Revista Arte & Construção 227

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www.arteconstrucao.com Número 227 // Ano XVIII // € 3,50 Continente

Julho 2009

DE PROFISSIONAIS PARA PROFISSIONAIS É preciso definir o que queremos para o país e para que queremos as infra-estruturas públicas, exige o recém emposado presidente da FEPICOP - Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas. Ricardo Gomes lamenta que o debate em torno de obras públicas que considera estratégicas para o desenvolvimento esteja demasiado enviesado por questões políticas e apela a uma discussão centrada na “esência das coisas”.

Entrevista

Ricardo Gomes: presidente da FEPICOP

Prémios SECIL 2008

Cavaco Silva entrega galardão a Nuno Brandão Costa

Dossier

Pavimentos e Revestimentos: Agradar é a palavra de ordem

Projecto

Parque Temático das Lezírias: Touros, cavalos e campo



EDITORIAL

PRAZO DA ALTA VELOCIDADE ADIADO Por ocasião da Conferência Parlamentar sobre Alta Velocidade que decorreu no dia 15 de Junho, Mário Lino, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, reforçou que “a Alta Velocidade representa para Portugal um sistema de transportes moderno, sustentável e eficiente e que permitirá a integração de Portugal no espaço ibérico e europeu, sendo ao mesmo tempo um projecto potenciador de emprego, desenvolvimento económico e tecnológico, e potenciador do sistema portuário, aeroportuário e logístico”. Acrescentando que “é um projecto que assenta numa visão estratégica para o país e para a Europa, em particular neste período de crise global que nos afecta, e que, a nosso ver, muito contribuirá para o desenvolvimento e modernização do país no período pós-crise". Apesar desta convicção, a RAVE – Rede Ferroviária de Alta Velocidade informou, no dia 19 de Junho, “que o prazo de entrega de propostas do concurso "Concessão RAV Lisboa-Poceirão", publicado no anúncio 2009/S 63-090581 do JOUE de 1 de Abril de 2009, e no anúncio de procedimento n.º 1366/2009, publicado no Diário da República, 2.ª série, N.º 64, de 1 de Abril de 2009, foi prorrogado, passando a data limite para apresentação das mesmas para as 16H00 do dia 31 de Agosto de 2009, e ocorrendo o acto público no dia 1 de Setembro de 2009, nas instalações da RAVE, pelas 10H00”. Por outras palavras, as decisões relativas à Alta Velocidade foram adiadas para depois das legislativas, que acontecem dia no próximo dia 27 de Setembro. Esta mudança de estratégia está a preocupar o sector da construção. Em conversa com a Arte & Construção, Ricardo Gomes, recém-empossado presidente da FEPICOP – Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas, mostrou-se “preocupado” com a possibilidade de adiarem alguns projectos após as eleições, “até porque houve investimento de muitas empresas nestes últimos anos”. Essa possibilidade é considerada “um prejuízo efectivo para as empresas e, mais do que isso, para o país”, reforçou.

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Chantal Florentino Directora


SUMÁRIO

sumário 03

EDITORIAL

04

SUMÁRIO

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ENTREVISTA Ricardo Gomes

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ACTUAL Prémios SECIL 2008

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CONSTRUÇÃO Conferências FEPICOP

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FEIRA Tektónica

18 22

PROJECTO Parque Temático das Lezírias DOSSIER Pavimentos e Revestimentos

32

ENGENHARIA O pequeno grande mundo dos cimentos

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FEIRAS Construmat

38

OPINIÃO Rui Pereira, ministro da Administração Interna

56

NO PAÍS

40

SEGURANÇA Construção lidera em acidentes mortais

57

NO MUNDO

58

IMOBILIÁRIO

59

RECURSOS HUMANOS Questionar a realização profissional

60

AGENDA

62

NAVEGAR

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ARTES & LEITURAS

64

PRODUTOS

66

EM FOCO 50 maiores empresas crescem 7%

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ENGENHARIAS Revestimentos de paredes

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ARTE URBANA Skyline

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EMPRESAS Grundfos adquire Peerless Pump Company

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LEIS & DIREITO Decreto-Lei nº 18/2008, de 29 de Janeiro (VII)

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Entrevista

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Ricardo Gomes

É PRECISO DEFINIR O QUE QUEREMOS PARA O PAÍS E PARA QUE QUEREMOS AS INFRA-ESTRUTURAS PÚBLICAS, EXIGE O RECÉMEMPOSSADO PRESIDENTE DA FEPICOP - FEDERAÇÃO PORTUGUESA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E OBRAS PÚBLICAS. RICARDO GOMES LAMENTA QUE O DEBATE EM TORNO DE OBRAS PÚBLICAS QUE CONSIDERA ESTRATÉGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO ESTEJA DEMASIADO ENVIESADO POR QUESTÕES POLÍTICAS E APELA A UMA DISCUSSÃO CENTRADA NA “ESSÊNCIA DAS COISAS”.

Actual Prémios SECIL 2008

POR TER COMPROVADO QUE A ARQUITECTURA É CAPAZ DE “TRANSFORMAR A ENVOLVENTE”, O ARQUITECTO NUNO BRANDÃO COSTA RECEBEU, PELA CONCEPÇÃO DO EDIFÍCIO ADMINISTRATIVO E SHOW-ROOM MÓVEIS VIRIATO, O PRÉMIO SECIL ARQUITECTURA 2008. NA CERIMÓNIA OFICIAL DE ENTREGA DE PRÉMIOS, CAVACO SILVA SUBLINHOU COMO A “ARQUITECTURA PORTUGUESA GOZA HOJE DE UMA EXTRAORDINÁRIA REPUTAÇÃO MUNDIAL”.


SUMÁRIO

# 227

Julho 2009

PUBLICA-SE AGORA A SEGUNDA PARTE DO ARTIGO REVESTIMENTOS DE PAREDES QUE DEVERIA TER SAÍDO NA EDIÇÃO DE FEVEREIRO. POR ESTE LAPSO PEDIMOS DESCULPA.

14 Construção

66

Conferências FEPICOP

50 maiores empresas crescem 7%

Em foco

Pedra Texturas e cores variadas

22 Dossier AS CONFERÊNCIAS FEPICOP PERMITIRAM REFORÇAR A POSIÇÃO QUE ANGOLA GOZA COMO UM DOS DESTINOS DE ELEIÇÃO PARA AS EMPRESAS DO SECTOR DA CONSTRUÇÃO AO SER APRESENTADO O PROJECTO «HABITAÇÃO: UM DESAFIO PARA TODOS», ONDE O GOVERNO ANGOLANO PREVÊ A CONSTRUÇÃO DE UM MILHÃO DE CASAS EM QUATRO ANOS. QUANTO AO PANORAMA NACIONAL, A FEPICOP PROPÔS AO GOVERNO UM PACOTE DE SEIS MEDIDAS PARA AJUDAR O SECTOR E O PAÍS A SAIR DA CRISE.

ACTUALMENTE, O CONSUMIDOR FINAL E OS PROFISSIONAIS DO SECTOR POSSUEM UM VASTO LEQUE DE MATERIAIS À DISPOSIÇÃO, COM CORES E TEXTURAS INUSITADAS PARA DIVERSOS USOS E GOSTOS. A PERSONALIZAÇÃO E O CONFORTO ESTÃO NA MODA E A PREOCUPAÇÃO DOS FABRICANTES É SEMPRE A MESMA: AGRADAR!

ENTRE 2003 E 2007, AS 50 MAIORES EMPRESAS DO SECTOR DA CONSTRUÇÃO EM PORTUGAL REGISTARAM UMA TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ANUAL DE 7%, APESAR DA PRODUÇÃO NACIONAL DO SECTOR TER DESCIDO 11%. A CONCLUSÃO É DE UM ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EMPREITEIROS DE OBRAS PÚBLICAS (ANEOP) E DA CONSULTORA DELOITTE, “O PODER DA CONSTRUÇÃO EM PORTUGAL - IMPACTOS 2009/2010”, APRESENTADO A 2 DE JUNHO, EM LISBOA.

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Pavimentos e Revestimentos


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ENTREVISTA RICARDO GOMES


ENTREVISTA

DEBATE SOBRE INFRA-ESTRUTURAS PÚBLICAS ESTÁ ENVIESADO POR QUESTÕES POLÍTICAS TEXTO DE RAQUEL RIO

/// É preciso definir o que queremos para o país e para que queremos as infra-estruturas públicas, exige o recémempossado presidente da FEPICOP - Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas. Ricardo Gomes lamenta que o debate em torno de obras públicas que considera estratégicas para o desenvolvimento

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esteja demasiado enviesado por questões políticas e apela a uma discussão centrada na “essência das coisas”.


ENTREVISTA

RICARDO GOMES

Arte&construção - Como novo presidente da FEPICOP quais serão as suas principais linhas de actuação? Ricardo Gomes – Há uma continuidade evidentemente, por boas e más razões: relativamente às primeiras, porque já era vice-presidente da Federação e comungava das ideias e dos objectivos anteriores; quanto às segundas, porque, infelizmente, os problemas e as questões que consideramos relevantes para o sector continuam a estar em cima da mesa e são quase sempre as mesmas. Ou seja, quase sempre quem se sucede nestes cargos prossegue invariavelmente a mesma agenda. E quais são as principais preocupações que as empresas de construção vos transmitem?

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Há os problemas que subsistem ao longo do tempo e que nunca foram resolvidos e os que surgiram depois e que têm a ver com a crise em que vivemos. Temos um problema premente que é reanimar a economia e o sector da construção, sobretudo numa componente que está ter um comportamento desastroso: a construção de edifícios, essencialmente os de habitação. Esta é a vertente que tem o maior potencial de criação de emprego, que é um dos grandes problemas do país, actualmente, e que se re-

flecte também no nosso sector. Não se fez sentir tanto nos últimos anos porque houve uma grande absorção da mão-de-obra no mercado espanhol. Como este entrou em queda abrupta, o regresso dessas pessoas fez engrossar as estatísticas.

o património e para a eficiência energética dos edifícios, que podia ser trabalhada numa vertente pública, dirigida a edifícios como os do parque judicial ou da saúde, e, claro, arrancar com a reabilitação, que tem sido uma batalha longa que gostaríamos de reforçar.

Nos últimos seis anos, o sector da construção, por via da internacionalização das empresas e desta migração da mão-de-obra, não reflectia o decréscimo da actividade nas estatísticas do desemprego. Já não é o que acontece.

Há que mudar o paradigma da construção nova e virarmo-nos para a reabilitação.

Neste momento a internacionalização já não é uma boa opção? Há uma internacionalização estratégica, muito dirigida para África, que é uma prerrogativa das grandes empresas e das empresas especialistas. E houve uma internacionalização de proximidade, que absorveu a mão-de-obra das pequenas e médias empresas, e que era a do mercado espanhol nos últimos anos. Ao ter desaparecido abruptamente, as pessoas tiveram de regressar sem que o mercado tivesse capacidade para as absorver. Que propostas têm para reanimar o sector? É preciso fazer uma aposta clara em programas como o do parque escolar, virarmo-nos para

De que forma? Obviamente, o investimento público pode ajudar, sobretudo nos centros das grandes cidades, onde há muita propriedade municipal ou estatal. Há coisas que se podem fazer. Por exemplo, se no âmbito das Sociedades de Reabilitação Urbana (SRU), o Estado entender que quer definir um quarteirão de habitação numa determinada zona, onde existem edifícios públicos e particulares, tenho a certeza de que é possível criar parcerias com o sector privado. Existem vários modelos para dar escala e colocar produtos de habitação no mercado, inclusive no de arrendamento. Mas, para já, preciso criar este mercado. Se ele não existir, é difícil arranjar investidores disponíveis para assumir o risco.


ENTREVISTA

Não pode haver uma aposta na reabilitação, sem um mercado de arrendamento que funcione normalmente. Trata-se de um mercado que tem, no mínimo, 800 mil fogos que precisam de grandes intervenções. O Estado não tem capacidade para resolver sozinho este problema, tem de envolver os privados. Se fizermos uma média entre o melhor e o pior ano de construção em Portugal chegamos aos 80 mil fogos. Ora, se pudéssemos reabilitar os 800 mil existentes, isto significaria uma década de trabalho, é um potencial enorme de oportunidade. Existe mão-de-obra qualificada para satisfazer estas exigências? Se estivermos a falar do património histórico, nalguns casos poderemos vir a ter problemas. Perdeu-se muita tradição e saber artesanal, ainda assim alguma mão-de-obra existirá certamente. Mas, só vamos voltar a ter os saberes se houver ocupação. Ninguém vai apostar na formação a longo prazo, se souber que a existência desse trabalho é pontual. É preciso criar, desde já, condições para que a mão-de-obra qualificada que ainda existe não desapareça sem passar o testemunho. Que outras medidas considera importantes para atenuar o efeito da crise? Uma questão que está na ordem do dia é o investimento em infra-estruturas públicas. Nós não vemos este investimento como um fim em si. A lógica de decisão tem de assentar numa ideia de desenvolvimento económico do próprio país. Por isso, reivindicamos há muito tempo a necessidade de consensos plurilegislativos sobre estes investimentos. Estão preocupados com o que pode acontecer depois das eleições, nomeadamente a possibilidade de adiamento de alguns projectos? Claro que nos preocupa, até porque houve investimento de muitas empresas nestes últi-

mos anos. Achamos que é um prejuízo efectivo para as empresas e, mais do que isso, para o país.

podem ser instrumentos de desenvolvimento da economia e já estão atrasadas vários anos.

Primeiro, é preciso definir o que queremos para o país e para que queremos as infra-estruturas públicas.

A discussão está demasiado enviesada pelo imediatismo da luta política e essa não é a sua substância. O debate tem de ser recentrado e pensado desta forma. Temos de ir à essência, e não à espuma das coisas.

Toda a gente tem uma determinada ideia: queremos um país de base exportadora, com uma indústria altamente sofisticada, com base no conhecimento, com mão-de-obra altamente qualificada. Mas é preciso dizermos a quem vende esse discurso – que é consensual – que isso leva duas gerações. E até lá, vamos ser reduzidos à indigência? O que vai acontecer é que não vamos chegar a esse objectivo, porque se não gerarmos recurso económicos, não conseguimos chegar lá. Nós achamos que a construção de infra-estruturas públicas tem um papel importante nesta dinâmica, porque o país tem duas coisas para vender até lá: uma é o sol que lhe permite vender o turismo, outra é a sua posição geográfica que lhe permite ser uma plataforma logística para o espaço europeu. É a partir daqui que temos de definir o que são infra-estruturas prioritárias: são todas aquelas, rodoviárias e ferroviárias que ponham os nossos portos no centro da Europa, através de Madrid. O novo aeroporto tem também importância se seguirmos estas duas ideias do turismo e da plataforma logística. O modo ferroviário é prioritário porque não temos ligação à Europa e o país não investiu em ferrovia nos últimos 50 anos. Estas infra-estruturas devem ser feitas porque

Neste cenário de incerteza, que caminho pode ser explorado pelas empresas de construção? Não há uma solução, há várias. As realidades são diversas e as empresas, em função da sua dimensão, têm várias possibilidades. As grandes empresas, e as que têm nichos de mercado, podem e devem internacionalizar-se, indiscutivelmente. As pequenas e médias empresas devem especializar-se no mercado interno. As concentrações e fusões são outra solução, para um determinado patamar de empresas. Seria desejável que, no universo das 15 maiores empresas do país, pudéssemos gerar apenas quatro ou cinco, porque é importante que o mercado tenha empresas com alguma dimensão. Seria desejável que as outras 60 a seguir gerassem 30, mas depois existe uma pirâmide larga de empresas que até poderia alimentar de forma dinâmica a rotatividade das que estão mais acima. O essencial é que não há receitas. O projecto da confederação da construção e do imobiliário está avançado? Quais são os objectivos e quando deverá estar a funcionar? O sector da construção tem um peso directo da ordem dos 11% do PIB, mas gera à sua vol-

UMA QUESTÃO QUE ESTÁ NA ORDEM DO DIA É O INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURAS PÚBLICAS. NÓS NÃO VEMOS ESTE INVESTIMENTO COMO UM FIM EM SI. A LÓGICA DE DECISÃO TEM DE ASSENTAR NUMA IDEIA DE DESENVIMENTO ECONÓMICO DO PRÓPRIO PAÍS

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A lei do arrendamento actual não garante essa segurança. É preciso mexer na lei do despejo, é preciso repensar as tributações sobre o património, para tornar o investimento atractivo, e enquadrar tudo isto numa operação de âmbito nacional.


ENTREVISTA

RICARDO GOMES

da contratação pública?

minimizam o estrago.

Há uma série de inovações que só serão obrigatórias a partir de 29 de Julho e é nessa altura que o balanço pode começar a ser feito. Nós dissemos sempre que este código, pela sua complexidade, deixa caminho aberto à litigação. Isto só poderá ser comprovado quando as primeiras adjudicações e os primeiros trabalhos realizados sob a égide do novo código estejam terminados ou em execução.

Obviamente, que qualquer obra tem sempre um determinado grau de imponderabilidade, mas isto podia ser reduzido.

Achamos que, situações como os erros e omissões ou a ausência dos procedimentos de conciliação nos litígios, que não estão previstos e vão obrigar a que tudo seja decidido a nível judicial, vão colocar problemas. A nível da contratação electrónica temos estado a tentar preparar as pessoas para esta realidade ainda antes do código entrar em vigor.

ta outras indústrias, como os materiais, a promoção imobiliária, a mediação, os projectos, serviços, etc. Tudo isto somado, chegamos quase a 20% do PIB. Mas a indústria da construção nunca teve uma participação, junto dos órgãos do poder político, consentânea com esta dimensão, esteve sempre escudada numa outra organização e nunca se assumiu perante a sociedade com o peso que representa em termos económicos. Toda a gente sabe que a relação com a estrutura em que estávamos integrados [CIP] foi atribulada a relação e após uma longa reflexão decidimos dar este passo que é comum à generalidade dos países europeus.

Como justifica o problema da eterna “derrapagem” das obras? Esta situação é passível de ser corrigida?

A ideia é falar a uma só voz e ter o reconhecimento que é merecido.

Os decisores políticos deste país tem de se compenetrar, de uma vez por todas, que o tempo político não se coaduna com o tempo técnico e, por isso, é preciso pensar nas coisas antes.

Estamos precisamente a falar com todos estes actores para congregar vontades em função deste objectivo e a discutir dos estatutos e do modelo de organização 10 | Arte & Construção_Julho/09

Temos algum receio que quando no final do mês de Julho for obrigatório todo o procedimento em plataforma electrónica vai haver grandes problemas, não a nível das grandes empresas de obras públicas, mas a nível do universo autárquico que representa a maioria dos procedimentos contratuais.

O processo vai estar concluído no tempo adequado para estar bem feito, porque senão não vale a pena. A nossa vontade é que seja feito rapidamente e isso acontecerá certamente durante o actual mandato da FEPICOP. Que balanço faz da aplicação do novo código

Acho que tivemos uma enorme vitória na semana passada. Ao fim de muitos anos de discursos, ouvimos o presidente do Tribunal de Contas assumir publicamente o que andamos a dizer há anos: o que gera as ditas “derrapagens” nas obras públicas é o défice de planeamento e o défice de qualidade do projecto.

O que acontece é que quando vamos começar uma obra, se não foi devidamente planeada, se não houve tempo para fazer um projecto em condições, é no estaleiro que os problemas vão surgir e vão ter de ser resolvidos. As “derrapagens” só não são muito superiores porque a capacidade de engenharia e de arquitectura que as próprias empresas têm

E há que desmistificar a ideia de que, numa obra o dinheiro que se gastou a mais ficou para o empreiteiro. Isso não é verdade, porque esse valor corresponde a coisas que foram feitas. Como se responsabilizam as pessoas? É preciso responsabilizar directamente quem decide não pôr a concurso projectos com a qualidade adequada. Em última análise, se isso corresponde a um poder politico que não soube fazer as coisas em condições será responsabilizado nas eleições. A revogação do 73/73 vai contribuir para melhorar a qualidade dos projectos? Com certeza, para nós é importante que os intervenientes do mercado estejam clarificados e que o consumidor perceba a quem deve exigir responsabilidades. A responsabilização está associada à clarificação de competências. Esse diploma surgiu há 30 anos numa circunstância em que o país não tinha capacidade de resposta em muitas valências. Não é isso que acontece desde há muito tempo, mas demorou décadas para ser revogado. O que espera do novo presidente do Instituto de Construção e Imobiliário (InCI)? As nossas expectativas não têm a ver com o novo presidente, e sim com o que já esperávamos do InCI anteriormente. Sempre achámos que o Instituto devia caminhar no sentido de uma maior participação dos actores que regula sobre muitas das decisões que toma. O conselho consultivo do InCI devia ser chamado muito mais vezes a ter uma voz activa na regulação do sector. Não achamos que o país esteja preparado para a auto-regulação, mas achamos que deve caminhar nesse sentido. Gostaríamos também de ver em funcionamento um instrumento de conciliação, um tribunal arbitral, que seria fundamental devido às exigências do novo código da contratação pública. Senão, vamos ter problemas gravíssimos, porque a litigação vai surgir.



ACTUAL

PRÉMIOS SECIL 2008

CAVACO SILVA ENTREGA GALARDÃO A NUNO BRANDÃO COSTA TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO

/// Por ter comprovado que a arquitectura é capaz de “transformar a envolvente”, o arquitecto Nuno Brandão Costa recebeu, pela concepção do Edifício Administrativo e Show-Room Móveis Viriato, o Prémio SECIL Arquitectura 2008. Na cerimónia oficial de entrega de prémios, Cavaco Silva sublinhou como a “arquitectura portuguesa goza hoje de uma extraordinária reputação mundial”.

