Nº 110 - Outubro a Dezembro 1941

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R Reevviissttaa D Dhhâârraannââ Dhâranâ nº 110 – Outubro a Dezembro de 1941 – Ano XVI Redator: Prof. Henrique José de Souza

despenhando-se do Olimpo sobre a terra. Por isso, quando dissertava de sua cátedra, temendo que seu gênio familiar fugisse de tão misteriosa espada," mantinha entre ambas as mãos – justamente o lugar, onde, dizia ele, o mesmo estava oculto. Gabriel Naudé julgava que o gênio familiar do professor de Basiléia, era simbolizado por seus maravilhosos arcanos, os quais, a referida espada conserva sempre em forma de pílulas (isto é, cada uma delas, uma forma viva desses mesmos arcanos, dizemos nós). Porem, mão seria isso um simples fenômeno intuitivo, o ingênuo e poético símbolo da consciência reveladora de si mesma ? É tudo quanto se pode julgar, fazendo lembrar que os partidários da filosofia, daquela filha das regiões orientais, cano a fábula e a alegoria, representavam, ordinariamente, as idéias abstratas por meio de imagens e apitos". 41 Não pode falar com maior clareza o Dr. Michea, a respeito desse verdadeiro jina ou "daemon" familiar, que possuía Paracelso, semelhante ao de Sócrates, de Numa Pompilio, com a sua Egeria; de Sertorio com a sua corça; de Cervantes, segundo o próprio Menendez-Pelayo, e daquele sábio de Bombaim, citado por Olcott, verdadeiros terafins; talvez igual ao de Terah, pai de Abraão, de que fala Blavatsky ao referir-se à magia caldáica. "Franciscus, auxiliar de Paracelso – diz Figuier – contava que seu mestre havia curado em uma só noite a um indivíduo, cuja vida ele ignorava, e cujo diagnóstico fora feito mediante certos pós (reativos) que pôs na sua urina. E também, que o viu transmutar mercúrio em ouro, graças aos seus conhecimentos alquímicos." Apesar das dúvidas de Figuier a tal respeito, o certo é que o grande Teofrasto Paracelso, alem de seu mestre, o mago Tritemius, possuiu os profundíssimos ensinamentos de vários alquimistas, dentre eles, seu próprio pai Guilherme, "comendo queijo e pão de aveia à sombra dos abetos". 42 A seguir, os bispos de Scheyt, de Erchard e seu predecessor Lavantable, alem de outros bispos, também, chamados Nicolas de Yppon e Mateus de Schacht, sem falar em abades e doutores, desde que podia orgulhar-se de conhecer os mais raros e valiosos livros de alquimia, antigas e modernos onde por sua vez, foram beber a inspiração, Tritemius, abade de Stonhein e Segismundo Fugger, o mineralogista. Donde revelar o incompreendido e revolucionário Teofrasto, grande indiferentismo respeito das, religiões, correntes, como apaixonadíssimo pela verdadeira Magia científica, que é a oculta essência de toda religião exotérica. Sim, preferia o miolo à casca... A árvore, propriamente dita, e não um dos seus simples e mesquinhos ramos... Do mesmo modo, quanto à Reforma protestante, que naquele momento tanto apaixonava a Europa: "Lutero", dizia ele, "nada vale diante da minha pessoa; ele não é mais do, que um teólogo, e eu sei medicina, filosofia, astronomia, química e outras muitas coisas, que o mundo ainda desconhece por completo. Lutero não serve nem para beijar as correias do meu sapato. É um bobalhão e nada mais, se quer fazer de um remonte outro remonte", isto é, de uma religião, simples espelho embaciado, onde se refletem os pálidos raios da verdadeira Religião-Sabedoria, outra religião idêntica. Sim, um segundo remonte para o mesmo calçado. De igual modo falava a respeito de Galeno, Avicena e dos pedantes médicos, seus contemporâneos, porque, a bem dizer, tendo o conhecimento da Magia, dessa ciência das ciências que, tanto no oriente como no Ocidente, aos próprios reis e papas governou (donde o termo: Magia Real) – "et in Oriente regibus imperat" –, possuía um completo domínio de si mesmo, que jamais tolera as pueris vaidades daqueles que, sem A conhecer, se julgam sábios, tanto na Ciência como na Igreja. Donde, por exemplo, a 41 42

Gazeta Médica de Paris 7 de Maio de 1812.

Os abetos a que se referia, jocosamente, Paracelso, eram simbolizados pelas escrituras mágicas dos Tuatha de Danand, aos quais se refere, no capítulo VIII de sua obra De Gentes del otro Mundo, aquele outro gênio ou Mago de Logrosan, que se chamou Mário Roso de Luna.


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