Xylon - Ed.05

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FOCUS

A GUERRA DAS ROLHAS cortiรงa versus screwcrap. conheรงa os desafios de um dos sectores nobres da economia



RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DA EDIÇÃO ANTERIOR:

1. O facto de Portugal não ter visibilidade no exterior aumenta a dificuldade das suas empresas na competição com congéneres a nível internacional. Para sermos reconhecidos como bons e credíveis temos de ter um país organizado e empresas que se destaquem no mercado internacional pela excelência. Qualquer empresa reconhecida a nível internacional chama a atenção de investidores e clientes, não apenas para si, mas também para todas as outras que atuam no mesmo setor. Linhas de crédito, juros baixos, menos impostos, lobbying diplomático e ações de promoção são bons mecanismos de auxílio para a internacionalização e conquista de visibilidade no estrangeiro. Luís Novais 2. Considero que nada falta às empresas nacionais para terem sucesso no estrangeiro. Temos tudo para sermos bem-sucedidos. Falta no entanto visão empresarial, audácia ou vontade de arriscar fora da nossa zona de conforto. Os produtos portugueses são de ótima qualidade, têm acabamentos perfeitos (pois são concebidos por artesãos altamente experientes), o design é cada vez mais inovador e apelativo, o preço final não é caro em comparação com rivais como os italianos e são aqueles que apresentam a melhor relação qualidade-preço. Portanto, o produto português tem tudo para ter sucesso internacional e isso é notório, pois vemos inúmeras marcas que estão a singrar no estrangeiro e cujos lucros são maiores no mercado externo que no interno. Porém, muitos empresários ainda precisam de ser aconselhados sobre qual a melhor forma de se internacionalizarem. Penso que é isso que falta: apoio administrativo e jurídico, assessoria que indique qual o melhor mercado a investir e qual a melhor forma de fazê-lo. Quem souber onde investir e tiver capital, claro, tem tudo para vencer. César Castro

O novo papel da cortiça

A cortiça é o grande tema desta edição. O setor da madeira e do mobiliário está a evoluir e a cortiça é uma das matérias-primas que assume crescente importância. Não só pelo seu papel no universo das rolhas, mas pelas suas maisvalias que começam a ser aproveitadas por outras áreas de atividade. Desde a moda à mecânica ou construção civil, a cortiça faz cada vez mais parte das nossas vidas e a inclusão de novas técnicas de inovação produtiva e tecnológica, aliadas ao design do produto, estão a catapultar este material no panorama internacional. Veja-se o caso de marcas como a Dior, Prada, Mercedes ou NASA, que incluíram esta matériaprima nas suas criações. Portugal é um bom produtor de cortiça. Tem as condições ideias para se afirmar no plano internacional através da oferta de criações inovadoras, sustentáveis, amigas do ambiente e com uma matéria 100% nacional. A diversificação do mercado das rolhas (que tem crescido em virtude de preferência pelas rolhas de cortiça) pode ser a arma que falta para revitalizar a fileira da madeira e do mobiliário. A acontecer, todos ganhamos. Desde o consumidor final à economia, que adquire um novo parceiro para dinamizar o mercado interno e as exportações.

Eis o desafio que colocamos aos nossos leitores esta edição:

Qual o peso da inovação para o desenvolvimento do setor da cortiça em Portugal? Envie as suas mensagens para o seguinte endereço: comunicacao@aimmp.pt Até Breve!

REVISTA Nº5

PROPRIEDADE aimmp Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal Rua Álvares Cabral nº 281 4050-041 Porto Tel: 223 394 200 · Fax: 223 394 210

_ os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores.

PRESIDENTE DA DIREÇÃO Fernando Rolin COMISSÃO EXECUTIVA Joana Nunes TIRAGEM 5.000 exemplares EXPEDIÇÃO Nacional

Produção Editorial www.comunicare.pt

Diretor Geral Daniel Mota DEPARTAMENTO editorial Manuela bártolo Patrícia alves Tavares carla marques Design Gráfico Bruno Tavares Patrícia Ferreira

correiodoleitor

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sumário

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primeiro plano

Anuário da cortiça Nesta edição, mostramos em exclusivo as conclusões do balanço da atividade do setor da cortiça ao longo do ano. Descubra ainda as potencialidades por explorar e as ações em cursos para diversificar a utilização da matéria-prima

42 & Gestão 22 Economia Motivos para importar Portugal Qualidade, exclusividade, sofisticação, inovação, design apelativo, boas matérias-primas e preços acessíveis. São algumas das razões que fazem dos produtos da fileira portuguesa uma boa escolha de importação. É essa a visão que os estrangeiros têm da nossa produção e são alguns dos motivos que os levam a optar pelo made in Portugal

