Jornal artemrede Nº 11 - abril 2017

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jornal artemrede

|| 11 || semestral ¬– distribuição gratuita

A Manual on Work and Happiness mala voadora e Pablo Gisbert |— Catherine Cullen ��� Odisseia: Do filme à música ��� Visionários


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EDIT—� — ORIAL �

O desenvolvimento de públicos, através de várias abordagens, é um denominador comum a vários projetos que a Artemrede promove atualmente nos seus 15 municípios. Alguns chegam ao fim no decorrer deste ano. Neste número, regressamos a eles.

Atingimos a derradeira etapa do projeto europeu A Manual on Work and Happiness: a organização de residências artísticas com a companhia mala voadora que darão origem a quatro espetáculos e que contarão com a participação das populações de Patras (Grécia), do Montijo, de Alcobaça e de Pergine (Itália). O texto da peça e um manual de instruções cénicas serão disponibilizados online gratuitamente. Qualquer grupo de teatro, profissional ou amador, poderá descarregá-los e criar a sua própria versão da peça.

A ARTEMREDE é um projeto de cooperação cultural com 13 anos de atividade ininterrupta, atualmente constituído por 15 municípios, agregando e fazendo interagir cidades com diferentes escalas. Trabalha a especificidade dos territórios através do apoio à criação artística, à programação cultural em rede, à qualificação e formação e às estratégias de mediação cultural.

No âmbito do projeto Odisseia, o artista António-Pedro está a coordenar a formação Do filme à música, da qual resultarão seis curtas-metragens. Essas curtas serão depois compiladas numa longa-metragem intitulada Curtas Migratórias. Recuando à segunda fase deste projeto, que se centrava nas artes de rua, lançámos recentemente o documentário Histórias em Viagem, retrato imersivo do espetáculo homónimo que a Artemrede e a companhia Radar 360º coproduziram em 2017.

Integram atualmente os municípios de Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Almada, Barreiro, Lisboa, Moita, Montijo, Oeiras, Palmela, Pombal, Santarém, Sesimbra, Sobral de Monte Agraço e Tomar. Associados

Simultaneamente, a iniciativa Visionários continua a desenrolar-se em vários municípios. Acompanhados pelos programadores e mediadores locais, vários grupos de espectadores estão a visionar e a debater propostas de espetáculos. Serão eles os responsáveis por uma parte da oferta cultural do respetivo município nos próximos meses, incluindo uma fatia da programação do Manobras – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, cuja segunda edição arranca a 14 de setembro.

Organização:

O projeto Outros Centros e o Manobras – Festival Internacional de Marionetas e Formas animadas é cofinanciado por:

O projeto A Manual on Work and Happiness é cofinanciado por:

Mas trabalhar com os públicos significa também apostar na qualificação contínua das equipas locais. É nesta ótica que estamos a promover o curso Cultura e Desenvolvimento, que decorre até junho, com sessões organizadas rotativamente em 12 municípios. O programa debruça-se sobre uma série de temas relevantes para decisores e programadores culturais, centrando-se na relação entre Cultura e Território. Entre os vários formadores encontra-se Catherine Cullen, que entrevistámos para este número. Tudo isto acontece sob o estímulo de novos órgãos sociais, eleitos em janeiro, cuja Direção é presidida por Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa. Os novos órgãos estão mandatados até 2020, ano em que termina o Plano Estratégico e Operacional, que orienta as principais linhas de ação da Artemrede desde 2015. Boas leituras! Marta Martins, Diretora Executiva da Artemrede

Ficha Técnica Proprietário �˙� Artemrede Diretora �˙� Catarina Vaz Pinto Editora �˙� Marta Martins Coordenação de Conteúdos �˙� Vitor Pinto Conteúdos �˙� Vitor Pinto, Sofia Pereira Design �˙� Guda - give u design art

© ARTEMREDE . Teatros Associados Rua Miguel Bombarda, nº4, R/C - Santarém, Portugal T +351 243 322 050 �˙� T +351 243 321 878 artemrede@artemrede.pt www.artemrede.pt https://www.facebook.com/artemrede

Tiragem �˙� 16 000 Periodicidade �˙� Semestral Tipografia �˙� Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, S.A.


