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Opinião

O caminho das estrelas

O caminho é difícil, tem muitos obstáculos, mas também muitas estrelas. As estrelas são milhões e deixaram de estar apenas no espaço ultraterrestre, passaram a estar junto de nós, presentes no nosso dia a dia, proporcionando conforto, comodidade, segurança, bem-estar, muita amizade e carinho. Não, não falo das estrelas do “red carpet” mas sim das estrelas que estão diariamente na “RED LINE”. Não, não falo de atores, atrizes, desportistas ou figuras do pequeno ecrã, mas sim daqueles que, diariamente, andam

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na luta desta “guerra” sem aparente fim, mas com um inimigo muito bem identificado. Desde os profissionais de saúde, forças de segurança ao simples voluntário, ao profissional do sector da logística e, nomeadamente, ao Transitário, são estas as verdadeiras ESTRELAS deste caminho, pois todos concebemos caminhos e movimentos que criam e mantêm vivas, as vidas de milhares de empresas e de milhões de pessoas. Se há bem pouco tempo olhávamos para este cenário, como se de ficção científica se tratasse, hoje olhamos como uma realidade, já quase uma naturalidade, que vai perdurar no tempo. Esta sensação de passar de gravidade “zero” para uma gravidade altíssima, foi onde chegámos. Primeiro “flutuando”, porque na primei-

ra vaga tudo nos parecia “bem pensado” ainda que com algumas oportunidades de melhoria; agora andando com os pés bem assentes no chão e bem cientes desta realidade, nota-se que mais uma vez falhámos na programação e no planeamento. Não escondemos que, hoje, a partir do conforto do nosso “home-office” (é assim que se chama agora) e, em conjunto com os restantes elementos das nossas equipas, conseguimos mais facilmente questionar e tentar antever alguns dos melhores caminhos que se perspetivam à recuperação do contexto atual. Será um caminho de/ou para ESTRELAS? Na minha opinião é um caminho para ESTRELAS. Hoje, quando abrimos os pasquins nacionais, as notícias teimam em deitar tudo ao “charco”, mas nós entendemos que muitas das “estrelas” que iluminam esta “noite” escura, ou seja, os resultados menos bons, durante o dia são ainda mais reluzentes por via do brilho de um sol que, embora não aparente, continua a brilhar. Este Sol, somos nós que, teimosamente, contra tudo e contra todos,

continuamos a desbravar caminhos, e talvez este seja o sentido da nossa vida. Correr atrás das aspirações da comunidade com o sentido do dever cívico e ético a que nos sentimos obrigados, e fazer o caminho para estas estrelas, mesmo quando não as conhecemos, mas que muito deste nosso bem-estar a elas devemos. Os antigos dizem que “Se olhares com atenção vais ver que são mais as estrelas do teu céu do que as pedras do teu caminho”. Os mais antigos dizem muitas coisas que devíamos tentar perceber,

António Nabo Martins Presidente Executivo

interpretar e ajustar aos nossos tempos. Basicamente é esta mensagem que queria passar, ou seja: são mais as oportunidades que as dificuldades, até porque para qualquer problema mais ou menos complexo, existe sempre uma solução simples, mais ou menos pensada e, muitas vezes, também completamente errada. A nossa vida resume-se à tentativa e erro. Todos erramos. Só não erra quem não faz. Ora, hoje todos nós temos mais que um problema. Conseguimos resolver todos?

Talvez sim, talvez não. Então vamos lá resolver um de cada vez. Certo? Foi o que fizemos quando, desde há quase um ano, fomos escrevendo, em forma de alerta, em vários órgãos da comunicação social, “Covid-19: Os transportes de mercadorias não podem ficar de quarentena”. E, felizmente, não ficaram, porque foi possível franquear a circulação de bens de primeira necessidade e mercadorias para que estas chegassem ao maior número possível de Portugueses, porque sempre dissemos que “Mais Logística é o que a APAT pretende” e, espantem-se os mais distraídos, não estávamos enganados. O nosso “O Instinto coletivo” dizia-nos que ”A Covid-19 não nos pára! Mais do que nunca, é tempo de agir”. Foi o que fizemos, porque para além de agradecer o nosso esforço, o que importa realmente é estar ao serviço dos e para os outros, e nomeadamente da economia nacional. “Obrigado, mas fazemos o mesmo de sempre”, prestar serviços e servir. Mais recentemente fomos confrontados com a Logística da distribuição das vacinas, e logo aí nos pareceu que o mais

importante seria adotarmos uma “vacina para a logística”, e parece (infelizmente) que estávamos a adivinhar. O resultado está à vista e, mais uma vez, onde não podíamos falhar no mínimo pormenor, falhámos. Pois nestes aspetos não basta ter esperança, porque esperança não é estratégia, a estratégia necessita de transparência e é normalmente um caminho que temos de percorrer. Não significa tanto “como fazer”, mas sim “o que temos de fazer”, e tivemos condições para o fazer bem. No meio deste percurso já percebemos que houve e vai continuar a haver falhas. O que temos de fazer, nós até sabemos, desde que nos deixem fazer. Quando nada fazia antever que ainda pudesse ser pior do que já era, eis que “O Transporte marítimo e as exportações Portuguesas” se nos afiguram como uma dificuldade quase intransponível, na ajuda que queríamos dar à recuperação da nossa economia. É nestas circunstâncias que o pior dos males se apresenta na nossa frente, que é quando estamos a perder a capacidade de tomar decisões, de não sermos capazes de resolver sem precisar

da ajuda de outros. Mas esses outros não querem. É este o momento em que estamos. Sabemos muito bem que “Escrever é fácil: começa-se com uma letra maiúscula e termina-se com um ponto final. No meio colocam-se as ideias.” (Pablo Neruda). Quando escrevemos, é isto que tentamos fazer - tentar despertar, alertar e prevenir – para que no meio se coloquem as melhores ideias, as melhores estratégias, as melhores pessoas e as melhores ações, de modo a atingir os melhores resultados e, ponto final.

