10ª edição – Anuário ArqSC (2018)

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ANUÁRIO DE ARQUITETURA DE SANTA CATARINA | 2018

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EXPEDIENTE

DIRETORA EDITORIAL Simone Bobsin simonebobsin@arqsc.com.br DIRETORA EXECUTIVA Clarice Mendonça anuario@arqsc.com.br

AGRADECIMENTOS Grupo de Estudos em Processos Curatorias (Cheyene Luge, Fabiola Costa, Guilherme Zorato, Jaqueline Silva, Kamilla Nunes, Marcelo Fialho, Marco D. Julio, Marilia Borba, Mônica Hoff, Sandra Meyer), Juliana Hoffmann, Luciana Gâmbaro, O Tropicalista

DISTRIBUIÇÃO/CIRCULAÇÃO Bancas na Grande Florianópolis, livrarias e mailing dirigido: arquitetos, academia, instituições do setor, IAB/SP, museus e galerias, agências de publicidade e bibliotecas, pontos selecionados

REVISÃO Giane Jacques Antunes Severo

VOGAL EDITORA Av. dos Lagos, 41 | Pedra Branca Palhoça | SC | 88137-100 contato@editoravogal.com.br

REDAÇÃO Cristiano Santos Eloá Orazem Jana Hoffmann Letícia Wilson Simone Bobsin

COMERCIAL comercial@arqsc.com.br

IMPRESSÃO Gráfica Coan

ADMINISTRAÇÃO André Teixeira de Oliveira contato@editoravogal.com.br

COLABORADORES EDITORIAIS Adriane Vieira Santos, Dennis Radünz, Josué Mattos, João Rieth, Juliana Hoffmann, Lili Tedde, Ronaldo Azambuja, Vicente Wissenbach Convidada especial da 10ª edição Letícia Wilson

APOIO INSTITUCIONAL AsBEA/SC . IAB/SC . CAU/SC . Missão Casa no youtube: www.youtube.com.br/missaocasa

CAPA Terminal Rodoviário Rita Maria, em Florianópolis. Projeto de Yamandú Carlevaro e Enrique Brena | Foto: Ronaldo Azambuja

PROJETO GRÁFICO Nuovo Design rodrigo@nuovo.com.br

SOBRECAPA Projeto 10a edição ArqSC Transbordar | arte Casa-Ser da artista Juliana Hoffmann (foto Rodrigo Sambaqui) | arte gráfica e composição Rodrigo Mendonça

Foto: Flávia Dummer

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Ronaldo Azambuja

João Rieth

Josué Mattos

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: Mayra Lima

Foto: Daniel Queiroz

Foto: divulgação Foto: Mariana Boro

Letícia Wilson

Eloá Orazem Dennis Radünz

Cristiano Santos

Jana Hoffmann

Foto: divulgação

portalarqsc @portalarqsc anuario@arqsc.com.br www.arqsc.com.br

Juliana Hoffmann

Lili Tedde

O ArqSC é uma publicação anual, dirigida ao público em geral, comercializada em bancas, livrarias e no meio digital, distribuída a um mailing específico. Os textos foram produzidos a partir das informações repassadas pelos profissionais participantes. O anuário não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

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Transbordar...

EDITORIAL

O que nos motiva a seguir em frente? O que nos subleva? No texto a respeito de uma exposição do qual foi curador, o filósofo, historiador e crítico de arte francês George Didi-Huberman afirma que “forças psíquicas, corporais e sociais transformam a imobilidade em movimento, a exaustão em energia, a renúncia em alegria expansiva”. Não à toa apropriei-me deste trecho para falar da 10ª edição do ArqSC, uma data que, para além de comemorar, merece uma reflexão. Movimento é uma palavra que cada vez faz mais sentido na trajetória da publicação, e sempre foi recorrente na minha. Sem movimento não há outras perspectivas.

O

D E S I G N

Q U E

M O D E R N I D A D E , E

O

S E U

C O M B I N A

S O F I S T I C A Ç Ã O

J E I T O

D E

S E R .

Para além de fazer sentido no contexto de atuação do impresso, há uma necessidade de transbordar os campos do conhecimento e promover pontes e conexões com outros enredos. Fazer da experiência um caminho para a evolução, para novas práticas editoriais - em plataformas físicas, on-line e presenciais -, assumindo maior relevância em um mercado em profunda ressignificação. Por isso, a 10ª edição chega conectando arte e arquitetura, com conteúdo que joga luz sobre temas que representam o zeitgeist: o poder transformador da arquitetura, o protagonismo do cidadão, a revisão histórica dos 70 anos do Masc, a emancipação do hemisfério sul – menos síndrome de vira-latas como cunhou Nelson Rodrigues e mais testemunho de nós mesmos.

Foto: Mariana Boro

À curadoria editorial soma-se o nosso papel em resguardar a memória da produção arquitetônica catarinense por meio do recorte publicado nestas páginas. Pretende-se, com isso, contribuir para a documentação histórica a partir da circulação dirigida em espaços de referência para pesquisa, entre o segmento de atuação, locais independentes e, ainda, livrarias e bancas como forma de ocupar um território anônimo. O flap e o cartaz contidos na 10ª edição são um exercício poético e artístico de transbordamento, resultado da imersão no Grupo de Estudos em Processos Curatoriais do qual fiz parte e agradeço imensamente por me levarem a ir além … Obrigada Juliana Hoffmann e Luciana Gâmbaro por materializar o conceito do produto nos flaps, cada qual com sua própria linguagem. Esse lançamento é um marco na nossa trajetória.

Simone Bobsin Publisher

para além de...

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Saccaro Florianópolis: Rod. SC 401, 8.600 • Corporate Park Santo Antônio de Lisboa • 48 3238.1616

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PORTAL ARQSC

ASSOCIADO

Alto padrão em móveis, estofados,

Roda de Conversa

Memória O anuário ArqSC chega à 10ª edição! Para comemorar, relembramos no site www.arqsc.com.br projetos incríveis já publicados no impresso. Fique ligado no nosso portal!

Mais conteúdo

Nossa plataforma de eventos procura promover a conexão entre pessoas, ideias e marcas, com temas relacionados às áreas que atuamos, transbordando as páginas do impresso com a realização de ações presenciais. Um desses encontros foi o projeto ArqSC Conversa e Connectarch na Casa Cor SC, realizado com os arquitetos Guilherme Llantada, Katia Véras e a pedagoga Sabrina Silveira. Participaram ainda do grupo curatorial os artistas visuais Marcelo Fialho e Marco D. Júlio, do O Tropicalista. A rádio Desterro Cultural foi nossa parceira na transmissão ao vivo em streming (desterrocultural. com.br) e no live do Facebook.

Viva o melhor do conforto e design com a Masotti.

Projetos documentados Faça do portal ArqSC portfólio de seus projetos e colabore para registrar a memória da arquitetura catarinense! Envie para: projetos@arqsc.com.br

Foto divulgação

Foto: Guilherme Llantada

Acesse o conteúdo do impresso e muito mais: www.arqsc.com.br

Foto: Guilherme Llantada

marcenaria sob medida e decorações.

O evento cultural interativo, de caráter temporário e experimental, atendeu a nossa intenção de promover ações de conteúdo que discutam o morar contemporâneo em diferentes escalas e abordagens, relacionados à arquitetura, urbanismo, design e comportamento, sempre com a participação de convidados. O programa incluiu três workshops de fotografia de arquitetura, com Guilherme Llantada, e três talks durante o período da Casa Cor SC 2017, em Florianópolis.

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EXPOSIÇÃO

ARQPUBLI

Escritório de arquitetura de Blumenau integra exposição paralela à Bienal de Veneza O escritório Osvaldo Segundo Arquitetos (OSA), de Blumenau, foi convidado pela fundação holandesa GAA para participar da quarta edição da exposição “TIME SPACE EXISTENCE”, evento paralelo à 16ª Bienal de Veneza, que acontece de 26 de maio a 26 de novembro de 2018, na Itália. A mostra apresenta uma ampla seleção de trabalhos de arquitetos, fotógrafos, escultores e universidades de todo o mundo, também de projetos realizados em cooperação com instituições e museus. Além de OSA, participa da mostra o fotógrafo brasileiro de arquitetura Sérgio Duarte.

Performance técnica e resultado estético

Os projetos do OSA estarão em diálogo com projetos de outros arquitetos participantes como Denise Scott Brown, Peter Eisenman, Arata Isozaki, Curt Fentress e Kengo Kuma. Além desta exposição, a GAA apresenta os projetos finalistas do Young Talented Architects Award juntamente com a Fundação Mies van der Rohe. As questões filosóficas sobre arte contemporânea, arquitetura e cultura em geral são os temas principais de investigação da GAA. Segundo a fundação, ao combinar projetos de estúdios de arquitetura com fotografia e esculturas de arquitetura, a exposição se torna um diálogo entre desenvolvimentos atuais, ideias e pensamentos em arte e arquitetura, destacando os conceitos filosóficos de Tempo, Espaço e Existência.

Foto: Alexandre Zelinski

Para a exposição, sediada e apoiada pelo Centro Cultural Europeu, localizado no Palazzo Mora, o OSA irá apresentar três projetos de edificações residenciais juntamente com a Vasselai Incorporações e Firmorama Design. “São projetos com a escala da nossa região, que interagem diretamente com as pessoas que lá vivem ou irão viver com suas famílias. Pela escala do edifício, são projetos que também interagem com a cidade e a paisagem urbana”, afirma o arquiteto Osvaldo Segundo. Para o time do escritório, a arquitetura retrata a cultura e o tempo em que vivemos. “Acreditando nisso conseguimos enxergar a verdadeira importância de nossa profissão”, conclui. Leia a entrevista na íntegra com o arquiteto no nosso portal www.arqsc.com.br.

Linha do tempo da arquitetura A partir de junho de 2018 começa a pesquisa que irá definir as obras que farão parte do módulo Arquitetura Contemporânea, da grande exposição ‘Arquitetura Catarinense em Quatro Tempos’, prevista para acontecer no Centro Integrado de Cultura (CIC) ainda este ano. “Arquitetura Contemporânea é a terceira exposição e abordará o período entre 1980 e 2016, cuja ideia é traçar um amplo painel com os bons exemplos da arquitetura que vem sendo feita nos últimos anos, valorizando a criatividade e a inovação dos profissionais e oferecendo referências inovadoras e sustentáveis”, afirma Vicente Wissenbach, jornalista e curador do projeto.

Projeto do escritório Pimont Arquitetura

‘Raízes Históricas’ é o primeiro módulo com abordagem a partir dos primeiros habitantes até o início do século XX. A segunda exposição, “Arquitetura Moderna e Modernista”, apresentará o período entre 1930 e 1980 baseada na pesquisa ‘Itinerários da Arquitetura Moderna em Florianópolis’, coordenada pelos arquitetos e professores Luiz Eduardo Fontoura Teixeira e Gilberto Sarkis Yunes, também responsáveis pelo eixo que homenageará Hans Broos e a Wolfgang Ludwig Rau. ‘Arquitetura Catarinense em Quatro Tempos’ tem apoio do ArqSC e das entidades estaduais do setor como CAU, IAB e AsBEA e o sindicato dos Arquitetos, além da UFSC, Univali e Unisul.

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Fotos: Pedro Caetano

A mostra irá abordar três períodos históricos da arquitetura e urbanismo, além de uma ‘Visão do Futuro’, onde serão apresentados novos projetos urbanos e de bairros. Para o arquiteto André Schmitt, “exposições como esta são de vital importância para o aperfeiçoamento profissional e também para chamar a atenção do público leigo sobre o papel da arquitetura como expressão cultural”, afirma.

A aposta em design assinado é um complemento para os projetos. Na foto, cobogós em madeira e cimento bruto, de Ana Paula Castro, e revestimentos do Grupo Passeio, por Carol Gay, comercializados pela marca Gauss Revestimentos. Em cinco anos de atividades, a Morada Eco vem desenvolvendo um trabalho focado em integrar fornecedores, profissionais e clientes. O principal objetivo sempre foi fornecer conteúdo, informação técnica e suporte em conjunto com os produtos. Atitudes que levam para a obra mais performance técnica e resultado estético. A pesquisa por fornecedores e seleção de materiais vai além. Passa principalmente por processo de fábrica, certificações ambientais e segurança industrial, ou seja, mesmo focada em sustentabilidade a empresa sempre buscou por produtos que possuam pouca variação e alta reposição. Isso significa trabalhar com a responsabilidade de finalizar o projeto, repor e complementar produtos enquanto a obra durar.

Impulsionados pela demanda, este ano a empresa ainda trouxe revestimentos variados de madeira de manejo florestal, produtos assinados por designers brasileiras como a Ana Paula Castro e Carol Gay e revestimentos externos de alta durabilidade e longa garantia como a Timbertech, americana que oferece 30 anos de garantia em decks compósitos. Os produtos estão disponíveis na Morada Eco, em Florianópolis/SC.

A Morada Eco também está trazendo ao mercado o Shou Sugi Ban, uma madeira em pinus autoclavado, com técnica japonesa de carbonização da madeira – o produto pode ser utilizado em fachadas.

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ÍNDICE

ARTIGOS Masc 70 anos

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Josué Mattos

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Rodrigo de Haro: Oráculos da Cerâmica

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Dennis Radünz

Design e novos paradigmas

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Raízes decodificadas

30 34 43 44

João Rieth

Entrevista: Yamandú Carlevaro 24

28

Pilar e a Galeria Victor Meirelles Vem aí o Centro Cultural Veras A alquimia da arquitetura

Eloá Orazem

46

Arquitetura como símbolo de transformação social

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Cidadão como protagonista da transformação

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5º Prêmio para Estudantes de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina

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Letícia Wilson

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Cristiano Santos

160

43 abc 1608 bloom faith met hr beeld DEF DRUKKER.indd 160

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28-09-16 11:27

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ÍNDICE

ARQPUBLI

PROJETOS

14

+2 ARQUITETURA

78

3P STUDIO

80

ADD STUDIO

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ANA PAULA RONCHI ARQUITETURA TOTAL

84

ANA TREVISAN ARQUITETURA + PAISAGISMO

86

ANNA MAYA ARQUITETURA

88

ARCHDESIGN STUDIO

90

ARTE ARQUITETURA

92

BLASI BAHIA ARQUITETOS ASSOCIADOS

JULIANA PIPPI ARQUITETURA DESIGN

124

MARCELO SALUM

126

MARCHETTIBONETTI+ ARQUITETOS ASSOCIADOS

128

MARCOS SÔNEGO ARQUITETURA

130

MARIA ELISE LUZ E SAMANTA CAMPOS ARQUITETAS

132

MARIANA PESCA ARQUITETURA

134

94

MARINA PAULO ARQUITETURA & INTERIORES

136

BRAND|BOEING ARQUITETURA DE INTERIORES

96

PROGETTA STUDIO DE ARQUITETURA E URBANISMO

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CALLI ARQUITETURA

98

RENATA BURIGO ARQUITETURA E INTERIORES

140

ROBSON NASCIMENTO ARQUITETOS

142

ROSAS ARQUITETOS ASSOCIADOS

144

RUSCHEL ARQUITETURA E URBANISMO

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SABRINA BARROS ARQUITETURA

150

SAYURI MACHADO ARQUITETURA

152

STUDIO ALENCAR ARQUITETURA E INTERIORES

154

SZOMA ARQUITETURA

156

CHRIS LAGO ARQUITETURA

100

ES ARQUITETURA

102

ESPAÇO LIVRE ARQUITETURA

106

ESTELA CISLAGHI ARQUITETURA

108

GISELLE ZANATTA ARQUITETURA

110

GOBBI ARQUITETOS ASSOCIADOS

112

IDEIN IDEIA + DESENVOLVIMENTO ARQUITETURA

114

JA8 ARQUITETURA E PAISAGEM

116

THEISS GIRARDI ARQUITETOS

158

JEFERSON ALÉSSIO ARQUITETURA

118

THIAGO MONDINI ARQUITETURA

160

VÉRTICE ARQUITETURA

162

ZANIBONI + ARQUITETOS

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JOÃO RIETH

120

JOBIM CARLEVARO ARQUITETOS

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Tramas que fazem pontes: do artesanal ao industrial

Encaixes, cores e densidade definem as peças com design exclusivo, feitas por mãos habilidosas internamente dentro da empresa, que traçam cordas com fios de poliéster importados.

A dinâmica do mercado é uma oportunidade para a reinvenção. Há mais de 25 anos atuando no setor de mobiliário para área externa, a Tidelli renovou-se ao longo dos anos e foi em busca de inovação para se manter ativa e garantir um perfil atual e jovem, DNA dos três irmãos que lideram à marca Tatiana, Roberta e Luciano Mandelli. A história iniciou em 1989, em Porto Alegre – RS, quando Tatiana apontou o olhar para móveis de uso externo que unissem beleza e durabilidade num período em que a importação não era permitida no país. A jovem marca chamou a atenção do mercado já no lançamento e começava ali a construção de um ícone do design para o segmento.

Em 2009, o irmão Luciano viu uma instalação com cordas em uma vitrine, em Nova York, e decidiu mudar o rumo da empresa. Nascia assim a coleção com cordas náuticas que introduziu cores e novas tramas aos móveis. Além da funcionalidade, estética, tecnologia e modernização, a Tidelli soma ainda um processo artesanal junto à população de Moradas da Lagoa, subúrbio de Salvador – BA. A produção

Funcionalidade e estética; aproveitamento absoluto da matéria-prima, pesquisa de materiais - como o uso da corda náutica, ideais para exposição às mais diferentes condições climáticas -, e a parceria com importantes designers conferem à marca o título de ícone de design.

de móveis para a área externa contribui para a construção de cidadania a partir de um projeto realizado junto com o governo da Bahia, desde 1995. Em Florianópolis - SC, a marca é comercializada com exclusividade na Bellacatarina. A loja oferece um mix de mobiliário e aposta cada vez mais no design nacional como um valor para o projeto de interiores e para a valorização da marca Brasil.

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Fotos: Willian Crippa

A CASA VIVA DE ITAPEMA

CARLOS ALVES

ALESSANDRA CAVALHEIRO

A MAIOR E MELHOR MOSTRA DE ARQUITETURA, DESIGN DE INTERIORES E PAISAGISMO DAS AMÉRICAS CHEGA À PARADISÍACA COSTA ESMERALDA

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A CASA VIVA Este é o mote da CASACOR 2018. O maior evento de décor, arquitetura e paisagismo das Américas preparou para você uma experiência única e inesquecível. Venha ver, tocar, experimentar e se emocionar com ambientes que revelam a casa como um organismo vivo e afetivo. Não perca!

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PARCEIRO NACIONAL DE SUSTENTABILIDADE

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Franqueados Francis Bernardo e Luiz Bernardo

Beach Place Itapema, sede da CASACOR SC Itapema 2018

A CASACOR está consolidada em Santa Catarina em sua

SOBRE A CASACOR

quarta edição seguida sob o comando dos franqueados

Empresa do Grupo Abril, a CASACOR é reconhecida como

Francis Bernardo e Luiz Bernardo. A praça de SC terá este ano,

a maior e melhor mostra de arquitetura, design de interiores

novamente, duas temporadas, sendo em Itapema no primeiro

e paisagismo das Américas. O evento reúne anualmente

semestre e Florianópolis, no segundo semestre. Para Itapema

prestigiados arquitetos, decoradores e paisagistas. Em 2018, são

estão confirmados importantes profissionais e marcas de várias

17 praças nacionais: São Paulo, Bahia, Brasília, Ceará, Espírito

regiões do estado e do Brasil.

Santo, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

O Beach Place Itapema, antigo Plaza Itapema, é uma sede

Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul,

histórica e de grande valor cultural. O intuito é valorizar o

Santa Catarina (Florianópolis e Itapema) e, pela primeira vez,

turismo no litoral do Estado, em um imóvel que é referência em

em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A mostra acontece

hospedagem e está na memória afetiva de milhares pessoas

ainda em quatro praças internacionais: Bolívia, Estados Unidos,

que já passaram por ali desde 1972. “Com certeza, teremos

Paraguai e Peru.

momentos inesquecíveis, construindo uma CASACOR para

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FORNECEDOR OFICIAL

celebrar a vida e receber a todos de forma amigável e com muito

SERVIÇO

estilo”, afirma a franqueada Francis Bernardo.

O QUÊ: CASACOR/SC 2018 – Itapema

A experiência CASACOR SC Itapema estará totalmente voltada

QUANDO: 27 de maio a 8 de julho - Terça a Sexta, das 15h às 21h

ao tema da mostra internacional em 2018: Casa Viva. O imóvel

Sábado, das 13h às 21h – Domingo, das 13h às 19h

propõe aos profissionais o desafio de criar em meio à natureza

ONDE: Beach Place Itapema – BR-101, km 144, Itapema - SC,

exuberante da costa catarinense e celebrar os lares e espaços

88220-000 – (Antigo Plaza Itapema)

diversificados como refúgios para receber.

INGRESSOS: Inteira, R$40 - Meia, R$20 - Passaporte, R$100

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ARTE

Uma roda de conversa para exercer a escuta, compartilhar desejos, erros e acertos, e construir juntos. Desta maneira aconteceu o bate-papo que concretizou o conceito de transbordamento e cocriação de pensamento e reflexão acerca da produção arquitetônica e dos temas contidos nas páginas das nove edições do anuário, a partir de três pontos: um olhar histórico; um olhar para o futuro; uma forma de registro. A ação reuniu um grupo multidisciplinar porque acreditamos que o diálogo coletivo é uma das formas mais ricas de gerar conhecimento, insights e novas perspectivas, além de papel essencial na criação e inovação. Nesse sentido, propusemos investigar e discutir coletivamente a memória do anuário pela ótica de diferentes disciplinas. O mapa visual nas páginas seguintes é um dos resultados do encontro, realizado na Saccaro Florianópolis, que teve a participação da arquiteta de formação e facilitadora Luciana Gâmbaro, da Letra Ilustrada. Quem participou Adriane Vieira Santos Bruno Rinaldi Christian Krambeck Jaqueline Silva Juliana Hoffmann Katia Véras Letícia Wilson Marcelo Fialho Márcia Maurano Marco D. Julio Tatiana Filomeno

é tempo de transbordar 20

MASC

Fotos: arquivo MASC

ArqSC Conversa

10ª edição

70anos

Eduardo Dias, Vista de Florianópolis, s/d, óleo sobre tela, 46x6cm.

Iberê Camargo, No campo, s/d, óleo sobre tela, 43,5x53cm.

Djanira Motta e Silva, Parque de diversões, s/d, óleo sobre tela, 60x73cm.

A fundação do Masc se assemelha com registros em cartórios de antigamente, quando os familiares da criança podiam decidir a data de seu nascimento, dosando benefícios obtidos com a nascença. Mas, sabemos, um museu nasce e é indissociável do momento em que seu acervo é constituído, pesquisado e exibido. Neste ponto, nossa história começou no pátio do Grupo Escolar Dias Velho, em 1948, assim como, em 1905, a Pinacoteca do Estado São Paulo nascia com 26 obras em seu acervo, apresentadas na Galeria de Pintura do Liceu de Artes e Ofícios da cidade.

Pode acontecer de museus perderem seus acervos, fato ocorrido com o Museu de Arte Moderna de São Paulo, fundado em 1948, quando Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo, seus fundadores, doaram-no à USP, que criaria o Museu de Arte Contemporânea (1963) com obras essencialmente modernistas. Isso porque os diretores do MAM, interessados em preservar a história, haviam decidido reconstituir a coleção perdida e manter seu nome. Com isso o museu reergueu-se com obras essencialmente contemporâneas, causando algo inédito na história dos museus no Brasil: uma coleção moderna em um museu de arte contemporânea e o contrário, em grande medida, no que concerne ao MAM. Há, ainda, perdas envolvendo tragédias, como a de 1978, quando um incêndio no MAM do Rio de Janeiro destruiu parte considerável do acervo de 1.000 obras, adquiridas desde 1948. Recentemente, outro museu perdeu seu acervo e sua história, trata-se do extinto Museu de Arte do Paraná (1983). E como decretos não garantem a sobrevivência do museu, outro decreto, anos mais tarde, o destituiu de seu acervo, que passaria a integrar o Novo Museu (2002), atual Museu Oscar Niemeyer. O que nos leva a pensar sobre questões determinantes na história de um museu: podem decretos constituir e fundar museus no Brasil, quando criados em parceria público-privado? O que se espera de decretos é que reconheçam o esforço e favoreçam a constituição de uma coleção, estabelecendo, expressamente, por meio de resoluções,

seu interesse pela conservação, pesquisa, difusão e, sempre que possível, pelo seu enriquecimento. Neste ponto, o decreto 433, assinado em 18 de março de 1949 no governo de Aderbal Ramos da Silva e, mais tarde, o decreto 9.150, de 4 de junho de 1970, preservam compromissos com a instituição museal criada à época. O primeiro o transformaria em Museu de Arte Moderna de Florianópolis (1949), enquanto o segundo em Museu de Arte de Santa Catarina (1970).

Josué Mattos

Revisitar a história é um gesto urgente que joga luz para o debate acerca do marco fundador do Museu de Arte de Santa Catarina, além de contribuir para a autonomia na elaboração, condução e sistematicidade do programa de ações do Masc, preservando seu compromisso com a sociedade, a cultura e, sobretudo, a prática artística

Catálogo da Exposição de 1948

O que resta saber é quanto o Pátio Marques Rebelo, o primeiro museu de arte de Santa Catarina, fundado em 1948, poderia se tornar um segundo exemplo de parceria público-privada no Brasil, relativo à constituição de um museu com interesse na produção moderna e contemporânea. Resta, também, questionar o decreto como marco fundador do museu, deixando o trabalho de artistas que doaram obras em 1948 – cujas aquisições seriam impraticáveis em nossa realidade atual – à sombra da história. O gesto parece ingênuo: reconsiderar a data da fundação do Masc em 1948, revisando seu marco fundador atrelado ao decreto de 1949. Mas quero acreditar que, assim o fazendo, conquistaremos algum poder de voz e de autonomia na elaboração, condução e sistematicidade do seu programa, preservando o compromisso do museu com a sociedade, a cultura e, sobretudo, a prática artística.

Caberia, contudo, restituir à fundação do atual Masc a data de 1948, pois os 69 anos que separam a assinatura do primeiro decreto correspondem, em grande parte, à pouca autonomia da instituição e sua desestruturação crônica. Sem isso, não parece viável o funcionamento do projeto iniciado, um ano antes, por artistas e amantes da arte, entre os quais figuram agentes incontornáveis na história da arte brasileira do século XX. Assim, embora a primeira das três etapas históricas do Masc seja documentada, ela parece confundida entre datas que exploram e enaltecem, antes de tudo, o reconhecimento da instituição via lei do estado de Santa Catarina. De modo a perceber urgentes o debate e a revisão historiográfica na ocasião em que o museu comemora seus 70 anos. Com relatos amplamente documentados, Biografia de um Museu (2002), publicado dez anos depois da morte de Harry Laus, que teria começado a pesquisa em 1989, contou com a organização de João Evangelista de Andrade Filho e surge com textos 21


Foto: arquivo MASC

Foto: arquivo MASC

MAM de Florianópolis (1949, decreto - 1952, inauguração da sede) MASC (1970)

Alfredo Volpi, Casas, s/d, têmpera sobre tela, 78x65cm

de figuras centrais na construção do atual Masc, a exemplo dos fundadores do Grupo Sul, de Salim Miguel e de Alcídio Mafra de Souza, que abre o primeiro texto, intitulado MAMF/MASC: reencontro meio século depois, com a reveladora frase: “a bem dizer, a decisão de lutar pela criação de um museu de arte, em Florianópolis, surgiu no início de março de 1948, férias findas.” É notável perceber que, no ano da publicação da biografia do Masc, o Museu de Arte do Paraná perdia a sua, também por decreto, vítima da política do novo que qualifica nossas iniciativas públicas, em muitos casos, nefasta e altamente destrutiva. Com isso, reconhecer o êxito da “luta” travada por intelectuais, artistas, políticos e amantes da arte como algo determinante para a formação do acervo faz dessas investidas iniciais a causa primária da constituição do museu.

Pátio Marques Rebelo (1948), primeiro museu de arte de Santa Catarina Após o término da exposição realizada no pátio interno do Colégio Dias Velho, entre 25 de setembro e 6 de outubro de 1948, organizada por Marques Rebelo, o primeiro museu de arte de Santa Catarina passaria a ganhar corpo, formado com obras de grande relevância para o século XX. Nesse breve período o museu chamou-se Pátio Marques Rebelo.

