BIBLIOTECAS PÚBLICAS: IDENTIFICAÇÃO CÍVICA E REVITALIZAÇÃO COMUNITÁRIA

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ANNA CHRISTINA MENDES BRIZZI

BIBLIOTECAS PÚBLICAS: IDENTIFICAÇÃO CÍVICA E REVITALIZAÇÃO COMUNITÁRIA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO APRESENTADO À FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE COMO REQUISITO PARCIAL À OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ARQUITETURA E URBANISMO

ORIENTADOR Prof. Dr. Silvio Stefanini Sant’anna

São Paulo 2017

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Aos meus pais e irmĂŁo.

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AGRADECIMENTOS Seria injusto não destacar as pessoas que foram fundamentais durante a produção deste trabalho. Eu gostaria de agradecer imensamente às seguintes pessoas: - Os professores Dr. Carlos Andrés Hernández Arriagada e Dr. José Augusto Aly pela atenção, dedicação e por se empolgarem e acreditarem no meu tema; - Os professores especialistas Pedro Nosralla Junior e Guilherme Lemke Motta por suas críticas construtivas e elogios durante a banca examinadora, o que me levou a me assegurar que estou no caminho certo; - O professor Dr. Sami Bussab, inspiração não só para mim, como a todos os estudantes da área, pelo envolvimento e comprometimento com a carreira, alunos e produção arquitetônica; - O orientador, professor Dr. Silvio Stefanini Sant’anna, por acreditar no meu projeto e em minha capacidade; - Os auxiliares administrativos por sua paciência e presteza ao longo de todo processo; - Os vários profissionais envolvidos direta ou indiretamente com a arquitetura, Carolina Gazzeta, Margarete Codling, Paula Zanetti, Bruna de Barros, por seu suporte e companheirismo; - À Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, por proporcionar-me uma visão realista da profissão e da vida; - À arquitetura em si, por ajudar-me a enxergar um futuro muito mais profundo e satisfatório, independente das dificuldades encontradas no caminho; - Aos meu pais e ao meu irmão, por tudo, literalmente. 5


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De cada calçada de concreto da cidade Cada viga que se ergue Cada vida que se segue [...] [...] existem uns que seguem na rotina e não enxergam ao redor Reclama e não se posta para tornar melhor Acha melhor sobreviver só mantendo distância De cada sonho que crescia na infância E cada esperança de criança se mistura ao ar impuro Inspirado e espirado, Por cada cidadão comum [...] Dedicada, a cada, Poeta da cidade[...], Que cultiva a liberdade no concreto da cidade[...]

Poesia de Concreto, de Kamau e Instituto

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RESUMO Este trabalho final de graduação discorrerá sobre o desenvolvimento das bibliotecas em geral e especificamente focará em bibliotecas públicas, principalmente aquelas com potencial para revitalização do entorno. Serão abordados os principais conceitos que permeiam a produção arquitetônica das bibliotecas contemporâneas e se serão factíveis como instituições relevantes no futuro. Ao longo do trabalho são citadas várias obras de referência, com o enfoque específico na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e Biblioteca de São Paulo, por suas características de implantação, por se localizarem em áreas periféricas e por suas soluções arquitetônicas inovadoras. Será apresentada uma análise crítica da proposta de projeto, baseada no amplo estudo da implantação e entorno, levandose em consideração um desenho que se dispõe a solucionar questões relativas a: acessibilidade através de diferentes meios de locomoção; coexistência; interação; sustentabilidade; segurança; flexibilidade e valorização dos espaços públicos. Especificamente, nas soluções propostas para o edifício da biblioteca, foram estudados diferentes programas de necessidade, soluções estruturais e materialidade para melhor atender o partido do projeto.

CONHECIMENTO; ESPAÇO COLETIVO; IDENTIFICAÇÃO; COEXISTÊNCIA; INTERAÇÃO; ENTORNO; SOLUÇÕES DE MOBILIDADE; VITALIDADE; SUSTENTABILIDADE; SEGURANÇA; ACESSIBILIDADE; REVITALIZAÇÃO; SOCIEDADE DEMOCRATICA; ENCONTRO; FLEXIBILIDADE; ESPAÇOS ABERTOS; BIBLIOTECAS PUBLICAS. 9


SUMÁRIO Introdução

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Justificativa e relevância

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Metodologia

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A história das bibliotecas e o surgimento das bibliotecas públicas: da invenção da escrita ao fim do século XIX

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Bibliotecas inovadoras: sobrevivência e futuro

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Bibliotecas transformadoras: espaço público e revitalização comunitária

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Bibliotecas identidade

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cívicas:

Biblioteca de São Paulo

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iconologia

e

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Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

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Biblioteca Parque Jardim Previdência (BJP)

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Justificativa da área

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Área de estudo

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O partido

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A inserção

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A proposta

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Conclusão

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Bibliografia

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Fontes de referência

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INTRODUÇÃO As bibliotecas podem ser muito mais que simples espaços para guardar livros[...]. Ao longo dos séculos, os projetos dos grandiosos prédios de bibliotecas celebravam o ato da leitura e a importância do saber. Tornaram-se emblemas da cultura, seja para um indivíduo, instituição ou mesmo de toda uma nação[...] (CAMPBELL, 2015). [...]o desenvolvimento das bibliotecas ilustra a relação mutável da humanidade com o mundo escrito, mostra que nunca foram apenas depósitos empoeirados de documentos, mas sim símbolos ativos de cultura e civilização (CAMPBELL, 2015).

Fig. 1 Biblioteca Joanina,1728 Universidade de Coimbra, Portugal. | Fonte: Campbell, 2015 INTRODUÇÃO

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JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA Como arquitetos urbanistas, somos capazes de representar a vida de milhões de brasileiros e paulistanos, ao criarmos cenários espaciais e construtivos, passíveis de se tornarem locais onde todos consigam exercer plenamente sua cidadania. Propor a inserção de um edifício público, que atue como agente potencializador de melhorias na infraestrutura e mobilidade local, é postura ética de todo profissional da área. Bibliotecas públicas contemporâneas localizadas em regiões periféricas abrem o debate sobre a influência da inserção de um edifício institucional em uma região de maior vulnerabilidade social; bem como, o potencial de um projeto arquitetônico e urbanístico de estimular a ocupação livre dos espaços públicos e convívio coletivo.

Fig. 2 Biblioteca de São Paulo – Aflalo/Gasperini e Dante Della Manna - São Paulo, SP. 2009/2010. Fonte: Fotografia de autoria própria, 2016

O objetivo de inserir um edifício institucional em uma região periférica de São Paulo é justificado pela carência de equipamentos culturais nas regiões que ficam fora do centro expandido. Assim como, também, pelos problemas da falta de acessibilidade e mobilidade urbana aos espaços públicos e do uso e ocupação de solo não diversificado. A implantação de uma biblioteca pública, nesse contexto, une estas relevâncias com a investigação de novos modelos organizacionais, espaciais e construtivos, essenciais para a permanência e sobrevivência desta instituição nos dias atuais e futuros. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

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METODOLOGIA A metodologia do trabalho apoiou-se em: 1. Estudo bibliográfico dos principais conceitos que envolvem a arquitetura de uma biblioteca, assim como as influências urbanísticas exercidas no entorno, através da implementação de um edifício e espaço público. Foram estudados: livros; matérias de publicações online; artigos; eventos; trabalhos acadêmicos, dissertações; teses e periódicos. Tendo como os principais autores, Campbell (2015), Gausa e Guallart (2002), Gehl (2013) e Lynch (2011). 2. Estudo de projetos de referência através de visita a campo, guiada por um funcionário administrativo do edifício; registro fotográfico da visita; leituras críticas de textos e imagens publicadas. São dois os projetos de referência em destaque: Biblioteca Brasiliana, projeto dos arquitetos Eduardo de almeida e Rodrigo Mindlin Loeb, São Paulo, 2013 e Biblioteca de São Paulo, dos escritórios Aflalo/Gasperini e Dante Della Manna, São Paulo, SP, 2010.

Fig. 3 Biblioteca Duquesa Anna Amalia, 1766 – Weimar, Alemanha. Fonte: Campbell, 2015

3. Desenvolvimento do ante-projeto, incluindo: programa de necessidades; quadro de áreas; especificação de materialidade; desenhos técnicos e perspectivas ilustrativas, que melhor sintetizem as soluções espaciais e construtivas escolhidas no projeto. METODOLOGIA

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A HISTÓRIA DAS BIBLIOTECAS E O SURGIMENTO DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS: DA INVENÇÃO DA ESCRITA AO FIM DO SÉCULO XIX. No início do desenvolvimento das bibliotecas, poucas instituições tinham interesse em como abrigar suas coleções. Muitas autoridades e intelectuais influentes tinham o desejo de expor seus livros por sentirem orgulho de suas coleções, e ávidos por mostrá-las da melhor maneira possível, não queriam apenas possuir livros, mas criar belas bibliotecas para abrigá-los. A história mundial das bibliotecas no campo da arquitetura faz referência a estes edifícios projetados para serem apreciados (CAMPBELL, 2015).

Fig. 4 Biblioteca Duquesa Anna Amalia, 1766 – Weimar, Alemanha. Fonte: Campbell, 2015 A HISTÓRIA DAS BIBLIOTECAS E O SURGIMENTO DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS

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BIBLIOTECAS NA ANTIGUIDADE Livros são escritos pelos vivos para os vivos, mas com o passar do tempo, uma biblioteca inevitavelmente tornase um armazém de pensamentos e conversas daqueles que se foram. [...]. Se os próprios livros se desintegram, ou forem descridos, esses pensamentos e memórias [...], ficarão perdidos na história (CAMPBELL, 2015). O primeiro sistema de biblioteca que se tem registro na história envolve a origem da escrita, elaborada a cerca de 5.500 anos atrás, na Mesopotâmia Antiga. Eram simples anotações de transações financeiras, que eram arquivadas para serem consultadas depois (CAMPBELL, 2015). Grande parte dos tipos de bibliotecas atuais são oriundas do Mundo Antigo. A biblioteca enciclopédica, a acadêmica, a particular e a pública são originárias do Oriente Médio. As produções da época de 3.400 a.C. a 600 d.C. influenciaram a forma e a organização das bibliotecas construídas posteriormente, e continuam a inspirar arquitetos até os dias de hoje (CAMPBELL, 2015). As informações de como era a aparência física das bibliotecas mesopotâmicas foram descobertas em 1975, por arqueólogos que escavavam o Palácio da antiga cidade síria Ebla, atual, Alepo. 20

Foi descoberta uma sala de arquivos com fragmentos de tabuinhas originais alocadas em prateleiras, que resistiram ao incêndio causado por invasores em 2.300 a.C.. A partir dessas informações, é possível compreender a organização das bibliotecas da época, com espaços distintos para o armazenamento, leitura e escrita. Os textos que não eram arquivos, eram guardados em prateleiras altas, supostamente obras de referência utilizadas pelos escribas que trabalhavam na sala ao lado (CAMPBELL, 2015). Não se tem registro da localização e da organização espacial da Biblioteca de Alexandria, mas ela foi mencionada em diversos testemunhos documentados, como a prova da vontade humana de conquistar conhecimento, reunindo-o em um único lugar. Ela foi fundada no Egito, porém, foi governada por uma dinastia grega, que tinha o objetivo

Fig. 5 Biblioteca de Celso - Éfeso, Turquia, 135 a.C. Fonte: Campbell, 2015

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de, através da liderança dinástica, coletar todos os livros do mundo grego. As produções intelectuais eram financiadas por mecenato, em troca de moradia, alimentação e livre acesso a biblioteca (CAMPBELL, 2015). Já a biblioteca de Celso, em Éfeso, é o melhor exemplo conhecido de uma biblioteca romana. Apesar dos terremotos durante os séculos, os fragmentos do edifício original, permitiram que arqueólogos reconstruíssem as ruínas, como pode ser vista hoje, nos permitindo visualizar com era o edifício, quando foi finalizado em 135 a.C. (CAMPBELL, 2015).

