LIBERDADE E RESPONSABILIDADE MORAL EM KANT SEGUNDO RAWLS1 Dr. Aguinaldo Pavão Professor do Departamento de Filosofia na Universidade Estadual de Londrina E-mail: apavao@uel.br Introdução Embora Kant não se ocupe de forma ostensiva com o tema da imputabilidade e responsabilidade moral, aventurome a afirmar que toda a sua reflexão moral gira em torno desta questão. Kant chega a afirmar nos Progressos da Metafísica que “a fonte da filosofia crítica é a moral, em vista da imputabilidade das ações” (KANT, FM AA 20: 335). Essa afirmação não deve nos surpreender, pois, já na Crítica da Razão Pura, Kant declara que é a partir da ideia transcendental da liberdade que se constitui o “conteúdo da espontaneidade absoluta da ação como fundamento próprio da imputabilidade da mesma” (KANT, KrV B 476). São impressionantes as numerosas ocorrências do verbo imputar (zurechnen), de imputação (Zurechnung) e de imputabilidade (Zurechnungsfähigkeit). Fazendo um levantamento manual, podemos encontrar, nas páginas da I parte da Religião, 17 ocorrências desses termos. É interessante que as ocorrências se situam em contextos muito significativos. Por exemplo, em Religião AA 06: Esse capítulo foi publicado originalmente na forma de artigo com título “Mal radical e psicologia moral em Kant segundo John Rawls”, na revista Ethic@ (UFSC), v. 12, p. 101-111, 2013. 1