cm II: Dimensões variáveis, aproximadamente 40x50x30 cm III: Dimensões variáveis, aproximadamente 40x60x60 cm Cabaças pintadas Flávio Cerqueira Guarulhos-SP Flaviocerqueira83@gmail.com O Invisível (2010) Tudo Entre Nós Ex Corde Escultura/pintura eletrostática sobre bronze

Flávio Lamenha Recife-PE (Vive e trabalha em São Paulo) flaviolamenha@gmail.com Vieira e Solá Gallery (2008) Fotografia 50 x 75 cm Flora Assumpção São Paulo-SP florassumpcao@yahoo.co.br Serpentes de Prata I, V e VI (2010) Instalação: Imoressaão para cartaz lambe-lambe em escala mural II: 168x420 cm;200x407cm;156x420cm Hildebrando de Castro Olinda - PE (Vive e trabalha em São Paulo) mariana@lauramarsiaj.com.br Artista Convidado Missing person (2009) Fotografia Lenticular, tiragem de 10, 60 x 60 cm Acervo Galeria Laura Marsiaj Igor Magalhães Vidor São Paulo - SP igor.vidor@gmail.com Mais Um dia em Belém (2010) Performance Jimson Vilela Rio de Janeiro - RJ jisonvilela@gmail.com Livros (2010) 3 Cegos -10x15 cm/64 páginas O Livro do Encontro -15x 21 cm/168 páginas A Procura de Horizontes - 30x21,5 cm/124 páginas Jorane Castro Belém – PA jorane@gmail.com Artista Convidada Íntima Paisagem (2010) Período de realização: setembro e outubro Vídeo 20’ Foram enviados convites pela internet à diferentes pessoas, em diferentes cidades e países, para que elas/eles compartilhassem a vista de sua janela filmando com uma câmera digital ou um celular. Este trabalho é a resposta em vídeo a este convite.Com a colaboração de (em ordem alfabética): Andréa Cals, Carlos Barretto, Fabio Hassegawa, Fernanda Martins, Fernando Hage, Juan Zapata, Jorge Luquín, Johanna Mercer, Josynaldo Ferreira, Lilian Bado, Luciana Magno, Mariana Lopes, Pablo Ramírez Durón, Pedro Rodrigues, Orlando Maneschy, Stephen Dean Thaysa Oliver. Lugares: Belém, Pará, Buenos Aires, Argentina, Campinas, São Paulo, Caiena, Guiana Francesa, Chicago, Illinois, Estados Unidos, Naucalpan, México, Nova Iorque, Estados Unidos, Londres, Inglaterra, Paris, França, Porto Alegre, Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, São Francisco, Califórnia, Estados Unidos, São Paulo, Brasil, Tacubaya, Cidade do México, México,Twin Islands, Indian Arm, North Vancouver, Canadá.

José Hailton Belém - PA Casa I, II e III (2010) Pintura 74x34 cm Keyla Sobral Belém - PA keylasobral@msn.com Métodos de Vingança I, II e III Desenho (2010) I: 29,7X42 cm; II: 29,7X42 cm; III: 29,7X42 cm Letícia Rita São Paulo – SP leticiarita@gmail.com A Liberdade nem sempre está em poder voar (2009) Extensão: 2, 60m Instalação de parede Louise D.D Rio de Janeiro – RJ louise.dd@gmail.com Dor e febre (Tylenol) (2010) Carne Vermelha Original e Cópia Objeto Manoel Novello Rio de Janeiro - RJ manoelnovello@uol.com.br Paisagem da Ilha (2010) Sobre a Terra dos Coqueiros 1 Sobre a Terra dos Coqueiros 2 118cmx62cm; 62cmx54cm; 88cmx66cm Pintura Marinaldo Santos Belém – PA Escalação Cartas de Defesa (2010) 15x30cm Mista Murilo Rodrigues Belém-PA arquiteomurilo@hotmail.com Black Bird II (2010) Vídeo Instalação Nazareno São Paulo - SP (Vive e trabalha em São Paulo). nazarenorodrigues@uol.com.br Artista Convidado Agora eu só estou contra você Fotografia sobre papel 2000/2010 Osvaldo Carvalho Rio de Janeiro - RJ Osvaldocarvalho@usp.br Sem Título da Série Dealer ( 1 2 3) 2010 Pintura 6-x100 cm Pedro David Nova Lima - MG Pedro@pedrodavid.com.br Cartografia do Infinito – Políptico da série Impureza (2009/2010) 24 fotografias