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Salim Miguel escreve na Biografia de um Museu: “como resultado imediato da exposição, surgiu um pequeno Museu, o pátio Marques Rebelo, sob a guarda de Martinho de Haro. O acervo inicial foi ampliado. Rebelo conseguiu, com o governador de São Paulo, Ademar de Barros, doação de quadros dos principais pintores paulistas. O mesmo fizeram, se bem que em doses reduzidas, o poder público estadual e particulares”. Um ano antes, situado ao número 230 da rua Sete de Abril, no centro de São Paulo, o Museu de Arte de São Paulo se instalava no Condomínio das Emissoras e Diários Associados, que abrigava a recente e reduzida coleção do Masp, criado por Assis Chateaubriand, que doou ao museu, no mesmo ano, obras como A Senhora Aimée (1945) e São Francisco (1941), de Portinari. Ou, ainda, Retrato de Suzanne Bloch (1904), de Picasso, doação de Walther Moreira Salles, também em 1947. Do mesmo modo, respondendo ao projeto de modernização do Brasil, o MAM do Rio de Janeiro, criado em 03 de maio de 1948, contava com poucas obras em seu acervo inicial. Inclusive, até o ano de 1952, quando foi instalado na sede do Ministério da Educação e Saúde Pública, dependeu de instalações improvisadas, obtidas com o apoio de um de seus diretores, Thomaz Oscar Pinto da Cunha, também diretor do Banco Boa Vista, onde o museu ficaria instalado por 4 anos. Quanto ao museu situado no Pátio Marques Rebelo, com Martinho de

Martinho de Haro, Cais de Florianópolis Porto, s/d, óleo sobre tela, 32x37,5cm.

Haro na direção, algumas confusões relativas à biografia surgem por reconhecermos, conforme aponta Salim Miguel, que ele existia após o término da exposição, quando passou a colecionar obras de artistas como Alfred Kubin, Djanira, Iberê Camargo, Jan Zach, José Silveira D’Ávila, Noemia Mourão, Oswaldo Goeldi, Tomás Santa Rosa. Vale notar que este primeiro acervo, de 1948, teve apoio do governo, na figura de Armando Simone Pereira, que estava à frente da Secretaria da Justiça, Educação e Saúde. Não bastasse isso, o Pátio Marques Rebelo seguiria sendo o espaço onde o museu criado por decreto seria instalado até o ano de 1952, data que coincide com a transferência do MAM do Rio de Janeiro. A confusão não parece menor ao ler, no referido livro, que “o Pátio Marques Rebelo, junto com a pressão do Grupo Sul e do próprio Secretário Simone, tornaram a criação do museu irreversível”. Problema de método: a criação do museu já havia sido feita; o que conseguimos, em 1949, foi um decreto. Um exemplo vizinho demonstra nosso equívoco. O Museu de Arte do Rio Grande do Sul, que nascia com o decreto 5.065, em 1954, sob a iniciativa do Secretário de Cultura, José Mariano de Freitas Beck, e a direção do artista Ado Malagoli, teve sua inauguração em 1955, em virtude da inexistência de acervo.

Seja como for, o decreto 433 do governo de Santa Catarina animou intelectuais, artistas e a sociedade em geral, que via nascer o MAM de Florianópolis, com obras obtidas no período do Pátio Marques Rebelo. Com isso, mobilizaram novas aquisições, e amantes da arte doaram obras de grande relevância ao museu. De modo que tudo parecia conduzir o MAM de Florianópolis à notoriedade que a cidade almejava. Mas não tardou para doações questionáveis aparecerem: reproduções de artistas europeus como Rembrandt, Renoir, Picasso, Matisse figuravam entre tentativas de o município de Florianópolis colaborar para o primeiro museu público de arte moderna do Brasil, um desserviço incomensurável ao ainda pouco provável rigor com que definimos nossa política de acervo. Neste cenário, eventos e esforços exitosos fizeram o governador de São Paulo doar oito óleos de artistas como Mario Zanini, Penacchi, Volpi, entre outros. Bruno Giorgi doou uma escultura em gesso na mesma época. Mas foi a inércia e a expectativa por parte da sociedade civil em relação ao governo o que faz o cenário piorar de quadro. Em 1951, o mesmo Salim Miguel, que reconhecia a criação do museu em 1948 em esforço conjunto entre o Estado e a sociedade civil, escreveu artigo na Revista Sul questionando “a quem caberá a culpa a quase natimorte e consequente paralisação do museu?”. No momento em que obras da coleção do museu desapareciam, o decreto parecia apenas acalmar os ânimos do público, apesar de sua estruturação e efetivação permanecerem esboços que não saíam do papel. Com uma casa provisória e pouco adaptada, o MAM de Florianópolis passaria a realizar, entre 1952 e 1955, mostras importantes de artistas locais, debates e ações de formação. Já entre 1955 e 1956, encabeçados por Martinho de Haro, a instituição tornaria pública, pela primeira vez, sua incapacidade de realizar “sequer uma das exposições almejadas” por falta de recursos e apoio do Estado. Enquanto isso, Martinho de Haro e Marques Rebelo mobilizavam, o que faziam desde 1948, novas doações, que incluiriam outra tela de Volpi, além de obras importantes de artistas como Milton Dacosta, Bustamante Sá e Guignard.

reais. Hoje o Masc tem um dos melhores acervos de Santa Catarina, está instalado em área nobre da cidade, embora a estrutura mantenha sua condição acefálica, ilhada dentro da cidade. Possui equipada e ampla reserva técnica, desertificada pela falta de equipe e de comprometimento do Estado.

Salão de Festas (2017) Ao chegar ao Masc, em abril de 2017, ouvi alardes gerados por programação realizada para a comemoração dos 68 anos do museu. Descobri, com isso, que nunca havia sido considerado o ano de 1948 como marco fundador da instituição. Além disso, com a agenda e o programa curatorial definidos tal um salão de festas que preenche datas com critérios que preservam exclusivamente a manutenção do espaço, inauguramos, em maio, a coletiva Salão de Festas, que contou com a participação de Aline Dias, Diego de los Campos, Ivan Grilo, Laura Lima, Luciana Knabben, Nara Milioli, Traplev, Nuno Ramos e o projeto Armazém, que realizava uma grande ocupação no museu. Foi de grande importância, neste contexto, o apoio obtido do então presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Rodolfo Pinto da Luz, quem possibilitou, como pôde, a construção de um programa curatorial e, sobretudo, sustentou o olhar autocrítico e realista, reconhecendo a importância da revisão historiográfica do Masc. A obra de Nara Milioli e Traplev, datada de 2005, apresentava duas cartas redigidas pelos diretores do Masc, em 1985 e 2005. Ambas preservam a mesma tônica: o descaso do governo em relação ao museu, repetindo o discurso que Martinho de Haro tornava público em 1956. Sem recursos, Harry Laus e João Evangelista, respectivamente, dirigiam as cartas a artistas que solicitavam apoio ao museu. Tomadas por Nara Milioli e Traplev, que as inscreveram como obra no extinto, desde 2008, Salão Nacional Victor Meirelles, as cartas reproduzidas em formato A1 ganharam um dos prêmios do Salão e passaram a integrar nosso acervo. Lado a lado, denunciam um problema surgido no exato momento da criação do Masc: sem recurso, com equipe fragilizada, desconsiderado pelo Estado, que não raro o entende como cabide de empregos, o Masc sofre as consequências de estratégias irrelevantes para a efetivação do desenvolvimento da arte e da cultura em Santa Catarina. Estou seguro de que construímos um verdadeiro museu em 1948, com o apoio de artistas que à época eram vistos como comunistas, vagabundos e desocupados. Com a força inicial dessas figuras, o Estado conta com um dos mais valiosos patrimônios artísticos do país, avaliado em dezenas de milhões de

Com este panorama não exaustivo e depois de realizar a exposição Salão de Festas, parecia possível entrar em negociação com a sociedade civil, a classe artística e o poder público. Produzindo demanda e autocrítica fundamentada, acredito possível seguirmos com a luta mencionada por Alcídio Mafra de Souza. Isso porque, com os feitos de 1948, o Masc figura entre os principais museus de arte da América Latina, não fosse o fato de incertezas futuras — relativas à sistematicidade de seus programas de conservação, pesquisa, difusão e enriquecimento de sua estrutura e acervo, assim como à urgência na constituição de uma equipe que atenda aos diferentes setores da instituição — nos manterem reticentes em relação às reais possibilidades de salvaguardar as conquistas de Marques Rebelo e Martinho em Haro, em 1948, aos quais dedico este texto.

Foto: Márcio H. Martins

ARTE

Laura Lima, Monte de irônicos – palhaço simples, 2005-2007, máscara de papel machê e lápis óleo, roupa de palhaço de tecido, colarinho de tule, luvas e sapatos de couro e a possibilidade de uma pessoa dentro.

Josué Mattos - curador do MASC. Graduou-se em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X Nanterre, onde concluiu mestrado em História da Arte Contemporânea. Na mesma ocasião, iniciou mestrado em Práticas Curatoriais, na Université Paris I Panthéon-Sorbonne. A convite do SESC SP concebeu o projeto Frestas -Trienal de Artes. Em 2017, obteve o 6º Prêmio CNI SESI SENAI Marcantônio Vilaça de curadoria.

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ARTE

Rodrigo de Haro:

oráculos de cerâmica Arte mural e desenho urbano se completam na Cidade Criativa Pedra Branca

Fotos: Charles Steuck

Dennis Radünz

O Sol, a Lua, o Mundo, o Mago e a Roda da Fortuna se conjugam nas 22 cartas do Tarot Pedra Branca, de Rodrigo de Haro, o mosaico de estilo veneziano que levanta, desde a origem na argila, novas hipóteses de futuro na perenidade da cerâmica. Concebido como uma espécie de emblema da Cidade Criativa Pedra Branca – área que é o experimento vivo do novo urbanismo, como enclave de desenho urbano entre a conurbação informe de Palhoça –, o Tarot nasceu nos desenhos de Rodrigo de Haro traçados em papel-cartão, de

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1986 a 2016, depois transpostos pelo artista Idésio Leal para a superfície maciça dos 22 totens de concreto. “Tudo começa pelo desenho”, explica o artista, e a arte divinatória do Tarot encontrou nas 21 cores das peças de cerâmica a expressão de arte combinatória: a representação da Roda da Fortuna, figurada em azul, monta-se contra o fundo vermelho e verde, por exemplo. Arcanos do mosaico. E como trabalho de arte pública, a primeira apresentação – no Lugar das Artes, em

dezembro de 2017 – evidenciou, na sua forma de semicírculo, um convite à comunhão ancestral, a sua vontade de convívio e de um novo anelo para a vida em comum na Grande Florianópolis. Assim, para além da cidade-jardim, da cidade modernista ou das cidadesmonumento, a Pedra Branca concilia arquitetura e arte à procura de um novo pertencimento a essa vida local que se faz entre o lazer e o labor, entre as áreas de comércio e de estudo, na cultura do reúso dos 25


Desenho de Rodrigo de Haro da carta O Louco, feita em mosaico estilo veneziano, e que forma 22 peças do Tarot Pedra Branca. O trabalho foi concebido em papelcartão pelo artista, de 1986 a 2016, depois transpostos pelo também artista Idésio Leal para a superfície maciça dos totens de concreto.

Fotos: Charles Steuck

Fotos: Charles Steuck

ARTE

recursos naturais, com o sentimento de pertencimento a um espaço pleno de significados, como os significados latentes nas cartas desse Tarot. Eles, esses significados, são “enzima de potência e campo verde”, como De Haro escreveu no poema-arcano que é a legenda do mural O Mago. Nesse sentido, Tarot, palavra substantiva, amplia-se no adjetivo Pedra Branca e, assim, a arte e o entorno da cidade criativa se completam, em conceito e montagem, com a valorização da cerâmica ancestral do litoral catarinense no espaço da antiga fazenda. Mas como os totens de Rodrigo e Idésio são móveis, a arte de recombinálos como baralho nesse ambiente urbano e ainda rural, aos pés da Serra do Mar, é ilimitável (esse encontro entre a cultura e a natureza tem no Parque Inhotim, em Brumadinho, uma referência icônica entre os museus contemporâneos de arte). 26

Em uma página de ‘Caminhos da curadoria’ (Cobogó, 2014), o célebre curador de arte Hans Ulrich Obrist observa que a “curadoria pode ser uma forma de urbanismo, que pode tratar das mutações das cidades”. Assim, presente no espaço público de Florianópolis, Tijucas, São José, São Pedro de Alcântara, São Joaquim, Caçador e Porto Alegre, a arte mural de Rodrigo e Idésio participa das mutações de cada urbe, como o testemunho da memória coletiva que se registra em símbolos sempre abertos à interpretação (vide os dois grandes murais na Reitoria da UFSC, que historiam a América précolombiana e a ascendência açoriana de Nossa Senhora do Desterro). Em suma, a arte mural e o conceito de cidade criativa completam-se na Pedra Branca. E se a curadoria pode ser urbanismo, fica evidenciada em Tarot Pedra Branca a ascensão de uma ideia de espaço urbano onde arte e arquitetura (e, no

caso de Rodrigo de Haro, também a poesia) mantêm uma conversa íntima e de ‘janelas abertas’, o desenho urbano sendo outra forma de curadoria de arte. Contra a decrepitude das grandes cidades, assaltadas pelo culto ao automóvel, e contra o monumentalismo oficioso, essa coleção de mosaicos nunca estáticos ecoa a concepção de Jan Gehl, pensador do espaço público, e sua ‘cidade para as pessoas’: o Tarot pede a participação ativa de quem o consulta; o Tarot é uma espécie de código da vida urbana. Assim, o Tarot Pedra Branca instaura uma nova fase na arte pública de Santa Catarina: “Em nossas veias conduzimos o zodíaco e de alguns símbolos erguemos cidades”, diz Rodrigo. Porque De Haro, poeta-alquimista, parece antever nos interiores e em todo o entorno as formas futuras das cidades criativas. E isso porque o construir cidades é, em muitos sentidos, uma arte divinatória. Principalmente porque

cada passante e cada morador pode desvendar os futuros da vida urbana ao exercer o seu direito à cultura e à cidadania criativa: ler o Tarot é uma forma de começar, de novo, o Mundo.

Dennis Radünz - escritor, dirige a Editora Nave (Florianópolis). Editou os catálogos de arte “Tarot Pedra Branca – Rodrigo de Haro” (2017) e “Dos arquétipos: o poder das imagens – Rodrigo de Haro” (2016) e o livro-retrospectiva “Rubens Oestroem” (2015), além de dezenas de outros livros de arte e literatura.

Conjunto de mosaicos concebidos como uma espécie de emblema da Cidade Criativa Pedra Branca.

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DESIGN

Design e novos paradigmas Estratégias no curso de Design, na UNESC, promovem a conexão entre a academia e a indústria, estabelecendo um processo inovador de desenvolvimento de produtos no cenário catarinense João Rieth

A região Sul catarinense tem mais de 800 mil habitantes e possui uma economia variada, fortemente baseada na produção industrial, com ciclos econômicos iniciados há quase dois séculos, a partir da exploração de minérios. A diversificação é uma característica do Estado de Santa Catarina, com empresas de micro, pequeno, médio e grande porte nos mais distintos segmentos. Coincidentemente, é também o segundo Estado no país com o maior número de cursos de Design, somando os de nível técnico de segundo grau e os cursos superiores, incluindo faculdades ou universidades públicas e privadas. Nesse contexto, em 2010 surgiu o curso de Design com Habilitação em Projetos de Produtos, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, localizada em Criciúma. Dois fatores ajudaram na criação: os coordenadores dos departamentos dos cursos de Arquitetura e de Engenharia de Materiais identificaram lacunas na grade curricular desses cursos e sugeriram a implantação, e havia, ainda, uma demanda do próprio mercado por profissionais com qualificação. A principal motivação desde o começo do curso foi focar o ensino justamente na inovação tecnológica

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Projeto Berço Kleiner Schein Acadêmicos: Sofhia Machado, Pierri Scot, William Pessi, Wendell Motta. Professores orientadores: Fabio Brodbeck e João Rieth

e na aproximação com as indústrias regionais abertas a participar dos processos didáticos da universidade, incentivando a pesquisa aplicada como diferencial competitivo. Essa estratégia, desenvolvida em todas as disciplinas projetuais, promove a experimentação teórico-prática, favorece a investigação de novos produtos a partir de problemáticas reais no contexto das empresas. Esta metodologia de trabalho é consequência da minha experiência

pessoal em dois momentos distintos: a participação no Laboratório Brasileiro de Design Industrial (LBDI), em Florianópolis, e o mestrado profissionalizante no Instituto Europeo di Design de Milão, na Itália. O que há em comum entre estes dois espaços de produção projetual é a estreita colaboração entre a indústria e aqueles que produzem a cultura do projeto de produto, na concretização de uma identidade de Design própria, sem protagonismos.

Projeto Void CEUSA Acadêmicos: Anderson Paes, Gustavo Frigo, Douglas Quadros, João Flores Gomes, Jaqueline Constante Professores orientadores: Marcele Brunel e Odete Calderan

Projeto Boho CEUSA Acadêmicos: Talita Souza, Thayná Monteiro, Cristiane Hobold Professores orientadores: Marcele Brunel e Odete Calderan

Projeto Sinergia CEUSA Acadêmicos: Caroline Freitas, Flávia Marcineiro, Gisele Matiola, Michael Martins Professores orientadores: Marcele Brunel e Odete Calderan

Conexão academia e indústria

projetos dos estudantes em feiras, como a Expo Revestir e o Salão (itinerante) Jovens Designers 2018, ambos em São Paulo. Alguns acadêmicos egressos do curso de Design integram hoje o quadro de funcionários da empresa, em setores como Marketing e Desenvolvimento de Novos Produtos. A experiência com a Ceusa também é replicada em outras parcerias de sucesso estabelecidas com as demais disciplinas do curso, além da participação do Bacharel em Design nas demandas de negócio na região, transformando a universidade em verdadeiro articulador de negócios.

Experiência internacional

As disciplinas de Projeto de Produto promovem a conexão entre o repertório acadêmico e o contexto industrial e de negócios do ecossistema local, permitindo um ambiente de experimentação e aplicação prática de design e inovação, permeando uma sinergia entre as empresas e os alunos durante o processo. A progressão, nesta jornada de desenvolvimento pessoal e profissional, acontece do primeiro ao último semestre, não somente com a evolução da complexidade dos projetos no qual estão envolvidos como também com a diversidade das áreas de atuação, como por exemplo movelaria, acessórios de moda, calçados, revestimentos cerâmicos, embalagens, acessórios e tecnologias assistivas. Uma experiência que merece ser citada ocorreu com a Ceusa Revestimentos Cerâmicos, cujo resultado foi muito além da rica experiência de projeto já mencionada. Nesse caso, o projeto dos acadêmicos foi incorporado ao portfólio comercial da empresa, aumentando os indicadores de performance dos produtos, que cresceram de forma expressiva após o início da parceria. A consequência foi um realinhamento estratégico na organização da empresa que posicionou o design como fator primordial de diferenciação competitiva no mercado. A partir desta experiência surgiu o ‘Talento Ceusa’, que apresenta os

Outros exemplos importantes ocorreram com a Pierini Ambientes Exclusivos, com atuação no segmento de móveis sob medida, e com a Kleiner Schein, do ramo moveleiro seriado. Em ambos os casos as pesquisas e as propostas de inovação permitiram uma intensa aproximação com os estudantes, ao longo de mais de quatro meses de trabalho. No setor de embalagens, podemos citar a empresa Omnes de Cosméticos, a empresa OSTEC de segurança digital, e a Cooperativa de Produção Agrícola Coofanove, de Nova Veneza. No setor da moda e acessórios, a empresa La Moda oportunizou o projeto de transformar resíduos têxteis em produtos utilizados em viagens, e com a Brotherwood foram criados relógios e até fones de ouvido com madeiras certificadas.

A partir de um concurso interno do próprio curso, para uma nova caneca icônica, a empresa portuguesa Vista Alegre oportunizou um estágio no setor de design, em Aveiro, Portugal, para o estudante João Gomes, permitindo deste modo uma experiência internacional: da concepção ao produto final. A proposta principal destas atividades no campo do ensino é estreitar o caminho entre o ‘pensar’ e o ‘fazer’ como preconizado deste o surgimento das primeiras escolas de Design, num processo mais aberto e colaborativo, onde o resultado certamente irá promover o diálogo maduro com a iniciativa privada, a qual, muitas vezes, desconhece o papel formador e crítico da academia, e os benefícios resultantes desta aproximação. Talvez, desta maneira, se construam novos caminhos para um processo inovador de desenvolvimento de produtos úteis e sustentáveis no cenário catarinense.

João Rieth - arquiteto, designer de produto, coordenador do curso de design da UNESC.

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TRENDS

Cadeira Cangaço por Irmãos Campana. Foto: Ruy Teixeira

decodificadas

Raízes

Interpretar as tendências olhando para as origens nacionais como inspiração é o caminho para a emancipação do Hemisfério Sul. É o que aponta a trend forecaster Li Edelkoort, holandesa, representada no Brasil por Lilí Tedde

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Foto: Rogério Cavalcanti

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A holandesa Lidewij Edelkoort sinaliza às grandes marcas como as pessoas vão se comportar nos próximos anos. Seu olhar é resultado de uma busca constante e capacidade de identificar inconscientes coletivos e movimentos socioculturais para explicar o comportamento da sociedade e mostrar um caminho a seguir nos campos da moda, do design e da arte, com muita antecedência. A trend forecaster é considerada um dos maiores gurus de tendência do mundo – já foi eleita uma das 25 personalidades mais influentes do mundo da moda pela revista norte-americana Time. No Brasil, Lili Tedde representa o Studio Edelkoort e coordena as publicações Bloom Brasil – Saboroso e Fé –, que procuram traduzir em imagens e textos as raízes brasileiras. “A ideia é decodificarmos as nossas raízes para motivar os talentos brasileiros a inspirarem-se cada vez mais nas suas origens. É superimportante entender as tendências, o momento atual, a economia, olhar para a natureza, mas é mais interessante ainda fazer junto a decodificação do nosso país, fazer esse match das tendências e das nossas histórias, a nossa interpretação das cores, das vibrações e das texturas com a nossa cultura e energia”, afirma Lili. A terceira edição do Bloom Brasil está a caminho, será lançada em outubro, no Shopping Iguatemi, em São Paulo. As previsões para o futuro partem de uma pesquisa e leitura de diversos contextos baseados na reflexão existencial e na inspiração que a natureza oferece. Perspectivas abordadas no novo livro Lifestyle 2019 – Spiritual House, editado por Li Edelkoort, que fala sobre o aconchego da casa como estilo de vida considerando um contexto externo cheio de conflitos.

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Poéticas têxteis por Clarice Borian. Foto de Elisa Correa.

Emancipação do Hemisfério Sul Já em 2015 Li Edelkoort chamava a atenção para a tendência chamada Emancipation of Everything, livro de macrotendências verão 2017. Significa, em resumo, entender algumas necessidades como construir pontes para uma nova economia; o empreendedorismo como atitude para as novas gerações; o compartilhamento e a escuta; a fé livre e emancipada para unificar todas as crenças e focar na esperança; as cidades conectadas com a natureza; a valorização do artesanal, da arte da manufatura; as questões de gênero e da sociedade híbrida; do envelhecimento e do protagonismo feminino. Lili Tedde reforça: “temos que falar do que mais interessa a nós, da América do Sul, a necessidade de emancipação do Hemisfério Sul e esses aspectos todos influenciam a indústria da moda, do design, da arte, da beleza. Há necessidade de frescor nos eixos criativos, e os países do Hemisfério Sul são os ambientes que despontam, como o Brasil. “É necessário o empoderamento desses países, incentivando os seus talentos a olharem cada vez mais para as suas raízes e ao invés de esperar e consumir o que sobra no Hemisfério Norte, temos que inverter esse processo criativo e enviar para o Norte o que temos de melhor”, reage Lili, complementando: “é um trabalho antropológico, de olhar para os rituais, fetiches e sistemas, apropriar-se com orgulho do que é nosso e aprofundar-se”. O movimento é interno, da criação que valoriza a marca Brasil, cujo resultado é influenciar o Hemisfério Norte como já previu Li Edelkoort: os designers estrangeiros estão se inspirando no Brasil.

Bloom Fé – inspirado no amarelo e no ouro, celebra a cultura brasileira, editado para despertar o olhar para a cultura e energia como combustível para a criação.

Bloom Saboroso - “Saboroso é como vejo o Brasil, tudo é grandioso, exagerado, tropical, superbonito” – palavras de Li Edelkoort em entrevista à Lilian Pacce.

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ENTREVISTA

Yamandú Carlevaro

“A música desenvolve-se no tempo, a arquitetura também. A arquitetura desenvolve-se no tempo e no espaço. Não se vê de uma vez, assiste-se, percorrendo-se em volta. Temos os olhos na frente e não atrás, e mais ou menos a 1,60 metros de altura. Isso é muito importante, é a chave da arquitetura. Tem que ter tudo isso em conta na concepção da arquitetura”.

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Foto: Ronaldo Azambuja

Le Corbusier

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Fotos: Ronaldo Azambuja

ENTREVISTA

“Arquitetura é uma forma de viver, uma maneira de encarar a vida diferente. Quando eu era estudante e tinha um programa para desenvolver, a gente tinha limitações técnicas naturalmente, mas o importante é que a formação foi baseada na experiência transmitida por meio do professor” 36

“Arquitetura é uma integração de fatores humanos e psicológicos, fundamentalmente psicológicos, a parte funcional é o que tem que cumprir a arquitetura”

Arquitetura é estudar a necessidade do ser humano Simone Bobsin

O espaço, sob o ponto de vista do lugar, é o que sugere e dá sentido a todo projeto arquitetônico, em qualquer escala. Olhe o espaço e pergunte-se: para quem estou projetando, para que e por quê? Quem ensina é o arquiteto uruguaio Yamandú Carlevaro, 83 anos, cujo destino foi morar em Florianópolis na década de 1970, por conta da participação no concurso público para o Projeto do Terminal Rodoviário de Passageiros, realizado com o colega Enrique Brena. A obra é referência em terras catarinenses e marco na arquitetura da cidade. O projeto traduz seu entendimento sobre o tema: “Arquitetura é estudar a necessidade do ser humano!” Em reconhecimento a sua relevante atuação e contribuição à arquitetura e urbanismo catarinense, Yamandú Carlevaro foi homenageado, em dezembro de 2017, com a medalha de Honra ao Mérito concedida pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina (CAU/SC). “O arquiteto resolve espaços”, afirma ele, com convicção. Yamandú Carlevaro é de uma geração que recebeu rigorosa formação acadêmica, associada a princípios que entendiam a disciplina como uma ferramenta social cuja função é oferecer conforto ao usuário. Ele acredita no trabalho em equipe, no cooperativismo e na necessidade de realização de concursos públicos, temas que acompanham o arquiteto desde a faculdade e hoje estão na pauta das discussões contemporâneas. Passamos, eu e o fotógrafo Ronaldo

Azambuja, uma tarde na casa da arquiteta Paola, filha do casal Yamandú e Maria Pilar Fedele de Carlevaro. Ao redor da mesa, conversamos sobre a formação e a trajetória do arquiteto com a contribuição, ainda, da esposa também arquiteta, que construiu um percurso permeado por momentos independentes e outros junto ao marido. Eles conheceramse no Uruguai, casaram no dia 9 de setembro de 1968, dia do aniversário dele, antes de embarcar para Madri, na Espanha, onde foram na expectativa de novas oportunidades – ele havia ganhado uma bolsa de estudos pelo Ministério da Habitação, Instituto Nacional de Habitação. Silvana e Marcos Carlevaro são os outros dois filhos do casal, ela arquiteta e ele engenheiro. Hoje, o casal mora na Praia Brava, em Florianópolis, e dedica-se à família. Também mantêm relacionamento constante com o amigo uruguaio Brena. Paola assumiu escritório próprio – CARLEVARO arquitetura & design com a sócia Luisa Carvalho – e o desafio de reunir e escrever um dossiê sobre a história profissional do pai com passagens sobre a trajetória da mãe como a abertura de uma galeria de arte na Ilha. Confira os principais trechos desta entrevista.