A edificação servia como biblioteca e mausoléu, dedicado a Tibério Júlio Celso, e foi financiada, segundo dedicatória, por seu filho. A fachada era ricamente decorada com as modas artísticas romanas da época com referências ao tema da morte. Possuía pédireito amplo e aberturas que permitiam a iluminação de todo interior do prédio. O pedestal de 94 cm de altura, dos três lados da sala central, sugere a separação do acesso direto do público aos livros; as três paredes laterais formavam nichos regulares, onde acredita-se serem espaços voltados para o abrigo do acervo (CAMPBELL, 2015).

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O Tripitaka Koreana, de 1251, templo budista, da Coreia do Sul, é um dos edifícios mais antigos e bem conservados de biblioteca. Sua configuração espacial não convencional, é resultado do tipo de impressão utilizado na época, feito em blocos de madeira (CAMPBELL, 2015). A resistência destes documentos por mais de 800 anos pode ser atribuída à disposição das estantes, do projeto do edifício e de sua materialidade, 22

cuidadosamente projetados. A estrutura mostra postes de madeira rígidos posicionados em calços de pedra, que os protegem da umidade. O chão é feito de carvão, lama, areia, sal e calcário, uma solução de isolamento térmico e controle da umidade da época. O edifício é rodeado por canais de drenagem que captam as águas pluviais das calhas, controlando a umidade interna. As paredes possuem dois níveis de abertura com claraboias de madeira, para

Fig. 6 Biblioteca do Tripitaka Koreana, 1251, templo budista em Haeinsa, Coreia do Sul. Fonte: Campbell, 2015.

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Fig. 7 Deposito de Sutra, Toshopai – JII 800 d.C. - Nara, Japão. Mantemse intacto desde a sua construção. | Fonte: Campbell, 2015

fornecer ventilação e proteger os livros da chuva e da neve. As estantes de madeira que abrigam os livros, são abertas dos dois lados, permitindo ventilação constante do acervo (CAMPBELL, 2015).

no verão, esses pequenos espaços se abrissem permitindo a ventilação interna; e no inverno, as toras se expandiam e selavam o edifício contra o vento forte e frio (CAMPBELL, 2015).

Assim como outras bibliotecas asiáticas, o lugar de armazenamento era separado das salas de leitura: os depósitos eram construções de madeira, elevados do chão em palafitas, construídos em mais de uma unidade, para prevenir que um incêndio se alastrasse. Alguns mais antigos, eram construídos com toras de madeira posicionadas horizontalmente, para que

As técnicas utilizadas pela civilização asiática representam a sofisticação e tecnologia avançadas, comparadas às da Europa no mesmo período. Blocos de madeira foram utilizados pela primeira vez para fazer impressões em tecidos, durante a dinastia Han, na China em 206 a.C. (CAMPBELL, 2015). No Ocidente, a biblioteca mais antiga foi

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construída próximo do que conhecemos como sendo o período Renascentista. Situada na Itália, a Biblioteca Malatestiana, foi construída em um monastério franciscano, por volta de 1452 (CAMPBELL, 2015). O motivo desse “atraso” em relação à cultura asiática, se deve pelo alto custo e longo prazo de produção de livros na Europa Ocidental. Eram feitos em pergaminho de origem animal (o que era caro e trabalhoso), e cada página copiada à mão. A invenção do papel pôs o Oriente séculos à 24

frente do Ocidente, que teve acesso ao material só depois com a Rota da Seda, e foi utilizado para a produção de livros apenas após o século XIV (CAMPBELL, 2015).

Fig. 8 Biblioteca Malatestiana, 1452. Cesena, Itália | Fonte: Campbell, 2015

As primeiras salas com características parecidas com a de uma biblioteca, foram datadas no século IX, nos primeiros pavimentos dos monastérios da doutrina São Beneditina. Serviam mais como depósitos do que como salas de leitura. Com poucos exemplares, os livros eram geralmente lidos nos claustros (CAMPBELL, 2015).

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Fig. 9 Cubículos de livros c. 1400, catedral de Gloucester, Reino Unido – claustros medievais costumavam ser utilizados como bibliotecas, bancos e mesas eram simplesmente colocados nestes espaços para leitura. | Fonte: Campbell, 2015 BIBLIOTECAS NA ANTIGUIDADE

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As construções italianas do século XV em diante, representam o desenvolvimento da arquitetura europeia e influenciam muitos projetos de bibliotecas posteriores. Dentre as mais influentes, que modificou o padrão das salas instaladas nos primeiros andares das sedes dominicanas, a Biblioteca Marciana, finalizada em 1564, situada na Itália, é diferenciada das construções posteriores. A maneira como o arquiteto Sansovino dispôs as colunas maiores e menores e os arcos na fachada, foram

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apreciadas e copiadas por muitos arquitetos em projetos póstumos(CAMPBELL, 2015). Além dos elementos da fachada, outro diferencial é o hall de entrada do edifício, amplo e marcado pelos lances de escada, que direcionam os visitantes para o vestíbulo da sala de leitura. No projeto original, a disposição do mobiliário configurava um grande corredor central, com fileiras de cadeiras dos dois lados: típica configuração das bibliotecas renascentistas italianas. O extenso corredor leva o visitante para uma

Fig. 10 Biblioteca Marciana, 1564. Veneza, Itália. | Fonte: Campbell, 2015

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sacada com vista para a praça São Marcos, e janelas amplas iluminam regularmente a sala, pelo lado leste (CAMPBELL, 2015).

Fig. 11 Biblioteca Ambrosiana, 1609. Milão, Itália. | Fonte: Campbell, 2015

Bibliotecas como a Marciana, não representam apenas um partido arquitetônico inovador da época, mas resumem como e por que estas passaram a ser construídas. Ao se tornar papa, Júlio de Médici usou parte significativa da sua fortuna, para construir símbolos do poder duradouro da família, em Florença. O início do movimento humanista nos meios acadêmicos, só foi capaz de desenvolver-se com o apoio financeiro dos

Médici, sendo as construções de bibliotecas, uma forma de demonstrar influência política e poder (CAMPBELL, 2015). No século XVII, o aumento da disponibilidade de papel na Europa ocidental, possibilitou a substituição do pergaminho e a diminuição de custo e tamanho das produções de livros, levando a uma nova solução de armazenamento do acervo. Com o novo processo, uma única prateleira de um metro, era capaz de abrigar de duzentos a quatrocentos livros em pé, que variavam entre 2,5 a 5 cm de espessura. O sistema de paredes então, surgiu como uma resposta à nova forma

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dos livros e levou à um novo layout dos grandes salões de leitura, reconhecidos mundialmente até hoje, como o ambiente de uma biblioteca (CAMPBELL, 2015). A Biblioteca de Ambrosiana, em Milão, Itália, finalizada em 1609, é um dos melhores exemplos deste novo sistema, onde as estantes cobrem todas a paredes da sala: as no nível térreo com 4 metros de altura e as do nível superior com 2,60 metros; no projeto original, as estantes eram acessíveis através de escadas caracóis nas extremidades (CAMPBELL, 2015). O aumento das coleções, assim como o interesse de intelectuais e autoridades influentes em expor seus livros, disseminou uma prática comum, da doação de suas coletâneas de livros, às universidades e outras instituições, que homenageavam o ato, construindo bibliotecas cada vez mais elaboradas. Neste contexto, as bibliotecas barrocas e rococós, a partir do século XVIII, representavam a importância dada a arquitetura, que intencionalmente agradavam às massas, impressionando os observadores leigos. (CAMPBELL, 2015). 28

A Biblioteca Joanina, localizada no pátio central da Universidade de Coimbra, é um dos melhores exemplos de bibliotecas fundadas nesta época. Com recursos doados pelo rei João V (1706-1750), cada cômodo carrega um significado em todos seus elementos, da estrutura aos mobiliários. Representavam como os monarcas gostariam de ser vistos: promotores do conhecimento, artes e ciências (CAMPBELL, 2015).

Fig. 12 Biblioteca Joanina 1728. Coimbra, Portugal. Fonte: Campbell, 2015

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A exposição ostentosa de coleções particulares, continuou no século seguinte, nos palácios e casas de campo de aristocratas influentes, que se orgulhavam de suas aquisições, adquiridas em suas viagens para a Itália. No Reino Unido, famílias como a do Conde Spencer (1758-1834), fundador do Roxburghe Club (sociedade exclusiva de colecionadores de livros, que perdura até hoje), foram responsáveis por parte das doações do acervo da atual Biblioteca Britânica e outras bibliotecas públicas importantes do país (CAMPBELL, 2015).

Fig. 13 Hatfield House, c. 1873 – No estilo elisabetano, a 30 km do norte de Londres, é um bom exemplo de uma Biblioteca de casa de campo do Século XIX. Uma biblioteca bem mobiliada era considerada um cômodo indispensável nas grandes casas particulares. Fonte: Campbell, 2015

O final do século XVIII e início do século XIX, marca um período de grandes transformações sociopolíticas, como a queda do poder das igrejas e monarquia. O neoclassicismo, surge em meio à uma reação contrária ao rococó e barroco. Sofre influência das novas descobertas arqueológicas da época e pelo interesse crescente nas antiguidades romanas e gregas (CAMPBELL, 2015).

