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Mercado de trabalho em Tecnologia da Informação

Maria Bruna Hildebrando

Um dos setores da economia quebequense que mais emprega profissionais é a Tecnologia da Informação (T.I.). Muitos brasileiros já eram profissionais dessa área ainda no Brasil, outros optaram por trabalhar no setor pelos salários e estabilidade das empresas. Montreal abriga muitas empresas do setor e oferece um grande leque de oportunidades. Para alguns cargos é preciso ter uma formação acadêmica ou colegial, ao passo que outros requerem apenas que as pessoas melhorem seus conhecimentos no idioma francês ou inglês.

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É muito importante lembrar que um currículo apropriado é vital para se obter uma entrevista. O formato deste documento deve estar adequado ao que os empregadores quebequenses procuram ver num currículo. As qualificações devem estar em evidência, assim como a experiência, e o conteúdo deve citar apenas o que está ligado ao que foi pedido na oferta de trabalho. É importante também se preparar para a entrevista, saber como se portar e se vestir, como responder as perguntas dos entrevistadores e tudo mais.

Uma certificação faz a diferença

Para aumentar sua competitividade no mercado de trabalho em T.I., é uma boa ideia obter uma certificação. Existem várias certificações que podem fazer a diferença no currículo, e as melhores opções dependem da área de atuação escolhida – se é um perfil mais técnico, como software developer, data analyst, business analyst, cyber security, digital marketing, UX design, ou mais gerencial, como project manager, product manager, scrum master, agile specialist. Ou seja, há vagas em aberto não só na área de programação como também no ramo de gestão. De uma maneira ou de outra, a melhor certificação deve ser uma que esteja alinhada com o seu trabalho. Aqui dá-se muito valor às certificações porque elas valem no mundo inteiro.

Rafael Scapin trabalha no departamento de Sistemas de Informação e Tecnologia do College Dawson, em Montreal, e acredita que uma certificação pode abrir muitas portas para quem procura um emprego. Algumas certificações bastante populares são o Certificado Profissional de Suporte em T.I. do Google, diversas certificações da Microsoft, a famosa ITIL Foundation ou, na área de gestão de projetos, CAPM e PMP. As áreas a seguir estão em alta e para cada uma delas há uma certificação correspondente:

Data Science

Cloud Architect

Business Analytics

Cybersecurity

Blockchain

DevOps

IoT Solutions

Artificial Intelligence

Experiência brasileira

Roan Monteiro trabalha como desenvolvedor Java desde janeiro de 2020. Veio para o Quebec ao receber uma oferta de emprego através da Montreal International quando ainda estava no Brasil e estava começando a estudar francês. Ele recebeu cinco ofertas de trabalho, ou seja, pôde escolher onde trabalharia. Roan diz que quem é de infraestrutura deve investir em DevOps e Cloud da Google ou o Cloud AZ 900 Fundamentals da Microsoft e mesmo da Amazon. “As big techs têm suas próprias certificações, muitas delas abrem as portas para bons empregos”, diz ele.

Roan acha que os brasileiros podem ser divididos em dois grupos: aqueles que vêm para o Canadá com oferta de trabalho e aqueles que vêm com visto de estudo. As pessoas do primeiro grupo chegam conscientes de que precisam apren der francês. Já quem vem fazer college, frequentemente domina o inglês mas não o francês. Por isso, acredita Roan, a esposa sofre lidando com mais trabalho doméstico enquanto o marido estuda. Os casais passam dificuldades por causa da falta de fluência em francês de um ou de ambos.

Esse é o caso de muita gente já formada, que era gerente no Brasil com formação em Análise de Sistemas. Roan acredita que o problema central é a comunicação e que é preciso ter o francês funcional, pois não é possível ser um gerente se a pessoa tem dificuldades em se comunicar. “É necessário fazer um downgrade porque você está começando uma nova vida. Aprender o idioma numa escola é uma coisa, mas a fluência é vivência’, diz Roan.