Plan de Estudios de la Facultad de Arquitectura Foi no banco da praça, na cidade de Pando, quando frequentava a Escola Militar de Aeronáutica da Força Aérea

Uruguaia, que o arquiteto recebeu o incentivo do pai para suas escolhas profissionais: “O que vás fazer da tua vida? Ou trabalhas ou estudas. Se tu estudas, eu te apoio”, dizia o pai. “Ele foi meu grande mentor”, conta Yamandú Carlevaro. Outras grandes influências foram o tio arquiteto Agustin Carlevaro e os professores de História da Arte e Teoria da Arquitetura, Altamirano Parpañoli e Leopoldo Artusio, respectivamente, que abriram o campo da disciplina para o jovem que não sabia desenhar e considerava-se ruim em matemática. “Me forcei a fazer o melhor desenho do mundo do ponto de vista criativo”, diz, lembrando que o professor de desenho na escola militar era arquiteto. Esses estudos são preparatórios e acontecem dois anos antes de entrar na faculdade. A formação acadêmica foi determinada pelo famoso Plan de Estudios de la Facultad de Arquitectura, reforma realizada por arquitetos franceses, em 1952, que revolucionou o ensino no Uruguai ao apostar em professores qualificados, nos ateliês de arquitetura e na participação dos estudantes em projetos para os concursos que eram incentivados pelo governo para a construção de edifícios públicos. “Esta medida permitiu que os estudantes pudessem participar de processos de projetos maiores e mais complexos, numa amplitude de temas que incentivava o conhecimento de outras técnicas, matérias e profissões, havia uma integração das disciplinas”, complementa Paola. 37


Para se ter ideia do rigor acadêmico, o mesmo projeto era trabalhado desde o começo da faculdade a partir da escolha do terreno existente até o final do curso, que durava cinco anos, mas quase nenhum aluno se formava antes de nove anos de faculdade. Yamandú Carlevaro entrou na Faculdade de Arquitetura, de Bulevar Artigas, no bairro Parque Rodó de Montevidéu, em 1956, e formou-se no ano de 1965, período comum para os estudantes da época. O arquiteto participou do “Taller de Altamirano” e do “Taller Dufau”, ateliês onde o professor Nelson Bayardo deu aulas – ele foi referência para várias gerações e sua obra teve forte importância para a cultura arquitetônica do Uruguai.

Escritório A trajetória de Yamandú Carlevaro foi marcada pelas parcerias para o desenvolvimento de projetos para concursos de arquitetura. No Brasil, o arquiteto Günther Schlieper, de Canela, no Rio Grande do Sul, contribuiu para a permanência do uruguaio no país, com quem participou de alguns concursos. São Paulo foi o destino em busca de oportunidade, em 1974, e lá aconteceu o reencontrou com Enrique Brena, colega de faculdade no Uruguai. Um dos primeiros trabalhos que realizaram juntos rendeu Menção Honrosa no Concurso de Ideias para Urbanização Acondicionamento Territorial e Estudos Paisagísticos para Edifício do Laboratório Tecnológico do Uruguai. Em seguida, decidiram participar do Concurso Público de Arquitetura para o Projeto do Terminal Rodoviário de Passageiros de Florianópolis, em 1976. Para atender a uma das cláusulas do contrato era preciso possuir endereço fixo com escritório próprio de arquitetura na cidade. Então, assim que receberam a notícia que haviam ganhado, Yamandú Carlevaro e Henrique Brena mudaram-se para Florianópolis e

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fundaram o escritório CBA – Carlevaro & Brena Associados, /1976-1985. Quase 10 anos depois, o escritório muda para BCS Arquitetura, Planejamento, Construções e Incorporação LTDA, com mais um sócio, o uruguaio Luis Sader. A partir de 1998, as filhas Paola e Silvana deram continuidade ao escritório fundado pelo pai.

Ateliê Vertical O contato com o ensino sempre se deu em paralelo à carreira profissional e reflete uma tradição arraigada da formação no Uruguai. O casal Yamandú Carlevaro e Maria Pilar foram professores na Furb, de 1988 a 2002, e levaram a experiência do ateliê de arquitetura para a faculdade de Blumenau. Ela nos conta essa história: “Não foi radical o que eu podia implantar, não tinha eco por parte dos professores, que não queriam mudar a maneira de dar aulas. Nós conseguimos ensinar de uma forma que abrisse caminhos para os alunos irem atrás do conhecimento, os estudantes que queriam mais, mas não chegou a um resultado realmente de um ateliê vertical na época que eu estava lá”. “Hoje fala-se ‘que quem sabe faz e quem não sabe ensina’, o que demonstra a pobreza do ensino. E em 1952 o que se perseguia era a excelência do professorado”, afirma Pilar.

“Hacer es uma forma de aprender” “Participar dos concursos de arquitetura era uma forma de continuar estudando as disciplinas. Soma-se a isso à grande possibilidade de ter informações por meio dos professores e intercâmbio de ideias entre os alunos. Sempre com a premissa de que a arquitetura não é um fim em si mesma, é muito mais abrangente”, sustenta o arquiteto, incansável

na defesa da prática de concursos públicos de arquitetura. “O objetivo dos concursos é a busca pela melhor solução para determinado espaço e função”, complementa. Sua trajetória, assim como a do seu sócio e amigo Enrique Brena, foi marcada pela participação em concursos, um instrumento que proporcionou o conhecimento de uma amplitude de temas em diferentes áreas. Para ele, a ferramenta não só contribui com o crescimento profissional do arquiteto, mas também qualifica os edifícios públicos de uma cidade, assim como de seu sistema urbano. “Hacer es uma forma de aprender”, reitera.

“Fundamentalmente a gente tem que saber trabalhar com espaços” “Para mim o mais importante não é resolver edifícios, é resolver espaços. Projetar um hospital, por exemplo, implica conhecimentos vinculados diretamente com a atividade da medicina, que é importante conhecer se não a gente não pode resolver. Fundamentalmente a gente tem que saber trabalhar com espaços”, argumenta. “O espaço tem que ser sugestivo”, complementa Pilar, “cumprindo a função, mas acolhendo as pessoas”.

Rodoviária: mudaria o sistema de acesso ao pedestre O Projeto do Terminal Rodoviário de Passageiros de Florianópolis, que recebeu o nome de Rita Maria em homenagem a uma famosa benzedeira residente nas imediações é a obra referência do arquiteto em terras catarinenses e representa um marco na arquitetura da cidade.

“A rodoviária, como qualquer outro edifício, exige um planejamento muito grande porque a função não se limita somente a ir e vir do ônibus - para isso eu faço uma garagem e coloco os ônibus ali. Tem que sincronizar tudo, movimento de passageiros, de ônibus, então não se trata de solucionar uma parte, mas vários pontos integrados. Do ponto de vista estético, o resultado positivo para o ser humano é o mais difícil de assegurar”, comenta. O retorno do usuário é a melhor resposta ao projeto: “Com o passar dos anos, foram feitas muitas reportagens perguntando ao usuário se a rodoviária funcionava bem, e a maioria respondeu de forma muito positiva. Muitos chegaram a dizer que a rodoviária era melhor do que o aeroporto”. “É um espaço bem solucionado onde o usuário é conduzido sozinho para onde quer ir, ele entende o espaço, as pessoas se sentem confortáveis sem perceber isso”, diz a filha Paola. “A força do projeto é a parte estrutural que resolveu o problema dos vãos com vigas sem incomodar o fluxo dentro do local”, explica Carlevaro. Já o uso da telha de argamassa armada foi uma das poucas experiências realizadas no país naquela época. Há dois anos, Carlevaro e Brena fizeram uma proposta de melhoria como a inserção de escada rolante em uma plataforma suspensa por pilares, de lado a lado, confluindo o fluxo dos passageiros que chegam e saem da cidade. “Problemas econômicos impossibilitaram a execução”, resume. Trinta e sete anos se passaram e Carlevaro diz, com humildade, que poderia ter melhorado o projeto. Eu pergunto o que ele mudaria: “o sistema de chegada. O pedestre tinha que acessar sem perguntar por onde se entra na rodoviária”, responde Yamandú.

Fotos: acervo particular Carlevaro

ENTREVISTA

Yamandú Carlevaro e Enrique Brena, em 1977, no escritório em Florianópolis.

“A formação integrada permitiu uma crítica permanente em tudo o que fazíamos”

1º prêmio de projeto para concurso, em 1971, em Montevidéu (Uruguai), Yamandú Carlevaro, Maria del Pilar Fedele de Carlevaro e Alícia Elizondo.

Edificação na estrada do Caracol, em Canela, Rio Grande do Sul, 1975.

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ENTREVISTA

Fotos: Ronaldo Azambuja

Telhas de argamassa armada são destaque no projeto da rodoviária “Uma das maiores preocupações para elaboração do projeto foi a integração deste às condições viárias da capital”, afirma a arquiteta Paola Carlevaro, filha de Yamandú, autor do projeto vencedor do concurso público para o Projeto do Terminal Rodoviário de Passageiros de Florianópolis junto com o também arquiteto uruguaio Enrique Brena, dentre as 33 propostas apresentadas na competição, realizada em 1976. Na divisão dos trabalhos, Yamandú ficou à frente da coordenação da obra, que foi inaugurada no dia 7 de setembro de 1981 com uma grande festa para 30 mil pessoas segundo registro do jornal na época. “O projeto representa uma das obras mais significativas de Yamandú Carlevaro, tanto no âmbito profissional, pela relevância construtiva do edifício, quanto no âmbito pessoal, ao contribuir com sua vinda definitiva, na década de 1980, para Florianópolis”, afirma a arquiteta Paola Carlevaro. As condicionantes básicas foram divididas em funcionais (acesso direto à ponte Colombo Salles), e de integração visual da Baía Sul com a cidade e do Parque do Aterro com a ponte. Além desses fatores, dois outros são relevantes até hoje: o uso das telhas de argamassa armada e a demanda do usuário baseada na política rodoviarista do país. A organização espacial considerou

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a linearidade, com solução funcional do espaço construído, ordenado pelos serviços do programa de necessidades. O sistema de plataformas garantiu fácil visualização e setorização da estrutura. Quatro zonas importantes foram definidas pelo projeto: setor de embarque, setor de desembarque, plataforma de ônibus e serviços complementares. Não foi implementada a garagem no subsolo prevista no projeto original, são 1.300 m² de área para este uso. Por questões funcionais e estéticas, os materiais básicos utilizados foram o concreto, o vidro e o alumínio, ao lado de tubulações aparentes da rede de hidráulica, elétrica e de refrigeração (sistema de condicionamento de ar), cobertos por telhas de argamassa armada. A incidência do vento sul, constante e forte, embasou a solução das esquadrias de alumínio e vidros temperados e pintados, que também permitiram o acabamento plástico final.

Argamassa armada Um dos elementos mais importantes foi a cobertura com o uso de uma técnica pouco empregada na época,

a argamassa armada aplicada em 15.120m² do terminal. As telhas em forma de tubos de seção hexagonal foram as maiores peças fabricadas no Brasil naquele tempo com o material. Cobrem vãos de 35m, com 2,10m de altura, 3cm de espessura e pesam somente 25 toneladas cada uma - inicialmente estava previsto o concreto protendido com 75 toneladas cada uma – garantindo redução de 60% do volume do material que seria utilizado. A cobertura compreende dois conjuntos de 77 formas dispostas lado a lado e divididas por uma viga/ calha central que separa os conjuntos.

Demanda O terminal tem seu sistema de funcionamento embasado no Manual para Implantação de Terminais Rodoviários de Passageiros (Miterp), estudo elaborado pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, de 1976, do qual o Rita Maria foi o primeiro no Brasil a se enquadrar. Trinta e sete anos depois, o projeto mostrou-se muito bem dimensionado atendendo o volume de usuários que entram e saem da cidade.

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ENTREVISTA

Fotos: Ronaldo Azambuja

Rodoviária pelas lentes do fotógrafo Ronaldo Azambuja

Pilar e a Galeria Victor Meirelles

Fotos: Ronaldo Azambuja

Arte e arquitetura sempre acompanharam a trajetória de Maria del Pilar Fedele de Carlevaro, que durante um curto período manteve escritório com o marido Yamandú Carlevaro, em Montevidéu. Pilar, como é chamada, conta que trabalhava rodeada de crianças, três filhos seus e três da amiga com quem dividiu um ateliê de arquitetura no Brasil. “É uma linda forma de trabalhar”, diz com largo sorriso no rosto, afirmando: “Eu coloquei a família na frente da arquitetura”.

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No entanto, a arquiteta de 81 anos nunca deixou de atuar ativamente nos campos da arte e da arquitetura. Durante o período que residiu em Porto Alegre, de 1970 a 1974, foi proprietária da Galeria de Arte Quasar. Já em Florianópolis, na década de 1980, Pilar apostou numa experiência diferente ao inaugurar a Galeria de Arte Victor Meirelles nas dependências do tradicional Clube Doze de Agosto. “Era uma maneira de incentivar a arte. Algumas pessoas na época indicaram o Clube Doze para abrir a galeria porque era o centro social da cidade”, recorda. A galeria durou dois anos apenas. “Foi um sucesso do ponto de vista social, mas um desastre do ponto de vista das vendas porque ninguém comprava nada, era um evento social”, diz Pilar que trabalhava com artistas locais e nacionais da arte. 43


ARQUITETURA

Vem aí

o Centro Cultural Veras Articulado em diferentes campos do conhecimento – sustentabilidade, arte, ioga e educação – o espaço independente será construído a partir de parcerias e financiamento coletivo

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O projeto paisagístico e as imagens foram concebidas pelo escritório Gabriella Ornaghi Arquitetura e Paisagem.

Projetos O Centro Cultural Veras – CCV é um projeto gestado há quase duas décadas pelo curador e historiador da arte Josué Mattos. Não existe em ambiente físico, ainda! Está na prancheta do Terra e Tuma Arquitetos Associados, e Álvaro Razuk – convidado para idealizar as áreas expositivas do prédio –, previsto para 2018. No entanto, o assunto já está dando o que falar – repercutiu em revistas nacionais como a seLecT e Casa Vogue. A força vem da trajetória do curador além do território catarinense – ele nasceu em Criciúma e morou por 10 anos em Paris, onde fez sua formação em arte – e a articulação com artistas do circuito nacional e outros atores. “Tem mais gente por trás do projeto que sustenta os quatro pilares do centro, que são as disciplinas de sustentabilidade, arte, ioga e educação”, afirma Josué, reforçando que a iniciativa é a primeira no Estado, de direito privado e sem fins lucrativos. Ele aproveitou a visibilidade do Prêmio Marcantonio Vilaça, que venceu em 2017 na categoria Curadoria, para articular uma forma disruptiva de levantar fundos para a construção do prédio com parcerias e financiamento coletivo. Durante a feira PARTE, em São Paulo, lançou o Programa de Múltiplos onde artistas como Jorge Menna Barreto, Regina Silveira, Sandra Cinto e Albano Afonso colaboraram com um múltiplo, com tiragem de 90 exemplares. Existe ainda o projeto Construtores do Veras que busca doações para erguer o edifício – acesse o site do CCV www.centroculturalveras.org.br. para saber mais.

O edifício será implantado em um terreno de 515m², no bairro Córrego Grande, em Florianópolis, e o programa prevê espaços amplos para a produção artística e práticas interdisciplinares. Os espaços do térreo serão articulados com um mezanino, onde serão realizadas atividades educacionais e encontros para o público infantil. Além de dois pavimentos superiores, onde acontecerão diferentes atividades educacionais e culturais, o CCV contará, também, com uma cobertura construída para acolher uma horta comunitária, entre outras ações. O premiado escritório Terra e Tuma Arquitetos desenvolveu o arquitetônico do CCV. No entanto, a forma de trabalho neste projeto também está sendo disruptiva considerando a mudança na maneira de atuar dos arquitetos. “Ou seja, menos arquitetos autores e mais parceiros consultores”, afirmam. O projeto de paisagismo foi concebido pelo escritório Gabriella Ornaghi Arquitetura da Paisagem, e considera a utilização de técnicas de agrofloresta e agricultura urbana aliadas aos métodos convencionais de ajardinamento. A intenção foi criar uma unidade de produção de alimentos e serviços ambientais sem que a beleza cênica fosse comprometida. No jardim da cobertura, por exemplo, foi criada uma unidade de produção agrícola modular, contando com horta, pomar, compostagem e outros equipamentos. A composição do espaço buscou dar fluidez ao lugar, e a escada-arquibancada é o principal acesso externo e que proporciona o contato entre as pessoas. 45


ARQUITETURA

A alquimia da arquitetura A forma como construímos e ordenamos nossas cidades diz muito a respeito de quem somos e de como seremos

Foto: Diego Cagnato

Eloá Orazem

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Prédios, pontes, casas e calçadas são a fratura exposta de uma arte de carne e osso: a arquitetura é a engenharia da empatia; a humanidade posta em prática. Elemento indissociável do que - e como - somos, a arquitetura não foge ao dilema contemporâneo que pressupõe a origem de tudo: quem vem primeiro, a arquitetura ou a sociedade? Para professor da FAU-USP de História do Urbanismo Renato Cymbalista: “O caminho é de mão dupla: a arquitetura interfere sim nas formas de organização da sociedade, e a recíproca é verdadeira”. Quem reverbera esse pensamento é a arquiteta italiana Ana Maria Ghinita, que explorou o tema em sua tese de PhD na Universidade de Trento. No documento ela assinalou que prédios, casas, lojas e escritórios são, essencialmente, produtos culturais e sociais, e, portanto, influenciados por ideias, valores, crenças, atividades e até relacionamentos. “A sociedade constrói os edifícios, e estes, embora não produzam a sociedade, ajudam a manter as normas, o status quo”, pontua. Ciência das mais complexas, a arquitetura é uma arma poderosa de transformação social, com reflexo em obras e ações de impacto, desde pequenos gestos a grandes projetos. Quando construímos nossas cidades, moldamos a nossa sociedade – dizemos, nas entrelinhas, de onde viemos, onde estamos e para onde vamos com os nossos relacionamentos, ambições e responsabilidades. Mostramos exemplos que provam o poder da transformação a partir da arquitetura.

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ARQUITETURA

Marcelo Rosenbaum sabia bem a dimensão do compromisso que assumiu quando aceitou o convite da Fundação Bradesco para projetar um centro educacional em regime de internato no município de Formoso do Araguaia, no estado do Tocantins. Ao lado de Gustavo Utrabo, do escritório de arquitetura Aleph Zero, Rosenbaum mergulhou na cultura e nos hábitos locais para desenvolver uma escola que abriga 800 crianças de 7 a 18 anos, de forma que o edifício dialogue com todo o entorno de uma região que marca o encontro de três biomas diferentes – cerrado, pantanal e amazônia. Depois de ouvir individualmente os alunos, mapeando suas necessidades

Casa Vila Matilde, a realização do sonho de Dona Dalva e anseios, os arquitetos envolvidos incorporaram ainda a tradição e o contexto econômico e histórico do local, abraçando coisas como o tijolo de adobe, a madeira, a intuição do trançado da palha, a casa do caboclo, a importância do rio, juntos, tinham que estar presentes ali – tudo isso com o menor impacto ambiental possível, claro. O resultado dos meses de dedicação integral da comunidade e dos envolvidos foi um prédio que se camufla na paisagem local. Com menos paredes e mais natureza, a Escola Rural na Fazenda Canuanã conseguiu dar mais autonomia e senso de coletivo aos alunos, que passaram a encarar sua

moradia sob uma ótica de aldeia, onde os espaços públicos – como as salas de TV, de leitura e as redes – convidam à reconexão consigo e com o próximo. Não por menos, a construção foi eleita pelo Royal Institute of British Architects (RIBA) o Melhor Edifício de Arquitetura Educacional do mundo, desbancando outros 27 projetos do tipo. O projeto soma ainda o Building Of The Year, prestigiada premiação promovida anualmente pela plataforma ArchDaily, e o primeiro lugar no Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel 2017, além de estar entre os selecionados para a Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza desse ano.

A zona leste de São Paulo concentra alguns dos bairros menos favorecidos sob o aspecto econômico e estético da cidade, mas isso nunca pôs fim ao sonho de Dona Dalva, uma mulher de poucas posses que trabalhou a vida toda para mudar sua vida – começando por sua casa. Com a poupança de 150 mil reais em mãos, Dona Dalva e sua família confiaram ao escritório Terra e Tuma a missão de reformar a casa insalubre na qual viviam, logo depois de um pedaço do telhado desabar. Não bastasse o desafio de lidar com um orçamento tão reduzido, a solução arquitetônica precisava ser ligeira, uma vez que a família não teria condições de arcar com um aluguel por muito tempo. Matemática posta às claras, a saída foi apostar em blocos de concreto e lajes pré-fabricadas de concreto armado – tudo alinhado sob as regras da arquitetura moderna paulista, com um tempero de arquitetura contemporânea. Para otimizar a área enxuta, os ambientes de passagem ganharam funções: o corredor é também usado como área de circulação/trabalho nos ambientes do lavabo, cozinha e lavanderia.

Fotos: Pedro Kok

Escola Fazenda Canuanã incorpora tradição e história

Foto: Diego Cagnato

No segundo andar, além da suíte do filho, há uma laje que atualmente recebe uma horta. Esse espaço pode servir para expansão da residência, caso os moradores optem por isso. Toda construção, aliás, foi desenvolvida para dar margens às adaptações dos residentes, que podem mexer em algumas áreas ou acabamento sem comprometer a estrutura como um todo.

O projeto da escola da Fazenda Canuanã baseou-se em uma série de conversas com as próprias crianças realizadas por Marcelo Rosenbaum, em parceria com Gustavo Utrabo, do escritório Aleph Zero. A construção foi eleita pelo Royal Institute of British Architects (RIBA) o Melhor Edifício de Arquitetura Educacional do mundo, e estará entre os selecionados para a Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza desse ano.

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Dona Dalva, que chegou a cogitar a venda do imóvel na Vila Matilde, viu sua rotina mudar. Ela, que era uma workaholic, agora conta os minutos para voltar para casa – e faz questão de receber amigos e familiares em seu novo palácio, feito à imagem e semelhança dos seus sonhos mais impossíveis.

Casa na Vila Matilde prova o poder transformador da arquitetura na vida da dona Dalva, que confiou sua poupança de 150 mil reais ao escritório Terra e Tuma a missão de reformar a casa insalubre.

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ARQUITETURA

Entre Nos Atelier: a potência da arquitetura para o social

Convidando seus clientes a assumirem o protagonismo das obras, o ateliê coloca em xeque a lógica do arquiteto, que, sob sua ótica, é um facilitador; um profissional contratado para dar o suporte técnico aos sonhos do contratante. Outra marca registrada do escritório é a busca incansável pela praticidade, pois, de acordo com os proprietários, são poucas as pessoas que podem se dar o luxo do tempo – esperar é, sim, um privilégio. Na corrida contra o relógio, porém, não se pode sacrificar a qualidade do resultado final, daí a missão do Entre Nos, de encontrar um meio termo para tudo isso. Com projetos bem distintos uns dos outros, o ateliê costa-riquenho também se dedica ao design de produtos – e sempre privilegiando a eficiência aliada ao impacto social. Vale dizer que a Fundación Holcim (Instituto Holcim Costa Rica) conferiu ao ateliê o desenvolvimento de um manual de desenho para o programa nacional de atendimento e cuidado infantil, uma ferramenta de trabalho que informa desde a parte cognitiva da criança ao programa funcional do projeto, com estratégias de desenho de acordo com o contexto onde a obra será inserida.

Fotos: Ingrid Johanning Arguedas

Fotos: Ingrid Johanning Arguedas

David num mundo repleto de Golias, o ateliê costa-riquenho Entre Nos se agiganta nas ideias. Fundado em 2010 pelos arquitetos Michael Smith e Alejandro Vallejo, o estúdio foi pioneiro ao assumir a potência do design e da arquitetura no que tange a ordem social, econômica e cultural de um determinado projeto. O propósito é melhorar a qualidade do habitat a partir do entendimento do processo participativo. “Buscamos a colaboração e participação para promover um sentimento de apropriação, onde o designer desaparece uma vez terminada a obra, o usuário-entorno se converte nos verdadeiros protagonistas”, reforça Smith em sua apresentação.

Situado em Nicoya, província de Guanacaste, Costa Rica, o projeto integrada um programa nacional que busca promover CENTROS DE CUIDADO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL em comunidades vulneráveis. O desenho dos centros surgem por iniciativa da Fundação Holcim (Instituto Holcim Costa Rica), que conferiu ao Entre Nos Atelier o desenvolvimento do manual de desenho para um programa nacional.

Eloá Orazem - jornalista com passagens pela TV Globo, O Estado de S.Paulo, diferentes revistas de lifestyle e correspondente internacional no período em que morou em Los Angeles. Atualmente é vídeorepórter na TV Cultura.

Albergue Indígena KÄPÄCLÄJUI, em Grano de Oro de Turrialba, para a Associação de Desenvolvimento Integral da Reserva Indígena Cabecar del Bajo Chirripó, Instituto Holcim.

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ARQUITETURA

Arquitetura como símbolo de transformação social O Parque Linear do Córrego Grande é referência nacional do poder transformador da arquitetura e da qualificação da vida urbana Letícia Wilson

Foto: Matheus Martins

Reuniões de moradores, festas comunitárias, caça aos ovos de Páscoa, aulas de dança, feira, cinema, bingo beneficente para a compra de um condicionador de ar para a escola local; a vida pulsa na praça e no Pavilhão Comunitário do bairro Córrego Grande, em Florianópolis. A estrutura arquitetônica estimula a convivência social e o exercício da cidadania, servindo de abrigo para manifestações culturais e trocas sociais que sempre ocorreram por ali, no chamado Sertão do Córrego Grande. Viabilizado pela iniciativa privada, por intermediação do Ministério Público, o espaço simboliza o poder dos cidadãos na luta por seus interesses e o impacto da arquitetura e do urbanismo na qualificação da cultura urbana.

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O Pavilhão Comunitário foi inaugurado há três anos, como parte das obras do Parque Linear do Córrego Grande, criado oficialmente em 2014, mas que vinha sendo planejado há mais de 25 anos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob a coordenação do professor arquiteto Cesar Floriano. “Iniciamos os primeiros estudos no Departamento de Arquitetura, nos anos

1980. A proposta era criar um corredor ecológico unindo duas unidades de conservação: Parque Maciço da Costeira e Manguezal do Itacorubi”, conta o arquiteto, morador da região. Quando a comunidade local fundou a Associação dos Moradores do Sertão do Córrego Grande (Amosc), em 2006, para articular a luta política pela implantação de uma praça na localidade, nem imaginava que seria protagonista de uma importante mobilização social na cidade. Naquela mesma época, por conta das reuniões do Plano Diretor Participativo, os dirigentes conheceram a proposta que havia sido gestada na UFSC e prontamente levantaram as bandeiras a seu favor. “A ideia foi incorporada como um sonho comunitário e inclusa como reivindicação no documento ‘Leituras Comunitárias da Bacia do Itacorubi’”, revela Rosângela Mirela Campos, Coordenadora do Fórum da Bacia do Itacorubi, instituição responsável pela articulação política para implementação do parque. Assim, em 2009, um projeto conceito para o Parque Linear foi desenvolvido no âmbito de um curso de extensão

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Fotos: Matheus Martins

ARQUITETURA

A força da comunidade O Fórum liderou o movimento comunitário que, em 2012, denunciou ao Ministério Público de Santa Catarina a necessidade de revisão no parcelamento do solo de uma área de 60 mil m2, a Fazendinha do Córrego Grande, onde não haviam sido reservadas área de lazer e área comunitária institucional para a comunidade, conforme determinado pelo Plano Diretor de 1997. E foi então que, no ano seguinte, o Ministério Público firmou Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com as construtoras proprietárias da área, com várias medidas compensatórias, envolvendo a humanização dos espaços públicos do entorno e incluindo itens a construção de uma ponte, de ciclovias, a doação à Prefeitura Municipal das Áreas de Preservação Permanente (APP) ao longo do rio Córrego Grande, a renovação física da Praça Edson Pereira do Nascimento e da Praça da Berman, além da aquisição de uma área de 3.900m² para construção da praça e da sede da Amosc, área adjacente ao Parque Linear. “O TAC incluiu uma rede de espaços

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públicos locais importantes para a comunidade. O projeto articulou espaços já consolidados como a Praça da Berman com novos e importantes equipamentos como o caso do projeto piloto para o parque implantado no trecho da Fazendinha a partir da qualificação das ruas de acesso e conexão entre os espaços de permanência. A grande ponte para pedestres e ciclistas já implantada foi uma conquista para uma cidade que olha na direção de ganhar espaço para as pessoas em detrimento do automóvel”, conta a arquiteta Juliana Castro, da JA8 Arquitetura e Paisagem. Os núcleos do Sertão do Córrego Grande/Poção e da Fazendinha foram, então, viabilizados financeiramente pelo chamado TAC da Fazendinha. “Este ato coercitivo mostrou como uma parceria seria bem-vinda no desenho da cidade. Todos ganharam com a medida, e os empresários hoje utilizam o Parque Linear como mote de venda dos imóveis”, considera Cesar Floriano. Para ele, este projeto é uma referência. “Primeiro, mostra como é fundamental sonhar, idealizar e lutar por espaços públicos; e, segundo, revela a organização comunitária como base de luta da qualidade de vida urbana. Sem uma forte organização comunitária, articulada pelo Fórum da Bacia do Itacorubi, nada teríamos conseguido”, reforça. E foi assim que ‘nasceu’ o Pavilhão Comunitário do Córrego Grande, projetado entre 2014 e 2015 pelos arquitetos Cesar Floriano e Evandro Andrade, com paisagismo desenvolvido por Cesar e pela arquiteta Juliana Castro. Concebido no conceito “edifício-praça”, praça e pavilhão apresentam unidade visual e de fluxos que resulta no caráter democrático peculiar de um edifício

público. A praça que abriga o pavilhão tem uma área de 6 mil m², onde foi construído um edifício de 600 m², em dois pavimentos, com salas de sala, biblioteca e espaço multiuso para eventos da comunidade. Pelo projeto social envolvido, a obra foi uma das 15 construções brasileiras selecionadas para a X Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo (BIAU), realizada em São Paulo, em julho de 2016. A edição apresentava, como tema, os deslocamentos das pessoas e como eles deram lugar a transformações nas cidades e nos territórios. Para Fabrício Schveitzer, diretor da Dimas Construções, uma das construtoras envolvidas no TAC, as intervenções urbanas podem e devem ser feitas para aproximar as pessoas e humanizar os ambientes na medida do possível. “O trabalho desenvolvido por arquitetos e urbanistas pode e deve ter essa dimensão de devolver a rua para os habitantes. No caso do Parque Linear, o trabalho foi exatamente nesse sentido, uma vez que se buscou ter, no meio do bairro, um espaço que preservasse as características naturais e, também, um símbolo do bairro, mas dando às pessoas a oportunidade de ver, sentir e se apropriar disso”, afirma. O senso de pertencimento e de apropriação foi evidente. “Na medida em que as pessoas foram tomando contato com o parque, usando e vivenciando ele, o espaço passou a pertencer a eles. Só por isso, entendemos que a arquitetura cumpriu sua função, chegou ao seu objetivo”, complementa.