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Henri Labrouste (1801-75), arquiteto da École de BeauxArts, liderou um movimento conhecido como architecure parlante, uma arquitetura que “falava”, “proclamava” sua função. O uso do ferro em uma biblioteca, não foi uma solução inovadora da época, mas a forma como o arquiteto usou o material na Bibliothèque SainteGenevieve, sem esconder seus elementos, influenciou mundialmente a arquitetura de bibliotecas posteriores. A configuração da fachada, 30

feita com painéis de pedras no térreo e arcos no andar superior, foi reconhecida em diversos projetos da época (CAMPBELL, 2015). Labrouste construiu sua reputação profissional, com o projeto da biblioteca de Sainte-Gevevieve, sendo indicado para o projeto da Bibliothèque Nationale, em 1854, onde continuou inovando com novas soluções para o uso do ferro, como as passarelas e estantes mais altas e autoportantes (CAMPBELL, 2015).

Fig. 14 Biblioteca Nacional do Brasil, Rio de Janeiro, 1910 – Exemplo tardio do estilo neoclássico, arquitetura que floresceu de 1800 a 1905. | Fonte: Campbell, 2015

Fig. 15 Bibliothèque Sainte-Genevieve, 1850. Paris, França – a biblioteca de 81,5m de comprimento e 21m de largura, é famosa por seu teto de ferro, sustentado por 16 colunas do mesmo material. | Fonte: Campbell, 2015

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Fig. 16 Biblioteque Nationale, 1867. Paris, França. | Fonte: Campbell, 2015.

Fig. 17 Biblioteca de São Paulo – Aflalo/Gasperini e Dante Della Manna. São Paulo, SP. 2010. | Fonte: Archdaily, 2012 | É notável a similaridade da proposta de Henri Labrouste, com os projetos de bibliotecas mais recentes, mostrando o alcance mundial da influência do uso do ferro, nos elementos estruturais e espacialidade destes edifícios. ↑Um exemplo claro desta influência, já nos tempos atuais, aparece na configuração espacial da Biblioteca de São Paulo. Apesar da biblioteca projetada pelo escritório Aflalo/Gasperini não ter sido construída em estrutura de ferro, a semelhança de partido arquitetônico é visível do segundo patamar do edifício.

Com o crescimento das bibliotecas, o bibliotecário passou a assumir um papel mais ativo nas formas de gestão e catalogação dos acervos. Em Londres, Antonio Panizzi (1797-1879), bibliotecário influente da British Museum, sugeriu uma configuração redonda no espaço ermo da área central do museu, com a intenção de aumentar a capacidade de acervo. Feita totalmente em estrutura de ferro, a velocidade da construção e o reforço estrutural, garantiram que o Domo desta nova sala, vencesse 42,6 metros de diâmetro sem pilares (CAMPBELL, 2015). Panizzi, assim como Labrouste, através de soluções inovadoras com o uso do ferro, conseguiram solucionar problemas estruturais importantes da época, como acompanhar a demanda do aumento do acervo e garantir uma boa iluminação. A configuração espacial resultante destes edifícios, influenciou a disposição dos mobiliários e layout de bibliotecas até hoje (CAMPBELL, 2015). A industrialização afetou muito o comportamento da sociedade do século XIX. O crescimento da população urbana trouxe pobreza e

desenvolvimento desenfreado da cidade, mas as novas tecnologias e sistemas econômicos, possibilitaram que alguns indivíduos de origem modesta se tornassem extremamente ricos. O caso mais conhecido e influente da história, é o de Andrew Carnegie (1885-1919), nascido em uma família pobre da Escócia, se mudou para os Estados Unidos ainda jovem e foi de funcionário da Companhia Ferroviária da Pensilvânia para fundador da Companhia de Aço Carnegie (CAMPBELL, 2015). Carnegie foi um filantropo de grande influência na disseminação de bibliotecas públicas, doando altíssimos valores para a construção das mesmas. Com suas generosas doações, bibliotecas dignas foram construídas em subúrbios e cidades pequenas, principalmente nos Estados Unidos e Reino Unido, em meio às bibliotecas centrais mais comuns e consolidadas da época. Em 1911 a Fundação Carnegie lançou “as Diretrizes para a construção de bibliotecas”, que influenciou arquitetos a se especializarem em projetos de bibliotecas e o aumento do número de pesquisas acadêmicas sobre o tema (CAMPBELL, 2015).

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Fig. 19 Bibliothèque Alexis de Tocqueville, 2016 – Caen, França. Fonte: OMA, 2017. | As salas de leitura redondas, assim como o uso de ferro nas soluções estruturais, marcaram o início de grandes transformações nos partidos arquitetônicos de projetos de bibliotecas (CAMPBELL, 2015). O alcance desta influência nos tempos atuais é visto na disposição do mobiliário da Bibliothèque Alexis de Tocqueville, do escritório OMA, em Caen, França, finalizada em 2016.

Fig. 18 Sala de leitura redonda, British Museum, 1857 – Londres, Reino Unido. | Fonte: Campbell, 2015

As ações e instituições filantrópicas e universitárias fundadas por Carnegie, aumentaram o interesse por bibliotecas mais acessíveis ao público e melhoraram novas possibilidades de gestão e profissionalização de bibliotecários. Melvil Dewey (1851-1931), que trabalhou como assistente de bibliotecário, para conseguir pagar seus estudos na Amherst College e tornouse obcecado pela otimização do sistema de classificação de acervos. Foi Dewey que fundou a conhecida “ALA – American Library Association”1, em 1879 e abriu a primeira faculdade

de biblioteconomia na Universidade de Columbia. Dewey foi mais uma personalidade importante para as transformações das bibliotecas do fim do século XIX. Através de seu novo sistema de catalogação por fichas e vendas de mobiliários da empresa que fundou, influenciou os espaços de acervo e administrativos de bibliotecas futuras (CAMPBELL, 2015). 1 ACRL. Association of College & Research Libraries. Academic Library Building Design: Resources for Planning: Space Planning. 2016.

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BIBLIOTECAS SOBREVIVÊNCIA

Fig. 20 A Biblioteca Pública de Amsterdã, Holanda, 2007, do escritório de arquitetura Jo Coenen & Co Architekten, possui uma variedade de programas, incluindo: uma sala de cinema, que promove festivais dos trabalhos de cineastas e estudantes locais; espaços para serviços de tradução; salas de aula que oferecem aulas de alfabetização e línguas estrangeiras, entre outros. Fonte: ArchDaily

INOVADORAS: E FUTURO

[...] cultura avançada é o otimismo da construção de um futuro que prevê condições diferentes das que vivemos hoje: edifícios mais inteligentes, cidades sustentáveis, grandes quantidades de informações acessíveis em qualquer lugar, mais tempo livre, etc. (GAUSA; GUALLART, 2002). Flexibilidade é a polivalência e versatilidade do espaço, ações táticas de ordem estrutural e concepções estratégicas dos equipamentos (concentração dos módulos técnicos[...]. Móveis técnicos e objetos propiciam a fluidez do espaço e desempenham o mesmo papel que elementos separadores[...], é versatilidade de uso (GAUSA; GUALLART, 2002).

BIBLIOTECAS INOVADORAS: SOBREVIVÊNCIA E FUTURO

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Bibliotecas inovadoras são aquelas que oferecem mais do que fontes de informação: encorajam o diálogo e o intercâmbio entre os seus usuários, possuem uma variedade de programas anuais, conectam as pessoas com as suas comunidades e conduzem serviços que ajudam as pessoas a exercerem sua cidadania (GAUSA; GUALLART, 2002).

e intelectual dos estímulos e agitação da cidade e por si só, mantém-se cheios diariamente em diversos países até hoje (CAMPBELL, 2015). Contudo, com o passar dos anos e o aparecimento de novas tecnologias, informações são cada vez mais fáceis de serem acessadas via internet, colocando em questão o futuro das bibliotecas (GAUSA; GUALLART, 2002)

Salões de leitura são historicamente únicos e de grande importância social: promovem o isolamento físico

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Fig. 22 A Long room, Biblioteca da Trinity College Dublin, Irlanda, projetada por Thomas Burgh (1670-1730), originalmente possuía teto mais baixo e reto, com galerias superiores que não suportavam novas estantes de madeira. Novos formatos de livros e o aumento do acervo, trouxeram novas necessidades estruturais para os projetos de bibliotecas: em 1856, uma abóboda de berço para o levantamento do teto e preenchimento do piso, foram introduzidos pelo escritório de arquitetura Deanne and Woodward, ampliando as galerias de estantes de livros para mais um andar superior. Fonte: Campbell, 2015

Fig. 21 O projeto vencedor da Biblioteca municipal de Drummondville “Biblioteca Pierrefonds“ – Montreal, Canadá, 2017, do escritório Chevalier Morales Arquitetos, foi inspirado no desenho de um antigo parque, localizado no encontro de duas avenidas lineares da cidade. O desenho do prolongamento das vias de acesso, permitiu que um jardim interno posse implantado no encontro destes percursos, aumentando a iluminação natural e permeabilidade das fachadas. A partir deste partido, a arquitetura foi capaz de tornar o edifício mais acessível e convidativo aos pedestres, aumentando a circulação e flexibilidade dos espaços.

Aos olhos leigos, os projetos de bibliotecas públicas contemporâneas representam um grande desafio: como sustentar a atratividade, rotatividade e não cair em desuso, frente as novas tecnologias da informação? Mesmo que a necessidade por mudanças pareça atual, o que mostra o desenvolvimento das bibliotecas na história são as adaptações sempre constantes:

[...] as bibliotecas que sobrevivem, raramente permanecem sem mudanças. Muitas sofreram alterações radicais com o passar do tempo. Poucas demonstram tão bem isso como a Long room, da Trinity College, projetada por Thomas Burgh (1670-1730) [...]que foi uma importante biblioteca na sua época, mas muito diferente da sala que podemos admirar hoje (CAMPBELL, 2015)

BIBLIOTECAS INOVADORAS: SOBREVIVÊNCIA E FUTURO

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Não há como saber se todos os livros físicos serão transferidos em arquivos digitais, mas enquanto isso, uma quantidade sem precedentes de livros ainda precisa ser estocada: acervos de obras raras ainda necessitam de um abrigo adequado e seguro. E ano após ano, é noticiado o aumento de vendas de livros físicos, sempre maiores que a previsão de especialistas e contrária à tendência pelo interesse de publicações digitais (CAMPBELL, 2015).