30x45 cm cada Ricardo Macêdo Belém - PA ipsun@hotmail.com Relações Intercambiáveis (2010) Instalação Regina Parra São Paulo - SP reginaparra@uol.com.br Travessia (ou sobre La marcha) (2010) Vídeo Eldorado II (2010) Óleo e Cera sobre papel 32x37 cm Renato Chalu Belém - PA renato_chalu@hotmail.com Meta-Ver-O-Peso (2008) Instalação 1,00m x 0,40m x 0,20m 2º Prêmio Rodrigo Cass São Paulo - SP rodrigocass@email.com Meditação sobre um Tridimensional Iluminado Instalação 3º prêmio Óleo sobre tela, 2010 Monitor de televisão, óleo, lâmpada, circuito elétrico e suporte de metal. 29x19x15 cm (TV cortada, cheia de óleo, fixação em parede como uma pintura) Sinval Garcia São Paulo - SP sinval.garcia@gmail.com Encontros - Coleção Belém-PA (2009/2010) Fotografia/Instalação 2.30mx3mx3cm Valéria Coelho Belém - PA (Vive e trabalha em São Paulo-SP) Psicografias Instalação 2,0m x 3,0 m; 70 cm x 2,0 m; 2,0m x 3,0 m Victor de La Rocque Belém - PA victor_larocque@yahoo.com O Ovo e a Galinha (2010) Instalação Prêmio Aquisição MUSEU DE ARTE SACRA – GALERIA FIDANZA Arthur Omar Poços de Caldas - MG (Vive e trabalha no Rio de Janeiro) arthuromar@gmail.com Artista Convidado Utilizando o Zero como Roda Acima do Profundo Céu Azul da série Antropologia da Face Gloriosa Fotografia C-Print sobre alumínio

Rapto de Rosas e Apagamento Final da série Antropologia da Face Gloriosa Fotografia C-Print sobre alumínio Contra Todos os Sistemas Inclusive o das Sereias da série Antropologia da Face Gloriosa Fotografia C-Print sobre alumínio Antropologia da Face Gloriosa da série Antropologia da Face Gloriosa Fotografia C-Print sobre alumínio Intuições Atléticas da série Antropologia da Face Gloriosa Fotografia C-Print sobre alumínio Leite Zulu Para a Harmonia Química Nacional da série Antropologia da Face Gloriosa C-Print sobre alumínio Fotografia A Menina dos Olhos da série Antropologia da Face Gloriosa Fotografia C-Print sobre alumínio MUSEU DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Andréa Facchini Niterói – RJ andreafacchini.arte@gmail.com Entre o azul do céu (sobre-viventes) (2010) da Série Ficções Onde você sempre quis estar Sem linha do horizonte, sem ponto de fuga Desenho/mista 55,04 cmx 42,03 cm; 21,03 cmx 26,09 cm; 25cm x 35 cm Prêmio Aquisição Armando Queiroz Belém-PA queirozarmando@ig.com.br Artista Homenageado Site specific: Desapego, 2010 Duração: 2’ Direção de Fotografia: Marcelo Rodrigues Coleção do artista /artist collection’s Obs: Cópia de exibição / Exhibition copy Deborah Engel Palo Alto, Califórnia - EUA (Vive e trabalha no Rio de Janeiro - RJ) deborah@deborahengel.net Paisagens possíveis - ladies - 45x60 cm (2009/2010) Paisagens possíveis - Pastor Itinerante Paisagens Possíveis - Tchola Sov Fotografia 45x60 cm Flávia Bertinato Pouso Alegre - MG (Vive e trabalha em São Paulo) ftbertinato@yahoo.com.br Tormento (2010) Desenho 200cm x 60cm x 4cm