“É 12 | Arte & Construção_Julho/09

muito bom ver a nossa arte, aparentemente individual, ser reconhecida e aceite”, afirmou Nuno Brandão Costa ao receber o Prémio SECIL Arquitectura 2008 das mãos do Presidente da República Cavaco Silva, na cerimónia oficial SECIL que decorreu dia 27 de Maio, no Pavilhão de Portugal, em Lisboa. Nuno Brandão Costa recebia assim um dos mais prestigiados galardões atribuídos em Portugal graças ao seu trabalho desenvolvido na concepção do Edifício Administrativo e Show-Room Móveis Viriato, em Rebordosa. A escolha do júri recaiu sobre uma obra que faz “sobressair dois aspectos importantes para a prática profissional contemporânea: a disciplinar, cumprida pelo rigor construtivo e de

desenho da obra em causa; a social e pública, por abordar um programa comercial nem sempre entregue a arquitectos”, avançaram os organizadores em comunicado. Acrescentando ainda o facto de, “inserindo-se numa paisagem industrial e menos qualificada, o edifício premiado demonstra a capacidade da arquitectura transformar a envolvente, um dos seus princípios fundadores”. Em entrevista à Arte & Construção (223), Nuno Brandão Costa salientou a forma como teve, na concepção deste espaço, de “concentrar coisas que aparentemente nada têm a ver umas com as outras num edifício relativamente pequeno, com cerca de mil metros quadrados”. Na sua opinião, a forma do edifício resulta de “uma resposta quase directa e cirúrgica a todos os pedidos do cliente”.

“A ARQUITECTURA NÃO É UM CAPRICHO” “Ao longo do meu mandato enquanto Presidente da República, tenho tido a oportunidade de confirmar a relevância que a arquitectura e os arquitectos portugueses têm no mundo”, afirmou Cavaco Silva na cerimónia de entrega do Prémio SECIL Arquitectura 2008. Citando os exemplos de Siza vieira, Carrilho da Graça, Cavaco Silva frisou que “a arquitectura portuguesa goza hoje de uma extraordinária reputação mundial”, tendo os arquitectos “sabido aliar o seu talento e a sua criatividade, contribuindo para consolidar uma identidade própria no seu trabalho”.


ACTUAL

A intervenção não terminou sem uma referência aos donos de obras: “a arquitectura não é um capricho. Saber escolher arquitectos e aprovar os seus projectos é contribuir de uma forma significativa para a mudança ou a renovação das paisagens”. Ao atribuir anualmente o Prémio Secil, Pedro Queirós Pereira, presidente do Conselho de Administração da Secil, acredita estar a contribuir, “nestes tempos de dúvida e hesitação, para uma afirmação clara de capacidade e competência nacionais e damos oportunidade à afirmação da excelência da arquitectura portuguesa”. Não deixou também de reforçar o seu “permanente empenho em trabalhar para que a SECIL se mantenha como uma empresa de referência no panorama industrial português, com centro de decisão nacional, forte orientação para a sustentabilidade da sua actuação empresarial e foco na excelência na produção de um bem primário essencial para a economia do país”. Estabelecido em 1992, o Prémio Secil de Arquitectura tem como propósito premiar obras de autores portugueses e promover o reconhecimento público de autores de obras que, incorporando o material primordial da actividade da SECIL – o cimento – constituam peças significativas no enriquecimento da arquitectura portuguesa, explica a empresa.

PRÉMIOS SECIL UNIVERSIDADES O Júri do Prémio Secil Universidades, cujo objectivo é incentivar a qualidade do trabalho académico e o reconhecimento público de jovens oriundos das Escolas de Arquitectura e Engenharia Civil portuguesas, galardoou os seguintes autores e projectos: Concurso de Arquitectura • Tiago Frazão, FAUTL – Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa Museu da Cidade. Núcleo Século XX-XXI • Cláudia Freitas e Marta Oliveira, FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto Um outro olhar sobre a Cidade • Pedro Filipe Bernardo Dias, EUAC – Escola Universitária das Artes de Coimbra fouR…Piódão2002.2022. recuperar, reconstruir, reciclar, reocupar • José Valente Alves, ISCTE – Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa Casa de Hospedaria para Agro-Turismo • Guilherme Filipe da Silva Rosa, ISCTE – Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa Azinheira Velha, um paradigma Concurso de Engenharia Civil • Edgar Manuel Pereira Alves Ribeiro, FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Ponte da Ribeira – Projecto de uma ponte pedonal entre o Porto e Gaia • Joaquim Gil Carvalho Cardoso, IST – Instituto Superior Técnico Reforço Sísmico de Alvenaria Tradicional com faixas de GFRP e Ancoragens. Ensaios de Aderência e Modelo de Cálculo • Pedro Manuel Martins Nave/Ricardo Miguel de Matos Camarinha, IST - Instituto Superior Técnico Estudo Prévio de um Edifício Alto

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A Nuno Brandão da Costa, o presidente da Republica exprimiu as suas felicitações pelo prémio que, “com toda a justiça, conquistou”.


CONSTRUÇÃO

CONFERÊNCIAS FEPICOP

SEIS MEDIDAS PARA SAIR DA CRISE TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO

/// As Conferências FEPICOP permitiram reforçar a posição que Angola goza como um dos destinos de eleição para as empresas do sector da construção ao ser apresentado o projecto «Habitação: um desafio para todos», onde o governo angolano prevê a construção de um milhão de casas em quatro anos. Quanto ao panorama nacional, a FEPICOP propôs ao governo um pacote de seis medidas para ajudar o sector e o país a sair da crise.

N

os dias 18 e 19 de Maio decorreram, no âmbito da Tektónica, as Conferências FEPICOP – Federação portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas, desta vez dedicadas à temática: Mercados externos de elevado potencial. No discurso de abertura dos trabalhos, Reis Campos, então presidente da FEPICOP, lembrou que a “importância do mercado externo há muito que foi considerada fundamental pela maiorias das empresas do sector da construção”. “O processo de internacionalização é um sucesso que conta com uma larga experiência”, sublinhou.

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Este cenário não impede, no entanto, que a “situação actual do sector seja preocupante”, não restando dúvidas que “Portugal tem um grande caminho a percorrer”. Reis Campos voltou a defender que “o aumento na construção de infra-estruturas tem um efeito multiplicador”, o que pode influenciar o volume de negócio e, consequentemente, as taxas de emprego. No fim da sua exposição, o dirigente na dei-

xou de reforçar como é “fundamental assegurar que os apoios dados à banca sejam reflectidos nos créditos dados às empresas”. À luz do programa «Habitação: um desafio para todos», onde o governo angolano prevê a construção de um milhão de casas até 2012, Higino Carneiro, ministro das Obras Públicas de Angola, apelou às empresas portuguesas de materiais e equipamentos de construção que invistam em Angola. Este programa tem, na opinião de Higino Carneiro, “apenas um handicap” e é “a nível logístico”, pois a sua execução depende da “capacidade das empresas de materiais e equipamentos da construção em darem uma resposta positiva a este programa”, disse. Dada a presença de Higino Carneiro, Mário Lino, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, referiu que, presentemente as relações entre Portugal e Angola são marcadas “uma língua comum, pela convivência de séculos, pelo conhecimento e respeito mútuos, pela amizade, pelas parcerias económicas e pelo excelente entendimento no plano político”.


CONSTRUÇÃO

De acordo com os dados avançados pelo ministro, o sector nacional da construção civil atingiu, em 2008, um volume de negócio de dois milhões de euros, o correspondente a um crescimento médio anual de 24,1%. “Este sector já vende em África 62% do total da sua actividade no exterior, o que representa 69% da carteira de encomendas recebida do mercado externo”, reforçou. SEIS MEDIDAS PARA ULTRAPASSAR A CRISE O segundo dia das Conferências FEPICOP foi marcado pelo debate «Investimentos Público e Privado e o futuro da Construção», protagonizado por António Cabral, conselheiro para área económica da Comissão Europeia, Augusto Mateus, economista, Fernando Santo, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, e Ricardo

Gomes, presidente da AECOPS (Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas). 2009 será, para António Cabral, o ano para “estabilizar o sistema financeiro” e “dinamizar a economia real”. A recuperação vai ser “difícil”, uma vez que, entre outros aspectos, “não podemos contar com nada de muito entusiasmante dos Estados Unidos da América”. Na opinião de Augusto Mateus a crise que atravessamos caracteriza-se “por uma lentidão no desenvolvimento dos seus aspectos destrutivos e sabemos pouco sobre o tempo que vai demorar a sair dela”. “É uma crise de regulação que vai obrigar a reinventar mecanismos de regulação, nomeadamente à escala global”, acrescentou. Para este antigo ministro da Economia de Guterres, “é uma ilusão a ideia de retoma global, seja estrutural ou conjuntural”. “O sistema monetário internacional de fio de navalho, assente em acordos informais que envolvem dinâmicas de competitividade e défices colossais da economia norte-americana, a fraqueza do dólar e a insuficiente afirmação do euros como moeda internacional”.

Augusto Mateus rematou dizendo que a “actividade económica mais eficaz é a que tem mais capacidade de arrastamento, ou seja, a construção”. Para Fernando Santo, o sector da construção assiste a uma “mudança de paradigma”, onde ritmo da construção nova já não se pode manter nos valores do início da década, pois chegou ao fim a “relação entre a procura e a oferta”. Agora, defendeu o bastonário, existem “dois critérios para estabilizar a procura: a obra imediata, não necessariamente de grande dimensão, e a reabilitação urbana, num modelo diferente do presente”. No final da sessão, Reis Campos, em nome das associações da construção, revelou uma proposta de seis medidas a adoptar pelo governo com vista a ultrapassar a crise. São elas: acelerar o investimento público, garantir o pagamento das dívidas às empresas, estimular a eficiência energética, incentivar a reabilitação urbana, apoiar a internacionalização e canalizar os apoios concedidos à banca para o sector da construção.

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Tornando-se, por isso, um dos “países do Continente Africano onde as empresas portuguesas do sector da construção civil e obras públicas podem encontrar oportunidades da maior relevância para a sua actividade internacional”.


FEIRA

TEKTÓNICA 2009

SUSTENTABILIDADE E REABILITAÇÃO EM FOCO TEXTO DE SOFIA DUTRA

/// Inovação, sustentabilidade e reabilitação urbana foram as temáticas centrais da Tektónica 2009 – Feira Internacional de Construção e Obras Públicas. De 19 a 23 de Maio reuniram-se 700 empresas no espaço dos quatro pavilhões da FIL – Feira Internacional de Lisboa, em Lisboa.

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edição deste ano da Tektónica recebeu 78 000 entradas de profissionais, que visitaram as 700 empresas, com 4 000 marcas representadas. Os três salões (SK – Salão Internacional de Pavimentos e Revestimentos Cerâmicos, SIMAC – Salão Internacional de Materiais, Máquinas e Equipamentos para a Construção e SIROR – Salão Internacional de Pedras Naturais) estenderam-se pelos quatro pavilhões da FIL, bem como pela área exterior, com mais de 45 000 metros quadrados de exposição.

Inaugurada pelo secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas e das Comunicações, Paulo Campos realçou “a importância da Tektónica para o sector”, dando os parabéns à AIP-CE /FIL pelo “certame, pela qualidade dos expositores e pelos produtos inovadores apresentados.” O gestor da Feira, Jorge Oliveira, salientou, por seu turno, que “2009 é um ano de grande mudança a vários níveis no mercado da construção. As soluções com o objectivo de responder aos novos conceitos, baseados na reabilitação, requalificação, construção sustentá-

vel e eficiência energética estiveram em grande destaque na Tektónica 2009”. Assim, o Espaço Inovação da Tektónica 2009 apresentou este ano mais meia centena de produtos inovadores, “o que revela o dinamismo dos nossos expositores em marcar presença no mercado, com produtos que acompanham as transformações globais a que assistimos”. A empresa Marazul (AstralPool Portugal) obteve o primeiro prémio do Espaço Inovação,


FEIRA

Este ano, o Prémio Nacional Tektónica, promovido pela Ordem dos Arquitectos, foi atribuído ao Centro de Visitantes da Gruta das Torres, na ilha do Pico, nos Açores, pela sua "postura contemporânea na cuidada atenção ao lugar". Inaugurado em Maio de 2005, no concelho da Madalena, o centro é um projecto dos arquitectos Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira. É composto por um pequeno pátio exterior, uma sala onde se aguarda pela visita guiada à Gruta das Torres e um auditório. O júri, que decidiu por unanimidade, destacou a "economia de meios utilizados", na medida em que ela "reforça a condição de sustentabilidade, entendida de modo operativo e actual". "A serenidade proposta pela construção emergente prolonga à superfície o carácter poético do túnel de lava que serve e que, em última análise, a sustenta e justifica", ressalva o júri, em acta.

COMPRADORES ESTRANGEIROS REÚNEM-SE NA FEIRA

com um elevador aquático para piscinas de apoio a pessoas com dificuldade de movimentação, denominado ‘Waterlift’. Miguel Messias, representante da Marazul, considera que “a Tektónica tem sido nos últimos 10 anos o ponto de encontro de excelência dos profissionais do sector da construção e o palco de apresentação para muitos produtos e equipamentos. Os Prémios Tektónica reforçam este conceito e constituem um desafio a todos aqueles que querem fazer parte do futuro deste sector”, refere o comunicado de imprensa.

Pela primeira vez o ministro das Obras Públicas de Angola, Higino Carneiro, marcou presença na Tektónica, realçando a importância das empresas portuguesas no grande projecto de recuperação de Angola. “As empresas portuguesas têm de encarar o mercado angolano no seu aspecto regional, como uma porta de entrada para um mercado de mais de 400 milhões de pessoas que se estende da África Central à Austral”. "Os empresários devem olhar para Angola como um potencial eixo de entrada no mercado africano", afirmou o ministro angolano. A vertente internacional do certame foi tam-

bém notória no programa Hosted Buyers. Grandes compradores internacionais confirmaram a Tektónica “como meio adequado para efectuar as suas compras e para poder contactar com as novidades” apresentadas pelos fabricantes portugueses. Pela primeira vez foi realizado um programa de reuniões directas entre compradores internacionais e players nacionais, que a organização considera ter sido um sucesso. “Foi muito importante para dinamizar os negócios efectuados durante a feira, bem como a troca de contactos para futuros acordos entre os agentes económicos nacionais e estrangeiros, o que perspectiva sinais positivos para o sector da exportação”. Diversas conferências, seminários, workshops e exposições temáticas marcaram a Tektónica 2009, como um dos pontos altos da feira. Oradores debateram ideias, lançaram soluções e, em conjunto com associações e entidades como a AECOPS (Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas), AICCOPN (Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas), AIMMAP (Associação dos Indústriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal), APFAC (Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção), APEMETA (Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais), APCMC (Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção), APEB (Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto), Ordem dos Arquitectos, Ordem dos Engenheiros, entre outros, olharam para oportunidades de consolidação nas diversas áreas do sector da construção, para relançar e continuar a competir nos mercados nacionais e internacionais. Temas como os “Mercados Externos de Elevado Potencial”, com a presença dos ministros Mário Lino, das Obras Públicas, Transportes e Comunicações de Portugal e Higino Carneiro, das Obras Públicas de Angola, “Construção e Reabilitação Urbana – Novas Soluções e Sustentabilidade”, “Eficiência Energética em Edifícios”, “Requisitos Acústicos nos Edifícios”, “Workshop sobre Energia Solar” fizeram parte do programa de eventos.

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As menções honrosas foram atribuídas: à Recer – Indústria de Revestimentos Cerâmicos, S.A., pelo revestimento cerâmico “ThermalPlanitum”; à Senda – Equipamentos em Aço Inoxidável Lda., pela sanita monobloco “Shark”; à Mapei, pelo “Ultralite S1”; e à Sienave – Sienitos do Algarve, Lda, pelo “Urb Concept” /“Access Series”.


PROJECTO

PARQUE TEMÁTICO DAS LEZÍRIAS

TOUROS, CAVALOS E CAMPO TEXTO DE RAQUEL RIO

/// Os touros, os cavalos e o campo são os temas fortes de um resort turístico projectado para a zona conhecida como Cabo da Lezíria. O novo pólo de animação pretende aproveitar os edifícios já existentes e reconverte-los em infra-estruturas de apoio.

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s lezírias, situadas em frente a Vila Franca de Xira, na margem Sul do Rio Tejo são um ex-líbris ribatejano que se caracterizam morfologicamente como planícies. São ocupadas por culturas, como o trigo, e por manadas de touros em pastagem, bem como rebanhos de ovelhas. A área de intervenção do Pólo do Cabo Lezírias Parque Temático Resort, com cerca de 23 hectares, situa-se em terrenos de lezíria, na margem esquerda do Tejo, imediatamente a sul da Ponte de Vila Franca e da estrada nacional 10, pertencentes à Companhia das Lezírias. Trata-se de um local designado por Cabo da Lezíria, onde se tomava o barco para a outra margem, ao qual se acede directamente através da estrada N10, a cerca de três quilómetros do acesso a auto-estrada A1.

O resort de animação turística aproveita um conjunto de edifícios, já existentes, interligados através das infra-estruturas de apoio, de forma a complementarem-se entre si. A adaptação dos edifícios existentes, foi conseguida com base no património edificado, dignificando em alguns casos específicos o respectivo imóvel, aliando a necessidade de criar condições de habitabilidade para a exploração comercial, a recuperação de um património já adulterado na sua génese em casos pontuais, prevendo-se a demolição de algumas construções provisórias sem qualquer qualidade (edificações precárias). Assim, todos os imóveis existentes serão integrados no contexto social, do empreendimento, através da actividade de exploração ou

divulgação que melhor se adapte, e onde se incute na população visitante a cultura da Lezíria e Ribatejo. Associada à recuperação do edificado, salienta-se a intervenção de regeneração dos espaços exteriores, onde a arquitectura paisagística irá dotar, este espaço de locais aprazíveis para as diversas actividades de lazer previstas. O empreendimento será dotado de um edifício de segurança para controlo de pessoas e primeiros socorros, um restaurante regional, um bar de apoio a dias de actividades na arena, um edifício administrativo, um edifício com dois restaurantes temáticos, um Hotel de 3*, quatro lojas de produtos regionais, um Ginásio, um balneário de apoio, um pavilhão poliva-


PROJECTO

EQUIPAMENTOS EXISTENTES

EQUIPAMENTOS EXTERIORES

Casa do cantoneiro Será adaptada a edifício administrativo para recepção e segurança.

Praça do Tejo Junto à margem do Tejo, no final da estrada existente é criada uma grande praça aglutinadora, que projecta para a paisagem ribeirinha e faz a distribuição para os vários espaços do Parque. Um dos elementos marcantes é o conjunto de caminhos em madeira, formando arcos de circunferência cruzadas pelos seus raios. Estes caminhos, nalguns casos transformam-se em decks que se aproximam das águas do Tejo. Esta praça dá acesso a uma segunda praça em círculo, junto ao hotel temático e envolvendo os silos, que será o átrio da parte mais privada do Parque, depois de atravessada a vala existente.

Armazém e Boxes Perto da arena, será adaptado um bar típico, que servirá de apoio aos visitantes de toda esta zona mais pública e de eventos vários. Arena e Curros Mantém-se com a actividade usual. Picadeiro A erguer na zona envolvente aos curros, e em materiais amovíveis, madeiras tratadas. Silos Antigos celeiros que serão adaptados a recepção e escritórios e da empresa exploradora, com uma envolvente ajardinada. Restaurantes Ex-cavalariças e armazéns, serão adaptados dois restaurantes temáticos, de apoio aos visitantes e ao Hotel. Hotel Antigas oficinas agrícolas, neste local será adaptado a um Hotel de 3* que servirá para satisfazer um público visitante, os participantes de concursos internacionais que já são habituais na Coudelaria da Companhia das Lezírias em Braço de Prata. Zona Comercial Zona de antigas casas de ex-empregados da Cª Lezírias, será criada uma área comercial de promoção dos produtos produzidos pela empresa, como tema o típico e o regional. Ginásio / Health Club Complementarmente ao desporto de espaço aberto é criado um equipamento de apoio desportivo e de saúde. Pavilhão Polivalente Antigo armazém, destina-se a realização de eventos, nomeadamente casamentos com percursos até á igreja de Alcamé, congressos, formação para empresas, local de exposições, recepções ao público, etc.

Área de Feiras e Eventos Grande área informal onde será possível realizar eventos ao ar livre, como feiras, festas, mostras, reactivar os jogos de campinos e cabrestos, o jogo da caça ao barrete, etc. Área de Eventos Como a anterior, esta área destina-se a eventos ao ar livre, mas neste caso mais de carácter desportivo, nomeadamente relacionados com a tauromaquia e a equitação e outras iniciativas. Centro Equestre / Picadeiro Junto à área anterior e justaposta à arena existente, localiza-se o centro equestre, uma área circular, contornada por uma bateria de boxes para cavalos, um recinto para volteio e um picadeiro para actividade equestre. Arena / Tentadero Junto à arena e aos curros existentes serão construídas bancadas em madeiras tratadas. Na área envolvente será cercada por madeiras tratadas, criando uma praça aberta com algumas estruturas amovíveis para apoio aos espectáculos, sejam tauromáquicos, folclóricos, musicais, performances, etc. Jardins Temáticos e labirintos Junto ao hotel serão implantados vários mosaicos geométricos destinados a culturas de cereais e plantas aromáticas, espaços para a prática de jogos e brincadeiras ligadas a actividades desportivas e recreativas. O labirinto mais pequeno, será mais um apelo à história agrícola do terreno, constituída por um círculo com 100 metros de diâmetro, onde é inscrito um labirinto, cujos corredores são ladeados por sebes de 2 metros de altura e que conduzem o utente por um mosaico de culturas tipicamente da lezíria, como sejam o trigo, a cevada, o centeio, a beterraba, o tomate, o milho ou o girassol, cujas culturas serão alternadas anualmente. O labirinto maior, na restante área agrícola disponível, será utilizado de acordo com o sistema poisio alternando o girassol e o milho com o descanso de uma parcela de terra. Como são espécies que facilmente chegam aos 2 metros de altura provocam sensações de descoberta e aventura por quem andar ao meio delas em trilhos desenhados pelos tractores quando da sementeira ou sobrevoando-os em balões de ar quente e ver o desenho deste enigma. Aquaparque / jogos de água Junto dos balneários infantis, fica prevista uma área para a colocação de uma piscina amovível com estruturas lúdicas para crianças tendo por tema a rica fauna do rio Tejo, na decoração e modelagem dos equipamentos lúdicos Parque Infantil Junto da área anterior será implantado um parque infantil, playground temático associado à etnografia da Lezíria, desenhando, decorando e moldando os aparelhos com estes ícones e cores.

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Ex-Cavalariças Perto da arena, será adaptado um restaurante regional, que servirá de apoio aos visitantes de toda esta zona mais pública e de eventos vários.


PROJECTO

PARQUE TEMÁTICO DAS LEZÍRIAS

ELEMENTOS ESCULTÓRICOS Ficam previstos dois locais para colocação de elementos escultóricos, que confiram uma imagem forte com densidade cultural ao Parque. A primeira delas localiza-se na área de feiras e eventos, onde visualizamos uma escultura em madeira, tipo arqueologia agrícola. A segunda é localizada na zona da praça central e poderá conter um elemento de água. Por todo o recinto do Parque Temático, será povoado de esculturas, ícones das Lezírias em grande escala.

