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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA:

A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Por Luana Marinho



UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

LUANA MARINHO DOS SANTOS

REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

VILA VELHA 2019



LUANA MARINHO DOS SANTOS

REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientador: Prof. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira.

VILA VELHA 2019





Dedico essa pesquisa a todos que acreditam que a cultura de um povo, é o seu maior patrimônio.


AGRADECIMENTOS


Gostaria de deixar a minha enorme gratidão a Deus, que em nenhum momento me desamparou. Me sustentou e me sustenta a cada obstáculo, me capacitou e me faz capaz a cada desafio, me mantém saudável para que seja possível realizar o sonho da conclusão da graduação de Arquitetura e Urbanismo.

Por me motivarem e me ensinarem sobre os valores da vida, por serem a base de todas as minhas conquistas. Às minhas irmãs, Luciana Marinho dos Santos e Maria Gabriela Marinho dos Santos, pelo apoio, companheirismo e carinho.

Em especial a minha avó Jandira Zanol dos Santos, que faz meus dias mais leves, minhas tias, tios, primos e primas que Aos professores competentíssimos da Universidade Vila acreditam na minha capacidade e me dão forças para ir Velha. Em especial à Melissa Ramos da Silva Oliveira sempre em busca dos meus objetivos. atenciosa e motivadora, acreditou em mim mesmo com pouco tempo de convivência. Agradeço por todas as Ao amor da minha vida, Renzo Mares Guia Baptista, o meu orientações e correções deste trabalho, por me incentivar e alicerce, a minha força quando estou longe dos meus pais. me inspirar com suas orientações em relação ao patrimônio Meu incentivo e inspiração de caráter, o meu maior fã, para sempre serei grata a ele e a sua família. cultural. Serei eternamente grata a minha família. A minha mãe, Aos meus amigos e amigas do curso que acreditam no meu Gelza Marinho dos Santos e meu Pai, Sergio Luis Zanol dos potencial, me ajudaram e tornaram meus dias mais incríveis. Santos, que sempre foram o meu porto seguro, o meu chão, Agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente, me proporcionando o melhor que podem a todo momento. para que este estudo fosse possível.



“Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito.” Lina Bo Bardi


RESUMO O presente estudo se trata de um trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo, apresentando um projeto a nível de estudo preliminar de Reabilitação Urbana da área denominada “Porto” localizada no município de Piúma, no estado do Espírito Santo. É uma área com vocação para pesca artesanal, onde reside muitos moradores de Piúma que são pescadores ou pertence à família de pescadores locais e foi o lugar de muitos acontecimentos da história e desenvolvimento de Piúma. Portanto, esse projeto tem o objetivo de valorizar a cultura de Piúma, sobretudo a cultura da pesca artesanal, que é considerada o Patrimônio Cultural Imaterial do município de Piúma, ainda que atualmente este patrimônio não tenha registro formal em documento específico, mas está marcado na identidade do piumense que direta ou indiretamente, carregam consigo um pouco dessa cultura. Além do resgate e valorização da área e da cultura local, esse projeto também tem objetivo de resolver problemas de mobilidade urbana que ocorrem na área, valorizar a caminhabilidade do pedestre, propondo espaços de convívio mútuo e melhorando a qualidade de vida das pessoas. Para elaboração desse trabalho, foram realizadas leituras bibliográficas afim adquirir de fundamentação teórica dos assuntos pertinentes ao tema, dessa forma foi

realizado o diagnóstico da área através de percursos a pé, registros fotográficos, leitura sensoriais com diário de campo, elaboração de mapas com informações obtidas e posteriormente a síntese dessas. Pesquisas para estudos de casos foram feitas para obter repertório acerca do projeto de reabilitação, aplicando-os na medida do possível, de acordo com o contexto em que se insere o projeto de Reabilitação do Porto, que foi produzido em software de sistema BIM Revit, de maneira que se obtivesse o melhor resultado. Dessa maneira a Reabilitação Urbana da área do Porto, preserva e valoriza o considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Pesca Artesanal local, conferindo-lhe dinâmica econômica, urbanidade e qualidade de vida. Palavras-chave: Reabilitação urbana – Pesca artesanal – Patrimônio cultural Imaterial – Piúma .


ABSTRACT This study is a work of completion of the course of Architecture and Urbanism, presenting a project at the level of preliminary study of Urban rehabilitation of the area called “Porto” located in the municipality of Piúma, state of Espirito Santo. It is an area with a vocation for fishing, where there are many residents of Piúma who are fishermen or belong to the local fishing family and were the scene of many events in the history and development of Piúma. Therefore, this project aims to enhance the culture of Piuma, especially the artisanal fishing culture, which is considered the Intangible Cultural Heritage of the municipality of Piuma, although currently this heritage has no formal record in a specific document, but is marked on the piumense identity that directly or indirectly carry with it a little of this culture. In addition to the rescue and appreciation of the area and local culture, this project also aims to solve problems of urban mobility that occur in the area, enhance pedestrian walkability, propose spaces for mutual living and improving people’s quality of life. To elaborate this work, bibliographic readings were performed in order to acquire the theoretical foundation of the subjects pertinent to the theme, the area was diagnosed through walking, photographic records, sensory reading with field diary, elaboration of maps with information obtained and afterwards. the synthesis of these. Case study research was

done to obtain a repertoire about the rehabilitation project, applying them as far as possible, according to the context of the Porto rehabilitation project, which was produced in BIM Revit system software, so that the best result was obtained. Thus the Urban rehabilitation of the Porto area preserves and values the ​​ considered Intangible Cultural Heritage of local Artisanal Fishing, giving it economic dynamics, urbanity and quality of life. Keywords: Urban rehabilitation - Artisanal fishing - Intangible cultural heritage - Piuma


LISTA DE FIGURAS Figura 1: Barco ancorado no Rio Piúma entre vegetação de mangue. Figura 2: Patrimônio Cultural. Figura 3: Panelas de barro de Goiabeiras produzidas pelas mulheres da comunidade. Figura 4: Exposição do IHGP sobre a história de Piúma em 2015. Figura 5: Pesca artesanal com auxílio dos botos em Laguna - SC. Figura 6: Vista parcial do Porto de Piúma em 1980. Figura 7: Vista da paisagem do alto da Torre Asinelli, Bolonha, 2014.

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45 Figura 8: Pescador na praia de Piúma. 47 Figura 9: mapa do Brasil com localização do Estado do Espírito Santo, mapa do Espirito Santo com localização de Piúma e mapa de Piúma. 53 Figura 10: Foto aérea de Piúma demonstrando suas três ilhas, e ao fundo o Monte Aghá. 52 Figura 11: Praia do Pau Grande, umas das praias de Piúma. 54 Figura 12: Ilha do Gambá. 55 Figura 13: Prainha, localizada na Ilha do Gambá. 55 Figura 14: Pôr do Sol e Monte Aghá vistos da orla de Piúma. 56 Figura 15: Cais dos pescadores em Piúma. 57 Figura 16: Orla de Piúma anos 70. 58 Figura 17: Linha do Tempo com algum dos fatos mais importantes sobre a história e desenvolvimento de Piúma, baseada em BODART et. al. (2014). 60 Figura 18: Ponte de madeira sobre o Rio Piúma na década de 70. 63 Figura 19: Rio Piúma com invasão de residências nas suas margens. 63 Figura 20: Foto aérea do Ifes campus Piúma. 64 Figura 21: Área “livre” do Porto do município de Piúma. 66 Figura 22: Igreja da comunidade São Pedro em Piúma dedicado ao padroeiro dos pescadores. 66 Figura 25: Mapa de Macrozoneamento do município de Piúma. 67

Figura 24: Mercado de peixes atualmente. 68 Figura 26: Mapa de zoneamento do município de Piúma. 71 Figura 27: Mapa de Hierarquia das vias do município de Piúma. 73 Figura 28: Praia de Piúma anos [199-]. 74 Figura 29: Uma das praias de Piúma, década de 70. 75 Figura 30: Cacimbeiras buscando água. 77 Figura 31: Mapa do município de Piúma com localização da poligonal em estudo e mapa da poligonal de estudos. 80 Figura 32: Mapa de Zoneamento urbano do município de Piúma com foco na poligonal em estudos. 82 Figura 34: Mapa de Uso do Solo da poligonal em estudo. 87 Figura 35: Mapa de gabarito das edificações da poligonal em estudos. 89 Figura 36: Vista esquemática da poligonal em estudo. 90 Figura 37: Mapa de pontos positivos e pontos negativos na poligonal em estudo. 95 Figura 38: Mapa de Diretrizes para elaboração do projeto da poligonal em estudo. 97 Figura 39: Mapa de Ações para elaboração do projeto da poligonal em estudo. 99 Figura 40: Diário de Sensações. 100 Figura 41: Complexo de Ver-o-peso em Belém - PA. 104 Figura 42: Conjunto arquitetônico de Ver-o-Peso tombado pelo IPHAN. 105 Figura 43: Orla do Guaíba em Porto Alegre (RS). 106 Figura 45: Arquibancada proposta para o parque do Guaíba. 107 Figura 44: Orla do Guaíba - Porto Alegre (RS). Destaque para iluminação cênica noturna. 107 Figura 46: Projeto de Reurbanização do Vale do Anhagabaú em São Paulo (SP). 111 Figura 47: Planta baixa de partido arquitetônico do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma (ES). 113 Figura 48: Planta baixa de setores e âncoras do projeto de Reabilitação


do Porto de Piúma. 115 Figura 49: Planta baixa de implantação e Corte esquemático do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma. 116 Figura 50: Vista aérea do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma - ES. 118 Figura 51: Planta baixa setorial e corte esquemático do Setor Cais do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma - ES. 121 Figura 52: Projeto para o Cais dos pescadores. Deck que avança no Rio Piúma promove a conexão com a natureza. 122 Figura 53: Vista da Rua em direção ao Deck do Cais. Espaço acolhedor e humanizado. 123 Figura 54: Deck projetado para o Cais dos Pescadores. Mobiliário urbano, iluminação e vegetação promovendo a escala humana do lugar. 124 Figura 55: Planta baixa do projeto de reabilitação para o Setor Porto. 126 Figura 56: Projeto para o setor Porto- espaço urbano digno para a população. 127 Figura 57: Um dos espaços propostos para “placemaking”. 129 Figura 59: Edificação requalificada para moradias dos moradores realocados e o Centro cultural no térreo. 130 Figura 58: Mapa de localização das edificações que foram objeto de intervenção no Porto. 131 Figura 60: Centro Cultural no térreo da edificação requalificada. 133 Figura 61: Nova arquitetura proposta para o Mercado Municipal de Piúma. 135 Figura 62: Fachada dos Fundos do Mercado promove a conexão com o Rio e com o manguezal, preservando a paisagem cultural do Porto. 136 Figura 64: Rua do Lazer atrás da Praça Central. 138 Figura 65: Planta baixa e corte esquemático da Praça Central. 139 Figura 66: Praça Central com seus espaços potencializados, tornando-se atrativos e confortáveis. 140 Figura 67: Praça Central. 141 Figura 68: Paleta de cores capitada na foto do Cais dos Pescadores no aplicativo Adobe capture. 142 Figura 69: Vista aérea do Porto destacando o desenho da paginação

de pisos da calçada. Figura 70: Calçada com arvore mantida e arborização nova. Figura 71: Praça Central com canteiros de hibiscos coloridos, para trazer cor ao ambiente. Figura 72: Cais dos Pescadores com paisagismo criterioso para ambientação e conexão com a natureza. Figura 73: Planta baixa de Paisagismo do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma. Figura 74: Iluminação artificial cênica para toda poligonal do Porto, promoverá trazendo vitalidade urbana para os espaços públicos também em horário noturno. Figura 75: Iluminação Noturna no Setor Porto. Figura 76: Vista aérea do Porto, destaque para o ordenamento das vias e implantação das largas e confortáveis calçadas. Figura 77: Reordenamento das vias que favorece o pedestre, mas organiza o trânsito de automóveis no local. Figura 78: Estratégia de “Traffic calming” de forma humanizada através da arborização na entrada norte da cidade, ameniza o uso de sinalização de trânsito formais que causam poluição visual. Figura 79: Rua Eliseu Xavier Nunes no eixo transversal do projeto, com faixa elevada para otimização do trânsito loca. Figura 80: Rua Eliseu Xavier Nunes com calçadão que conecta o Porto à Praça Central, proporcionando caminhabilidade eficiente. Figura 81: Planta baixa de sistema viário. Figura 82: Perfil viário Rua Barra de São Francisco, no Setor Porto. Figura 85: Simulação de cores em tons pastéis nas fachadas das edificações do Porto, com padronização de toldos e placas. Figura 86: Simulação com padronização de placas e toldos nas peixarias locais.

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LISTA DE TABELAS Tabela 1: Demonstrativo do crescimento populacional em Piúma/ES.

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Tabela 2: Tabela de índices urbanísticos da Zona de interesse histórico 01 (ZHI1) do município de Piúma.

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Tabela 3 - Tabela de índices urbanísticos da Zona de interesse histórico 02 (ZHI2) do município de Piúma

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Tabela 04 - Síntese do Diagnóstico

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LISTA DE ABREVIAÇÕES CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo CI: Conservação Integrada EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ES: Espírito Santo ESCOPESCA: Escola de Pesca IFES: Instituto Federal do Espírito Santo INRC: Inventário Nacional de Referências Culturais IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPAC: Instituto do patrimônio artístico e Cultural da Bahia MPA: Ministério da Pesca e Aquicultura PA: Pará PMP: Prefeitura Municipal de Piúma PDM: Plano Diretor Municipal RS: Rio Grande do Sul SPHAN: Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ZIH1: Zona de Interesse Histórico I ZIH2: Zona de Interesse Histórico II


SUMÁRIO INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 2

PRESERVAR A CULTURA ATRAVÉS DA ARQUITETURA 28 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA 28 OBJETIVOS 29 OBJETIVO GERAL 29 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 30 POPULAÇÃO ALVO 30 ABRANGÊNCIA 30 BENEFÍCIOS 30 METODOLOGIA 30

CAPÍTULO 1

CONCEITOS E DEFINIÇÕES 1.1 - PATRIMÔNIO 1.1.1 PATRIMÔNIO CULTURAL 1.1.2 PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL 1.2 PORQUE PRESERVAR? 1.3 FORMAS DE PRESERVAR 1.3.1 PRESERVAR SEM REGISTRAR 1.4 PESCA ARTESANAL COMO PATRIMÔNIO CULTURAL 1.5 CONSERVAÇÃO INTEGRADA 1.6 ARQUITETURA NA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA

34 34 35 37 38 41 42 44 46

PIÚMA 2.1 PIÚMA – CARACTERIZAÇÃO GERAL 2.2 HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE PIÚMA 2.3 PESCA ARTESANAL EM PIÚMA 2.4 O PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DE PIÚMA 2.5 O PORTO 2.6 O MERCADO DE PEIXES 2.7 MACRO LEVANTAMENTO DO MUNICÍPIO DE PIÚMA 2.8 ZONEAMENTO MUNICIPAL 2.9 HIERARQUIA DAS VIAS 2.10 ANÁLISE SENSORIAL

52 58 62 64 65 67 68 70 72 74

CAPÍTULO 3

DIAGNÓSTICO DA POLIGONAL DO PORTO 3.1 ZONEAMENTO DA POLIGONAL 3.2 ÁREA COM ELEMENTOS DE INTERESSE DE PRESERVAÇÃO 3.3 USO DO SOLO 3.4 GABARITO DAS EDIFICAÇÕES 3.5 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO 3.6 PONTOS POSITIVOS E PONTOS NEGATIVOS 3.7 DIRETRIZES PARA PROJETO 3.8 AÇÕES PARA PROJETO 3.9 DIÁRIO DE SENSAÇÃO

