Sonetos Completos de Florbela Espanca

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HUMILDADE

Toda a terra que pisas, eu queria, ajoelhada, Beijar terna e humilde em lânguido fervor; Queria poisar fervente a boca apaixonada Em cada passo teu, ó meu bendito amor! De cada beijo meu, havia de nascer Uma sangrenta flor! Ébria de luz, ardente! No colo purpurino havia de trazer Desfeito no perfume o misterioso Oriente! Queria depois colher essas flores reais, Essas flores de sonho, estranhas, sensuais, E lançar-tas aos pés em perfumados molhos. Bem paga ficaria, ó meu cruel amante! Se, sobre elas, eu visse apenas um instante Cair como um orvalho os teus divinos olhos!


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