ÁREAS VERDES Áreas verdes regadas Junto dos edifícios serão ajardinadas algumas áreas, as quais serão regadas, sejam pequenos relvados, sejam áreas herbaceo-arbustivas. Áreas verdes de sequeiro A maior parte do terreno é mantida com o revestimento de vegetação típica de pousio, de forma a preservar os solos e a paisagem. A minimização das áreas regadas parece-nos ser um imperativo de sustentabilidade, pelo que a valorização das áreas de sequeiro no âmbito de um Parque deste tipo é essencial.

ESTRUTURA ARBÓREA São preservadas as árvores existentes e é proposta uma estrutura complementar, constituída por alinhamentos acompanhando os caminhos e algumas valas, e por maciços pontuais, junto das áreas ajardinadas.

PAVIMENTOS A impermeabilização do solo será reduzida ao mínimo indispensável, optando-se também pela minimização das áreas pavimentadas e tanto quanto possível pelos pavimentos permeáveis.

lente para eventos, jardins temáticos com culturas diversas para diversão e entretenimento, labirintos lúdicos com culturas agrícolas e espaço com piscina e parque infantil. VIVER A CULTURA CAMPINA Neste parque temático os visitantes de todas as idades poderão sentir e viver a cultura campina das Lezírias do Tejo, conhecer a sua história, familiarizar-se com a sua actividade agrícola e com as tradições dos cavaleiros campestres, conhecer a arquitectura das casas palafitas ou lacustres dos avieiros, sentir a força única do toiro e a raça do cavalo lusitano.

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Os colaboradores e animadores do Parque terão como fardas, trajes de trabalho de actividades rurais como o cavador das quintas, rodador, valador, campino, ceifeira, mondadeira, entre outros como o salineiro, ferreiro, cocheiro e queijeira. Entre as actividades propõem-se passeios no barco varino Liberdade, percursos por trilhos de valas e caminhos de arrozais, milheirais, e alguma esteva, observar como se lida com toiros bravos, conhecer a hidráulica do Tejo e a dinâmica do controlo da água e da regularização das cheias, etc.


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DOSSIER

PAVIMENTOS E REVESTIMENTOS

AGRADAR

É A PALAVRA DE ORDEM TEXTO DE RAQUEL RIO

/// Actualmente, o consumidor final e os profissionais do sector possuem um vasto leque de materiais à disposição, com cores e texturas inusitadas para diversos usos e gostos. A personalização e o conforto estão na moda

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e a preocupação dos fabricantes é sempre a mesma: agradar!


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PAVIMENTOS E REVESTIMENTOS

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erante as novas tendências, as opções de pavimentos são cada vez mais diversificadas, mas, além dos aspectos estéticos, a escolha vai depender da finalidade. O desenvolvimento tecnológico e de conceitos, aliado à profusão de lançamentos, adquiriu um ritmo intenso, oferecendo ao mercado cada vez mais escolhas de qualidade. Essa evolução é constante, agregando valor em termos de qualidade tecnológica aos produtos cerâmicos, porcelanatos e produtos de cimento, bem como aos sintéticos, vinílicos e têxteis. Além da necessidade de adequar a especificação do piso à sua finalidade, tanto em ambientes internos quanto em externos, há que não esquecer os aspectos relacionados com a manutenção, considerando o uso dos espaços e equipamentos, acessos, e disponibilidade de mão-de-obra, com o objectivo de encontrar soluções práticas, de baixo custo e ecológicas, sem desperdício de energia e de recursos naturais. Há um forte apelo ecológico e minimalista nos projectos de arquitectura. Os revestimentos de aspecto natural estão em alta, trazendo a

madeira de volta ao revestimento de pisos e paredes, com os laminados industrializados em alternativa. A inspiração aplica-se igualmente aos cerâmicos que copiam de forma quase perfeita os elementos naturais, como os porcelanatos com aspecto de madeira e granitos. A pedra natural mantém as preferências de muitos utilizadores, mas os pisos reciclados e as cerâmicas para exteriores, que estão cada vez mais acessíveis, tendem a tomar conta desse espaço. A pedra está na moda, mas com uma nova cara. É a vez dos pequenos formatos, dos produtos diferenciados, com rochas renovadas, reconhecidas. A chegada de novas tecnologias de precisão ao processamento das pedras permitiu a produção de lâminas mais finas, reduzindo o peso das placas e mantendo sua resistência. Resistentes, duráveis e de manutenção simples, as pedras polidas criam um ambiente sofisticado para outras áreas comuns, além de

cozinhas e casas de banho. A arte dos efeitos visuais produzidos pela composição de formas geométricas ganha espaço nas paredes. O resultado acaba em revestimentos sofisticados, que promovem movimento e interacção em ambientes internos. Na mesma tendência – a do volume – surgem mosaicos com composições em vários tamanhos e superfícies desniveladas. Também no sector dos pavimentos cerâmicos para uso em interiores, a quantidade de produtos disponibilizados pelo mercado é imensa, em termos de fabricantes, dimensões, estilos, resistência, acabamento, processo de aplicação. Estes pisos têm a seu favor a durabilidade, a imunidade a manchas e facilidade de manutenção, permitindo a composição de espaços que variam do luxuoso ao rústico, conforme o material empregado. Suave e aconchegante, a alcatifa voltou a


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ter presença marcante nos serviços e hotelaria. Reabilitada pelas novas tecnologias, apresenta-se hoje em diversos padrões e texturas, produzidos através de diferentes processos de fabrico, em placas, rolos e mantas.

presente, até pela facilidade de composição.

As fibras sintéticas, como o polipropileno, estão em alta, por serem antialergénicas – e, em alguns casos, antibacterianas e resistentes à luz solar –, resistentes a manchas e desgaste, inclusive quando aplicados em áreas de movimentação mais intensa, e permitirem manutenção fácil.

A textura dos produtos pode apresentar detalhes em brilho reproduzindo o efeito do toque acetinado.

Os efeitos tornaram-se sofisticados com a utilização de fios metálicos e outros efeitos em tapetes, a renovação do tradicional e novas cores e texturas. Além dos pisos mais tradicionais, existem outras possibilidades no segmento de vinílicos, que podem ser encontrados em vários formatos e espessuras variáveis. Encontram espaço em projectos habitacionais modernos, criativos e arrojados. São resistentes, duráveis, de instalação geralmente rápida e de manutenção fácil e barata, tendo, ainda, a seu favor a ilimitada combinação de padrões e definição de desenhos, além de não perderam a cor. REGRESSO À NATUREZA Metais, flores, pedras, madeira, ecologia: estas são algumas das tendências que se impõem. A tendência do uso da madeira responde às necessidades de conforto, intimismo e regresso à natureza.

Os designers procuram inspiração nos metais expostos ao tempo, assumindo características idênticas à oxidação num mimetismo de contrastes enérgicos impressionantes. Os porcelanatos exibem também efeitos metalizados, graças a técnicas especiais de decoração usando partículas metálicas misturadas com componentes cerâmicos de decoração. O efeito metalizado por vem também com brilho, textura - esta em alta , seja ela discreta ou tirando partido - e lembrando o conceito urbano. O urbano e o contemporâneo confundem-se nas tendências que lembram o asfalto e o betão. Café, chocolate, carbono (do carvão ao diamante), as novas tonalidades do branco (“off white”) são cores que traduzem os novos elementos da cidade, mais humana e mais sensível. Grandes formatos, acabamentos acetinado a fosco, com ou sem textura, ou efeito touch são outros elementos que vem junto com estas tendências, aplicando-se no betão, vidro, metal. HOTELARIA E SERVIÇOS Em ambientes que exigem baixo nível de ruídos e nos quais o piso é submetido a tráfego intenso de pessoas e à movimentação constante de cadeiras, como os escritórios, as escolhas recaem sobre as alcatifas e alguns tipos de pisos vinílicos.

A aposta passa por formatos alongados, veios aparentes e efeito envelhecido.

As placas vinílicas são perfeitamente adequadas a pisos flutuantes e estão disponíveis mesmo com capas em PVC, que abafa os ruídos, e poliuretano de alta resistência ao desgaste.

Os formatos rectangulares estão em alta, finos ou mais largos, muitos lembrando as antigas tábuas corridas, outros decks e até tacos. Mas o formato quadrado também está

Embora com exigências e tipos de materiais distintos, a orientação para a aplicação de pavimentos em hotéis é semelhante. Neste caso é fundamental garantir o conforto e a pre-

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Porém, as produzidas com fibras naturais, como algodão e lã, mantêm o seu espaço, incorporando novidades como os materiais recicláveis. As alcatifas, sobretudo as que são fabricadas com fibras sintéticas, contam com controlo estático e tratamento anti-fogo e apresentam vantagens a nível do isolamento acústico.

No metal ganham os efeitos oxidados, os metais nobres (como chumbo, ouro, prata, cobre, ferro) e o jogo entre brilhante e fosco.


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PAVIMENTOS E REVESTIMENTOS

servação da privacidade dos hóspedes, bem como uma manutenção prática. São novamente os vinílicos e os pisos têxteis sintéticos em rolo que melhor correspondem a essas necessidades, reunindo qualidades acústicas, antibacterianas e antialergénicas, no mesmo tempo que retêm o pó em suspensão no ambiente. No segmento de hotelaria a tendência são as texturas mais confortáveis, com desenhos delicados e requintados, e cresce a procura por produtos antiácaros. Por outro lado, a resistência e durabilidade dos pisos de origem mineral, como os cerâmicos, mármores e granitos, ao lado dos vinílicos mais consistentes, tornam-nos ideais para aplicação em áreas comuns, de intenso tráfego de pessoas e de carrinhos para o transporte de bagagem, ao que acresce a facilidade de limpeza. Os mesmos conceitos são válidos para centros de congressos, salas e auditórios, que pedem isolamento térmico e acústico, bem como o uso de materiais antialergénicos. As possibilidades decorativas e opções de desenho são imensas devido a grande variedade de cores, padrões e texturas disponíveis.

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Pisos que não propiciem alergia nem a proliferação de bactérias e fungos são essenciais em ambientes hospitalares. Revestimentos sem juntas, como os monolíticos ou vinílicos em rolos com juntas soldáveis garantem a assepsia necessária. Nesse campo, existem os vinílicos em manta, com espessura variável, com PVC expandido e camada de poliuretano, que ajudam na redução do nível de ruído, são resistentes a manchas e de fácil limpeza. Outras características passíveis de serem encontradas nesse tipo de piso, conforme a es-

pecificação, referem-se à resistência a abrasão e resistência electrostática, aspectos determinantes para a aplicação em salas cirúrgicas, de anestesia e recuperação.

cos em sua composição. Além disso, os módulos podem ser rapidamente substituídos.

O próprio linóleo, nas suas novas versões, também atende esses requisitos e possui uma infinidade de cores e aplicações, permitindo recortes e a elaboração de composições, criativas sóbrias ou alegres.

Produtos resistentes a alto nível de tráfego e limpeza simples, por outro lado, são os mais recomendados para o piso de lojas. Granito polido, placas e mantas vinílicas e pisos cerâmicos atendem a essas exigências, adequando-se às necessidades de cada conceito, dos mais rústicos aos mais sofisticados.

Pedras polidas e pisos cerâmicos, ao lado da madeira, também podem ser utilizados, mas somente em áreas públicas e de intensa movimentação, como na área de recepção.

Mas é possível, encontrar também no mercado pisos têxteis que atendem aos requisitos essenciais, criando uma decoração mais aconchegante, com baixo nível de ruído.

ZONAS COMERCIAIS Em locais com exigências específicas, como os restaurantes, devem ser considerados factores como a intensa circulação de transeuntes, contacto com alimentos e bebidas e necessidade de manutenção rápida e pouco dispendiosa. Nesse contexto, uma das opções pode ser os vinílicos e pisos contínuos, em mantas ou placas impermeáveis, resistentes à movimentação intensa, com tratamento anti-ruído. Para esses locais, os profissionais ainda têm a disposição uma vasta gama de pisos cerâmicos e porcelanatos, laváveis e com variados tipos de acabamento e níveis de resistência, assim como as pranchas de madeira, especialmente as de superfície mais espessa. Já as pedras polidas são geralmente indicadas para uma decoração mais requintada e luxuosa. Também as alcatifas têm lugar nesses ambientes. Alguns produtos, especialmente os apresentados em placas, de composição sintética, são duráveis e resistentes a manchas e desgaste, possuindo elementos antialergéni-

Devido às suas características, os pisos vinílicos, ainda que com exigências menores, também são as vedetas no ambiente escolar. Resistentes a manchas, ao intenso e contínuo tráfego, essa família de pisos – na qual se incluem as novas versões do linóleo –, são laváveis e de fácil conservação, pois dispensam a aplicação de ceras e outros protectores. Com grande variedade de tons, este tipo de produto permite a mais variada combinação de cores e formas, essenciais para a criação de ambientes alegres ou suaves, e podem ter bom isolamento acústico. Pisos frios, como cerâmicas e pedras polidas, e madeira, podem ser usados em zonas de recepção, salas de professores e gabinetes, sendo igualmente adequados para estes últimos, os pisos têxteis de alta resistência, como os usados em escritórios. O piso frio tem a grande vantagem da baixíssima manutenção em longo prazo, mas não garante garantem o mesmo conforto térmico e acústico ao ambiente. Já, o avanço dos laminados facilitou muito a opção por este material, pois além de baixa manutenção oferecem uma gama imensa de acabamentos e cores que



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PAVIMENTOS E REVESTIMENTOS

não deixam nada a desejar à madeira natural, além da garantia de durabilidade. PAVIMENTOS EXTERIORES A escolha do material mais adequado deve fazer-se em função de factores estéticos e funcionais. De modo geral, os pisos para exteriores devem oferecer boa resistência e durabilidade, ser pouco escorregadios e não necessitar de grandes cuidados na manutenção. Dependendo da aplicação, podem apresentar uma textura mais ou menos rústica e ser mais ou menos permeáveis. Por estarem sujeitos a alterações de temperatura significativas, é adequado optar por revestimentos porcelânicos, para aplicação em ambientes exteriores. Estes suportam melhor as cargas, choque e abrasão, que os produtos cerâmicos regulares, pois têm um nível de absorção de água muito inferior. Os mosaicos com acabamento natural apresentam uma aderência superior aos polidos, podendo optar ainda, caso necessário por um acabamento anti-derrapante. O mosaico cerâmico vidrado, poderá ser uma alternativa para exterior, devido ao tipo de acabamento que lhe confere maior impermeabilização, mas com menor resistência. Os revestimentos cerâmicos, quer de pavimentos ou de paredes, são como uma pele protectora que os protege contra os factores externos naturais caracterizando-se por uma menor manutenção e uma maior facilidade de limpeza.

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As placas cerâmicas, com superfície rústica, lisa ou antiderrapante, são indicadas para zonas de tráfego intenso de pessoas, pois requerem pouca manutenção, mas também podem ser utilizadas em interiores e em fachadas, pois são resistentes ao calor, sol e à humidade. Também se aplicam nesse caso as linhas em porcelanato, com peças em dimensões e acabamentos variáveis, para áreas de pouco ou intenso tráfego, por vezes com superfície antiderrapante, e concebidas para utilização em ambientes externos especialmente. A pedra natural é outra das possibilidades. Ardósias e xistos oferecem uma gama de tons diversificada e apresentam uma elevada resistência ao desgaste. Os quartzitos, também rochas metamórficas, variam entre os brancos, amarelos, rosas

ou verdes e são particularmente resistentes à abrasão. Os calcários, que são compostos maioritariamente por sílica, são rochas mais porosas e com menos resistência ao choque. Podem ser uma boa solução para o revestimento de áreas de piscina, por não reter calor e possuir certa permeabilidade, o que evita a formação de lençóis de água. Os granitos são geralmente, aplicados em pavimentos exteriores sob a forma de cubos ou placas e variam entre os negros, cinzas e rosas. Apresentam excelente resistência à compressão e muito pouca permeabilidade. Já os mármores são normalmente considerados pouco indicados para pavimentos exteriores. Como alternativa à aplicação de placas ou ladrilhos, existem soluções como a pedra rolada, semi-rolada e moída que consistem na aplicação de rochas de menor dimensão, soltas, sobre uma almofada de areia, com uma drenagem eficaz. Podem ser usados vários tipos de pedras ou uma mistura de materiais (como por exemplo, casca de pinheiro ou tijolo moído). As placas de betão constituem uma solução com elevada resistência ao desgaste, sem perda de cor e economicamente acessível. São feitas em betão prensado, simples ou com granulados de brita ou seixo, cinza ou com cores. Existem placas que recriam o desenho da calçada ou imitam diferentes tipos de pedra. As grelhas, vulgarmente designadas por “grelhas de enrelvamento”, são blocos vazados cuja principal vantagem é permitirem o crescimento de vegetação e a redução da área de terreno impermeabilizada. Os blocos de encaixe são ocos por dentro e estão disponíveis em diferentes cores e formatos, sendo possível recolocá-los. Para a aplicação das placas e blocos é necessário garantir uma boa drenagem no terreno de assentamento. A protecção e manutenção é feita através de impregnação e tratamento anti-musgos. Neste tipo de revestimento pode também ser aplicada tinta para pavimentos.

A madeira também pode ser usada em exteriores podendo ser aplicada sobre uma laje ou estrutura também em madeira, através da fixação, visível ou oculta, de réguas maciças. Geralmente são utilizadas madeiras maciças, sujeitas a tratamentos que as tornam mais estáveis em situações de grandes variações de temperatura e humidade, bem como aos ataques xilófagos. Quando a zona a revestir é reduzida, podem ser aplicadas placas de madeira (compostas por várias lâminas), que imitam um deck e se encaixam entre si com um sistema de mola. O deck é aplicado sobre barrotes de madeira por meio de ferragem (fixação oculta) ou aparafusado directamente aos barrotes. Este tipo de revestimento pode ser liso ou ranhurado. O deck é especialmente concebido para ser aplicado no exterior mais propriamente nos jardins e acabamentos de piscinas. PAVIMENTOS DESPORTIVOS Os pavimentos em borracha reciclada e materiais sintéticos são indicados especialmente para revestir zonas de lazer ou de actividades desportivas. A espessura deve ser escolhida conforme o grau de absorção de impacto. O pavimento é um dos elementos mais importantes do recinto desportivo, contribuindo para o bom desempenho dos desportistas, possibilitando a aplicação de técnicas típicas de cada actividade e minimizando riscos de traumas e cansaço físico. Nos recintos desportivos e salas polivalentes podem ser aplicados revestimentos de piso contínuo. Dispõem de uma camada de uso com base de resinas de poliuretano, aplicada in situ sobre mantas resilientes alveolares com base em grânulos de borracha sintética aglomerados com resina de poliuretano, previamente coladas ao suporte. A resina sintética para exterior utiliza-se em todas as superfícies, cobertas ou exteriores, servindo para a prática de várias modalidades. O pavimento de segurança foi concebido



DOSSIER

PAVIMENTOS E REVESTIMENTOS

Em áreas de intensa circulação, que precisam de suportar maquinaria pesada e em salas limpas, existem os autonivelantes de alta resistência. Os revestimentos metálicos podem ser usados em situações específicas. Estes pisos podem ser produzidos em aço inoxidável e receber tratamentos superficiais como a galvanização, que oferecem protecção adicional contra a corrosão. Pela facilidade de limpeza e manutenção, esse tipo de solução tem sido aplicada em locais com exigências alimentares.

com o objectivo de amortecer os impactos das quedas, usando-se em áreas de lazer, parques infantis, etc. Os materiais que não tenham uma propriedade de amortecimento do impacto significativas (os tijolos, betão, as pedras, materiais betuminosos, o macadame e a madeira) não devem ser utilizados na superfície de impacto. Um dos factores a considerar é o tipo de superfície sobre a qual vai ser instalado o equipamento. O solo deve ser uniforme, sem obstáculos e sem variações bruscas de nível para amortecer o impacto na zona de queda. Nas áreas de jogos, os acidentes ocorrem por diversos motivos. Os ferimentos mais graves são os que afectam a cabeça. Para evitar este tipo de lesões, a norma EN-1177 aplica uma série de ensaios sobre diferentes tipos de superfícies de maneira a determinar o seu nível de amortecimento ao impacto.

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PAVIMENTOS INDUSTRIAIS O aperfeiçoamento das técnicas de execução associado ao desenvolvimento de fibras estruturais e à adopção de critérios de dimensionamento mais avançados permitiram melhorar o desempenho e durabilidade aos pisos industriais. A necessidade da indústria assegurar altos índices de produtividade e reduzir custos e paragens para manutenção impôs novas

formas de projectar e executar pisos industriais. A introdução de equipamentos mecânicos mais sofisticados fez crescer as exigências. Mais do que a oferta de superfícies resistentes e económicas procuram-se agora pisos extremamente planos, com elevada resistência à abrasão, seguros e capazes de suportar condições cada vez mais severas de impacto e esforço. A resposta ao aumento de exigências foi um maior leque de opções de sistemas para execução de pavimentos, bem como de revestimentos superficiais. Uma das soluções mais difundidas é a utilização de betão com endurecedores de superfície, uma técnica com uma relação custo / qualidade adequada para situações de baixa ou média exigência dos utilizadores. Em geral, a concepção de um pavimento industrial toma como principal ponto de partida a especificidade de uso. Áreas com grandes cargas sugerem a adopção de fibras de aço, armadura dupla ou betão pré-esforçado. Em contrapartida, áreas de estacionamento e cargas mais leves tendem a ser mais competitivas com as macrofibras. O mesmo ocorre com os acabamentos: para áreas molhadas, há os revestimentos antiderrapantes; para atingir graus elevados de higiene, há os pisos contínuos. Outra solução é a utilização de argamassas autonivelantes de base cimentícia. Um terceiro grupo de soluções envolve a utilização de resinas sintéticas que podem ser à base de, entre outros, poliuretano, metacrilatos ou epóxidos.