82 85 86 88 90 92 94 96 98


CAPÍTULO 4

ESTUDO DE CASO 4.1 COMPLEXO VER-O-PESO – BELÉM – PA 104 4.2 PARQUE DO GUAÍBA – PORTO ALEGRE - RS 106

CAPÍTULO 5

O PROJETO 5.1 A CIDADE 5.2 REABILITAÇÃO URBANA 5.3 REABILITAÇÃO DO PORTO 5.3.1 OBJETIVOS DO PROJETO 5.4 PARTIDO 5.4.1 SETORES E ÂNCORAS 5.4.2 CONCEITO 5.5 USOS POTENCIALIZADOS 5.5.1 CAIS DOS PESCADORES 5.5.2 PORTO 5.5.2.1 INTEGRAÇÃO DO TERREO 5.5.2.2 CONEXÕES 5.5.2.3 PLACEMAKING 5.5.2.4 MORADORES REALOCADOS 5.5.2.5 CENTRO CULTURAL 5.5.2.6 MERCADO MUNICIPAL DE PIÚMA 5.5.3 PRAÇA CENTRAL 5.6 PAISAGISMO 5.6.1 PISOS E PAVIMENTAÇÕES 5.6.2 VEGETAÇÕES 5.6.3 MOBILIÁRIO URBANO 5.6.4 ILUMINAÇÃO 5.7 SISTEMA VIÁRIO 5.8 PADRONIZAÇÃO DE PLACAS, TOLDOS E CORES DE FACHADA

110 110 111 112 112 114 116 119 119 125 125 125 128 130 132 134 137 142 142 143 149 149 151 156

5.8.1 CRITÉRIOS PARA COLOCAÇÃO DE LETREIROS

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5.8.2 TOLDOS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



INTRODUÇÃO


REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

INTRODUÇÃO

ao cidadão piumense, e espaços que façam memória a história do local, preservando o patrimônio cultural da pesca PRESERVAR A CULTURA ATRAVÉS DA ARQUITETURA artesanal da região e considerações fundamentais para a A preservação da cultura de um povo só é possível quando justificativa e concepção do mesmo. as novas gerações se correlacionam com ela, reconhecem CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA como sua e a respeitam. Preservar a história, é redescobrirPiúma é um município litorâneo, localizado no Sul do Espírito se, mantendo sua identidade. Santo, que possui sua economia baseada no turismo e na Espaços, bairros e/ou cidades bem planejadas, inspiram os pesca. Um lugar com potencial paisagístico relevante por moradores a cuidarem, viverem e preservarem melhor esses sua abundante natureza e a pesca enraizada em sua história lugares, e por consequência, a identidade e memória que e cultura. Mas por falta de planejamento, se encontra esse local transmite. No caso do município de Piúma (ES), a com espaços degradados e desvalorizados, perdendo precariedade dos espaços que se relacionam e remetem sua identidade, desestimulando os moradores e turistas a a cultura do local e/ou a falta deles, comprometem e faz acreditarem em possíveis melhoras para o desenvolvimento com que as pessoas percam o interesse em preservar sua deste lugar. identidade, história e tradição. Como diz Jan Gehl: “Nós moldamos as cidades, e elas nos moldam”. Nesse sentido, A poligonal escolhida para estudo nessa pesquisa – Porto locais mal planejados brutalizam seus cidadãos, e por isso a de Piúma – está situado às margens do Rio Piúma, local de extrema importância para a cidade pois ali começou sua falta de interesse em preservar. história e desenvolvimento e ainda hoje é onde se localiza Ciente desses aspectos, este trabalho propõe, através de a maior concentração da população nativa e comércio estudos bibliográficos, levantamento de dados da região pesqueiro, sendo um dos mais importantes da região com percursos em campo a pé, um projeto a nível de estudo sul litorânea do Espírito Santo. É considerado a entrada preliminar para reabilitação na região do Porto do município norte para a cidade. Em contrapartida, se encontra com de Piúma, a fim de melhorar a ambiência dos espaços, grande parte dos espaços subutilizados, sem infraestrutura proporcionar melhores condições de trabalho para os adequada para os pescadores, comerciantes de pescados pescadores e comerciantes de pescados, reorganizando os e pedestres que transitam no local, tornando-se um local espaços com melhor infraestrutura que promoverá conforto

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Figura 1: Barco ancorado no Rio Piúma entre vegetação de mangue. Fonte: Prefeitura Municipal de Piúma, 2018.1

cada vez menos atrativo e contribuindo para que a cultura e tradição deste local, como a pesca artesanal, se perca com o passar do tempo justificada pela desvalorização e esquecimento socio territorial desse grupo que foi e é tão importante para o desenvolvimento da cidade.

para Piúma e faz parte da identidade do povo piumense como seu patrimônio cultural.

Sendo assim, faz-se necessário que ocorra intervenções urbanas na região, de forma a melhorar sua infraestrutura, que estimule a correta exploração dos recursos pesqueiros e a manutenção da qualidade de vida da população, que preserve e conserve seus bens ambientais e culturais, que fortaleça a ideia de que a pesca artesanal é um bem valioso

Valorizar e incentivar a preservação da cultura e das tradições que existem no município de Piúma, evidenciando a cultura da pesca artesanal através de um projeto de reabilitação na poligonal do Porto, consequentemente, melhorando a qualidade de vida do piumense.

1 Disponível em: <https://www.piuma.es.gov.br/noticia/ler/19/ festa-dos-pescadores-2018-inscricoes-para-ambulantes-a-partir-do-dia14-de-maio>. Acesso em: 10 de mai. de 2019.

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OBJETIVOS OBJETIVO GERAL


REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

sobretudo, a pesca artesanal. Também elevará a qualidade de vida das pessoas, na mediada em que os espaços • Analisar a importância da pesca para história, identidade públicos terão melhor utilização. e cultura da cidade de Piúma; Também é um objetivo do projeto, melhorar a mobilidade • Promover e incentivar a preservação do patrimônio urbana no local, dando prioridade ao pedestre e sanando imaterial da pesca artesanal; o problema de pontos nodais que ocorrem com frequência • Fomentar o comércio de pescados no Porto; na região, especificamente no Porto, sendo um local muito movimentado em função do comércio existente, além do • Propor espaços que beneficiam a população e o local, a excesso de estacionamentos, que dificulta o trânsito de fim que esse projeto se torne para o “lugar”, no sentido mais pedestres e veículos. estreito da palavra.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

POPULAÇÃO ALVO O público alvo direto da proposta são os pescadores, cerca de 435 cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2015), uma vez que o projeto tem foco em uma área onde a maioria deles vivem e convivem. Outro público alvo, será a própria população piumense que torce e ama Piúma. A cidade precisa ser boa primeiramente para quem vive nela, dessa forma, será boa também para quem a visita. Então o turista que visitar Piúma, também será beneficiado.

ABRANGÊNCIA

BENEFÍCIOS De forma direta, a reabilitaçãoção do Porto oferecerá a infraestrutura que couber e que for necessária para os pescadores que utilizam o cais. Promoverá o fomento dessa atividade econômica, além da valorização da região de forma a atrair mais pessoas para o comércio de pescados e admirar essa área da região do Porto. De forma indireta, incentivará a preservação do espaço, uma vez que as pessoas conviverão melhor nele.

METODOLOGIA

• Pesquisas em bibliografias condizentes de assuntos que abordam o tema em questão. Além de identificar e selecionar O projeto pretende promover a conservação integrada conceitos mais importantes em relação a valorização e da região do Porto, através da reabilitação urbana do preservação da cultura de um local, através de reabilitação local juntamente com a promoção da cultura de Piúma,

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urbana; • Realização de diagnóstico e caracterização do município de Piúma, de forma mais precisa na região do Porto, para identificar potencialidades e fragilidades do local e posteriormente, propor diretrizes para o projeto; • Pesquisas e comparações em estudos de caso sobre intervenções urbanas; • Propor um projeto a nível preliminar, de reabilitação urbana para a região do Porto através do software Revit.

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CAPÍTULO 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES


REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

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CAPÍTULO 1 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES

possui um valor além do valor de mercado, o valor afetivo. Esse tipo de patrimônio é fruto de uma escolha de determinado grupo de pessoas que o consideram importante para elas. Do ponto de vista em ser algo com valor afetivo, conta a história, remete a memória e identidade de um povo, e é identificado como patrimônio cultural.

Este capítulo apresentará conceitos e definições fundamentais para justificativa da proposta projetual para o Reabilitação do Porto de Piúma. O tema “Preservação do patrimônio cultural imaterial” será o conceito chave para este trabalho sendo descrito de forma que seus aspectos principais venham a ser evidenciados bem como os 1.1.1 PATRIMÔNIO CULTURAL questionamentos “porque preservar?” e “como preservar?”. O patrimônio cultural pode ser divido em dois grupos: Levantará aspectos sobre a pesca artesanal no Brasil e Patrimônio Cultural Material e Patrimônio Cultural Imaterial. como pode ser considerada um patrimônio cultural para O Patrimônio Cultural Material é constituído por bens um local. E ainda mencionará o conceito de Conservação materiais como igrejas, palácios, monumentos, paisagens, Integrada e como a arquitetura é capaz de preservar a sítios arqueológicos, conjuntos urbanos, edifícios, etc. Bens memória, sendo importantes vertentes para o projeto, uma palpáveis que são importantes, conta alguma história, vez que o seu intuito é salvaguardar a memória e enaltecer faz parte de algo importante para humanidade ou para o patrimônio cultural da pesca artesanal de Piúma através determinado grupo de pessoas. da reabilitação urbana de um local. O Patrimônio Cultural Imaterial é constituído por bens imateriais como: lendas, crenças, danças, habilidades, 1.1 - PATRIMÔNIO técnicas, práticas, modos de viver e fazer. São bens culturais relacionados aos saberes, de forma intangível. Patrimônio é tudo aquilo que é considerado valioso para alguém ou para um grupo de pessoas. O patrimônio considerado valioso para alguém está associado a bens materiais com um valor de mercado, aquele que se pode colocar um “preço”. Mas existe outro tipo de patrimônio que

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Material ou Imaterial, o Patrimônio Cultural sempre será algo relevante na vida de determinado grupo social. Cada grupo social compartilha histórias e memórias coletivas que fazem essas pessoas se identificarem umas com as outras, ou seja, compartilham um passado comum. Por exemplo, o grupo


de pescadores e moradores do Porto de Piúma, criaram seus filhos e sua família através da pesca artesanal no Rio Piúma. Eles vivenciaram momentos, formaram a sua história de vida basicamente naquele espaço, que foi o núcleo original da cidade. Então aquele grupo, possui algo em comum que faz parte de suas vidas que é a pesca artesanal. Dessa forma, o lugar possui sua identidade cultural, uma vez que Cultura é o conjunto das “formas de criar, fazer e viver” (CONSTITUIÇÃO DE 1988, ART. 216) expressas por um povo. A cultura de um povo é desenvolvida a partir da vivência dos diversos grupos sociais em suas cidades. Sendo assim, diversos lugares da cidade são palco das experiências que cultivam as histórias de vida desses diversos grupos sociais, que forma a identidade do povo. Portanto, o Patrimônio cultural de uma forma geral, precisa ser preservado para que futuras gerações reconheçam o que representa a sua identidade cultural ao longo dos anos.

1.1.2 PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL Nesta pesquisa pretende-se dar enfoque ao Patrimônio Cultural Imaterial. De acordo com Abreu (2003), durante décadas no Brasil predominou-se um tipo de ação preservacionista com base em parâmetros ocidentais onde se priorizava o tombamento Figura 2:Patrimônio Cultural. Fonte:Site IPHAN, 2019.1 1 Disponível em: <http://frenteamplaspd.redelivre.org.br/ files/2016/07/PNPC_versao_20160603.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

de “bens constituídos de pedra e cal” como igrejas, edifícios, conjuntos urbanos, entre outros. Mas a partir da aprovação do decreto 3551 de 4 de agosto de 2000, onde institui o Inventário e o Registro do Patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível, esse cenário mudou, contribuindo social e politicamente para ampliação do acervo de bens culturais nacionais (ABREU, 2003).

LUANA MARINHO DOS SANTOS

O Brasil é um país rico em diversidade cultural, uma vez que seu povo foi formado a partir de várias etnias. A partir dessa diversidade, não é possível desconsiderar todo patrimônio cultural imaterial brasileiro. Danças, rituais, técnicas, saberes, músicas... São muitas expressões culturais que fazem parte da formação dos diversos grupos sociais que existem no Brasil. Antes mesmo do decreto 3551 de 4 de agosto de 2000, o Patrimônio Cultural já era mencionado na Constituição federal de 1988, no artigo 216, expressando essa antiga preocupação em relação não somente aos bens culturais materiais, mas também imateriais, que estabelece: Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I

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- as formas de expressão;

II

-

os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos (PLANALTO, 1988, on-line).

Mas somente em 2006, o decreto de nº 5.753, de 12 de abril de 2006, promulga a Convenção para Salvaguarda do


Patrimônio Cultural Imaterial, adotada em Paris, em 17 de administra os bens culturais brasileiros, por meio de diretrizes, outubro de 2003 e que define patrimônio cultural imaterial planos, relatórios, que visam assegurar sua permanência e em seu Artigo 2º: garantindo o usufruto dos mesmo para gerações presentes 1. Entende-se por “patrimônio cultural e futuras, sendo um órgão de grande importância para o imaterial” as práticas, representações, Brasil. expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. [...] (PLANALTO, 2006, on-line).

No Brasil, o órgão que responde pelo Patrimônio Cultural Brasileiro é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cidadania. É o IPHAN que protege, divulga e

1.2 PORQUE PRESERVAR? Os diversos grupos sociais formadores da sociedade e de determinados ambientes onde vivem, constroem com o passar do tempo, suas próprias maneiras de viver, criar e fazer, formando a sua história. Ou seja, sua cultura. Dessa forma, é necessário que essa cultura, que é a maior riqueza que um povo pode ter, deve ser passado para as próximas gerações entenderem sua identidade. O patrimônio cultural possui registros que são capazes de propiciar a compreensão da história para gerações futuras e sua preservação permite que o passado interaja com o presente mantendo os traços que formaram os grupos sociais de uma sociedade, transmitindo conhecimento e identidade do povo.

PORQUE PRESERVAR?

Para Lemos (1981, p.29), preservar o patrimônio cultural: “[...] não é só guardar uma coisa, um objeto, uma construção, um miolo histórico de uma grande cidade velha. Preservar também é gravar depoimentos, sons, músicas populares e eruditas. Preservar é manter vivos, mesmo que alterados,

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. usos, costumes populares. É fazer também levantamentos, levantamentos de qualquer natureza, de sítios variados, de cidades, de bairros, de quarteirões significativos dentro do contexto urbano. É fazer levantamentos de construções, especificamente aquelas sabidamente condenadas ao desaparecimento decorrente da especulação imobiliária.”

A partir da Constituição federal de 1988, nos artigos 215 e 216, ampliou-se a noção de Patrimônio Cultural, ao reconhecer os bens culturais de natureza imaterial, além dos bens culturais de natureza material.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Em 2000, estabeleceu-se o Decreto 3551/00 de 4 de agosto, instituindo o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial juntamente com a criação do Programa Nacional do A destruição de bens herdados, acarreta no rompimento Patrimônio Imaterial. Além de consolidar neste mesmo da corrente do conhecimento contribuindo para que ano, o Inventário Nacional de Referências Culturais. Essas a sociedade desconheça sua verdadeira identidade. É ferramentas trabalham em conjunto. preciso garantir de qualquer maneira que a compreensão Para o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, da memória social, para o discernimento sobre nossas previamente, é preciso que se conheça todos os aspectos origens, para que a cultura dos povos não se perca. sobre o Bem Cultural em questão. Cada detalhe, cada

1.3 FORMAS DE PRESERVAR

informação é de extrema importância para o Registro. Por isso então é feito o Inventário.

