A arte contemporânea para uma pedagogia crítica editora

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Parte II Enquadramento Metodológico

5.1 Aulas teóricas Depois de apresentada a proposta de trabalho na sua globalidade, as primeiras aulas desta unidade curricular consistiram numa abordagem teórica e destinaram-se à clarificação dos conceitos relacionados com a arte contemporânea dando a conhecer alguns artistas nacionais, relacionando a sua vida e a obra, mostrando os mais diversificados materiais e linguagens e o seu processo artístico, para que os estudantes se familiarizassem com os conceitos que lhe são inerentes, abrindo-lhes os seus referenciais artísticos e mostrando a sua pertinência na educação e na sociedade atual. Como referido anteriormente, esta ideia de arte contemporânea foi circunscrita a alguns artistas portugueses. O facto de não estender a matéria a um vasto número de artistas obsta o risco de um tratamento superficial desta temática, evitando assim o que J. Torres chamou de “currículo de turistas” (Torres 1994). Neste sentido, apresentaram-se os seguintes artistas: Joana Vasconcelos; Ana Vidigal, Alberto Carneiro, João Vieira, Isaque Pinheiro, Rui Sanches, Fernanda Fragateiro e Rui Chafes. A primeira componente da formação inicial assumiu caraterísticas de natureza mais académica que teve por finalidade a transmissão de conhecimentos fundamentais para interpretar, compreender, produzir e de ensinar. As aulas centraram-se em metodologias ativas onde o debate, a visualização de documentários e imagens foram aspetos privilegiados. Os objetivos destas aulas foram: •

Reconhecer que o poder social afeta diretamente as artes;

Estudar as relações da arte com a sociedade em que está inserida;

Utilizar o micro relato como fonte de conteúdo curricular (a fragmentação cultural);

Familiarizar o estudante com o processo crítico conhecido como “desconstrução” e a descontextualização do objeto de uso quotidiano para evidenciar toda uma série de interrogações estéticas;

Reconhecer que as obras de arte podem conter elementos contraditórios que eliminam interpretações exatas;

Reconhecer que objetos relacionados com uma intencionalidade funcional convertem-se em objetos artísticos;

Reconhecer a importância da articulação de saberes para compreender uma obra.

Nestas aulas os estudantes contataram pela primeira vez com a maioria das obras apresentadas, desenvolvendo uma experiência valiosa. Inicialmente, a receção da Arte Contemporânea, por parte dos estudantes, causou inquietação e muitos questionamentos, porque se configurou numa abordagem distante dos conhecimentos que possuíam sobre arte (como se pode verificar com a análise do primeiro inquérito), logo muito estranha. Após esta primeira abordagem, ficaram curiosos e com vontade de saber mais sobre o assunto em questão, questionando e comentando sobre as obras que foram estudadas e as diversas interpelações que os colegas faziam.

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