Além disso, graças às perfurações e vazios entre os perfis, esse tipo de solução favorece a ventilação e a passagem de luz. Em determinados sectores industriais, as normas vigentes exigem determinadas características, em matéria de higiene e segurança ocupacional quanto ao piso. A qualidade de um pavimento industrial está fortemente condicionada por factores diversificados mas interligados como sejam projecto estrutural, qualidade dos materiais, qualidade de execução, controlo de qualidade, protecção, conservação e manutenção. As especificações deve incluir o tipo de revestimento, o desempenho expectável, graus de resistência química ou mecânica, espessuras, entre outros. Além disso, devem ser identificados e descritos alguns pormenores construtivos específicos como sejam ligações entre materiais de diferente natureza, juntas estruturais ou pontos de evacuação de águas. A escolha de um piso deve estar de acordo com o uso e as solicitações em que estará envolvido. Os pavimentos industriais devem satisfazer exigências estéticas e funcionais: os tipos e fins que se visa obter, exigências de segurança, com as quais se pretende garantir a integridade física dos ocupantes, exigências de durabilidade, com as quais se visa garantir a manutenção das qualidades do revestimento e exigências de habitabilidade, destinadas a assegurar, por um lado, as condições indispensáveis à vida fisiológica dos ocupantes e, por outro, as necessárias condições de conforto dos utentes.



ENGENHARIA

MICROESTRUTURA DOS MATERIAIS

O PEQUENO GRANDE MUNDO DOS CIMENTOS Carla Costa

ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

Patrícia Almeida Carvalho IST – Instituto Superior Técnico

/// O controlo da microestrutura dos materiais de base cimentícia, essencial para a optimização das propriedades à escala macroscópica, é fundamental para o desenvolvimento de materiais inovadores e técnicas construtivas sustentáveis. No entanto, o actual conhecimento da microestrutura dos materiais de base

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cimentícia, e da sua relação com o desempenho, é ainda insuficiente, carecendo de investigação sistemática.


ENGENHARIA

À

escala microscópica, os materiais de base cimentícia são constituídos por fases sólidas e uma rede porosa, no interior da qual se encontram fases nos estados líquido e gasoso. Esta microestrutura complexa sofre ainda alterações ao longo do tempo em função das condições de serviço. A organização interna destes materiais é, portanto, um “imenso mundo” de estudo necessário à sua compreensão. A microscopia electrónica de varrimento é uma técnica experimental que permite caracterizar de modo eficaz e versátil a microestrutura dos materiais cimentícios ao nível da arquitectura interna dos sistemas e da sua composição química local. MICROESTRUTURA A microestrutura dos materiais de base cimentícia é determinada essencialmente pelas reacções químicas entre os constituintes do cimento e a água, sendo influenciada por factores tais como: (i) tipo de cimento usado, em termos de composição química e mineralógica, e grau de finura (ii) razão água/cimento; (iii) processo de mistura; (iv) condições de cura; e (v) natureza, quantidade e dimensão de inertes ou outros aditivos.

Etapa 1 - Nos primeiros minutos a água reage com: (i) aluminatos de cálcio (C3A e C4AF) e gesso (C ), dando origem a cristais curtos de tri sulfoaluminato de cálcio hidratado (AFt); (ii) silicato tricálcico (C3S), formando um gel amorfo de silicato de cálcio hidratado (C-S-H) e hidróxido de cálcio (CH). Etapa 2 - Após aproximadamente 10 horas, a reacção da água com os silicatos de cálcio (C3S e C2S) prossegue, formando se uma camada adicional de C S H em torno dos grãos, que se designa correntemente por “C S H exterior”; Etapa 3 - Cerca das 18 horas inicia-se uma reacção de hidratação secundária dos aluminatos (C3A e C4AF) formando se compostos aciculares longos de AFt. Continua a formar-se C S H, que a partir desta etapa se designa por “interior” uma vez que se deposita dentro da camada de hidratação formada nas etapas anteriores;

Etapa 4 - Entre 1 e 3 dias a hidratação prossegue a uma velocidade lenta, correspondente a reacções em estado sólido. Continua a formar se “C S H interior” e aparece uma nova fase de aluminato, mono sulfoaluminato de cálcio hidratado (AFm). Etapa 5 - As reacções de hidratação continuam ao longo dos anos, formando se “C S H interior” adicional. Assim, ao endurecer, estes materiais assumem uma organização microestrutural complexa que apresenta variações locais ao nível da composição química, dimensão, morfologia, distribuição espacial e cristalinidade das fases sólidas. A microestrutura exibe ainda um sistema de poros com dimensão, forma, conectividade e distribuição espacial heterogéneas. No interior dos poros encontram-se fases líquidas e gasosas, essencialmente água não ligada quimicamente e ar que não tenha conseguido libertar se. Acresce que a microestrutura sofre alterações ao longo da vida dos materiais em resultado de processos químicos e físicos que se devem (i) ao facto de as reacções de hidratação que não cessarem (embora tenham

A mistura dos grãos de cimento com água desencadeia uma série de reacções químicas de hidratação que ocorrem a velocidades diferentes e que se influenciam mutuamente, conduzindo a alterações químicas, físicas e mecânicas do sistema. Os compostos hidratados aderem uns aos outros conferindo ao cimento propriedades coesivas e adesivas. À escala macroscópica, o processo de hidratação conduz à conversão da suspensão água-cimento numa matriz sólida - microscopicamente heterogénea e porosa - que serve de ligante nos materiais de base cimentícia. O mecanismo de hidratação do cimento é complexo e não está ainda totalmente esclarecido. Na Figura 1 apresenta-se um esquema simplificado das suas etapas:

Figura 1 – Etapas de hidratação de um grão de cimento poliminerálico: C3S silicato tricálcico; C2S silicato bicálcico; C3A aluminato tricálcico e C4AF aluminoferrato tetracálcico; C S H silicato de cálcio hidratado; AFt tri sulfoaluminato de cálcio hidratado; AFm mono sulfoaluminato de cálcio hidratado. Dimensões: grão de cimento – 1 a 90 μm; C3S – 25 a 65 μm; C2S – 20 a 40 μm; C3A – 1 a 60 μm. (representação baseada em: Scrivener, K.L., The Development of Microstructure During the Hydration of Cement, PhD Thesis, University of London, 1984)

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O cimento mais utilizado, Portland, é comercializado na forma de grãos com dimensões entre 1 e 90 μm, sendo constituído por: (i) silicato tricálcico (C3S 30 a 70%); (ii) silicato bicálcico (C2S 10 a 55 %); (iii) aluminato tricálcico (C3A 0 a 15 %); (iv) aluminoferrato tetracálcico (C4AF 5 a 15%) e (v) sulfato de cálcio i.e, gesso (C - 3 a 8%).


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MICROESTRUTURA DOS MATERIAIS

velocidades menores para graus de hidratação elevados) e (ii) à existência de reacções químicas com constituintes do meio ambiente. Na realidade, a microestrutura destes materiais é ainda mais complexa do que o descrito porque (i) muitos dos compostos referidos apresentam outros elementos químicos na sua estrutura e (ii) estão também presentes compostos químicos minoritários, que podem desempenhar papéis relevantes no processo de hidratação e condicionar as propriedades dos materiais. Porém, em síntese, pode considerarse que os materiais de base cimentícia são constituídos por: • fases sólidas: (i) produtos das reacções de hidratação (C S H, CH, AFt e AFm sendo os C-S-H os principais constituintes da matriz ligante), (ii) grãos de cimento por reagir e (iii) inertes.

dos materiais de base cimentícia enquanto materiais estruturais, nomeadamente, a resistência à compressão, a estabilidade dimensional e a durabilidade, dependem da sua microestrutura. Resistência à compressão A elevada resistência à compressão dos materiais de base cimentícia deve-se essencialmente às ligações de Van der Waals que os C S H estabelecem entre si, e que são responsáveis pela coesão das fases sólidas presentes. Dado que a resistência mecânica dos materiais de base cimentícia advém dos sólidos que o constituem, a existência de poros é prejudicial. A porosidade pode ser minimizada reduzindo a razão água-cimento, que no entanto tem que ser suficientemente elevada para assegurar a hidratação total dos constituintes do cimento. Estabilidade dimensional

• poros de várias dimensões, formas e conectividades, que estão distribuídos heterogeneamente; • água no interior da rede porosa ou ligada aos produtos das reacções de hidratação CORRELAÇÃO ENTRE MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES As propriedades macroscópicas relevantes

Nos materiais de base cimentícia podem ocorrer alterações dimensionais por retracção ou expansão cuja origem está, normalmente, na matriz ligante. As principais causas de retracção são: (i) menor volume dos produtos das reacções de hidratação quando comparados com os reagentes; e (ii) dessecação que consiste na perda da água líquida presente no sistema de poros, essencialmente, por evaporação. Nas etapas iniciais de hidratação, a eva-

poração conduz à formação de meniscos no líquido remanescente. A tensão superficial nestes meniscos gera tracção no material adjacente induzindo deformação plástica nas paredes dos poros. Este fenómeno origina retracção que se não for uniforme pode resultar em fissuração. No caso de materiais com elevado grau de hidratação, a evaporação da água adsorvida conduz a um aumento da energia de superfície das próprias paredes dos poros, que tendem a aproximar-se entre si, estabelecendo-se ligações de Van der Waals entre os compostos C-S-H que as constituem. Este fenómeno induz tensões de tracção que causam retracção e, eventualmente, fissuração. A expansão deve se essencialmente à formação de compostos químicos de baixa densidade (volumosos) no interior da microestrutura, dependente da composição química, da cristalografia e da porosidade, bem como do ambiente de serviço. Por exemplo, os aluminatos hidratados na presença de iões sulfato dão origem a sulfoaluminatos de baixa densidade como a etringite. Durabilidade A deterioração dos materiais de base cimentícia ocorre devido a alterações microestruturais com origem, essencialmente, em reacções químicas entre as fases constituintes ou entres estas e substâncias presentes no meio ambiente. Os produtos das reacções químicas que conduzem à degradação podem (i) ser de baixa densidade, conduzindo à fissuração por expansão e/ou (ii) alterar o pH do meio, tornando as eventuais armaduras metálicas vulneráveis à corrosão. A velocidade a que estas reacções químicas ocorrem depende da facilidade com que as substâncias se difundem no interior da microestrutura, que é fortemente influenciada pelo sistema de poros. Em consequência, a durabilidade é favorecida em materiais pouco permeáveis ou seja, com porosidade reduzida.

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OBSERVAÇÃO POR MICROSCOPIA ELECTRÓNICA DE VARRIMENTO

Figura 2 – Representações esquemáticas da configuração de detecção e da interacção entre o feixe de electrões gerado pelo microscópio electrónico de varrimento e a amostra originando electrões secundários (ES), electrões retrodifundidos (ERD) e raios-X característicos (RX). Apenas se encontra representado a amplificação do sinal de ES e a formação de uma imagem rasterizada correspondente.

A microscopia electrónica de varrimento permite caracterizar a complexa microestrutura dos materiais de base cimentícia a várias escalas, devido a uma elevada resolução espacial (~1 nm) e extensa gama de ampliações (~20x até 100 000x). Adicionalmente, uma vez que a maioria dos instrumentos estão equipados com espectroscopia de dispersão de energia de raios X (EDX), é também possível



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MICROESTRUTURA DOS MATERIAIS

O conhecimento da microestrutura complexa e dinâmica dos materiais de base cimentícia é essencial para a correcta avaliação do desempenho e da durabilidade conducente a uma intervenção optimizada ao nível de projecto, execução e manutenção de obras de engenharia. Adicionalmente, apesar da sua utilização generalizada, e de uma aparente familiaridade, os avanços tecnológicos neste tipo de materiais têm sido relativamente lentos. No entanto, o desenvolvimento de materiais inovadores com propriedades optimizadas, multifuncionais e sustentáveis é determinante para a competitividade da indústria da construção e, consequentemente, tem impacto na economia do país. Em Portugal, o estudo da organização interna dos materiais de base cimentícia, até agora pouco expressivo, encontra-se em franco desenvolvimento.

efectuar microanálise em áreas com menos de 1 μm de diâmetro. Neste tipo de microscopia, as imagens são formadas por um feixe de electrões gerado na parte superior do microscópio. O feixe descreve uma trajectória helicoidal através de campos de lentes electromagnéticas, onde é focado, até incidir na superfície da amostra, “varrendo a”. A interacção do feixe incidente com o material observado conduz à dispersão ou retrodifusão dos electrões primários (ou incidentes), à ejecção de electrões dos átomos da amostra (electrões secundários) e à emissão de raios-X característicos dos elementos atómicos presentes na amostra. Estes sinais, usados tipicamente em análise microestrutural, são captados por detectores específicos e subsequentemente amplificados e enviados para um ecrã CCD (charge-coupled device) onde é formada uma imagem rasterizada. Na Figura 2 ilustrase a configuração de detecção e um detalhe da emissão dos três tipos de sinal a partir do volume de interacção. Observação com sinal de electrões secundários

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Os electrões secundários são emitidos em resultado de colisões inelásticas dos electrões incidentes com os átomos da amostra. Embora sejam gerados em todo o volume de interacção, têm baixa energia cinética (inferior a 50 eV) pelo que são emitidos pela amostra apenas os produzidos junto à superfície. Por esta razão, as imagens formadas com electrões secundários revelam detalhes topográficos a alta resolução. Este modo de observação é usado na análise de superfícies de fractura de materiais de base cimentícia para caracterizar e identificar a escala e a morfologia dos produtos de hidratação, especialmente dos que cristalizaram livremente à superfície de poros e fendas. No entanto, uma vez que esta técnica se baseia em contraste topográfico, as imagens resultantes são pouco explícitas no que diz respeito à interrelação das fases na arquitectura interna do sistema. Este modo de observação é particularmente útil na análise de materiais de base cimentícia que se encontrem em etapas iniciais de hidratação. Nos materiais com elevado grau de hidratação, o preenchimento dos poros impossibilita a observação de cristais

livres, dando origem a microestruturas topograficamente invariáveis. Observação com sinal de electrões retrodifundidos Os electrões retrodifundidos são electrões do feixe incidente ou primário que emergem da superfície da amostra com elevados ângulos de difusão em resultado de múltiplas colisões elásticas. Possuem elevada energia cinética (superior a 50 eV) pelo que conseguem emergir do volume de interacção a partir de maiores profundidades (Figura 2), dando por isso origem a imagens de menor resolução espacial do que as obtidas com electrões secundários. No entanto, como o contraste nestas imagens é gerado sobretudo por diferenças na composição química das fases - elementos químicos de maior densidade electrónica possuem coeficientes de retrodifusão superiores originando maior brilho - a observação com electrões retrodifundidos fornece informação relevante ao nível da composição química. O sinal de electrões retrodifundidos é usado na análise de secções planas polidas de materiais de base cimentícia. O facto de permitir avaliar a distribuição espacial das fases e dos poros, e o modo como se relacionam na estrutura interna numa extensa gama de ampliações faz deste modo de observação, a técnica mais abrangente, particularmente, quando associada a análises químicas locais por raios-X. Microanálise e mapeamento por raios-X A interacção dos electrões incidentes com a amostra dá também origem a uma série de fotões de raios X cuja energia é característica do elemento químico que o emite. Estes raios-X são gerados no volume de interacção descrito na Figura 2, que nos materiais cimentícios apresenta diâmetros típicos na casa dos 1–2 μm. A detecção dos raios X emitidos permite obter informação quantitativa sobre a composição química local a uma escala micrométrica, o que envolve a imobilização do feixe num ponto (análise pontual). Adicionalmente, fazendo varrer o feixe sobre a superfície da amostra, é possível obter mapas de distribuição espacial para cada elemento químico presente.



OPINIÃO

NOVO REGIME JURÍDICO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS

URBANISMO E PROTECÇÃO CIVIL /// A protecção civil e a forma como o espaço urbano se desenha caminharam, desde sempre, lado a lado. O terramoto que assolou Lisboa em 1755 e a consequente reorganização da Baixa Lisboeta é um exemplo paradigmático dessa ligação. Ele revela de que forma as catástrofes impõem novas formas de pensar a cidade. Porém, as últimas décadas são prolíferas em exemplos distintos do relacionamento entre estes dois campos.

N

os anos mais recentes, o Governo e, mais especificamente, o Ministério da Administração Interna tem apostado fortemente nesta matéria. O Novo Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndio em Edifícios e o Estudo de Risco Sísmico e de Tsunami são apenas duas medidas que comprovam o investimento forte e constante que temos vindo a realizar. O novo regime jurídico da segurança contra incêndio em edifícios reúne, num único diploma, legislação que se encontrava dispersa por um vasto número de diplomas avulsos. Este decreto-lei contempla um amplo conjunto de exigências técnicas relativas à concepção geral da arquitectura dos edifícios e recintos a construir, alterar ou ampliar, às disposições sobre construção, às instalações técnicas e aos sistemas e equipamentos de segurança.

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Tal regime jurídico, aprovado pelo Decretolei n.º 220/2008, engloba as disposições regulamentares de segurança contra incêndio em edifícios graduadas em função do risco de incêndio – decorrente da altura, do número de

pessoas que o utilizam, do calor susceptível de ser libertado em caso de incêndio e da utilização de caves, entre outros factores. Tais disposições são aplicáveis a todos os edifícios e recintos, demonstrando uma pretensão de exaustividade louvável.

ocorrências e na abertura de um novo ciclo de construção de infra-estruturas e de aquisição de equipamentos.

O regime, que adopta harmoniosamente o conteúdo das decisões comunitárias na matéria, prevê, por outro lado, que a fiscalização das condições de segurança contra incêndio nos vários tipos de edifícios e recintos passe a ser exercida no pleno respeito pelos direitos dos cidadãos e das empresas. Simultaneamente, consagra um regime sancionatório para a violação dos deveres que estabelece.

Por outro lado, o Governo está a desenvolver o Estudo de Risco Sísmico e de Tsunami para o Algarve. A elaboração de planos de emergência, envolvendo a identificação de riscos e a determinação das áreas mais expostas, corresponde hoje a uma estrita obrigação das autoridades públicas. No âmbito desses planos, a prevenção constitui o primeiro dos nossos objectivos – a que se adiciona, como é óbvio, a resposta adequada a minorar as consequências de calamidades inevitáveis ou até imprevisíveis.

O regime de segurança contra incêndio em edifícios enquadra-se numa reforma mais ampla do sector da protecção civil em Portugal. Uma reforma que se traduz na instituição de um quadro normativo estável e consensual, na criação de um modelo claro de financiamento, na valorização do planeamento de emergência, no aperfeiçoamento da formação, no reforço da resposta operacional às diferentes

Neste domínio, a Autoridade Nacional de Protecção Civil realizou em Maio de 2009, o exercício “PTQUAQUE” para exercitar a resposta operacional do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro (SIOPS) às diversas ocorrências de protecção civil associadas a um evento sísmico. O exercício foi muito profícuo, sobretudo, no que respeita aos mecanismos de assistência internacional.


OPINIÃO

O novo quadro de ameaças não escolhe regiões nem respeita fronteiras políticas. As ameaças estão interligadas e a distinção tradicional entre perigos naturais, riscos tecnológicos e consequências de actividades criminosas está cada vez mais esbatida. As valências da segurança interna e da protecção civil estão hoje mais próximas, correspondendo a duas faces do direito à segurança, que a Constituição da República Portuguesa consagra como direito fundamental dos cidadãos e obrigação primordial do Estado.

Para enfrentar os novos desafios que se nos colocam devemos ser solidários e partilhar responsabilidades. Garantir a protecção civil é uma tarefa de todos e para todos porque se destina a salvaguardar bens ambientais, comunitários e económicos essenciais para a nos-sa qualidade de vida, que temos o dever de transmitir nas melhores condições possíveis às gerações futuras.

protecção civil que responda com eficiência a acidentes e catástrofes naturais, procurando sempre adequar o espaço físico às necessidades do homem.

A protecção civil constitui um sistema complexo, que engloba civis e militares, polícias e bombeiros, técnicos de saúde e sapadores florestais, profissionais e voluntários e que se estende por vários níveis – nacional, distrital e concelhio -, exigindo uma cooperação muito estreita entre a Autoridade Nacional de Protecção Civil, os Governos Civis e as Câmaras Municipais. Neste contexto, a correcta articulação entre a arquitectura e a protecção civil é cada vez mais necessária. As infra-estruturas que servem os bombeiros exigem uma concepção que alie funcionalidade, tecnologia e acessibilidade. Também assim se constrói um sistema de

Rui Pereira, ministro da Administração Interna

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A protecção civil corresponde a uma das vertentes da segurança que tem de ser entendida numa perspectiva global e integrada, de modo a responder às novas ameaças. Ela desempenha um papel fundamental em múltiplos domínios, que abrangem desastres e catástrofes de várias espécies e englobam, no nosso país, fogos florestais, inundações, acidentes de vária ordem, derrocadas e tremores de terra. Por isso, a protecção civil passou a fazer parte da agenda política e assume-se, no novo século, como prioridade dos Estados e da comunidade internacional.


SEGURANÇA

59 MORTES EM 2008

CONSTRUÇÃO LIDERA

EM ACIDENTES MORTAIS TEXTO DE SOFIA DUTRA

/// Esmagamentos, quedas em altura e choque de objectos são as principais causas de morte na construção. Em Portugal, o sector lidera as estatísticas de acidentes mortais a nível nacional, com 59 incidências no ano passado. Também o número daqueles que ficam parcial ou totalmente incapacitados em sequência de acidentes laborais é considerável. Razões

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pelas quais é fundamental dar maior prioridade à segurança na construção.