Um inventário, nada mais é do que um levantamento de Como já foi mencionado, no Brasil antigamente se priorizava todos os bens que uma pessoa possui. Mas se tratando de a preservação de bens construídos de “pedra e cal”, como um inventário de bens culturais, esse levantamento é mais igrejas, fortes, conjuntos urbanos, edificações de relevância abrangente. Se trata de “identificar bens culturais que histórica, etc. Bens palpáveis. remetem às referências culturais” (IPHAN, 2012, pg. 22) de Em 1937, foi decretada a lei nº 25 de 30 de novembro de um grupo de pessoas ou um lugar. Neste tipo de inventário, 1937 que institui o tombamento dos bens culturais materiais. é descrito e documentado, de todas as formas possíveis, E então por um bom tempo, era exercida uma política aspectos sobre o Bem Cultural em questão. De acordo com preservacionista que priorizava o tombamento dos bens o Iphan (2012), é feito através de entrevistas, fotografias, tangíveis. desenhos, filmagens, textos, gravações sonoras... enfim, tudo

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oque for preciso para não se deixar perder nenhum detalhe e informação para quem deseja preservar e também porque os bens culturais são vulneráveis e podem se alterar ou até referente ao Bem Cultural. “Apesar de tentar manter um senso se perder com o tempo. de identidade e continuidade, este patrimônio é particularmente vulnerável uma vez que está em constante mutação e multiplicação de seus portadores” (UNESCO, 2017, on-line).

Quando um Bem Cultural é inventariado, garante que muitos aspectos relevantes para que se ocorra a preservação ficam registrados. Essas informações são importantes para a consulta da sociedade, é uma verdadeira fonte de pesquisa

“Entretanto, essas dificuldades podem ser superadas quando as pessoas querem manter viva uma tradição. E se é esse o desejo das pessoas, elas precisam lutar por isso e buscar apoio nos órgãos governamentais, nas associações, nos Conselhos de Cultura locais, empresas que possam patrocinar eventos ou atividades, entre outros. (IPHAN, 2012, pg. 22).

Após

serem

inventariados

muitos

Bens

Culturais

se

Figura 3:Panelas de barro de Goiabeiras produzidas pelas mulheres da comunidade. Fonte: IPHAN / Márcio Vianna, 2014.1

1

Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/51>. Acesso em 10 mai. 2019.

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couberem, são registrados nos livros do Iphan. Esses livros são e promoção do patrimônio cultural brasileiro. Ou seja, toda denominados como: infraestrutura para preservar um Bem cultural brasileiro parte do PNPI. • Livro de Registro dos Saberes; • Livro de Registro das Celebrações; • Livro de Registro das Formas de Expressão; e

LUANA MARINHO DOS SANTOS

• Livro de Registro dos Lugares.

A educação patrimonial também é uma grande aliada para reconhecimento e preservação do patrimônio cultural imaterial (e/ou material). A educação patrimonial seria uma forma de passar informações a respeito do patrimônio cultural, sendo ele registrado nos documentos específicos do Estado ou município, ou apenas “considerado” pelos grupos sociais de um lugar, cidade ou Estado.

O Bem Cultural em questão pode ser registrado em um ou mais desses livros, e assim que são registrados recebem o título de Patrimônio Cultural do Brasil. Esse registro, obriga por parte do poder público, a divulgação, de modo que toda sociedade tenha conhecimento e acesso a informação sobre o Bem (IPHAN, 2012). É necessário que as pessoas reconheçam a importância de Esse ato contribui para estimular que a sociedade preserve se preservar o patrimônio cultural, para que de fato essa os Bens Culturais, além de condicionar o apoio de instituições função seja exercida pela sociedade. públicas e privadas para salvaguarda dos mesmos. De acordo com o Iphan (2012), o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, em Vitória – ES, foi o primeiro bem cultural a ser registrado como Patrimônio Cultural do Brasil em 2002.

A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p.04).

O Registro e o Inventario de Bens Culturais de Natureza Imaterial, só foram possíveis a partir do decreto 3551/00 que também criou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), que é um programa que apoia, fomenta por meio Esse meio de preservação do Patrimônio cultural material ou de projetos de identificação, reconhecimento, salvaguarda imaterial, pode ocorrer nas escolas de diferentes níveis de

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ensino, em museus ou exposições. O imponte é alcançar um grande público para que as comunidades se apropriem de seu patrimônio cultural, o conheça e o respeite, fortalecendo o sentimento de identidade e cidadania.

1.3.1 PRESERVAR SEM REGISTRAR Dentre várias maneiras de se preservar os bens culturais como: identificar, documentar, registrar, salvaguardar, para que de fato ocorra, é necessário que haja interesse das pessoas envolvidas em cuidar de seus patrimônios. O IPHAN, ao reconhecer e registrar um bem cultural, garante que este tenha sua preservação através da lei e diretrizes. Mas também é possível preservar os bens, sem que os mesmos estejam registrados com patrimônio cultural material ou imaterial. Como já foi citado, uma vez que se considera algo valioso e importante, é preciso preservar para que o bem se perpetue para as próximas gerações. A ideia é que se conserve uma consciência e um respeito por tudo aquilo que precisa ser preservado para que o bem continue a existir e, ao mesmo tempo, que se explore o potencial desse bem para o desenvolvimento da região e para melhoria da vida das pessoas (IPHAN, 2012, pg. 30).

A participação do governo federal, estadual ou municipal é de extrema importância para preservar os bens culturais Figura 4:Exposição do IHGP sobre a história de Piúma em 2015. Fonte: Página do Facebook do IHGP.1

1 Disponível em : <https://www.facebook. com/ihgpiuma/> . Acesso em: 10 de mai. 2019.

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Figura 5:Pesca artesanal com auxílio dos botos em Laguna - SC.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Fonte: Site TVK Web Cultural, 20191

brasileiros. Mas é fundamental promover ações por parte 1.4 PESCA ARTESANAL COMO PATRIMÔNIO CULTURAL das comunidades que fazem parte, que vivenciam a cultura A pesca é uma das atividades mais antigas da história. em questão, e mesmo sem registro formal desta, ocorrerá De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e preservação. Abastecimento (MPA) (2019, on-line): A promoção e fomento da preservação dos bens culturais A pesca pode ser classificada como artesanal, quando praticada diretamente não registrados podem ocorrer no cotidiano das pessoas: por pescador profissional, de forma falar a respeito, discutir, se informar, propor, agir! Com o autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios pouco que cada um se propor a fazer, é valido. 1 Disponível em: <http://www.tvkweb.com.br/2019/03/15/ pesca-artesanal-com-botos-e-patrimonio-cultural-imaterial-de-santacatarina/>. Acesso em: 10 abr. 2019.

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ou mediante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações de pequeno porte.


Figura 6: Vista parcial do Porto de Piúma em 1980. Fonte: Site Instituto Santos dos Jones Neves / Fernando Sanchotene.1

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Laguna no estado de Santa Catarina, é reconhecida como Agropecuária (EMBRAPA) (2014, P.09), um patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN, isso demonstra. “a pesca artesanal brasileira possui Esse reconhecimento demonstra a importância da cultura numerosas e complexas especificidades da atividade para região, e preserva as práticas de forma a e levam em consideração fatores sociais, políticos, institucionais, econômicos e perpetuá-las pelas próximas gerações. ambientais intrínsecos a cada local”.

No município de Piúma a pesca artesanal é umas das atividades econômicas mais importantes para a região. Sendo desenvolvida por comunidades pesqueiras Compõe a renda de muitas famílias e está explicita na história e desenvolvimento da cidade. Ou seja, faz parte tradicionais. da sua formação histórica e cultural. Ainda que outras A pesca artesanal com auxílio dos botos no município de atividades econômicas tenham se desenvolvido na cidade, 1 Disponível em: <http://www.ijsn.es.gov.br/bibliotecaonline/ Record/10026>. Acesso em 10 de mai. 2019.

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não é possível compreender a identidade do piumense sem associar a sua relação com a pesca artesanal e artesanato de conchas. Tais atividades foram marcantes na construção objetiva e subjetiva do território, bem como para sua ocupação.

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Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas). (IPHAN, [ 201-], on-line).

Dessa forma, a pesca artesanal é umas das práticas consideradas em muitos lugares como patrimônio cultural imaterial, mesmo que não sejam reconhecidas oficialmente com registro nos livros do Iphan, pertence a traços culturais e socioeconômicos de muitas comunidades espalhadas pelo Brasil e merecem ser perpetuadas para que as futuras geração as reconheçam como parte da identidade de cada um.

Piumense. Não existe registro em documentos específicos em relação ao Patrimônio Cultural de Piúma, mas é respeitada, por um grupo social considerável de pescadores e moradores locais, como o seu patrimônio cultural imaterial. Esse fato é suficiente para a promoção da preservação dessa cultura pertence a identidade Piumense e que precisa ser passado para as próximas gerações, para que essa cultura responsável pela formação do seu lugar, seja compreendida sem distorção.

1.5 CONSERVAÇÃO INTEGRADA Tão importante quanto a preservação do patrimônio cultural (material e/ou imaterial) é a integração das práticas de preservação do mesmo com o meio urbano onde está inserido de modo a integrar patrimônio e planejamento urbano, essa modalidade de planejamento urbano se chama Conservação integrada. O conceito de Conservação integrada (CI), surgiu na década de 60, a partir das reformas urbanas do centro histórico da cidade de Bolonha, onde planejadores como Campos Venuti, Benevollo e Cervellati ganharam destaque mundial por suas contribuições neste campo (ZANCHETI, 2003).

No caso de Piúma, a pesca é uma atividade que faz parte (direta ou indiretamente) da vida de muitas pessoas. A cidade se desenvolveu primeiramente às margens do Rio Piúma, local de onde era a fonte de renda e sustento de muitas famílias. Atualmente, não sendo a principal atividade econômica, mas é considerada parte da identidade A repercussão foi tão positiva que com base nessas propostas, em 1975 foi produzido um documento chamando

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“Declaração de Amsterdã”, com orientações norteadoras para implantação das diretrizes, baseando-se nos princípios da Conservação Integrada. Das poucas tentativas para se conceituar a CI, a que mais se adere à Declaração de Amsterdã é a definição utilizada pelo Habitat II, onde: “A conservação integrada é uma dialética entre a vontade de proteção e as necessidades de planejamento, recorrendo a meios jurídicos, administrativos, financeiros e técnicos específicos para responderá complexidade dos problemas a serem enfrentados” (Habitat II apud ZANCHETI, 2003, p.109).

Ou seja, a CI, é um modo de promover o planejamento da cidade contemporânea integrando áreas patrimoniais, para que ocorra a utilização desse espaço de forma funcional, não diminuindo o seu valor histórico e cultural, mas o inserido no meio urbano. Há um impasse em “deixar para depois” assuntos referentes a cultura, já que para alguns “existem coisas mais importantes a serem tratadas em primeiro lugar”. E os planejamentos urbanos de alguns casos, acabam não levando em consideração o bem cultural, e este se perde com o passar do tempo. Com isso, surge a dificuldade em integrar as disciplinas. Mas é preciso enxergar e entender as situações Figura 7:Vista da paisagem do alto da Torre Asinelli, Bolonha, 2014. Fonte: Site Vitruvius / Jéssica Rossone.1 1 Disponível em: <http://vitruvius.com.br/revistas/read/ arquiteturismo/10.112/6104>. Acesso: 10 de mai. 2019.

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de um modo interdisciplinar. De forma que políticas não interesse patrimonial ou cultural devem estar integradas sejam fruto de uma outra política setorial, mas sim de uma nos processos mais gerais do planejamento ( econômico, política integrada. político, cultural, ambiental e físico-espacial) e assim, buscando o desenvolvimento sustentável, fazendo com que Desde meados dos anos de 1990, a importância dos projetos a conservação da área patrimonial ou de interesse cultural de requalificação, reabilitação ou revitalização urbana seja um ativo que agrega valor nas diversas dimensões do vem crescendo em número em relação aos outros tipos de desenvolvimento da cidade. intervenção urbana das cidades. Cabe ressaltar que para implementação desses tipos de projetos, não está restrita 1.6 ARQUITETURA NA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA apenas nas grandes cidades, mas também nas pequenas Segundo Mauricio de Almeida Abreu (1998), a valorização e média cidades. Onde essas intervenções estão sendo do passado das cidades na atualidade é um assunto motivo implementadas geralmente em áreas patrimoniais, de de debate e discursões cada vez mais recorrente. Porém é interesse cultural, especificamente nos centros históricos, um fenômeno recente no Brasil. como também em zonas portuárias, áreas residenciais e outras (ZANCHETI, 2003). Com intuito de preservar ou resguardar a cultura, a arquitetura tem esse papel fundamental. Quando falamos em bem cultural construído, esse bem pode possuir uma história contada, seja nas técnicas em que foram empregadas para sua construção, seja para os acontecimentos ocorridos no local que foram importantes para alguém, esse bem construído deve ser preservado e mantido de acordo com as leis ou até mesmo por iniciativas não governamentais que contribuam para sua conservação. Mas quando falamos de patrimônio cultural imaterial, o fomento da preservação cultural se dá através da morfologia do lugar e ao que ele trasmite. Para isso, é preciso preservação da paisagem e Por isso, o planejamento e a gestão de áreas urbanas de valorização destinada ao local. As políticas de preservação hoje, estão pensadas dentro do conceito capitalista. No campo do patrimônio, preservase aquele que vai gerar um lucro para o local, associando o patrimônio ao turismo. É evidente que a renda gerada pelo turismo através do patrimônio é muito importante, até porque, se torna necessária para manter a preservação do patrimônio em questão e o seu entorno. Mas se todas essas políticas fossem pensadas de forma integrada, o alcance beneficiário seria muito maior, uma vez que haverá maior participação de interesses diversificados.

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Quando o lugar transmite uma memória cultural, esse deve ser preservado para que futuras gerações venham a usufruir e entender seu lugar através da identidade que ele possui. “O enraizamento da memória se dá em uma escala territorial – em alguma paisagem, em algum lugar” (PAES, 2009, p.162). Dessa maneira, a valorização do local pode ser feita através dos próprios atores do lugar, seus espaços existentes, sua população, a vocação. Para tanto, uma Reabilitação Urbana do local faz-se necessário.Pois segundo a Carta de Lisboa:

É uma estratégia de gestão urbana que procura requalificar a cidade existente através de intervenções múltiplas destinadas a valorizar as potencialidades sociais, económicas e funcionais a fim de melhorar a qualidade de vida das populações residentes; isso exige o melhoramento das condições físicas do parque construído pela sua reabilitação e instalação de equipamentos, infraestruturas, espaços públicos, mantendo a identidade e as características da área da cidade a que dizem respeito. (CARTA DE LISBOA, 1995, on-line).

Figura 8: Pescador na praia de Piúma. Fonte: YouTube - Homenagem_1_Pesca Piúma 2015.1

1 Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=ZUqc1XPVtyQ>. Acesso: 10 de mai. 2019.

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No caso do Porto de Piúma, a morfologia do lugar e as atividades econômicas que ali ocorrem, nos faz assimilar com a história e cultura do município de Piúma através da pesca artesanal, uma vez que muitas famílias adquiriam e adquirem o seu sustento através dela. Mas para que futuras gerações usufruam dessa cultura, o local necessita de um planejamento urbano, sendo aplicado com a reabilitação urbana. Uma vez que o subutilização e degradação de seus espaços, ofuscam a memória dessa cultura tão importante para região. Sendo a Memória, um elemento importante para a preservação da identidade do lugar. Estes são conceitos fundamentais para uma análise mais refinada da poligonal escolhida como objeto de pesquisa, a fim de obter maior sensibilidade em relação a cultura da pesca artesanal, reconhecendo-a informalmente como patrimônio cultural imaterial. Dessa forma, a elaboração do projeto que tem o objetivo de aplicar esses conceitos de forma a preservar a cultura de Piúma. patrimônio cultural imaterial é transmitido de geração em geração na medida em que é preservado. Dessa forma, ele é recriado pelos grupos e comunidades as quais ele pertence, gerando um sentimento de identidade, contribui para o respeito a diversidade cultural e perpetua essa cultura para as próximas gerações. Para isso é preciso saber reconhece-lo e preservá-lo, mesmo que de maneira informal. E com a conservação integrada é possível salvaguardar, enaltecer e provocar a memória

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das pessoas, transmitindo conhecimento e fomentando a cultura do local, além de melhorar a ambiência do meio urbano integrando o patrimônio cultural, atende a diversos grupos da sociedade, pois se um local é bem visto, atrativo, é rico em cultura, uma diversidade de pessoas é atingida de forma positiva e as essas consequências positivas se tornam um ciclo vicioso. Mas é preciso haver interesse das administrações públicas e da população, o que na prática não ocorre com frequência, se não for incentivado de alguma maneira.


