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REPORTAGEM

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Abbvie promove SUSTENTABILIDADE EM SAÚDE

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• 73,2% considera resposta do SNS no combate à pandemia satisfatória • Qualidade dos profissionais de saúde muito elogiada

TEXTO: Rui Sousa

No passado dia 15 de junho, no auditório do Museu do Oriente, decorreu a 9ª conferência “Sustentabilidade em Saúde”, uma iniciativa promovida pela AbbVie, o Diário de Notícias e a TSF, em que foram apresentados os dados do Índice de Saúde Sustentável, estudo anual desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA IMS).

Os trabalhos iniciaram-se com a sessão de abertura que contou com declarações do diretor-geral da

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AbbVie, Antonio Della Croce, que destacou a forma como a Covid-19 expôs muitas fragilidades, mas que, por outro lado, mostrou a importância da saúde na economia e na vida das pessoas, elogiando o progresso científico que levou à rápida concretização de várias vacinas.

Investir em Saúde

Referiu ainda este responsável que a pandemia deixou clara a necessidade de investir mais em saúde para não deixar ninguém para trás, e que o setor deve ser visto não como um custo mas um investimento que tenha como meta a vida e o bem- -estar das pessoas.

“É, por isso, urgente recuperar o tempo perdido na prevenção, no diagnóstico e no tratamento”, salientou. Já o Secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, aproveitou o momento para salientar a necessidade de contarmos com um Serviço Nacional de Saúde (SNS) preparado para reagir a problemas desta ou de outras magnitudes no futuro, acrescentando que “a batalha ainda não acabou”, sendo necessário aumentar o investimento em saúde, que será sempre “de dimensões particularmente relevantes”.

Avaliar a Sustentabilidade

No primeiro debate da conferência foi apresentado o indicador Sustentabilidade em Saúde deste ano por Pedro Simões Coelho, presidente do Conselho Científico e professor catedrático da NOVA IMS. Desde 2014 que este indicador tem sido apresentado anualmente, trazendo sempre novos e surpreendentes dados sobre a temática em causa.

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E com um ano de pandemia, não foi exceção. Afinal, segundo Pedro Simões Coelho, a tragédia da Covid-19 veio trazer novas oportunidades que não podem ser descartadas.

O Índice que avalia a sustentabilidade do SNS decresceu dos 101.7 para os 83,9 pontos. Sem o efeito da Covid-19, o índice registaria o valor mais elevado de sempre: 103.6 pontos. Segundo o Índice, a maioria dos inquiridos (73,2%) considera que a resposta do SNS no combate à pandemia tem sido satisfatória, sendo a qualidade dos profissionais de saúde bastante elogiada. No entanto, 18% preferiu recorrer ao setor privado, e um quarto dos portugueses afirma ter deixado de recorrer ao SNS por receio da pandemia.

Apesar desta realidade e da crise pandémica, o SNS conseguiu gerar um retorno económico de 6,8 mil milhões de euros, no ano transato, graças ao seu efeito positivo no absentismo laboral e na produtividade.

Segundo Pedro Simões Coelho, os dados explicamse pelo facto de, em 2020, ter havido “uma queda muito acentuada de atividade nos hospitais, com a pandemia a consumir muitos recursos e a gerar despesa adicional. Algo inevitável, e que naturalmente se reflete na queda do índice de sustentabilidade. Como aspeto positivo, de realçar a redução do deficit (-15%) mesmo neste contexto difícil e o aumento da qualidade percecionada do SNS”.

Voltar à normalidade

Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde e professor da Escola Nacional de Saúde Pública da NOVA, foi um dos intervenientes neste debate, e reagiu aos dados apresentados salientando o contexto de grande adversidade em que foram recolhidos, onde se conjugaram dois fatores: a fadiga pandémica e a fadiga cívica.

Reforçou ainda o antigo ministro que, depois de um quadro de exceção demasiado prolongado, “é necessário que o SNS volte à normalidade”, e que o processo de vacinação seja agilizado e acelerado, bem como a sensibilização da população para tal, para que o índice do próximo ano nos permita colocar a Covid-19 como um problema do passado. Adalberto Campos Fernandes acredita que “aprendemos que o SNS não é centro de custo a desprezar pelos governos”, e que é necessário alargar o consenso político à volta da ideia de haver maiores recursos para o sistema de saúde público.

Olhar o Futuro

O segundo debate foi subordinado ao tema “É Tempo de Olhar em Frente”, uma forma de perceber o que nos espera no futuro, relativamente às questões da sustentabilidade em saúde, assim como analisar se a capacidade de resposta a esses desafios, pelo SNS, é ou não praticável.

Alexandre Lourenço, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), salientou na sua intervenção que a Covid-19 “destapou fragilidades na população idosa”, devido à existência de uma “fraca resposta” às suas necessidades de saúde, assim como aos doentes de outras patologias não-Covid.

O presidente da APAH reforçou a necessidade de pensar o futuro e as consequências de todas as consultas, operações e rastreios que foram cancelados, devido ao novo coronavírus, e deixou no ar a questão relativa a qual seria o impacto, por exemplo, de haverem menos 400 mil pessoas a fazer rastreios oncológicos em 2020.

As métricas da saúde “devem ser avaliadas não nos números, mas na qualidade dos serviços”, e é preciso que, acrescentou ainda, ao mesmo tempo que se veja a satisfação das pessoas com o SNS, olhar para o que continua a falhar. E dar mais autonomia e capacidade de reação a nível regional, criando também uma ainda inexistente estratégia de saúde digital.

Esta conferência, que terminou com um pequeno depoimento em vídeo de Pedro Siza Vieira, Ministro da Economia, foi marcada por ideias que fazem o presente e o iminente futuro da saúde em Portugal. Daqui a um ano iremos perceber se alguma delas foi colocada em prática e se o índice de sustentabilidade em saúde reagiu bem, ou mal, a essas mudanças.

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