ENTREVISTA

O inspector-geral salientou, no entanto, a “descida significativa” no sector da construção (de 28%) face às 82 ocorrências de 2007. “O aumento da fiscalização contribuiu para esta redução, assim como a maior consciencialização por parte das entidades empregadoras no sentido de cumprirem a lei e de criarem condições de trabalho seguras”, disse. A redução neste sector foi mesmo indicada como a grande responsável pela baixa do número de acidentes fatais totais. De acordo com a ACT, 2008 foi o ano que apresentou o menor número de acidentes mortais de trabalho na última década. No total, morreram 120 trabalhadores, menos 26,4% do que em 2007. "Continuamos a ter um número que consideramos elevado, mas 2008 foi o ano em que ocorreram menos acidentes mortais", salientou Paulo Morgado de Carvalho, lembrando o panorama negro da década de 90 em que "ocorriam cerca de 300 mortes por ano". QUARTA-FEIRA TEM MAIS MORTES As principais causas dos acidentes mortais foram esmagamentos, choques de objectos e quedas em altura (com 30, 28 e 17 ocorrências, respectivamente), seguidas por atropelamentos, electrocussões e soterramentos. A quarta-feira foi o dia da semana com mais mortes no local de trabalho (31), seguida pela terça-feira (25) e pela sexta-feira (20). À segunda-feira ocorreram 19 acidentes fatídicos, à quinta-feira 17 e, por último, ao sábado oito. Em termos distritais, Lisboa é o distrito onde houve maior número de acidentes (18), seguida por Braga (12), Aveiro e Santarém (ambas as cidades com 10). No outro limite está Portalegre, que não registou qualquer incidência de con-

sequências letais. Na área da construção, Lisboa também lidera em número de acidentes mortais (11), a que se segue Braga (oito), Santarém (seis) e Aveiro (cinco). Neste sector, além de em Portalegre, também em Beja não houve quaisquer mortes. De acordo com os dados da ACT, em 2008, morreram sete estrangeiros em trabalho na actividade: três brasileiros, dois angolanos e dois ucranianos. Em geral, as micro e pequenas empresas registaram mais acidentes mortais (49), mas no ano passado a ACT detectou também um elevado número nas grandes empresas (30). Concretamente no sector da construção: as empresas de menor dimensão (de um a nove trabalhadores) tiveram 24 acidentes letais; de 10 a 20 trabalhadores apresentaram oito ocorrências fatais; de 21 a 50 14 mortes; e com mais de 50 trabalhadores 13 óbitos. Em 2008, a ACT visitou 55 empresas por dia e descobriu quase 20 mil com "falsos" trabalhadores a prazo (nomeadamente temporários a preencher postos de trabalho permanentes) e até mil pessoas clandestinas. Entre os sectores que mais têm trabalhadores em situação ilegal está a construção civil, mas também a hotelaria e restauração, o comércio e os transportes. São também estas as empresas que mais violam direitos dos trabalhadores como a existência de seguro de acidentes de trabalho ou de exames de saúde. Segundo Morgado de Carvalho, a ACT conseguiu chegar a acordo com os patrões para regularizar a situação a 5 523 trabalhadores, mais 1 508 que em 2007. Deste modo, o número de contratos ilegais regularizados pelas empresas em consequência da acção da ACT aumentou 37,5%. No ano passado, os inspectores do trabalho visitaram 44 888 empresas, mais 17% que no ano anterior. O número de visitas efectuadas aumentou na mesma proporção, totalizando 71 390. Em virtude deste incremento da acção da inspecção, subiram também as advertências para a regularização de situações (66% para 7 722), as notificações para tomar medidas na área da segurança e saúde no trabalho (50,2% para 30 111) e os autos de notícia (7,8% para 14 392). Pelo contrário, as suspensões de actividade (situações de perigo grave iminente, especialmente verificadas no sector da construção) diminuíram 8,7%, somando 2 174.

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S

egundo os dados da ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho, em 2008 registaram-se 59 acidentes mortais no sector da construção, o que corresponde a quase metade dos acidentes mortais fatais assinalados a nível nacional (120). Este é, como tal, “o sector que regista o maior número de acidentes mortais”, afirmou Paulo Morgado de Carvalho, inspector-geral do trabalho, em conferência de imprensa, a 14 de Janeiro, para balanço do primeiro ano de actividade da ACT. Segue-se a indústria transformadora, com 30 casos registados.


SEGURANÇA

59 MORTES EM 2008

Ocorreram ainda 59 participações de crimes ao Ministério Público, mais 22 casos do que em 2007, o que se traduz num aumento de 59%. A subida é justificada pelo facto de agora estarem previstos mais crimes na área das condições de trabalho, onde se incluem as falências fraudulentas. No ano passado, a ACT arrecadou perto de 15,6 milhões de euros em coimas, mais 10,5% que em 2007. O inspector-geral do trabalho explicou, todavia, que as coimas abrandaram "em valores abstractos" (menos 6,3%), o que tem a ver com o facto da maior intervenção da entidade ter sido ao nível das micro e pequenas empresas. "Segundo o Código de Trabalho em vigor, o valor das coimas depende também do volume de negócios da empresa e, portanto, quanto menor for a empresa também menor é o valor da coima", afirmou. No que diz respeito ao número de inspectores no terreno houve uma diminuição de 283 para 267 de 2007 para 2008. De acordo com Morgado de Carvalho, o principal motivo foram as aposentações. A entrada em funções de 36 novos inspectores não compensou as 52 saídas para a reforma. Além disso, são aguardadas mais 10 aposentações durante este ano. O responsável caracterizou, assim, como “muito positivo” o balanço de 2008. “Tem havido um esforço por parte de todos os inspectores para que a ACT tenha cumprido a sua missão”, acrescentou. Além do reforço das acções inspectivas, a ACT teve, no ano passado, uma intervenção "muito insistente e contínua em empresas de menor dimensão", que representam cerca de 90% das empresas inspeccionadas.

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Para 2009, a actividade da ACT vai ter como prioridades a promoção da segurança e saúde nos locais de trabalho com vista à redução da sinistralidade laboral; e o combate ao trabalho não declarado e irregular. A segurança e saúde nos estaleiros temporários ou móveis vão também, a par de outras áreas, merecer a atenção especial por parte da Autoridade. AESST QUER LOCAIS DE TRABALHO SEGUROS De acordo com um comunicado da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (AESST), as estatísticas publicadas pelo Eurostat revelam que na União Europeia (EU)

“morrem anualmente 5 720 pessoas na sequência de acidentes relacionados com o trabalho. Além disso, segundo a Organização Internacional do Trabalho, morrem ainda anualmente 159 500 trabalhadores na UE devido a doenças ocupacionais”. Tendo em consideração os dois números constata-se que a cada três minutos e meio morre alguém na UE devido a causas relacionadas com o trabalho. “A maior parte destes acidentes e doenças é evitável, e o primeiro passo para a sua prevenção consiste na avaliação de riscos”, assegura a AESST. É esta a mensagem da campanha “Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis. Bom para si. Bom para as empresas”. Trata-se da campanha de informação de âmbito europeu sobre avaliação de riscos lançada pela Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA). Esta campanha incide especialmente em sectores de alto risco como a construção, os cuidados de saúde e a agricultura, assim como nas necessidades das Pequenas e Médias Empresas, e decorre ao longo de dois anos (2008-2009). Segundo a legislação comunitária, todos os empregadores da UE têm o dever legal de efectuar avaliações de riscos, na medida em que ajuda os empregadores a compreenderem melhor as medidas que têm de adoptar no sentido de melhorar a saúde e a segurança no local de trabalho.

Para Jukka Takala, Director da EU-OSHA, “com a campanha Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis pretende-se incentivar as empresas a fazerem uma avaliação de riscos adequada que envolva todas as pessoas do local de trabalho. Queremos igualmente promover boas práticas que possam ser adaptadas a outros locais de trabalho.” Destacou igualmente as mensagens-chave da campanha: “Em primeiro lugar, a avaliação de riscos não é necessariamente complexa, burocrática ou uma tarefa destinada apenas a peritos. Esta é uma ideia errada particularmente comum entre as PME. Existem numerosas ferramentas (como as listas de verificação) para ajudar neste processo, e a EU-OSHA promove uma abordagem simples em cinco etapas. Em segundo lugar, uma avaliação de riscos adequada também resulta numa série de benefícios para as empresas, porque, tornar os locais de trabalho mais seguros e mais saudáveis, ajuda a reduzir o absentismo e os custos com seguros, e aumenta a motivação dos trabalhadores e a produtividade”. “Em última análise, a avaliação dos riscos também ajuda a reduzir os encargos para os sistemas nacionais de saúde”, acrescenta Romana Tomc, Secretária de Estado do Trabalho, da Família e dos Assuntos Sociais da Eslovénia. SEGURANÇA NOS ESTALEIROS

“Qualquer acidente de trabalho ou doença profissional é sempre um acidente ou uma doença a mais”, afirma Vladimír Špidla, Comissário do Emprego, dos Assuntos Sociais e da Igualdade de Oportunidades. “Mesmo que não resultem em mortes, as consequências são inaceitáveis, quer para as pessoas afectadas, quer para a economia. Todos os anos, na UE, milhões de trabalhadores sofrem acidentes que os forçam a permanecer em casa pelo menos três dias úteis, o que representa um custo elevadíssimo para a economia. A avaliação de riscos constitui a chave para a redução destes números. Mas constitui apenas um primeiro passo, ao qual deve seguir-se a implementação de medidas”.

Além daqueles que morrem vítimas de acidentes no local de trabalho, às empresas importa também não esquecerem os que ficam parcial ou totalmente incapacitados e todos os que sofrem outros problemas de saúde derivados da actividade na construção civil. A nível mundial, os trabalhadores da construção têm três vezes mais probabilidades de sofrer acidentes mortais e duas vezes mais probabilidades de sofrer ferimentos que os trabalhadores de outras áreas, segundo dados da AESST. Os custos destes acidentes são enormes, tanto para o indivíduo como para as empresas e para a sociedade, podendo ser responsáveis por uma proporção assinalável do preço contratual.

A campanha Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis realça a necessidade da avaliação de riscos em conformidade com a Estratégia Comunitária para a Saúde e a Segurança no Trabalho (2007–2012), que visa reduzir em um quarto os acidentes de trabalho em toda a UE durante este período.

Assim, para a Agência Europeia a segurança na construção é uma responsabilidade partilhada: “clientes, supervisores de projecto, empregadores, adjudicatários e trabalhadores por conta própria, todos têm o dever de implementar a segurança”. Gradualmente, a segurança nos estaleiros tem vindo a integrar os modelos de gestão nacional. Embora seja obrigatório,


ENTREVISTA

ainda há medidas a implementar de modo a que todas as empresas cumpram as normas básicas de segurança e saúde e implementem planos de segurança e saúde (PSS) nos estaleiros das obras. Todos os locais onde se efectuem trabalhos de construção de edifícios e de engenharia civil têm que obedecer ao PSS. Escavações, terraplanagens, construção e ampliação de edifícios, construção de estradas, pontes e vias férreas, trabalhos especializados no domínio da água, canalizações, instalações eléctricas, de antenas, pára-raios e telefones, são alguns dos casos em que se aplica. Trabalhos que impliquem riscos especiais também estão previstos. Para obras onde se tenham que lidar com substâncias químicas ou biológicas, radiações ionisantes, perto de linhas de alta tensão ou que impliquem a montagem ou desmontagem de elementos pré-fabricados, cuja forma, dimensão ou peso possa constituir um risco grave para quem os manuseia, é obrigatório a indicação dos riscos previsíveis e preconizar medidas adequadas ao seu controlo.

A segurança e a saúde no trabalho devem ser consideradas desde a fase de planeamento, em todos os trabalhos de construção. Segundo a AESST, “o trabalho tem de ser coordenado entre todas as partes envolvidas no planeamento e na execução do mesmo”. Um bom nível de segurança e saúde de um projecto de construção começa com as decisões tomadas pelo dono da obra que contrata os trabalhos. Um estudo irlandês sobre acidentes mortais revelou que pelo menos 25% dos acidentes eram directamente atribuíveis à fase do projecto que antecede a da construção. A fase de elaboração do projecto da obra determina todo o ambiente de segurança e saúde do projecto. “Os contratos deverão ser adjudicados em função dos princípios da boa gestão financeira, ou seja, de realização de uma obra

em conformidade com os objectivos fixados, que satisfaça as necessidades do utilizador e proporcione, a longo prazo, um equilíbrio entre a qualidade e os custos. Ao seleccionar os contratantes e os outros intervenientes, é fundamental assegurar que estejam aptos a realizar eficazmente os trabalhos e a gerir as questões de SST”, alerta a Agência Europeia. É fundamental consagrar tempo suficiente ao processo de planificação. O responsável pela concepção, o coordenador em matéria de segurança e de saúde e o contratante deverão ser designados o mais cedo possível. Poderão, desta forma, debater a concepção do projecto da obra e assegurar que as especificações e o calendário dos trabalhos sejam realizados com o máximo de segurança e sem riscos para a saúde, tendo em conta as circunstâncias. É necessário considerar a forma de execução do projecto. Segundo a AESST, “na medida do possível, os perigos deverão ser eliminados e reduzidos os riscos inerentes aos perigos que não é possível eliminar. Sempre que os riscos residuais sejam significativos deverá ser divulgada informação a esse respeito. O estabelecimento de contactos durante o processo de planificação é frequentemente útil, tanto para o contratante como para o responsável pela concepção”.

Durante a fase de realização da obra, só uma boa gestão permite a execução de normas de bom nível em matéria de saúde e segurança no trabalho (SST). Os responsáveis têm de assegurar que os trabalhos são planificados, organizados, controlados, fiscalizados e reexaminados de modo a garantir normas de bom nível em matéria de SST. Segundo a Agência Europeia, “todas as pessoas na área de trabalho deverão possuir formação e competência”, devendo os “trabalhadores ser consultados em matéria de SST”. Deve ainda existir coordenação entre as diferentes entidades patronais encarregadas da realização da obra. Todos os edifícios novos deverão ser concebidos de forma a facilitar a sua manutenção em condições de segurança. Os princípios de gestão de saúde e segurança no trabalho aplicam-se sempre, tal como durante a fase de realização da obra, mesmo em relação aos edifícios existentes que não foram concebidos tendo em consideração a realização da sua manutenção em condições de segurança. “É importante obter informações do dono da obra sobre a estrutura. Outro factor a ter em conta é a eventual presença no local de indivíduos alheios aos trabalhos de manutenção em curso, mas que podem ser afectados por estes”, adianta a AESST.

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Um PSS tem por objectivo evitar a ocorrência de riscos e, quando existem, avaliá-los e combatê-los. Requer uma planificação atempada de todo o percurso da obra em questão. Ao elaborar o Plano, o projectista deve ter em conta o local onde vai ser instalado o estaleiro provisório, quais os serviços que vão sofrer a influência da obra, nomeadamente o desvio de redes de água, gás ou linhas eléctricas, e também uma análise dos riscos específicos da mesma. As possíveis alterações ao projecto inicial que possam ocorrer são acrescentadas através de adendas.


ENGENHARIA

APOSTA NA REABILITAÇÃO

REVESTIMENTOS DE PAREDES (II)

/// As alvenarias têm sido e são uma solução construtiva bastante utilizada, o que, associado à negligência com que muitas vezes são tratadas, resulta no aparecimento de diversas anomalias. A aposta na reabilitação permite eliminar os processos patológicos identificados bem como ainda evitar o aparecimento de outros, contribuindo assim para o correcto desempenho funcional das paredes de alvenaria. Neste artigo, são caracterizadas as diversas técnicas de reabilitação que podem ser aplicadas nos revestimentos mais usuais em Portugal e é ainda apresentado um modelo de Ficha de Reabilitação. Adelaide Gonçalves

Eng.ª Civil, Mestre em Construção, Instituto Superior Técnico

Jorge de Brito

Prof. Catedrático, Instituto Superior Técnico, Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura

Fernando Branco

Prof. Catedrático, Instituto Superior Técnico, Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura

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TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO

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Para uma correcta reabilitação, é necessário que a reso-lução dos problemas deixe de assentar em intervenções empíricas, frequentemente utilizadas pelos projectistas e construtores e que passe a ser o resultado de metodologias de investigação técnico-científicas. É, por isso, importante a criação de uma metodologia que permita o correcto diagnóstico da patologia verificada nos revestimentos de paredes de alvenaria através da análise lógica entre as causas e efeitos. Após a identificação quer da(s) anomalia(s) quer da(s) causa(s) associada(s) é pos-sível seleccionar, com maior exactidão, a técnica de rea-bilitação mais adequada. De modo a facilitar a consulta das diversas técnicas de reabilitação aplicáveis aos revestimentos, estas foram distribuídas de acordo com os seguintes critérios: • distribuição das técnicas por quatro grupos repre-sentativos dos elementos a serem reabilitados; • ordenação dos grupos em função da importância que o seu papel representa no

correcto cumprimen-to das exigências impostas às paredes de alvenaria; • definição, dentro de cada grupo, das técnicas de reabilitação viáveis e ordenação por semelhança; • classificação das técnicas de reabilitação dentro de cada grupo segundo a sua natureza (preventiva (rp), curativa (rc), manutenção (m) e reforço (rf)). Desta distribuição, resultou a listagem de técnicas de reabilitação visível no Quadro 5. Ao todo, são referidas 44 técnicas repartidas por 4 gru-pos, mas somente algumas são sintetizadas em fichas de reabilitação devido à sua natureza. As técnicas que se encontram a cinzento são as aplicadas na envolvente ou cuja aplicação é menos viável. No grupo correspondente ao revestimento final (revestimento por pintura, cerâmi-co e de placas de pedra), algumas das técnicas são específicas de determinado tipo de revestimento, estando, por isso, assinaladas de acordo com a legenda. Após a identificação das diversas técnicas de reabilitação que permitem solucionar a anomalia, foram estabelecidas correlações entre estas e as anomalias já identificadas no Qua-

dro 1, de acordo com o Quadro 6 (matriz de correlação anomalias - causas prováveis). O preenchimento da matriz foi feito de tal forma que, na intersecção de cada linha (representando uma técnica de reabilitação) com cada coluna (representando uma anomalia), foi inscrito um número que indica o grau de correFigura 4 - Exemplo de uma ficha de reabilitação [3]


ENGENHARIA

lação entre ambas, segundo o seguinte critério [8]:

Quadro 5 - Classificação proposta das técnicas de reabilitação [3]

Em alguns casos, pode-se verificar a existência de duas ou mais técnicas de reabilitação (grande relação) adequadas para a resolução da anomalia ou eliminação da sua causa. Estas técnicas podem complementar-se ou terminar em resultados semelhantes, sendo a opção determinada pela viabilidade económica, eficiência, reversibilidade, causa associada ao aparecimento da anomalia, adequação técnica e arquitectónica e ainda pela sua durabilidade. A análise de viabilidade económica deve integrar a avaliação dos seguintes parâmetros [9]: extensão da anomalia, riscos para os utentes do edifício, vida útil remanescente estimada do elemento e custos de recuperação

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0 sem relação: não existe qualquer relação entre a anomalia e técnica de reabilitação; 1 pequena relação: técnica de reabilitação passível de ser aplicada, mas com algumas limitações quer na sua aplicabilidade quer nos resultados obtidos; 2 grande relação: técnica de reabilitação mais adequada para reparar a anomalia ou eliminar a sua causa.


ENGENHARIA

APOSTA NA REABILITAÇÃO

em função do valor estimado de construção. O recurso a técnicas de reparação consideradas ajustadas para a resolução de determinada anomalia, mas com limitações (pequena relação), só deve ser ponderado em última instância quando as restantes não forem passíveis de serem implementadas.

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FICHAS DE REABILITAÇÃO Após a classificação de todas as anomalias, causas e técnicas de reabilitação em revestimentos de paredes de alvenaria e ainda determinadas, através da matriz de correlação anomalias - técnicas de reabilitação, quais as técnicas que mais se adequam à cada uma das anomalias, é possível sintetizar toda a informação em fichas que permitem um acesso mais simples, claro e inequívo-co a todo o processo de reparação. Estas fichas (Figura 4) contêm informação diversificada, como por exemplo: o campo de aplicação inerente a cada técnica, as exigências do suporte e uma breve descrição das diversas etapas da metodologia execução. Para além destes factores, é ainda necessário ter em conta o custo e a durabilidade associada a cada solução.

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as técnicas de reabilitação, facilita na selecção da metodologia mais adequada. No entanto, é necessário atender sempre a causa e ter consciência de que, para uma mesma anomalia, podem existir várias técnicas de reabilitação. Essas técnicas podem complementar-se ou terminar em resultados muito semelhantes. Nesses casos, a escolha da solução mais adequada depende de diversos factores, tais como: economia, eficácia, compatibilização arquitectónica, adequação, grau de reversibilidade e durabilidade.

Quadro 6 - Matriz de correlação anomalias técnicas de reabilitação [3]

É também de salientar que o leque de soluções finais e correspondentes expectativas de eficácia é muito variado e dificilmente enquadrado em soluções - tipo aplicáveis a qualquer tipo de edifício, necessitando de um estudo mais aprofundado caso a caso. Efectivamente, as técnicas devem ser seleccionadas no âmbito de uma estraté-gia global de reabilitação adequada aos condicionalis-mos de cada anomalia e atendendo a que a as soluções utilizadas para a resolução de uma determinada anomalia podem contribuir para solucionar ou agravar outras que com elas coexistam. Após a selecção da técnica de reabilitação ao defeito em causa, a consulta da ficha de reabilitação permite retirar qualquer dúvida relativamente às exigências do suporte, à aplicação da técnica e aos diversos condicionantes que podem existir e que devem ser tidos em conta para que não ocorra repatologia ou novas anomalias.

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CONCLUSÕES Em parte do edificado, a qualidade dos materiais é insu-ficiente e os acabamentos são pouco cuidados, originando uma degradação muito rápida e um envelhecimento precoce decorrente dos diversos fenómenos patológicos que vão surgindo, existindo cada vez mais necessidade de reabilitar. Para facilitar a adopção de uma estratégia de intervenção correctiva, é preciso conhecer os fenómenos patológicos que afectam os diversos tipos de revestimentos de parede de alvenaria, qual a sua gra vidade e atender, ainda, às causas que lhe estão subjacentes. A matriz de correlação anomalias - técnicas de reabilitação, ao relacionar as anomalias com

Referências: [1] Afonso, F - Potencialidade do mercado de reparação e manutenção face às características do parque edifi-cado. Seminário Censos 2001. [consultado em 11 de Dezembro 2006]. Em: www.ine.pt/CENSOS2001/ EmFoco/dfs/ evolucaoparquehabitacional.pdf [2] Lourenço, Paulo - Defeitos e Soluções para Paredes de Alvenaria Não Estrutural. 2º Simpósio Internacio-nal sobre Patologia, Durabilidade e Reabilitação de Edifícios. Lisboa: 2003. pp. 361-370. [3] Gonçalves, Adelaide - Reabilitação de Paredes de Alvenaria. Dissertação de Mestrado em Construção, Lisboa, IST, Setembro 2007. [4] Pinto, Alberto - O Desenho das Envolventes Exterio-res Verticais dos Edifícios e a Existência de Falhas, num Processo de Degradação. 3º Encontro sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios (Tema II I). Lisboa: LNEC, 2003. pp. 1209-1217. [5] Veiga, M. Rosário - Comportamento à Fendilhação de Reboco: Avaliação e Melhoria. In LOPES, Grandão - Revestimentos em Edifícios Recentes. 1ª edição Lis-boa: LNEC, 2004a. pp. 7-27. [6] CIB Working Commission W86 - Building Pathology. A State of the Art Report. Rotterdam: CIB, 1993. [7] Veiga, M. Rosário; Faria, Paulina - Revestimentos de Ligantes Minerais e Mistos com Base em Cimento, Cal e Resina Sintética (Capítulo II). In Curso de Especialização sobre Revestimentos de Paredes CS 15. 5.ª edição Lisboa: LNEC, 2004. pp. 40-173. [8] Brito, Jorge de - Desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Obras de Arte em Betão. Tese de Douto-ramento em Engenharia Civil, Lisboa, IST, 1992. [9] Silvestre, José Dinis - Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em Revestimentos Cerâmicos Aderentes. Dissertação de Mestrado em Construção, Lisboa, IST, 2005.