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CAPÍTULO 2 PIÚMA


REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

CAPÍTULO 2 – PIÚMA

2.1 PIÚMA – CARACTERIZAÇÃO GERAL

Neste capitulo, são expostas características gerais sobre o município de Piúma, sendo o menor município do Estado do Espirito Santo, onde a poligonal de estudos para elaboração do projeto deste trabalho está inserida. Demonstrará através de dados históricos, depoimentos de moradores e da própria percepção da autora, o quanto a pesca é uma atividade econômica importante para a região e mais do que isso, é um patrimônio cultural para esse local.

Para a produção deste estudo, a poligonal escolhida está localizada na cidade de Piúma. Um município com aproximadamente 20.000 (vinte mil) habitantes, situado no litoral sul do Estado do Espirito Santo. Banhado pelo oceano atlântico, suas praias são destino de muitos turistas durante o verão e feriados. Está a 96 km de distância da capital do estado Vitória, com o seu território de aproximadamente 75 km² é o menor município do Espírito Santo.

Figura 10: Foto aérea de Piúma demonstrando suas três ilhas, e ao fundo o Monte Aghá.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Fonte: Folha de Vitória, 2014.1

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1 Disponível em: < http://www.folhavitoria.com.br/entretenimento/blogs/ elogoali/2012/02/piuma-da-divisa-com-anchieta-ao-monte-agha/>. Acesso: 10 de mai. 2019.


Figura 9: mapa do Brasil com localização do Estado do Espírito Santo, mapa do Espirito Santo com localização de Piúma e mapa de Piúma. Fonte: Autora, 2019.


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Figura 11: Praia do Pau Grande, umas das praias de Piúma.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Fonte: Site Pé na Estrada.1

Local com natureza abundante, Piúma é contemplada com muitas paisagens naturais. Ao redor do perímetro urbano do município, corre o Rio Piúma, formado com o encontro do Rio Novo e Rio Iconha, e desaguando no mar pelas pontas norte e sul, por essa razão podemos considerar o município com uma ilha. O Rio é amplamente utilizado pelos pescadores para atracarem seus barcos em pequenos portos e no cais localizados nas águas desse rio, e não diretamente no mar.

com o Portal 27 (2014, online) elas “são tombadas como patrimônio paisagístico natural e cultural pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC)” e apesar disto, já sofreram interferências causadas pelo homem como desmatamento, aterros para interligar a praia à ilha, etc. Sendo um município litorâneo, Piúma conta com praias que atraem turistas o ano inteiro.

Segundo Basílio (2016), esses locais ainda necessitam de Piúma também possui 3 ilhas ao longo do seu litoral, são elas: uma devida atenção, para serem gerenciados garantindo Ilha dos Cabritos, Ilha do gambá e Ilha do Meio. De acordo o território das comunidades tradicionais do entorno e 1 Disponível em: <https://www.penaestrada.blog.br/conheca-as- sustentabilidade das atividades sociais e econômicas praias-de-piuma/>. Acesso: jul. 2019.

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desenvolvidas nessa região, pelo fato de ocorrer falta de infraestrutura em vários pontos da cidade, principalmente na orla central que atualmente se encontra depredada devido a ação das marés que estão avançando cada vez mais e pouco se faz para sanar ou amenizar o problema.

Figura 13: Prainha, localizada na Ilha do Gambá. Fonte: Site Portal 27, 2014.1

Não se referindo ao problema das marés que é uma ação da natureza, mas sim sobre a infraestrutura necessária na orla e em toda a cidade, para atender com conforto, os residentes e os turistas que a cidade recebe todos os anos, uma vez que o turismo é uma das principais fontes de renda para os piumenses. O grande marco visual que caracteriza o município de Piúma, sem dúvidas, é o Figura 12: Ilha do Gambá. Fonte: Site Portal 27/ PMP.1

1 Disponível em: <https://www.portal27.com.br/ilhas-de-piumamaravilhas-da-natureza/>. Acesso: jul. 2019.

2 Disponível em:< https://www.portal27.com.br/ilhas-de-piumamaravilhas-da-natureza/>. Acesso em: jul. 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. “Monte Aghá”. De acordo com Basilio (2016, p.22), “Trata-se de uma formação cristalina com vegetação típica de mata atlântica com 332 metros de altura”. É uma área tombada como patrimônio ambiental, a partir da resolução Nº 06 de 1985 do Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo, localizada próximo a entrada sul ao município entre Piúma e Itapemirim.

Outra importante fonte de renda, é a pesca.

Figura 14: Pôr do Sol e Monte Aghá vistos da orla de Piúma.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Fonte: Paulo Padilha, 20081

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1 Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/paulo_ padilha/3277057889>. Acesso em: jul. 2019.

A cultura do piumense está diretamente relacionada com a pesca, maricultura e artesanato de conchas, mesmo que outras atividades tenham se desenvolvido no município. São atividades que direta ou indiretamente, estão no cotidiano da cidade e por consequência, fixadas em sua identidade. Sobre a vertente da pesca trará uma abordagem de forma detalhada mais a frente nesta pesquisa.


Figura 15: Cais dos pescadores em PiĂşma.

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Fonte: Autora, 2019.


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2.2 HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE PIÚMA

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Para a formação do município de Piúma, foi um processo longo e demorado. A história resumida, de acordo com Bordart (2014), tem início no século XV, quando índios Tupi-guaranis (mais especificamente Purís e Botocudos), ocupavam a região conhecida como Vale do Orobó (conhecida assim até os dias atuais). Quando a Aldeia Reritiba (atual cidade de Anchieta) foi criada em 1565, esses índios foram catequisados e colonizados pelo Padre Jesuíta José de Anchieta, fundador dessa aldeia. Mais tarde, em 1759, Reritiba passa a ser chamar Benevente. No século XVIII, o Porto de Piúma ganha importância, quando colonos ingleses desembarcaram para colonizar a Região de Rio Novo. Os naufrágios e curiosos que passavam por aquela rota em direção a capital do País, foram atraídos pelas matas que existiam no local e começou um processo de colonização inglesa.

Figura 16: Orla de Piúma anos 70. Fonte: Site Youtube, 2012.1

comércio nacional e internacional.

Com a construção da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, iniciou-se o processo de desmembramento de Piúma, elevando-a a categoria de Vila. Em 1891, criou-se o município de Piúma, desmembrando-a de Benevente. Com Construíram um trapiche que contribuiu para o escoamento o declínio do município e prosperidade de Iconha (município de produtos como café, madeira, entre outros, o que vizinho), Piúma passa a pertencer à Iconha em 1904. contribuiu para o desenvolvimento do local. Mesmo sendo Só em 1964 por força da Lei nº 1.908, aprovada na assembleia a centralidade da economia, grande parte da população legislativa, o município que compreende a cidade de Piúma vivia da pesca. Havendo relatórios da província do estado, foi criado. Desde então, foi urbanizada em grande parte, dizendo que a pesca atraía trabalhadores, que se afastavam mas com poucos avanços na infraestrutura. da lavoura prejudicando-a. Nesta época, Piúma se constituiu em uma área portuária que ligava a produção do interior ao 1 Disponível em: <https://www.youtube.com/

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watch?v=6RHpdFfhDbU>. Acesso em: ago. 2019.


Em 1970 os veranistas começaram a visitar a cidade, e muitos deles construíram suas casas, mas apenas para passar temporadas. Eram atraídos pelas belas praias e belezas naturais. A partir de então, a pesca e o artesanato passaram a ser as principais atividades econômicas do município, tendo a produção de pescado como um dos mais fortes setores econômicos da região (NUNES apud BASILIO, 2016 p.16).

Infelizmente, pouco se faz para melhorar a qualidade de vida dos piumenses. As praias tem se degradado com o tempo, a economia não tem crescido muito, pois a cidade ficou pouco atrativa, apesar do grande potencial turístico, vocacional para o comercio pesqueiro, não há incentivo por parte das administrações em melhorarem a infraestrutura desses setores que impulsionariam muito a qualidade de vida dos morados, a qualidade dos espaços da cidade e a geração de renda, alavancando a economia local.

[...] Neste período o município contava com 3.583 habitantes. (BASÍLIO, 2016, p. 16). De acordo com a tabela 01 podemos analisar o fato do crescimento populacional de Piúma:

ANO

POPULAÇÃO*

TAXA DE AUMENTO ANUAL(%)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA HAB/KM²

1865

1.200

-

-

1970

3.583

-

48

1991

9.430

4,72

126

2000

14.987

5,28

200

2010

18.123

2,13

242

2013

20.082

1,15

268

Tabela 1: Demonstrativo do crescimento populacional em Piúma/ES. Fonte: BASILIO, 2016. Editado pela autora, 2019.

55


REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 17:Linha do Tempo com algum dos fatos mais importantes sobre a história e desenvolvimento de Piúma, baseada em BODART et. al. (2014).

LUANA MARINHO DOS SANTOS

1500 1565 1759 1855 18 Ocupação de índios tupis e botocudos na região do Vale do Orobó.

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Catequização e colonização dos índios pelo Padre Reritiba passa a se José de Anchieta. chamar Benevente. Piúma pertence a Reritiba.

Importância do porto de Piúma.

Trapiche a econom Piúm


861 1883 1891 1904 1964

Declínio de Piúma, Construção da que passa a Paróquia Nossa pertencer a Iconha. alavanca Sra. da Conceição Criação do mia de município e inicia-se ma. de Piúma, processo de desmembramento desmembrando-se de Benevente. de Piúma de Benevente

Lei nº 1.908 aprovada pela assembleia legislativa cria o munícipio de Piúma.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

2.3 PESCA ARTESANAL EM PIÚMA

LUANA MARINHO DOS SANTOS

De acordo com Branco (apud BASILIO, 2016), a pesca artesanal provavelmente vem sido praticada desde quando os índios habitavam as regiões costeiras do Espírito Santo. Esta, passando por diversas gerações e transformações ao longo dos processos de ocupação.

eram atividades econômicas que ganharam força, sendo predominantes na região (NUNES apud BASILIO, 2016).

E a partir de então a população começou a se expandir principalmente nas proximidades do Rio Piúma, um local que tem vocação para atividade pesqueira e concentra grande maioria das famílias dos moradores. Essa ocupação é resultante de invasão e prejudicou o Rio, assoreando-o Considerada uma das principais atividades econômicas cada vez mais. Uma parte significante da população é do município de Piúma, em 1937 passou a ser uma fonte representada por pescadores e/ou marisqueiras. de renda, quando foi construída uma ponte de madeira sobre o rio Piúma, que possibilitou o comércio para outros Piúma apresentou, em 2010, 2,4% de pescadores e/ou marisqueiras em relação à população total do município, municípios. (NUNES apud BASILIO, 2016). Em 1965 foi criada a “Colônia dos estando proporcionalmente, entre os municípios com maior Pescadores Z 09”, sendo uma forma de representatividade de pescadores do litoral capixaba. prestação da assistência social para os pescadores sendo um local que presta Dos 15.674 profissionais do setor pesqueiro registrados no assistência social para os pescadores Ministério da Pesca e Aquicultura em 2015, 435 pescadores (BASILIO, 2016). e marisqueiras residiam em Piúma (MPA apud BASÍLIO 2016, Hoje a Colônia de Pescadores e p.18). Aquicultura conta com 380 filiados, que desfrutam de serviços médicos agendados, odontologia, tudo funciona na própria sede da instituição, além de assistência e orientação para retirada de RGP (Registro Geral de Pescador), toda a parte documentária para aposentadoria, pensão para os familiares em caso de perda dos associados, entre outros serviços. (ESPÍRITO SANTO NOTÍCIAS, 2017, on-line).

Nos anos de 1990 foi criada a Escola de Ensino Fundamental de Pesca (ESCOPESCA), que era um polo de educação fundamental e ambiental, que atendia crianças e adolescentes de diversas comunidades pesqueiras da região. O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) alega que:

Com a construção da primeira estrada pavimentada No Pólo da ESCOPESCA os alunos permaneciam na ligando Piúma ao município em 1977, a pecuária e a pesca escola em tempo integral. Orientados por professores e/

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Figura 18:Ponte de madeira sobre o Rio Piúma na década de 70.

Figura 19: Rio Piúma com invasão de residências nas suas margens.

Fonte: Blog Piúma Lorena, 2012.1

Fonte: Morro do moreno / Ady Brunini.1

ou instrutores, desenvolvem atividades de educação ambiental que conduzem a uma práxis educativa proativa, que favorece o resgate da cultura da pesca com utilização de técnicas de exploração dos recursos naturais marinhos com sustentabilidade, a inserção econômica, social e cultural e a melhoria da qualidade de vida, com respeito às potencialidades naturais do meio nos procedimentos de sua utilização (IEMA, 2015, on-line).

de pescados, fábrica de gelo, espaços para produção, manutenção dos barcos e motores, além do ginásio de esportes.

Em 2005 a ESCOPESCA deu lugar ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES), com o investimento do MPA e de outras parcerias institucionais. No IFES campus Piúma, são realizadas diversas atividades no campo da pesca e aquicultura. Antes a ESCOPESCA contava A ESCOPESCA contava também com uma ampla estrutura com uma estrutura considerável para dar suporte a área da de apoio à pesca artesanal, para conserva e processamento 1 Disponível em:< http://piumalorena.blogspot.com/2012/02/fotosde-piuma-antiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.html>. Acesso em ago. 2019

1 Disponível em: http://www.morrodomoreno.com.br/materias/ oportunidade-de-futuro-escola-de-pesca-em-piuma.html. Acesso: maio de 2019.


REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

pesca, hoje o IFES campus Piúma ocupa o mesmo espaço, porém ampliado e melhorado. O IFES possui vários campus espalhados por alguns municípios do Estado e de acordo com a vocação de cada local, oferece cursos referente a área de vocação. Em Piúma nada mais vocacional do que a pesca. Dessa forma, desde cursos técnicos agregado ao ensino médio, até cursos de graduação e pesquisa, sendo uma instituição de extrema importância para o município contribuindo de forma positiva oferecendo ensino de qualidade e ampla estrutura para sociedade. Figura 20: Foto aérea do Ifes campus Piúma.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Fonte: Pinterest / Room Costa.1

Tão importante é, que hoje na prefeitura de Piúma podese contar com um engenheiro de pesca, formado no IFES campus Piúma. Ainda de forma pequena, mas é possível dizer que a pesca vem ganhando um amparo maior nos últimos anos, do que se comparado a algum tempo atrás. Ter uma instituição federal com ensinos voltados para pesca e aquicultura, poder contar com engenheiro de pesca na secretaria de agricultura do município e ter a Colônia dos Pescadores ativa até os dias atuais, além de outros órgãos, é saber que existe uma estrutura por trás dessa prática tão importante historicamente para o município, com função de amparo para fomento dessas atividades. Por sua notória importância nos programas e sistemas de manejo pesqueiro, os Conhecimentos Ecológicos Locais têm recebido atenção especial em diversas regiões do mundo, pois possibilitam uma melhor compreensão das relações sociais, tecnológicas, econômicas e ecológicas existentes, e facilitam a atuação dos gestores na elaboração de políticas públicas voltadas para proteção de um determinado ambiente ou recurso para obtenção da sustentabilidade (DIEGUES et al apud BASILIO, 2016).