Tecnologia – Mudança de paradigma

O passado ano trouxe algumas mudanças abruptas a nível tecnológico, potenciadas não pelas políticas empresariais definidas em extensas reuniões de administração, mas devido à pandemia, que obrigou, num curto espaço de tempo, a um acréscimo tecnológico por parte dos colaboradores e das suas empresas. É certo que esta adaptação teve os seus custos, tanto a nível da cibersegurança, como de um novo modelo de trabalho. As reuniões passaram para outro patamar, o contato direto com os clientes evoluiu para outro modus operandi, e para o setor dos transitários houve também alguns desafios, com todas as restrições impostas pela pandemia, que impedia em alguns casos o normal fluxo entre o ponto A e B, para entrega das mercadorias dentro do preço e tempo contratados usualmente. As empresas tecnológicas têm pressionado o setor com soluções variadas, tomando a dianteira os operadores globais na definição, ou na tentativa, de modelação de tendências para o restante setor. Nem todos têm as mesmas necessidades, nem tão pouco o impacto global ou dimensão que permitam seguir os investimentos necessários para estarem na crista da onda tecnológica, mas algumas aplicações surgiram neste tempo de mudança que de algum modo permitirão aos utilizadores da cadeia de abastecimento global ter uma visão diferente no transporte de mercadorias. Aplicações de partilha de recursos de transporte (marketplaces), operações sem contato direto com os clientes, soluções de recursos armazenadas nas “nuvens” (clouds), onde o armazenamento está acessível a todos e a informação pode ser acedida em qualquer lado, aumentando assim também a visibilidade das mercadorias ao longo da cadeia de abastecimento. Toda a tecnologia já existente em plataformas digitais como Booking, Airbnb, Trivago, Uber e quaisquer páginas de venda de bilhetes aéreos são suportadas por algoritmos de oferta e procura que serão importados a um nível global, e trazidos, mais cedo ou mais tarde, para os operadores de transporte, ou clientes finais. É, hoje, rara a semana em que, na minha rua, não chegam encomendas da Amazon ou outras plataformas aos meus vizinhos. É certo que todos compramos mais hoje do que antes em plataformas online, e estamos até habituados, enquanto clientes finais, a que não nos sejam exigidos portes pelo transporte das mercadorias

Pedro Galveia

Estamos a ser educados para o transporte “gratuito” em detrimento do preço final acordado, sendo esse o fator de escolha numa compra.

que compramos normalmente, pois são “oferecidos” acima de certo nível monetário de compras, ou têm custo extremamente reduzido. Estamos a ser educados para o transporte “gratuito” em detrimento do preço final acordado, sendo esse o fator de escolha numa compra. As inovações tecnológicas vão continuar a rechear o setor com soluções que terão uma diversidade e alcance enormes a curto prazo. Os algoritmos baseados na lei da oferta e da procura vão estar por trás das plataformas digitais no mercado dos fretes, possibilitando aumentar as margens de negócio a todo o momento, tirando proveito tecnológico das ferramentas disponíveis. Para o mercado dos transitários, os operadores globais irão concentrar nas suas fileiras da cadeia global o máximo de cargas, nos variados meios de transporte (mar, terra, ar), de modo a C garantirem o máximo controlo das cargas por si transportadas. M Claramente o investimento tecnológico tem sido grande, e o Y que é moda hoje pode ter os dias contados aquando da sua implementação real. CM MYO investimento na tecnologia Blockchain por parte de alguns opeCYradores globais não impediu, por si, que surgissem já “start-ups” com desenvolvimento de aplicações, algumas patenteadas até, CMY denominadas “blockchain killer apps”, que irão reutilizar os conK ceitos agora existentes, de um modo mais leve e simples, mais perto do utilizador. O comboio tecnológico tem estes problemas, e devemos estar numa zona onde se pode “nadar”, em vez de estar sempre na crista da onda, onde a possibilidade de erros e investimentos falhados é maior. Será que vamos assistir em breve a outras importações, dos mercados financeiros por exemplo, onde se negoceia o preço do futuro, quando assistimos ao preço dos fretes marítimos a subir em flecha, influenciados não se percebe bem porquê, se será pela escassez de equipamento em determinadas partes do globo, se pelo aumento do preço dos combustíveis, depois de um ano em que os mesmos estiveram em valores anormalmente baixos, ou para cobrir os investimentos necessários dos operadores de transporte? A mudança obriga a mudanças em vários níveis, mas continuamos a não perceber os custos intermédios da cadeia de abastecimento e, na realidade, estamos a ser “educados” para comprar pelo tempo e custo final, em detrimento do que se passa no meio da máquina global de transporte. Desde que os preços o permitam, e se estiver no lado em que os podem influenciar, o futuro pode ser de crescimento, senão podem ser esmagados pelos operadores globais, que não deixam grandes margens para os operadores mais pequenos sobreviverem às suas políticas de atuação no preço dos transportes.

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