Novas parcerias para o projeto Apesar das importantes conquistas, apenas 1/3 do Parque Linear do Córrego Grande está realizado.

“As dificuldades ainda são muitas, como a desarticulação da Floram com os órgãos de planejamento no sentido de dar continuidade ao projeto do parque, a falta de uma gestão específica e de verba para manutenção. E ainda temos que finalizar o desenho do parque. Ele não está feito em sua totalidade e não sabemos como enfrentar este problema por falta de verba”, lamenta Cesar Floriano. Ainda faltam ser projetados o estacionamento e acesso à cachoeira, os boulevares e ciclovias da Fazendinha e, como terceira etapa, a ciclovia e pontes de travessia até o campus da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). “Precisamos encontrar parceiros para terminar o projeto, tanto na sua infraestrutura como para despoluição do rio. Este é um sonho que temos que ter como meta, para que, em 2025, as crianças estejam nadando novamente em todo o percurso deste rio”, planeja o professor. A despoluição do rio e o monitoramento da qualidade e vazão das águas é apenas uma das novas demandas da comunidade no entorno, a partir da existência do Parque Linear. Outras são o mapeamento das invasões de áreas públicas ao longo do rio, a instituição de hortas comunitárias e de reciclagem e destinação correta do lixo do parque e das praças do entorno, a reforma da praça da comunidade do Jardim Albatroz e a criação de um calendário de atividades culturais para o parque. “A criação do 1ª Parque Linear de Florianópolis motivou a comunidade a ser criativa, agilizada e a valorizar sua cultura e potencialidades, num protagonismo construtivo para apropriação desta grande e bem localizada área de lazer ao longo do rio”, considera Rosângela, do Fórum da Bacia do Itacorubi.

No plano diretor estavam previstas uma ponte e via convencional para circulação de veículos. As ruas tiveram seu desenho revisto e o espaço para os pedestres foi ampliado e incrementado por amenidades como jardins, arborização e a inclusão de estares urbanos.

Foto: Cesar Floriano

do Departamento de Arquitetura da UFSC, prevendo a interligação dos bairros Itacorubi, Santa Mônica e Córrego Grande, por ciclovias e passeios, facilitando a mobilidade urbana e melhorando a segurança pública da região. Três núcleos de urbanização foram definidos: no Sertão do Córrego Grande/Poção, na Fazendinha e no Parque São Jorge. “No total, 12 alunos participaram desta fase de concepção geral. No desenho específico do trecho intitulado Fazendinha, a concepção e o projeto executivo foram elaborados em conjunto com a arquiteta paisagista Juliana Castro”, explica Cesar Floriano.

O Pavilhão Comunitário do Córrego Grande foi concebido pelos arquitetos Cesar Floriano e Evandro Andrade como uma praça e espaço multiuso para eventos da comunidade. Pelo projeto social envolvido, a obra foi uma das 15 construções brasileiras selecionadas para a X Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo (BIAU), realizada em São Paulo, em 2016.

Letícia Wilson - jornalista com mais de 20 anos de experiência em produções editoriais sobre arquitetura e urbanismo, decoração e design.

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URBANISMO

Cidadão como protagonista da transformação

Movimentos e coletivos mudam a paisagem urbana, permitem maior interação e mostram a força da cocriação para ampliar as relações pessoais Cristiano Santos Observar da janela não é mais suficiente. É preciso abrir a porta, o portão, entregar-se e integrar-se às ruas. Se por décadas nos recolhemos às quatro paredes de casa, os últimos anos têm evidenciado um caminho inverso. São ações criadas a partir de coletivos e movimentos gerados por profissionais de diferentes áreas com o objetivo de devolver uma outra visão – e até mesmo outra funcionalidade – para o que nos cerca. Além de protagonista, o cidadão atua como uma ferramenta para a transformação dos espaços públicos com um impacto social real. “A participação ativa da população na demanda por diversos âmbitos, por direcionamentos específicos nas cidades, não é nova, viveu ondas diferentes. Internacionalmente, nos anos 1960, um conceito chamado Direito à Cidade, criado pelo sociólogo Henri Lefebvre expandiu o assunto para o mundo”, explica Gustavo Andrade, arquiteto, urbanista e pesquisador do Laboratório Cidade e Sociedade da UFSC e coordenador do coletivo ativista Caminhada Jane Jacobs Floripa. Lefebvre defendia basicamente a não exclusão da sociedade urbana das qualidades e benefícios da vida urbana. São estes direitos que têm levado a uma parcela da população a se mobilizar em

busca de transformações em seu meio. A autoridade do cidadão torna-se reflexo de um desejo de agir coletivamente em favor de uma determinada causa e de congregar ideias. E os exemplos são os mais diversos. Pode resultar em ações como a transformação de um terreno baldio em uma horta comunitária, caminhadas que apresentem à cidade aos seus moradores ou a simples troca de objetos de consumo entre si. “Entendo que uma das formas de empoderamento do cidadão ocorre por meio da participação em movimentos coletivos devidamente organizados. É possível afirmar que a apatia aparente das pessoas pode ser superada na medida em que elas passam a identificar outras pessoas com preocupações e motivações similares e com capacidade de se articularem para chegarem a algum resultado esperado”, complementa a arquiteta e urbanista Silvia Ribeiro Lenzi, que atua no Movimento Traços Urbanos, também na capital catarinense. Mudanças comportamentais, assim como a atual situação política e social do país e do mundo, principalmente na temática urbanismo, também têm impacto nessa realidade. Assim ocorre com o aumento no número de

pessoas que vêm adotando um estilo de vida menos dependente do carro, optando pelos percursos de bicicleta e as caminhadas a pé. São atitudes que oportunizam maiores interações sociais, tornando as cidades mais humanas. Para Silvia, “a incorporação e disseminação de boas práticas cidadãs cotidianas e a contribuição na modelação dos espaços públicos por meio do tratamento ‘amigável’ das fachadas das nossas casas e locais de trabalho são alguns dos exemplos que podem ser dados”. Essencial na qualidade de vida das cidades – há bons exemplos com os aplicativos de mobilidade urbana e de economia criativa –, a tecnologia tornouse um agregador desses movimentos. A partir da divulgação em redes sociais, muitas ações reúnem novos colaboradores, permitem a captação de multiprofissionais para as causas e o aumento de seu alcance. “Criado a partir de um grupo de amigos, o Coletivo Caminhada Jane Jacobs, por exemplo, ganhou uma expansão muito grande a partir das mídias sociais. A visibilidade fez com que se integrasse com várias pessoas, conhecemos outros grupos com o mesmo interesse”, finaliza Gustavo Andrade.

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56 Foto: Divulgação / Movimento Traços Urbanos


URBANISMO

Armário Coletivo

Traços Urbanos

Atualmente com mais de 100 participantes, formando uma equipe multidisciplinar, o grupo tem como propósito a realização de ações coletivas para qualificar espaços públicos da Capital. “Cada vez mais eu acredito que o momento da nossa história é o do fazer coletivo. Nenhuma das questões serão resolvidas por uma única mente brilhante. Ao contrário, é na troca de saberes, nas atitudes solidárias e no entendimento de que toda a sociedade compõe um único organismo que necessita ser atendido na sua totalidade, é que poderemos superar muitos dos problemas agora enfrentados”, defende a arquiteta e urbanista Silvia Ribeiro Lenzi, integrante da comissão de curadoria do movimento. Iniciado em novembro de 2016, o projeto levou ao chamado Distrito Criativo, região no Centro histórico leste da cidade, manifestações artísticas e musicais, painel de debates e exposição de trabalhos acadêmicos e de exemplos bem-sucedidos de intervenções urbanas. Desde então foram realizadas ações como o Nossa Rua, o Varal dos Desejos, na Rua Saldanha Marinho, e a Oficina: Arquitetura para Crianças, incentivando os pequenos a desenvolverem maquetes de casas e montarem uma pequena cidade levando em conta as relações das pessoas com o meio urbano. “No início do ano passado, a partir do grande grupo foram criados outros menores responsáveis por atividades específicas. A nossa estratégia foi começar com ações possíveis de serem concretizadas num prazo de até três meses e irmos avaliando o processo e os resultados atingidos”, comenta Silvia sobre as novas definições do movimento.

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Fotos: André Moecke

Não é preciso adentrar com profundidade no site do Traços Urbanos para entender o interesse do movimento. Lá, estão estampados os números que falam por si: Florianópolis tem mais de 477 mil habitantes, recebe cerca de 2 milhões de visitantes por ano e conta com 208 espaços públicos.

Carina Zagonel é uma entusiasta da economia compartilhada e colaborativa. Afinal, de uma ideia simples e objetiva – a troca de objetos de consumo – ela criou o projeto Armário Coletivo. Há pouco mais de três anos na esquina de casa, no bairro Vargem Pequena, em Florianópolis, a artesã e empreendedora social colocou uma plaquinha com a frase “Deixe aqui o que você não usa mais, mas que pode servir para outros” ao lado um par de par de tênis usado. Minutos depois, o sapato sumiu e outros objetos surgiram na calçada.

Fotos: Divulgacão / Armário Coletivo

facebook.com/ armariocoletivofloripa

movimentotracosurbanos.com.br

Deste pontapé nasceu a ação de intervenção urbana que utiliza armários para transformar espaços públicos e criar novos hábitos de consumo entre as pessoas. Em mais uma amostra de colaboração, os armários são criados e produzidos por alunos do curso de Design de Produto do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) com reuso de materiais, como madeira de demolição. Atualmente, são 12 móveis espalhados pela cidade – o primeiro já gerou mais de 7,5 mil compartilhamentos –, proporcionando não só a troca de objetos, mas também o intercâmbio de moradores, a recuperação e a devolução de espaços públicos ao cidadão: “Esse é o grande diferencial. Não é só roupa, o Armário Coletivo é de tudo, livro, ferramenta... Cada lugar tem uma característica. Na Vargem Pequena já trocamos mais de 250 mudas de árvores frutíferas, a gente criou essa cultura. No Rio Tavares, tinha uma bicicleta de criança para compartilhar. Isso é emocionante, com certeza muda a expectativa de quem vive e passa por ali”, relembra. E Carina vai além, definindo outros sentimentos do que foi proposto inicialmente: “A gente quer fazer com que as pessoas sintam essa cultura, que a gente já tem naturalmente, é só resgatar. Precisamos levantar de novo a esperança de que as pessoas possam se ajudar. A nossa ideia é para o Brasil inteiro, já tem muita coisa inspirada em várias cidades. Por mais que o Armário Coletivo seja offline, ele também está no mundo on-line. Ele acessa os dois mundos: é para a vovó que cuida dos três netos em casa, mas também para a galera que está em Amsterdã”, finaliza Carina.

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URBANISMO

Cidades Invisíveis

Cidade Ativa

Foi observando além da lente da câmera que o fotógrafo Samuel Schmidt enxergou as necessidades de comunidades carentes da Grande Florianópolis. Há cinco anos, o também advogado criou o projeto com a intenção de se transformar na melhor marca social do país. Inicialmente, suas fotos estamparam camisetas e outros acessórios com a renda revertida para famílias destas localidades – as imagens ganham novas leituras a partir da criatividade de artistas visuais como Julian Gallasch e Thiago Valdi, entre outros. Além da venda dos produtos, desde que foi criado, o Cidades Invisíveis já realizou diversas ações de impacto social atingindo mais de 15 mil pessoas. Construção de parquinhos infantis e casas sustentáveis, oficinas de leitura, bibliotecas ambulantes e reurbanização de algumas áreas de uso público, além de distribuição de cestas básicas e ações de saúde, fazem parte da programação do projeto, que conta com a visibilidade da atriz Thaila Ayala como madrinha.

cidadeativa.org.br

O movimento active design, criado nos Estados Unidos, serviu de inspiração para os criadores do Cidade Ativa, de São Paulo. A organização nasceu, em 2014, da urgência de se pensar e criar cidades mais inclusivas e saudáveis com o objetivo de usar o urbanismo para combater o sedentarismo. Um dos primeiros projetos do Cidade Ativa é o Olhe o Degrau, um mapa colaborativo das escadas da capital paulista. Essenciais para o ir e vir, estes espaços, geralmente, estão deixados de lado pela população. A ideia surgiu quando os integrantes participaram de um concurso internacional que previa a reforma de um espaço urbano com US$ 4 mil. Na primeira ação, realizaram oficina, piquenique e um varal para que as pessoas expusessem suas idéias sobre como seria a escadaria dos sonhos. Desta forma, se tornou uma estratégia para fazer com que o cidadão interagisse com o lugar como nunca havia pensado. As ações do Cidade Ativa são orientadas pela leitura atenta de espaços e pessoas, além da observação em campo. Assim, são desenvolvidas e aplicadas metodologias de pesquisa para criar projetos e avaliar o impacto das ações realizadas.

Foto: Divulgação / Cidade Ativa

Fotos: Samuel Schmidt

cidadesinvisiveis.com.br

Movimento Um

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A atuação do Movimento Um está baseada em três vertentes: educação, arte e entretenimento, e ação social e socioambiental. Formado por jovens da Grande Florianópolis em busca de seus papéis como agentes de transformação, o grupo conta atualmente com 30 voluntários. “Muitos carregam tesouros escondidos por nunca terem uma oportunidade de serem descobertos. O movimento é mais do que uma associação que visa o bem comum e social, é um movimento voltado às pessoas”, resume Tiago de Souza Azevedo, diretor presidente da ONG. As ações começaram no primeiro semestre de 2016 com a ajuda da visibilidade das mídias sociais. Entre os projetos, o Faça um Vovô Sorrir, dentro dos asilos da região; Limpando a Cidade, mobilização para limpeza de espaços públicos e consciência da população na preservação do meio ambiente; e o Fashternoon, que incentiva os artistas a levarem sua arte para a sociedade por meio de artes plásticas, música, moda e design.

Praças

pracas.com.br É a primeira plataforma de placefunding do mundo. Ou seja, além de uma ferramenta de financiamento coletivo, a Praças também atua na gestão colaborativa dos espaços públicos. O funcionamento se dá de forma simples e prática em cinco passos: inicialmente os interessados agendam uma visita da plataforma à praça, juntos criam uma campanha de adoção, divulgam a ideia para o bairro, saem em busca de patrocinadores e, ao atingir a meta, iniciam as obras de melhoria da praça de forma colaborativa. No site, é possível acompanhar, por enquanto somente em São Paulo, a situação das praças adotadas, quantos participantes, os recursos arrecadados, as melhorias e a meta.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação / Movimento Um

facebook.com/movimentoum

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Parque Minhocão

Cristiano Santos - jornalista, foi repórter, editor e colunista diário de variedades e cultura no Jornal de Santa Catarina. Especializou-se em Imagem de Moda e fez assessoria de imprensa no Vale do Itajaí para teatros, empresas têxteis e o projeto Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC). De volta à redação, no Diário Catarinense, na Capital, atuou como repórter, colunista e editor da revista Donna, abordando temas como arquitetura, design, comportamento e gastronomia. Atualmente, encerra uma temporada de estudos na Cidade do Cabo, na África do Sul.

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Foto: Miriam de Abreu Santini

Foto: André Moecke Foto: Felipe Morozini

Aos poucos, os moradores conseguiram que o elevado fosse fechado aos domingos para os pedestres. A ação recebeu milhares de pessoas, exposições, manifestações e o projeto cresceu, ganhando a visibilidade necessária para a concretização da proposta. No início deste ano, foi publicado no Diário Oficial de São Paulo a lei que prevê o fechamento integral do Minhocão para carros aos sábados, domingos e feriados. A partir de maio, o tráfego será proibido de segunda a sexta, das 20h às 7h. Em dois anos, a prefeitura deverá apresentar um projeto de intervenção urbana no local, reorganizando o tráfego para transformar o local em um parque em tempo integral. A participação da população está garantida nesta mesma lei.

Fotos: Divulgacão / Armário Coletivo

A história do Minhocão é antiga. Criado em 1976 para desafogar o trânsito entre as zonas leste e oeste de São Paulo, o Elevado Costa e Silva, no Centro, já nasceu polêmico. Quem morava na região viu suas janelas serem tomadas por centenas de carros diariamente, assim como a degradação lenta das imediações. Décadas se passaram e um grupo de moradores se organizou para transformar o local em um parque, em mais uma ideia inspirada nos Estados Unidos. Em Nova York, uma antiga linha de trem se tornou um parque suspenso e o High Line é hoje um dos pontos turísticos mais visitados da cidade norte-americana.

Foto: Divulgação / Movimento Traços Urbanos

Fotos: Felipe Morozini

facebook.com/parqueminhocao

Foto: Samuel Schmidt

URBANISMO

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URBANISMO

Fotos: Divulgação / Caminhada Jane Jacobs

O empoderamento do cidadão diante da ocupação dos espaços públicos não é um movimento recente, é?

Caminhada Jane Jacobs Floripa facebook.com/janejacobs.walk

A urbanista e ativista social norte-americana Jane Jacobs mudou a visão sobre como devemos analisar os fenômenos urbanos – ficou conhecida por seu livro “Morte e vida das grandes cidades”, de 1961. Para ela, e nada mais atual, o cidadão não deve ser entendido apenas como consumidor passivo de um projeto de cidade imposto. Ele precisa e deve ser ouvido. Inspirado em outras ações pelo mundo, um grupo criou a Caminhada Jane Jacobs Floripa. Inicialmente, profissionais de diferentes áreas, arquitetura, direito e turismo, juntaram-se para colocar em prática a ideia. “Lancei o coletivo junto com outras quatro pessoas, mas muitas se integraram ao longo do tempo. E ele continua sempre aberto”, explica Gustavo Andrade (foto), arquiteto, urbanista e um dos fundadores do projeto catarinense. Sempre baseadas na relação do pedestre com a cidade, a Caminhada Jane Jacobs Floripa tem um objetivo específico para cada ação. Nesta entrevista ao jornalista Cristiano Santos, Andrade fala do empoderamento do cidadão, do surgimento da caminhada e de bons exemplos na cidade. 64

Eu diria que a participação ativa da população na demanda por diversos âmbitos, especificamente na cidade, não é nova, viveu ondas diferentes. Internacionalmente, nos anos 1960, na França, um conceito surgiu chamado Direito à Cidade, criado pelo sociólogo Henri Lefebvre. Nos EUA, também na mesma década, apareceu outro grupo conceitualmente diferente que defendia a participação da população tendo como personagem central a ativista Jane Jacobs. Ela defendia que a população devia ser perguntada quando fosse afetada por qualquer obra de infraestrutura, como a construção de um elevado em Greenwich Village, em Nova York, que ia destruir o bairro. Era uma decisão daqueles urbanistas que estavam no governo decidindo o futuro, voltados para os automóveis, em construir auto-estradas. A principal crítica era de que ia afetar a população no sul de Manhattan. Os moradores organizaram movimentos e impediram a obra.

E como isso ocorre hoje?

Eu diria que a partir da crise norte -americana, em 2007/2008, a arquitetura e o urbanismo se viram numa crise de identidade. A arquitetura do espetáculo, com formas muito sofisticadas, como o Museu do Amanhã, do espanhol Santiago Calatrava, no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que promove uma imagem turística da cidade, pouco tem a ver com as necessidades da cidade. Fica difícil defender, enquanto calçadas seguem malfeitas e ruas sem arborização. Nos Estados Unidos e na Europa, após este período, apareceram vários coletivos radicalmente diferentes. Com essa crise fiscal, eles não tinham mais dinheiro, os megaprojetos urbanos, com patrocínio público-privado, entraram em crise. E essa crise impulsionou movimentos horizontais, surgidos das necessidades. Muitos arquitetos já estavam nessa linha crítica. Como exemplos, um terreno baldio no qual os moradores se organizaram e criaram uma horta de agricultura urbana, um playground no bairro, os parklets, que são essas ocupações de vagas de automóvel, para ampliar um pouco o espaço público, onde ele é deficitário. São vários os dispositivos e essas pequenas intervenções reverberam no seu entorno.

Há bons exemplos na capital catarinense destes movimentos?

Em Florianópolis a reação da população aos movimentos sociais reativos urbanos, para defesa do interesse público, é antiga. Nos anos 1990, por exemplo, e pouca gente sabe, a Associação de Moradores de Coqueiros se mobilizou para transformar uma área abandonada, conhecida como Saco da Lama, em um parque, hoje um conhecido espaço do bairro. Eles arrecadaram dinheiro para promover, deram uma cara de parque. A prefeitura foi contra, na verdade, mas chegou um momento que não teve mais como impedir.

O real uso da população é muito importante para a ampliação destes movimentos...

Sim, e podemos falar do Parque da Luz, por exemplo, no Centro de Florianópolis. Eu tenho uma teoria de como melhorar aquele espaço baseada em uma proposta da Jane Jacobs. Ela conta a história de um parque em Nova York que teve um crime muito conhecido pela população, ninguém ia, ficou abandonado. O mais interessante da metodologia de intervenção é que não é baseada em obras e sim no uso, e defende que deu certo neste parque depois que um grupo de moradores começou a fazer caminhadas no local. Primeiro, um pequeno grupo, depois outro. Com o tempo, não foi preciso se organizar em grupos, de uma hora para outra o espaço passou a ser ocupado. O mais interessante desse caso foi a reabilitação.

Podemos dizer que o centro de Florianópolis passou por algo semelhante nos últimos anos?

O centro de Floripa mudou bastante, acabou tendo um movimento noturno. Tenho um discurso urbanístico que tem a ver com a mistura de funções, não se reduz a melhoria somente das calçadas, depende de uma mistura que tem habitação nos andares superiores, não só no horário comercial. É importante que não seja monofuncional, exclusivamente residencial ou comercial, separar essas funções dificulta a mobilidade do pedestre. Jane Jacobs desenvolveu o conceito chamado ‘Olhos da Rua’. Como é que a gente deixa a cidade mais segura? Violência é mensurável de maneira objetiva, medo não é a mesma coisa. As pessoas se sentem com medo no Centro de Floripa porque ele fica vazio

à noite, todos os escritórios fechados. É preciso essa movimentação em outros momentos do dia.

Como surgiu o Coletivo Caminhada Jane Jacobs?

Foi criado a partir de um grupo de amigos, de formações profissionais diferentes, em comum o gosto de caminhar pela cidade. A gente teve uma expansão muito grande por meio das mídias sociais. A partir do Facebook, a visibilidade fez com que se integrassem várias pessoas que pensavam e defendiam o interesse do pedestre e estavam dispersas. A gente quer promover o pedestre na cidade, mas indo além da melhoria das calçadas. A gente se interessa por esse modelo de cidade que é compacta, que mistura usos, nos interessa o urbanismo contemporâneo coletivo de pedestres, como transformar esses temas que estão latentes, num percurso caminhável, numa caminhada lúdico-reivindicativa, para debater um tema. Buscamos uma reflexão conjunta sobre os temas escolhidos, os problemas dos pedestres, apresentamos ideias e reverberamos.

Entre as ações, chama a atenção uma caminhada feita em homenagem à Antonieta de Barros (ela foi a primeira deputada de Santa Catarina e primeira deputada negra do Brasil). Como foi a escolha deste tema?

A Caminhada Antonieta de Barros foi muito interessante porque uniu dois temas urbanísticos: a gentrificação daquela parte do Centro de Florianópolis, o uso da escola que leva seu nome e como podemos interferir nesse processo. Outra questão foi a situação da população negra e pobre naquela região, onde historicamente, desde o século IX, se concentrava ali. O Rio da Bulha (hoje na região da Avenida Hercílio Luz) era onde se despejavam os dejetos quando Floripa não tinha saneamento básico, as pessoas não tinham esgoto, não tinham instalação sanitária em casa. Os empregados ou os escravos despejavam ali os dejetos da cidade. E era o local onde esta população morava. No começo do século, com o movimento higienista, a urbanização do rio, que foi canalizado, deixaram de se jogar os dejetos, e estes moradores foram expulsos. A gente queria fazer essa discussão, incluindo a história dessas pessoas.

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CONCURSO

Menção honrosa

5º Prêmio para Estudantes

de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina Realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU/ SC e organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Santa Catarina – IAB/SC, o concurso para estudantes é uma ferramenta que contribui para a valorização do profissional recém-formado. Além disso, traz para o debate a rotina acadêmica, propondo a conexão entre o ensino teórico e a prática profissional. A 5ª edição, realizada em 2017, teve a participação de 14 escolas 66

com a inscrição de 33 trabalhos concorrentes. O júri considerou “um conjunto coeso de trabalhos de final de curso que demonstra o bom nível dos projetos escolhidos para representar as distintas escolas do Estado”. A diversidade de temas e o comprometimento com as comunidades locais também foram ressaltados pela comissão julgadora, integrada pelos arquitetos e urbanistas Fabio Domingues Batista, Mario Arturo Figueroa Rosales e Simone Aparecida Mattedi. Anderson Buss foi o coordenador técnico do concurso que

premia os três primeiros colocados: R$ 5 mil para o primeiro; R$ 3 mil para o segundo; e R$ 2 mil para o terceiro. Nesta edição, foram contemplados cinco menções honrosas. A 6ª edição do prêmio será lançada em julho de 2018 e a divulgação dos trabalhos está prevista para novembro. Em dezembro acontece a solenidade de premiação. Acompanhe a atualização do cronograma no site do concurso: www.causc.gov.br/projetos/premiopara-estudantes

Articulações urbanas contemporâneas: palimpsesto enquanto estratégia projetual na transição pós-industrial Estudante: Bettina Luiza Santos Orientador: Stavros Wrobel Abib Instituição: Universidade do Vale do Itajaí – Univali A proposta baseia-se na transição de territórios pós-industriais em polos tecnológicos. Tal ação seria realizada, como estudo de caso, no município de Blumenau, onde foi identificado um potencial parque fabril em decadência e a ascensão de atividades voltadas a questões contemporâneas. O projeto prevê um conjunto de ações na micro e macroescala para criar

espaços de inovação e vitalidade. Em tese, é criada uma sobreposição de redes - palimpsesto - onde sobrepõese os tecidos da cidade, localizando as centralidades existentes, áreas

de expansão, de adensamento e necessidades espaciais. Dois sistemas são implantados e funcionam juntos: rede de equipamentos associada a uma rede de mobilidade integrada.