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Flávia Junqueira São Paulo - SP flaviaja@hotmail.com A Casa em Festa 6 e 7 (2010) Fotografia 80x100 cm Gelka Barros São Paulo -SP (Vive e trabalha em Belo Horizonte - MG) gelkabarros@yahoo.com.br Três Dias em Branco (2010) Fotografia Gina Dinucci Guarulhos - SP ginadinucci2@gmail.com O Banquete para Judith (2010) Objeto 44x55 cm Maria Mattos Niterói - RJ mariamattos@me.com Entrando Sem Bater (2010) Vídeo 4’39” Prêmio Aquisição Nailana Thiely Salomão Pereira Belém - PA nailanathiely@gmail.com Noir - Dias curtos de inverno I, II e III (2010) Fotografia 62x42 cm Odires Mlászho Mandirituba - PR (Vive e trabalha em São Paulo) info@galeriavermelho.com.br Artista Convidado

Stephen Dean Paris - FR (Vive e trabalha em New York) stephen.dean@gmail.com Artista Convidado PULSE, 2001 Vídeo 8’ color with stereo sound Tiago Rivaldo Porto Alegre-RS tiagorivaldo@gmail.com Artista Convidado Via de mãos dadas, n.º2 (2010) Vídeo 4’39 Ação: Tiago Rivaldo/Renato Pimentel Fotografia: Gustavo Pessoa Edição: Alice Ripoll Viviane Gueller wwwwwvigueller@hotmail.com Epiderme (2010) Instalação Elemental (2009/2010) Intervenção urbana MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI

Diana/ série Serpentina, 2002 Ampliação fotográfica digital 70 x 58 cm Acervo Galeria Vermelho

Armando Queiroz Belém-PA queirozarmando@ig.com.br Artista Homenageado

Skinner #2, 2007 impressão jato de tinta 90 x 65 cm, 2007 Acervo Galeria Vermelho

Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos), 2009 Duração: 8’21” Coleção do artista Cópia de exibição

Paulo Brusky Recife - PE pbruscky@terra.com.br Artista Convidado Da série O Meu Cérebro Desenha Assim, 1966 Técnica: Eletroencefalograma e impressão digital. Obra resultante de pesquisa iniciada nos anos 70. Raymundo Firmino de Oliveira Neto Belém-PA rfoliveiraneto@gmail.com RG-1725411 (2010) RG- 1712252 Fotografia 118x28cm; 118x59,4 cm

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Rodrigo Freitas Belo Horizonte – MG rodrigofreitasrodrigues@gmail.com S/Título da Série Variações sobre o mesmo abandono (2010) Para quem ainda sonha com nuvens: paisagens de inverno S/Título da Série Variações sobre o mesmo abandono (2010) Livros de pintura 30x40 cm; 14,5x21 cm; 30x40cm Grande Prêmio

Claudia Andujar Suiça, naturalizada Brasileira (Vive e trabalha em São Paulo) info@galeriavermelho.com.br Artista Convidada

O espírito da floresta Da série sonhos Yanomami, 1976 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho Da série sonhos Yanomami, 1981 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho Da série sonhos Yanomami, 1974 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho Da série sonhos Yanomami, 1981 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho Yanomami: série o invisível, 1976 Ampliação fotográfica 97 x 66 cm; com moldura 100 x 114,5 cm Acervo Galeria Vermelho Roberto Evangelista Cruzeiro do sul (Vive e trabalha em Manaus - AM) robertoevangelista@ yahoo.com.br Artista Convidado Mater Dolorosa, in memoriam II Da Criação e Sobrevivência das Formas (1978/79) Vídeo instalação Original em 16mm, a seguir transcodificado. Fotografia e montagem: Isac Amorim Música: Tukanos e Makús Narração: Roberto Evangelista Roteiro/Texto/Montagem Direção: Roberto Evangelista

COLEÇÃO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI CESTO REDONDO Yanomami (h. b filme) Coleção Etnográfica MPEG s/n 99