Roan afirma que os salários no Quebec valem a pena, mesmo em comparação com outros mercados na América do Norte que têm taxas mais baixas de imposto, porque o custo de vida aqui é mais baixo. O mercado de T.I. é aberto, entretanto Roan diz que “estamos numa crise mundial, aquelas ofertas diárias que apareciam no LinkedIn agora são mensais”. Há também muita oferta de vaga júnior, mas as empresas precisam de funcionários com mais tempo de casa para ajudar os novos empregados. O resultado, diz Roan, é a dificuldade para se encontrar estágio. “Investir em conhecimento é a melhor coisa a ser feita nesse cenário”, conclui.

Empregos em T.I.

É possível buscar por ofertas de emprego em T.I, no LinkedIn e em sites como Indeed, CareerBuilder, Jobboom, Glassdoor, Monster, entre outros. Algumas das vagas mais divulgadas são: Analista de Help Desk, Deskside Technician, Administrador de Sistemas, Gerente de Acessos, UX Designer, Digital Marketing, Desenvolvedor Java, Segurança de Sistemas, Inteligência Artificial, Data Scientist, Solutions Architect, Business Analytics, Engenheiro Associado, Engenheiro de Software, Scrum Master e Gerente de Projetos.

No Quebec as melhores ofertas de trabalho circulam no chamado “marché caché”, que em português quer dizer mercado oculto. É importante participar de grupos de profissionais no Facebook e Whatsapp, preparar de forma adequada a sua página no LinkedIn, frequentar eventos de networking (ou réseautage). Também é importante saber onde procurar empregos. Uma boa ideia é procurar no site do governo do Canadá, ou em empresas brasileiras que estão presentes no Canadá ou que procuram formas de entrar no mercado canadense. Essas empresas também procuram por talentos.

Segue aqui uma lista de empresas que estão constantemente recrutando novos profissionais; em muitas delas, há brasileiros trabalhando. Lembrando que há muitos recrutadores em toda a América do Norte com ofertas de trabalho remoto para quem vive no Quebec. Mesmo pequenas empresas e startups também oferecem boas oportunidades: CGI, DXC Technologies, HP, Tellus, Bell, Videotron, Desjardins, Gexel Telecom, Sherweb, Ubisoft, INEAT, Astek, Morgan Stanley, BnP Paribas, BNC, Pornhub, Beneva Seguros, Intact, SII, Alithya, Nöord Technologies, Entertainment Arts, Square Enix, SSense, Behaviour Interactive, Ubisoft, Zynga (jogos) Cofomo, entre muitas outras. O Google tem uma filial em Montreal que trabalha com inteligência artificial.

Empresas brasileiras no Canadá

A Associação Brasileira das Empresas de Software, entidade que no Brasil reúne dois mil associados, e a Federação de Negócios Canadenses-Brasileiros firmaram um contrato de cooperação com o objetivo de fomentar a entrada de empresas canadenses no Brasil e brasileiras no Canadá, contribuindo com o esforço de aumentar o comércio bilateral entre os dois países, com foco em startups, pequenas e médias empresas e, até mesmo, empreendedores individuais. O acordo de cooperação foi assinado no começo de dezembro por Paulo Milliet Roque e Sérgio Frias, presidentes da ABES e da FCBB, respectivamente.

Marcelo Tavares, senior investment officer da Global Affairs Canada em São Paulo, uma agência do governo canadense inserida na estrutura diplomática do país, trabalha atualmente em um projeto de apoio à expansão de empresas brasileiras para o Canadá entre aquelas que estão buscando entrar em outros mercados. A ideia é fazêlas enxergar o Canadá como uma plataforma para um primeiro passo numa operação internacional. Marcelo diz que, nos últimos cinco anos, pelo menos vinte empresas brasileiras se instalaram no Canadá com foco em Pesquisa & Desenvolvimento e também em Inteligência Artificial. Nos últimos anos houve um aumento de FDI (Investimento Estrangeiro Direto) brasileiro no Canadá. A agência Statistics Canada tem os dados exatos, diz Marcelo, mas se considerar ultimate investing country (UIC), o Brasil é um dos países top 10 de FDI no Canadá.

Marcelo explica que mesmo que uma ou outra empresa brasileira envie um executivo do Brasil para começar as operações no Canadá, na grande maioria dos casos as empresas fazem contratação local de profissionais nascidos no país ou não, desde que estejam disponíveis para trabalhar no mercado canadense. Marcelo acha que profissionais brasileiros no Canadá poderiam procurar essas empresas:

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