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Empresas

Tradição no mobiliário

Neste número, o mobiliário está em destaque. Fapimepe e Neves Magalhães são as empresas focadas, ambas ligadas à produção personalizada de peças de mobiliário e decoração. Tradição e inovação são os ingredientes de ambas para se manterem no mercado português e internacional

Ângulo 50 Novo Eficiência da Indústria

O processamento industrial de madeira pode ser beneficiado com os resultados de um estudo do Laboratório de Produtos Florestais (LPF) do Serviço Florestal Brasileiro que avaliou a quantidade de sílica em 36 espécies de madeiras tropicais. A Xylon mostra-lhe os resultados da pesquisa

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marcas de prestígio

Grupo Portucel


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Caras de Negócio

Universo IKEA Mikael Ohlsson, CEO do grupo IKEA, é o grande entrevistado. Peças fáceis de montar e a preços baixos são os valores da marca, que deu uma nova vida ao conceito de produção em série. Conheça os planos do gigante sueco para o nosso país e perceba de que forma o fabricante de mobiliário conseguiu ter tanto sucesso em Portugal

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Novo Ângulo

Guerra das rolhas O sobrado e seus produtos desempenham um papel sócioeconómico, ecológico e cultural de excecional relevância para o país. A utilização crescente de rolhas de plástico pode colocar em risco a sustentabilidade deste valioso sistema

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Capital Bio

Benefícios da Floresta

A floresta é essencial para a humanidade. Responsável por assegurar a boa evolução dos ecossistemas e por libertar o oxigénio que respiramos, a floresta sofre várias ameaças, muitas delas causadas pelo Homem. Em Capital Bio, recordamos os seus benefícios, alertando para as consequências do desaparecimento de ‘massa’ verde

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capital bio

Caso da Serra do Caldeirão

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Designers espanhóis criam urna biodegradável Nada mais simbólico do que, após a morte, uma pessoa (ou suas cinzas) contribuírem para a regeneração da natureza, depois de enterrada. Para que esta ideia simbólica se tornasse realidade, os designers espanhóis Martín Azúa e Gerard Moliné criaram a Urna Bios, uma pequena caixa em forma de cone que pode abrigar cinzas humanas e, quando enterrada, dar início a um novo ciclo de vida. Estes dois designers espanhóis, apresentaram a Urna Bios, uma urna biodegradável em forma de cone que pode abrigar cinzas humanas e que, quando enterrada, dá origem ao nascimento de uma árvore. A urna contém uma semente de planta – pode ser escolhida qualquer uma – que, poucos dias depois de enterrada, começa a geminar e crescer, marcando também o novo lugar que o antigo corpo ocupa na terra. “A Urna Bios é um projecto que reintegra o homem no ciclo de vida natural, um ritual laico de regeneração e volta à natureza”, explica Martín Azúa no seu site. Fabricada com materiais biodegradáveis – casca de coco, turfa compactada e celulose – esta urna funerária não prejudica o solo, podendo desintegrar-se facilmente na natureza – sem impactá-la. Esta proposta de reintegração, é claro, não poderia prejudicar o solo. Por isso, a Urna Bios é feita com casca de coco, celulose e turfa – um material de origem vegetal – e pode se desintegrar na natureza sem impactá-la.

A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) prevê uma tempestade solar de forte intensidade para maio de 2013. Se esta previsão estiver correta, o vento solar poderá prejudicar sistemas de telecomunicações e energéticos, para além de influenciar de forma decisiva todas as formas de vida na terra. O prejuízo, caso esta situação ocorra, será 20 vezes superior ao que foi causado pelo furacão Katrina, que atingiu os Estados Unidos (EUA) em 2005. Tudo o que se serve de circuitos elétricos, desde carros a computadores, ficará queimado automaticamente. Telemóveis e satélites avariam, os meios de transporte param, a rede de energia entrará em curto-circuito e rapidamente começará a faltar água e comida. Esse cenário apocalíptico poderá acontecer, sendo causado pelo sol. Segundo cientistas da Nasa e de outras instituições em 2013 o astro-rei vai entrar num ciclo de alta atividade, o que aumenta a probabilidade de erupções solares. Essas erupções liberam muita energia que quando chegar à Terra irá provocar uma tempestade electromagnética, que irá queimar tudo o que tiver um circuito elétrico dentro. Seria um verdadeiro Dia do Juízo Final para os equipamentos eletrónicos.