A ironia é que nos dizem que os livros e, portanto, as bibliotecas estão ameaçadas. Hoje em dia mais e mais livros são impressos todos os anos em uma quantidade nunca vista antes. Enquanto bibliotecas públicas são fechadas na Europa, outras, como na China estão sendo construídas. A venda de livros físicos continua a crescer[...] A exemplo das vendas de livros no Reino Unido, de 162 milhões de livros publicados em 2001, para 229 milhões em 2010 (CAMPBELL, 2015). “Vendas de livros impressos sobem, enquanto digitais perdem popularidade, 40

diz ‘FT’” (OGLOBO, 2015). “O livro de papel resiste à avalanche digital[...] Apesar das previsões, o ‘e-book’ ainda é minoritário no mercado editorial” (ELPAÍS, 2015). “Vendas de livros em janeiro de 2016 crescem 15% em comparação ao mesmo período de 2015” (PUBLISHNEWS, 2016). “Venda de livros no Brasil cresceu no 2º período de 2017, aponta Painel SNEL/ Nielsen” (SNEL, 2017). A função das bibliotecas está mudando, e como consequência, sua arquitetura também. Bibliotecas contemporâneas bem-sucedidas, ilustram o conceito de espaço coletivo mencionado por Gausa e Guallart (2002): são voltadas às novas paisagens, interação e apropriação; representam decisões táticas, abertas à troca; são geradoras de ação e mixticidade Bons exemplos de bibliotecas, cumprem uma função maior que um ambiente voltado à leitura e abrigo de livros, de acordo com Lynch (2011): permitem que um indivíduo continue a investigar e organizar a realidade através de um desenho claro, bem integrado e legível dos espaços.

Fig. 23 Hunters Point Community Library Queens, NY, Estados Unidos, 2018: do escritório Steven Holl Architects, está localizado em um terreno ao longo do East River. Em meio aos arranha-céus construídos recentemente, o projeto trará um espaço público dedicado à comunidade, em uma localização cada vez mais privatizada. As grandes aberturas na fachada de concreto aparente, concedem aos visitantes, uma visão panorâmica de Manhattan. Subindo as escadas até o nível da cobertura, os visitantes chegam à um jardim de leitura, com vista para a cidade. À noite, a iluminação radiante das aberturas, torna a nova biblioteca um farol desta nova localização comunitária. | Fonte: Steven Holl Architects, 2017.

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Cientes disso, o debate sobre o futuro da biblioteca não depende mais de sua sobrevivência ou não, e sim, das novas demandas da sociedade atual, que tem mais acesso à informação e envolve-se nas decisões políticas locais e exigente com a qualidade do espaço de permanência. As bibliotecas que se destacam, oferecem espaços de qualidade para o público permanecer por longos períodos de tempo: amplas áreas de recepção e estudo, microclima agradável, nível de ruído baixo, vista

contemplativa e até cafés ao ar livre. Ou seja, lugares que oferecem uma boa experiência de convivência (GAUSA; GUALLART, 2002). Esses edifícios geralmente manifestam as necessidades da comunidade local, incorporando uma lista de programas alternativos, através de diferentes espaços articuladores, com salas de leitura e acervo. Desempenham um papel urbanístico importante em seus bairros proporcionando uma maior qualidade de vida

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a toda a comunidade. Dentre os exemplos de programas alternativos oferecidos: fóruns de discurso público e iniciativas governamentais; ambientes exclusivos para a leitura e aprendizado infantil; serviços de alfabetização e cursos de idioma; valorização da cultura e história da comunidade local (através de áreas de exposição, salas de cinema, espaço para instalações temporárias, acervo temático de documentos e fotografias). Frequentemente, impulsionam o comércio local, com cafeterias, sebos e espaços para locação e eventos (GAUSA; GUALLART, 2002).

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Fig. 24 A Glen Oaks Branch Library “Biblioteca de Queens”, NY, Estados Unidos, 2013: da equipe Marble FairBanks, substituiu uma instalação existente com um novo edifício de certificação LEED de alto desempenho, localizado em um bairro residencial suburbano. O programa inclui salas de leitura em todos os três níveis, área multimídia e salas de reunião para a comunidade. O tratamento da fachada e escolha da materialidade, são adequadas às condições do terreno, que configuram situações muito diferentes em cada nível e direção, enquanto que os espaços internos da biblioteca são planos, abertos e flexíveis. | Fonte: Architizer,2013. | Como a área total construída é o dobro do permitido pelo zoneamento, metade dos espaços internos ficam abaixo do nível térreo. O espaço subterrâneo, de pé-direito duplo, apresenta três claraboias lineares (localizadas na praça do térreo), que iluminam as áreas de leitura abaixo. É possível visualizar as sombras dos visitantes que passam pela cobertura de vidro na praça, fazendo uma conexão visual entre os níveis. A grade fachada translúcida da entrada principal oferece uma visão interna e externa a área infanto-juvenil do segundo andar. Ao mesmo tempo, satisfaz o desejo da Biblioteca de oferecer uma identidade cívica à comunidade. Os materiais da fachada, incluindo vidros de u-glass do segundo pavimento e painéis de placas de fibrocimento, trazem privacidade aos lotes residenciais do entorno, e protegem o acervo principal de uma maior incidência solar.

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BIBLIOTECAS TRANSFORMADORAS: ESPAÇO PÚBLICO E REVITALIZAÇÃO COMUNITÁRIA “O planejamento pode influenciar imensamente o padrão de uso em regiões e áreas urbanas específicas. [...] A renovação de um único espaço [...] pode convidar as pessoas a desenvolverem um padrão de uso totalmente novo ” (GEHL, 2013). Espaços públicos são articuladores da vida urbana: a implantação de um único edifício institucional pode influenciar e estimular melhorias à toda comunidade e não só no meio onde é inserido. Segundo Gehl (2013), os espaços públicos com potencial de requalificação local têm

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como objetivo o acesso, e a oportunidade de de todos os grupos da sociedade se expressarem, oferecerem liberdade para atividades alternativas, são convidativos e reforçam a permanência e convívio público. Lugares com estas qualidades, avigoram a vida nas cidades e expressam

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a vontade coletiva através da arquitetura. Tornam-se articuladores da vida urbana e trazem uma carga social forte, capaz de solucionar problemas como a violência e segurança, além de unir diferentes classes sociais em um mesmo lugar. Com grande potencial de alteração do entorno, tornam-se referência de uma sociedade mais democrática (GEHL, 2013). Fig. 25 Praça da Artes - Centro, São Paulo, SP, 2012, do escritório Brasil Arquitetura, é um exemplo de como um projeto pontual pode simultaneamente servir como uma intervenção urbanística, com potencial de alterar seu entorno, ao criar novas dinâmicas e usos. Segundo os próprios arquitetos, em entrevista para a Revista Contraste: | Fonte: Revista Contraste, 2013. Marcelo Ferraz diz, “A praça das Artes foi isso, uma apropriação de um lugar como ele estava [...], mas ao mesmo tempo, foi uma provocação de novas situações urbanas, uma preparação para futuras transformações naquele espaço urbano[...]” (REVISTA CONTRASTE, 2013). Francisco Fanucci ressalta, “Não existe uma decisão de embelezar a quadra, existe uma decisão de deixar uma passagem para trazer as pessoas para dentro e fazê-las se encontrarem” (REVISTA CONTRASTE, 2013).

Neste contexto, desde o final do século XIX, as bibliotecas públicas têm sido usadas mundialmente como instrumentos de qualificação local por instituições privadas e governamentais, com exemplos sólidos da oferta cultural mais bem distribuída e popular. [...] Se é para existir um “novo urbanismo”, não será baseado nos conceitos fantasiosos de ordem e onipotência: mas no nível de incertezas; não mais sobre a preocupação com a organização de um ou mais objetos permanentes: mas com a irrigação de territórios potenciais; não visará mais configurações estáveis, mas a criação de campos que se recusam a serem cristalizados de formas definitivas; não será mais sobre definições meticulosas e imposições de limites,

mas sobre expandir noções, recusando limites; não mais sobre separações e identificações de entidades, mas sobre o descobrimento de inomináveis híbridos; não será mais obcecado com a cidade, mas com a manipulação da infraestrutura para ilimitadas intensificações, diversificações, atalhos e redistribuições: a reinvenção do espaço psicológico. Desde que o urbanismo continue permeável, nunca mais será sobre o novo, somente sobre o “mais” e o modificado. Não será mais sobre o civilizado, mas sobre o subdesenvolvido (KOOLHAS, 1995,). Para um excelente desempenho, as bibliotecas devem estar bem conectadas à rede de calçadas, com estacionamento próximo para os que optam por chegar de carro, faixas de pedestre com sinalização e instalações adequadas para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida (ROGERS, 2013 apud GEHL, 2013). É essencial proporcionar às pessoas uma variada acessibilidade ao edifício, incluindo: rotas convenientes de transporte, acesso às ruas pedonais e instalações adequadas para bicicletas.

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Jaime Lerner e Richard Rogers, no prólogo de a “Cidades para pessoas”, exemplificam estas e outras questões fundamentais para a qualidade de vida das cidades: [...]São: escala dos espaços; soluções de mobilidade; dinâmicas que favorecem a vitalidade, sustentabilidade e segurança[...]. Mobilidade é o componente essencial para a saúde da cidade [...]. As cidades não podem ser pensadas apenas para os carros (LERNER, 2013 apud GEHL, 2013). A cidade compacta, com empreendimentos agrupados em torno de: transporte público; área para caminhar e andar de bicicleta, é a única forma de cidade ambientalmente sustentável[...]. Todos devem ter o direto a espaços públicos abertos e facilmente acessíveis, tanto quanto tem direito à agua tratada. Todos devem ter a possibilidade de ver uma arvore de sua janela, sentarse em um banco de praça perto de sua casa [...] ou de caminhar até um parque em dez minutos (ROGERS, ano apud GEHL , 2013). Segundo Jacobs (2011), o aumento do trafego de automóveis e a ideologia 46

urbanística do modernismo, que separa os usos da cidade e destaca edifícios individuais autônomos, poriam um fim aos espaços urbanos e à vida na cidade, resultando em cidades sem vida. Para manter a “vida” nas cidades, é necessário construir espaços de transição suaves que estimulam a caminhada, sem áreas térreas monótonas e fechadas. Deve-se prestar atenção à escala do edifício público, medindo distâncias curtas entre as aberturas: devem ser abertos; interativos; com texturas, detalhes e ritmo nas fachadas(JACOBS, 2011). Os exemplos de bibliotecas públicas contemporâneas bem-sucedidas e com rotatividade alta de público, estão inseridas em locais estratégicos, unindo diversas funções em seus programas, garantindo sustentabilidade social, ambiental e segurança. São projetadas para serem convidativas, com espaços de transição entre os lotes adjacentes.

Fig. 26 La Grande Passerelle (Centro Cultural) SaintMalo, França, 2014, desenvolvido pelo escritório AS. Architecture-Studio, está estrategicamente localizada entre o eixo histórico de Saint´Malo e a nova estação de trens de alta velocidade TGV. O programa deste centro cultural, completa a renovação da área e traduz os desafios da comissão pública da cidade: ser uma plataforma que reunisse diferentes aspectos: dos livros, meios de comunicação e audiovisual, à criação digital e apoio a festivais. Fonte: A.S Architecture-Studio, 2014. | Seu conjunto expressa a importância dada aos espaços públicos, inspirado pela proximidade com a orla do mar. Entre as duas explanadas, paralelamente separadas, há espaços públicos generosos, unidos por com um pequeno anfiteatro ao ar livre adicionado ao sul.