2.4 O PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DE PIÚMA

1 Disponível em: <https://br.pinterest.com/ pin/673428950503896141/> . Acesso em: maio de 2019.

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Diante dos fatos abordados sobre a pesca artesanal no município, fica evidente tamanha importância dessa atividade para o local e como ela contribuiu para o


desenvolvimento comunidade.

e

formação

da

identidade

dessa falta de investimentos nessas áreas é um fato.

Mesmo que nos dias atuais essa atividade não seja a principal atividade econômica da cidade, para muitos, foi e é a única fonte de subsistência, que por falta de oportunidades, não sabiam fazer outra coisa a não ser pescar. Desde o princípio, a pesca artesanal esteve no cotidiano das pessoas e assim, fazendo parte da vida de cada um. A pesca artesanal não é a única vertente que se tem intenção de valorizar como patrimônio cultural imaterial, mas sim a rica cultura existente em Piúma. Porém a partir do momento em que foi escolhida a poligonal, denominada Porto para elaboração desse estudo e posteriormente, projeto de Reabilitação da área, a valorização se dará principalmente para a cultura da pesca artesanal, considerando-a como Patrimônio cultural imaterial para o município de Piúma, ainda que este patrimônio não esteja registrado formalmente em documento, mas simplesmente pelo fato dessa cultura estar nítida nas pessoas, faz parte de suas vidas direta ou indiretamente, a fazem se sentirem pertencentes a este lugar. De acordo com a percepção da autora, é um verdadeiro clichê dizer que “a pesca artesanal é um patrimônio cultural para Piúma”. Em depoimentos com moradores é possível considerar que todos aqueles em que se citar “cultura de Piúma”, a assimilam com artesato de conchas, turismo e pesca. Mas também mencionam que a

Portanto, é preciso fazer mais, acreditar mais e persistir que a falta de desenvolvimento, nessas áreas, pode dar lugar a uma cultura capaz de transformar a cidade, a medida em que estudos, a comunidade e políticas públicas sejam pensadas de forma a valorizá-la. Não há consequências negativas para as ações de valorização de um patrimônio, mas sim a contribuição para ampliação do exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

2.5 O PORTO O Porto de Piúma, é um local bastante movimentado devido a proximidade à região central da cidade, e por estar na entrada Norte do município, quase que obrigando a todos a passarem por ali. Não só de passagem, mas muitas atividades ocorrem na região. A maioria das atividades que ali ocorrem, estão relacionadas com a pesca, seja a venda do pescado, seja a atracação das embarcações. Além das atividades relacionadas com a pesca, a maioria das edificações são de uso misto, tendo seus térreos comercio e nos outros pavimentos, residência, contribuindo para grande movimentação no local. Todos os anos, no dia 29 de junho se comemora a festa dos pescadores de Piúma, e o local da festa é o porto, uma vez que a maioria dos pescadores ali residem e é onde está localizada a Igreja Católica da comunidade São Pedro, dedicada

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

Figura 21: Área “livre” do Porto do município de Piúma.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Fonte: Autora, 2019.

Figura 22:Igreja da comunidade São Pedro em Piúma dedicado ao padroeiro dos pescadores. Fonte: Autora, 2019.

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ao Santo que por sua vez, é o padroeiro dos pescadores. A capela é um ponto intercessor entre o porto e o cais dos pescadores. O cais dos pescadores é onde a maioria dos barcos dos pescadores ficam atracados. Neste local eles fazem a manutenção das embarcações e se reúnem quando não estão em alto mar para jogar dominó, conversar com os colegas de trabalho. O cais dos pescadores é um local de lazer para os pescadores de Piúma e é conhecido como “Roda dos malandros”. Ainda assim, em pesquisa realizada por Basilio (2016, p.84), “De um modo geral, os pescadores possuem poucas opções de lazer em Piúma. Muitos deles preferem ficar em casa assistindo televisão ou estar com a família nos momentos de lazer”. [...] Eles comentam que a prefeitura poderia investir mais na construção de quadras de esporte, salão

de forró, praças, aumentar e melhorar a estrutura do porto e a festa dos pescadores da cidade (BASILIO, 2016, p. 84).

2.6 O MERCADO DE PEIXES O mercado de peixes, é uma edificação localizada no Porto, às margens do Rio Piúma. Atualmente, é um dos locais onde se comercializam o pescado, mas também possui lojas de outros produtos como ervas medicinais e grãos naturais. Além do mercado de peixes, em outros locais também se comercializam os pescados. A maioria desses locais concentrada no Porto. De acordo com Basilio (2016), a última reforma que o mercado de peixes sofreu foi em 1982, encontrar-se atualmente com seus espaços depredados, com suas dependências inaptas para o manejo das mercadorias, permanecendo pouco atrativo

Figura 25: Mapa de Macrozoneamento do município de Piúma. Fonte: Autora, 2018.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 24:Mercado de peixes atualmente. Fonte: Autora, 2019.

Piúma, o ideal seria que essa edificação possuísse de fato a infraestrutura necessária para comercialização do pescado, de forma a agregar valor ao produto, fomento para a atividade econômica e por consequência, valorização da pesca artesanal de Piúma. Uma vez que essa valorização ocorra, a pesca Artesanal e o município de Piúma atrairia “novos olhares” sobre este local, amenizando a fama de “abandono” que o município sua cultura possui.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

2.7 MACRO LEVANTAMENTO DO MUNICÍPIO DE PIÚMA Para um melhor entendimento fez-se necessário uma análise com o macro levantamento do município de Piúma, com para o comércio. De acordo com o jornal Espírito Santo base na lei nº 1.656, de 3 de dezembro de 2010, que institui o Noticiais (2017, on-line), um projeto chamado “Peixarias Plano Diretor Municipal de Piúma. Limpas” seria idealizado pela Secretarias de Agricultura e As macrozonas definem parâmetros fundamentais de uso e Meio ambiente. Projeto este que, “repaginaria” o Mercado ocupação do solo, em concordância com as estratégicas de peixes e destinaria os resíduos e vísceras de peixes para da política territorial, definindo uma visão de conjunto que o um local correto através de um refrigerador próprio para integra todo município. Sendo assim, as macrozonas estão armazenamento desses resíduos e posteriormente, uma divididas em: empresa o recolheria esses dejetos para produção de ração. Até meados do ano de 2019 a “repaginada” do Mercado I – Macrozona Urbana Consolidada; ainda não ocorreu. Mas em visita Secretaria de Agricultura II – Macrozona de Expansão Urbana; do município, há um projeto para reconstrução do mercado III – Macrozona Urbana Balneária; e em andamento. Tendo em vista a importância do comércio do pescado em IV – Macrozona Rural.

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Fonte: Plano Diretor Municipal de PiĂşma, 2010. Editado pela autora, 2019

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LUANA MARINHO DOS SANTOS

REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

2.8 ZONEAMENTO MUNICIPAL

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Zoneamento municipal são as subdivisões das macrozonas, que definem áreas de interesse de uso e ocupação do solo, onde se pretende incentivar, coibir ou qualificar a ocupação. As zonas estão subdividas de acordo com o mapa da figura 24, onde a maioria da população se concentra nas zonas ZOP, ZOC, ZIH1 e ZIH2.


Figura 26: Mapa de zoneamento do município de Piúma. Fonte: Prefeitura Municipal de Piúma,2010; IJSN, 2012. Editado pela autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

2.9 HIERARQUIA DAS VIAS

LUANA MARINHO DOS SANTOS

administrações não resolverem o problema das vias e do trânsito em Piúma que, nas altas temporadas principalmente, As vias de Piúma oferecem pouca infraestrutura necessária se torna um caos. para o bom fluxo de veículos. De um modo geral, na região central, as vias possuem pavimentação asfáltica e dentro dos bairros apresentam pavimentação do tipo bloco intertravado em muitos casos, com baixa qualidade. As calçadas existentes possuem larguras de 1,20 metros em média, sem acessibilidade, na maioria dos casos. O centro da cidade se torna um caos, devido a desordem dos fluxos de automóveis, pedestres e bicicletas. Recentemente foi feita uma ciclovia na avenida principal do município, na tentativa de melhoras nos diferentes fluxos no local. Mas a população não aceitou a ideia, apesar de muitas bicicletas utilizarem a avenida, o fluxo de carros se sobressai e, dessa forma, os motoristas ficam insatisfeitos com o espaço pequeno, e poucas vagas para estacionar. Mas é uma questão cultural. Segundo Deffune (2013, p.127), “nas sociedades contemporâneas a ideia individualista se sobrepõe a coletividade, seguindo o modelo capitalista cujas regras estabelecem as relações sociais. O espaço público destinado à população é cada vez mais restrito, gerando uma série de conflitos que se refletem em diferentes âmbitos da sociedade, principalmente no que diz respeito ao meio urbano.”

De acordo com o mapa, podemos analisar que muitas vias precisam de reestruturação viária, em decorrência de várias

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Figura 27: Mapa de Hierarquia das vias do município de Piúma. Fonte: Prefeitura Municipal de Piúma, 2010; IJSN, 2012. Editado pela autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

2.10 ANÁLISE SENSORIAL Piúma é um município marcado por muitos fatos históricos durante o seu desenvolvimento e criou uma cultura local expressa na história de vidas dos variados grupos sociais formados nessa cidade, construindo uma identidade ao se relacionarem uns com os outros em diferentes contextos e situações.

que viveu toda sua infância e juventude vendo o tempo fazer mudanças em meu ser enquanto observava as mudanças ambientais, estruturais, sociais e culturais no município de Piúma. A minha infância foi moldada pela beleza nativa visível em nossa geografia, onde o chão ainda era de terra, casas muradas por cercas, ponte de madeira, um mangue próximo a ponte; as casas que mesmo a noite, viviam abertas na tranquilidade de um cotidiano não mais presente. Na praia, avistávamos o coqueiral que compunha com a praia e o monte Aghá uma visão de grande beleza que encantava os poucos turistas que aqui

Há uma afetividade por parte do cidadão piumense com esse lugar a partir das experiências vividas nele. Dessa forma, com o sentimento de pertencimento o faz querer valorizar suas referências culturais marcadas muitas vezes por um Figura 28: Praia de Piúma anos [199-]. passado comum. Fonte: Prefeitura Municipal de Piúma.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

De acordo com Nora (1993, p.13), “Os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não existe memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter os aniversários, organizar as celebrações, pronunciar as honras fúnebres, estabelecer contratos, porque estas operações não são naturais [...].”

os lugares de memória de Piúma, são expressos essencialmente na oralidade das pessoas, uma vez que o lugar se transformou com o passar do tempo através do desenvolvimento, e algumas dessas memórias estão narradas por Guimarães (2014): “[...]Submeto-me ao meu olhar, de nativo,

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frequentavam. [...] Piúma era uma cidade poética em sua forma e no seu cotidiano. Existia uma pequena mata Atlântica, onde íamos pegar lenha junto com uma senhora conhecida como dona Joana e sua família, a qual morava próximo a minha casa. O carrinho de madeira vinha cheio de lenha; infelizmente esta era a energia que condicionava o alimento de cada dia. A vida, mesmo com todas as dificuldades, se apresentava saborosa, pois tínhamos o rio. Nesse tomávamos banho, lavávamos as roupas e as vasilhas. Nessa época eu brincava no rio e nos seus mangues, enquanto via as moradoras lavando suas roupas e vasilhas. Quantas fofocas quentes aconteciam nos encontros dessas mulheres a beira do rio, até mesmo as discussões nada salutares, diferentes ideias que muitas

Figura 29: Uma das praias de Piúma, década de 70. Fonte: 1Blog Piúma Lorena, 2012.1

vezes provocavam expressões físicas ou verbais. Além do rio, tínhamos as cacimbas localizadas na fazenda Boa Vista. Esta pertencente ao primeiro prefeito do município, o senhor José de Vargas Scherrer. Aquelas cacimbas exibiam uma água totalmente cristalina onde as cacimbeiras, com suas latas, aproveitavam a água para várias finalidades, pois não tinham o “tal progresso” da água encanada. [...] Soma-se a essa beleza geográfica, as nossas manifestações culturais, tendo como base o turismo, o artesanato e a pesca. Essa base cultural reflete com toda força nossas raízes históricas, onde nos identificamos enquanto povo moldado por valores conceituais determinantes para as formações de uma sociedade.

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1 Disponível em:< http://piumalorena.blogspot. com/2012/02/fotos-de-piuma-antiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.html>. Acesso em ago. 2019.


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“ LUANA MARINHO DOS SANTOS

[...] Se não temos uma história substancialmente descrita, organizada, científica e “comprovada pelos canais da História”, temos nos moradores, através dos nossos olhares e das histórias contadas, todos os personagens que compuseram e compõem a nossa cidade; uma história de poesias mesmo sem rimas que nos faz presente absorvido por emoções de todas as histórias que foram contadas e outras que ficaram no pensamento de outros moradores. [...] caracterizar Piúma a partir de minhas lembranças evidencia a minha própria história, a qual me fez acreditar numa necessidade mais ampla: faz-se necessário pesquisas mais profundas e atentas para conservação de nossas identidades.”

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Essas palavras fazem-nos sentir o quão intrínseco o “lugar Piúma” está na identidade de seu povo. Cada canto da cidade, guarda lembranças e histórias que se tornam traços na identidade do piumense. Desta forma, faz-se necessária a preservação da cultura desde lugar, a fim de perpetuar e avivar a memória. A pesca artesanal do ponto de vista de patrimônio Cultural Imaterial de Piúma, se torna um dos símbolos da região presente na vida de muitas pessoas desse lugar, direta ou indiretamente. Sob a ótica de que esse patrimônio é valioso para o município, é fruto de uma escolha que representa a identidade, história e cultura do município, mesmo que isso

não tenha valor para outros grupos sociais que estejam fora de Piúma, há o desejo de valorização e tudo que queremos valorizar significa que queremos mostrar para esses que estão fora, de forma positiva. Piúma é uma cidade rica em natureza, tradição e cultura. Porém essas riquezas se encontram ofuscadas uma vez que não se tem o tratamento necessário para preservá-las. Em muitas partes da cidade a infraestrutura é precária, esse fato contribui diretamente nas atividades econômicas e no incentivo a preservar a cultura local. É preciso enaltecer valorizando as potencialidades do município melhorando sua infraestrutura, de forma a promover mais conforto, satisfação e promover o fomento da preservação da cultura e identidade de Piúma, contribuindo para que a cidade seja bem vista pela sociedade e o rótulo de “abandono”, seja amenizado.

Figura 30:Cacimbeiras buscando água. Fonte: ALMEIDA, 2013, p.67.1 1 Disponível em: <https://docplayer.com.br/74926478-Educacao-ambiental-nas-travessias-aventuras-e-paixoes-dasexperiencias-sentidos-de-professores-as-com-o-local.html>. Acesso em: 10 de mai. 2019

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CAPÍTULO 3 DIAGNÓSTICO DA POLIGONAL DO PORTO


REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

CAPITULO 3 – DIAGNÓSTICO DA POLIGONAL DO PORTO Este capítulo abordará o levantamento de informações técnicas e sensitivas necessárias para conhecimento da poligonal do Porto e posteriormente, elaboração do projeto. Essas informações são importantes para identificar as potencialidades e fragilidades no local e assim, traçar diretrizes e ações para que posteriormente a proposta projetual de reabilitação urbana, contenha soluções que alcancem melhorias na região.

LUANA MARINHO DOS SANTOS

A poligonal delimitada para este estudo, está situada em uma região denominada Porto, inserida na parte central de Piúma.

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Figura 31: Mapa do município de Piúma com localização da poligonal em estudo e mapa da poligonal de estudos. Fonte: Site do IJSN, 2012; Prefeitura Municipal de Piúma, 2019. Editado pela autora, 2019.



REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

Art. 69. A ZIH 1, núcleo original da cidade de Piúma e que apresenta no seu traçado uma estreita relação com a geografia do local, busca estabelecer conexões funcionais entre as duas principais vias de ligação econômica e cultural, o rio e o mar, possuindo morfologia de quadras de pequeno porte e desenho irregular, com edificações de menor proporção. [...]