ARTE URBANA

SKYLINE

UM PROJECTO DIFERENTE DE INTERVENÇÃO NO ESPAÇO PÚBLICO

/// Em 2008, foi instalada em Lisboa, uma intervenção artística de elementos escultóricos metálicos de características diferentes das habituais. A ideia em criar este projecto pelo método do skyline parece-me interessante e será uma forma diferente e menos convencional de intervir no espaço público urbano, numa renovação de linguagem.

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skyline surge sobre os muretes no exterior do túnel das Amoreiras junto ao Centro Comercial com o mesmo nome, nas duas vias em ambos os sentidos, tanto na direcção de quem se desloca para Monsanto, como do lado oposto, para quem se dirige ao Marquês. Esta instalação também se encontra na passagem pedonal, perpendicular aos dois eixos viários. A extensão de cada friso tem 25 m de comprimento. Trata-se de um mural metálico executado em aço inox, em tubo de secção quadrada, com uma altura de 50 cm, fixada na parede com um ressalto de cerca de 5 cm, nas faces exteriores dos muretes/ guardas de protecção dos poços de ventilação do túnel das Amoreiras. É ATRAVÉS DOS PERCURSOS PEDONAIS QUE MELHOR SE PODE «SENTIR» A OBRA Representa a reprodução em desenho da silhueta dos edifícios de Lisboa, visionados a partir da margem Sul do Tejo, materializando-se numa linha de contorno, que repete, de forma idêntica nos dois lados da avenida.

A referida silhueta está assim inserida numa faixa a 50 cm de altura, colocada na horizontal no meio dos muretes que possuem na sua maior extensão uma distância face ao pavimento de 1,20 m. Verifica-se que é sobretudo através dos percursos pedonais que melhor se pode observar, «sentir» táctil e sensorialmente os pormenores da obra em que se acentua uma leitura contínua e de sequência lógica do perfil do skyline, oferecendo as diversas fases do desenho melhorando a sua percepção. Existe também uma forma de melhor ler o projecto escultórico, através de uma leitura da linha contínua do skyline nas faixas de rodagem, por ocasião da paragem dos automóveis devido à existência dos semáforos que ali se encontram. UM MURAL METÁLICO REALIZADO POR UM PINTOR FASCINADO POR LISBOA O projecto foi oferecido à cidade de Lisboa e é da autoria do Eng.º Fernando Silva Ferreira, sendo a ideia e concepção da obra da Unilever Jerónimo Martins (mais especificamente de

Luís Mesquita Dias). Fernando Silva Ferreira (n.1951) formado em Engenharia pelo Instituto Superior Técnico, mas é igualmente um artista que se dedica também à área das artes plásticas, que tem sobretudo pintado Lisboa. São dele as conhecidas vistas panorâmicas em aguarela a partir dos miradouros, composições cheias de delicadeza e de sensibilidade. Tem claramente uma fascinação por esta cidade especialmente pela atmosfera criada pelos seus matizes, tonalidades e gradações da sua luminosidade particularmente rica e peculiar. Trabalhou com Laranjeira Santos, Fernando Fernandes e Matilde Marçal. Obteve na Câmara em 1990, uma Menção Honrosa no Prémio «Carlos Botelho» com um tríptico em aguarela sob o título de «Lisboa Inquietude». Nesse mesmo ano, expôs trabalhos também subordinados à mesma temática, nos espaços da Galeria do Casino Estoril numa mostra intitulada «Atmosferas de Água». Este projecto de Skyline é um primeiro trabalho de arte urbana deste autor que se encontra visível, contudo já realizou um conjunto de peças que até hoje ainda não foram concretizadas na capital.


ARTE URBANA

A instalação desta intervenção está localizada num espaço importante de referência urbana, numa zona servindo de pólo dinamizador de grande afluência e concentração de população, sob a confluência de três freguesias: Campolide, Sta. Isabel e S. Mamede. Existe, assim, uma peça que pretende ser activa junto de um fluxo algo heterógeno. Outro tanto, os muretes do túnel das Amoreiras são espaços propícios à colocação de publicidade e de graffitis. Aliás, um dos objectivos desta iniciativa, consiste em evitar a aplicação indevida de cartazes publicitários e, em simultâneo embelezar aquele troço dos eixos viários. A inserção destes elementos escultóricos sob as faces laterais do muro foi também uma forma de impedir a degradação daqueles espaços. Contudo, há um aspecto a mencionar que é o facto da área em questão que acolheu este projecto de skyline, possuir um excesso de linguagens no plano visual, pela diversidade de equipamentos técnicos, pelas imagens publi-

citárias e pelo perfil de arruamentos descontínuos, de grande movimentação, surgindo assim uma dinâmica própria. Isto é, trata-se de uma área demasiada rica, muito congestionada no sentido imagético, numa área pluridisciplinar, onde se encontram um conjunto concentrado de mensagens que conduzem inevitavelmente à sua dispersão. Existe, portanto, um conjunto diversificado de linguagens, neste espaço onde predominam elementos resultando de uma forma caótica que contribui certamente para a desvalorização desta escultórica metálica. ELEMENTOS ESCULTÓRICOS DESENHANDO A SILHUETA DOS EDIFÍCIOS A sobreposição com outros elementos de design urbano de grande porte, e a altura a que a obra foi introduzida, conduz-nos à dificuldade e discrição na leitura do skyline, remetendo-o para uma espécie de rodapé. Até porque este projecto do skyline possui características no desenho e na sua composição geral de alguma subtileza que dificilmente poderá servir de um foco de atenção, dado o

seu envolvimento urbanístico. Por isso, o espaço escolhido não parece ser o mais adequado, tratando-se de um trabalho não muito chamativo. Particularmente quanto à sua altura, a dimensão desta intervenção urbana é bastante reduzida face à escala das edificações da sua envolvente. Só teria a ganhar, em expressão e visibilidade se porventura a obra fosse expandida para o dobro da que se encontra presentemente. O Skyline apresenta, assim, uma linha minimalista na sua configuração, mas com um carácter especialmente popular próximo de um trabalho de tipo tosco e artesanal. CONTRASTE ENTRE AS LINHAS DO SKYLINE E A VERTICALIDADE DOS EDIFÍCIOS O acentuado prolongamento das linhas horizontais do skyline numa extensa e extrema linearidade ao longo dos muretes bastante alongados e a falta de escala e desproporção da construção dos desenhos quase «esmagados» contrasta fortemente com a extrema verticalidade, grandeza e monumentalidade

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IMPEDIR A DEGRADAÇÃO DOS MURETES


ARTE URBANA

SKYLINE

Manuela Synek

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Historiadora de Arte

da volumetria dos blocos de edifícios contemporâneos em seu redor, especificamente das Amoreiras.

tada, inserindo nas suas composições, através de um cruzamento entre o desenho, a arquitectura e a paisagem urbana.

Um dos pontos críticos deste projecto consiste na ausência de iluminação à noite, resultando na falta de valorização dos seus elementos. Face a esta problemática podiam ser introduzidos projectores de luz na parte de trás das composições escultóricas, e de baixo para cima, levando, obviamente, em linha de conta as normas de segurança do trânsito viário. Se a luz estivesse localizada de baixo para cima poderia eventualmente criar um jogo plástico rico entre a silhueta do elemento e a própria sombra provocada pela iluminação, nascendo um desdobramento deliberado entre as linhas dos contornos escultóricos reais e virtuais.

Neste caso, a cidade e o seu imaginário são desenvolvidos numa abertura virada para uma tendência pós-modernista, mediante um discurso sui generis onde construções híbridas se apropriam duma linguagem minimalista.

TRANSFORMAR A MONOTONIA DOS EIXOS VIÁRIOS, NUMA CIDADE IMAGINÁRIA

Interessam-se particularmente por este género de iniciativas nos trabalhos de vídeo, nas instalações e nos desenhos, conjugando alusões ao imaginário com referências a estilos artísticos como o monocromatismo e a paisagem urbana. A representação da cidade subjaz assim aos projectos realizados em meios de expressão. Portanto, há artistas que trabalham a paisagem urbana, enquanto campo de exploração das possibilidades perceptivas na construção da imagem. As questões dos trabalhos erguem-se em torno desses conceitos como modelos de imagem ou tipos de construção.

Actualmente existe todo um conjunto de obras, nos percursos de artistas plásticos da nova geração, que se interessam e se dedicam a esta vertente, dentro das problemáticas urbanas numa aplicação de uma linguagem ajus-

É de referir que a escultura inserida no espaço público não é apenas aquela que se «ergue» nas praças, nos largos e nos jardins, inclui também obras situadas em espaços exteriores, em locais estratégicos, nos eixos viá-

rios, animando a urbe de uma forma mais subtil e mais peculiar. Este projecto apresentado do skyline pode ser um exemplo deste género. Trata-se de pormenores, de apontamentos artísticos, de valor simbólico, sem serem simplesmente ornamentos decorativos, mais ou menos expressivos e conseguidos, que melhor ou pior implantados, podem mudar e transformar a monotonia permanente dos eixos viários, e dos percursos pedonais existentes numa cidade. Podendo haver mesmo uma interacção e diálogo entre a população que se desloca a pé, as viaturas em constante movimento de aceleração e essas construções artísticas. AGUARDA-SE UMA SOLUÇÃO ESTÉTICA E ARTÍSTICA Para dar continuidade ao skyline que é uma intervenção algo experimental, seria necessário circunscrevê-la de uma forma mais alargada e mais consistente. Penso que futuramente e a curto prazo, perto do local do skyline, junto ao túnel do Marquês, torna-se necessário definir um novo enquadramento artístico. Neste novo reordenamento junto à Av. Joaquim Augusto de Aguiar, que perdeu uma parte substancial da sua beleza e de características muito próprias, poderia ser explorada uma solução estética e artística que fosse relevante, oferecendo uma leitura integrada de alguma lógica e num contexto mais abrangente. Esta iniciativa teria o mérito de atenuar a profunda aridez daquela zona e fazer diminuir a sensação de vertigem, na parte superior da Avenida, por quem lá passa, sobretudo por parte dos peões. Contudo, nesta zona tem havido várias intervenções artísticas pontuais aqui localizadas mas em espaços subterrâneos, como em «Underground Lisbon».


GRUNDFOS

EMPRESAS

GRUNDFOS ADQUIRE PEERLESS PUMP COMPANY TEXTO DE SOFIA DUTRA

/// A Grundfos anunciou recentemente a aquisição da Peerless Pump Company, uma empresa americana especializada no fabrico de bombas e de sistemas de supressão de incêndios. José Costa, administrador delegado das Bombas Grundfos Portugal, explicou à Arte & Construção que “a aquisição foi definida há um ano e meio, só que havia um representante em Portugal e condições contratuais que nos impediam de actuar”.

Stephan Krajcik, sales director Europe, Peerless Pump Company, concretizou que “a Peerless Pump Company foi adquirida em Novembro de 2007 e estamos agora a apresentar a gama de produtos à rede Grundfos a nível mundial”. Segundo José Costa, “a aquisição da Peerless Pump Company teve dois propósitos: conquista de quota de mercado norte-americano, de onde a empresa é originária; e, simultaneamente, obter um conjunto de produtos que vem complementar a nossa gama actual. Vem dar-nos uma abrangência de gama na área de incêndio, sobretudo nas centrais NFPA, além de na área de irrigação e na área industrial”. Este responsável explicou que “NFPA é uma norma norte-americana que se aplica nalgumas situações, sobretudo no que diz respeito à área industrial, de edifícios cujas empresas têm origem americana. É um standard americano que começa a ser muito comum na

Europa e também em África”. O administrador delegado das Bombas Grundfos Portugal acrescentou que “no que diz respeito às centrais de incêndio deste tipo, o volume de negócios permite-nos alcançar um crescimento de possivelmente 40% em relação ao que facturávamos anteriormente dentro desta área de negócio, o que é muito interessante, ainda mais nesta altura que não é fácil para o mercado”.

significativo, e nesse sentido, a aquisição da Peerless é de enorme importância estratégica para a Grundfos. Actualmente, as vendas da Grundfos na América do Norte são de 300 milhões de dólares. “Com esta aquisição, o Grupo Grundfos espera duplicar as suas vendas dentro de quatro anos, atingindo os 600 milhões de dólares”.

EMPRESA QUER DUPLICAR VENDAS Com sede em Indianapolis e outras cinco fi-liais na América do Norte, a Peerless tem mais de 400 funcionários e vendas anuais na ordem dos 110 milhões de dólares. Trata-se, pois, da “maior aquisição da Grundfos até à data”. Carsten Bjerg, presidente e CEO do Grupo Grundfos, refere, em comunicado: “concentrámos as atenções no crescimento do nosso negócio a nível global, especialmente na Europa Oriental, Ásia e América do Norte. O mercado americano tem um potencial de crescimento

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“E

sse contrato de representação terminou há uns dias e fizemos hoje o lançamento oficial da Peerless como parte integrante do mundo Grundfos”, revelou a 28 de Maio.


LEIS & DIREITO

DECRETO-LEI Nº 18/2008, DE 29 DE JANEIRO

NOVO CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (VII)

TEXTO DE MICHELE BRANCO

/// Na edição anterior tínhamos entrado na análise da tramitação procedimental, isto é, na análise dos procedimentos prévios à celebração do contrato. Neste âmbito já nos tínhamos referido à decisão de contratar e ao elenco das peças do procedimento, que variam consoante o procedimento em causa.

V

ejamos em seguida alguns aspectos relativos às regras de participação nos procedimentos.

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Candidatos – De acordo com o artigo 52º, designam-se como candidatos as entidades singulares ou colectivas que participam com a apresentação de uma candidatura na fase de qualificação de um concurso limitado por prévia qualificação, num procedimento de negociação, ou num procedimento de diálogo concorrencial. Concorrentes – De acordo com o artigo 53º, designam-se como concorrentes as entidades singulares ou colectivas que participam em qualquer procedimento de formação de um contrato, mediante a apresentação de uma proposta. Quer os candidatos, quer os concorrentes, podem, nos termos previstos no artigo 54º, constituir-se em agrupamentos para efeitos de participação num procedimento, sem que seja necessário que entre as mesmas exista uma modalidade jurídica de associação. No entanto, não poderão concorrer em separado ao mesmo procedimento, ou integrar mais do que um agrupamento que concorra ao procedimento. IMPEDIMENTOS (ARTIGO 55º) A maior parte dos impedimentos à participa-

ção em procedimentos já existiam na anterior legislação, tendo sido acrescentadas duas situações: • Não podem ser candidatos, concorrentes ou participar em agrupamento, aqueles que tenham, a qualquer título, prestado directa ou indirectamente assessoria ou apoio técnico na preparação e elaboração das peças do procedimento; • Não pode ser adjudicado um contrato ao concorrente, candidato ou participante em agrupamento, que tenha executado obras, fornecido bens ou prestado serviços à entidade adjudicante, a título gratuito, no ano económico em curso, ou nos 2 anteriores. (cfr. artº 113º nº 5). Para além destas situações, não podem ser candidatos, concorrentes ou participar em agrupamento, aqueles que integrem alguma das outras situações do artigo 55º, designadamente: • Se encontrem em estado de insolvência, em fase de liquidação, dissolução ou cessação de actividade, sujeitas a qualquer meio preventivo de liquidação de patrimónios ou em qualquer situação análoga, ou tenham o respectivo processo pendente; • Tenham sido condenadas por sentença transitada em julgado por qualquer crime que afecte a sua honorabilidade profis-

sional, se entretanto não tiver ocorrido a sua reabilitação, no caso de se tratar de pessoas singulares, ou, no caso de se tratar de pessoas colectivas, tenham sido condenados por aqueles crimes os titulares dos órgãos sociais de administração, direcção ou gerência das mesmas e estes se encontrem em efectividade de funções; • Tenham sido objecto de aplicação de sanção administrativa por falta grave em matéria profissional, se entretanto não tiver ocorrido a sua reabilitação, no caso de se tratar de pessoas singulares, ou, no caso de se tratar de pessoas colectivas, tenham sido objecto de aplicação daquela sanção administrativa os titulares dos órgãos sociais de administração, direcção ou gerência das mesmas e estes se encontrem em efectividade de funções; • Não tenham a sua situação regularizada relativamente a contribuições para a segurança social; • Não tenham a sua situação fiscal regularizada; • Tenham sido objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea e) do n.º 1 do artigo 21.º do Decreto – Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro (diploma que institui o ilícito de mera ordenação social e respectivo processo e que estabelece no citado artigo a sanção acessória da priva-


LEIS & DIREITO

PROPOSTA A proposta nos termos do artigo 56º é a declaração pela qual o concorrente manifesta à entidade adjudicante a sua vontade de contratar e o modo pela qual se dispõe a fazê-lo. Documentos da proposta No CCP deixa de haver a distinção que existia na anterior legislação entre os documentos que acompanhavam a proposta e os documentos que instruíam a proposta. Agora todos são documentos da proposta. (artigo 57º).

São os seguintes os documentos da proposta: • Declaração do concorrente de aceitação do conteúdo do caderno de encargos; • Documentos que, em função do objecto do contrato a celebrar e dos aspectos da sua execução submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, contenham os atributos da proposta, de acordo com os quais o concorrente se dispõe a contratar; • Documentos exigidos pelo programa do procedimento que contenham os termos ou condições, relativos a aspectos da execução do contrato não submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, aos quais a entidade adjudicante pretende que o concorrente se vincule; • Documentos que contenham os esclarecimentos justificativos da apresentação de um preço anormalmente baixo, quando esse preço resulte, directa ou indirectamente, das peças do procedimento. Para as empreitadas de obras públicas acrescem ainda os seguintes documentos: • Uma lista dos preços unitários de todas as espécies de trabalho previstas no projecto de execução; • Um plano de trabalhos, tal como definido no artigo 361.º do presente Código, quando o caderno de encargos seja integrado por um projecto de execução; • O projecto de execução quando este tiver sido submetido à concorrência pelo caderno de encargos. Ainda no que respeita ao conceito de proposta, importa referir que o legislador introduziu a noção de atributo da proposta e a noção de termo ou condição da proposta: Atributo – É qualquer elemento ou característica de uma proposta que diga respeito a um aspecto da execução do contrato submetido à concorrência pelo caderno de encargos (cfr. artigo 56º nº2) Termo ou Condição – Qualquer elemento ou característica da proposta não submetido à concorrência do Caderno de Encargos, mas à qual a entidade adjudicante pretende que o concorrente se vincule [cfr. al. c) do nº1 do artigo 57º]. Na próxima edição veremos outros aspectos a considerar no âmbito das Propostas.

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ção do direito de participação em arrematações e concursos promovidos por entidades ou serviços públicos, de obras públicas, de fornecimento de bens e serviços, ou concessões de serviços, licenças e alvarás); Tenham sido objecto de aplicação da sanção acessória no âmbito na alínea b) do n.º 1 do artigo 45.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 18/2008, sob análise (sanção acessória no âmbito do Regime Jurídico da Concorrência, que determina a privação do direito de participar em procedimentos de formação de contratos cujo objecto abranja prestações típicas de contratos de empreitada, de concessão de obras públicas, de concessão de serviços públicos, de locação ou aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços ou ainda em procedimentos destinados à atribuição de licenças ou alvarás, desde que a prática que constitui contra-ordenação punível com coima se tenha verificado durante ou por causa do procedimentos relevante); Tenham sido objecto de aplicação da sanção acessória no âmbito prevista no n.º 1 do artigo 460.º do presente Código, durante o período de inabilidade fixado na decisão condenatória; Tenham sido objecto de aplicação da sanção acessória prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 627.º do Código do Trabalho, durante o período de inabilidade fixado na decisão condenatória (actualmente foi aprovado um novo Código de Trabalho, aprovado pela Lei nº 7/2009, de 12.02, que prevê no seu artigo 562 Sanções Acessórias, entre outras, a privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos, por um período até dois anos); Tenham sido objecto de aplicação, há menos de dois anos, de sanção administrativa ou judicial pela utilização ao seu serviço de mão -de -obra legalmente sujeita ao pagamento de impostos e contribuições para a segurança social, não declarada nos termos das normas que imponham essa obrigação, em Portugal ou no Estado de que sejam nacionais ou

no qual se situe o seu estabelecimento principal; • Tenham sido condenadas por sentença transitada em julgado por algum dos seguintes crimes, se entretanto não tiver ocorrido a sua reabilitação, no caso de se tratar de pessoas singulares, ou, no caso de se tratar de pessoas colectivas, tenham sido condenados pelos mesmos crimes os titulares dos órgãos sociais de administração, direcção ou gerência das mesmas e estes se encontrem em efectividade de funções, se entretanto não tiver ocorrido a sua reabilitação: 1) Participação em actividades de uma organização criminosa, tal como definida no n.º 1 do artigo 2.º da Acção Comum n.º 98/773/JAI 2) Corrupção, na acepção do artigo 3.º do Acto do Conselho, de 26 de Maio de 1997, e do n.º 1 do artigo 3.º da Acção Comum n.º 98/742/JAI, do Conselho; Nota: Uma Acção Comum (JAI) era uma acção coordenada dos Estados-Membros, realizada pela União Europeia, sempre que os objectivos da União Europeia pudessem ser mais bem realizados por meio de uma acção comum do que pelos Estados-Membros actuando isoladamente, devido à dimensão ou aos efeitos da acção prevista. 3) Fraude, na acepção do artigo 1.º da Convenção relativa à Protecção dos Interesses Financeiros das Comunidades Europeias; 4) Branqueamento de capitais, na acepção do artigo 1.º da Directiva n.º 91/308/CEE, do Conselho, de 10 de Junho, relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais;


FEIRAS FEIRA

FEIRA FEIRANUM NUMSÓ SÓRECINTO RECINTO

CONSTRUMAT 2009 COM MENOS VISITANTES TEXTO DE SOFIA DUTRA

/// O Salão Internacional da Construção – Construmat celebrou de 20 a 25 de Abril o seu 30º aniversário, concentrando toda a sua oferta num único recinto, ao contrário dos anos anteriores em que se estendia por dois espaços. Também o número de expositores

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presentes e de visitantes diminuiu face à edição de 2007.