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CONCURSO

Menção honrosa

Menção honrosa

Diretrizes para revitalização urbana de Seara-SC

Habitação e direito à cidade no Alto da Caeira

Estudante: Luiza Bedin Orientadora: Adriana Diniz Baldissera Instituição: Faculdade Empresarial de Chapecó - Faem

Estudante: Umberto Violatto Sampaio Orientadora: Maria Inês Sugai Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

A cidade de Seara carece de um projeto de planejamento urbano, desenvolveu-se de modo espontâneo, crescendo de maneira desordenada. Hoje sofre com problemas de natureza ambiental, de mobilidade e de vitalidade. A cidade possui Plano

Diretor, porém os zoneamentos não geram perspectivas ou projeções para o futuro. A elaboração de diretrizes de revitalização propostas neste projeto procura amenizar os problemas, utilizando conceitos ambientais, de mobilidade e baseados,

principalmente, no conceito ‘cidade para pessoas’. A partir de pesquisas e estudos, são apresentadas as diretrizes de projeto e as relações desejadas para o cotidiano da cidade.

O trabalho propõe uma edificação de Habitação de Interesse Social, no bairro do Alto da Caeira, em Florianópolis, uma das comunidades do Maciço do Morro da Cruz demarcada como Zona Especial de Interesse Social – ZEIS. O projeto contempla 208 unidades habitacionais com 52 m² cada, enquadradas no Programa Minha

Menção honrosa

Menção honrosa

Integrando o Rio Cubatão à cidade de Santo Amaro da Imperatriz

CADI – Centro assistencial de desenvolvimento infantojuvenil Comunidade Chico Mendes

Estudante: Samara Regina De Matos Orientador: Samuel Steiner dos Santos Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Desenvolvido para o município de Santo Amaro da Imperatriz, o trabalho apresenta estratégias de urbanização para a reconciliação e conectividade entre o Rio Cubatão e a cidade, na região central. A atual ocupação caracterizada por fundos de lotes voltados para o rio, comum a diversas cidades, impede o acesso e

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Casa Minha Vida – faixa 1, destinadas ao atendimento de famílias com renda bruta mensal de R$ 1.800,00. A perspectiva adotada no trabalho é a de que moradia digna é um direito de todo cidadão e parte de um espectro mais amplo, que envolve a integração entre os moradores, a cidade e sua adequada localização urbana. Ao disponibilizar, com o acesso

à centralidade, o uso pleno dos equipamentos públicos de qualidade e o convívio entre os diferentes, pretende-se diminuir o processo que leva ao fenômeno da suburbanização e da segregação sócio espacial relacionadas à apartação social, à pobreza e à violência urbana.

pretende-se auxiliar os estudantes a tornarem-se cidadãos ativos e integrantes responsáveis do contexto onde estão inseridos. O local escolhido para a implantação deste projeto foi a Comunidade Chico Mendes, localizada às margens da Via Expressa, na área continental de Florianópolis, SC.

A edificação foi locada ao centro da Praça Monte Cristo e, além de proporcionar aos usuários as atividades educacionais, oferece à comunidade uma grande área de lazer livre com infraestrutura necessária que permeia as edificações do complexo.

Estudante: Sabrina Kamphorst Vieira Orientadora: Manuela L. Nappi Instituição: Uniesp - Faculdade Barddal de Artes Aplicadas

apropriação das áreas de preservação permanente pela população, diminuindo a sua importância social, ambiental e histórica. O projeto prevê a criação de um Parque Linear para preservar e integrar as duas margens do rio, com a criação de travessias ao longo do caminho, identificação de áreas onde a vegetação deve

ser regenerada, sugestão de equipamentos de uso público, entre outras soluções para qualificar o espaço público.

Este projeto tem por objetivo apresentar a proposta de um Centro Assistencial de Desenvolvimento Infanto-Juvenil que irá complementar o ensino regular, com propostas de atividades atrativas e educacionais para crianças e adolescentes, em período diurno, e, para escolarização e profissionalização de jovens adultos, em período noturno. Desta forma,

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CONCURSO

1ª Lugar

2ª Lugar

Abrigo emergencial temporário: Vila Itororó: reabitar a cidade Estudante: Giulia Aikawa da Silveira Andrade Professor: Rodrigo Almeida Bastos Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC A Vila Itororó é um conjunto de casas de aluguel construídas a partir do início do século XX no bairro da Bela Vista, na área central de São Paulo. É um fragmento urbano remanescente na cidade atual como ‘colagem’ de arquiteturas e memórias de diferentes épocas. O trabalho investiga a reintegração da Vila ao seu contexto não como complexo fechado, mas como continuidade do tecido urbano. A proposta é que a Vila Itororó continue a ser local de moradia por intermédio do sistema da locação social, que possibilitaria a permanência de pessoas de menor poder aquisitivo nas habitações, mesmo diante da grande pressão do mercado imobiliário. O sentido de moradia é mais amplo e abrange toda uma condição do morar que transcende a casa, suscitando debates sobre o morar coletivo, a articulação do público e do privado na cidade, o uso dos espaços compartilhados, como (re)habitar a Vila abre todo um universo de ideias sobre a cidade: a cidade plural, a cidade das fronteiras fluidas, a cidade do encontro com o outro, a cidade como construção coletiva.

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uma possibilidade para desabrigados vítimas de desastres em Santa Catarina Estudante: Luana Cristina Steffens Professor: Claudio Santos Da Silva Instituição: Católica de Santa Catarina - Centro Universitário Joinville O mundo tem sido palco de grandes desastres naturais ou provocados pelo homem cujas consequências são as mais diversas, com milhares de pessoas desabrigadas passando a viver temporariamente em locais provisórios como escolas, igrejas e ginásios. A maior discussão em torno dessa ocupação de caráter efêmero é que esses espaços não foram projetados para serem moradia. Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de proporcionar melhores condições de vida para essa população que fica à margem da sociedade, enquanto aguarda a reconstrução ou aquisição de suas habitações permanentes. A proposta contempla uma estrutura de abrigo portátil que, vinculado à manuais de montagem da habitação e de sua implantação no terreno pelas próprias vítimas, é de fácil montagem, baixo custo e com princípios de acessibilidade e sustentabilidade que possa ser implantada em locais caracterizados pelo clima subtropical úmido. Foram apresentados ainda os detalhamentos do projeto executivo, o orçamento dos custos, dois manuais com diretrizes de montagem e a implantação no terreno e uma simulação em um estudo de caso no município de Joinville. 71


CONCURSO

3ª Lugar

Arquitetura no processo pedagógico Escola rural no assentamento Eli Vive - Londrina/PR Estudante: Amanda Rodrigues Reste Professor: Américo Ishida Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC O projeto está localizado no Assentamento Eli Vive, em Londrina, no Paraná, criado em 2010 - possui 7 mil ha e abriga atualmente 540 famílias. Ainda em processo de consolidação, o assentamento enfrenta muitas dificuldades, como o acesso à educação. O projeto surge com uma forte carga social inserindo a comunidade como parte do processo. O partido foi a necessidade de replicação, reorganização, ampliação e autonomia da própria comunidade, por isso a concepção de uma arquitetura modular construída por meio do processo de autogestão. Na implantação da ‘colméia’, a natureza foi inserida como base para conectar e costurar a edificação. Os sistemas passivos aparecem de maneira a se obter o máximo de conforto térmico: o telhado inclinação e dimensões - foi projetado para que os fechamentos recebam calor nos poucos meses de inverno e no restante permaneçam sombreados. Esse telhado, desvinculado do corpo do edifício, facilita a eliminação de calor dos ambientes e a forma hexagonal potencializa a ventilação cruzada. O presente projeto, no geral, apresenta-se de forma a buscar uma união entre o contemporâneo e o local.

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+2 ARQUITETURA

Para minimizar o impacto dos pilares no meio da loja, a opção foi pintá-los na cor grafito. Junto a eles também foram colocados os terminais de atendimento. Para unir esses pilares e reforçar o eixo central foi criado um pergolado em MDF amadeirado, pendurado por peças metálicas. Uma mesa de madeira bruta com pés metálicos ambienta a área entre os pilares.

Fachada marcante remete à ideia de vinho Mais do que uma loja para a venda de vinhos, o desafio neste projeto foi criar uma arquitetura surpreendente a partir da fachada – sendo a bebida de Baco o centro das atenções em um espaço de 270m². Além de comercializar diferentes rótulos, a ideia foi possibilitar experiências aos clientes. Para isso, o endereço da Santa Adega no Centro de Florianópolis foi transformado, ganhando também um winebar e uma sala de eventos e treinamentos. Os arquitetos André

Manara e Luciana Decker, do +2 Arquitetura, assumiram o projeto de implantação da nova proposta. A começar pela fachada, tons marcantes do vinho inspiram e demarcam o cenário formado por 1.380 peças de pinus autoclavado. O desenho – modulado a partir de grelha metálica - destaca uma volumetria aparente em movimento. “Com a grelha permitimos que as peças de madeira fossem instaladas individualmente, o que

garantiu que o layout proposto fosse alcançado de forma precisa”, explicam os arquitetos. A entrada é completada por um pórtico erguido em estrutura metálica, revestido com ACM na cor preta, e madeira de demolição encerada. O interior da loja priorizou texturas amadeiradas claras e paredes de cimento queimado, um contraste leve, já que o objetivo era atrair os olhares para a exposição dos produtos dispostos em estantes junto às paredes ou em ilhas,

Fotos: Lio Simas

todas em estrutura metálica. Nas janelas laterais da edificação, que se abrem para um jardim, foram usadas cortinas em tecido na cor vinho, que emolduram a visualização de um painel fotográfico fixado no muro lateral com imagens de vinhedos. Nessa mesma parede foi projetado o lounge de recepção, com acesso ao winebar, onde os clientes podem consumir os vinhos na loja. Especialmente neste projeto foram parceiros a JN Móveis e a Escritolândia.

A +2 Arquitetura está no mercado há nove anos e atua principalmente com projetos comerciais variados. O escritório é associado tanto à AsBEA/SC quanto ao IAB/SC.

+2 ARQUITETURA www.maisdoisarquitetura.com.br contato@maisdoisarquitetura.com.br @maisdoisarquitetura Foto: Arquivo do arquiteto

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3P STUDIO O local escolhido para a intervenção determinou algumas escolhas: a edificação de 335m² distribuída em dois pavimentos já possuía na fachada e em seu interior o revestimento de tijolos cerâmicos e uma cobertura metálica curvada juntamente com toda sua estrutura aparente. Para a marca influenciou na escolha do nome - A Fábrica -, e para o projeto, o aspecto fabril trouxe as características do estilo industrial.

Coworking, lazer e conexões

O projeto foi desenvolvido a partir de quatro diretrizes: tecnologia, compartilhamento, autoatendimento e flexibilidade. Com uma visão inovadora em aliar lazer ao ambiente de trabalho, três sócios jovens, entre 26 e 28 anos, uniram-se ao escritório 3P Studio para construir A Fábrica Working Bar. O escritório, comandado pelas arquitetas Aline Pires e Natália Moneró Prates e a técnica em edificações Julia Prado, foi autor do processo de construção do conceito e consolidação da proposta arquitetônica. “Na procura de pontos para construção do bar, surgiu uma edificação com dois espaços distintos e eis que sugerimos criar um espaço de trabalho anexo ao bar. A ideia foi bem aceita e resultou no Working Bar,

a união de uma nova visão de área de trabalho junto ao lazer, criando conexões e facilitando as relações”, explicam as arquitetas responsáveis. A principal problemática a ser solucionada era como criar a dinâmica entre trabalho e lazer sem interferir negativamente na percepção dos usuários. A solução veio a partir da definição da identidade dos espaços, do layout, de estratégias espaciais e técnicas construtivas. Cada ambiente tinha sua demanda e briefing específicos. No térreo da edificação, está localizado o bar, onde o desafio era criar uma linguagem comunicativa, intuitiva e que não interferisse no uso durante o dia, já que o mesmo funciona como um café. “Nossa proposta consistiu

em adicionar e dar destaque para um grande sofá modular, mobiliário que criou uma atmosfera jovem, descontraída e mutável, capaz de se adaptar aos diversos públicos e grupos que utilizam o bar/café”, pontuam. Ainda no início da concepção deste projeto foi definido que o bar seria de autoatendimento, partido que acabou norteando o desenho da área de “descompressão” – lembra o trio do 3P Studio – dando destaque e visibilidade para a parede das chopeiras, que virou a ‘estrela’ do salão, com 12 torneiras de cerveja artesanal com manuseio intuitivo a partir de um cartão individual por cliente. No coworking, concentrado no piso superior, foi colocado em prática um

Fotos: Rafael Ribeiro

desenho racional, mantendo as salas de reunião no perímetro do ambiente, deixando o salão livre para as mesas de trabalho – que são diferenciadas em seu desenho para atender a demanda de postos fixos e postos rotativos de trabalho. A flexibilidade do espaço também permite a realização de eventos, cursos e workshops. Para execução deste trabalho as sócias contaram com a parceria das empresas Neon Plac, Marmoraria Capital, Fleme Móveis e Studio Ambientes.

Arquitetura, fotografia e gastronomia direcionam a atuação da 3P Studio, que tem dois anos no mercado e levou o primeiro lugar no Archathon, maratona nacional de arquitetura e design realizada em 2017, em Florianópolis. A empresa foca em serviços de arquitetura comercial e reforma de interiores, como também fotografia e design.

3P STUDIO www.3pstudio.arq.br contato@3pstudio.arq.br @3p.studio Foto: Julia Prado

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ADD STUDIO

Espaço integrado potencializa aprendizado Soluções criativas norteiam este projeto comercial como a estante da biblioteca feita a partir do uso de escadas de madeira e pranchas de melamina branca. As mesas executadas com tampos de MDF revestidos com lâminas de bambu, e base em tubos de ferro galvanizado. A proposta sustentável aparece ainda na utilização de tinta mineral certificada, na cor cimento.

Fotos: Pedro Caetano

Diferente dos tradicionais espaços destinados a oferecer cursos prévestibulares, este projeto encabeçado pela arquiteta Larissa Gransotto, do ADD Studio, mostra que outros formatos são possíveis. “O mais importante é o conteúdo e não a forma”, afirma. “Somos um curso de produção textual para pré-vestibular, mas com um viés extremamente criativo. Fugimos dos padrões convencionais de arquitetura de cursinho, ou seja, aquele lugar mais rígido, frio em que o aluno se sente fechado”, traduz Walter Maldonado,

professor da instituição de ensino Mais, localizada no Centro de Florianópolis, que junto à arquiteta buscou a criação de uma estrutura física inovadora. O ponto de partida para a realização deste projeto se baseia-se na integração e interatividade entre professores e alunos. Por isso, o objetivo principal foi a criação de um ambiente agradável e natural. Na concepção do espaço que soma 340m², destaque para salas de estudo e trabalho amplas, com mobilidade de usos, harmonia de

materiais e cores, simplicidade dos elementos, economia de recursos, vegetação e aproveitamento da iluminação natural propiciada pela localização do prédio, no nono andar de um edifício comercial. Por ser imóvel locado, a configuração espacial e revestimentos das principais superfícies (principalmente os pisos) não foi alterada. Apenas a recepção é mais privativa pela acústica e atendimento aos visitantes.

Sob a coordenação da arquiteta Larissa R. Gransotto, formada há 18 anos, o ADD STUDIO – que surgiu em 2013 – tem obras em diversas cidades do Estado, com destaque para a região da Grande Florianópolis, e diferentes frentes de atuação, tendo como enfoque a arquitetura de edificações.

ADD STUDIO www.addstudio.com.br larissa@addstudio.com.br @addstudioarq Foto: Pedro Caetano

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ANA PAULA RONCHI ARQUITETURA TOTAL

Volumes e brises destacam a fachada

O imóvel fica localizado em um terreno com fachada estreita, por isso, para que a obra tivesse um apelo visual, o projeto explorou o uso de painéis de vidro e volumetria na fachada, que ainda demarcam os andares.

Este empreendimento localizado em Criciúma nasceu de um pensar colaborativo, afinal são vários sócios de áreas diferentes, e que resultou no projeto coletivo desta edificação com foco na área da saúde. A arquiteta Ana Paula Ronchi teve o desafio de materializar o espaço, ajustando o arquitetônico conforme as visões e necessidades de cada cliente. O destaque do projeto é a fachada marcada por peles de vidro estruturadas em perfis de alumínio e pelo jogo de volumes, que conferem apelo visual. Brises verticais de alumínio vestiram as laterais do prédio. No interior, os ambientes traduzem funcionalidade e foram planejados para oferecer o máximo de conforto aos usuários. “Projetamos corredores mais largos, os elevadores são espaçosos para pacientes com maca, e criamos banheiros acessíveis para pessoas com deficiência”, destaca Ana Paula. A obra que abrange aproximadamente 4.200m² durou cerca de um ano para ser finalizada. A ENGENHARIA CASTANHEL e Alumitriz Fabricação de Esquadrias de Alumínio foram as marcas fornecedoras parceiras deste projeto.

Fotos: Maykol Cardoso

A arquiteta Ana Paula Ronchi, formada pela UFSC, atua há 20 anos no mercado, principalmente na região Sul de Santa Catarina. No currículo, somam-se as participações em diversos eventos importantes do setor, tais como Casa Cor SC, Casa Nova SC, e Mostra Artefacto São Paulo e Paraná. A profissional é associada à AsBEA/SC e IAB/SC.

ANA PAULA RONCHI ARQUITETURA TOTAL www.anapaularonchi.com.br escritorio@anapaularonchi.com.br @anapaularonchiarquitetura Foto: Larissa Ronchi

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ANA TREVISAN ARQUITETURA + PAISAGISMO

Neste segundo trabalho que o escritório Ana Trevisan | Arquitetura + Paisagismo realiza para o cliente, o alvo foi a reforma de um apartamento de 280m² – um homem jovem que curte tecnologia e adora cozinhar – localizado na Agronômica, na Capital. Integrar os ambientes sociais, aliando design e produtos de qualidade, e obter espaços funcionais e confortáveis para receber, foram os desejos do morador, que deu carta branca para a profissional – que contou com a parceria da arquiteta Marina Makowiecky e com a colaboração da estudante de arquitetura Aline Crestani – apresentar soluções inovadoras.

Integração estética e funcional

O interesse do cliente pelo universo das motos ganhou notoriedade na ambientação do home office, local onde ele trabalha quando está em casa. Capacetes e miniaturas receberam posição de destaque e as pistas dos grandes prêmios de moto já visitadas por ele foram adesivadas na parede.

“Tendo como pano de fundo a paisagem da avenida Beira-Mar, desenvolvemos um projeto contemporâneo, descontraído e prático, do jeito que o cliente gosta”, pontua Ana, ressaltando que a paixão por filmes e equipamentos audiovisuais condicionou uma ampla pesquisa para que o living comportasse todos os equipamentos. Tons sóbrios na paleta de cinzas e pretos imprimiram modernidade ao conjunto das áreas integradas de convívio comum. Os revestimentos auxiliam na marcação dos ambientes. O piso geométrico e as pastilhas em aço inox, por exemplo, destacam a cozinha. No hall, um pórtico em efeito cimento orienta para a chegada ao living. Paredes de tijolos dão o toque mais quente ao espaço pontuado por peças de design, com destaque para os móveis assinados por Jader Almeida, Estúdio Nada se Leva e Marcelo Ligieri. A iluminação – sob coordenação da especialista Marina Makowiecky – também foi um ponto prioritário do projeto, com soluções simples, modernas e econômicas, explorando o uso de iluminação linear e difusa, bem como a reflexão das superfícies através da iluminação indireta. Studio Ambientes, Marmoraria Capital e Ouse Iluminação foram parceiras neste projeto.

Fotos: Mariana Boro - A CASAA

Há 14 anos no mercado, Ana Trevisan é titular do escritório, que tem atuação em arquitetura de interiores e paisagismo, com projetos residenciais e comerciais. Graduada e pós -graduada pela Unisul, com especialização em Arquitetura da Paisagem. Associada à AsBEA/SC e Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap).

ANA TREVISAN ARQUITETURA + PAISAGISMO www.anatrevisan.com contato@anatrevisan.com @arqanatrevisan Foto: Mariana Boro - A CASAA

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ANNA MAYA ARQUITETURA

Padrão atemporal

Fotos: Sidney Kair

Um andar inteiro de um edifício no Centro da Capital, abrangendo 180m2, foi adquirido pelos proprietários – dois médicos dermatologistas – para a implantação desta clínica especializada em doenças da pele e estética. O projeto de interiores foi assumido pela arquiteta Anna Maya, que criou um layout dividido em três partes: recepção e brinquedoteca, consultórios e área de procedimentos. “Os clientes queriam um espaço simples, prático e atemporal, além de muito claro e leve”, pontua a profissional. Na estruturação da clínica, o hall dos

elevadores foi aproveitado no projeto e virou parte da clínica, alocando a área de recepção. Este desenho acabou dividindo as outras alas, uma para cada lado do edifício. Quase todos os espaços foram revestidos de porcelanato, exceto a sala de procedimentos, que ganhou piso vinílico hospitalar. Na ambientação, destaque para o uso do concreto aparente, misturado aos tons de verde musgo. O papel de parede geométrico em tons de cinza demarcou cada consultório – são quatro –, decorado com móveis em laca brilho na cor branca e alguns detalhes de verde.

Na sala de espera os painéis de concreto com rasgos iluminados em formato de bolas são destaque no projeto – o uso desta forma é uma característica da arquiteta. No cenário onde predomina o concreto aparente, contrastam as cadeiras estofadas com tecidos geométricos (estilo velvet) em preto e branco, o que denota um ar mais masculino. Lâmpadas de LED e sancas pontuais de luz indireta foram as escolhas para a iluminação.

Na saída do elevador, quem chega à clínica se depara com um grande painel de espelho bronze e MDF concreto. A solução, na verdade, esconde um grande armário que vai até o teto do hall, onde ficam arquivados todos os formulários da clínica.

Anna Maya é formada em Arquitetura pela Universidade Santa Úrsula (RJ) e tem especialização em História da Arte, pelo Museu Nacional de Belas Artes. Está em Florianópolis desde 1996, onde atua com projetos arquitetônicos e de interiores, e execução de obras, tanto residenciais quanto comerciais. O escritório é associado à AsBEA/SC.

ANNA MAYA ARQUITETURA www.annamaya.com.br annamaya@annamaya.arq.br @annamaya_arquitetura Foto: Sidney Kair

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ARCHDESIGN STUDIO

Casa Zimath valoriza volumes na fachada

O piso em madeira natural sucupira foi a escolha para os ambientes internos, inclusive na cozinha, onde conferem aconchego além de promover o contraste com os equipamentos em aço inox. Os pendentes formam um conjunto sobre a mesa, que tem cadeiras Aura em palha natural com design de Daniela Ferro. Fotos: Lio Simas

A premissa para este projeto foi a integração dos ambientes com grandes áreas, que possibilitasse o convívio entre a família e os convidados. A cozinha é o coração da casa, que se transforma em um espaço de festa a partir de generosas portas-janelas conectadas com o ambiente da piscina. “Seguimos um estilo de arquitetura que acreditamos e gostamos muito, com linhas retas, sobreposição de volumes e integração dos espaços, com grandes aberturas e abundância de iluminação e ventilação natural”, afirma Luiz Fernando Zanoni,

do ArchDesign Studio, que desenvolveu o projeto arquitetônico e de interiores. A Casa Zimath, que fica no bairro Santa Mônica, em Florianópolis, foi projetada para um casal jovem com dois filhos adolescentes, antigos clientes do escritório. São 512m² de área construída em alvenaria com revestimentos de pedra natural e fachada com porcelanato de grandes formatos. “Priorizamos as linhas sóbrias e aproveitamos ao máximo o posicionamento geográfico e o

entorno”, pontua o arquiteto. O projeto de interiores explora o mobiliário sob medida para organizar os espaços e conferir praticidade na rotina da casa. A Evviva Florianópolis executou os móveis fixos, além da cozinha, que tem acabamentos em lâmina pecan acetinada, portas da cristaleira em vidro refletente e puxadores discretos feitos do mesmo acabamento. Os móveis soltos, da Moad Home, seguem a linguagem atual do projeto. Os pendentes são da Santa Rita Iluminação. Os três fornecedores foram parceiros no projeto.

“Queremos fazer arquitetura pelo prazer de projetar bons projetos e influenciar positivamente a vida das pessoas.” Este é o mantra da turma do ArchDesign Studio, que busca por criações originais e que respeitem o meio ambiente. O escritório é associado à AsBEA/SC.

ARCHDESIGN STUDIO www.archdesign.arq.br escritorio@archdesign.arq.br @archdesign_studio Foto: Lio Simas

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ARTE ARQUITETURA

Materiais naturais ganharam notoriedade no projeto. O piso das suítes é em assoalho de madeira de demolição e a parede foi feita artesanalmente com as pedras retiradas do terreno. A escada plissada em concreto aparente ganhou iluminação em cada degrau.

Casa Quatro Oito abraçada pela natureza A construção do imóvel no terreno de topografia inclinada no Canto dos Araças, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, foi o maior desafio da arquiteta Márcia Barbieri na realização deste projeto. O desejo da cliente – uma mulher jovem, moderna, viajada – desde o início era uma residência que pudesse atender ao uso de um hotel com proposta diferente de atendimento. São 890m² de área construída em um terreno de 60 mil m² de natureza abundante. O entorno é sem dúvida um privilégio e abraça a arquitetura contemporânea e atemporal que valoriza a relação direta entre interior e exterior. Os terraços e a piscina com borda infinita

sobre a Lagoa fazem essa ligação. Apesar de ser um empreendimento hoteleiro, a ambientação é envolvente e faz com que o hóspede tenha a sensação de estar em casa. A estrutura marcante de concreto aliada aos detalhes metálicos é incorporada ao contexto de forma harmônica. “Foi uma obra complexa na implantação, mas muito harmoniosa na comunhão com o terreno, paisagismo e entorno”, destaca Márcia. O resultado é despojado e prima pela privacidade e exclusividade. A Casa Quatro Oito é um hotel moderno, com todas as comodidades, quatro suítes e um grande espaço de estar aberto para a natureza, com ambientação

que tem direção criativa do artista Felipe Morozini. O rigor na escolha das peças considera o vasto repertório da cliente – a amiga proprietária do local – e por isso revela um mix muito bem composto de arte e design. O projeto arquitetônico teve a parceria de Tatiana Voigdlener e Elisa Buschinelli. O mobiliário fixo é projeto de Leticia Whyte, Thiele Londero, Maria Vittoria Guinle e Débora Barcelos. O engenheiro Marvio Pereira fez toda a execução. O paisagismo é assinado pelo escritório JA8. Entre os fornecedores parceiros estão as lojas Ouse Iluminação e Portobello Shop São José. O hotel boutique Casa Quatro Oito também foi apoiador na publicação deste projeto.

Fotos: Tiago Azzi

O Arte Arquitetura fica localizado na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, desde o ano 1998, comandado por Márcia Barbieri, arquiteta graduada em 1985 pela UFRGS. O escritório é associado à AsBEA/SC desde a fundação da entidade.

ARTE ARQUITETURA www.artearquitetura.com.br artearquitetura@artearquitetura.com.br @arte_arquitetura_ Foto: Rogerio Amendola

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BLASI BAHIA ARQUITETOS ASSOCIADOS

Ao som de jazz

A proposta para criação de um jazz bar, em um shopping no Centro de Florianópolis, pedia um programa bastante específico, com layout distribuído em área de 160m². O projeto de arquitetura de interiores e a organização dos espaços ficaram sob o comando do escritório Blasi Bahia Arquitetos Associados, que desenvolve o terceiro projeto para este cliente. “Os espaços foram organizados de acordo com o uso, do público ao mais intimista”, pontua o arquiteto Bernardo Bahia. O balcão de bar e o palco – dispostos nas extremas do retângulo de 8x16m que configura o bar – são os protagonistas do local. “Criamos um grande balcão de bar para que os visitantes provem bons drinques. Mais do que isso, o projeto de mobiliário permite que as bebidas sejam montadas na frente do cliente”, destaca a arquiteta Marina Blasi. Do ponto de vista de sua espacialidade, o ambiente cosmopolita e com linguagem contemporânea é totalmente integrado e acomoda confortavelmente até 70 pessoas sentadas. A vista da baía norte foi preservada pelo grande painel de vidro que mantém forte a relação do interior com a rua, mesmo em níveis distintos. A ambientação privilegia peças de design brasileiro ressaltando uma composição que mescla diferentes tons de madeira, tecidos, cores e texturas. A iluminação intimista é um dos destaques do projeto luminotécnico do escritório, com a inserção de 90 cúpulas sobre os lounges, criando uma cena singular e que marca a personalidade do ambiente. Este projeto contou com a parceria das marcas Moad Home, Bellacatarina e SC Cortinas que desenvolveram produtos especiais para os ambientes no que se refere ao mobiliário solto e as cortinas, respectivamente. O revestimento em porcelanato amadeirado do piso ficou por conta da Portobello Shop São José.

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O piso do jazz bar é vestido com porcelanato amadeirado e as aberturas ganharam cortinas e xales em veludo conferindo um ar cenográfico ao ambiente para happy hours com boa música e drinques. O piano de cauda reina soberano voltado para o visual da beira-mar.