Referência em planejamento urbano contemporâneo, a Colômbia foi tema de bienais de arquitetura pelo mundo, mostrando que políticas públicas ligadas ao planejamento e a implantação de projetos arquitetônicos

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públicos, reduzem os índices de criminalidade e melhoram a qualidade de vida na cidade. A implementação de bibliotecas públicas nas cidades de Medellín e Bogotá, ajudaram na requalificação de regiões periféricas em situações problemáticas de mobilidade. O objetivo principal era integrar os novos edifícios públicos as novas intervenções e infraestruturas de transportes existentes.

Os projetos vencedores dos concursos internacionais uniam responsabilidade urbanística e propostas originais que trouxessem identidade cívica aos bairros de inserção (LE ROUX, 2014).

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Fig. 27 Parque Biblioteca Espanã Medellin, Colômbia, 2005, projeto do escritório Giancarlo Mazzanti arquitetos. Fonte: Archidaily, 2016.

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Fig. 28 Parque Biblioteca León de Greiff – Medellin, Colômbia, 2007, projeto do escritório Giancarlo Mazzanti arquitetos. Fonte: Plataforma Architectura, 2008.

Fig. 29 Parque Biblioteca Presbítero José Luís Arroyave - Medellin, Colômbia, 2008, projeto do escritório de arquitetura Javier Vera. | Fonte: ARQA, 2013

Fig. 30 Parque Biblioteca Tomás Carrasquilla Medellin, Colômbia, 2007, do escritório La Rotta Arquitectos. | Fonte: ARQA, 2013 BIBLIOTECAS TRANSFORMADORAS

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BIBLIOTECAS CÍVICAS: ICONOLOGIA E IDENTIDADE Identificação: diferenciação de outras coisas, reconhecimento enquanto entidade separável. Identidade: unicidade[...]; relação especial com o observado, seja pratico ou emocional[...]; clareza física da imagem, permitir que o significado se desenvolva sem nossa orientação direta[...]. Qualidade da imagem: suficiente, verdadeira em seu sentido pragmático[...]. Claro, bem integrado, legível[...] (LYNCH, 2011).

Fig. 31 Parque Biblioteca Doce de Octubre Medellin, Colombia, 2007, do escritório La Rotta Arquitectos. | Fonte: RED DE BIBLIOTECAS, 2013

Fig. 32 Parque Biblioteca San Cristóbal - Medellin, Colômbia, 2009, do escritório G Ateliers Architecture | Fonte: RED DE BIBLIOTECAS, 2013

“[...] projetar e criar lugares e marcos físicos ou mentais que ofereçam condições (entornos operativos) para que o conhecimento emerja do interior do indivíduo[...]” (GAUSA; GUALLART, 2002). Equipamentos públicos possuem um valor simbólico muito relevante no cotidiano das cidades, eles representam sinais da vontade coletiva expressos através da arquitetura; apresentam funções sociais fortes, capazes de resolver questões como a violência e exclusão social. São capazes de trazer classes sociais diferentes para o mesmo lugar, tornando-se ponto de referência em uma dinâmica urbana mais democrática (GEHL,2013; LE ROUX, 2014; LYNCH,2011). Lynch (2011) destaca a necessidade de construir ambientes por meio de um design sensível e consciente. Os espaços públicos devem representar

os indivíduos: suas aspirações e tradições históricas, “A clareza da estrutura e expressividade da identidade são o primeiro passo para o desenvolvimento de símbolos fortes[...] ” (LYNCH, 2011). A

cidade se estrutura em três elementos fundamentais: monumentos, residências e espaços públicos. Monumentos são as instituições criadas pela sociedade para assegurar sua coesão e desenvolvimento; as instituições são representadas pelos edifícios públicos, que devem ter um caráter claro, aberto e estar em uma localização privilegiada, ter uma maior elaboração de sua materialidade e espacialidade (LYNCH, 2011). Segundo Gehl (2013), a identidade gera o sentimento de pertencimento: é a referência que nos orienta enquanto cidadãos; no âmbito urbano, são os vínculos que estabelecemos com os espaços e seus elementos

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de referência: patrimônios, praças, ruas, edifícios emblemáticos. A qualidade de vida urbana, depende da coexistência entre abraçar a diversidade e valorizar a identidade.

pretensão intelectual do Estado Comunista (CAMPBELL, 2015).

Hertzberger (2012), em “Lições de arquitetura “, sobre o conceito de espaços públicos, releva: o segredo é dar espaços públicos, de uma forma que a comunidade se sinta pessoalmente responsável por eles, fazendo com que cada membro da comunidade contribua de tal maneira para um ambiente, que possam se relacionar e se identificar. Na esfera da identidade e símbolo dos espaços públicos, as bibliotecas no decorrer da história, sempre foram construídas com intenções sociopolíticas específicas: demonstrar ao mundo, a ambição acadêmica, intelectual ou de poder de um indivíduo, organização ou país (CAMPBELL, 2015). Muitas vezes, suas construções implicam em uma mensagem mais explícita, como por exemplo, a biblioteca Estatal Lenin (Moscou, Rússia), que foi construída não só como importante recurso público, mas como símbolo da 52

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Fig. 33 a construção da Biblioteca Nacional da França, marcou uma sequência de decretos autorizados pelo presidente François Mitterand, que caracterizavam as presidências francesas: escolhido através de uma concorrência, o projeto de autoria do escritório francês Dominque Perrault ( 1953-), consagrou-se pela proposta fortemente simbólica e ocupação estratégica. Ocupando o grande terreno em decline ao lado do Rio Senna, Perrault optou em abrigar o acervo de livros em quatro torres altas, em forma de livros abertos, nos cantos da cobertura do térreo, este com abertura para a praça

pública central. O acesso à cobertura, é feito através de amplas escadarias, que tira proveito da topografia acidentada. As escadas rolantes, descem até o primeiro pavimento e dão acesso as salas de leitura e ambientes abertos ao público: suas dimensões são propositalmente exageradas e a escala humana quase se perde em tamanha vastidão, partido escolhido pelo arquiteto para anunciar a grandiosidade desse equipamento público e sua importância para o país. | Fonte: Archidaily, 2016. A biblioteca se apoia em características históricas de monumentos para criar uma nova forma de conferir importância ao edifício através de sua forma, ortogonalidade e materialidade. Cada material foi escolhido com precisão para proferir aos volumes e espaços diferentes características que tirassem proveito das novas tecnologias da época. Através desses recursos a biblioteca se impõe sobre a cidade, da mesma forma que se integra a ela

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Fig. 34 a Biblioteca da Abadia de Altenburg (1742, Áustria), foi projetada por Josef Muggenast para ressaltar a importância da coleção através de seus elementos decorativos e construtivos no estilo rococó. | Fonte: Campbell, 2015

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Fig. 35 A Biblioteca Nacional da Eslovênia, 1941, Liubliana, Eslovênia, projetada por Joze Pleenik, apresenta uma grande escadaria de mármore negro, emoldurada por colunas clássicas de mármore, que sobem da escuridão do mundo externo para a sala iluminada de leitura, simbolizando a civilização. | Fonte: Campbell, 2015. BIBLIOTECAS TRANSFORMADORAS

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BIBLIOTECA DE SÃO PAULO A antítese é forte e a metáfora se torna óbvia: onde antes funcionava uma prisão, agora há a liberdade; de conhecimento, das ideias, dos livros. Pois é neste lugar, que poderia carregar para sempre uma soturna memória, que está localizada a Biblioteca de São Paulo (ARCHIDAILY BRASIL, 2012). Todo o espaço do Complexo Presidiário do Carandiru mudou de cara: agora se chama Parque da Juventude. A biblioteca colaborou para que o impacto urbano desta revitalização extrapolasse os limites do bairro, trazendo gente de toda a cidade para aproveitar esse novo parque que além de lazer possui espaços de educação e cultura com acesso livre a todos (ARCHIDAILY BRASIL, 2012).

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Fig. 36 Foto aérea da localização da biblioteca e dos edifícios das escolas profissionalizantes (ETEC´S), Bairro Santana, São Paulo. Fonte: Calliari, 2014.

Assinado pela equipe de escritórios Aflalo/Gasperini e Dante Della Manna, a Biblioteca São Paulo é parte integrante do ambicioso plano de transformação da antiga área do Presídio do Carandiru, situado no bairro de Santana, São Paulo. Construído para ser um centro de exposições na época, em 2009 assumiu a função de uma biblioteca, que representa hoje, uma das duas únicas bibliotecas estaduais da capital (MARTINS; LARSEN, 2010). Aflalo Filho, um dos arquitetos responsáveis, comenta:

“O projeto propõe a visualização do espaço como um todo e privilegia a participação e a integração dos usuários” (BSP, 2012). O Parque da Juventude é o resultado de um longo processo que se iniciou em 1999 com a abertura de um concurso para transformar o antigo Complexo do Carandiru em um espaço público para a comunidade com a criação de um grande parque, edifícios institucionais e equipamentos de lazer (CALLIARI,2014).

Depois que a biblioteca foi inaugurada e vimos o espaço tomado pelas pessoas, ficou a pergunta: como ninguém pensou nisso antes? Parecia óbvio que a biblioteca estivesse ali, em um parque, ao lado da estação do metrô, em uma área bastante carente de lazer e cultura (MARTINS; LARSEN, 2010). BIBLIOTECA SÃO PAULO

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Fig. 37 Croqui realizado após visita a campo. Fonte: Autoria própria, outubro de 2016.