LUANA MARINHO DOS SANTOS

Figura 32: Mapa de Zoneamento urbano do município de Piúma com foco na poligonal em estudos. Fonte: PDM de Piúma, 2010. Editado pela autora, 2019.

3.1 ZONEAMENTO DA POLIGONAL De acordo com o zoneamento municipal (Figura 24), a poligonal do Porto, está inserida na ZIH1 E ZIH2 definidas pelo plano diretor como Zona de Interesse Histórico 1 e Zona de Interesse Histórico 2. São caracterizadas, segundo PDM:

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Art. 70. A ZIH 2, primeira expansão urbana do núcleo original da cidade, originado pela ampliação das principais vias articuladoras do núcleo original, estende-se até as proximidades da via de acesso à ponte norte da cidade, ruas com dimensões e desenho semelhantes à ZIH 1, porém com traçado de maior regularidade, que busca estabelecer conexões funcionais de escala intra urbana, com quadras de porte mais amplo e ocupação mais intensiva do solo, refletida na maior verticalidade das edificações. (Plano Diretor Municipal de Piúma, 2010).


TABELA DE CONTROLE URBANÍSTICO USOS PERMITIDOS

ÍNDICES

TOLERADOS

CA MÁX.

TO MÁX.

TP MÍN.

Residencial unifamiliar/ multifamiliar

10%

Comercial, de serviço de âmbito local

5%

Industrial Misto (1º Pavto. Comercial + 2º Pavto. Residencial)

1,4

70%

5%

GABARITO

2m

ALTURA DA EDIFICAÇÃO*

6m

AFASTAMENTOS MÍNIMOS FRENTE

3m**

PARCELAMENTO

LATERAL

FUNDOS

TESTADA MÍNIMA

ÁREA MÍNIMA

1,5 com abertura

Inseto atendendo ás condições de ventilação e iluminação

10m

200m²

5%

Tabela 2: Tabela de índices urbanísticos da Zona de interesse histórico 01 (ZHI1) do município de Piúma. Fonte: Prefeitura Municipal de Piúma,2010. Editado pela autora. *Alturas máximas da edificação estabelecidas nesta ficam condicionadas ao disposto no artigo 188. **Serão isentos de afastamento as ruas em que houver o predomínio de edificações sem este afastamento de acordo com avaliação do órgão competente municipal.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. TABELA DE CONTROLE URBANÍSTICO USOS PERMITIDOS

TOLERADOS

ÍNDICES CA MÁX.

TO MÁX.

Residencial unifamiliar/ multifamiliar Comercial, de serviço e institucional de âmbito local

GABARITO

10% Comercial, de serviço institucional de âmbito municipal

1,4

5%

Industrial I

5%

Misto (1º Pavto. Comercial + 2º Pavto. Residencial)

5%

Residencial Multifamiliar e Hospedagem

LUANA MARINHO DOS SANTOS

TP MÍN.

ALTURA DA EDIFICAÇÃO*

AFASTAMENTOS MÍNIMOS FRENTE

FUNDOS

1,5 com abertura

Inseto atendendo ás condições de ventilação e iluminação

TESTADA MÍNIMA

ÁREA MÍNIMA

10m

200m²

9m

2m

6m

6m

70%

3m**

10%

LATERAL

PARCELAMENTO

3m

9m

Até o 2º pavto. isento Até o 2º atendendo pavto. 1,5 m as condicom aberções de tura iluminação e ventilação Acima de 2 pavimentos 1,5 + Acima de 2 H/10*** pavimentos 1,5 + H/10**

Tabela 3 - Tabela de índices urbanísticos da Zona de interesse histórico 02 (ZHI2) do município de Piúma .Fonte: Prefeitura Municipal de Piúma,2010. Editado pela autora, 2019. * Alturas máximas da edificação estabelecidas nesta tabela focam condicionadas ao disposto no artigo 188. ** Serão isentos de afastamento frontal as ruas que houver o predomínio de edificações sem este afastamento de acordo com avaliação do órgão competente municipal.

80


3.2 ÁREA COM PRESERVAÇÃO

ELEMENTOS

DE

INTERESSE

DE

A poligonal do Porto, está inserida em uma área delimitada de acordo com o PDM, como “Áreas de Interesse de preservação”, onde existem vários elementos históricos do município de Piúma, como edificações e até mesmo árvores centenárias, onde se tem interesse em preservá-los.

Figura 33: Mapa de área de Interesse de preservação bem como os elementos de interesse de preservação. Fonte: PDM, 2010; editado pela autora, 2019.

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LUANA MARINHO DOS SANTOS

REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

3.3 USO DO SOLO De acordo com o Mapa de uso do solo (figura 32), há predominância de uso misto na região (geralmente comércio no térreo e residência nos demais pavimentos). O uso comercial é caracterizado por comerciantes varejistas, de pequeno porte. No Porto, o comércio em domínio são as peixarias. Fonte: Autora, 2019.


Figura 34: Mapa de Uso do Solo da poligonal em estudo.


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3.4 GABARITO DAS EDIFICAÇÕES De uma forma geral, as edificações são de até 4 pavimentos, sendo um ponto positivo para essa região, o que caracteriza ambiência agradável com a escala humana, segurança natural e ruas sempre movimentadas, apropriadas pelos moradores. De forma esquemática, a figura 36 demonstra o gabarito das edificações atualmente. Fonte: Autora, 2019.


Figura 35: Mapa de gabarito das edificaçþes da poligonal em estudos.


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Figura 36: Vista esquemática da poligonal em estudo.

Fonte: Autora, 2019.

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SINTESE DO DIAGNÓSTICO A tabela a seguir, mostrar alguns pontos fortes na poligonal. Sejam eles, positivos ou negativos, além de diretrizes que vão nortear a elaboração do projeto, e algumas ações a serem tomadas em reação ao projeto. Esses dados também

estão expressos em mapas esquemáticos, na sequência da tabela. O mapa da figura 37 demonstra os pontos positivos e negativos encontrados na poligonal. Na figura 38 se encontra o mapa de diretrizes para o projeto e na figura 39 o mapa de ações demonstra quais ações devem ser levadas em consideração para conceber o projeto.

Tabela 04 - Síntese do Diagnóstico

POTENCIALIDADES

FRAGILIDADES

Área central com infraestrutura disponível;

Grande fluxo de veículos e pedestres de forma desordenada na poligonal do Porto;

Área destinada a preservação da história e cultura piumense; Natureza abundante que proporciona visuais; Topografia plana;

Deficiência na infraestrutura viária com problemas relacionados a acessibilidade e falta de espaços destinados exclusivamente para pedestres;

Tradição religiosa que promove festa em homenagem a Perca de identidade pela baixa valorização dessa área que tem prioridade em preservação da cultura, de acordo com o PDM; santo padroeiro dos pescadores;

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Cais dos pescadores muito utilizado pelos pescadores como Estacionamentos formais e informais dispostos de forma a gerar problemas para a circulação de pedestres e veículos no porto; forma de lazer Comércio ativo das peixarias do porto promove vitalidade Acumulo de lixo em alguns pontos das ruas do porto, proliferando odor e deixando as ruas sujas; urbana; Gabarito baixo das edificações conferem escala Falta de políticas públicas efetivas para preservação da cultura humanizada para os espaços e promove vigilância natural e história de Piúma; das ruas;

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DIRETRIZES

AÇÕES

Valorização da área voltada para cultura, lazer e comércio e turismo;

pavimentação diferenciada e que unifique os espaços;

Reestruturação das vias na poligonal;

Aumentar e padronizar iluminação pública, mobiliário urbano e pavimentação, conferindo identidade para o porto;

valorização das paisagens do entorno; aumentar permeabilidade visual para o rio; Aumentar a interligação entre os espaços do porto; melhorar infraestrutura para o mercado de peixes; potencializar a praça existente; favorecer o comercio pesqueiro; favorecer o fluxo de pedestres dia e noite;

propor nova arquitetura para o mercado de peixes; propor decks adequados para os pescadores e pedestres; propor espaço para feira de produtos naturais, legumes e verduras (já existe no município, mas em um local improvisado); Reabilitar as vias e calçadas;

Diminuir a quantidade e realocar os estacionamentos do Requalificar imóvel sem uso da prefeitura para melhorar a estrutura do porto; Porto; Propor espaço para exposições culturais referente a melhorar a ambiência do porto; história e cultura de Piúma Propor novas moradias para moradores realocados, que sejam na própria poligonal.

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Figura 37:Mapa de pontos positivos e pontos negativos na poligonal em estudo.

Fonte:Autora, 2019.


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Figura 38: Mapa de Diretrizes para elaboração do projeto da poligonal em estudo.

Fonte:Autora, 2019.

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Figura 39: Mapa de Ações para elaboração do projeto da poligonal em estudo.

Fonte:Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 40: Diário de Sensações.

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Fonte:Autora, 2019.

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CAPÍTULO 4 ESTUDO DE CASO

Estudo de caso é uma metodologia de abordagem, sobre a investigação em assuntos pertinentes ao tema de uma pesquisa, bem como na absorção de conhecimento e repertório, para possíveis aplicações no projeto desenvolvido neste trabalho de conclusão de curso, ou até mesmo, o que não aplicar. Por se tratar de um projeto urbano, buscou-se o conhecimento por estudos de caso que houvesse interesses semelhantes ao projeto em questão. Foram selecionados para estudos de caso: “O Complexo- ver- o-peso”, que é um conjunto

arquitetônico tombado pelo IPHAN, e possui uma questão simbólica do lugar de grande importância para a cidade de Belém – PA, e nesse sentindo, possui certa semelhança com a poligonal escolhida para o projeto desse trabalho. E um projeto urbano já executado, a “Orla do Guaíba”, localizado na cidade de Porto Alegre - RS que se trata de um projeto de Regeneração Urbana, e foi escolhido a partir de algumas decisões projetuais inseridas no projeto, uma vez que se trata de um projeto de orla, para posteriormente, serem norteadoras na produção do projeto de Reabilitação do Porto.


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Figura 41: Complexo de Ver-o-peso em Belém - PA. Fonte: Paraná Mais, 2018.1

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4.1 COMPLEXO VER-O-PESO – BELÉM – PA

Esse local passou por diversas modificações, de acordo com cada época. Resistiu a revolta popular denominada De acordo com o IPHAN (2015), o complexo de Ver-o-Peso “Cabanagem” (1835-1840), continuando a funcionar até é um conjunto arquitetônico localizado na cidade de Belém meados de 1839. do Pará, tombado pelo IPHAN em 1977. Em 1847, a Casa De Haver o Peso foi demolida e deu lugar Inicialmente, em 1625 no antigo Porto do Pirí – Belém – PA, foi ao Mercado De Peixes E De Carne, conhecido também inaugurada pelos portugueses, a “Casa De Haver o Peso”, como Mercado Municipal ou de Bolonha. sendo um local para aferir mercadorias e arrecadar impostos. A cidade passa por grande desenvolvimento no século XIX No século XVIII, essa área ganha grande importância para com o ciclo da borracha, e outras importantes construções a cidade de Belém do Pará, pois era o maior entreposto são erguidas nessa época como: Palácio Lauro Sodré, o comercial da região, sendo o centro de comércio de Teatro da Paz, Teatro Antônio Lemos e Mercado de Ver o produtos oriundos da Floresta Amazônica e maior ponto de Peso. chegada dos produtos europeus.

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1 Disponivel em : <http://paramais.com.br/visa-realiza-hackathonem-belem-para-promover-inovacoes-no-mercado-ver-o-peso/>. Acesso em : 10 out. 2019.


O Mercado De Ver o Peso, antes era conhecido por Mercado De Ferro e foi construído a partir de 1899, com ferro trazido da Europa seguindo a tendência francesa art nouveau.

Figura 42: Conjunto arquitetônico de Ver-oPeso tombado pelo IPHAN. Fonte:IPHAN, 20[??].

Internamente no mercado, era comercializado produtos naturais como peixes, aves, frutos, farinhas e externamente, outros serviços comerciais. Assim, pode-se dizer que a cidade de Belém passou a se desenvolver a partir do Mercado de ver o Peso. A partir do século XX, a área de Ver o Peso tomou seu formato atual com seus mercados e praças. A área compreendida, tem mais de vinte e seis metros quadrados. O conjunto tombado inclui o Boulevard Castilhos França, o Mercado de Carne e o Mercado de Peixe, o casario, as praças do Relógio e Dom Pedro II, a doca de embarcações, a Feira do Açaí e a Ladeira do Castelo. O complexo de ver o peso se destaca por ser um lugar de grande vinculo socio-espacial entre as pessoas com o lugar, bem como interatividade cultural, que resistiu durante muitos anos, graças ao tombamento, mas também pela importância do local para cidade de Belém, onde as interações trabalhistas e tradicionais, envolve comercio de natureza comercial mas principalmente, como um símbolo do lugar.

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4.2 PARQUE DO GUAÍBA – PORTO ALEGRE - RS

vida, a medida que conecta pessoas, cultura, história e natureza, através dos espaços propostos.

Segundo Archdaily (2018), o parque Urbano da Orla do Guaíba, é um projeto de Regeneração Urbana, de 56,7 há A arquitetura do projeto tem como desafio inserir o concreto ao longo de 1,5 km da margem do Rio Guaíba na cidade de na paisagem natural. Por isso, uma das maiores características arquitetônicas da iniciativa são as curvas ao longo da orla Porto Alegre (RS). que permitem uma sensação de fluidez junto a água. Os A iniciativa do projeto e posteriormente execução, visou materiais utilizados foram concreto, aço, vidro e madeira resolver problemas relacionados a segurança, abandono e que em contraste com o natural, garantem delicadeza ao degradação da área. combo do projeto. Com implantação do Parque, em um dos mais preciosos A implantação de arquibancadas ao decorrer do parque patrimônios naturais para a região, devolve-se para a proporciona que os moradores desfrutem de belos pores-docidade o uso e apreciação desse bem natural, afetando sol. A iluminação durante o dia é feita pelo sol e seus reflexos positivamente a população, melhorando a qualidade de na água; a noite, o projeto luminotécnico cria a sensação

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Figura 43: Orla do Guaíba em Porto Alegre (RS). Fonte: Site Archdaily / Arthur Cordeiro, 2018.

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Figura 44: Orla do Guaíba - Porto Alegre (RS). Destaque para iluminação cênica noturna. Fonte: Site Archdaily/ Arthur Cordeiro, 2018.

de noite estrelada no calçadão. A projeto paisagístico focou nas características ribeirinhas, respeitando a vegetação local. Com a construção do parque, a tendência é que aumente a economia e visibilidade cultural da região devido ao grande fluxo de pessoas. Por intermédio da arquitetura e paisagismo, o parque gera uma influência positiva para os habitantes; com a recuperação e cuidado com a antiga área degradada, faz que os próprios se sintam pertencentes do local.

Figura 45: Arquibancada proposta para o parque do Guaíba. Fonte: Site Archdaily/ Arthur Cordeiro, 2018

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CAPÍTULO 5 O PROJETO


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CAPÍTULO 5 – PROJETO 5.1 A CIDADE

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A cidade é o local das diversas interações entre as pessoas, nos seus mais diversos ambientes de encontro, para trocar ideias, comprar, vender, relaxar, se divertir. As ruas, caminhos para pedestres, praças e parques devem fornecer a estrutura necessária para estimular e acomodar essas diversas atividades. Apesar disto, o desenvolvimento contínuo e sem planejamento das cidades, vem acarretando disfunções urbanas constantes, como falta de sistema favorável de mobilidade, falta de espaços públicos para convivência, aparecimento de áreas periféricas, aumento de veículos motorizados particulares, além da degradação dos espaços urbanos, comprometendo a qualidade de vida da população. As pessoas são estimuladas pela curiosidade, necessidade de conhecer o novo, são movidas pelo o que lhes fazem bem. Uma cidade não deve ser pensada para carros, o ritmo do encontro deve se dar em ruas para caminhada de pedestres, bem como espaços públicos de qualidade. É preciso pôr a prática da sustentabilidade nas cidades, tornando os lugares multifuncionais, onde as distâncias para

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se deslocar sejam menores, valorização desses percursos, diversidade de usos nos diversos turnos para haver fluxo de pessoas em horários diferentes. A cultura e a arte também possuem grande papel na cidade. É o que demonstra a identidade do lugar, e podem ser partidos para gerar entretenimento e atividades turísticas, deixando o local vivo e conhecido, tornando a vida cotidiana mais interessante e fortalecendo a base econômica local.