Fotos: Pedro Caetano

Fundada em 2012, a Blasi Bahia Arquitetos Associados tem como diretores os arquitetos Bernardo Bahia e Marina Blasi Bahia – ambos formados pela UFSC e com passagens pelas Faculdade de Arquitectura do Porto, Portugal, e Universidade Politécnica de Valência, Espanha, respectivamente. O jovem escritório, que possui em seu portifólio mais de 200 projetos residenciais, comerciais, interiores e de empreendimentos, conquistou relevância e reconhecimento com traços racionais, sóbrios e elegantes.

BLASI BAHIA ARQUITETOS ASSOCIADOS www.blasibahia.com.br contato@blasibahia.com.br @blasibahia Foto: Lolla

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BRAND|BOEING ARQUITETURA DE INTERIORES

Para receber os amigos Na adega predominam os tons escuros. As paredes livres de móveis foram revestidas com tijolinho inglês. O MDF forrou o teto, segundo as arquitetas, para criar um ar de ambiente subterrâneo, já que a mesma está localizada no subsolo da casa.

Espaços amplos e integrados, com máxima funcionalidade, para receber e confraternizar. Desta premissa partiu o projeto da residência desenvolvido pelas profissionais do escritório Brand Boeing para um casal de empresários – com dois filhos – no Centro de Palhoça. As arquitetas Cintia Brand e Marina Boeing apostaram em uma arquitetura contemporânea e atemporal, priorizando móveis com uma paleta neutra e de linhas retas. “Não houve pedido especial dos clientes, que nos deram carta branca para executar o trabalho, que teve mínima interferência”, pontuam.

O projeto ocupa um total de 550m² de área térrea, com living, jantar e gourmet marcados por pé direito duplo. No subsolo fica a adega da casa. O social é generoso formado por sala de estar com lareira integrada ao jantar, cozinha fechada, lavabo, home theater e espaço gourmet. O ambiente íntimo conta com quatro suítes. Tem ainda a área de serviço, despensa e garagem. “Na cozinha optamos por utilizar MDF neutro e destacar a bancada da pia, executada em Corian, um material durável, não poroso e atual. No living nosso ponto de partida foi o volume da

Fotos: Carlos Alexandre Hennrichs

lareira centralizada no ambiente, com revestimento 3D. Os móveis laterais foram pensados de forma simétrica, que confere equilíbrio e harmonia estética”, explicam as profissionais responsáveis. Os materiais escolhidos reforçam o mix contemporâneo no uso de revestimento marmorizado que veste as áreas sociais, tijolinhos e madeira como complementos. Mashê Marcenaria e Design, Edith Althoff Cortinas e MG Superfícies foram fornecedores parceiros deste projeto.

Fotos: Mariana Boro - A CASAA

Há dois anos no mercado da Grande Florianópolis, a Brand|Boeing atua com foco na arquitetura de interiores residencial, desenvolvendo projetos contemporâneos, funcionais e atemporais. Escritório associado ao IAB-SC.

BRAND|BOEING ARQUITETURA DE INTERIORES www.bharquitetura.com.br brandboeing.arq@hotmail.com @brand.boeing_arquitetura Foto: Thais Andriani

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CALLI ARQUITETURA

Visual privilegiado

Os dormitórios receberam papel de parede como complemento ao décor e solução para personalizar os espaços.O social é composto por três ambientes, tem fácil circulação e prioriza o convívio.

A vista para a Ponte Hercílio Luz, sem dúvida, é um privilégio na Capital e não por acaso foi explorada pelos profissionais Silvana Margarin e Rafael Caramori, da Calli Arquitetura, no projeto do primeiro apartamento decorado da Cimes Construtora, o Infinity Residence, e que será entregue em maio de 2018. Localizado no Balneário do Estreito, na área continental de Florianópolis, o imóvel de alto padrão surge para atender a crescente demanda do mercado, de pessoas que buscam conforto, comodidade e um jeito prático de morar. O imóvel de 180m² traduz este desejo ao destacar uma planta com desenho flexível, onde o morador pode organizar o layout de acordo com

as suas necessidades e preferências, potencializando desta maneira a funcionalidade de cada espaço. Neste caso, por ser um apê decorado, os arquitetos imaginaram um perfil de cliente e foi a partir daí que desenvolveram toda a ambientação. “Pensamos em um casal de empresários que gosta de arte, de viajar, de morar bem e do bem morar. Além disso, eles têm dois filhos: um jovem rapaz que curte música e uma moça que adora o universo da moda. A característica de cada um fica evidente nos espaços que compõem a área íntima”, pontua Silvana. A paleta neutra predomina nos ambientes sociais e traz mais

dinamismo e possibilidades ao espaço. Por ser um imóvel à venda, a base monocromática é mais assertiva e agrada os possíveis compradores, que podem compor o décor com objetos particulares, conferindo identidade ao projeto. O acabamento do mobiliário sob medida, da Bontempo Florianópolis, foi escolhido com cuidado para potencializar a funcionalidade dos ambientes. Já os papéis de parede, da Paula Papéis e Tecidos, outra marca parceira neste trabalho, foram usados como solução para personalizar os dormitórios, por exemplo. A Cimes Construtora também foi apoiadora da publicação deste projeto.

Fotos: Mariana Boro - A CASAA

O escritório Calli Arquitetura surgiu em 2005 e desde então atua com projetos arquitetônicos residenciais e de interiores. Tem em sua trajetória a participação em mostras de decoração. Associado à AsBEA/SC.

CALLI ARQUITETURA www.calli.com.br calli@calli.com.br @calliarquitetura Foto: Mariana Boro - A CASAA

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CHRIS LAGO ARQUITETURA

Rapidez e conforto em reforma de apê para curtir as férias

Este projeto realizado na Praia Brava, em Florianópolis, começou com uma condição colocada à arquiteta. O imóvel deveria estar pronto a tempo de a família curtir as férias a partir de novembro de 2017. O desafio foi encarado pela profissional Chris Lago, que criou e executou a reforma desta cobertura de 210m² em apenas 100 dias. Por ser um imóvel para momentos de lazer da família, a praticidade aliada ao conforto foi o partido adotado. A referência para o conceito do projeto

de interiores foi a vista voltada para o mar. Por isso, escolhas como os tons de azul e a mistura da madeira natural com o branco, além do uso de fibras resistentes ao tempo na área externa. Para manter a homogeneidade do espaço considerando as inclinações diferentes do forro, a arquiteta fez uma seleção bastante criteriosa das luminárias. “Não queria que criassem linhas divergentes”, explica. Os clientes também solicitaram que a área externa contemplasse

um espaço coberto para o café da manhã, um solarium e um estar. “Criei um pergolado de madeira natural e cobertura de vidro, e emoldurei com o paisagismo. As plantas deram o toque estético e ainda a privacidade necessária ao espaço”, pontua Chris. Os parceiros do projeto desta cobertura são a Móveis Zampiron, Empreiteira Sem Fronteiras e Ricardo Mármores.

A lareira em mármore carrara e tora de madeira natural se destaca-se na sala. No conjunto dos ambientes de convívio, o mobiliário solto de madeira de demolição compõe com a marcenaria executada em MDF. Peças em fibra natural encaixam-se no clima despojado dos espaços.

Fotos: Philippe Arruda

Christina Vasconcelos Lago formou-se em Arquitetura pela Unisinos e é pós-graduada em Arquitetura de Interiores, com especialização em Paisagismo. O escritório, associado ao IAB/SC, atua na elaboração de projetos arquitetônicos e de interiores no âmbito residencial, comercial e institucional.

CHRIS LAGO ARQUITETURA www.chrislagoarquiteta.com.br contato@chrislagoarquiteta.com.br @chrislagoarquiteta Foto: Gilberto Beck

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ES ARQUITETURA

Premissa sustentável em projeto premiado O projeto nasceu de uma entrevista diferente e muito peculiar, ressaltam os profissionais da ES Arquitetura, responsáveis por materializar o desejo dos clientes, um casal na faixa dos 50 anos. “Gostaria que a casa tivesse música, sentimento, madeira, ar, fogo, água, luz, caminho, busca. E que também fosse um ícone que representasse algo inovador.” Estas foram as palavras usadas pelos donos, ele filósofo clínico, para explicar como queriam a casa. Um grupo de arquitetos de áreas distintas deu forma ao sonho idealizado. Diego Espírito Santo fez o projeto arquitetônico, Vânia Marroni Burigo cuidou de interiores e Benedito Abbud, assinou o paisagismo. Desde a concepção o trabalho conjunto tinha como premissa a sustentabilidade, tentando provar que é possível construir de maneira racional. Por isso, a obra – realizada em uma área de 14.336m², em um condomínio residencial de Criciúma – minimizou ao máximo os impactos ambientais, transformando o objeto de morar em um exemplo de mudança de hábitos tanto na construção quanto no uso da residência. O programa de necessidades no térreo inclui garagem, suíte de serviço, biblioteca, jardim, sala de cinema, academia, banheiros, fogo de chão, piscina, sala de estar, sala de degustação, área de serviço, suítes. No subsolo estão localizados o depósito, estúdio, central de controle e energético e as cisternas, juntamente com o tratamento de esgoto e bombas. Outro destaque deste projeto foi a inovação com o uso de dióxido de titânio no concreto - know-how da Engenharia Castanhel. Ele tem como função limpar o ar, eliminando o CO2 de 12 carros por dia, segundo os arquitetos. A incidência dos raios ultravioleta em contato com as paredes de concreto da casa faz com que libere radicais livres. Estes decompõem agentes poluentes atuando como um purificador natural do ar. 102

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ES ARQUITETURA

Durante a etapa projetual, vários fatores interferiram nas decisões, como as condicionantes do entorno – onde não foi retirada nenhuma árvore. Para cumprir os princípios propostos, a ES Arquitetura buscou soluções e materiais ecoefetivos. O tratamento de água é totalmente inteligente, pois reutiliza e trata 100% do esgoto gerado.

Fotos: SLA Photostudio

O uso de elementos como água e fogo foi uma sugestão dos clientes e interpretada pelo arquiteto, que criou um fogo de chão próximo à piscina. Outro requisito: a casa deveria ser toda de concreto branco. Este projeto ficou em 1º lugar no Prêmio Saint Gobain de Arquitetura Sustentável, modalidade residencial,

2017, e destaque de sustentabilidade no mesmo prêmio. Ainda em 2017, ficou em 2.º lugar no Prêmio Mundial de Arquitetura Sustentável – Re-Thinking The Future; e Menção Honrosa no Prêmio The American Architecture Prize; em 2018 foi selecionado para o “Building of the year 18, concurso promovido pelo ArchDaily, na categoria projetos residenciais.

Foram parceiros neste projeto as empresas Benedet Home Theater, Touch Automação, ENGENHARIA CASTANHEL e MoradaEco.

ES ARQUITETURA www.esarquitetura.com.br contato@esarquitetura.com.br @esarquitetura Foto: Arquivo do arquiteto

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Com escritórios no Brasil e EUA, a equipe multidisciplinar da ES Arquitetura trabalha em sistema de cooperação, desenvolvendo de forma inteligente projetos residenciais, comerciais, industriais e corporativos, além de arquitetura de interiores e desenho de mobiliário. A ES Arquitetura preza pela sustentabilidade, escolhendo matérias primas, produtos e técnicas com menor impacto ambiental, menores custos de obra e de manutenção. Os profissionais são associados ao IAB/SC.

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ESPAÇO LIVRE ARQUITETURA

Arquitetura que respeita o entorno

Fotos: Ceos Imagens

Entre tantas ruas que contam a história de Florianópolis, a Felipe Schmidt – uma das mais tradicionais do comércio no Centro da Capital – é uma delas. Este foi também o endereço do investimento da GND Incorporadora para a construção do Place Residence, com projeto arquitetônico da fachada de Patrizia Chippari e Angela Argenta, do escritório Espaço Livre Arquitetura. O partido do projeto foram questões recorrentes de reflexão para as

arquitetas: a responsabilidade em considerar a escala do pedestre e, ainda, como a estrutura se relaciona com a calçada numa rua simbólica na cidade. “Por isso menos muros, mais transparência e mais verde. Diante de um contexto urbano cheio de informações e com pouca qualidade, optamos por projetar uma fachada de edifício harmônica e minimalista”, destaca Patrizia, que reforça a necessidade de oferecer gentilezas urbanas a partir da arquitetura.

A pedido do cliente, a fachada teve todo um cuidado especial primando por soluções com características sustentáveis. Por isso, esquadrias amplas foram usadas garantindo boa iluminação e ventilação natural. Os perfis também ampliam as possibilidades de visuais externos para o mar e o Parque da Luz. E mais: o projeto da fachada previu o uso de placas fotovoltaicas para a redução do consumo de energia.

O Espaço Livre Arquitetura tem mais de 15 anos de experiência no desenvolvimento de projetos corporativos e residenciais multifamiliares. Faz parte da AsBEA/SC desde 2013.

Soluções técnicas, funcionais e estéticas deram forma ao condomínio vertical. A obra de intervenção abrangeu 4.700m² de área construída, em rua simbólica no Centro de Florianópolis.

ESPAÇO LIVRE ARQUITETURA www.espacolivre.arq.br patrizia@espacolivre.arq.br @espacolivrearquitetura Foto: Ceos Imagens

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ESTELA CISLAGHI ARQUITETURA

Apê para jovem casal acolhe as demandas do Blank, o gato O imóvel tem 150m2 e os espaços foram criados para atender às necessidades do casal como a abertura do terceiro quarto, por exemplo, que deu lugar ao estúdio de música e um home office. Na cozinha, uma bancada lateral serve como bar além de abrigar as adegas climatizadas e uma TV embutida no vidro, soluções que atenderam o dia a dia agitado do casal.

Fotos: Mariana Boro – A CASAA

Este projeto é resultado de uma parceria bastante intensa entre os clientes – um jovem casal – e a arquiteta contratada, Estela Cislaghi. Durante quatro anos, os três trabalharam incansavelmente, lado a lado, para ver o sonho do novo lar concretizado. Era o primeiro apartamento dos noivos, que se preparavam para casar. Tudo iniciou ainda muito antes do prédio ser construído, no Centro de Florianópolis. “Começamos em 2014, quando eles contrataram o escritório para personalizar a planta do apartamento antes da construção

do edifício. O espírito jovem e descontraído do casal contribuiu muito durante todo o processo desse projeto”, explica a profissional. Arquiteta e clientes acompanharam desde o andamento da construção do edifício, a execução do apartamento de acordo com o projeto, a contratação e execução da empresa dos móveis planejados, os móveis soltos, a finalização e a decoração. Segundo Estela, foi uma parceria ímpar, que envolveu muito empenho das partes. Para se ter ideia, cada material foi

escolhido com muito cuidado, sempre em conjunto, visto que o proprietário é bem detalhista – no closet, ele participou de cada centímetro planejado e escolheu os acabamentos. E um detalhe fundamental: todos os ambientes foram preparados para acolher o Blank, o gato da família. Até os tecidos escolhidos, com tramas muito fechadas, são à prova de unhas felinas.

para criar e integrar ambientes, a exemplo da bancada em ilha, que une a cozinha com o living. Agora, o jovem casal oficializa o matrimônio com o apartamento pronto e dá início a um novo ciclo. Na execução do trabalho foram parceiras as lojas Florense e Masotti Móveis.

Estela Cislaghi tem especialização em Design de Interiores e em Light Design. Atua na realização de projetos residenciais e corporativos. O escritório é associado ao IAB/SC.

ESTELA CISLAGHI ARQUITETURA

O apartamento segue uma proposta sem excessos, reunindo elementos modernos e uma atmosfera jovial. A modificação da planta foi essencial

www.estelacislaghi.com.br arquitetura@estelacislaghi.com.br @estelacislaghiarquitetura Foto: Mariana Boro – A CASAA

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GISELLE ZANATTA ARQUITETURA

Em sintonia com o verde

A escolha dos materiais prioriza a máxima sintonia com o entorno. O térreo da fachada de acesso destaca o volume em pedra Guarujá, seguido por painel em fachada ventilada revestido de cerâmica extrafino Laminum Corten. No pavimento superior, veneziana de madeira Freijó. O forro e o deck são de madeira Cumaru e a piscina ganhou revestimento cerâmico Crystalato branco.

Fotos: Rubens Angelotti Filho

Abrigar-se em um refúgio e deslocarse do cotidiano da cidade eram as premissas para o projeto desta casa desenvolvido pelo escritório Giselle Zanatta Arquitetura. Distante três quilômetros do centro de Criciúma, uma das apostas foram as grandes aberturas. São elas que fazem a interação com o cenário verde e a luz do dia. Aliás, a preferência por materiais naturais como a pedra e a madeira auxiliou na criação de um espaço em harmonia com o entorno. “Já na entrada da residência a perspectiva que se tem da paisagem rouba ao menos um suspiro”, diz Giselle Zanatta, que neste

trabalho contou com a colaboração da arquiteta Elisandra Santos. O imóvel de 1.000m2 foi pensado para uma família de quatro pessoas – um casal de empresários com dois filhos. Assentado em um platô, a casa valoriza a paisagem do local que pode ser observada de todos os cômodos. Foi priorizada a ventilação cruzada no nível térreo da casa que tem dois pavimentos, mais o subsolo. A dimensão do terreno garantiu a locação de diversos jardins, cada um com uma característica: um de inverno, um de verão e outro para a prática de

esportes. O paisagismo foi desenvolvido pelo arquiteto paisagista Alex Hanazaki. A pedido dos donos, os jardins deveriam estar muito próximos da casa ou até dentro dela. Recortes no volume e uma grande floreira na fachada fazem este efeito, além de filtrarem a luz do sol. A proposta de interiores destaca os ambientes que favorecem o convívio como salas de estar, jantar e varanda gourmet se integram-se a partir de grandes painéis móveis. Obra realizada com padrão EZA ENGENHARIA de qualidade. Esta empresa e Pedecril Solid Surfaces, Madeiral Portas e Formus foram fornecedores parceiros.

Giselle Zanatta é arquiteta formada pela UFSC em 1988. No mercado desde então, desenvolve projetos de arquitetura residencial, comercial e de interiores. O escritório localizado em Criciúma, no Sul do Estado, conta com equipe multidisciplinar de seis profissionais.

GISELLE ZANATTA ARQUITETURA gisellezanata.arq@gmail.com @gisellezanattaarquitetura Foto: Arquivo do arquiteto

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GOBBI ARQUITETOS ASSOCIADOS

Simplicidade formal

Itacorubi, Florianópolis. Este foi o local escolhido pelos proprietários para implantação desta residência. Além do terreno acidentado, outro desafio neste projeto – assumido pelos profissionais Paulo Cezar Gobbi e Felipe de Abreu Prazeres, do Gobbi Arquitetos Associados – foram diferenças nas técnicas construtivas adotadas no exterior e no Brasil, uma vez que os proprietários estrangeiros tinham outras referências. Neste caso, o escritório foi contratado por indicação de um cliente antigo, que intermediou o contato. “Por morar fora e não ter fluência em português, o casal confiou inteiramente no nosso trabalho para gerenciar todas as tramitações legais e administrar

a obra”, destaca Paulo Gobbi. A conversa inicial entre os envolvidos já foi bastante produtiva. O cliente lançou uma ideia de como imaginara a casa e foi suficiente, segundo os arquitetos, para a definição do estilo a ser adotado e verificar o que era importante para os proprietários. Nos 300m² de área construída, o programa de necessidades foi distribuído em dois pavimentos, quatro quartos e um escritório no andar superior. No térreo, cozinha, área de serviço, varanda e piscina. O projeto priorizou a simplicidade formal, com volumes puros, a forte relação entre espaços internos e externos e o contraste natural entre os materiais.

A madeira na fachada e no assoalho, por exemplo, mistura-se ao cimento queimado de maneira harmônica. No térreo, os ambientes sociais são abertos e encontram-se nivelados com a área da piscina. Por ter uma vista privilegiada, a residência explora ao máximo as aberturas generosas com esquadrias de vidro duplo. Nos fundos da casa, o andar superior se liga ao terreno por meio de uma passarela. Os fornecedores parceiros são Portobello Shop São José, Lohn Esquadrias, Escadas Munarim, Mademeyer Madeiras e João Melo da Construarte.

Nortearam este projeto a volumetria pura e a forte relação entre espaços internos e externos, explorando ao máximo a paisagem do entorno. Fotos: Gobbi Arquitetos Associados

A empresa Gobbi Arquitetos Associados é derivada da Mendes Gobbi Arquitetura, fundada em 1980 pelos arquitetos Maria Lúcia Mendes Gobbi e Paulo Cezar Gobbi. Desde 2010, Paulo tem parceria com o arquiteto Felipe de Abreu Prazeres. Ambos atuam principalmente nas áreas de arquitetura residencial, hoteleira, comercial, interiores e administração de obras. O escritório é associado à AsBEA/SC.

GOBBI ARQUITETOS ASSOCIADOS www.gobbiarquitetos.com.br arquitetura@gobbiarquitetos.com.br @gobbiarquitetos Foto: Gobbi Arquitetos Associados

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IDEIN IDEIA + DESENVOLVIMENTO ARQUITETURA

O desenho da mobília sob medida atende a funcionalidade sem excessos do espaço e organiza as demandas da clínica. Acabamento amadeirado em contraste com o branco dos móveis e revestimento do piso permeiam todos os ambientes conferindo unidade ao projeto.

Sem excessos... Um olhar sobre a arquitetura e a beleza! A cirurgia plástica sempre foi, no campo da medicina, a disciplina dedicada a tratar da beleza e do bem-estar pessoal. Mas, no olhar contemporâneo, o que realmente é a beleza? A busca cada vez maior pela ‘essência’ de cada um fez o cenário da cirurgia plástica procurar um outro viés, um outro posicionamento frente ao debate dos dias atuais. Ao invés de corrigir ou atenuar possíveis ‘imperfeições’, por que não destacar e 114

enaltecer as ‘perfeições’ de cada um? Neste contexto, foi uma grata experiência desenvolver o projeto de uma clínica de cirurgia plástica para três cirurgiões – Dr. Arthur Koerich D’Ávila, Dr. Leonello Ellera Bocchese e Dr. Daniel Volpato –, conectados com o seu tempo e dedicados a prestar um atendimento de excelência, sem excessos e focados no sucesso das expectativas dos seus clientes.

O mantra do “fazer o necessário com muito cuidado e perfeição” permeou todas as decisões, desde o estudo inicial até a entrega. O projeto para uma área de 110,00m² contou com a colaboração da arquiteta Juliane Furst. Foram parceiros neste projeto a Bontempo Florianópolis, Infinita Surfaces e Mais de Ambientes.

Fotos: Rudimar Razador

A IDEIN ideia + desenvolvimento arquitetura, com sede em Florianópolis, atua na área de arquitetura com excelência na concepção e desenvolvimento de espaços, que, na metodologia de trabalho aplicada nos projetos, são entendidos como a extensão funcional e visual das necessidades, possibilidades/ objetivos, filosofia e requisitos de imagem do cliente.

IDEIN IDEIA + DESENVOLVIMENTO ARQUITETURA www.idein.com.br contato@idein.com.br @idein Foto: Andre Moecke

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JA8 ARQUITETURA E PAISAGEM

Gentileza urbana

Criar um espaço convidativo para que as pessoas possam vivenciar uma experiência única durante o passeio no mais novo centro de compras de Florianópolis. Em resumo, o desejo do empreendedor era o de humanizar as áreas comuns do shopping, que recentemente abriu as portas no sul da ilha, para mais do que receber, oferecer um espaço agradável e que pudesse abraçar os visitantes. Para isso, o cliente procurou o JA8 Arquitetura e Paisagem com a intenção de valorizar a edificação a partir do projeto paisagístico. O escritório também realizou definições arquitetônicas e a ambientação do empreendimento. “Este tipo de trabalho está muito alinhado com a prática de nosso escritório, afinal trabalhamos com lugares para as pessoas, a partir dos conceitos de

gentileza e acolhimento”, ressalta a arquiteta paisagista Juliana Castro. Antes de colocar em prática qualquer ideia, foi proposto um encontro criativo com todos os envolvidos, de lojistas e parceiros a pessoas da comunidade do entorno, para que se conhecessem a fundo as expectativas de quem realmente iria usufruir do local. A partir do trabalho de conexão e cocriação se chegou-se ao resultado deste espaço de convivência, que reúne em 3.500m² de área conforto, natureza e arte. Vegetação, mobiliário, espaços para grafite, palco para apresentações e uma minibiblioteca comunitária fazem parte do layout desenvolvido pela equipe do escritório, que conta ainda com Clarice Castro Wolowski, Aline Buss, Camila

Pianezzer e Carlos Correa. O paisagismo é bem tropical, com plantas da Mata Atlântica, árvores frutíferas e floríferas para atrair os pássaros. O mobiliário escolhido prima pelo conforto e design contemporâneo. Destaque para as peças com tramas de corda náutica, material que combina com a característica insular da cidade. A iluminação é flexível e ao mesmo tempo intimista.

Uma estrutura de madeira e aço dá forma aos pergolados que cobrem parcialmente as áreas de estar no mall central do shopping, garantindo conforto e abrigo sem o bloqueio total dos raios de sol por conta do ripado de madeira. O aço traz a robustez necessária para vencer o vão entre os dois edifícios.

“Cada um dos elementos previstos busca uma conexão com a essência da cidade e do bairro. Esperamos que a comunidade interna e externa se aproprie dos espaços”, reforça Juliana. Santa Rita Iluminação, Bellacatarina e Teto Vivo foram fornecedores parceiros deste projeto.

JA8 ARQUITETURA E PAISAGEM www.ja8.com.br contato@ja8.com.br @ja8_arquiteturaepaisagem

Fotos: Mariana Boro – A CASAA

Há 18 anos no mercado, o JA8 é referência na área de projetos de paisagismo residenciais, comerciais, imobiliários, na revitalização de espaços públicos e desenho urbano. O escritório de arquitetura - associado da AsBEA/SC - trabalha com o espaço livre, com a paisagem, seja ela pública ou privada.

Foto: Cremacollab

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JEFERSON ALÉSSIO ARQUITETURA

Edifício se destaca na paisagem do centro de Criciúma Um dos maiores desafios da obra do Edifício Metropolitan Business Center na área central de Criciúma, sem dúvida, foi lidar com a mobilidade no entorno do novo centro empresarial. Para fazer um estudo, organizar a circulação de pedestres e veículos e então projetar a edificação foi chamado o arquiteto Jeferson Aléssio. “Iniciamos pensando nos acessos, criamos três diferentes entradas e desta maneira foi possível distribuir os fluxos, de acordo com a vocação de cada via onde o edifício seria inserido”, explica.

A torre elíptica tem funções estética e construtiva. O formato auxilia na ventilação e iluminação natural, isso porque com a retirada das arestas, mais salas são beneficiadas com sol e brisas. O desenho é marcante, por isso a opção em ser toda branca com elementos recuados na cor preta. Alguns pontos foram revestidos de ACM vermelho estrategicamente para ressaltar detalhes da arquitetura.

Uma das entradas – a da Coronel Pedro Benedet, uma rua-corredor movimentada – privilegia os pedestres. Não por menos, o acesso recebeu um tratamento especial na escala das pessoas. O desenho de uma praça e a inserção de árvore e vegetação relaciona a edificação com o espaço público e, ainda, funcionando como um espaço de descompressão ou mesmo contemplação para quem passa pelo local diariamente. Já o acesso de veículos é feito pela Rua Hercílio Luz, que leva a dois subsolos com capacidade para 200 veículos no sistema rotativo. Aliás, segundo Aléssio, um grande ganho para a região, onde as vagas de estacionamento são raras. O acesso de pedestres nesta entrada é feito pelo mall, que liga as três ruas (as duas já citadas, mais a Santo Antônio) e está distribuído em dois andares, com 55 lojas variadas e conectadas visualmente por um átrio central. No andar superior, é possível fazer uma pausa na praça de alimentação enquanto se observa o entorno. O edifício é caracterizado por uma torre com 196 salas aéreas e, sobre ela, há um heliponto. São ao todo 33.551,18m². Além do próprio Metropolitan Business Center, também foram parceiros neste projeto a AGASERV e Reino Vegetal Paisagismo.

Fotos: ManuTiscoski PhotoArq

Jeferson Aléssio é formado na UFSC, em 1987. O escritório trabalha com projetos comerciais, corporativos, residenciais, industriais, construtoras incorporadoras e urbanismo.