Fig. 38 Imagens de satélite que mostram a transformação do Complexo Carandiru até a revitalização do Parque da Juventude. Fonte: Aflalo/Gasperini, 2009

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O parque é composto por dois programas distintos: um direcionado as práticas esportivas (quadras, percursos de pedestres e bicicletas), e outro a educação, cultura e lazer, sendo este, dedicado mais a serem espaços de contemplação (CALLIARI,2014). Através do retrofit, os edifícios originais do complexo presidiário tiveram suas fachadas e estruturas principais mantidas para abrigar um novo programa de escolas técnicas (ETEC´s) profissionalizantes. Esses blocos dão frente ao edifício-

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pavilhão que veio a se tornar a biblioteca estadual (CALLIARI,2014). A revitalização do entorno é evidente. A troca de uma condição de exclusão social e sofrimento, por um espaço de inclusão e integração com qualidade ambiental, novos edifícios institucionais e espaços abertos já são resposta disso. A proximidade com a estação Carandiru (linha 1-azul do metrô), com a Avenida Cruzeiro do Sul, com percursos de pedestre e bicicletas, entradas e saídas de veículos bem setorizadas e estacionamento e pontos

Fig. 39 b: Fotografia do interior de um dos edifícios das escolas profissionalizantes (ETEC´S,). | Fonte: Aflalo/ Gasperini, 2009

Fig. 39 a: Imagem tirada do interior da biblioteca São Paulo, da abertura da Fachada Sul: vista dos edifícios das escolas profissionalizantes (ETEC´S,). | Fonte: Fotografia de autoria própria, outubro de 2016

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de ônibus próximos, tornam o conjunto ainda mais acessível e apropriado para uma escala urbana (CALLIARI,2014). O edifício da biblioteca foi destaque de pelo menos cinco premiações de renome, como o prêmio ASBEA e IAB de arquitetura institucional, em 2010. O que confere o sucesso do projeto e de sua missão operativa de inclusão social. Sua configuração espacial permite ampla flexibilidade de uso e aumento do acervo. A iluminação zenital e o conforto termoacústico, em uma área de alto ruído, vindo da Avenida principal adjacente são qualidades diferenciais

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(AFLALO/GASPERINI, 2017). A

estrutura modular do edifício (formada por vinte pilares e dez vigas, espaçadas a cada 10 metros), garante um amplo vão no segundo pavimento, permitindo enxergar do térreo a solução de conforto térmico da cobertura, dada pelo forro metálico de desenho ondulado e iluminação zenital. O balanço da laje no segundo pavimento, configura uma ampla marquise no térreo, sinalizando a entrada do saguão de recepção, auditório e guarda-volumes (ARCHIDAILY BRASIL, 2012).

Fig. 41 F o t o g r a f i a tirada durante visita a campo, onde é possível enxergar a modulação estrutural e amplitude do vão do segundo pavimento, assim como a visualização do detalhe da cobertura e iluminação zenital.Fonte: Fotografia de autoria própria, outubro de 2016.

Fig. 40 Imagem de satélite da implantação da biblioteca e ETEC´S, junto com anotações esquemáticas dos fluxos dos diferentes meios de locomoção: automóveis; pedestres; e localização da estação de metrô (Linha azul). | Fonte: Google Earth, 2016.

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A concepção de materialidade das fachadas, compostas por placas de concreto pré-moldadas com acabamento texturizado pintado, permitiu que o grande volume de oitenta metros de comprimento, tornasse-se quase camuflado para quem chega da Avenida principal, misturando-se a outras texturas e cores do entorno (AFLALO/GASPERINI, 2017). “O pavilhão era perfeito, mas não estava sendo utilizado. Foi quando a assessora da secretaria da cultura do Estado, Adriana Ferrari, que já tinha a ideia de construir um espaço inspirado

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na Biblioteca Pública de Santiago do Chile, resolveu usá-lo” (MARTINS; LARSEN, 2010), diz Aflalo Filho. E Della Mana completa: O Estado não nos passou um briefing sobre a ocupação do espaço. Começamos o trabalho baseados apenas em uma carta de intenções. Desenvolvemos propostas e criamos situações diversas, como balões de ensaio. Com as escolhas e discussões é que chegamos ao projeto definitivo (MARTINS; LARSEN, 2010) Fig. 42 Vista da fachada sul, mostrando os aspectos da materialidade do edifício. | Fonte: ArchiDaily, 2012.

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Fig. 43 Fotografia interna do térreo da biblioteca, onde é possível visualizar as cabines de leitura e setorização. | Fonte: Aflalo/Gasperini, 2009

Os espaços abertos com pé-direito duplo permitiram que a configuração do layout fosse flexível, fazendo o uso de equipamentos móveis, coloridos e acessíveis. Esses espaços servem como pequenos oásis, equipados com iluminação direcionada e pufes, onde os visitantes se sentem à vontade para se apropriarem do espaço

como desejarem: seja como ponto de encontro, para uma conversa mais íntima ou local isolado para leitura (MARTINS; LARSEN, 2010).↑ “Essa é uma biblioteca experimental, para estimular a leitura e fazer com que as pessoas descubram o prazer de ler” (MARTINS; LARSEN, 2010).

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O acervo principal e área multimídia são distribuídos no pavimento superior entre estantes baixas de livros e mesas de computadores. A biblioteca ainda conta com equipamentos e acervo voltados para pessoas com necessidades especiais e deficientes visuais (MARTINS; LARSEN, 2010). Ao visitar a biblioteca é comum presenciar moradores de rua utilizando os equipamentos multimídia, o que ressalta a importância e impacto que a biblioteca proporciona em sua função social de inclusão. Não

se

pode

afirmar

que o parque e a biblioteca funcionem em plena harmonia ainda, alguns pontos críticos ainda precisam ser corrigidos, como: a manutenção das tendas de cobertura da área externa; poças no piso térreo e gramados em dias de muita chuva; o funcionamento do café na área externa da biblioteca, que atualmente está fechado; os postes movidos a energia solar fotovoltaica, que permanecem inativos, tornando a praça entre a biblioteca e as ETEC’S pouco iluminadas durante a noite, favorecendo a sensação de insegurança

Fig. 45 Fotografia tirada durante a visita a campo, onde é possível visualizar a falta da reposição das tendas tensionadas, que existiam no dia da inauguração e inutilização do espaço externo, que seria voltado para mesas e estar da cafeteria (ainda sem funcionamento). Fonte: Fotografia de autoria própria, outubro de 2016.

Fig. 44 Fotografia tirada do segundo pavimento do edifício, detalhe do mobiliário e cobertura. Fonte: Archidaily, 2012.

Fig. 46 Fotografia do Parque da Juventude em funcionamento. | Fonte: Archidaily, 2012.

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dos estudantes do período noturnos; e o funcionamento limitado da biblioteca, que não abre aos finais de semana e opera até as 18 horas. Mesmo com pontos negativos (que podem ser corrigidos com a devida manutenção), a cidade melhora a cada projeto como esse, simbolizando a mudança, transmitindo significado e respeito à história local e oferecendo espaços públicos de qualidade, sustentáveis e acessíveis. ↑ “A biblioteca prova que a região do Carandiru virou a página. Nossa expectativa é de que esse projeto seja o embrião de muitas outras novas bibliotecas pelo Estado” (MARTINS; LARSEN, 2010).

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Fig. 47 a: Croquis mostrados durante entrevista com arquitetos e projetistas responsáveis pelos cálculos dos elementos da Brasiliana. Fonte: INTERMEIOS FAUUSP, 2012

BIBLIOTECA BRASILIANA GUITA E JOSÉ MINDLIN A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) é um órgão da Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP). A intenção do projeto, deu início no final dos anos 90, com o desejo de José Mindlin e sua esposa Guita de construir um local para abrigar sua coleção de obras raras, reunidas em mais de oitenta anos. A simpatia do bibliófilo pela universidade, o fez articular uma proposta de construir o edifício dentro do campus, fazendo com que a gestão da época, concedesse o terreno (BBM, 2016). Em 2002, István Jancsó, o então diretor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, concebeu, juntamente com José Mindlin e os arquitetos Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb, o projeto de um edifício capaz de abrigar as duas importantes coleções brasilianas (a do próprio IEB e a de Mindlin). A Biblioteca então foi criada através da arrecadação de fundos públicos e privados e por leis de incentivo à cultura, em função da doação dos acervos à universidade. A nova sede da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin foi inaugurada em março de 2013 (BBM, 2016).

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Fig. 47 b: Croquis mostrados durante entrevista com arquitetos e projetistas responsáveis pelos cálculos dos elementos da Brasiliana. Fonte: INTERMEIOS FAUUSP, 2012

José Mindlin diz sobre como foram os primeiras ideias para a BBM: “ [...] quando eu comecei a pensar na biblioteca da USP, para mim foi automática a inclusão da biblioteca da IEB ” (INTERMEIOS, 2011). István Jancsó explica a relação da BBM e da IEB através do projeto: [...] o que que era este projeto? Era um projeto que nasceu dentro do IEB, que contava com a infraestrutura do IEB naquela altura [...] criar uma biblioteca digital, seria a alavanca para adesões de parceiros com apetite pela modernidade [...] porque o ministério considerou este projeto como um projeto estratégico [...] não é um prédio: é a biblioteca digital, é um centro de formação de restauradores (INTERMEIOS, 2011). Além dos amplos canteiros gramados e a entrada da doca no lado oeste do edifício, a primeira impressão do visitante, é o conjunto do amplo complexo de 22 mil metros quadrados, onde estão separados: o edifício da Biblioteca Brasiliana USP, a oeste; o edifício do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), a leste; o Auditório István Jancsó, de volume cilíndrico em destaque na fachada norte

e ao subir a rampa de entrada principal, passando sob o espelho d’água, encontra-se a Livraria da Edusp, situada mais próxima da fachada sul, que ainda conta com uma cafeteria no mezanino. Os volumes se unem através de uma grande esplanada coberta, que cria uma rua interna acima do nível térreo, dando acesso a todos os edifícios. “[...]este terreno tinha relação com o desenho do campus universitário: ligado a ideia do centro, do eixo das humanas [...] fazia sentido que o edifico não fosse uma barreira[...] conceito da permeabilidade, da travessia [...]” (INTERMEIOS, 2011), Rodrigo Loeb explica sobre o local do projeto na Cidade Universitária. Eduardo de Almeida explica o processo do desenvolvimento do programa de necessidades: [...] foi um programa feito paulatinamente... um processo nada convencional[...] foi criado um novo nível, principalmente com o objetivo de proteção deste acervo, havia uma questão fundamental que este fosse isolado da terra, com o intuito de evitar todo tipo de infiltração possível (INTERMEIOS, 2011).

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Da fachada da biblioteca, voltada à rua interna coberta, é possível enxergar através de aberturas envidraçadas horizontais, uma das salas de apoio dos pesquisadores de estudos brasileiros e em um

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nível acima, a sala de reuniões do administrativo. Nesta mesma fachada encontra-se o acesso principal do complexo da Brasiliana. O saguão principal conta com um setor de informações e mais a

Fig. 48 Vista da Fachada Sul: Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo –SP | Fonte: Architizer, 2017.

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Fig. 49 b: Vista da recepção e saguão principal: os três níveis superiores de acervos raros são protegidos por uma fachada de vidro blindada: Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo –SP | Fonte: Architizer, 2017. Fig. 49 a: Vista da recepção e saguão principal: os três níveis superiores de acervos raros são protegidos por uma fachada de vidro blindada: Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo –SP | Fonte: Architizer, 2017.

frente, uma espaçosa área de recepção, onde é visível os três níveis superiores de acervos raros, protegidos por uma fachada de vidro blindada. A esquerda, encontra-se uma sala multimeios, que dá vista ao campus universitário e a direita, uma sala de estudos, mobiliada pela Brasil Design, com acesso livre à internet. Ao fundo, o núcleo principal de circulação vertical com entrada restrita ao setor

administrativo. No segundo pavimento há uma ampla sala voltada à equipe administrativa: as áreas de cada setor são separadas por estantes coloridas; do corredor é possível enxergar, através de uma janela, todo o movimento dos níveis abaixo, das áreas de acervo raro e recepção. Um nível abaixo fica a

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Fig. 50 Segundo pavimento, setor administrativo: Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo – SP | Fonte: Fotografia de autoria própria, 2016.