5.2 REABILITAÇÃO URBANA Muitos são os adjetivos que se relacionam as intervenções urbanas de atualmente. A proposta da intervenção urbana no Porto de Piúma, requer valorização dos atores locais, mantendo-os no Porto, preservando sua cultura, preservando a paisagem cultural, através do próprio lugar. Sendo valorizado e reabilitado, melhorando sua infraestrutura viária, propondo mais áreas verdes e potencializando os espaços públicos existentes. Portanto, a Reabilitação Urbana integrada é uma intervenção urbana que se encaixa, uma vez que potencializa a vocação e a cultura existente no lugar, promovendo a valorização da cultura local, mantendo a identidade do lugar, conferindo nova dinâmica econômica, urbanidade e qualidade de vida.


Figura 46: Projeto de Reurbanização do Vale do Anhagabaú em São Paulo (SP). Fonte: Site Arcoweb, 2013.

5.3 REABILITAÇÃO DO PORTO

da população, dentre outros problemas.

Como mencionado anteriormente nesta pesquisa, a falta de planejamento e a falta de investimentos sobre diversas áreas do município de Piúma acarretaram em diversos problemas urbanos e prejuízos para a cidade. Alto índice de veículos motorizados causando caos e desordem no espaço; baixa qualidade nas calçadas destinadas ao pedestre; falta ou baixa qualidade dos espaços livres de usos públicos, falta de áreas verdes, falta de incentivos para preservação da cultura e natureza local e consequentemente, desinteresse

Em decorrência desses fatos um projeto de reabilitação urbana a nível preliminar, foi produzido a fim de resolver grande parte desses problemas, melhorar a qualidade de vida da população, trazendo vitalidade e visibilidade a área do Porto de Piúma, preservando a identidade cultural de uma área historicamente e culturalmente muito importante para a cidade. De acordo com Gehl (2010), as estruturas urbanas e o planejamento das cidades influenciam no comportamento

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humano e consequentemente, no funcionamento da calçadas e implantação de ciclovias, limitando os espaços cidade, ou seja, se estimularmos os espaços a favor das para automóveis, propiciando o fluxo e deslocamento de pessoas e não dos carros, o comportamento das pessoas pedestres. influenciariam positivamente em relação a cidade. Criação de setores e âncoras: a criação de setores, melhora Se uma área recebe melhoras, as pessoas passarão a a leitura do projeto e as âncoras de cada setor, define tais valorizar esses espaços, a qualidade de vida aumenta e o setores, a partir dos usos. interesse em valorizar os espaços também aumenta. Potencialização dos espaços públicos existentes: para promoção do convívio e vitalidade urbana. 5.3.1 OBJETIVOS DO PROJETO • Preservar, recuperar e valorizar a cultura local, sobretudo, Renovação do Mercado Municipal: propondo nova arquitetura, deixando-o mais atrativo e confortável para o a pesca artesanal; público. • Manter e expandir as atividades econômicas locais, Requalificação de edifícios: dar novo uso para edifício especialmente nos setores ligados à pesca artesanal; sem uso, em localização estratégica no Porto de Piúma. • Ampliar e melhorar espaços públicos destinados ao Favorecendo as famílias desapropriadas e propondo um convívio de pessoas; Centro cultural no térreo do novo edifício, promovendo a • Proporcionar melhor qualidade de vida para população cultura local. local.

5.4 PARTIDO

Valorização do comercio varejista local: com as novas calçadas amplas e arborizadas, propiciará a atratividade para o comércio varejista local.

Para estabelecer e alcançar um projeto urbano coerente, alguns princípios foram estabelecidos de forma a incorporar Valorização das peixarias: a partir da promoção da no desenho soluções relacionadas às potencialidades na valorização da cultura da pesca artesanal e do projeto que propõe novas calçadas mais confortáveis, a atratividade área. Tais soluções foram alcançadas por meio de: desse setor aumentará. Consolidação dos eixos existentes: alargamento de

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Figura 47: Planta baixa de partido arquitetônico do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma (ES).

Fonte:Autora, 2019.

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5.4.1 SETORES E ÂNCORAS O Projeto está dividido em três setores. SETOR CAIS, SETOR PORTO e SETOR PRAÇA. Cada setor possui âncoras que definem os usos de cada setor e reforçam a ligação entre os setores, aumentando a identidade da região. • O setor Cais, é caracterizado pelo uso residencial e é onde está localizado o Cais dos Pescadores que dará suporte as atividades de lazer da população local. Neste setor, também se encontra A Capela de São Pedro, igreja católica que a maioria dos moradores do Porto frequentam.

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Âncoras: Cais dos pescadores e Igreja Católica. • O Setor Porto, tem caráter mais comercial, apesar de a maioria dos usos serem mistos. Possui várias âncoras que estruturam esse espaço e caracterizam esse espaço muito atraído. Âncoras: Mercado municipal, comércio, Fórum, peixarias. • Setor Praça, é uma área de uso misto. É o local onde a Praça Central está localizada, muito movimentada durante o dia por possuir um dos únicos pontos de ônibus que existem no centro da cidade. O comércio e bancos localizados nesse setor, também atrai muitas pessoas. Âncoras: Praça Central

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Figura 48: Planta baixa de setores e âncoras do projeto de Reabilitação do Porto de Piúma.

Fonte: Autora, 2019.

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5.4.2 CONCEITO

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com a potencialização dos espaços públicos existentes. a funcionalidade dos espaços de pedestres, formam os O Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma, surgiu como chamados “placemaking’s”, proposta de intervenção urbana para preservação da cultura e história do município e para melhorar a qualidade de vida A Reabilitação do Porto, foi projetada para “O lugar”, primeiramente para os moradores e consequentemente no sentido mais estreito da palavra. Para isso, em todo para os turistas que visitam todos os anos a cidade, e momento, pensou-se em manter os atores deste lugar, ou agora poderão visitar o Porto com mais um motivo, pelo seja, a população local, de modo que os mesmos possam grande espaço público enaltecido com esse projeto e pela usufruir, e que o sentimento de pertencimento prevalecesse. visibilidade que a pesca artesanal ganhará, com a nova Dessa maneira, valorizou-se a memória e cultura do lugar, arquitetura proposta no mercado de peixes, e as peixarias potencializando os usos existentes. nos espaços convidativos. Para propiciar o deslocamento e convívio entre as pessoas, Tomando a valorização da pesca artesanal local como consolidou-se os eixos existentes, priorizando o espaço conceito de projeto, resgatou-se elementos que a remetem de pedestres, para diminuição do fluxo de veículos e a fim de preservar a cultura e a história, uma vez que a estacionamentos do local. Assim, todo local foi projetado pesca artesanal fez e faz parte da história, desenvolvimento com infraestrutura necessária para que a funcionalidade e cultura local. Dessa maneira, o desenho das ondas do Rio seja efetiva. Piúma invade a paginação do piso, com uma paleta de cores que remete as cores dos barcos dos pescadores. As curvas das ondas induzem a caminhabilidade e fortalece a conexão entre o local denominado Porto (área comercial), o Cais dos pescadores e a praça Central de Piúma. O paisagismo, mobiliário urbano e iluminação foram acrescentados de forma a agregar conforto e sombreamento as largas vias de pedestres fomentando a vitalidade urbana e convite as pessoas à caminhabilidade,

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Figura 49: Planta baixa de implantação e Corte esquemático do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma. Fonte: Autora, 2019.


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Figura 50: Vista aérea do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma - ES.

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5.5 USOS POTENCIALIZADOS

Igreja

A igreja é um ponto intercessor entre o Porto (comercial) e o Cais. Como é uma igreja dedicada ao Santo da Igreja O Cais dos pescadores é um local muito utilizado pela Católica, São Pedro, padroeiro dos pescadores, também população, principalmente pelos pescadores. Foi projetado recebeu um tratamento especial. O entorno da igreja, apesar de forma a aproveitar a vegetação existente e agregar de pequeno espaço, na sua fachada, acrescentamos novas espécies, bem como mobiliário urbano e iluminação iluminação e paisagismo a fim de enaltece-la. Além da geral e cênica prevendo conforto e melhor ambiência do calçada com o piso que conecta todo eixo longitudinal da lugar. região do Porto.

5.5.1 CAIS DOS PESCADORES

Dessa maneira, um deck de madeira foi adicionado junto ao mesmo nível ao piso com paginação remetendo as ondas do Rio Piúma e cores dos barcos dos pescadores, que conecta o cais aos outros locais do Porto. O guarda corpo de madeira do deck, tem formato que se integra perfeitamente a natureza, pensado para exprimir uma linguagem de “deck praiano”, uma vez que se encontra numa cidade litorânea. Assim, essa expressão vem na materialidade com a madeira, trazendo aconchego e simplicidade, e o formato em “x”, um modelo que expressa essa tipologia de deck praiano. o paisagismo trás cor e sombreamento para os bancos e demais mobiliários nos espaços de contemplação da natureza, frente ao rio e manguezal.

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Figura 51: Planta baixa setorial e corte esquemático do Setor Cais do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma - ES. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 52: Projeto para o Cais dos pescadores. Deck que avança no Rio Piúma promove a conexão com a natureza.

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Fonte: Autora, 2019.

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Figura 53: Vista da Rua em direção ao Deck do Cais. Espaço acolhedor e humanizado. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 54: Deck projetado para o Cais dos Pescadores. Mobiliário urbano, iluminação e vegetação promovendo a escala humana do lugar.

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Fonte: Autora, 2019.

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5.5.2 PORTO

para os atores do lugar, no mais estreito sentido da palavra. Para isso, houve a maior cautela quanto a necessidade No Porto, os usos existentes foram potencializados. Com o de desapropriação e realocação de pessoas. O projeto intuito de valorização do mercado pesqueiro, foi agregado também propõe conexão e acesso para contemplação e ao entorno do comercio vias destinadas aos pedestres de valorização do Rio Piúma. forma a induzir a caminhabilidade bem como agregar conforto e propiciar o comércio, induzindo à compra.

5.5.2.1 INTEGRAÇÃO DO TERREO Todo projeto foi pensando de forma a integrar os espaços âncora através dos Setores existentes: PORTO, CAIS E PRAÇA. Dessa maneira, calçadões arborizados juntamente com paisagismo e mobiliário urbano, agregaram mais espaços para pedestres, estimulando a caminhabilidade, conectando todo a área do projeto propiciando os deslocamentos a pé. Uma ciclovia foi acrescentada, para tornar esse deslocamento ainda mais fácil, através do modal alternativo e limpo chamado bicicleta.

5.5.2.2 CONEXÕES De uma forma geral, o projeto prioriza as conexões existentes, fortalecendo-as e sempre priorizando os pedestres. Os espaços de pedestre através de paginação do piso conectam o eixo longitudinal e transversal da área, facilitando o fluxo e proporcionando passeios agraveis para quem for ao Porto. Como mencionado anteriormente, o projeto foi pensado

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Figura 55: Planta baixa do projeto de reabilitação para o Setor Porto. Fonte: Autora, 2019


Figura 56: Projeto para o setor Porto- espaço urbano digno para a população. Fonte: Autora, 2019.

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5.5.2.3 PLACEMAKING Nos espaços propostos para pedestres, por serem vias largam, foram criados “placemaking’s”, onde o guia de espaço público define: A palavra Placemaking pode ser traduzida para o português como “fazer lugares”. Os “lugares” mencionados aqui são espaços públicos que estimulam interações entre as pessoas em si e entre as pessoas e a cidade, promovendo comunidades mais saudáveis e felizes.

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Placemaking é, ao mesmo tempo, um conceito amplo e uma ferramenta prática para melhorar um bairro, uma cidade ou uma região. (PLACEMAKING, 2015, on-line).

Ou seja, os locais destinados a pedestres em alguns pontos podem ocorrer diversos eventos culturais, educacionais, e até mesmo atividades ao ar livre, dar espaço à feira livre que ocorre aos sábados no município, porém em um local improvisado. Esses locais podem promover acesso ao conteúdo cultural, por meio de exposições, integrações com diversos tipos de artes locais, esportes como a capoeira, que já existe no município, entre outros, fomentando assim a valorização da disseminação da cultura local.

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Figura 57: Um dos espaços propostos para “placemaking”. Fonte: Autora, 2019.

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5.5.2.4 MORADORES REALOCADOS Para sanar o problema de pontos nodais e congestionamento de veículos, devido a largura muito estreita da rua Eliseu Xavier Nunes no ponto que dá acesso ao Porto, foi necessário a desapropriação de dez residências, uma peixaria e um bar. Entretanto, houve o cuidado de mantê-las no Porto, mudando apenas o local de suas residências, que passam a ser em uma edificação sem uso da prefeitura, requalificada proporcionando novo uso ao local, onde o térreo será um Figura 59: Edificação requalificada para moradias dos moradores realocados e o Centro cultural no térreo.

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Fonte: Autora, 2019.

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Centro cultural de Piúma, e mais três pavimentos com três apartamentos em cada andar, para dar abrigo as pessoas que tiveram suas casas desapropriadas para intervenção. Dessa maneira, as pessoas não sairiam do seu local de origem, e não perdem o sentimento de pertencimento do local. O bar e a peixaria ficariam abrigados no Mercado Municipal de Piúma, que também foi renovado, valorizando ainda mais esses estabelecimentos.


Figura 58: Mapa de localização das edificações que foram objeto de intervenção no Porto.

Fonte: Autora, 2019.

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5.5.2.5 CENTRO CULTURAL

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O centro cultural foi proposto para valorização e fomento a cultura local. Nele funcionará uma exposição de fotos antigas e objetos indígenas e históricos de Piúma, que atualmente não possui um local apropriado para expô-los. Poderá haver exposições de artistas locais de forma sazonal. E ainda está localizado ao lado do mercado municipal, dessa forma criará uma conexão cultural formando uma área que dá acesso e aproxima as pessoas da cultura local, estimulando e integrando as mais diversas formas de arte: artes visuais através das exposições, música, gastronomia no restaurante localizado no mercado municipal, literatura em eventos promovidos pelas escolas municipais, fotografia, entre outros.

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Figura 60: Centro Cultural no térreo da edificação requalificada. Fonte: Autora, 2019.

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5.5.2.6 MERCADO MUNICIPAL DE PIÚMA

fachadas frontais da insolação.

Para o conhecido mercado de Peixes, agregou-se nova Essa mesma linguagem de elementos de fachada, é estrutura e linda arquitetura, de modo a acomodar novas disposta na fachada do centro cultural, para trazer unidade atividades comerciais como um restaurante e um bar, e conecta-los. com vista para o Rio Piúma. Passando a ser conhecido como Mercado Municipal de Piúma. O mercado propõe integração do externo com o Rio, a partir de um deck locado nos fundos, trazendo visibilidade, valorização e convidando de fato às pessoas a entrarem no mercado e ainda assim, permanecerem no seu externo em contato com a natureza abundante do local.