CESTO CARGUEIRO Waiká J. Bechine, 1963 Coleção Etnográfica MPEG 10053

CESTO REDONDO Yanomami (h. b filme) Coleção Etnográfica MPEG s/n 95

CARCAZ Yanomami Arte Índia, 1980 Coleção Etnográfica MPEG s/n

CESTO REDONDO (MISSÃO SALESIANA) Waiká J. Bechine, 1963 Coleção Etnográfica MPEG 10052

ESPATA DE PALMEIRA Yanomami B. Albert, 1986 Coleção Etnográfica MPEG 13669

PAR DE ENFEITES COM PENAS Waiká J. Bechine, 1963 Coleção Etnográfica MPEG 10050

RASPADOR (MANDÍBULA) Yanomami B. Albert, 1986 Coleção Etnográfica MPEG 13678

PAR DE ENFEITE PARA BRAÇO Waiká J. Bechine, 1963 Coleção Etnográfica MPEG 10046

ESPATA DE PALMEIRA Yanomami B. Albert, 1986 Coleção Etnográfica MPEG 13665

ENFEITE PARA BRAÇO Waiká J. Bechine, 1963 Coleção Etnográfica MPEG 10047

TANGA FEMININA Yanomami Edson de Diniz e J. Shapiro, 1968 Coleção Etnográfica MPEG 12035

PAR DE BRINCOS Waiká José Hidasi, 1962 Coleção Etnográfica MPEG 9828

PAR DE GRAMPO (38a e 38b) Yanomami Márcio Meira, 2007 Coleção Etnográfica MPEG s/n

CUIA Waiká José Hidasi, 1962 Coleção Etnográfica MPEG 9830

Guerreiro de Toototobi, 1976 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho Hélio para os Brancos Da Série Sonhos Yanomami, 1976 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho

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Lucidéa Maiorana Presidente Roberta Maiorana Diretora Executiva Daniela Sequeira Assessora Geral Ana Cristina Prata Assistente Executiva Aureliano Lins Estrutura da FRM Fundação Romulo Maiorana Av. Romulo Maiorana, 2. 473 – Marco – CEP: 66.093-000 Fones: (91) 3216.1142 e 3216.1125 – Fax: (91) 3216.1125 E.mail: fundrm@oliberal.com.br Belém – Pará – Brasil Website: www.frmaiorana.org.br Facebook: fundrm@oliberal.com.br

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ARTE PARÁ 2010 Curadoria Geral Orlando Maneschy Assistentes Bruno Furtado Danilo Baraúna Curadoria Sala Especial Armando Queiroz Marisa Mokarzel Curadoria Educacional Vânia Leal Machado Assistente Luana Machado Coordenação Geral Roberta Maiorana Daniela Sequeira Assistente de Coordenação Ana Cristina Prata Assessoria de Imprensa Carolina Menezes Júri de Seleção Andrés Hernández Daniela Labra Nadja Peregrino Neder Charone Ricardo Rezende Rubens Fernandes Junior Júri de Premiação Andrés Hernández Ricardo Rezende Solange Farkas

CURADORIA EDUCACIONAL Projeto de Montagem Roberta Maiorana Orlando Maneschy Marisa Mokarzel Projeto do Hall de Entrada Museu Histórico do Estado do Pará Roberta Maiorana Montagem Geral Marta Freitas Manoel Pacheco “kiko” Assistentes de montagem Alexandre Cruz Cristiano Damasceno Elton Cardoso Elcide Oliveira Eldimar Benaion Georgia Bittencourt Marcelo Martins Mario Kelsen Sérgio Gayoso Apoio Alcione de Oliveira Aureliano Lins David Moura Dantas Diogo Coimbra Marcio Helvio Raimundo Diovane Reginaldo Braga Iluminação Equipe MHEP / MAS

EDUCADORES MUSEU HISTÓRICO DO ESTADO DO PARÁ Anderley Solon Pety Ediane Chagas Frota (coordenadora do turno da manhã) Géssyca Thais João Pedro Rodrigues da Silva Nathiel Sarges Moraes Izabella Reis Lima (coordenadora do turno da tarde) Melina Chagas Leão Indra Danielle Leite da Silva

