A função da palavra na filosofia de Schopenhauer: razão e poesia

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Caio Miguel Viante

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A coisa isolada é, assim, apenas uma objetivação mediata da coisa-em-si, isto é, da vontade; entre as duas se encontra a ideia: unicamente esta, pois, é objetidade imediata da vontade, tendo em vista que aquela não assumiu nenhuma outra forma de conhecer enquanto tal senão a da representação em geral, isto é, a do ser-objeto para um sujeito. Ela unicamente é a objetidade a mais adequada possível da vontade. (SCHOPENHAUER, 2003a, p. 40) Nesse sentido, a ideia é a objetidade imediata adequada à vontade. Ela preserva a sua forma geral de representação quando captada pelo sujeito puro. Sua forma consiste em uma representação distinta, isto é independente do princípio de razão. A representação independente, isto é, a ideia, será tema do nosso próximo tópico, pois configura outra forma de representação apresentada por Schopenhauer.

2.4 A REPRESENTAÇÃO INDEPENDENTE DO PRINCÍPIO DE RAZÃO De acordo com Schopenhauer, a representação também se constitui independente do princípio de razão. Como representação independente, a ideia é grau determinado da vontade que exprime o caráter objetivo das coisas do mundo. Dessa forma, a ideia “não manifesta a essência em si, mas apenas o caráter objetivo das coisas” (SCHOPENHAUER, 2015 p. 437). Nesse sentido, a ideia contém em si o ser verdadeiro da vontade universal em grau determinado. Em outras palavras, a ideia assume a conservação da natureza da vontade nos limites de sua constituição puramente inteligível. Consequentemente a vontade se efetiva na forma representativa independente do princípio de razão. Por isso, a ideia como grau de objetidade da


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