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Esse deck pode ser utilizado para contemplação da natureza, mas também como espaços para mobiliários dispostos para as pessoas consumirem no mercado e se quiserem (com certeza vão querer) permanecerem. O restaurante e o bar foram dispostos no andar superior do mercado, junto a área administrativa. E contam com varanda externa, para quem não resistir às belezas da natureza do lugar. A fachada proposta emprega um estilo contemporâneo, na utilização do cobogó de concreto com formato trançado, além dos brises de madeira propostos em formado de rede, remetendo às redes dos pescadores e acrescentadas ainda, “Samambaias” (Nephrolepis exaltata) na trama dos brises, para imprimir conforto visual, naturalidade e proteger as

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Figura 61: Nova arquitetura proposta para o Mercado Municipal de PiĂşma. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 62: Fachada dos Fundos do Mercado promove a conexão com o Rio e com o manguezal, preservando a paisagem cultural do Porto.

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Fonte: Autora, 2019.

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5.5.3 PRAÇA CENTRAL A praça central fica localizado no eixo transversal que dá acesso ao eixo longitudinal da região do Porto. Dessa maneira, houve a necessidade de potencializar os usos da praça, valorizando ainda mais o local. Para o projeto, as arvores existentes foram mantidas, mas os canteiros foram realocados para uma melhor caminhabilidade dos pedestres e para ser integrados à paginação do piso proposta. Na praça existe um ponto de ônibus, onde foi acrescentado um deck com bancos e espaços de permanência, sombreados por arvores Figura 63: Rua do Lazer promovendo o convívio entre as pessoas. existentes e novas, para melhor conforto para as pessoas. Um playground de madeira também foi adicionado, visando Fonte: Autora, 2019. manter a mesma linguagem com os demais mobiliários de madeira. Como o supermercado existente no Porto possuía o serviço A rua atrás da praça foi nivelada ao nível das calçadas de entrega das compras nas residências dos clientes, os para maior integração e conexão com o porto. Esta rua será caminhões de entregas poderão ser carregados em um chamada “Rua do lazer”, pois será mais um Placemaking espaço reservado nessa mesma rua, que será cercado com projeto, de forma a promover a vitalidade urbana e criar “cerca viva” para que haja o separamento entre a “Rua atratividade para as pessoas dia e noite. de Lazer” e o espaço para os caminhões. Nesse espaço também funcionará a carga e descarga do Supermercado. Vários “foodtruck’s” e carrinhos de comida que já ficavam ali, poderão utilizar essa rua para vender suas delicias. Neste Tirando partido do grande paredão dos fundos do caso, o acesso de carros será restrito. supermercado, frente a “Rua do Lazer”, propõe-se que seja feita uma pintura por algum artista local, de uma imagem que remeta a pesca artesanal

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 64: Rua do Lazer atrás da Praça Central.

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Fonte: Autora, 2019.

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Figura 65: Planta baixa e corte esquemรกtico da Praรงa Central. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 66: Praça Central com seus espaços potencializados, tornando-se atrativos e confortáveis.

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Fonte: Autora, 2019.

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Figura 67: Praรงa Central. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

5.6 PAISAGISMO O novo paisagismo proporcionará uma melhor configuração urbana e melhores espaços públicos, para a população em geral. As calçadas de pedestres alargadas, oferecem conexão entre os três setores, oferecendo conforto ao pedestre através de vegetação e mobiliários presentes. Dessa maneira, considera a valorização de todas as áreas do Porto, conferindo caracterização dos espaços.

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5.6.1 PISOS E PAVIMENTAÇÕES Através do piso das ruas de pedestres se expressa o conceito do projeto. Um desenho de ondas fluídas que remetem as ondas do mar por onde os pescadores veleja, com as cores azul, amarelo e vermelho, que estão comumente nas embarcações, são destacadas pela base cinza claro trazendo leveza. O material desta pavimentação é o Fulget, caracterizado por ser um material de fácil acesso, alta durabilidade e alta resistência ao alto tráfego, com superfície antiderrapante, mas confere acessibilidade por não causa trepidação aos cadeirantes, por exemplo. Essa paginação tem função de conectar os espaços do porto e estimular a caminhabilidade dos pedestres. Nas ruas de carros, a pavimentação será toda de bloco intertravado para conferir aspecto mais humanizado se

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Figura 68: Paleta de cores capitada na foto do Cais dos Pescadores no aplicativo Adobe capture. Fonte: Autora, 2019.


comparado ao revestimento asfáltico.

5.6.2 VEGETAÇÕES

Como a intervenção urbana está situada em uma área de frente para as águas do Rio Piúma, de modo a valorizá-lo e aumentar a conexão e visibilidade para o rio, um deck foi projetado aos fundos do mercado de peixes e no cais dos pescadores, contribuindo também para vitalidade urbana nessas áreas, evidenciando a paisagem natural.

O desenho dos canteiros segue a fluidez do desenho do piso das ruas de pedestre. Os canteiros localizados nas ruas de pedestre, funcionam como barreira natural que separa a rua de pedestre das vias de carros. Todos os canteiros são de grama esmeralda (Zoysia japonica). Os canteiros localizados em curvas e foram dispostos com arbustos de flores de “Hibisco” (Hibiscus rosa-sinensis), com as colorações Na praça central também foi disposto um deck, vermelha, branca ou amarela, para caracterizar o local com para maior conforto na área de permanência, ambiência tropical. muito utilizada por estudantes e cidadãos de uma forma geral, que utilizam o ponto de ônibus. As árvores existentes foram mantidas e foram acrescentadas outras espécies. Nos caminhos propostos para pedestre na área comercial do Porto, árvores de grande porte das espécies “Ipê Rosa” (Handroanthus heptaphyllus) e “Magnólia” (Magnolia liliflora) foram dispostas nos canteiros laterais para melhor microclima da região, sombreamento e embelezamento dos caminhos a partir de suas florescências constantes e de coloração rosada.

Figura 69: Vista aérea do Porto destacando o desenho da paginação de pisos da calçada. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 70: Calçada com arvore mantida e arborização nova.

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Fonte: Autora, 2019.

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Figura 71: Praรงa Central com canteiros de hibiscos coloridos, para trazer cor ao ambiente. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 72: Cais dos Pescadores com paisagismo criterioso para ambientação e conexão com a natureza.

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Fonte: Autora, 2019.

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No Cais dos pescadores foram mantidas as árvores acrescentados para caracterizar o local, e conectá-lo aos existentes, e acrescentadas outras espécies como “Dama demais espaços do Porto, e lógico, para embelezamento e da noite” (Cestrum nocturnum) nos novos canteiros e conforto visual ao ambiente. “Manacá da Serra” (Tibouchina mutabilis) centralizadas nos bancos circulares que possuíam canteiros centrais. Essas duas espécies contribuem para o embelezamento do local, a partir das suas florescências branca e roxa lilás, além de sombreamento e conforto ambiental. Nos canteiros existentes nos bancos circulares, junto aos “Manacás da Serra” (Tibouchina mutabilis), foram acrescentados arbustos floridos de Hibisco (Hibiscus rosa-sinensis), acrescentando mais cor e trazendo uma atmosfera tropical que ele tem para o local. Na Praça central, toda vegetação existente foi mantida, mas os canteiros foram realocados para melhor caminhabilidade. Foram acrescentadas as espécies de arvores “Ipê Rosa” (Handroanthus heptaphyllus), “Magnólia” (Magnolia liliflora) e “Dama da noite” (Cestrum nocturnum) para sombreamento e colorir o local com a florescência em épocas diferentes. Para separar a “Rua do Lazer” da área de Carga e Descarga do Supermercado, foi disposta uma cerca viva de “Murta” (Myrtus). Essa espécie foi escolhida, pois na praça já havia algumas mudas, portanto elas foram realocadas e acrescentadas mais mudas para completar a cerca. Alguns arbustos de Hibisco (Hibiscus rosa-sinensis) foram

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Figura 73: Planta baixa de Paisagismo do Projeto de Reabilitação do Porto de Piúma. Fonte: Autora, 2019.

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5.6.3 MOBILIÁRIO URBANO

cênica para ornamentação e conforto visual.

A fim de tornar os espaços públicos mais atrativos, Para iluminação a nível do pedestre, postes minimalistas convidativos, inclusive para permanência, em todos os de 3 metros de altura foram dispostos pelos caminhos de pedestre, Cais dos Pescadores, Mercado Municipal e Praça pontos do projeto, foram dispostos bancos. Central. O formato dos bancos, acompanham a lógica dos canteiros, são de madeira ripada, para conferir contemporaneidade Na ciclovia, pontaletes balizadores de 80 cm de altura com e proporcionar conforto que a madeira propõe. Esses iluminação para separar a ciclovia da via carros, iluminando bancos possuem iluminação indireta por baixo dos acentos, e direcionando o caminho para os ciclistas. para contribuir para o embelezamento e contribuir com Para iluminação geral das vias, o posteamento foi disposto a iluminação artificial proposta. metade desses bancos de forma bilateral, a cada 28 metros de distância, para possuem encosto e metade não possui, para atender todos maior aproveitamento do espaço iluminado e eficiência os públicos. energética. Outro tipo de banco, o circular com canteiros, foram acrescentados nos deck’s do Cais dos Pescadores e no Mercado Municipal, por possuírem canteiro central, e ser possível o acréscimo de arvores nos decks, contribuindo para o sombreamento. Eles ainda seguem a mesma materialidade e estilo ripado. As lixeiras serão dispostas em todo o porto, sendo de madeira ripada, para seguir a linguagem dos bancos.

Na Rua Barra de São Francisco, na parte em frente ao Cais dos Pescadores, o posteamento foi disposto a cada 15 metros de forma triangular. Na “Rua do Lazer” da Praça Central, um varal de luz foi disposto para conferir uma iluminação geral, ornamental e harmônica para o local.

5.6.4 ILUMINAÇÃO Para a iluminação artificial da região do Porto, propõe-se modelos de posteamento e luminárias que conversam entre si, para melhor caracterização do local, além de iluminação

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO. Figura 74: Iluminação artificial cênica para toda poligonal do Porto, promoverá trazendo vitalidade urbana para os espaços públicos também em horário noturno.

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Fonte: Autora, 2019.

Figura 75: Iluminação Noturna no Setor Porto. Fonte: Autora, 2019.

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5.7 SISTEMA VIÁRIO Para valorização da Região do Porto, todo remanejamento para resolver os problemas de mobilidade urbana existentes foi pensando de forma a priorizar o fluxo de pedestres e diminuir o fluxo de automóveis e consequentemente a quantidade de estacionamentos. Para isso, a humanização dos espaços e limitação da área destinada ao automóvel.

Figura 76: Vista aérea do Porto, destaque para o ordenamento das vias e implantação das largas e confortáveis calçadas. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

Figura 77: Reordenamento das vias que favorece o pedestre, mas organiza o trânsito de automóveis no local.

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Fonte: Autora, 2019.

Para o reordenamento das vias, os principais eixos (longitudinal - Rua Barra de São Francisco - e transversal - Rua Eliseu Xavier) do Porto foram consolidados, aumentando a área destinada aos pedestres e limitando as áreas destinadas aos carros. Além disso, a estratégia de a implantação de “traffic calming” de uma forma humanizada, auxiliará no retardamento do fluxo de automóveis e promoverá uma ambientação melhor no espaço urbano, evitando sinalização de trânsito em excesso. Foram adicionadas faixas elevadas em vários pontos do porto, também como estratégia de diminuir o Figura 78: Estratégia de “Traffic calming” de forma humanizada através fluxo de automóveis no local, valorizando os deslocamentos da arborização na entrada norte da cidade, ameniza o uso de sinalização de trânsito formais que causam poluição visual. de pedestre.

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Fonte: Autora, 2019.


Figura 79: Rua Eliseu Xavier Nunes no eixo transversal do projeto, com faixa elevada para otimização do trânsito loca.

Figura 80: Rua Eliseu Xavier Nunes com calçadão que conecta o Porto à Praça Central, proporcionando caminhabilidade eficiente.

Fonte: Autora, 2019.

Fonte: Autora, 2019.

A ciclovia implantada, favorece a mobilidade urbana acrescentando uma nova alternativa de moral de transporte de forma eficiente e sustentável. Durante todo o seu percurso dentro da região do Porto, será iluminada por balizadores que protegem e iluminam o caminho, tornando o passeio mais agradável.

Calçadas mais largas e arborizadas foram propostas para valorização dos deslocamentos de pedestre. Por essas calçadas é feita a conexão de todos os setores do Porto, tornado possível o deslocamento a pé em todos os espaços da região. O remanejo e a extinção de estacionamentos informais desestimulará a utilização de automóveis e diminui a poluição visual local.

Para diminuir os pontos nodais existentes, algumas vias de sentido duplo foram alteradas para ter um único sentido, de forma a otimizar o trânsito.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

Figura 81: Planta baixa de sistema viário.

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Fonte: Autora, 2019.

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Figura 82: Perfil viรกrio Rua Barra de Sรฃo Francisco, no Setor Porto. Fonte: Autora, 2019.

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REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

5.8.1 CRITÉRIOS PARA COLOCAÇÃO DE LETREIROS LETREIROS PERPENDICULARES À FACHADA:

Figura 85: Simulação de cores em tons pastéis nas fachadas das edificações do Porto, com padronização de toldos e placas.

Estes devem respeitar uma altura livre de no mínimo 2.50 m, medido do nível do passeio público, contado da face inferior do anúncio. As dimensões máximas são: a largura não deve ultrapassar 1 metro e 60 centímetros de altura para placas na vertical e na posição horizontal, o comprimento da placa não deve ultrapassar a largura da fachada do estabelecimento por 60 centímetros de altura. As letras devem ser de até 40 centímetros de altura com a fonte de texto “Century Gotic”, de uma cor.

A espessura da placa não deve ultrapassar em 10 centímetros. Os anúncios somente serão permitidos no pavimento térreo. 5.8 PADRONIZAÇÃO DE PLACAS, TOLDOS E CORES Os materiais indicados são madeira, metal ou vidro. LUANA MARINHO DOS SANTOS

Fonte: Autora, 2019.

DE FACHADA

Para melhor integração com o projeto de urbanismo proposto, será proposto um sistema de padronização de placas e toldos, e sugestão de cores para pintura das fachadas das edificações localizadas no Porto. Essas medidas visão o combate a poluição visual e distorção do local, e propor a mínima intervenção, sem prejudicar a visão geral do local.

ANÚNCIOS PARALELOS À FACHADA Os casos devem ser estudados particularmente, dentro de alguns princípios: Altura máxima de 60 centímetros e largura de 40 centímetros para placas, que devem ser de metal ou madeira.

5.8.2 TOLDOS Será autorizada a colocação de toldos somente no pavimento térreo, desde que estes sejam recolhíveis, não metálicos, devendo ficar afixados acima das bandeiras das

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Figura 86: Simulação com padronização de placas e toldos nas peixarias locais. Fonte: Autora, 2019.

portas. Os todos não podem cortar a altura das portas. A largura dos toldos deve ser adequada à dimensão das calçadas. Os toldos devem ser de cor cinza, podendo permitir-se a inscrição do nome do estabelecimento apenas na borda dos mesmos. As cores propostas para as fachadas são os tons Pastéis, que proporcionam clareza e limpeza no ambiente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Em meio a tantas polêmicas acerca da falta de desenvolvimento e abandono do município de Piúma, tantas reclamações por parte da população, tanto desprezo por parte daqueles que a menosprezam com comentários, é notório o sentimento de pertencimento a esse lugar dos “atores” desse lugar, ao fazer memória as coisas boas vividas nele. As pessoas não se desvinculam desse sentimento, porque sua identidade já está marcada.

Sim, a cultura de Piúma está na simplicidade, mas para que a tem, é algo grandioso. A elaboração do projeto de Reabilitação do Porto, foi feita de forma a preservar ao máximo esses atores, a fim de torna o local propício para eles. Tornando suas vidas e a cidade mais felizes.

A valorização histórica e simbólica desse lugar é um papel da arquitetura, mas é necessário a colaboração de todos A frase de Lina Bo Bardi diz muito sobre essa cultura “Há um para a preservação ser efetivada. gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito”.


REABILITAÇÃO DO PORTO DE PIÚMA: A ARQUITETURA QUE RESGATA A CULTURA E TRADIÇÃO DE UM POVO.

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LUANA MARINHO DOS SANTOS

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