Nº 91 a 94 - Janeiro a Julho de 1937

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R R D Reeevvviiissstttaaa D Dhhhââârrraaannnâââ Data: Dhâranâ nº 91 a 94 – Janeiro a Junho de 1937 – ANO XI Redator: Henrique José de Souza

acobreada ou avermelhada como a dos mongóis. E que ao sagrado Brahma-putra e ao seu fértil vale se denomine também de Patsang-po ou país do centeio. No decorrer deste trabalho temos analisado diversas palavras tibetanas, tais como as de tchend ou tched, a de tumo, etc., dando com a dignidade de nossa escassa documentação sobre o assunto, a correspondente interpretação, que nossa intuição filosófica nos aconselha, embora que, sujeito à crítica dos doutos e ao cético sorriso dos que de “fantasistas” nos chamem. Castigo esse que aceitamos de bom grado, na esperança de podermos fazer melhor de futuro, quando provado ficar que não estávamos certos. Continuemos, pois, nosso exame de profano sobre outras palavras usadas no “País das Neves”: Já dissemos que a palavra TIBETE não era usada pelos tibetanos para designar o seu país, mas a de Pe-yul ou Poyul (que nos faz lembrar o “Popo-vul” ameríndio, dizemos nós) é a de Gans-yul ou Tsang-yul, dando-se a si mesmos o de Popas, Pepas, ou Pepes, termo esse, “mui gitano”, permita-se-nos a familiaridade do adjetivo, já que os tibetanos, especialmente os semi-bandidos e semi-cavaleiros do Jam oriental têm todos os traços de nossos ciganos ou gitanos andaluzes, até no possuir faustoso rei, como também, porque o Chipi-calli ou linguagem “calo” (daí o termo de “calão”), dizemos nós, etc, destes últimos, não ser senão um dialeto mongol-tibetano de gentes que vieram até à nossa Península, procedentes da remota Dzungaria ou Tsingaria, e logo da Hungria centroeuropéia. E não deixa de ser curioso, seguindo essa mesma ordem de idéias, o próprio termo bruja “ou viajante pelo país” e suas práticas enganadoras em matéria de magia, se denominar de “Kandongas” ou Candonga, para designar, ainda, as sugestionadoras carícias sensuais.5 A radical Po (que na Itália do norte serve também de nome a caudaloso rio, e na parte Sul da França, a Pau ou Pô, formosa cidade capital do arico Bearn), surgiu por toda parte, nos nomes tibetanos, aludindo ao “Po” do país. Assim, temos ainda, as palavras Bon-po ou Bompo, já tão debatidas nos capítulos anteriores, em relação com sacerdote do Bon; pom-po, empregado, funcionário; tchug-po, homem rico (ou acaso, alegoricamente, “homem que possui tchend” ou “pacto” com os habitantes do Astral para que os enriqueça); tchu-ba ou chpa, a “chupa” ou jaqueta de nossos ciganos; gyal-pos, os régulos ou rajás, assistidos do mágico poder (Gynd), que dá a autoridade; Sung-po, sinal ou criatura mágica (tulku), derivado talvez do Sun ou Sol de línguas nórdicas ou saxônicas, tal como o Sun inglês; gompa, ou templo, devido talvez ao seu som, sinos ou campainhas; stu-pa (ou chorten) construídas à margem das estradas e dedicadas às venerandas cinzas dos lamas e seus congêneres dotchem, cairn ou montão de pedras com bandeirolas e sagradas inscrições, de que já falamos em outro capítulo; adjo-pa ou “peregrino” (à pé) e naldjor-pa, asceta místico, mais ou menos viajante; nags-pa ou nagas-pa, “lama feiticeiro”; feiticeiro revestido de tsa-tas ou adornos feitos com falanges, rodelas de crânios e outros ossos de defuntos; dok-pa, pastor, principalmente, dos desertos erbáceos; tchyen-pa, o fruto de meditação ou “gompa”, assim como “taw”, é simplesmente, observar ou examinar; pramo e pa-no, médiuns feiticeiros (homem e mulher), etc., etc. O mais profundo sentido preside a todas as palavras mais ou menos relacionadas com a Magia. Assim, se geche é um doutor em filosofia, nieun-eche é um adivinho; mideussa, contração talvez de mimayin-deussa, assinala, ao fogo que o peregrino constrói em seu caminho, relembrando aos deuses tutelares do Lar; mos, práticas divinatórias, herdadas, sem dúvida, do povo mosso, muisca ou mosaico, que nada tem de alusivo ao 5

O termo “candonga” é bem nosso, embora que, debaixo de um sentido mais afetivo ou carinhoso, por exemplo, para uma criança. Não raro se ouvir dizer: “minhas candongas”, a uma mãe ou avó que embala o seu filhinho ou neto, etc. Nesse caso, da mesma origem, no ponto de vista de “carinho”, etc. – Nota do tradutor.

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