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Responsável pela política cultural da cidade de Lille, França, entre 2001 e 2014, e antiga presidente da Comissão Cultura da UCLG (United Cities and Local Governments), Catherine Cullen é um dos rostos mais reconhecidos da Agenda 21 para a cultura, uma plataforma que reúne mais de 500 cidades dos

Catherine Cullen |˚˚ Porque razões a UCLG argumenta que os governos locais são mais eficazes no trabalho em prol do desenvolvimento sustentável do que o poder central? Os governos locais são as entidades políticas mais próximas dos cidadãos. Estão no terreno e têm um conhecimento mais direto e aprofundado das questões. Procuram soluções e experimentam modelos quotidianamente, por exemplo, em questões sociais e ambientais. Na cultura, as cidades e os governos locais estão conscientes da importância transversal do tema em questões como a inclusão social, o turismo, a saúde, a educação. Para além disso, as cidades conhecem bem os seus agentes; sabem quem são as pessoas criativas, identificam facilmente aqueles cujo desempenho pode marcar a diferença e causar impacto. Não queremos abolir Estados. Precisamos do poder central, mas no terreno o poder local está muito mais próximo das verdadeiras questões que inquietam os cidadãos. |˚˚ A Agenda 21 para a cultura coloca um grande foco nos processos participativos. Sim. O acesso à cultura é muito mais efetivo se as pessoas forem envolvidas nos projetos. |˚˚ Mas muitas vezes, mesmo nesse tipo de processos, as pessoas estão ausentes do processo decisório. É fundamental colocar as pessoas no centro. Estou a lembrar-me de uma fundação francesa que convida as populações a trabalharem com artistas e a cocriarem esculturas públicas. É o artista que cria a obra, mas essa criação é fruto da discussão com centenas de cidadãos. Quando a estátua

5 continentes e que aposta na promoção da cultura como o quarto pilar para o desenvolvimento sustentável. Entrevistámo-la na Biblioteca Municipal Palácio Galveias, em Lisboa, onde decorreu uma sessão do curso Cultura e Desenvolvimento, da qual é formadora.

é inaugurada há sempre discussões sobre, por exemplo, o lado estético da obra. Mas as populações que trabalharam arduamente para ela saem em sua defesa. É um exemplo muito concreto de como se pode introduzir a arte contemporânea no espaço público envolvendo profundamente as populações. Não é um processo decidido de cima para baixo, mas sim amplamente discutido entre o artista e as pessoas. |˚˚ Como pode a cultura contribuir para o desenvolvimento sustentável quando os seus orçamentos são quase sempre insustentáveis? Temos que reafirmar que a cultura não é cara e que é um bem público importante para a coesão, para a saúde, para a criatividade, para o desenvolvimento económico. Infelizmente, os orçamentos não refletem essa importância. Em muitos casos não chegam sequer a 1% do orçamento do país. Isso é absurdo! Temos também de utilizar outros argumentos, porque a experiência cultural tem impacto a diferentes níveis. Há vários estudos relevantes nesse sentido. Em Turku (Finlândia) houve um projeto muito interessante durante a Capital Europeia da Cultura. Ofereceram-se bilhetes a todos os médicos de família e convidaram-nos a prescrever espetáculos em vez de antidepressivos, soníferos, etc. Sai mais barato prescrever espetáculos do que medicação e isso tem também um impacto económico. Sabemos que a cultura tem efeitos na economia, mas em cidades pequenas, por exemplo, esse argumento não é suficiente porque não há escala. Mas a saúde pública é relevante em qualquer lugar. Eis um bom argumento para quem não acredita que a cultura tem impacto no bem-estar dos cidadãos.

|˚˚ O que diria a um autarca português para o convencer a subscrever os princípios da Agenda 21 para a cultura? Diria, para começar, que a cultura não é a cereja no topo do bolo; é uma parte importantíssima do nosso desenvolvimento. Se estamos à procura de novas formas de desenvolvimento sustentável, a cultura é um elemento essencial porque está relacionada com quem somos, de onde vimos e como projetamos o nosso imaginário pessoal e coletivo. E está também relacionada com quase todos os aspetos da vida governativa de uma cidade: desenvolvimento económico, inclusão social, responsabilidade ecológica, entre outros. Há muitas cidades que não estão oficialmente comprometidas com a Agenda 21 para a cultura, mas que estão a fazer um trabalho incrível, trabalhando na mesma direção que nós ao implementar uma série de projetos de contornos participativos e transversais. |˚˚ Nesses exemplos, há algum caso em particular que gostaria de destacar e que poderia inspirar alguns municípios portugueses? Certamente. Em Angers, uma pequena cidade francesa com uma população muito diversa, vários equipamentos culturais e várias ONG’s associaram-se para terem acesso a listas de pessoas em risco de exclusão ou tendencialmente afastadas das atividades culturais. Foram até elas, trouxeram-nas para participar em vários workshops e outras atividades, num projeto integrado. Chamaram a isso Agenda 21 des cultures. Assim mesmo, no plural. É um excelente projeto que pode ser implementado em territórios de pequena escala. O importante é unir esforços e aprender a trabalhar em conjunto.


