Linguagem e Intencionalidade

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O que determina a referência dos termos gerais?

Searle considera estranho o fato de Putnam presumir “H2O” como fixo e “água” instável e ainda acha que pagaríamos um preço muito alto se aceitássemos tais intuições, pois muitas coisas têm a água como componente essencial. Desse modo, a lama na Terra Gêmea não seria a mesma lama de nosso planeta, a neve etc. Mesmo assim, Searle prefere aceitar essas intuições de Putnam de forma a demonstrar que o que ele faz é substituir um conteúdo intencional por outro. Tal como Searle descreve: “de acordo com o tradicional conteúdo Intencional como constelação de conceitos, Putnam substituiu um conteúdo Intencional indexical. Em cada caso, o que determina a extensão é um significado na cabeça” (I:257). Conforme Searle, podemos analisar a posição de Putnam distinguindo as três teses, a saber: 1- A constelação de conceitos ou conteúdo intencional ligado a um termo não fixa a referência, 2- A definição indexical de um termo fixa a sua referência e 3- O que se passa no cérebro dos falantes não fixa a referência de um termo. Para Searle, a tese 3 não se segue das teses 1 e 2. Caso contrário, Putnam teria de supor que a definição indexical não está no cérebro. Contudo, Putnam usa as teses 1 e 2 para demonstrar 3 e assim concluir que a definição indexical não está no cérebro. Searle considera esse argumento de Putnam falacioso. Ele acredita que há dois motivos que conduzem Putnam a fazer essa jogada falaciosa: (1) a suposição de que se não conhecemos a micro-estrutura que determina a referência, então o que está no cérebro é insuficiente para fixar a referência. Para demonstrar que essa suposição de Putnam é errada, Searle usa o seguinte exemplo: a expressão “o assassino de Brown” tem um significado que determina como sua referência o assassino de Brown. Para Searle, essa expressão fixa a referência apesar de ser um fato no mundo quem seja o assassino de Brown. Se um indivíduo desconhece quem seja esse assassino, mesmo assim, a expressão “o 111


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