Linguagem e Intencionalidade

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Joelma Marques de Carvalho

estados intencionais não são auto-interpretativos, é necessária a existência de um conjunto de habilidades, pressuposições admitidas e “Know-how” que nos permitem lidar com o mundo, o qual Searle denomina de “Pano de Fundo” ou “Background”. Searle não usa “Pano de Fundo” de modo “transcendental” ou “metafísico”, visto que o que ele compreende por “Pano de Fundo” é apenas um conjunto de capacidades, posturas, pressuposições pré-intencionais, práticas, hábitos etc., que possibilita o funcionamento dos estados mentais. Essas características são de representações que fazemos da realidade e não da própria realidade representada. O Pano de Fundo não é uma forma de intencionalidade, mas uma pré-condição ou conjunto de pré-condições da intencionalidade. Nesse sentido, ele é pré-intencional. Contudo, para que o Pano de Fundo se manifeste é preciso que haja algum conteúdo intencional. Nas palavras de Searle: O “Background” é manifesto apenas quando há conteúdo intencional. Embora o Background em si não seja intencional, qualquer manifestação do Background, seja em ação, percepção etc, tem ela mesma que entrar em ação sempre que houver alguma intencionalidade, consciente ou inconsciente (RM:280). O Pano de Fundo funciona causalmente, mas essa causalidade não é determinante, pois o que ele fornece é um conjunto de condições necessárias, mas não suficientes para que se tenha estados intencionais como crença, desejo etc. Searle faz uma distinção entre Pano de Fundo profundo e Pano de Fundo local. O Pano de Fundo profundo inclui todas as capacidades de Pano de Fundo que são fenômenos universais, isto é, capacidades comuns a todos seres humanos normais em virtude de sua constituição biológica. São exemplos: 32


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