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A Manual on Work an

Happiness

�˙ Um grupo de pessoas, seguindo um manual de instruções, faz um espetáculo. Fazer um espetáculo, por mais divertido que seja, dá trabalho. Para se entreterem a si próprias e ao público, essas pessoas contam histórias. Especulam sobre o que poderá ser o trabalho no futuro: quem o fará, como o fará, para quem... E é assim, entre trabalhar e falar de trabalho, que se procurará a felicidade.

A felicidade dá muito trabalho. A Manual on Work and Happiness, o primeiro projeto europeu coordenado pela Artemrede, também. As residências artísticas e os espetáculos que este ano chegam a Patras, ao Montijo, a Alcobaça e a Pergine marcam a última fase de um projeto que arrancou no final de 2016 e que já organizou um Seminário Internacional sobre trabalho e felicidade, uma residência de escrita e quatro formações para operadores culturais sob a designação de Southern Coalition. O processo foi, e continua a ser, documentado num diário de bordo digital (www.amanualonworkandhappiness.eu) que inclui textos, fotos e reportagens de vídeo. Como pilar de todo o processo estão três conceitos: a criação e reforço das capacidades dos agentes culturais do sul da Europa (nomeadamente de Portugal, de Itália e da Grécia), o desenvolvimento de públicos e a digitalização.

|˚˚ o manual em patras O Teatro Municipal e Regional de Patras foi o primeiro parceiro do projeto a acolher a residência artística e a criar a versão grega do espetáculo A Manual on Work and Happiness, estreado no dia 16 de março no Teatro Apólo. Três semanas antes, o encenador Jorge Andrade e uma equipa da mala voadora embarcaram para esta cidade portuária do oeste da Grécia, onde trabalharam o texto distópico de Pablo Gisbert com cerca de 18 cidadãos locais e criaram um espetáculo que tem, ele próprio, um manual de instruções cénicas. Os participantes foram escolhidos através de uma convocatória local que tinha como principal critério a seleção de pessoas sem experiência em artes cénicas e tendencialmente afastadas das atividades desenvolvidas por aquele teatro. Assim, com perfis individuais e percursos profissionais muito distintos,

várias pessoas subiram ao palco pela primeira vez e especularam sobre os possíveis contornos futuros do trabalho. Um ator profissional local, Markos Gettos, acompanhou-os em todo o processo. Em cena, trabalhou-se bastante: muito texto, muitas marcações e muita interação com a cenografia criada por José Capela. “O princípio da cenografia foi simples”, explica o arquiteto e codiretor artístico da mala voadora. “Como o cenário teria de ser transportado para várias cidades e como o espetáculo, em si, tem a ver com instruções, o que fizemos foi pensar o cenário a partir das caixas de transporte, que seriam usadas em cena como algo que ainda está em montagem - o que, por sua vez, tem também a ver com o universo das construções. Assim sendo, criámos caixas com as formas das letras que compõem a palavra work. O cenário teve que ser sujeito à forma dessas caixas. Escolhemos a palavra work porque o que está em causa é precisamente o trabalho e porque este espetáculo questiona se ele é, ou não, uma via para chegarmos à felicidade”. As três datas no Teatro Apólo esgotaram cerca de quatro dias antes da estreia.

|˚˚ um manual em viagem Finda a experiência na Grécia, a mala voadora regressou a Portugal, onde a esperam duas residências com as populações do Montijo e de Alcobaça, os dois municípios associados da Artemrede que aderiram a este projeto. Vítor d’Andrade foi o ator escolhido para a versão portuguesa da peça. Segundo Ana Lopes Jacinto, programadora do Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida, que acolhe

