Nº 11 e 12 - Novembro 1955 - Fevereiro 1956

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R Reevviissttaa D Dhhâârraannââ Dhâranâ nº 11 e 12– Novembro de 1955 a Fevereiro de 1956 – Ano XXX Redator : Paulo Machado Albernaz

Conta a lenda que os povos daquelas paragens viviam na mais completa barbárie como restos que eram das civilizações anteriores. Adoravam tudo quanto lhes causava estranheza e praticavam ritos atrozes, durante os quais em horríveis festins sacrificavam crianças virgens. O Sol, pai de todas as coisas, condoído da sorte dessas gentes mandou-lhes seus filhos Manco Capac e Mama Coya com a missão de iluminar aquelas mentes obscurecidas que entre si viviam em lutas perenes. Apareceu o casal de “irmãos-esposos” numa ilha do lago Titicaca e para saberem onde deviam fundar a capital do Império, dera o Sol a seu filho Manco Capac, um bastão de ouro que no local escolhido devia enterrar-se totalmente até desaparecer. Deu-se isso numa colina de Tebunacú, situada cerca de oitenta léguas do lago Titicaca. A cidade a erguida se chamou Cusco que significa centro ou umbigo do mundo. Relatar todas as peripécias desse casal de seria alongarmo-nos demasiadamente sobre um assunto que não é objeto deste trabalho. Citamos apenas esta primeira parte para apontar a origem lendária daquele povo e o curioso fato capital chamar-se Cusco ou seja Umbigo, pois foi justamente desse umbigo que a mesma tradição relata nos mitos de Pacari-Tempu ou da Pousada da Aurora e de Tempo-Tocco, como da serra das Três Cavernas que saíram os misteriosos povos dos Maras e dos Tampu. O primeiro da embocadura do mesmo nome e o segundo da caverna ou embocadura denominada “Sutic”. Esses povos, como vimos relatar a lenda tão bem reproduzida por Sir Clement Markhan, vieram do interior da terra para povoá-la. Esse país interior, berço misterioso não só de povos como de muitos personagens de nossa história cuja vida não é bem conhecida, tem inúmeras denominações em diversas partes do mundo. O mais popular porém no Oriente é o de Agarta. É o mesmo “Asgardi” ou a “Cidade dos 12 Azes” segundo os Edas escandinavos ou o país subterrâneo de Assar dos povos da Mesopotâmia. É o país do Amenti dos egípcios e que segundo H.P.B., os cristãos saúdam ao pronunciarem o “Amem” no final de suas preces. Esse vocábulo teria sido aprendido pelos israelitas no cativeiro e preservado através dos séculos, já com um significado um tanto modificado. É ainda o país dos Sete Potalas, descrito por Parashara a Maitréia no Vishnú Purana. É para tibetanos e mongóis a cidade de Erdemi. Para a mitologia grega os Campos Eliseos ou Hades. Para os mexicanos a cidade de Tula ou Tulam, para os bardos celtas a “Terra do Mistério”. É o misterioso Montsalvat das tradições do Santo Graal, fonte inspiradora de Wagner para o seu Lohengrin e Parsifal. É a terra de Chivin ou a Cidade das 13 Serpentes”. O Fu-Sang das tradições chinesas; o Mundo Subterrâneo que raiz dos céus segundo o Votan de Tsental; o país dos Calcas, Calcis ou Kalkis ou a famosa Colchida, da epopéia dos Argonautas. Em última análise, é o pais misterioso de onde provieram os ciganos espalhados pelo mundo como por castigo haverem violado as leis do país que ocupavam. O mistério que envolve a tradição desse povo somente pode ser bem compreendido quando ligado a Agarta. Aos que duvidam desta afirmativa, alegando que os ciganos são oriundos da Bohemia, Tzingaria, etc. pedimos que recordem a história e façam cuidadosa investigação em torno deste assunto sendo certíssimo que muita coisa surpreendente será constatada. Os primitivos ciganos, aparecidos na Europa de maneira tão estranha, não só possuíam um idioma estranho, como estranho eram seus hábitos, costumes, tradições, religião, arte, etc., etc., o que os colocava como um povo absolutamente diferente de todos os seus contemporâneos, além de apresentarem outras peculiaridades que somente entre seus membros poderiam ser encontrados.

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