Fig. 51 a: Primeiro pavimento, sala dos pesquisadores de estudos brasileiros: Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo – SP | Fonte: Fotografia de autoria própria, 2016.

sala dos pesquisadores: ao fundo, uma sala ampla que dá vista à fachada do IEB, e na fachada norte, uma sala maior, contendo cabines individuais de estudos. No mesmo andar, encontra-se a sala de exemplares grandes, de acesso controlado, que possui pé-direito duplo: a sala conta com gaveteiros para o abrigo destes exemplares, mesas de estudo, salas de

estar e dá vista às passarelas superiores de estrutura metálica, que dão acesso aos pavimentos de acervos raros, através de um núcleo secundário de elevadores e escadas.

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Fig. 51 b: Sala de grandes exemplares de pé-direito duplo: os mezaninos metálicos dão acesso às áreas de acervos raros. Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo –SP | Fonte: Fotografia de autoria própria, 2016.

Fig. 52 a. Subsolo, Laboratórios voltados ao processamento dos exemplares de acevo raro: Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo –SP | Fonte: Fotografia de autoria própria, 2016.

O subsolo conta com uma área de carga e descarga coberta e na sala adjacente, uma área voltada ao abrigo de novos livros, que permanecem em quarentena até que sejam processados e catalogados. As próximas salas são acessíveis pelos corredores a direita e a esquerda: na fachada norte, estão os laboratórios e equipamentos voltados ao processamento, restauro e digitalização dos livros; na fachada sul, uma sala devidamente

climatizada, com estantes deslizantes que abrigam outra parte do acervo. No mesmo corredor é possível acessar os depósitos, vestiários, copa dos funcionários e área expositiva, que através de uma escadaria e elevadores, dá acesso à livraria Eduusp, situada fora do complexo da biblioteca. [...] a digitalização é um Instrumento de preservação e democratização do acesso, o programa do edifício foi pensado para atender a estes objetivos: da digitalização e do centro de restauro[...].

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Fig. 52 b: Subsolo, área expositiva: acesso técnico pelo subsolo e principal, pela térreo da Livraria Eduusp. Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo – SP | Fonte: Fotografia de autoria própria, 2016.

Fig. 53 Fotografia da rampa de acesso principal, fachada interna da Biblioteca e costas da Livraria Eduusp. Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, São Paulo –SP | Fonte: Archdaily, 2013

[...]construir um projeto [...] que conseguisse recursos para trazer tecnologia [...] agregar uma equipe para propor uma solução segura: a importação de um equipamento de digitalização de livros encadernados, um scanner robô [...] que permite digitalizar com delicadeza livros antigos, em alta velocidade [...] com isto o livro fica mais pesquisável [...]. [...]tudo isto levou a repensar a arquitetura do edifico: como os equipamentos novos seriam adequados ou não, a este novo espaço [...]. [...] algo que tem que se falar é a dimensão pública

do edifício [...]isto é algo muito precioso no nosso país, onde o valor dado ao que é público tem sido, ao longo dos últimos séculos, menosprezado[...] No Brasil o que é público sempre é o mais mal feito, o de pior qualidade [...] quando na verdade, nós temos que inverter isso: o melhor é o público, o melhor prédio de uma cidade tem que ser o da biblioteca pública, sobretudo os prédios culturais que trazem a nossa identidade[...]Este é um traço importante que a arquitetura pode contribuir para a formação da nossa cultura, que é a valorização desses espaços públicos (INTERMEIOS, 2011).

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Fig. 54 Imagem panorâmica do terreno, realizada por um drone. Butantã, São Paulo Fonte: Dragon Imagens Aéreas Ltda., 2017

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JUSTIFICATIVA

DA

ÁREA

A qualidade espacial urbana está diretamente vinculada à existência de inúmeros e generosos espaços públicos, diversificados[...], arborizados, equipados, bem mantidos, atendendo as variadas demandas sociais[...]. [...]os espaços públicos são essenciais para a superação de significativos problemas ambientais enfrentados pelas cidades brasileiras e lugares fundamentais para a construção da sociedade verdadeiramente democrática e justa[...] (MACEDO, 2013). As regiões periféricas da cidade de São Paulo carecem tanto de espaços públicos que, empreendimentos comerciais privados geralmente desempenham a função de encontro e convívio coletivo: moradores de todas as regiões da cidade, mas principalmente das áreas afastadas do centro, continuam se apropriando de estruturas privativas não só pela carência de equipamentos culturais, mas pela sensação de falta segurança (LE ROUX, 2014). A arquitetura e planejamento urbano desempenham funções fundamentais para buscar, de forma estratégica e inteligente, novas funções para espaços existentes e modificá-los segundo as novas demandas e necessidades 82

da cidade contemporânea. A degradação urbana e social na periferia de São Paulo dificulta a interação mais aberta com o tecido urbano circundante. A implantação de novos equipamentos públicos nesses bairros, introduz aos habitantes dessas comunidades, conceitos pouco presentes em suas vidas cotidianas, como atividades culturais relacionadas ao ensino e novas formas de se relacionarem com o meio ambiente (LE ROUX, 2014). A inserção de uma nova biblioteca pública em uma região periférica, é uma medida estratégica de qualificação urbana. Identificar áreas com maior potencial de desenvolvimento de estruturação metropolitana, maior oferta de meios de transporte

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Fig. 55 Montagem feita com o mapeamento de bibliotecas públicas paulistanas. | Fonte: modificado de Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, 2017

e relevância ambiental, possibilita uma articulação do novo equipamento a outros edifícios públicos existentes na cidade, integrando-os.

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Fig. 56 Mapa das linhas de metrô e monotrilho existentes e projetadas Fonte: PDUI (mapas de alta resolução, parte 1),2016

Fig. 57 Equipamentos com funções metropolitanas. | Fonte: PDUI (mapas de alta resolução, parte 5), 2016

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ÁREA DE ESTUDO O novo programa de metas (PMSP, 2017) atualizado pelo conselho municipal de política urbana, aponta que: das 23.953 sugestões analisadas, durante o processo de consulta pública, a Secretaria da Cultura foi a que mais recebeu sugestões do público; seguida pelas secretarias de Mobilidade e Transporte; Prefeituras Regionais e Meio Ambiente. Por Prefeitura Regional, as que obtiveram maior participação popular, em ordem de relevância, foram: as regiões supraregionais Sé, Lapa e Butantã. Estes resultados mostram o alinhamento das diretrizes mapeadas pela Secretaria do Desenvolvimento Urbano, com a proposta de um novo edifício de uma biblioteca pública, na região oeste da cidade, Prefeitura Regional do Butantã.

Fig. 58 Sugestões da sociedade por secretaria Fonte: PMSP – Programa de Metas 2017|2020, 2017.

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Para a escolha da região e terreno, foram estudadas, além do programa de metas, as diretrizes do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (PDE) (PMSP, 2015), aprovado e sancionado em 31 de julho de 2014, afim de tornar possível a identificação de uma área com potencial de desenvolvimento da infraestrutura urbana circundante. O estudo das diretrizes também ajudou a nortear a proposta da implantação do edifício, assegurando que a inserção da nova biblioteca apresentasse qualidades de requalificação do entorno e estivesse alinhada com as intervenções programadas para a determinada área. Sendo assim, o projeto da nova biblioteca teve desde o início, o objetivo de alcançar uma arquitetura que contribuísse para uma cidade mais democrática, inclusiva, ambientalmente responsável, produtiva e, sobretudo, melhorando a qualidade de vida dos moradores locais. Era importante que o terreno de inserção do edifício estivesse articulado às novas expansões das redes de mobilidade, incentivos urbanísticos e alinhado às diretrizes das Operações Urbanas Consorciadas (OUC) programadas para a região (PMSP, 2015). 86

Fig. 59 Sugestões da sociedade por prefeitura regional | Fonte: PMSP – Programa de Metas 2017|2020, 2017.

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Fig. 60 Eixos de estruturação da transformação urbana: áreas de influencia Fonte: PMSP, 2015.

Com o objetivo de orientar as transformações urbanas nas proximidades dos eixos de transporte foram definidas áreas de influência que são determinadas pelas características de cada meio de transporte:

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Com este raciocínio foi possível localizar um terreno inocupado, na região do bairro do Butantã, próximo à rede de corredores de ônibus da Avenida Francisco Morato, das futuras estações SpMorumbi e terminal Vila Sônia (expansão linha 4 - amarela do metrô), dos poucos eixos de ciclovias da região (que passam pelas Avenidas principais Jorge João Saad e Avenida Eliseu de Almeida). De frente à mesma avenida, o terreno tem vista panorâmica do Parque Municipal Jardim Previdência e outras áreas de conservação ambiental próximas. Através do estudo, foi possível identificar pontos importantes que influenciaram no desenho da implantação do edifício: o córrego Pirajussara canalizado na Avenida Eliseu de Almeida, que aumenta a incidência de alagamentos nos loteamentos próximos; as áreas de conservação ambiental do entorno, que conferem qualidade e vista permanente ao lote escolhido; o zoneamento do lote, que confere alto índice construtivo e incentivos urbanísticos; e finalmente, todas as áreas de influência da operação urbana Vila Sônia, onde estão previstos corredores verdes e modificações qualitativas do entorno próximo ao terreno. 88

Fig. 61 Montagem da: vista aérea da região, fotos tiradas no local; manchas coloridas indicando os lotes que serão influenciados pela Operação Urbana Vila Sonia. | Fonte: modificado pela autora a partir de mapas do Google Earth e fotografias de autoria própria.

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Fig. 62 Imagem 62: Recorte do mapa 1: Rede estrutural hídrica ambiental. | Fonte: PMSP -Secretaria Municipal de Planejamento Urbano – Butantã. Mapa 1, 2004. Fig. 63 Imagem 63: Recorte do mapa 2: Sistema viário estrutural. | Fonte: PMSP -Secretaria Municipal de Planejamento Urbano – Butantã. Mapa 2, 2004. Fig. 64 Imagem 64: Recorte do mapa 3: Rede estrutural de transporte público. . | Fonte: PMSP -Secretaria Municipal de Planejamento Urbano – Butantã. Mapa 3, 2004. Fig. 65 Imagem 65: Recorte do mapa 4: Uso e ocupação do solo . | Fonte: PMSP -Secretaria Municipal de Planejamento Urbano – Butantã. Mapa 4, 2004. Fig. 66 Imagem 66: Recorte do mapa 5: Desenvolvimento urbano . | Fonte: PMSP -Secretaria Municipal de Planejamento Urbano – Butantã. Mapa 5, 2004.