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itinerância ^˚ ˙

.¦. 5 Montijo Residência artística: 21 março – 12 abril Apresentações: 13 - 14 abril Cinema-Teatro Joaquim d'Almeida Alcobaça Residência artística: 17 abril – 10 maio Apresentações: 11 - 12 maio Cine-Teatro João d'Oliva Monteiro Pergine (Itália) Residência artística: 11 junho - 5 julho Apresentação: 6 julho

a primeira data do espetáculo em Portugal, “No Montijo, o Manual tem ido muito para além do projeto. Montámos uma campanha de sensibilização e de divulgação. Fomos falar com as pessoas, desafiámo-las a conversar sobre a relação entre o trabalho e a felicidade e a refletir sobre as suas vidas. Acabámos por refletir sobre as nossas próprias vidas. Fizemo-lo nas ruas, nos mercados, nos cafés, nas escolas, no teatro, e as respostas não poderiam ter sido mais inesperadas. Este é um verdadeiro trabalho com as comunidades e a reação das pessoas não nos podia deixar mais felizes! Esperamos que esta experiência possa ampliar o interesse dos participantes pelas atividades do Cinema-Teatro e que esse entusiasmo contamine os seus familiares e amigos". Alcobaça está atualmente a selecionar participantes para a versão do espetáculo que se apresentará no Cine-Teatro João d’Oliva Monteiro, em maio. Um processo semelhante será repetido na segunda quinzena de junho para preparar a versão italiana, cuja estreia acontecerá no festival Pergine Spettacolo Aperto, em julho.

|˚˚ digitalização e criação O fim da digressão pelas cidades parceiras do projeto não dita o fim do Manual. O mundo digital permite que o conceito e o potencial do projeto possa explorar-se noutros contextos e com contornos inovadores. Assim sendo, o espetáculo terá um manual de instruções que estará disponível na plataforma www.amanualonworkandhappiness.eu a partir do mês de julho. Esse manual incluirá um conjunto de instruções de encenação, para além dos textos escritos por Pablo Gisbert e de imagens a imprimir para construir o cenário. Toda a informação necessária para a concretização do espetáculo poderá ser descarregada de forma fácil e gratuita. Qualquer grupo de pessoas - com vontade de trabalhar e em qualquer parte do mundo - poderá tomar a iniciativa de aceder ao material e criar a sua própria versão do espetáculo, livre de direitos de autor. Basta seguir o Manual...

] Porque sei, trabalhadores e trabalhadoras, que à noite vocês sonham que deixam tudo, sonham que vivem a outra vida sonhada, a que esperavam no início, sonham com outros corpos que vos acompanhem na vossa cama, corpos mais jovens, mais inteligentes, mais fortes. Porque os sonhos comandam as pessoas. Em silêncio, detestam o vosso trabalho porque não é o que realmente gostariam de ter feito; esperavam mais de vocês próprios. Em silêncio, amaldiçoam o vosso contexto, amaldiçoam o vosso país, porque não é a terra prometida que esperavam. Em silêncio, negam a vossa monogamia, detestam os vossos corpos envelhecidos, vêem-se a vocês próprios como velhos. E enquanto fazem todas estas coisas, viajam, riem e embebedam-se. Mas sei que algumas noites quando estão deitados na cama, apenas algumas noites de vez em quando porque todas estas ideias apenas atacam a mente de vez em quando - quando tudo fica em silêncio, quando ficam sozinhos, começam a pensar no tempo perdido, no tempo que vos falta, no tempo que já não poderão recuperar. E esse sentimento, quando aparece, do medo que provoca, paralisavos na cama. ] Pablo Gisbert in A Manual on Work and Happiness tradução: Teresa Fernandes

O espetáculo A Manual on Work and Happiness insere-se no projeto homónimo coordenado pela Artemrede em parceria com o festival Pergine Spettacolo Aperto (Itália), com o centro de residências L’arboreto – Teatro Dimora (Itália) e com o Teatro Municipal e Regional de Patras (Grécia). A companhia de teatro mala voadora assume a direção artística. A Manual on Work and Happiness é cofinanciado pelo programa Europa Criativa da União Europeia.


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Ópera barroca na Curso Cultura e Desenvolvimento programação do segundo festival

Manobras

Espetáculos de marionetas nacionais e internacionais, projetos que ocupam os territórios, um novo olhar sobre o património, uma parte da programação escolhida por grupos de Visionários. É de tudo isto que se fará a 2ª edição do Manobras – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, que acontece de 14 de setembro a 31 de outubro nos municípios associados da Artemrede. Da programação faz parte Guerras de Alecrim e Manjerona, uma ópera barroca de marionetas interpretada pelos Músicos do Tejo e pela SA Marionetas.