A mediação Cultural e o público Rosangela Britto

MUSEU DE ARTE SACRA Derson Antônio Diniz de Souza (coordenador do turno da manhã) Sheysy Aragão Monteiro Ewerton Fabrício Martins da Silva (coordenador do turno da tarde) Winnie Rodrigues Freitas

Conversa do artista no espaço expositivo Sinval Garcia Armando Queiroz Sinval Garcia e Andrés Inocente Martín Hernández Claudia Andujar Murilo Rodrigues Armando Quieroz e Almires Martins Mediação da roda de conversa: Marisa Mokarzel e Vânia Leal

MUSEU DA UFPA Ana Caroline dos Santos Protázio Aurélio Homobono Gouvêa Jorge Luís Barros Coelho (coordenador do turno da manhã) Soraya do Socorro de Jesus Raiol (coodenadora do turno da tarde) Fábio Augusto da Silva Costa

Conversa com o Júri de seleção Arte Pará 2010. Participantes da roda de conversa: Rubens Fernandes Júnior; Daniela Labra, Andrés Inocente Martín Hernández, Nádja Peregrino, Ricardo Rezende e Neder Charone. Mediação da roda de conversa: Curador Arte Pará Orlando Maneschy

MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI Lila Pereira Quezada (coordenadora de turno) Tatiana Maia Nascimento Marcos Alexandre da Costa Santos (coordenador de turno tarde) Maria Gabriella da SIlva Dias Douglas Augusto da Silva Caleja

Programação Visual Mendes Comunicação

PALESTRAS

Plotagem Viana Print

Arte Contemporânea em espaços culturais Janice Lima Por Onde Anda a Arte Contemporânea em Armando Queiroz Marisa de Oliveira Mokarzel Leitura e apropriação da Obra Contemporânea Neder Charone A curadoria do Projeto Arte Pará Orlando Maneschy Renata Maués

Curadoria Educacional do Projeto Arte Pará Vânia Leal Mediadores Arte Pará e mediadores dos espaços culturais Zenaide de Paiva

PROGRAMAÇÃO DO NÚCLEO DE OFICINAS MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI Oficina de Fotografia: Um olhar amazônico sobre a fotografia contemporânea. Oficina de “Arte Plumária” Oficina “Carimbos Indígenas” Oficina: “Pintura em tecidos: releitura da Exposição do Arte Pará” Atividades lúdico-educativas “Papo de Índio” Quartas do Conto “Era uma vez na Amazônia” Sexta é dia de Teatro de Fantoches – “Conversando com a galera” Dinamização de Jogos educativos e Passatempo Atelier de Pintura: Oficinas “Relâmpago” MUSEU HISTÓRICO DO ESTADO DO PARÁ Oficinas sistemáticas a partir do olhar sobre a exposição Arte Pará que ocorreu toda quarta-feira no horário de 10h as 12hs. Local: Laboratório didático Arte Pará montado no corredor do Museu

Salvaguarda da obra contemporânea em espaços culturais Renata Maués

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A Fundação Romulo Maiorana agradece Afonso Gallindo, Aguinaldo Nascimento, Alcemir Aires, Alexandre Lima, Almires Martins, Alvaro Maciel, Ana Del Tabor, Ana Paula Felicísssimo de Camargo Lima, André dos Santos Antonina Matos, Armando Queiroz, Camila Kzan, Carlos José da Silva, Carmem Peixoto, Cássio Tavernard, Cristiana Barreto, Daniele Dal Col, Deusarina Vasconcelos, Diogo Coimbra, Eliane Moura, Eduardo Brandão, Edileusa Sodré, Eliana Finkelstein, Ericka Brandão, Elza Couto