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O PARTIDO As salas de leitura apresentam desafios estruturais consideráveis, sua largura é limitada pela capacidade de construir um teto que as cubra. Assim, fatores como a estrutura, iluminação, forma dos livros, iconografia dos prédios e a necessidade de protege-los, influenciaram a forma das bibliotecas em todas as partes do mundo e em todos os períodos[...]. [...]frequentemente arquitetos e bibliotecários, antes de embarcarem em um novo projeto, começavam visitando grandes bibliotecas existentes: o arquiteto Wiel Arets (1955-) escreveu sobre as lições que aprendeu ao visitar a Bibliothèque Naticonale de Paris, de Dominique Perrault e a Berlin Staatsbibliothek, de Hans Scharoun, antes de começar a projetar a Biblioteca da Universidade de Utrecht[...] [...]o saber por que foram construídas de certa forma é, o primeiro passo para entender como, ou porque, podemos ou quereremos fazer de forma diferente no futuro. (CAMPBELL, 2015). O objetivo fundamental do projeto da Biblioteca Pública Parque Jardim Providência, teve início com a identificação da necessidade de se inserir um edifício público e cultural em uma região paulistana afastada do centro, carente deste tipo de equipamento.O estudo do entorno foi um aspecto determinante para desenvolvimento das soluções estruturais, topográficas e programáticas da biblioteca. Era primordial, considerar um programa de necessidades que humanizasse as relações pessoais e 90

coletivas da população. A inserção do edifício e seu desenho deveriam causar uma impressão evidente do potencial positivo de impacto urbano-ambiental à comunidade, considerando deslocamentos adequados até o edifício por meios de transporte e locomoção diversificados, e também, promover uma sensação de segurança e de ser convidativo, oferecendo espaços onde todos pudessem usufruí-los livremente. Os fluxos gerados através da localização estratégica

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de cada ambiente dentro do complexo, os partidos estruturais e volumétricos do edifício da biblioteca, assim como, as soluções de materialidade de todo edifício, visaram respeitar: sua importância como equipamento público e representatividade cívica, Atentando-se a não intimidar os visitantes e influenciá-los a participar das programações ali geradas. Foi dada grande importância às soluções de espaço e fluxo das áreas de processamento, restauro e catalogação de livros, assim como suas necessidades programáticas, de mobiliários e funções administrativas. A mesma atenção foi dada à clareza setorial dos tipos de circulação do edifício: público, controlado ou exclusivo a equipe administrativa da biblioteca.

um lugar seguro. Em linhas gerais, o resultado do projeto atingiu seu objetivo mais importante: a geração de novos espaços públicos, em que a comunidade pudesse exercer sua cidadania e se identificar através de experiências agradáveis de convívio coletivo..

A intenção por trás das adequações de acessos e soluções técnicas de preservação do acervo, é a de apresentar um novo edifício que pudesse servir como um novo ponto de apoio à outras bibliotecas estaduais, ao mesmo tempo, chamar atenção de novas doações, onde os colaboradores conseguissem sentir que seus exemplares fossem prestigiados e abrigados em BIBLIOTECA PARQUE JARDIM PREVIDÊNCIA (BJP)

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A INSERÇÃO O estudo dos aspectos físicos do entorno próximo e do próprio terreno, sugeriram as soluções de implantação do edifício, que buscou resolver problemas de salubridade, como: acessibilidade; segurança; leitura clara das setorizações do edifício; vista permanente; boa ventilação; amenização de ruídos e poluição; escolha de materiais sustentáveis para fachada; soluções eficientes de sistema hidráulico; além de atender às exigências legislativas e à distribuição adequada dos ambientes no terreno. Além disso, procurou satisfazer as demandas do programa de necessidades.

uso e ocupação do solo no Município de São Paulo (Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014), o terreno de inserção do edifício está situado em uma zona de eixo de estruturação da transformação metropolitana (ZEM). A descrição e exigências legislativas deste zoneamento estão resumidas nas imagens a seguir:

Fig. 67 Recorte do quadro de características de aproveitamento, dimensionamento e ocupação do lote. | Fonte: PMSP -Secretaria Municipal de Planejamento Urbano – Butantã. Quadro 4 do livro X, 2004.

Fig. 68 Recorte do texto do PROJETO DE LEI Nº 272/2015 Disciplina o parcelamento, o uso e a ocupação do solo no Município de São Paulo do PDE da PMSP de 31 de julho de 2014. | Fonte: PMSP, 2015.

A análise da locação do edifício, observando as restrições e as viabilidades físicas reais, foi um exercício relevante para a configuração do desenho da implantação. Buscou atender as demandas reais da infraestrutura circundante, levando em consideração, inclusive, as limitações hídricas e ambientais do terreno. De acordo com o PROJETO DE LEI Nº 272/2015, sobre a disciplina do parcelamento, 92

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Como visto anteriormente, os aspectos construtivos do edifício atendem às exigências de taxa de ocupação, permeabilidade e coeficiente de aproveitamento mínimos ou maiores que os previstos. Além disso, a descrição do uso e ocupação da área, previstos por lei, asseguram a compatibilidade do desenvolvimento urbano, com a intenção funcional da proposta de projeto. Outros pontos críticos foram observados, para o desenho da implantação do edifício, tais como a localização do córrego canalizado Pirajussara, situado na extensão da Avenida Eliseu de Almeida; e as características marcantes da topografia regional. Por se tratar de uma área com tendência à inundação, optou-se por não propor pavimentos abaixo do nível térreo, elevando-o também, alguns centímetros do solo. Este partido foi implantado, a fim de evitar qualquer tipo de BIBLIOTECA PARQUE JARDIM PREVIDÊNCIA (BJP)

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Fig. 69 (pág. anterior) Implantação, escala a definir. Fig. 70 (pág. anterior) Quadro do Parqueamento. Fig. 71 (pág. anterior) Quadro de Parâmetros Urbanos Fig. 72 (pág. anterior) Diagrama dos possíveis fluxos dentro e fora do complexo. Fig. 73 (pág. anterior) Quadro de áreas impermeáveis. | Fonte: Desenvolvido pela autora, 2017

infiltração às áreas de apoio da biblioteca. A topografia acidentada da área (onde o desnível entre a Avenida Eliseu de Almeida e a Rodovia Raposo Tavares é de quarenta metros), contribuiu positivamente para a proposta estrutural do complexo. O desnível de cinco metros entre a avenida e a rua dos fundos é equivalente à altura do pé-direito do pavimento térreo, o que garantiu um gabarito mais compatível com as estruturas existentes do entorno, e tornou-se menos invasivo à área residencial próxima. Pensando em atender a todos os meios de locomoção até o edifício, foram estudados os possíveis fluxos de pedestres, ciclistas, veículos, estacionamentos de visitantes e equipe administrativa, caminhões de carga e descarga e pontos de ônibus. Atendendo às demandas de distintos meios de chegada, buscou-se, através do desenho arquitetônico, obter o mínimo de viário possível, a fim de aumentar as áreas permeáveis e de canteiros. Sendo assim, foi especificado um tipo de pavimentação para cada situação de fluxo, COM O INTUITO de melhorar o máximo possível a questão da

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drenagem das águas pluviais. A principal conclusão deste artigo é a de que todos os fatores estudados referenciam a importância do desenho estratégico da implantação do edifício, para garantir o sucesso da organização, essencial para a rotatividade alta dos usuários e apropriação livre dos espaços públicos. A aplicação dos estudos físicos do entorno, no desenho arquitetônico do térreo, pode reabilitar uma área inutilizada, com grande potencial de transformação da dinâmica do bairro.

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A PROPOSTA

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Fig. 74 Montagem da: vista aérea da região, fotos tiradas no local; manchas coloridas indicando os lotes que serão influenciados pela Operação Urbana Vila Sonia. | Fonte: modificado pela autora a partir de mapas do Google Earth e fotografias de autoria própria.

Fig. 67: Imagem panorâmica do terreno, junto à fachada noroeste da proposta de projeto, Butantã, São Paulo. Fonte: Desenvolvido pela autora, 2017.

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CORTE ESQUEMÁTICO CORPO DE BOMBEIROS

CORTE ESQUEMÁTICO CORPO DE BOMBEIROS

CORTE ESQUEMÁTICO CAPTAÇÃO E REUSO DE ÁGUAS PLUVIAIS GSEducationalVersion

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ESCADAS PRESSURIZADAS E ENCLAUSURADAS COM ACESSO PÚBLICO E RESTRITO (ACERVO). ESPAÇOS ONDE HÁ PAPEL, COMPUTADORES, MATERIAIS COMBURENTES, O FOGO É CONTIDO PELO SISTEMA DE GÁS ARGONITE. NOS DEMAIS O COMBATE AO FOGO É ATRAVÉS DO USO DE EXTINTORES E SPINKLERES.

FLUXO ESQUEMÁTICO CALHAS DE RECOLHEM AS ÁGUAS PLUVIAIS BOMBA FILTRO SAÍDA RESÍDUOS DE FILTRAGEM PARA GALERIA PLUVIAL DE ESGOTO CISTERNA (RESERVATÓRIO DE ÁGUA DE CHUVA) PORNTOS QUE RECEBEM ÁGUA FILTRADA RESERVATÓRIO SUPERIOR DE ÁGUA DE CHUVA LIGAÇÃO ENTRE CISTERNA DE CHUVA E CAIXA D´´AGUA PRINCIPAL PONTOS HIDRAULICOS

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CONCLUSÃO A proposta da Biblioteca Pública Parque Jardim Previdência (BJP), reafirma a valorização do acesso democrático à informação, ao sugerir um desenho que provoque o exercício da cidadania, através da conscientização da população de regiões periféricas sobre a importância do convívio coletivo e criação de espaços públicos de qualidade. É de se reconhecer a importância da biblioteca pública, não só como um edifício destinado à prática da leitura e abrigo de livros (função indissociável a esse tipo de equipamento), mas também como um centro cultural e equipamento popular, capaz de reabilitar o entorno urbano.

A tradução dos conceitos apresentados revela uma proposta arquitetônica mais conectada ao discurso urbano. Ela coloca em destaque a integração da acessibilidade, através de diferentes meios locomotivos. Também comunica o desenvolvimento da infraestrutura do entorno; a otimização do fluxo de visitantes e equipe responsável pelo funcionamento da biblioteca; a composição das fachadas do edifício, beneficiando a paisagem urbana e a leitura clara dos espaços.

Trata-se, assim, da produção de uma arquitetura que busca solucionar as principais problemáticas do programa de uma biblioteca e promove diversas formas de comunicação, expressão e conscientização cívica, tais como áreas para: exposições de arte; debates, palestras e seminários; valorização ambiental; e apreciação pela produção intelectual. 112

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