Coproduzido pelo Cistermúsica – Festival de Música de Alcobaça e pela Artemrede, o espetáculo conta com a encenação de Carlos Antunes e com a direção musical de Marcos Magalhães. Alcobaça, Abrantes, Tomar, Pombal, Palmela e Oeiras são os municípios que vão acolher este espetáculo, que estreou no Teatro do Bairro Alto em 1737, unindo um dramaturgo e um compositor brilhantes: António José da Silva (O Judeu) e António Teixeira. A programação completa do festival será anunciada no Verão.

Novos órgãos sociais mandatados até 2020 –○ –

Os novos órgãos sociais da Artemrede tomaram posse no dia 25 de janeiro no Cine-Teatro João d’Oliva Monteiro, em Alcobaça. O mandato decorre até 2020.

Curso Cultura e Desenvolvimento O curso Cultura e Desenvolvimento desenrola-se até ao próximo mês de junho. Financiado totalmente pela Artemrede e destinado exclusivamente a profissionais dos seus municípios associados, o curso ancora-se em duas grandes áreas: programação e mediação cultural; e a cultura como fator de desenvolvimento territorial. O programa debruça-se sobre uma série de temas relevantes para decisores e programadores culturais, incluindo conteúdos como estratégias de mediação, políticas culturais, programação cultural, governação integrada, economia da cultura, planeamento estratégico, entre outros. As várias sessões acontecem rotativamente nos 12 municípios que participam no curso, como forma de promover o conhecimento e a partilha entre os membros da rede. António Pinto Ribeiro e Pedro Costa assumem a coordenação científica. O elenco de formadores nacionais e internacionais conta, entre outros, com Helena Santos, João Ferrão, Catarina Vaz Pinto, António Brito Guterres, Elisa Babo e Catherine Cullen, que entrevistámos para este número.

A nova Direção é liderada pela Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, e a Vice-Presidência é assegurada pelo Município de Abrantes, representado pelo Vereador Luís Dias. Dela fazem ainda parte os Municípios da Moita (Vice-presidente Daniel Vaz Figueiredo), Palmela (Vereador Luís Miguel Calha) e Pombal, o membro mais recente da Artemrede, representado pela Vereadora da Cultura, Ana Gonçalves. A Presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, é a nova Presidente da Mesa da Assembleia Geral, coadjuvada pelos Municípios de Alcobaça (Vereadora Inês Silva) e Sobral de Monte Agraço (Presidente José Alberto Quintino). O Conselho Fiscal é constituído pelos Municípios do Montijo (Vereadora Sara Ferreira) e Sesimbra (Vereadora Felícia Costa), para além do Revisor Oficial de Contas. Os órgãos sociais da Artemrede contam ainda com um Conselho Consultivo constituído por António Fonseca Ferreira, Helena Santos, João Ferrão e Maria de Assis Swinnerton, que foi reforçado, em 2018, com a entrada de António Matos, Vereador da Câmara Municipal de Almada e anterior Presidente da Direção da Artemrede. São estes os órgãos que dirigirão a Artemrede até 2020, ano em que termina o Plano Estratégico e Operacional, que orienta as principais linhas de ação da Artemrede desde 2015.

IETM Porto:

Artemrede debate centros e periferias Dia 28 de abril, Marta Martins participa no debate Connected Centers, organizado no âmbito da reunião plenária da rede europeia IETM, que tem lugar na cidade do Porto de 26 a 29 de abril. O que nos motiva a alargar os nossos horizontes? Como se estabelecem contactos a nível internacional? Como e em que sentido evoluíram as práticas de networking no setor das artes? Estamos preparados a transformar os nossos esquemas de trabalho, repensando o equilíbrio entre centros e periferias? Estas são algumas das questões em foco num painel moderado por Nicolas Bertrand (Image Aigüe, França) e pela gestora cultural Vânia Rodrigues (Portugal), que inclui também as participações de Milica Ilić (ONDA – França) e River Lin (Taipei Performing Arts Center - Taiwan). Uma equipa da Artemrede e um grupo de técnicos e programadores dos 15 municípios associados marcam também presença nos vários eventos da IETM Porto.