FEIRA

destacou ainda a “organização de diversas missões de investidores procedentes de África, Europa de Leste e América Latina”, que “deram ao sector a oportunidade de explorar novos mercados”. A 16ª edição da feira realizou-se no recinto da Gran Via, em Barcelona, reunindo 1 350 expositores, de 31 países. A Construmat 2009 colocou a ênfase na prevenção de riscos e nos acidentes laborais, assim como nos projectos de construção inovadora. Na quinta edição da Casa Barcelona foram apresentadas quatro propostas arquitectónicas para uma habitação social, inovadora e sustentável. O estúdio Pich-Aguilera desenhou um pavilhão de dois pisos que ocupou um espaço de 300 metros quadrados em que participaram os arquitectos alemães Sauerbruch Hutton, os catalães Carme Pinós e Xavier Claramunt e o madrileno Andrés Jaque. O Salão continuou a apostar também na sectorização com uma nova edição da Construção Sustentável, na qual se mostraram as possibilidades de uma forma de construção mais

respeitosa para com o meio ambiente, e com a segunda edição da Pintudecora, um espaço onde foram apresentados produtos e tendências de pintura decorativa. PAVILHÃO DA EXPO ZARAGOZA PREMIADO A construção e urbanização da Gran Via e da Plaza Europa de L'Hospitalet e o Pavilhão de Espanha na Expo Zaragoza foram dois dos principais projectos galardoados na 13ª edição dos Prémios Construmat 2009, entregues a 22 de Abril. A transformação da Gran Via e o ordenamento urbanístico dos territórios adjacentes, que permitiu permeabilizar esta via de entrada na cidade de Barcelona, foram os motivos pelos quais o júri premiou este projecto na categoria de Engenharia Civil. A urbanização da Plaza Europa contempla 60 000 metros quadrados de zona verde, 25 000 metros quadrados para equipamentos, 150 000 metros quadrados para escritórios e a construção de 1 500 habitações e que serve de pórtico de entrada ao recinto da Feira de Barcelona. A equipa técnica formada pelos arquitectos Humbert Costes, Albert Viaplana e David Viaplana; pelos engenheiros de CCi P, Lorenzo Lanzarote e Albert Palou; o engenheiro industrial, Joaquim Pascual; e Cicsa pretendeu melhorar o ambiente desta avenida e renovar a fisionomia deste acesso à cidade catalã. As empresas que participaram neste projecto são: Copisa e FCC Construcción (UTE Gran Via Hospitalet) e Acciona e Agelectric (UTE Estació Europa/Fira dos FGC). O Pavilhão de Espanha na Expo Zaragoza 2008 recebeu o Prémio Construmat de Edificação. Esta obra assinada pelo arquitecto Francisco J. Mangado; arquitectos técnicos Fernando Oliván e Vicente de Lucas; a empresa NB 35 Ingeniería, Iturralde e Sagüés Enginyers; Cener, Ciemat e Estudis d'Eficiència Energética em conjunto com a Construtora San José SA representou “uma aposta clara numa arquitectura ecológica e sustentável, sem renunciar a um desenho espectacular”. O Pavilhão assemelhava-se a um bosque de bambu com varias caixas de vidro no seu interior nas quais estavam instaladas as exposições. O exterior era formado por pilares de barro, que ajudavam a criar um microclima que isolava das temperaturas exteriores, enquanto a cobertura era um contentor energético com colectores solares e acumuladores de água

para recuperar a da chuva. Na área de Produtos para a Construção, a Plataforma Fipro da empresa Layher SA foi galardoada com o Prémio de Processos Construtivos Construmat 2009. O panel Omega Zeta, de Circa SA, recebeu o Prémio de melhor produto para Estruturas e Recintos. Finalmente, ECO by Cosentino, da empresa Cosentino SA, foi galardoado com o Prémio de melhor Produto para Isolamentos e Revestimentos e Instalações. REABILITAÇÃO E CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL Além de montra de novidades técnicas do sector da construção, a Construmat apresentou também um programa de eventos paralelos, que visou apresentar as novas oportunidades de negócio e os rumos a seguir pelo sector. Destacaram-se os debates acerca da normativa sobre o ruído na aplicação do Código Técnico de Edificação, numa jornada em que participou a ministra de Vivienda, Beatriz Corredor – que também presidiu a inauguração do certame – e sobre as respostas das diferentes administrações públicas em relação à crise. A reabilitação manifestou-se como uma alternativa real para o sector da construção, tal como o pleno desenvolvimento da construção sustentável e as iniciativas relacionadas com novos modos de entender a habitação e os seus materiais. É o caso do projecto Casa Barcelona, que, na sua quinta edição, apresentou uma “vivenda modular, social, inovadora e sustentável”. Com assistência do comissário europeu de Energia Andris Pielbags discutiu-se a necessidade de estender os certificados de normalização nos processos construtivos a todos os países membros da União Europeia.

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O

presidente da Construmat, Josep Miarnau, salientou, porém, que "o salão demonstrou que o sector dispõe de suficiente dinamismo e das necessárias opções para sair da crise", expressando a sua satisfação pelos resultados da edição deste ano “num contexto tão complicado para o sector”. Referia-se em concreto à visita de mais de 153 000 profissionais, que “superou as previsões iniciais”. Estes números são também explicados pela organização pela criação de dois novos salões, que autonomizam duas áreas de actividade: o Salão do Banho (dedicado ao segmento das casas de banho) e a Instalmat (dedicada a instalações). O responsável


NOTÍCIAS

NO PAÍS

CRISE NO ALGARVE ATINGE “PROPORÇÕES PREOCUPANTES”

FILIPE SOARES FRANCO MANTÉM-SE À FRENTE DA ANEOP Filipe Soares Franco foi reeleito presidente da ANEOP – Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas para o triénio 2009 – 2011, na Assembleia-geral anual que aconteceu no dia 17 de Junho. Neste mandato, Manuel Agria mantém o cargo de vice-presidente executivo, José Luís Ribeiro dos Santos, da Lena Engenharia e Construções, assume a presidência da Assembleia Geral, Luís Guilherme da Costa, da Tecnovia – Sociedade de Empreitadas, preside ao Conselho Fiscal e Fernando Lima de Valadas Fernandes dirige, enquanto presidente, o Conselho Consultivo. A recém-empossada direcção tem como linhas de actuação: “reforço do papel da associação como representante das empresas motoras do crescimento do sector, a projecção de uma nova imagem que reflicta claramente o peso económico e social das suas associadas e a intensificação da coesão entre os seus membros que procura reflectir-se na adopção de uma filosofia comum de actuação, com a ANEOP a procurar falar a uma só voz”, avançaram em comunicado.

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QUEBRA NO SECTOR DA CONSTRUÇÃO "AINDA MUITO SIGNIFICATIVA" “Na construção, e após sete anos consecutivos de crise, a quebra do investimento atingiu os 15% e o VAB do sector apresentou a redução mais significativa de entre todos os ramos de actividade, com uma queda homóloga de 13,4%”. É este o cenário que nos dá conta a mais recente análise feita pela FEPICOP – Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas. Embora se tenha verificado uma desaceleração do ritmo de queda do sector da construção no segundo trimestre do ano, existem performances com “quebras ainda muito significativas”, como é o caso do consumo de cimento no mercado nacional que, em Abril, registou uma redução de 14,9% face a igual mês de 2008. O índice de Produção FEPICOP do sector da construção registou, em Maio, uma subida superior a 10% no índice de produção do segmento de engenharia civil e, no segmento residencial (responsável por cerca de 60% do emprego do sector), “um dramático agravamento da crise com quebras homólogas no índice de produção e da carteira de encomendas de cerca de 20% e de 40%, respectivamente”. Em Abril, o número de desempregados oriundos do sector da construção inscritos nos centros de emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional aumentou 23 mil, face ao período homólogo precedente.

O Algarve sofre a maior descida de produção no mercado residencial e o maior aumento da taxa de desemprego do país no sector da construção, avança a mais recente análise regional de conjuntura da AECOPS (Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas). De Janeiro a Abril, “o número de fogos novos licenciados no Algarve caiu 59,7% face a igual período de 2008, contra os -45% da região Centro, os -58,4% da zona de Lisboa e os -48,4% do Alentejo”, pode ler-se no documento. Este panorama implica “forte crescimento do desemprego” no sector da construção do Algarve que alcançou em Abril os 205%, contra os valores registados no Centro (65,9%), na região de Lisboa (70,1%) e no Alentejo (79,9%). Para a Associação, estes valores, "três vezes superior à média nacional”, revelam como “a crise nesta região assume proporções preocupantes”, pois o desemprego no sector da construção já atinge mais de 3,4 mil pessoas. OASRS LANÇA CARTA DE PRINCÍPIOS SOBRE CONCURSOS DE CONCEPÇÃO A Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos (OASRS) lançou uma Carta de Princípios sobre Concursos de Concepção, onde estão redigidos princípios orientadores para participação, colaboração e promoção de concursos de concepção. De acordo com a OARS, os princípios definidos na Carta pretendem funcionar como “regras a adaptar a cada procedimento em concreto”, sublinhando que “um concurso de concepção com 20 propostas obriga à existência de mais de 3 500 horas de trabalho, considerando que cada trabalho de concepção foi elaborado apenas por um arquitecto, durante o período de um mês”. “Há que reconhecer e respeitar o potencial humano investido que pode atingir um investimento financeiro por parte dos concorrentes na ordem das centenas de milhares de euros”, pode ler-se na Carta. Regendo-se pelos Decreto-lei nº18/2008, o Regulamento da UNESCO e o Guia da UIA para Concursos Internacionais de Arquitectura e Urbanismo, a Carta determina procedimentos ao nível da adjudicação, premiação, encargos de participação, constituição de júri, formas de apresentação dos trabalhos de concepção, prazos e impedimentos, entre muitos outros aspectos processuais. FERNANDO SANTO CONDECORADO POR CAVACO SILVA No Dia de Portugal, o Presidente da República Cavaco Silva condecorou Fernando Santo, bastonário da Ordem dos Arquitectos, com o grau Grande Oficial da Ordem do Mérito. Os vice-presidentes, os presidentes e os secretários dos Conselhos Directivos Regionais da Ordem dos Engenheiros, na qualidade de vogais do Conselho Directivo Nacional, não quiseram deixar passar a ocasião sem felicitar “efusivamente o colega condecorado”. “Além do inequívoco mérito pessoal traduzido numa brilhante carreira profissional de 35 anos, a distinção, concedida na fase final do segundo mandato na liderança da Ordem dos Engenheiros, reconhece certamente os altos serviços prestados ao país pelo engenheiro Fernando Santo no cargo de Bastonário”, referiram num comunicado emitido dia 8 de Junho. Sublinhando que Fernando Santo “em tudo promoveu, dignificou e prestigiou a profissão de Engenheiro e a Engenharia Portuguesa”.


NO MUNDO

BASCOL ANGOLA LANÇA N’GURI

NOTÍCIAS

MOTA-ENGIL CRIA NOVA CONSTRUTORA PARA MERCADO ANGOLANO A Mota-Engil Angola é a nova sociedade de direito angolano constituída pela Mota-Engil Angola e que conta com a petrolífera angolana Sonangol, como principal parceira. Criada para captar grandes obras públicas em Angola, a Mota-Engil Angola será detida, de acordo com um comunicado enviado à Comissão de Mercado dos Valores Imobiliários, em 51% pela Mota-Engil Engenharia e Construção e 49% pelo consórcio constituído pela Sonangol (20%) e Banco Privado do Atlântico (11%), Finicapital e Globalpactum. Gilberto Rodrigues, presentemente responsável pela área da construção no continente africano da Mota-Engil Engenharia e Construção, é apontado como o principal candidato para liderar esta nova empresa.

PRIMEIRO PARQUE EÓLICO MARTIFER RENEWABLES NA POLÓNIA N’Guri é a designação do primeiro projecto da Bascol Angola a ser lançado no país e consiste num condomínio privado de luxo de habitação, escritórios e serviços, onde se pode “morar, trabalhar e viver num mesmo espaço, representando uma clara mais-valia para este mercado”, esclareceu em comunicado Ricardo Romanholo, director da Área Internacional do grupo. Localizado em Talatona (Luanda Sul), este empreendimento representa um investimento de 100 milhões de euros e oferece 61 apartamentos de luxo, com tipologias que variam de T1 (218 mil euros) a T4 (1 197 mil euros). Na opinião do Grupo BASCOL, o N´Guri “é uma aposta forte no mercado angolano”, uma vez que, de acordo com Gabriel Bastos, presidente do Conselho Executivo “a estabilidade política, o desenvolvimento da economia e a afirmação de Angola em África e no mundo contribuem para o desenvolvimento de negócios no país”.

No dia 19 de Junho, a Martifer Rebewables inaugurou o seu primeiro parque eólico na Polónia. Situado em Łęki Dukielksie, Krosno, este parque tem uma capacidade instalada total de 10MW e é constituído por cinco aerogeradores Repower MM92. A sua função será produzir energia para abastecer 3 000 habitações, contribuindo, assim, para a redução da emissão de 15 000 toneladas/ano de dióxido de carbono para a atmosfera, informa um comunicado emitido pela empresa.

Construir um hospital psiquiátrico na Líbia é a próxima missão do consórcio Ferreira Mesquita, constituído pelas construtoras A. Mesquita e Ferreira. De acordo com notícia veiculada pelo Diário Económico, o masterplan já foi apresentado e o consórcio espera agora que se faça “uma reformulação por parte dos projectistas, de acordo com a troca de observações sobre o trabalho apresentado". Localizado a 30 quilómetros da capital Tripoli, o empreendimento deverá estar concluído em 2011. Embora seja a sua primeira obra no país, a Ferreira Mesquita pretende captar novas obras, tanto que “já tem um escritório local e uma equipa técnica instalada na Líbia”. “Esta equipa tem como objectivo operacionalizar a actividade neste mercado, com o estudo e análise dos principais fornecedores e parceiros locais", avança o jornal.

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FERREIRA MESQUITA CONSTRÓI HOSPITAL NA LÍBIA


IMOBILIÁRIO

EDIFER CONCLUI EMPREENDIMENTO FORTE DE ALGÉS

ARRENDAMENTO PODE CRIAR IMPACTO NAS EMPRESAS

A Edifer Imobiliária assinala a conclusão da construção do projecto imobiliário “Forte de Algés”, com a apresentação pública do apartamento-modelo. O empreendimento é composto por pequenos blocos de habitação e uma zona comercial. Localizado na primeira linha urbana de Oeiras, está inserido no centro histórico de Algés. O projecto é composto por 30 unidades, nas tipologias T1, T2, T3, T4, T2 duplex e T3 duplex, com áreas entre os 84 e os 213 metros quadrados, com lugares de estacionamento e arrecadações. A vertente comercial do empreendimento é constituída por 13 lojas com áreas entre os 36 e os 329 metros quadrados. “A arquitectura do empreendimento privilegiou a beleza do local, o plano de vistas proporcionado pelo estuário do Tejo e a excelente exposição solar, aspectos amplamente valorizados pela piscina panorâmica situada na cobertura dos edifícios”, lê-se no comunicado de imprensa. A organização dos espaços teve como orientação a preservação da memória histórica do local, tendo-se optado por recuperar e deixar publicamente visível uma parte da antiga muralha do Forte de Nossa Senhora da Conceição, ali anteriormente existente, e que acabou por inspirar o próprio nome do empreendimento.

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INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO AUMENTA NA EUROPA DE LESTE O volume de investimento imobiliário na Europa Central e de Leste (ECL) totalizou cerca de 100 milhões de euros em Abril, através da realização de cinco transacções, de acordo com o relatório da CB Richard Ellis – CEE Property Investment Marketview. Segundo a consultora imobiliária, isto significa que o investimento imobiliário se manteve baixo em Abril comparado com os anos anteriores, além de salientar que foi 32% acima da média mensal do primeiro trimestre de 2009. As transacções de Abril incluíram três na área do retalho, uma na área de escritórios e uma transacção industrial. Jobs Tromp, director do departamento de Research e Consultoria para a região da ECL, explica: ”os principais mercados da Europa Central, nomeadamente a República Checa e Polónia, foram responsáveis por quatro das cinco transacções de investimento de Abril, mantendo-se como os mercados mais activos não só em termos de transacções concluídas, como em interesse demonstrado pelos investidores”.

A figura do arrendamento tal como a conhecemos hoje deve vir a desaparecer e “todos os contratos deverão ser considerados no balanço das empresas”. A previsão é revelada no “Perspectives on Operating Leases” da Jones Lang LaSalle Corporate Finance. No documento, a empresa destaca o impacto profundo que as alterações propostas para as regras contabilísticas no âmbito do arrendamento podem vir a ter nos ocupantes corporativos. De acordo com estas propostas, nenhum contrato será excluído, incluindo os assinados previamente às alterações. Com base nestas mudanças, a Jones Lang LaSalle estima que o peso da dívida de um quarto das empresas cotadas no índice FTSE possa mais do que duplicar. As novas regras impõem que todos os imóveis alvo de arrendamento sejam incluídos no balanço, pressupondo-se que o direito de utilizar uma propriedade por um determinado período de tempo, ao abrigo de um contrato de arrendamento, seja considerado um activo da empresa e que o pagamento das rendas seja um passivo. Segundo o comunicado de imprensa, “para efeitos contabilísticos, o pagamento das rendas será dividido entre capital amortizado e juros (tal como num financiamento), para que o custo no balanço perdas/ proveitos seja mais elevado nos primeiros anos do contrato de arrendamento”.

PARQUE TERMAL DE MONTE REAL ABRE EM JULHO A Lena Hotéis e Turismo, integrada no sector Lena Turismo e Serviços, prepara a abertura do projecto de recuperação das Termas de Monte Real, em Julho. O público poderá conhecer o Palace Hotel Monte Real, bem como o SPA Monte Real. A abertura ao público da renovada unidade Termas de Monte Real está prevista para a partir de 15 de Julho. O projecto visou a recuperação da estância Termal de Monte Real, contemplando a construção de um complexo turístico, tendo sido criadas três unidades com serviços, equipas e acessos distintos: Termas de Monte Real (termalismo clínico), SPA Monte Real (espaço criado de raiz) e o Palace Hotel Monte Real (o hotel quatro estrelas com 101 quartos).


QUESTIONAR A REALIZAÇÃO PROFISSIONAL

VERÃO (A) MUDANÇA? /// É sabido que a melhor altura para um profissional mudar de emprego é quando ainda se encontra bem na actual empresa. Quando já chegou a uma situação de desmotivação extrema, a precipitação ocorre e a mudança dáse em condições que não são as melhores para o profissional. Esta altura do ano é, sem dúvida, a melhor altura para o realizar.

Independentemente do real motivo de mudança, enquanto empresa de recrutamento, anualmente notamos um acréscimo significativo de candidaturas durante e após o período de Verão. Nas entrevistas que realizamos diariamente, são-nos apontados diversos motivos de insatisfação. Um dos que surge mais é a estagnação de funções e a ausência de novos estímulos profissionais, seguido de motivos como a vertente salarial, incumprimento de planos de evolução de carreira e as reestruturações, que têm sido abundantes no actual panorama económico.

Uma vez tomada a decisão de activamente procurar uma mudança, é importante que o profissional adopte um curso de acção coerente, no timing correcto, senão vejamos: cerca de dois terços dos profissionais que a Hays tem na sua base de dados estão activos no mercado de trabalho. Ainda associado a este valor, a grande maioria de candidatos que anualmente colocamos em empresas estavam activos no mercado na altura da mudança.

vés do seguimento de anúncios na imprensa e na Internet, do contacto com empresas de consultoria especializadas no seu tipo de funções e da (re)activação e reforço da sua rede de networking profissional, por recurso a ferramentas como o Linked In, entre outras, que nos dias actuais potencializam negócios, troca de informação e oportunidades de carreira. NEGOCIAR A MUDANÇA É sobejamente sabido que a melhor altura para um profissional mudar de emprego é quando ainda se encontra bem na actual empresa, pois existe mais margem de manobra para negociar a mudança, para conhecer oportunidades interessantes, tendo sempre o seu projecto actual como contrapeso no processo de decisão. Quando já se chegou a uma situação de desmotivação ou ruptura extrema, a precipitação muitas vezes ocorre e a mudança dá-se em condições que muitas vezes não são as melhores para o profissional: ou aceita a primeira oportunidade que lhe surge, ou muda com condições salariais pouco competitivas. Através de um preciso e honesto exame de consciência qualquer profissional saberá em que fase de carreira se encontra. Esta altura do ano é, sem dúvida, a melhor altura para o realizar.

É, por isto mesmo, fulcral planear bem a mudança. Existem duas grandes etapas a contemplar. Em primeiro lugar, o profissional deverá começar por estabelecer objectivos e balizar competências. Para isso, deve determinar, por um lado, o tipo de funções que pretende abraçar e qual a sua flexibilidade funcional. Por outro, deve identificar as suas empresas-alvo. Através do conhecimento que tem do mercado e com base no seu percurso até á data, deverá cruzar a lista de empresas onde o seu background profissional melhor se ajusta e valoriza com a lista de empresas/ grupos onde, através das informações que tem no mercado, gostaria de trabalhar. Uma vez circunscrito o seu alvo, resta colocar em marcha a sua promoção. Para isso, deverá seguir semanalmente as movimentações e oportunidades que surgem no mercado, atra-

Carlos Maia

Head of Business – Porto Hays

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C

om o Verão e a silly season à porta, o abrandamento do volume de trabalho nesta época liberta espaço na mente de muitos profissionais para questionar a sua adaptação, motivação e realização profissional. Isto acontece pois chega-se ao culminar de um ano de trabalho em regra intenso, onde o ritmo de trabalho, as responsabilidades e compromissos pouca ou nenhuma disponibilidade mental deixaram para estas questões mais metafísicas, mas extremamente importantes. Desta análise, os profissionais chegam a conclusões diversas: ou estão perante uma crise de vocação temporária, ou sentem que existem componentes nas suas funções ou empresa que têm que ser revistas e negociadas, ou concluem pura e simplesmente que chegou a altura de procurar novos desafios profissionais.