JEFERSON ALÉSSIO ARQUITETURA projetos@jefersonalessio.arq.br @jef.alessio Foto: ManuTiscoski PhotoArq

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JOÃO RIETH O casal tem dois filhos: uma jovem universitária, que mora no exterior, e um adolescente que mora com eles em Criciúma. O quarto dele foi pensado nos mínimos detalhes. Os painéis adesivados sobre os vidros destacam o conceito abordado e revelam a paixão do filho por aeromodelismo.

Reforma integra, amplia e traz identidade ao apê O casal de proprietários deste apartamento localizado na cidade de Criciúma já conhecia o trabalho do arquiteto João Rieth, que no passado fez a reforma da clínica odontológica da família. Desta vez, o projeto de atualização da residência de 220m² contemplava algumas solicitações: a integração dos espaços sociais com a eliminação da sacada e ampliação dos ambientes. Detalhe: o desafio era reduzir as intervenções na construção existente. A finalidade, ainda, era aumentar a incidência da luz solar, uma vez que os

clientes vinham de uma experiência traumática: a quase ausência de iluminação natural na moradia anterior. “A solução foi explorar ao máximo as possibilidades de criar espaços amplos e sem barreiras físicas, com o total aproveitamento da iluminação”, pontua o arquiteto. O rebaixo do gesso teve um papel importante na unificação dos espaços e permitiu o uso da iluminação indireta e embutida. O projeto de interiores apostou numa base totalmente neutra nos revestimentos e acabamentos,

Fotos: SLA Photostudio

mobiliário fixo e solto, e explorou a paleta de cores contrastantes para dar um toque mais descontraído aos ambientes integrados. O destaque fica por conta do quarto temático que valoriza o hobby do adolescente. Rieth contou com a colaboração de Gabriel Goulart e Yajaira Fernández na execução deste projeto e a parceria dos fornecedores: Empório Artemag, Móveis de Luca, GR Gesso e Vidraçaria Vitrol.

O escritório Projetos & Produtos Arquitetura e Design foi criado em 1999 pelo arquiteto João Luís Rieth, graduado na Unisinos (RS). Rieth, que também é mestre em Design pelo Instituto Europeu de Design de Milão, foi integrante do LBDI de Florianópolis e designer do Studio Gamma Due na Itália. Hoje, dirige o próprio escritório, que atua nas áreas de Arquitetura, Design de Produtos, Design de Interiores, Marketing de Produtos, Artesanato e faz consultoria em empresas para o lançamento de novos produtos.

JOÃO RIETH www.joaorietharquiteto.com.br rietharq@terra.com.br @rietharq Foto: Mayra Lima

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JOBIM CARLEVARO ARQUITETOS

A solução arquitetônica confere iluminação e ventilação naturais e visuais privilegiadas a todos os ambientes da residência, com destaque para a suíte do casal. A concepção do projeto reúne características marcantes pelo uso de materiais naturais, como o concreto aparente executado em forma de ripas, pérgola de aço, brises de alumínio.

Arquitetura integrada à paisagem Pelas redes sociais. Foi assim que os clientes deste projeto realizado na Praia de Estaleiro, em Balneário Camboriú, encontraram o escritório Jobim Carlevaro. O casal de empresários na faixa dos 50 anos com três filhos contratou os profissionais da empresa com sede em Florianópolis para a construção da casa da família. Alguns pedidos especiais: a residência deveria ter uma arquitetura de tons claros e máxima conexão visual com o mar. A solicitação norteou o projeto que se integra à beleza natural do entorno,

conectando ambientes internos e externos a partir do living com pé -direito duplo, que criou transparência e possibilitou a integração com a paisagem. O espaço une o pavimento social com a circulação do pavimento superior em mezanino, que leva às quatro suítes privativas. “A estratégia da organização interna permite o funcionamento dos espaços de forma integrada para as áreas sociais e de forma reservada para as áreas íntimas. Os dormitórios de hóspedes – quatro demi-suítes – possuem espaços privativos ajardinados, com iluminação

e ventilação naturais, ao mesmo tempo que estão separados das áreas técnicas e de serviço, no mesmo pavimento de jardim em meio nível”, explicam Marcos Jobim, Paola e Silvana Carlevaro, arquitetos responsáveis pelo projeto e execução da obra. O trabalho contou ainda com a parceria de outros profissionais: Isabela Wanzo que fez interiores, Allume Iluminação cuidou da luminotécnica e a JA8 Arquitetura e Paisagem do paisagismo. Entre os fornecedores destaque para as esquadrias da Weiku do Brasil.

Fotos: James Passos, deehouse design

Com mais de 13 anos de experiência, o escritório Jobim Carlevaro Arquitetos tem atuação direcionada ao desenvolvimento de projetos comprometidos com a eficiência construtiva e energética dos edifícios em qualquer escala. A equipe já conquistou vários prêmios entre eles, em 2016, o AsBEA/SC de Arquitetura na categoria Projetos de Residências, com uma casa projetada em Cacupé, na Capital. O escritório é associado à AsBEA e ao IAB/SC.

JOBIM CARLEVARO ARQUITETOS www.jobimcarlevaro.com.br info@jobimcarlevaro.com.br @jobim_carlevaro_arquitetos Foto: Rô Reitz

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JULIANA PIPPI ARQUITETURA DESIGN

Um dos desafios do projeto era resolver a entrada do imóvel, já que não havia um hall. A solução foi criar algo diferente que marcasse a recepção. Por isso, a chegada ganhou painéis decorativos em metacrilato nude e ripado de bambu. E mais: para atender à solicitação do cliente que gostaria de acomodar até oito pessoas na mesa de jantar, optou-se pelo uso de uma mesa redonda.

Décor traduz lifestyle discreto do morador

Fotos: Marco Antonio

O estilo de vida despretensioso e discreto do dono, um jovem empresário de 33 anos que atua na área da navegação, norteou a reforma deste imóvel que fica de frente para a praia do Santinho, em Florianópolis. A intervenção comandada pela arquiteta Juliana Pippi abrangeu 81 dos 200m² de área do apartamento. O projeto foi focado na sala de jantar e estar, varanda, cozinha com lavanderia e lavabo. “Trocamos o piso original pelo porcelanato 1,20x1,20m em tom de nude claro. Fizemos o projeto luminotécnico, áudio e vídeo, climatização e gesso. Além disso, reformamos totalmente o lavabo e

a sacada. Deslocamos alguns pontos na cozinha e trocamos todos os revestimentos. A elétrica foi totalmente renovada”, pontua a profissional. A proximidade com o mar inspirou o conceito da ambientação, que destacou o azul e os tons de areia da praia e desta forma se obteve o equilíbrio das tonalidades, um pedido do proprietário. O azul acinzentado é a cor predominante, pontuado por outras nuances da mesma cor, que aparecem nos detalhes decorativos. Na marcenaria, sobressai a lâmina de bambu, um material ecológico aparente, por exemplo, no teto do banheiro, na

bancada da cozinha, e nos painéis e teto ripado da entrada que configura o hall. O projeto da cozinha integrada soluciona funcionalmente o espaço, já que o morador queria uma ilha de serviços virada para o estar e para o visual externo. A lavanderia anexa foi camuflada. A solução foi o desenho de uma marcenaria clean e contínua para os dois ambientes. A sacada em forma de L é uma extensão do living e acomoda mesa de apoio para a churrasqueira, lounge para contemplar o mar e receber amigos, e um jardim. A Studio Ambientes foi parceira neste projeto.

À frente do escritório desde 2000, a arquiteta Juliana Pippi coleciona alguns títulos de referência no segmento, nacionais e internacionais. Os últimos foram em 2017, quando conquistou mais um A`Design Award e ainda o prêmio Casa Claudia, na categoria décor Casas de Praia. O escritório é associado ao IAB/SC.

JULIANA PIPPI ARQUITETURA DESIGN www.julianapippi.com adm@julianapippi.com @julianapippi Foto: Mariana Boro – A CASAA

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MARCELO SALUM

O mar que inspira

O cenário proposto aqui foi pensado para um ambiente dentro da CasaCor SC 2017, realizada em Florianópolis, em um casarão centenário no centro, e que no passado abrigou o antigo Asylo de Orphãs São Vicente. Assinado pelo arquiteto Marcelo Salum, o espaço de 90m² – intitulado Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim – retrata uma sala de estar e jantar. No projeto o profissional apostou como principal tendência o Wabi-Sabi, filosofia e estética japonesas que valorizam a transitoriedade e a beleza das coisas imperfeitas.

O sofá que convida ao encontro foi projetado por Salum em parceria com o arquiteto Frederico Cruz em forma circular. A mesa para 12 pessoas atende as refeições, estudos e trabalhos. Destaque para as peças do designer Jader Almeida e do clássico Sérgio Rodrigues, e para as obras de Clara Fernandes, Nestor Jr., Juliano Aguiar e Luciana Petrelli.

Tendo como inspiração a ideia de um casal com um filho pequeno, que possui uma forte ligação com o oceano e gosta de receber, o espaço abraça grupos para saraus, estudos e jantares em casa com layout acolhedor e de maneira funcional. Com paredes repletas de obras de arte, um dos cantos abriga duas estantes, uma para plantas e livros, e uma com módulos para uma pequena coleção de faianças. Piso, forro e superfícies do ambiente foram mantidos e restaurados, tendo a pintura antiga revelada e as camadas de tintas de outras épocas trazidas à tona, criando alusão ao passado do casarão e reforçando o conceito Wabi-Sabi adotado. A luz natural é o grande destaque por conta dos janelões presentes no ambiente, garantindo claridade e ventilação. Este trabalho para a exposição teve entre as empresas parceiras Santa Luzia e Paula Papéis e Tecidos. 126

Fotos: Mariana Boro – A CASAA

MARCELO SALUM www.marcelosalum.com.br contato@marcelosalum.com.br @marcelosalum Foto: Mariana Boro – A CASAA

Marcelo Salum é formado pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e dedica-se ao mercado de arquitetura e interiores há mais de 15 anos. Sua trajetória é marcada pelas participações em mostras de decoração como a Black e a CasaCor SC - com este espaço foi premiado na categoria Ambiente Conceito na edição 2017 da CasaCor SC. Também arrematou dois troféus Prata no Concurso Técnico Compasso de Ouro 2017 do Núcleo Catarinense de Decoração, nas categorias comercial e cozinha. O escritório é associado à AsBEA/SC.

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MARCHETTIBONETTI+ ARQUITETOS ASSOCIADOS

Na área externa o gazebo ganhou estrutura metálica, pergolado de madeira e fundos de cobogós, que além de protegerem a área de descanso, imprimem um charme todo especial ao canto do lazer e descanso, junto ao deck e piscina.

Uma casa para os novos tempos O único filho casou, saiu de casa, e este foi o grande motivo para que o casal dono deste imóvel repensasse a forma de morar. Na faixa dos 50 anos, os dois desejavam uma casa nova, mais adaptada à esta fase de vida atual do casal. Para repaginar o apartamento no Centro de Florianópolis foram chamados os arquitetos Giovani Bonetti, antigo amigo de colégio, e Taís Marchetti Bonetti. O escritório já foi responsável pela execução de outros projetos anteriores da mesma família. Trata-se de uma cobertura havia a premissa de que os novos elementos a serem construídos respeitassem as linhas do projeto arquitetônico do edifício. A vista para a Baía Norte da Beira-Mar também deveria ser explorada. Os 345m² de área foram

divididos em dois pavimentos. A parte de baixo, a pedido do cliente, acomoda apenas a parte íntima. “Com isso tivemos que transformar quatro suítes em uma única, buscando soluções para esconder mochetas hidráulicas dentro de armários”, diz Giovani. Na parte superior, por sua vez, fica a área social composta por sala, cozinha e uma ampla área externa que traz grande charme à cobertura, com deck que envolve a residência, piscina e gazebo. Na composição do conjunto, as referências foram pautadas no uso de materiais naturais e atemporais. Para as mobílias de marcenaria utilizou-se a madeira carvalho natural americano, e para o piso aplicou-se madeira cumarú e mármore travertino. A escolha no uso de paletas em tons de madeira e de

cinza tiveram a premissa de promover ambientes mais amplos e fluidos. “Pode-se dizer que os maiores diferenciais desse projeto foram a busca por inovação, novos materiais e automação”, reforça Tais Bonetti. “A busca por materiais de alta resistência e durabilidade para o deck nos levou a aplicação de um produto composto de fibras de polímero e madeira, apresentando desempenho superior a experiências anteriores”, complementa a arquiteta. Outro grande diferencial do projeto foram as soluções de tecnologia, responsável por controle e automação da residência. O projeto contou com a parceria da Lumensul, Ouse Iluminação e Timbertech Sul.

Fotos: Rô Reitz

A empresa MarchettiBonetti+ Arquitetos Associados atua no mercado desde 1994 nas áreas de arquitetura residencial e comercial, de interiores e também na execução de obras. Neste trabalho especificamente fizeram parte Camila Delvaz, Caroline Amorim, Carolina Lima, Maiara Perozzo, Rudiana Mendes, que integram a equipe. O escritório é associado à AsBEA e ao IAB de Santa Catarina.

MARCHETTIBONETTI+ ARQUITETOS ASSOCIADOS www.marchettibonetti.com.br publicacoes@marchettibonetti.com.br @marchettibonetti Foto: Mariana Boro - A CASAA

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MARCOS SÔNEGO ARQUITETURA

Cobertura metálica conecta volumes

A construção da casa priorizou itens sustentáveis como a seleção de materiais – a exemplo da laje impermeabilizada, coberta com vermiculita, a telha termoacústica, e as soluções arquitetônicas como a redução do consumo de energia. A instalação de placas fotovoltaicas tem a capacidade de produzir grande parte da energia consumida no dia a dia.

A residência de 650m² repousa na parte mais alta do terreno, prioriza a integração absoluta dos ambientes além de abrir-se para a paisagem. Localizada em um condomínio onde o verde do entorno é protagonista, o projeto do arquiteto Marcos Sônego com participação da arquiteta Brunna Canto, na parte de interiores, atende os proprietários, um casal jovem com filhos, que gosta de receber amigos e familiares para encontros informais. O terreno mais alto em relação à rua permitiu distribuir o desenho do imóvel de forma mais horizontal, fluida. “Com isso tivemos um aproveitamento maior dos recursos naturais como ventilação e insolação, além de uma comunicação maior entre interior e exterior”, ressalta o arquiteto. Volumetricamente, a estrutura é formada por dois blocos horizontais, perpendiculares entre si, interligados por uma cobertura metálica que repousa sobre eles formando um grande T. Os ambientes foram distribuídos entre o bloco da esquerda, onde ficam churrasqueira, cozinha, serviços e garagem, e no bloco da direita, os dormitórios. O vão formado pela cobertura metálica abriga jantar e estar. O deck e a ampla varanda fazem a conexão entre estes três elementos. A acessibilidade plana é um dos pontos de destaque do projeto. Apesar de a residência estar em uma área mais alta, ela é totalmente térrea, sem degraus que impeçam a livre circulação pelo interior da casa. O sistema construtivo adotado foi o convencional, de paredes rebocadas e laje pré-moldada, com exceção da grande cobertura metálica, que foge do padrão tradicional. Os acabamentos de fachada ressaltam a madeira freijó que vestem venezianas, brises e pergolado. As esquadrias são de alumínio preto. Placas cerâmicas em grandes formatos revestem algumas paredes. Esta obra tem padrão de qualidade AUDAX Construções, que foi parceira neste projeto com Globo Portas e Reino Vegetal Paisagismo.

Fotos: SLA Photostudio

O escritório Marcos Sônego Arquitetura atua em Criciúma e região há 30 anos desenvolvendo projetos arquitetônicos, de interiores, de paisagismo, comerciais e corporativos.

MARCOS SÔNEGO ARQUITETURA www.marcossonego.com.br arquitetura@marcossonego.com.br @marcossonegoarquitetura Foto: Jackson B. Rodriguez

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MARIA ELISE LUZ E SAMANTA CAMPOS ARQUITETAS

Conforto e atratividade nas áreas comuns As arquitetas Maria Elise Luz e Samanta Campos foram as responsáveis pelo projeto de interiores do mall do Metropolitan Business Center, no Centro de Criciúma. Para a ambientação da área comum de circulação que envolve recepção, estares, praça de alimentação, banheiros públicos e fraldário levaram em conta a própria arquitetura do empreendimento, que é composto por 55 lojas. “Partindo da linguagem contemporânea do desenho arquitetônico, criamos espaços internos confortáveis e dinâmicos, para que o usuário entre, sinta-se à vontade e assim permaneça por mais tempo”, 132

pontuam. A intervenção realizada neste projeto de interior comercial foi em uma área de 1.073m². Na praça de alimentação a relação do espaço externo e interno é evidente por meio da pele de vidro na fachada do edifício. No projeto de interior a proposta foi dar continuidade ao espaço público externo da praça e por isso a utilização de muita vegetação. Grades metálicas pendentes sustentam todo o verde permanente que se une a floreiras com plantas naturais. O mobiliário integrase à paisagem de forma harmônica e fluida, destacando a combinação de

Fotos: SLA Photostudio

mesas, cadeiras e bancos estofados próprios para o ambiente coletivo. Na recepção corporativa o volume dos elevadores revestido, em espelho fumê, reflete o amplo balcão de atendimento em madeira natural freijó com revestimento marmorizado branco. Foram dois anos de projeto iniciado pela paginação e escolha dos revestimentos para os ambientes e posteriormente a seleção do mobiliário. Destaque para os seguintes fornecedores parceiros: Marmorart, Caderode Mobiliário Corporativo e Garbe Indústria.

Os banheiros públicos ganharam uma composição clássica. A base de revestimentos é o porcelanato marmorizado com detalhes na cor bronze. A bancada em granito preto tem cubas esculpidas. Os móveis de MDF amadeirado completam o espaço.

As arquitetas Maria Elise e Samantha Campos são sócias desde 2011. Maria formou-se em 2002 pela UFRGS e Samanta pela Unesc há sete anos. Elas atuam na área de arquitetura e interiores, com destaque para projetos comerciais e residenciais unifamiliares. Também desenvolvem trabalhos na área de urbanismo com projetos de loteamento residencial.

MARIA ELISE LUZ E SAMANTA CAMPOS ARQUITETAS mariaeliseluz@gmail.com arqsacampos@gmail.com @m.s.arquitetas Foto: Mila Pizzoni

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MARIANA PESCA ARQUITETURA Os painéis que vestem as paredes da sala têm desenho das profissionais. Um deles recebe a TV e o outro emoldura o sofá. Feitos de lâmina natural pau-ferro com verniz alto brilho que destacam os veios da madeira na diagonal. Em laca cinza fosca, outros painéis complementam a ambientação e camuflam a porta de acesso aos dormitórios e ao novo lavabo.

Integração: expressão do morar contemporâneo

Fotos: Lio Simas

Integrar os ambientes sociais é uma expressão do estilo de morar contemporâneo, que prioriza o convívio entre as pessoas. Esta foi a principal solicitação do casal de empresários na faixa dos 50 anos e com filhos casados. “Eles queriam poder cozinhar interagindo com quem estivesse na sala, ter bem à mão um apoio de bar, uma mesa de jantar para acomodar a família inteira e um lounge próximo da janela com vista para o mar. Os desejos foram todos atendidos”, ressalta Mariana Pesca, que assina o projeto

com as arquitetas de seu escritório Elise Lacerda e Ivana Bernart. Localizado em Jurerê Internacional, em Florianópolis, o imóvel passou por uma intervenção nos 140m² de área, mas o social – projeto apresentado aqui no Anuário ArqSC, abrangeu 60m². Fugindo do padrão comum dos tons de azul e areia tão característicos dos imóveis de praia, neste a proposta é sofisticada e compõe paleta sóbria de cinza, revestimento em madeira e foco de luz na mobília. Na planta original, a

cozinha ficava isolada e para integrá-la foi necessário deslocar o lavabo para promover a conexão com a área de convívio social da família. Por conta disso, a organização de cada ítem foi fundamental além do acabamento em sintonia com o restante dos ambientes. Os móveis têm uma pegada retrô, com portas camufladas por painéis, lâmina de madeira natural e pedra industrializada que remete ao calacata. Evviva Florianópolis, Móveis Arno e Marmoraria Capital participaram deste projeto como fornecedores parceiros.

MARIANA PESCA ARQUITETURA www.marianapesca.com.br contato@marianapesca.com.br @marianapescaarquitetura Foto: Mariana Boro - A CASAA

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Há 14 anos o Mariana Pesca Arquitetura atua na Grande Florianópolis desenvolvendo projetos arquitetônicos e de interiores nas áreas residenciais, comerciais e institucionais. A titular é a arquiteta Mariana Pesca, que tem ainda especialização em design de interiores e iluminação. Recentemente a profissional abriu seu escritório para receber sócios de serviço e inicia essa nova fase com as arquitetas Elise Lacerda e Ivana Bernart, ambas formadas pela UFSC. O escritório é associado à AsBEA/SC.

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MARINA PAULO ARQUITETURA & INTERIORES A madeira natural de louro freijó, presente nos forros ripados e na adega, aquece e cria aproximação entre a escala da arquitetura e do homem. Destaque ainda para a estante e paredes revestidas com painéis em laca branca e volume em mármore. No quarto, conforto do revestimento em linho e sobreposição com cabeceira estofada em camurça.

Reforma atualiza a linguagem do imóvel

Desde o primeiro momento, o cliente sabia muito bem o que queria, o que tornou o processo de retrofit do imóvel muito fácil e fluido. A arquiteta Marina Paulo, por indicação de um amigo em comum, foi quem materializou o desejo do jovem empresário da área de tecnologia. Ele sonhava com a primeira grande residência e esta deveria ser pensada com espaços para receber a futura família. O endereço é Jurerê Internacional, na Capital e, a pedido, a intervenção – realizada em uma área de 300m² – ainda priorizou áreas específicas para festas. Por isso, a existência de duas cozinhas: uma para o dia a dia e outra gourmet,

integrada à piscina, que também foi repaginada e agora é de concreto. Foram vários os desafios como conta Marina: “Quando iniciamos as demolições, descobrimos vigas por toda a casa e estruturas em risco, o que fez com que criássemos alguns fechamentos de painéis para esconder tubulações de automação, elétrica e reforço de vigas e lajes para suportar as novas cargas propostas”, explica. A arquiteta contou com a colaboração de quatro engenheiros. Segundo ela, cada um ficou responsável por uma parte: projetos, obra civil, infraestrutura e acabamentos.

Fotos: Pedro Caetano

A linguagem antes “americanizada”, como de muitos imóveis da região, foi alterada para dar lugar a uma casa contemporânea, funcional e, como diz a arquiteta, sem frescuras e nem ambientes sem uso. Práticos, os novos espaços foram criados para serem aproveitados ao máximo. Evviva Florianópolis e SC Mármores foram fornecedores parceiros neste projeto assinado por Marina. A profissional contou ainda com a colaboração do estudante de arquitetura Stefan Maier e do acadêmico de engenharia civil Carlos Henrique Collaço Paulo Filho.

MARINA PAULO ARQUITETURA & INTERIORES www.marinapaulo.com.br arquiteta@marinapaulo.com.br @marinapauloarquitetura Foto: Pedro Caetano

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Marina Serratine Paulo é natural de Florianópolis e mestre em Arquitetura pela Universidade Politecnico di Milano (2013, Itália). No início de sua carreira, trabalhou no escritório Broadway Malyan, em Singapura, e após voltar ao Brasil, desenvolveu projetos relacionados à logística portuária nacional para a Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR). Há dois anos criou o seu escritório onde atua com projetos de arquitetura e de interiores.

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PROGETTA STUDIO DE ARQUITETURA E URBANISMO

A identidade do projeto é aparente nas suas perspectivas, equilibrando os ambientes abertos e detalhes em tons amadeirados.

Linhas puras definem perfil arquitetônico

Fotos: Lio Simas

A residência de 420m², localizada na Cachoeira do Bom Jesus, em Florianópolis, teve como partido de projeto conceitos de sustentabilidade incorporados na arquitetura contemporânea. ‘’Bastante comum nos projetos, também priorizamos o uso de soluções como adaptação a captação da água da chuva, o aquecimento solar, o máximo de iluminação e ventilação natural’’ destacam os arquitetos Allan Chierighini e Fábio Silva, do Progetta Studio. Os proprietários – um casal de 50 anos mais a filha de 22 –, confiaram inteiramente a obra ao escritório

e acompanharam o andamento dos trabalhos de Brasília, onde moravam na época. Num primeiro momento, o terreno foi estaqueado e nivelado com o uso de bombas para solucionar problemas de umidade.

integrada com jantar, churrasqueira e home theater, além de piscina e lavanderia. ‘’Linhas puras das amplas marquises, sacadas, pergolados e elementos verticais definem o perfil arquitetônico’’, destacam os arquitetos.

Do ponto de vista da espacialidade, o projeto arquitetônico priorizou plantas abertas e as grandes aberturas, favorecendo o conforto ambiental e visual da residência, garantindo maior qualidade na edificação e a integração dos ambientes internos e externos. O programa de necessidades incluiu quatro suítes, sendo duas máster, garagem para três carros, cozinha

O design de interiores segue a mesma linguagem de linhas puras e simples, com o uso pontual de madeira e tons escuros, que proporcionam o calor necessário aos ambientes e sensação de acolhimento e aconchego. Foram parceiros neste projeto a MTR Marmoraria, a Studio Ambientes e a Saccaro Móveis.

No mercado desde 2007, o Progetta Studio trabalha com o desenvolvimento de projetos, implementando tecnologias e conceitos sustentáveis, assim como a automação para casas inteligentes. O escritório é associado à AsBEA/SC.

PROGETTA STUDIO DE ARQUITETURA E URBANISMO www.progettastudio.com.br progetta@progettastudio.com.br @progettastudio Foto: Lio Simas

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RENATA BURIGO ARQUITETURA E INTERIORES

Retrofit atualiza prédio ícone dos anos 1980

Na ambientação do receptivo do hotel chamam a atenção a bancada de mármore branco clássico translúcido e com iluminação, e o painel verde com uma variedade de plantas permanentes, que sobressai entre os tons neutros e sóbrios do lobby no térreo.

Este hotel fica no coração da cidade de Criciúma e atualmente investe no turismo de negócios, lazer e entretenimento. Para oferecer serviço e estrutura de qualidade aos clientes, os sócios do empreendimento hoteleiro contrataram a arquiteta Renata Burigo para uma reforma geral e que abrangeu cerca de 9.000m². Na verdade, este é o primeiro de uma rede de hotéis que está sendo formada em Santa Catarina e também no Rio Grande do Sul, sob orientação da profissional, responsável pela transformação do novo InterClass, antigo Crisul de Criciúma. “O retrofit é cheio de pormenores. Envolve desde a mudança completa da fachada, do lobby, a repaginação dos 124 apartamentos, a reforma da salas de reuniões e salão de eventos, a atualização do espaço do café da manhã e do restaurante, a melhoria do bar executivo, das garagens e do espaço fitness”, pontua Renata. O prédio do hotel dos anos de 1980 sempre foi um ícone na cidade. Por isso, externamente, optou-se por manter a forma estrutural. Foram alteradas as cores da fachada, as esquadrias (acústicas), a iluminação, a caixaria de splits e inclusos itens modernos de segurança, que recebeu forte investimento. Os clientes solicitaram que o hotel executivo fosse atualizado e que os apartamentos deveriam ser enxutos, clean e acolhedores. Como o hotel reunia conceitos construtivos e de décor da década de 1980, o desafio foi transformá-lo em um projeto contemporâneo, aproveitando os grandes ambientes originais da edificação para promover a integração de múltiplas atividades. O trabalho teve a colaboração da equipe: arquiteta Gabriela Tiscoski, e das estagiárias Cristina Cardoso, Elisandra Olivo e Tayane Marques. Foram fornecedores parceiros nesta grande reforma: GPinheiro Empreendimentos e Folha Urbana – Plantas Permanentes & Ambientes.

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Fotos: Cléber Bonotto

Renata Burigo formou-se na Univali em 2001, na cidade de Balneário Camboriú. Hoje tem escritório localizado em Criciúma, onde atua com arquitetura e interiores, residencial ou comercial, além da arquitetura hoteleira.

RENATA BURIGO ARQUITETURA E INTERIORES reburigoarquitetura@hotmail.com @renataburigo_arquitetura Foto: Cléber Bonotto

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ROBSON NASCIMENTO ARQUITETOS

Localizada no bairro de Jurerê Internacional, a residência traz uma arquitetura marcante e conectada com o exterior. Amplas aberturas de vidro integram e potencializam o aproveitamento da iluminação natural.