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Odisseia: Do filme

à música

Desde 2016 que dezenas de jovens de seis municípios da Artemrede são desafiados a participarem no projeto Odisseia, o qual contempla uma formação certificada seguida do envolvimento dos formandos na criação de um objeto artístico.

Visionários em marcha

Concebida como um modelo de aproximação entre públicos e instituições culturais, a iniciativa Visionários está a transformar espectadores em programadores. Visionários arrancou em novembro de 2017, em simultâneo com o European Spectators Day e está a ser implementada em vários municípios associados. Concretamente, a figura do programador cultural não desaparece, mas ele partilha parte do seu trabalho com a comunidade local, que passa a participar ativamente nos processos de seleção e programação do município. Segundo André Peixoto, Visionário de Pombal, todo o processo é bastante fluído: “as propostas vão sendo debatidas e avaliadas até à votação final. Na esteira do próprio projeto - e fomentando o debate - criou-se um grupo fechado no Facebook no qual se colocam os links para os trailers dos espetáculos visualizados e um breve resumo do mesmo, possibilitando, assim, a reavaliação da votação. Chegámos facilmente a uma conclusão. As preferências foram bastante homogéneas, apesar da heterogeneidade do grupo. Nas escolhas foram tidos em conta fatores como a diversidade dos espetáculos, a potencial empatia do público e a programação do Festival Manobras. As propostas tinham que conjugar todos estes fatores, a par das sensibilidades individuais. Julgo que a afinidade e o sentimento de pertença que os Visionários desenvolveram darão frutos. O seu entusiasmo irá contagiar outros ao seu redor.” As escolhas dos grupos de Visionários de todos os municípios serão anunciadas na segunda metade de 2018.

Depois de duas fases iniciais centradas no teatro e nas artes de rua, Odisseia chegou à sua terceira e última fase. Cinema e música: são estas as disciplinas que se cruzam na formação Do filme à música, que conta com a coordenação pedagógica e artística de António-Pedro. A formação - uma em cada um dos seis municípios associados ao projeto - tem por objetivo a criação de uma curtametragem e a composição da sua banda sonora, a qual é interpretada ao vivo durante a exibição do filme. Uma vez compiladas, as seis curtas darão origem a uma longa-metragem, Curtas Migratórias. À hora do fecho deste número, Do filme à música tinha já acontecido em Sesimbra e na Moita. Pela frente estão ainda as formações em Oeiras, Almada, Barreiro e Santarém. Falámos com António-Pedro e medimos a pulsação do projeto. ›—› vida por vida e amor e ira De Sesimbra chegou a primeira curta-metragem, Vida por Vida, um híbrido de realidade e ficção que retrata as histórias das migrações dos próprios participantes. Já a formação no Vale da Amoreira (Moita) deu origem a Amor e Ira, registo documentarista puro, baseado em depoimentos e entrevistas com habitantes locais. O título resulta da compartimentação da palavra Amoreira, em cujas ruas decorreram as filmagens. Para além da capacitação artística que é conferida aos jovens na formação, António-Pedro acredita que outras competências são também desenvolvidas: “Tem de haver um grande espírito de grupo, de trabalho de equipa, que fomenta a própria ideia de democracia. O argumento é construído por todos. Mesmo no processo da música, parto muito do que as pessoas conseguem fazer e do que me propõem. Depois há toda uma articulação a ser feita entre o que toda a gente quer e o que se consegue fazer. Penso que, no final, todos partilham um sentimento de coletividade. Como o tempo é muito apertado, é preciso um grande trabalho de organização, sistematização e rigor. Penso que isso são também competências que lhes são transmitidas”.

