MASCARADOS: UMA ETNOAVENTURA NA MARUJADA DE SÃO BENEDITO NO MUNICÍPIO DE QUATIPURU NO ESTADO DO PARÁ

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CAPÍTULO I POR UM REFERENCIAL POÉTICO-EPISTEMOLÓGICO: PRINCÍPIOS DE LEITURA DE UM TRAJETO

Neste capítulo elaboro conceitualmente a proposta epistemo-metodológica que fundamenta a escritura desta dissertação. Paralelamente, escrevo a narrativa de meu primeiro encontro com a Marujada de São Benedito em Quatipuru, de modo a estabelecer o impacto afetivo da experiência participante como fator estruturador das opções e reflexões teóricas que compõem este trabalho acadêmico.

1.1.

LANÇAR LUZ SOBRE A PRÓPRIA ERRÂNCIA COMO PONTO DE PARTIDA “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda.” Jung

Paul Feyerabend afirma despudoradamente no índice analítico de seu livro/tratado Contra o método (2007, p. 29): “O ponto de vista implícito neste livro não é resultado de uma bemplanejada cadeia de pensamentos, mas de argumentos instigados por encontros acidentais”. O “acidental”, de algum modo, está incorporado ao seu processo de trabalho, num espírito livre e libertário, a meu ver. Feyerabend é certamente um dos maiores inspiradores de minha escrita e prática de pesquisa, assim como também o é o psicólogo suíço Carl Gustav Jung que, com menos irreverência que o filósofo austríaco, estruturou uma teoria que se propõe a dar conta de numerosos aspectos que envolvem a noção de acidental. Jung refletiu sobre o que comumente se considera como acaso, considerando a palavra em sua familiaridade de sentido com o “acidental”, mas com ênfase na ideia de que o acaso encerra acontecimentos vivenciados devido a certa atração realizada por nós, como se esses acontecimentos ocorressem a partir de uma lógica que compreende o contexto do indivíduo, o que estaria no


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