RECURSOS HUMANOS


AGENDA

NACIONAL

EXPOTRANSPORTE Salão internacional de veículos pesados de mercadorias e passageiros e de logística Batalha; 1 a 4 de Outubro Exposalão – Centro de Exposições; www.exposalao.pt

JULHO

O Centro de Congressos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em De 4 a 6 de Junho, a EXPONOR – Feira Internacional do Porto promoveu a 1º edição da AMBINERGIA – Feira Internacional de Ambiente, Energia e Sustentabilidade, um evento que, de acordo com os organizadores reuniu “a oferta e a procura de vários segmentos empresariais, com a energia e a sustentabilidade a funcionarem como forças motrizes”. Ao longo de três dias, a feira recebeu 5 537 visitas que tiveram a oportunidade de conhecer as novidades em produtos e serviços nas áreas do ambiente, energia e sustentabilidade apresentadas por “cerca de 70 expositores.

JUNHO

AMBINERGIA

IMPLEMENTAR MEDIDAS PARA OBTER PAGAMENTOS COM SUCESSO Conferência Lisboa; 14 de Outubro NPF -Pesquisa e Formação; www.npf.pt ENERGIAS RENOVÁVEIS 2ª Conferência Lisboa; 14 e 15 de Outubro IIR Portugal; www.iirportugal.com

AGOSTO

SALÃO PISCINA Salão Internacional de Piscinas & SPAS Santarém; 8 a 11 de Outubro Exposan – Feiras & Exposições; www.salaopiscinas.com

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De 15 a 18 de Outubro, a Exposalão promove a 8ª edição da MATEC - Feira internacional de máquinas, equipamentos, matérias-primas e tecnologia para a indústria de madeiras e da cortiça, que terá lugar no Centro de Exposições da Batalha. A MATEC concentra, segundo os organizadores, “o maior número de empresas representantes do sector das madeiras e, mais recentemente, também da cortiça”. Desengrossadeiras, alinhadoras, guilhotinas, charriots, transportadoras, posicionadores electrónicos, molduradoras, orladoras, ferramentas eléctricas, chumaceiras e rolamentos; lixadoras de acabamento, calibradoras, tornos automáticos, linhas de acabamento, esquadrejadoras, prensas, tupias, garlopas, multifuradoras, máquinas convencionais de carpintaria; equipamentos de vácuo para elevação e transporte; aspiração industrial, compressores, equipamentos de pintura, cabines de pintura e tratamento de ar; ferragens e acessórios para mobiliário, colas e betumes, tintas e vernizes, são alguns dos produtos em exposição na feira. CONCRETA Feira Internacional da de Construção e Obras Públiucas Porto; 20 a 24 de Outubro Exponor – Feira Internacional do Porto; www.exponor.pt

OUTUBRO NOVEMBRO

MATEC — FEIRA INTERNACIONAL DE MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS, MATÉRIASPRIMAS E TECNOLOGIA PARA A INDÚSTRIA DE MADEIRAS E DA CORTIÇA

DEZEMBRO

O Centro de Congressos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa, vai receber o 2º Encontro Nacional de Geodesia Aplicada, um evento que pretende” reunir técnicos, docentes e investigadores interessados nas diversas aplicações dos métodos da Geodesia e constituir um fórum para a sua divulgação e discussão”, avança os organizadores (LNEC e Colégio Nacional de Engenharia Geográfica da Ordem dos Engenheiros). As apresentações serão dedicadas às várias áreas de aplicação da geodesia, nomeadamente estudos de geodinâmica; problemas de conversão entre diferentes dados geodésicos; monitorização de deslocamentos de grandes obras de engenharia, tais como barragens, pontes, obras de aterro, obras subterrâneas e obras marítimas.

SETEMBRO

2.º ENCONTRO NACIONAL DE GEODESIA APLICADA

01 08 12 14 14 15 20

EXPOTRANSPORTE Batalha SALÃO PISCINA Santarém 2.º ENCONTRO NACIONAL DE GEODESIA APLICADA Lisboa IMPLEMENTAR MEDIDAS PARA OBTER PAGAMENTOS COM SUCESSO Lisboa ENERGIAS RENOVÁVEIS Lisboa MATEC Batalha CONCRETA Porto


AGENDA

JUNHO

INTERNACIONAL

EXPO CONSTRUÇÃO BAHIA Salvador da Bahia, Brasil

18

ENIC Rio de Janeiro, Brasil

01 06 14 21

SPOGA Colónia, Alemanha MSV Brno, República Checa

27

A 81º edição do Enic – Encontro Nacional da Indústria da Construção, que terá lugar no Rio de Janeiro, Brasil, nos dias 1,2 e 3 de Setembro, é uma “oportunidade imperdível para que empresários desta indústria troquem experiências, renovem informações, projectem iniciativas e se actualizem em tecnologia”, asseguram os promotores. Este ano, o Enic coincide com o 90º aniversário de fundação do Sinduscon-Rio (Sindicato daIndústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro). Na perspectiva dos promotores é “é primordial” aproveitar esta oportunidade para realizar uma “aprofundada reflexão sobre a realidade actual, que resulte em efectivo crescimento sustentável de nossa indústria, mostrando aos governos e à sociedade o quanto a Indústria da Construção é importante como protagonista do desenvolvimento económico e social do país”.

O Centro de Exposições de Brno, na República Checa, será palco da 51ª edição da MSV – Feira Internacional de Engenharia, entre 14 a 18 de Setembro. Minas, metalúrgica, cerâmica, vidro, materiais e componentes para engenharia mecânica, climatização, hidráulica, indústria química, plásticos, automação, são alguns dos sectores de actividade em exposição no certame. Este ano, a MSV decorrerá em simultâneo à quinta edição da Feira Internacional de Transporte e Logística, o que só acontece em anos ímpares.

INTERTOOL MOSCOW 12ª Feira Internacional de Ferramentas Moscovo, Rússia; 21 a 24 de Setembro Reed Exhibition; http://www.intertool-moscow.com MINING & ENERGY Feira Internacional de Minas e Energia Adelaide, Austrália; 27 a 29 de Outubro Reed Exhibition; www.miningandenergynsw.com.au

28 DEZEMBRO

AQUANALE Colónia, Alemanha

ENIC – ENCONTRO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

SPOGA Feira Internacional do Jardim Colónia, Alemanha; 6 a 8 de Setembro Koelmess; www.spoga-cologne.com NOVEMBRO

MINING & ENERGY Adelaide, Austrália

O Centro de convenções de Salvador, Brasil, irá receber a 9ª edição da Expo Construção Bahia, entre os dias 18 a 22 de Agosto. Este certame reúne, de acordo com os organizadores, “toda a cadeia produtiva da construção civil do Nordeste, promovendo contacto entre empresas e profissionais do sector”. O Fórum Nacional de Arquitectura e Construção será o evento paralelo de maior destaque e servirá para promover “o intercâmbio de informações entre arquitectos, com ênfase nas palestras dos maiores expoentes da arquitectura brasileira e mundial”.

MSV – FEIRA INTERNACIONAL DE ENGENHARIA

OUTUBRO

INTERTOOL MOSCOW Moscovo, Rússia

EXPO CONSTRUÇÃO BAHIA

AQUANALE Feira Internacional da Sauna, Piscina e Ambiente Colónia, Alemanha; 28 a 31 de Novembro Koelmess; www.aquanale.com

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30

SETEMBRO

EXPORT HOME Luanda, Angola

AGOSTO

JULHO

EXPORT HOME Feira internacional da Casa, Mobiliário, Hotelaria, Iluminação, Decoração e Têxteis-Lar Luanda, Angola; 30 de Julho a 2 de Agosto Exponor – Feira Internacional do Porto; www.exporthome-angola.exponor.com


NAVEGAR

WWW.ACAIPORTUGAL.COM |

EM PORTUGUÊS

“Criada em 2003, a ACAI - Associação de Empresas de Consultoria e Avaliação Imobiliária é formada por oito agentes imobiliários que, em conjunto, representam mais de 75% do volume de transacções de imobiliário comercial em Lisboa e igual percentagem das avaliações em termos de valor”. O site disponibiliza notícias, informação sobre os agentes imobiliários, assim como acerca do mercado imobiliário nacional (investimento, escritório, retalho, industrial e logístico, residencial e hotéis).

WWW.IPAC.PT |

EM PORTUGUÊS

“O Instituto Português de Acreditação, I.P. (IPAC) foi criado pelo Decreto-Lei 125/2004 de 31 de Maio, tendo-lhe sido atribuídas as funções de organismo nacional de acreditação que consistem em reconhecer a competência técnica dos agentes de avaliação da conformidade (entidades que efectuam calibrações, ensaios, inspecções e certificações) de acordo com referenciais internacionais. Para o desenvolvimento das suas actividades de acreditação o IPAC possui diversas comissões técnicas, e recorre a uma bolsa de auditores e peritos externos. Possui uma Comissão Consultiva representativa das várias partes interessadas na actividade de acreditação, e que supervisiona a imparcialidade da sua actuação, bem como a sua orientação estratégica”. O site contém notícias, documentos, informações sobre o Instituto, eventos, projectos e reuniões internacionais, entre outros.

WWW.OECV.CV |

EM PORTUGUÊS | TEM MOTOR DE PESQUISA

A página da Ordem dos Engenheiros de Cabo Verde (OECV), para além da divulgação de eventos, serve também para a “divulgação de artigos científicos e técnicos, sendo assim um meio de formação e de superação profissional”. O site disponibiliza também notícias, fotos, documentação e informação sobre os membros da Ordem, aos quais dedica uma área exclusiva.

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COMISSÃO EUROPEIA QUER GOVERNO INDEPENDENTE DA INTERNET A Comissão Europeia (CE) quer "maior transparência e responsabilização multilateral no governo da Internet", revelou num documento estratégico divulgado a 18 de Junho. A CE diz que "aceita que a gestão diária do funcionamento da Internet seja conduzida por empresas privadas, desde que assumam responsabilidades e sejam independentes". Paralelamente foi divulgado um documento onde são propostas 14 acções para promover a "Internet das coisas", através de um melhor financiamento de processos associados à normalização, I&D e medidas destinadas a proteger a vida privada, os dados e a segurança dos utilizadores.

SERVIÇOS NET MAIS BARATOS Os serviços multimédia e de Internet serão cada vez mais baratos, voltados para o utilizador e de acesso em qualquer lugar. A previsão foi defendida a 22 de Junho durante o FMN09 – Second International Workshop on Future Multimédia Networking. Os especialistas reunidos em Coimbra defenderam a necessidade de existência de redes informáticas avançadas e o desenvolvimento de uma nova geração de tecnologias e serviços de rede que garantam ao utilizador o acesso fácil, com qualidade e ao menor custo a conteúdos exigentes (vídeo, áudio, televisão, entre outras plataformas), através de computadores portáteis, telemóveis e de outros dispositivos. O encontro reuniu três dezenas de países, ligados a centros de investigação ou a empresas que oferecem serviços de Internet.

JORNAIS BRITÂNICOS ANTIGOS ESTÃO ONLINE A Biblioteca britânica lançou em Junho um novo serviço através do qual disponibiliza na Internet edições de jornais antigos. Ao todo são 49 publicações, algumas com 200 anos, entre as quais estão alguns dos principais jornais britânicos, como o Daily News, Manchester Times, Western Mail, Northern Echo e Glasgow Herald, bem como publicações regionais. No total são disponibilizadas 200 milhões de páginas.


ARTES & LEITURAS

BIAGIO ROSSETTI URBANISMO RENASCENTISTA “O urbanismo de Biagio Rossetti foi perseguido na perfeita consciência dos valores da arquitectura enquanto instrumentos do desenho urbano, em tons de vermelho tijolo da tradição medieval de Ferrara, a que acrescentou a marca escultórica do mármore branco, símbolo de classicismo e modernidade. Não importa procurar outras personalidades como potenciais arquitectos criadores no contexto das transformações urbanas encetadas nas duas últimas décadas de quatrocentos e primeira de quinhentos na cidade do delta do rio Po. O que pretendemos expressar através desta personalidade, como exemplo marcante, é um movimento de cultura colectiva nos domínios da experiência urbanística particular desta comunidade em processo de transformação do suporte físico e simbólico sobre que assentavam as suas vidas. Foi por isso que Ferrara foi lida como a primeira cidade moderna europeia e que a arquitectura ganhou definitivamente a dimensão do desenho urbano pela qual pugnava Alberti”. Autor: Domingos Tavares Dimensões: (15,0x22,5cm) 137p. Edição: Porto, Maio 2009 Colecção Sebentas de História da Arquitectura Moderna, n.º6 DL: 294104/09 ISBN: 978-989-8217-04-2

JOGOS DE IDENTIDADE PROFISSIONAL: OS ENGENHEIROS, A FORMAÇÃO E A ACÇÃO

Editores: Ana Cardoso de Matos, Maria Paula Diogo, Irina Gouzevitch, André Grelon Edição: Edições Colibri/NEHM/ CIDEHUS¬ UE – Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora / CIHUCT – Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia Capa: José Manuel Sousa Depósito legal:289 727/09 ISBN:978-972-772-879-4

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“Baseada em contribuições que se debruçam sobre diversas realidades nacionais, não se confinando ao espaço europeu, esta obra oferece uma perspectiva renovada da imagem do engenheiro. Abordando aspectos menos convencionais da profissão, acentuando a dimensão dos contextos político económico e técnicocientífico da prática da engenharia, interrogando os percursos de formação, os autores propõem ao leitor uma reflexão sobre a construção dinâmica, por vezes mesmo difícil, da identidade profissional dos engenheiros”.


PRODUTOS

HIDROMASSAGEM NA JACUZZI ROBBIALAC LANÇA NOVA TINTA PARA TECTOS A Robbialac acaba de lançar uma nova tinta para tectos, cuja “fórmula especial faz com que o produto não salpique durante a utilização”, lê-se no comunicado de imprensa. Possui uma película com resistência ao desenvolvimento de fungos, com aspecto mate. A nova tinta está disponível na cor branco nos formatos 4L e 10L na rede integrada de 56 lojas próprias Robbialac e em revendedores autorizados da marca.

SCHLÜTER TEM BASE DE APLICAÇÃO DE TIJOLEIRA

Nova é a última criação do designer Carlo Urbinati para a Jacuzzi. Constituída pelos modelos de banheiras de hidromassagem Base, Top e Aquasystem, a Nova Design nasceu sem sistema de hidromassagem, em versão encastrável ou sem ser encastrável. Nova está disponível na versão sem bordo superior, em acrílico branco ou com bordo superior – em mármore, completamente branco ou em wengé ou madeira teca; com ou sem torneira (que pode ser mecânica ou electrónica). Os novos modelos da Nova têm um sistema de fixação de painel, de modo a que não existam folgas entre o bordo da banheira e o painel, estabilizando-a e tornando-a mais segura.

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HÖRMANN LANÇA SISTEMA À PROVA DE INTRUSÃO

Schlüter-Kerdi-Board é uma base multifuncional de aplicação de tijoleira para paredes, que ao mesmo tempo pode assegurar a impermeabilização em conjunto com o revestimento de cerâmica, abrangendo muitas áreas de aplicação enquanto placa de construção. É constituída por uma placa de espuma rígida extrudida revestida em ambos os lados da superfície com um material especial de endurecimento e um feltro geotextil para assegurar uma boa aderência na cola para tijoleira. Com as espessuras de placa de 5, 9, 12, 5, 19, 28, 38 e 50 mm, SchlüterKerdi-Board abrange um vasto número de áreas de aplicação, para a criação de bases de aplicação niveladas e impermeáveis, para revestimento de tijoleira. Com a criação adequada das uniões e áreas de ligação, a placa de aplicação pode ser utilizada como impermeabilização conjunta certificada. Schlüter-Kerdi-Board adequa-se à criação de bases de aplicação de tijoleira em alvenaria, bases antigas de todos os tipos, prumos de madeira ou metal, paredes divisórias direitas ou arredondadas individuais, para o revestimento de instalações e tubagens (caixas de tubagens), para o revestimento de banheiras e duches direitos ou arredondados, para a criação de bancadas de cozinha, bancadas de outro tipo, prateleiras ou outros móveis de casa de banho. Também se adequa à criação de bases niveladas para o solo em trabalhos de reabilitação em áreas sanitárias sujeitas à passagem de pessoas ou semelhante.

A Hörmann lançou no mercado português um novo sistema à prova de intrusão. As novas portas seccionais de garagem, especialmente destinadas ao segmento residencial, correspondem aos modelos LPU 40, EPU 40 e LTH 40. Esta nova solução, desenvolvida de acordo com a norma europeia EN 13241-1 de 2005, prevê o bloqueamento do batente da guia e a impossibilidade da porta ser aberta, sempre que o dispositivo de deslocamento é accionado. Como precaução complementar, o bloqueio da porta é realizado de forma mecânica, o que permite a segurança do sistema mesmo quando ocorre o corte da energia eléctrica. “Este mecanismo anti-intrusão foi devidamente aprovado pelo TÜV – organismo alemão de fiscalização e vigilância técnica – e de acordo com as directivas TTZ”, afirma Henrique Lehrfeld, director geral da Hörmann Portugal.


PRODUTOS

ARTILIN 3A COMBATE ALERGIAS

LEGRAND TEM NOVAS TOMADAS A Legrand lançou a gama de tomadas Mosaic especial DLP. Associada à calha DLP, permite diferentes combinações de aparelhos no formato 45 x 45mm, colocando à disposição as soluções habitualmente encontradas num ambiente terciário: correntes fortes e correntes fracas. Estas tomadas são uma solução “para a realização de uma instalação eléctrica eficiente e flexível nos diversos tipos de ambientes terciários: escritórios, salas de reuniões ou de conferências, espaços comerciais, zonas administrativas, agências bancárias, hospitais, escolas, entre outros”, lê-se no comunicado de imprensa.

NOVA COLUNA DE DUCHE SANITANA A Sanitana lançou a Coluna Laos. Com um desenho inspirado na natureza, a nova coluna conjuga o inox com o acrílico. A empresa passa também a disponibilizar a base Inês em versão extraplana (aba 50mm), numa peça que permite um espaço para dois até em áreas mais diminutas: 120x75 cm. A válvula sifonada de 90mm está incluída.

LAVA-LOUÇAS EM CORES ENERGÉTICAS A Silestone apresenta a oportunidade de integrar cor, design, funcionalismo e higiene nas cozinhas com os novos lavalouças disponibilizados num total de 38 tons, entre as quais se encontram as energéticas cores de Life! Os lava-louças estão realizados integralmente em Silestone e comercializam-se sob a marca Aquartz. Uma gama com acabamento totalmente plano: Azul Enjoy, Amarelo Dream, Verde Fun, Laranja Cool e Vermelho Vital. A propriedade antibactérias aplicada a todos os produtos e modelos da marca está também integrada nos novos lava-louças. “A higiene total que caracteriza a Silestone está garantida com a aplicação da tecnologia antibactérias de Microban, que inibe o crescimento de bactérias e fungos na superfície”, lê-se no comunicado de imprensa.

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Artilin 3A é o produto anti-ácaros, anti-insectos e resistente ao desenvolvimento de fungos da CIN, que visa ajudar a combater a asma e os problemas alérgicos típicos desta época do ano. Este produto tem comercialização autorizada pela Direcção Geral de Saúde (DGS) e recomendação da Associação Portuguesa de Asmáticos (APA). “As tintas Artilin 3A actuam provocando uma diminuição da população de ácaros para níveis abaixo do que é medicamente considerado como limite da irritabilidade, contribuindo assim para diminuir a intensidade e frequência das crises asmáticas e alérgicas, sem representar qualquer perigo para o ser humano”, explica Paulo Gil, gestor de produto Artilin. Ao abrigo do protocolo estabelecido entre a CIN e a APA, os associados da APA podem adquirir estas tintas e todos os restantes produtos CIN para a pintura da casa numa das 70 lojas CIN ou em revendedores autorizados com um desconto de 35%, mediante a identificação como associado ou documento passado pelo seu médico alergologista.


EM FOCO

50 MAIORES EMPRESAS CRESCEM 7%

GRANDES CONSTRUTORAS CONTRARIAM CRISE TEXTO DE SOFIA DUTRA

/// Entre 2003 e 2007, as 50 maiores empresas do sector da construção em Portugal registaram uma taxa média de crescimento anual de 7%, apesar da produção nacional do sector ter descido 11%. A conclusão é de um estudo da Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas (ANEOP) e da consultora Deloitte, “O Poder da Construção em Portugal - Impactos 2009/2010”, apresentado a 2 de Junho, em Lisboa.

que 86% do negócio internacional do sector é realizado pelo top 10.

S

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egundo o documento, no mesmo período, o volume de negócios destas empresas apresentou um crescimento de 30% em termos acumulados. Estes valores mostram que “as 50 maiores empresas portuguesas são dinâmicas e crescem num momento em que o sector da construção vive a sua crise mais prolongada de sempre”, afirmou António Manzoni, da ANEOP. A diversificação e a internacionalização foram os caminhos traçados por estas empresas para contornarem a situação de crise vivida no sector. Actualmente, mais de 70% das empresas envolvidas no estudo tem actividade fora de Portugal, ao contrário do que acontece no total do sector, onde apenas 6% do volume da actividade tem origem no exterior. Acresce

O continente africano é o principal destino das maiores empresas portuguesas, representando cerca de 60% do volume de negócios gerado no exterior, com especial destaque para os países de expressão portuguesa. Angola destaca-se, ao representar “cerca de 50% do volume de negócios internacional das empresas com uma facturação superior a 200 milhões de euros”. Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) são, a par do norte de África, América Latina e Europa de Leste os mercados onde se perspectiva uma aposta destas empresas nos próximos dois anos. DIVERSIFICAÇÃO INTEGRADA Em termos de diversificação das áreas de

actividades, “cerca de 90% das empresas declararam que operam noutros negócios além da construção”. 70% estão nas concessões e no imobiliário, 50% na indústria e no ambiente e 40% no turismo e na energia. O estudo revela que “a diversificação está focada na integração de actividades ao longo do ciclo de vida do produto, desde os materiais de construção até à exploração dos activos edificados”. Segundo Carlos Frias, sócio da Deloitte, “há cada vez mais empresas a encarar a diversificação como estratégia de negócio”. E adianta que “a aposta das construtoras no imobiliário e nas concessões deverá manter-se nos próximos anos”. O estudo foi elaborado com informação recolhida entre Fevereiro e Maio através de questionários e entrevistas com os principais responsáveis das 50 maiores empresas, que representam 23% do volume de negócios do sector.


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