Para António-Pedro, o grande desafio deste projeto é a construção da obra final num período de tempo tão reduzido. Quinze dias apenas para a idealização do argumento, a planificação da rodagem, as filmagens, a pós-produção e a criação da banda sonora, que depois é tocada ao vivo na estreia e registada simultaneamente para posterior inclusão na longa-metragem Curtas Migratórias. ›—› envolver o público As apresentações, afirma o formador, “têm sido momentos bastante fortes para os jovens e para o público. Isso deve-se à componente da música ao vivo, que acaba por trazer um lado performático à exibição do filme”. Mas às vezes surge também a possibilidade de envolver o público que não participou no processo de criação e cuja voz se faz ouvir. “Em Sesimbra, por exemplo, tínhamos duas versões do filme: uma com e outra sem narração. Decidimos apresentar as duas e no final houve um debate, no qual as pessoas escolhiam uma das versões. Penso que foi um ponto alto, poder votar a partir de uma opção estética. O público já era também interveniente no próprio processo, a defender as suas opções artísticas”. Enquanto orientador do projeto, António-Pedro salienta o seu gosto pela pedagogia e o que o motivou a abraçar esta iniciativa: “todo o ser humano é criativo, capaz de fazer música, de fazer filmes, de fazer o que quiser fazer”. No fundo, a premissa é muito simples, continua, “a ideia de que o cinema pode servir para guardar aquilo que mais amamos, uma história, uma personagem ou um local especial”. Com boas expectativas e uma grande curiosidade para conhecer o resultado final do filme Curtas Migratórias, António-Pedro aposta que “coisas muito diferentes podem ainda acontecer, desde elementos puramente musicais a elementos mais experimentais. Veremos o que o futuro nos reserva nos restantes municípios”.

Odisseia é um projeto da Artemrede, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito da 2ª edição do programa PARTIS, realizado em parceria com a cooperativa social RUMO.


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IMÁGINI – DANÇA E MÚSICA PARA BEBÉS DançArte e Ária da Música 14 abril - 16h00 + 17h00 Almada | Solar dos Zagallos 20 maio - 15h00 + 16h00 Sobral de Monte Agraço | Cine-Teatro

CORPO-MAPA-LIVRO - Oficina de descoberta do livro Marina Nabais 5 maio - 16h00 Almada | Biblioteca Municipal Maria Lamas 19 maio - 15h00 Sobral de Monte Agraço | Biblioteca Municipal

A VOZ PÚBLICA Teatro O Bando 21 maio - 9h30 – 13h00 + 14h00 – 18h30 Lisboa | Pólo das Gaivotas

© CARLOS CARNEIRO

NO GRANDE MORA O PEQUENO, NO PEQUENO MORA O GRANDE Ana Madureira 16 e 17 abril - 10h00 – 13h00 + 14h00 – 18h00 Lisboa | Pólo das Gaivotas

GESTOS COM HISTÓRIA Mário Afonso 5 e 7 junho - 10h30 Almada | Biblioteca Municipal Maria Lamas 14 junho - 10h30 Almada | Biblioteca Municipal José Saramago 21 junho - 10h30 Almada | Biblioteca Municipal Maria Lamas 28 junho - 10h30 Almada | Biblioteca Municipal José Saramago 5 julho - 10h30 Almada | Biblioteca Municipal Maria Lamas

© MARGARIDA BOTELHO

© VITORINO CORAGEM

© ERIKA RODRIGUES

UM PONTO QUE DANÇA Sara Anjo 5 maio - 16h00 Almada | Solar dos Zagallos 18 julho - 14h30 Lisboa | Biblioteca de Marvila

A POESIA É UMA ARMA CARREGADA DE FUTURO Pedro Lamares 21 abril - 21h00 Lisboa | Biblioteca de Marvila

DO BOSQUE PARA O MUNDO Formiga Atómica - Miguel Fragata e Inês Barahona 20 maio - 16h00 Oeiras | Auditório Municipal Ruy de Carvalho

© JULIANA PINHO

© PEDRO SOARES

© MARINA NABAIS DANÇA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

Programação em rede abril a julho 2018

O FUTURO AGORA OU UM ICEBERG À DERIVA… Margarida Botelho 12 maio - 15h00 Lisboa | Biblioteca Municipal Palácio Galveias 19 maio - 15h00 Lisboa | Biblioteca dos Coruchéus 2 junho - 15h00 Lisboa | Biblioteca Orlando Ribeiro

OFICINA LOBO MAU Red Cloud Teatro de Marionetas 27 junho - 14h30 Lisboa | Biblioteca de Marvila

© TIAGO CADETE

© JOSÉ FRADE

ASSEMBLEIA Rui Catalão 30 junho - 21h30 Lisboa | Biblioteca de Marvila

FRÁGIL Artistas Unidos 28 abril - 21h30 Sobral de Monte Agraço | Cine-Teatro

© ESTELLE VALENTE

BIANCA BRANCA Leonor Keil 27 abril - 10h30 Lisboa | Biblioteca de Marvila

PANGEIA_LAB EIRA 11 julho - 14h30 Lisboa | Biblioteca de Marvila Programação sujeita a alterações. Para mais informações consultar o site www.artemrede.pt


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