Amplas aberturas conectam os espaços Fotos: Lio Simas

Neste projeto, interior e exterior parecem únicos, sendo um a extensão do outro e essa relação não é por acaso. Os proprietários do imóvel de 700m² – um jovem casal de empresários com duas filhas pequenas – desejavam espaços de convívio amplos e abertos para a área externa. Este foi o norte do projeto arquitetônico realizado em Jurerê Internacional e assinado pelos profissionais Robson Nascimento e Cristiana Bez Delpizzo, do escritório Robson Nascimentos Arquitetos, de Florianópolis. A integração do social com o lazer

foi possível por conta das generosas aberturas de vidro, que podem ser abertas ou fechadas de acordo com a necessidade de uso dos ambientes. Livre de barreiras visuais, a solução facilita a circulação de pessoas e ainda aproveita ao máximo a luz natural. Segundo os arquitetos, a intenção era criar um espaço onde a família e os amigos pudessem conviver em harmonia, com conforto e praticidade. A mesma linguagem contemporânea e elegante da arquitetura aparece no projeto de interiores que prioriza

o mobiliário planejado. O primor aparece nos detalhes da marcenaria, que neste projeto teve a parceria da Evviva Florianópolis. Destaque para os acabamentos da mobília, onde sobressai a laca acetinada Sabia, o laminado alto brilho Maliana, as portas divisórias Dolomites Cinex Macchiato e a estante projetada de lâmina acetinada Pecan com espelho bronze. No lado de fora, entram em cena os vãos demarcados pelas esquadrias de alta performance da Lohn, outro fornecedor parceiro.

O Robson Nascimento Arquitetos completa 25 anos no mercado catarinense com atuação nas áreas de arquitetura residencial, comercial, interiores e urbanismo. O escritório está entre os sócio-fundadores da AsBEA/SC, entidade representativa de classe e da qual é associado até hoje.

ROBSON NASCIMENTO ARQUITETOS www.rnascimentoarquitetos.com.br contato@rnascimentoarquitetos.com.br @r.nascimentoarquitetos Foto: Nair e Verônica Lottermann

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ROSAS ARQUITETOS ASSOCIADOS

Arquitetura de essência modernista Sóbria e limpa. Estas foram as palavras usadas pelos proprietários deste imóvel para definir o modelo de arquitetura que desejavam na construção da casa de veraneio em Jurerê Internacional. E não parou aí: o casal de empresários, natural de Curitiba (PR), foi bem específico no briefing passado aos profissionais do escritório Rosas Arquitetos. “A casa deveria trazer uma releitura da arquitetura moderna brasileira, com um toque contemporâneo, valorizando materiais naturais como o concreto armado aparente e uso de pedras naturais. A funcionalidade também era um item essencial”, pontua o arquiteto Rafael Monteiro. Ele mais os sócios José Rosas e Silvia Monteiro colocaram em prática os desejos dos clientes. A tradução resultou em um projeto arquitetônico ousado, que tira partido da estrutura de concreto armado, presente em todas as fachadas, com destaque para os grandes balanços, vãos generosos que aliam forma e função. O uso do concreto armado predominante nas fachadas contrasta com a pedra preta natural escovada. A cor marcante amarela quebrou a monotonia do concreto. O vidro deu leveza às formas, com uso de esquadrias de vãos plenos embutidas. O maior desafio, segundo os profissionais, foi criar uma arquitetura livre de sistemas convencionais de vigas e pilares. A ideia era sim que as paredes de concreto armado fizessem o papel de grandes vigas – excluindo pilares internos –, solucionando questões estruturais importantes, como por exemplo, um balanço de sete metros de extensão. “O cliente queria limpeza visual, nenhuma coluna aparente”, lembra Monteiro. Pedecril Solid Surfaces e Portobello Shop São José foram empresas parceiras deste projeto arquitetônico.

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Fotos: Rô Reitz

A residência de 500m² tem dois pavimentos, sendo a área superior com quatro suítes e um hall de distribuição, que se integra à parte inferior por meio de um pé-direito duplo e uma escada em pedra natural. A área do deck com a piscina somam mais 250m² de área física e funcionam como uma extensão do social. 145


ROSAS ARQUITETOS ASSOCIADOS

Mobiliário demarca ambiente social

A fachada da residência já caracteriza o estilo do projeto, que ressalta o contraste entre os materiais. Neste caso, o vidro mistura-se aos revestimentos de tons mais quentes, como o aço corten, trazendo à tona a linguagem contemporânea na arquitetura.

Tudo começou com uma conversa informal em frente a uma das obras do próprio escritório Rosas Arquitetos. O bate-papo despretensioso evoluiu então para a relação profissional e de amizade e que resultou na execução deste projeto residencial, de 500m², realizado em Jurerê, em Florianópolis. No briefing dos clientes – um casal jovem de empresários com um filho pequeno – logo foi identificado o programa de necessidades. “Concretizamos o layout em poucas linhas e grandes definições,

como na máxima de Mies Van Der Rohe, onde ‘o menos é mais’. Também partimos do conceito ‘open space’ para materializar os interesses dos donos da casa”, conta o arquiteto Rafael Monteiro. Por isso, foram criados espaços amplos a partir de uma planta livre, respeitando a relação com o paisagismo. O que delimita e demarca cada ambiente do social é o mobiliário. Além de cozinhar muito bem, o casal tem o hábito de receber amigos em casa.

Não por menos, a cozinha é o coração da casa e ganhou atenção especial. Móveis e acabamentos foram selecionados a dedo para criar um ambiente funcional e ao mesmo tempo sofisticado para receber. Destaque para os móveis sob medida da Evviva Florianópolis, com acabamento alto brilho na cor Stella Macchiato, e para as generosas aberturas da Lohn Esquadrias. As duas marcas estão entre os fornecedores parceiros deste trabalho.

Fotos: Lio Simas

Rosas Arquitetos é um escritório de arquitetura que atua principalmente em Florianópolis. Está há mais de 20 anos projetando e executando arquitetura, paisagismo e interiores de qualidade.

ROSAS ARQUITETOS ASSOCIADOS www.rosasarquitetos.com contato@rosasarquitetos.com.br @rosasarquitetos Foto: Rô Reitz

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RUSCHEL ARQUITETURA E URBANISMO

Volumes maximizam a integração e valorizam o percurso

As aberturas com painéis de vidro, emolduradas por esquadrias de PVC na cor nogueira, criam fluidez e valorizam os percursos. Ao mesmo tempo em que as generosas portas-janelas priorizam a entrada de luz natural, a transparência do vidro conecta interior e exterior. A fachada revela ainda brises de alumínio, alvenaria em reboco rústico, e paredes revestidas por pedras.

Fotos: Lio Simas

Localizada em Jurerê Internacional, em Florianópolis, esta residência convida para um verdadeiro passeio pela arquitetura e possibilitar essa experiência foi a inspiração da profissional Marília Ruschel. O projeto de 702m² tem como estratégia conceitual integrar o interior com o exterior, visual e fisicamente, valorizando o percurso, a relação com a paisagem e proporcionando ambiências autênticas. Assim, a residência é composta por um jogo de volumes que

é estruturado por um eixo central que, por consequência, conecta os espaços e cria possibilidades dentro da residência. Na área central da casa, com pé-direito duplo e iluminação zenital que permeiam o jardim interno, o sistema de circulação reúne passarelas de concreto armado e escada que dão acesso aos setores social e íntimo. “Nesse agradável deslocamento, o usuário apropria-se dos visuais das copas das palmeiras, da piscina, da área de lazer da casa, e, também, dos espaços públicos e

de passeio do bairro,” explica Marília. A escolha dos materiais contribuiu para o conforto térmico e a economia indispensável de energia elétrica. Ademais, outras estratégias como ventilação cruzada, o reaproveitamento da água da chuva e o sistema de aquecimento solar foram adotados. Entre as marcas parceiras fornecedoras neste projeto estão a Ferrosul, Móveis Becker, Lohn Esquadrias e Continente Inox.

Graduada pela UFRGS em 1979, a arquiteta Marília Ruschel tem mais de 30 anos de experiência profissional em projetos de arquitetura e urbanismo. Possui especialização em Planejamento Regional e Urbano. Foi arquiteta titular do escritório Ruschel+Teixeira Netto (1983–2007). Em 2007 constituiu a Ruschel Arquitetura e Urbanismo, empresa associada à AsBEA/SC.

RUSCHEL ARQUITETURA E URBANISMO www.ruschelarquitetura.com adm@ruschelarquitetura.com @ruschelarquitetura Foto: Arquivo do arquiteto

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SABRINA BARROS ARQUITETURA

Casa Ponta da Figueira tem décor requintado

A cidade do projeto é Eldorado do Sul, no estado vizinho, Rio Grande do Sul. A arquiteta Sabrina Barros foi chamada pelos proprietários deste imóvel de 700m2 – localizado dentro de um condomínio residencial – para desenvolver a arquitetura de interiores. O uso de cores neutras com detalhes sutis de azul foi o único pedido dos clientes, segundo a profissional, que teve total liberdade para criar. A seleção dos móveis e dos acabamentos imprimiu uma atmosfera refinada à ambientação do social.

No estar com lareira o requinte aparece nos sofás e nos pufes em capitonê e revestidos de linho branco. Na abrangência de toda área comum, destaque para o piso em mármore travertino. Algumas áreas foram demarcadas pelos tapetes persas, confortáveis e aconchegantes. A lareira ganhou revestimento de mármore carrara. Aliás, um dos grandes desafios estava entre o estar e a sala da lareira. “Como não havia um espaço de circulação fazendo a divisão entre os ambientes, propus um grande painel de espelho, com

nove metros, abraçando os dois ambientes”, comenta Sabrina. No projeto luminotécnico, destaque para os lustres de cristais que estão por toda casa, inclusive na área íntima – composta por cinco suítes. Os itens de décor reforçam o lifestyle clássico na proposta de interiores da residência, mas por solicitação dos donos, a arquiteta incorporou um toque atual nas linhas do recorte dos espelhos e na marcenaria fixa. O trabalho teve a parceria dos seguintes fornecedores: Império Persa, Decor Prime e Volpi Marcenaria.

O estilo requintado do décor do social tem continuidade na suíte máster. Chamam a atenção a cabeceira revestida de veludo off-white com tachas prata, o lustre de cristal e o painel em laca acetinada com molduras chanfradas, que faz divisória entre quarto e o closet. Fotos: Cristiano Bauce

SABRINA BARROS ARQUITETURA www.sabrinabarrospaulo.com.br contato@sabrinabarrospaulo.com.br @sabrinabarrosarquiteta Foto: Eduardo Liotti

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Sabrina Barros atua nos mercados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul desde 2006, ano em que graduou-se em Arquitetura e Urbanismo na Ulbra (RS) - o escritório fica em São João do Sul (SC). Sua formação também inclui qualificação em Planejamento Urbano e Regional pela UFRGS, pós -graduação em Gestão Ambiental pela Fucap e especialização em Hotéis, Restaurantes e Cafés pelo Horeca, em Milão, na Itália. O escritório da arquiteta é associado ao IAB/SC.

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SAYURI MACHADO ARQUITETURA

Foto: Rodrigo Ormond

Projeto provoca experiência sensorial Confiança é a palavra-chave por aqui. As arquitetas e o cliente possuem uma relação longa, construída desde o primeiro projeto juntos. A concepção e a execução da segunda unidade do Noma Sushi, restaurante de comida oriental, em Florianópolis, é um dos trabalhos mais recentes realizado pelas arquitetas Amanda Sayuri e Clara Machado para um jovem empresário. Desde o início, a ideia era criar um local que surpreendesse, provocasse os sentidos e possibilitasse aos visitantes uma experiência sensorial. O sushi bar é o coração da casa e foi o elemento que orientou a intervenção realizada em 302m². Em seu entorno

foram dispostas as demais áreas: serviços, bar de drinques, salão interno – que se transforma numa minipista de dança – e varanda, onde os clientes podem circular e criar conexão com a rua, vivenciando o bairro de Jurerê Internacional.

o conceito da casa: aconchego, mas com chacoalhadas de elementos surpresa. Elegância, porém com ares de rebeldia, fugindo do óbvio”, explicam. Para contrastar e destacar o tom de rosa, a dupla apostou no preto para os demais elementos do espaço.

Em todo o salão (paredes, teto, móveis soltos, estofados e marcenaria) o tom Millennial Pink chama a atenção dos clientes. De acordo com as arquitetas, a escolha representa a geração dos millennials, nascidos entre 1980 e 2000, que são conectados, interativos, questionadores e que quebram regras. “Adotamos, e abusamos, dessa cor no projeto porque ela representa bem

Cada vez mais solidificando seu nome na arquitetura comercial de Florianópolis, o escritório Sayuri Machado contou com a colaboração da estagiária Patrícia Martins e com as marcas Mittisa Móveis, Marmoraria Santa Paulina, TJ Porcelanato Líquido e Formula Engenharia como fornecedores neste projeto do Noma Sushi Jurerê Internacional.

Fotos: Pedro Caetano

No caminho para os banheiros, uma obra de arte da Bela Teixeira surpreende os usuários. Telas pintadas com tinta que reage à luz negra foram aplicadas nas paredes, teto e chão. O piso líquido composto de resina epóxi protege a pintura, vitrifica o passeio e potencializa o efeito da luz destacando ainda mais a imagem. Amanda e Clara são amigas desde a infância e sócias desde 2013. Em cinco anos de escritório conquistaram reconhecimento no segmento de arquitetura comercial, atuando, também, em arquitetura residencial.

SAYURI MACHADO ARQUITETURA www.sayurimachado.com contato@sayurimachado.com @sayuri.machado Foto: Angelo Santos

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STUDIO ALENCAR ARQUITETURA E INTERIORES

A sintonia entre clientes e arquitetos neste projeto foi assertiva. Por isso, o primeiro esboço levado pelos profissionais do Studio Alencar aos proprietários do imóvel de 135m², localizado no centro de Balneário Camboriú, sofreu o mínimo de alteração. O piso já estava instalado e o gesso pronto. O cliente – um casal com um filho pequeno – optou por não mexer nos itens anteriores, por isso, foram mantidos os originais por questões de praticidade e tempo de obra.

Nos interiores, a predominância de tons claros, neutros e o uso da lâmina de madeira foi solicitação dos moradores. O lavabo segue a mesma linguagem, porém, sem o amadeirado. Destaque no ambiente íntimo para o painel de pintura microtexturizada atrás da cama da suíte máster desenhada especialmente para o cliente.

Conexão direta, resultado certeiro

“Sempre conversamos muito com os clientes antes de projetar algo. Ouvimos todos os detalhes, identificamos as necessidades. Neste caso não tivemos alterações de paredes, pisos e gesso, o que facilitou a execução. Foram realizadas apenas algumas mudanças elétricas na cozinha e suíte máster. Foi um projeto fácil de criar, resolver e executar, o que trouxe muita satisfação ao cliente e, por consequência, a nós mesmos”, ressalta Nicholas Alencar. O projeto valorizou espaços para reunir a família em momentos de lazer, descanso e na rotina do dia a dia. A iluminação é um ponto forte nos projetos do Studio Alencar. Para este imóvel, as áreas comuns ganharam embutidos duplos, orientáveis, com lâmpadas AR111, dimerizáveis. Isso, segundo os arquitetos, acaba possibilitando as luzes em pontos focais, causando um efeito especial no ambiente. Na área íntima, embutidos simples para lâmpadas MR16, cortineiros iluminados e abajures. Todas as lâmpadas são de LED. A obra durou seis meses desde a contratação, criação do projeto, aprovação, alteração, orçamentos, fechamento até o final da execução. Foram parceiros neste projeto a Crismann Móveis, Marmoraria Trevo e Spengler Decor.

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Fotos: Alexandre Zelinski

Em 2017 o Studio Alencar completou 10 anos no mercado. São dois os arquitetos titulares: Nicholas Alencar e Fernanda Rabello, que atuam principalmente com projetos de interiores residenciais e corporativos. O escritório é associado à AsBEA/SC.

STUDIO ALENCAR ARQUITETURA E INTERIORES www.studioalencar.com.br nicholas@studioalencar.com.br @studioalencar Foto: Alexandre Zelinski

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SZOMA ARQUITETURA

Arquitetura multifuncional e versátil

Alocar cinco edificações em um único prédio foi um grande desafio para o arquiteto Mateus Szomorovszky, do Szoma Arquitetura, neste projeto que envolve uma instituição federal de ensino. Na estrutura do maior condomínio multissetorial da América do Sul – o Perini Business Park – em Joinville, o profissional desenvolveu um ambiente para receber o campus da UFSC na cidade. Hoje a universidade tem em torno de 2 mil alunos. Enquanto a construção da nova edificação em terreno próprio, localizado na zona sul de Joinville, não fica pronta, foi solicitado o projeto de um espaço multifuncional para que após o término do contrato com 156

a UFSC, novos inquilinos possam usufruir do local sem a necessidade de grandes reformas. Por isso, a criação de espaços livres, sem pilares internos, para facilitar a ambientação. Com pouco tempo para execução, a opção foi elaborar um projeto modular com estrutura pré-moldada aproveitando os produtos fornecidos pelo cliente, o que permitiu velocidade na operação. Este projeto foi executado em seis meses pela Perville Engenharia e Empreendimentos S/A, sendo concluído em fevereiro deste ano. O sistema pré-fabricado hiperestático foi usado desde a fundação até a cobertura, com vigas-calha que chegaram a 24m, proporcionando um vão livre para um

layout dinâmico. A solução possibilitou a implantação de claraboias para iluminação natural nos corredores. Para revestir a fachada, uma membrana têxtil foi fixada diretamente na estrutura do edifício em apenas 10 dias, o que permitiu não só agilidade, mas eficiência na limpeza do canteiro de obras. A pele da fachada protege, sem bloquear a intensidade da luz, oferecendo conforto térmico, ventilação natural e a permeabilidade visual. Neste projeto, Szomorovszky contou com a coautoria da arquiteta Tatiana Albanus, colaboração do arquiteto Ramon Rengel e com a participação dos estagiários Iuri Trombini, Bruna Costa, Luis Gustavo Mira e Débora Dávila.

O imóvel aloca salas de aula, laboratórios, auditório, biblioteca, restaurante universitário, espaço para diretoria acadêmica e professores. Os ambientes são climatizados e o Bloco U possui instalações para reaproveitamento da água da chuva. A estrutura edificada em pré-fabricado ainda utiliza painéis de concreto com isolamento térmico e acústico. E mais: telhas translúcidas foram usadas para cobrir as áreas de circulação, proporcionando iluminação natural e economia de energia.

Fotos: Larry Sestrem

SZOMA ARQUITETURA www.szoma.com.br szoma@szoma.com.br @szoma_arq Foto: Arquivo do arquiteto

O arquiteto Mateus Szomorovszky é quem está à frente do Szoma, em Joinville. Tem especialização em Design Gráfico e Estratégia Corporativa, é mestre em Design, participa das atuais gestões do CAU/SC e da AsBEA/SC. Desde 2008 atua com arquitetura industrial e corporativa, sustentabilidade e design de mobiliário.

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THEISS GIRARDI ARQUITETOS Um dos principais desafios foi trabalhar diferentes áreas criando espaços lúdicos, divertidos, funcionais e atrativos com recursos limitados. Tudo começou pelo layout e escolha do mobiliário para atender à demanda. Os arquitetos apostaram nas plotagens como recurso para caracterizar o tema de cada ambiente.

Áreas de lazer com plotagens divertidas

Fotos: Mariana Boro - A CASAA

Para maior conforto e comodidade dos moradores, construtoras investem cada vez mais na estrutura das áreas comuns dos condomínios residenciais. E as opções de entretenimento e lazer, nos dias atuais, vão muito além do salão de festa. Os imóveis criam espaços para oferecer opções aos mais diferentes perfis de público. No caso específico deste projeto, os arquitetos Alcides Theiss e Rosane Girardi, do escritório Theiss Girardi, foram contratados diretamente pela construtora para atender a um perfil de consumidores de alto padrão. “As áreas 158

e seus usos já vieram determinados pelo projeto arquitetônico. Coube ao escritório desenvolver o trabalho de interiores e, em alguns casos, alterar detalhes da arquitetura para adaptar os espaços conforme o briefing do cliente”, destaca Rosane. Como eram muitos espaços, o pedido foi por racionalidade na utilização de materiais e economia de recursos. “O mobiliário e acabamentos utilizados são resistentes. Usamos muita plotagem nas paredes como recurso econômico e temático”, pontuam os profissionais. Por se tratarem de áreas comuns e

por consequência da alta produção de ruído, os tetos ganharam gesso mineral para ajudar no isolamento. No caso de salas de cinema e jogos, optou-se pelo tratamento acústico mais sofisticado e foram colocados carpetes nas paredes para minimizar a transferência de som para os apartamentos. Além desta função, o mesmo já veste o espaço com cor e textura. Colaboraram para o resultado deste projeto as empresas Bellacatarina Móveis, Ouse Iluminação, Unlimited Tapetes e União Móveis Planejados.

O Theiss Girardi atua em diversas áreas da arquitetura e interiores, elaborando projetos residenciais, comerciais, institucionais e corporativos. O atendimento aos clientes engloba desde o projeto até a entrega final dos trabalhos de montagem e ambientação. O escritório é associado ao IAB/SC.

THEISS GIRARDI ARQUITETOS www.theissgirardi.com.br contato@theissgirardi.com.br @theissgirardi Foto: Mariana Boro - A CASAA

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THIAGO MONDINI ARQUITETURA

Reforma equilibra desejos do casal O principal desafio no projeto deste apartamento de 300m² foi filtrar os gostos aparentemente divergentes dos proprietários, um casal jovem com duas filhas. Enquanto ele tinha preferência por painéis de madeira, cores intensas, referências clássicas e mármores desenhados, ela não abria mão de ambientes claros, leves, sóbrios, com poucas cores e menos informação. O arquiteto Thiago Mondini, de Blumenau, conseguiu unificar os desejos de ambos de maneira muito equilibrada. Este foi o quinto projeto desenvolvido pelo escritório para o

mesmo cliente, que fez a reforma do apartamento por etapas. A última intervenção durou três meses e ocorreu em um espaço de 100m². O espaço existente era muito desorganizado, segundo Mondini, justamente pela falta de um planejamento correto dos ambientes durante a etapa de construção do prédio. “O cliente queria que a sala ficasse muito espaçosa. Por isso, precisávamos disfarçar pilares mal posicionados. Também optamos por manter o gesso existente, o que resultou em uma obra mais limpa, aliás outra solicitação do dono do imóvel”, explica o arquiteto.

Uma questão também importante que norteou a obra foi a redução de informações sobre paredes e pisos para que o espaço tivesse o mínimo de barreiras visuais. No geral, as referências adotadas no projeto evidenciam uma linha contemporânea e limpa, cuja diferença está nos detalhes. Q Iluminação, Portobello Shop Blumenau, Oriente-se Tapetes e Decorações e Thac Móveis Sob Medida foram os fornecedores parceiros da renovação neste apartamento.

No grande ambiente que integra hall, estar, escritório e sala de TV, painéis de madeira escura revestem grande parte das superfícies. O tom de azul nas paredes traz um contraste equilibrado. Completam o cenário os pisos marmorizados claros, que captam toda a luz natural que entra pelas janelas. A partir de uma marcenaria minimalista, o mobiliário solto e as peças de decoração tornam-se protagonistas.

Fotos: Fábio Jr. Severo

O escritório Thiago Mondini Arquitetura atua no mercado catarinense desde 2007 focado em projetos arquitetônicos e de interiores residenciais, comerciais, corporativos, institucionais, de desenho urbano e de espaços públicos.

THIAGO MONDINI ARQUITETURA www.thiagomondini.com.br contato@thiagomondini.com.br @thiago_mondini Foto: Fábio Jr. Severo

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VÉRTICE ARQUITETURA

Na circulação entre as salas o uso do espelho dá leveza e brilho no cenário pontuado pelas luminárias em cristal, pedido da cliente. Na sala de TV, destaque para o painel estofado em couríssimo e para móvel de granito preto com efeito de couro que abriga a lareira a álcool.

Social repaginado A reforma deste apartamento com mais de 30 anos teve como meta atender ao desejo dos proprietários de mudar a área social de 85m² para que pudesse ser melhor aproveitada pela família. Localizado em Urussanga, este projeto é mais um realizado para o antigo cliente do escritório Vértice Arquitetura, de Criciúma. Como o trabalho se daria em meio à rotina dos donos do imóvel, um dos principais desafios foi organizar a obra de maneira que ela interferisse o menos possível nas atividades cotidianas dos moradores. Por outro lado, os gostos dos clientes já eram conhecidos da dupla de profissionais contratadas, Cynthia Manfredini e Beatriz Estevam, o que tornou o processo mais fácil.

A intervenção solucionou problemas de infiltração aparentes e mudou revestimentos e gessos, mantendo apenas o antigo piso de madeira natural. O principal partido do projeto de interiores foi o revestimento da parede da sala de jantar com mármore em relevo. O móvel de marcenaria em laca vermelha, desenvolvido pela dupla, é um ponto de luz que promove o contraste no ambiente com teto e parte da parede revestidos em MDF, conferindo o acolhimento para a área de convívio. A mesa de madeira e tampo de mármore Carrara, com design de Jader Almeida, atende ao pedido de mais lugares para acomodar a família. “Estamos sempre de olho em referências atuais, porém procuramos aliar com

produtos atemporais para que o cliente possa passar muito tempo satisfeito com suas escolhas”, destacam as profissionais do Vértice. Na reforma pontual do social entraram como fornecedores parceiros a LCL Design, a Luz + e o Empório Artemag.

Fotos: SLA PhotoStudio

Cynthia M. Manfredini formou-se em Arquitetura pela Unisul em 2006 e dois anos depois abriu o escritório Vértice. A profissional também é pós-graduada em Arquitetura Hospitalar pelo IAHCS e especialista em Iluminação e Design de Interiores pelo IPOG. Beatriz Estevam entrou para o escritório em 2013. Além da formação em Educação Artística pela FUCRI, cursou pós-graduação em Design de Interiores no Senac.

VÉRTICE ARQUITETURA www.verticearq.com contato@verticearq.com @verticearquiteturainteriores Foto: SLA PhotoStudio

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ZANIBONI + ARQUITETOS

Essência dos materiais como partido estético

Com um terreno de 2.347,76m², a residência com área de 797m² conceitua-se pela integração entre os ambientes internos e externos. Sua implantação em L permitiu voltar à área social e de lazer para o jardim externo conformando espaços aconchegantes e encurtando as distâncias entre os ambientes. O paisagismo – projeto do escritório JA8 Arquitetura e Paisagem – explora o espaço livre como extensão do interior. A proposta de um lago artificial e a aplicação de vegetação nos limites do lote preserva a privacidade dos usuários. O arquiteto Norberto Zaniboni, responsável pela obra ao lado da equipe do escritório formada por

Augusto Zaniboni, Tiago Teixeira, Melina Castanhel e Jéssica Farias, explica que “cada elemento utilizado como solução construtiva explora a pureza dos materiais e a veracidade dos volumes. Essas intenções estão expressas nas paredes de concreto aparente, na transparência dos vidros das grandes esquadrias e no fechamento em telha metálica que compõem o ambiente social. Este por sua vez, é caracterizado por um pé-direito duplo tornando o lugar amplo e fluido, possibilitando total entendimento da organização espacial da residência. O controle da incidência solar dos ambientes internos é possibilitado com a instalação dos brises e painéis de correr em alumínio com textura amadeirada, garantindo

O projeto traz consigo aspectos sustentáveis promovendo benefícios climáticos, funcionais e estéticos. A água da chuva é captada, armazenada e tratada sendo utilizada para a manutenção do jardim e alimentação do lago ornamental. A residência conta com aquecimento solar da água da piscina e cobertura em teto verde.

Fotos: Luiz Rodrigo Zilli

leveza, durabilidade e um valor estético equivalente ao da madeira natural. O aproveitamento da insolação e iluminação natural é permitido com o uso de grandes planos de vidro, e com a instalação de placas fotovoltaicas na cobertura para a captação de energia solar. Destinado a um casal com três filhas, o projeto de interiores expressa ambientação contemporânea, aconchegante e funcional. O projeto contou com o padrão de qualidade da EZA ENGENHARIA, e também os parceiros Pedecril Solid Surfaces, Unna Luz Iluminação e Panoramic Elevadores.

O Zaniboni + Arquitetos é fruto de uma sociedade entre três profissionais, Norberto Zaniboni, Augusto Mellilo Zaniboni e Tiago Teixeira. O escritório tem um campo de atuação bastante diversificado na arquitetura e urbanismo, com um portfólio de projetos residenciais, industriais, institucionais, comerciais, de interiores e de condomínios.

ZANIBONI + ARQUITETOS www.zaniboniarquitetos.com.br zaniboniarquitetos@gmail.com @zaniboni_arquitetos Foto: Arquivo do arquiteto

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