Governo do Estado do Pará

Tavares, Fátima Cruz, Fernando Hage, Fernando de Assis,

Prefeitura Municipal de Belém

Francisco Carlos,

Projeto o Liberal na Escola

Frederico Fragola, Gerlei Agrassar,

Glenn Harvey Shepard Jr, Horácio Higuchi, Jorge Eiró, Júlia

Secretaria Executiva de Cultura

Rodrigues, Jussara Derenji, Karina Farias, Karol Gillet

Museu Histórico do Estado do Pará

Soares, Laura Marsiaj, Liucidalva Queiroz Pinheiro, Louise

Museu da Universidade Federal do Pará

Fagury, Manuela de Lorenzo, Márcio Alvarenga, Marceliano, Melissa Barra, Luis Videira, Luis Peixoto, Madiã Iglesias, Manoel Pacheco, Marcelo Rodrigues, Márcia Helena Pontes, Marcio Helvio, Marcos Gallon, Marcus Moreira,

Museu Paraense Emílio Goeldi Museu de Arte Sacra Mendes Comunicação

Maria do Céo Silva, Maria Alice Penna, Maria Christina,

Sistema integrado de Museus e Memoriais

Maria Weneide Alves, Mariana Veluk, Mario da Purificação,

Faculdade de Estudos Avançados do Pará – FEAPA

Mário Martins, Martha Lima de Carvalho, Maurício de

FUNARTE - MINISTÉRIO DA CULTURA

Souza, Melissa Barbery, Neder Charone, Nelson Nabiça,

Escola Superior Madre celeste – ESMAC

Nelson Rodrigues Sanjad, Nilma Brasil, Nilson Gabas

Universidade Federal do Pará – UFPA

Junior, Norberto Tavares Ferreira, Oriana Duarte, Oswaldo Mendes, Oswaldo Mendes Filho, Paulo do Canto, Paulo Herkenhoff, Paulo Machado, Paulo Souza, Patrick Pardini, Queila Ramos, Raimundo Diovane, Raimundo Teodoro dos

Universidade da Amazônia – UNAMA Galeria Vermelho Galeria Laura Marsiaj

Santos, Raoni Arraes, Regina Fonseca, Reginaldo Braga,

Sindicato das Empresas de Transportes

Renata Belich, Renata Maués, Renata Souza, Roberta

de Passageiros de Belém - SETRANSBEL

Couceiro de Miranda, Rogério Bezerra, Rosangela Britto, Rose Mendes Meira, Roseny Mendes de Mendonça, Sandra

A todos os artistas selecionados e convidados,

Cristina Santos, Sheila Martins, Shirley Penaforte, Wanda

e a equipe das ORM que contribuíram para a

Okada, Zenaide Pereira de Paiva.

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realização deste projeto.

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CATÁLOGO Coordenação Geral Roberta Maiorana Daniela Sequeira Curadoria Geral Orlando Maneschy Curadoria Especial sala Armando Queiroz Marisa Mokarzel Coordenação Editorial Vânia Leal Machado Projeto Gráfico Maria Alice Penna Editoração Eletrônica Cássio Tavernard Fotografias Everton Ballardin Assistente de Fotografia Shirley Penaforte Tratamento de imagens Retrato Falado Revisão de textos Carolina Menezes

Todas as imagens e informações contidas nos textos são de inteira responsabilidade de seus autores

PATROCÍNIO

REALIZAÇÃO

Impressão Halley S.A. Gráfica e Editora

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Dados Internacionais de Catalogação da Publicação

MAIORANA, Roberta; SEQUEIRA, Daniela (Coordenação geral); MACHADO, Vânia Leal (Organização); MANESCHY, Orlando (Curadoria geral e Organização); MOKARZEL, Marisa (Curadoria especial Armando Queiroz). Belém - Pará, 2011.

Título Original: 29º Arte Pará ISBN 978-85-62494-04-8

1. Arte Moderna. Século XXI.

Este catálogo foi impresso pela Halley S.A Gráfica Editora no papel Couchè fosco 150 g/m2 para o miolo e no papel Cartão Supremo Duodesign 350 g/m2 para a capa. Foram utilizadas as tipologias DIN Light e DIN Medium. A tiragem inicial foi de 650 exemplares.

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