Onze leis a cumprir na hora de seduzir- Sarah McLean

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E então ela desejou não ter olhado. Porque ele guiava a uva para seu assento, sua mão grande demorando-se no cotovelo dela, deslizando por seu braço conforme ele tomava o lugar ao seu lado. E ela descobriu que não conseguia desviar o olhar. A carícia terminou rápido – embora para Juliana tenha parecido demorada – e lady Penélope, impassível, virou-se para o palco, imediatamente absorta no ato seguinte. O duque, no entanto, olhou para Juliana. A distância e a luz baixa a faziam ficar em dúvida, mas... sim, ele estava olhando para ela. Não havia outra explicação para o arrepio que subiu por sua espinha. Ele sabia que ela tinha visto a carícia. Quis que ela a visse. E de repente não havia ar suficiente no camarote. Juliana se levantou abruptamente, chamando a atenção de Ralston enquanto se dirigia para a saída. Ela se abaixou para falar baixinho no ouvido dele. – Estou com dor de cabeça. Vou tomar um pouco de ar no corredor. Os olhos dele se franziram. – Devo levá-la para casa? – Não, não... Logo estarei bem. Ficarei na porta do camarote. – Ela sorriu debilmente. – Voltarei antes que você perceba que eu saí. Ralston hesitou, avaliando se devia permitir que ela saísse. – Não vá muito longe. Não quero você perambulando pelo teatro. Ela balançou a cabeça. – É claro que não. Ele a deteve, com a mão segurando firme seu pulso. – Estou falando sério, irmã. Conheço muito bem os problemas que se pode ter em um teatro durante um espetáculo. Ela ergueu a sobrancelha escura, um gesto que os irmãos ​partilhavam. – Vou aguardar ansiosa para ouvir mais sobre isso. Os dentes brancos dele brilharam na escuridão. – Vai ter que perguntar a Callie. Ela sorriu. – Pode ter certeza de que perguntarei. E então ela chegou ao corredor, ocupado apenas por um punhado de lacaios, e conseguiu respirar melhor. Havia uma brisa fria soprando ali, e ela se dirigiu de modo instintivo para sua fonte, uma grande janela nos fundos do teatro, onde o corredor terminava abruptamente acima do que devia ser o palco. A janela se abria para a noite de outubro, e uma cadeira sob ela parecia esperar a chegada de Juliana. Era provavelmente longe demais do camarote para o gosto de Ralston, mas mesmo assim era um lugar público. Ela se sentou, apoiando-se no beiral e olhando para os telhados de Londres. A luz das velas tremeluzia nas janelas dos edifícios e ela podia distinguir uma moça costurando vários andares abaixo. Juliana ficou imaginando se a garota já viera ao teatro... se algum dia ela chegara a sonhar com o teatro. Juliana certamente não sonhava com isso... não assim, com uma família de aristocratas que ela nunca soubera que existia. Não com joias e sedas e cetins e marqueses e condes e... duques. Duques que a enfureciam, consumiam seus pensamentos e a beijavam como se ela fosse a última mulher na Terra. Suspirando, ela observou a luz da lua refletir-se nos telhados ainda molhados da chuva breve daquela tarde. Ela havia começado algo que não podia terminar. Desejara tentá-lo com a paixão – punir sua arrogância deixando-o de joelhos –, mas depois do episódio constrangedor no lago, quando ele praticamente lhe dissera que ela era a última coisa que ele consideraria ​tentadora... Ainda restavam dez dias para o término do acordo que haviam feito e ele estava cortejando lady Penélope, planejando um casamento adequado e perfeito com uma mulher que fora criada para ser uma duquesa. A aposta deveria terminar com a humilhação de Leighton, então por que tudo levava a crer que seria Juliana a perdedora? – Por que você não está em seu lugar? Ela se sobressaltou um pouco com as palavras, ditas com irritação.


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