Tempestade solar pode afetar a Terra em 2013

Os cientistas não sabem exatamente quando essa tempestade virá, ou qual sua força. Mas dizem que há motivo para preocupação. “O Sol está a despertar de um sono profundo. E a Terra é muito vulnerável a tempestades solares”, diz o físico Richard Fisher, da Nasa, realçando que estas tempestades já aconteceram antes, pois não nos podemos esquecer que o Sol é uma estrela bastante ativa e que a força gerada pelas explosões solares geram feixes de partículas impulsionados a velocidades altíssimas, que podem causar estragos significativos nas linhas de energia elétrica e de telecomunicações da Terra, mas, como ressalva o físico Marildo Pereira, mestre e doutor em astrofísica estelar pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, “antes é preciso que elas tenham sido lançadas na direção de nosso planeta e que o atinjam. O fato, esclarece, é que o Sol tem 1,3 milhão de vezes o volume da Terra e massa 332.900 vezes maior que a da Terra. Isso significa dizer que, enquanto nós observamos o Sol como um grande disco no céu, se estivéssemos na superfície do Sol enxergaríamos a Terra como um grão de ervilha no espaço. E acertar um grão de ervilha não é tarefa muito fácil”. Convém também esclare-

cer que, não existe a possibilidade de uma explosão solar, por mais intensa que seja, conseguir atingir todo o planeta, sendo que se prevê que as zonas com um risco potencial mais elevado sejam a América do Norte e a Europa.

Ciclo solar Os pesquisadores conhecem os dados do ciclo solar desde meados de 1800, e o atual tem o número 24. Os ciclos duram entre 9 e 14 anos, registando máximos e mínimos solares. O Máximo Solar dura poucos anos e é pontuado por episódios de atividade violenta, que duram poucos dias. O Mínimo Solar pode se arrastar por muitos anos e está associado à redução do número de manchas solares na superfície da estrela. O atual ciclo do Sol teve início entre o final de 2008 e início de 2009 e tem sido considerado atípico porque nos dois primeiros anos o Sol registou recordes, com a menor quantidade de manchas solares, vento solar fraco e baixa irradiação solar. A baixa atividade solar tem um profundo efeito sobre a atmosfera terrestre, que, nestas condições, esfria e contrai. O vento solar fraco produz menos tempestades magnéticas ao redor dos polos da Terra e

não empurra os raios cósmicos com tanta eficiência para fora da órbita terrestre. Os efeitos dos raios cósmicos sobre os seres vivos ainda não são totalmente conhecidos. Mas as barreiras criadas pela atmosfera e pela magnetosfera (campo magnético da Terra) e os ventos solares impedem a ação direta destes raios. Segundo as previsões o 24º ciclo solar terá seu pico entre o fim de 2012 e maio de 2013, quando se prevê uma grande explosão solar . A alta incidência de auroras boreais (na zona do Polo Norte) e austrais (na região do Polo Sul) indica, neste momento, aumento de partículas oriundas do Sol. Em 1859, uma tempestade deste género queimou as linhas de telégrafo na Europa e nos EUA. Hoje, o efeito seria muito pior. Um relatório assinado por cientistas de 17 universidades diz que a humanidade levaria até 10 anos para se recuperar de um grande evento do tipo. A solução é desligar tudo o que for elétrico antes da tempestade. Os EUA têm um satélite capaz de detectar a onda com um dia de antecedência - em tese, tempo suficiente para que as redes de energia do mundo sejam desconectadas.

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Reciclar:

números apontam para evolução positiva

A Áustria, Alemanha, Bélgica são os maiores recicladores de lixo municipal na Europa, de acordo com um relatório da Comissão Europeia. O relatório, que teve por base dados relativos ao ano de 2010, revela um rápido aumento das taxas de reciclagem de alguns países, mas avisa que a Europa ainda está a enviar muitos resíduos para a lixeira e outros países arriscam ficar atrás do objectivo europeu: reciclar 50% dos resíduos domésticos ou similares até 2020. O estudo coloca Portugal na 22ª posição – entre 32 países europeus – com uma taxa de reciclagem municipal de cerca de 20%, atrás dos 63% da Áustria, 62% da Alemanha, 58% da Bélgica, 51% da Holanda e Suíça. Estes cinco países já atingiram o objectivo global de reciclar 50% dos resíduos municipais até 2020. Em conjunto, os 32 países analisados reciclaram 35% do lixo municipal em 2010, uma melhoria considerável, quando comparada com os 23% referentes a 2001. Em termos negativos, este documento refere-se às performances da Bulgária e Roménia, que terão de aumentar a reciclagem em cerca de 4% por ano até 2020 para atingirem os objectivos globais, objectivo que nenhum país conseguiu alcançar entre 2001 e 2010.

O relatório dá um ênfase especial aos dados do Reino Unido, que aumentou a reciclagem municipal de 12 para 39% entre 2001 e 2010, assim como a Irlanda, que conseguiu subir de 11 para 36% no mesmo período. Foram ainda objecto de destaque os esforços desenvolvidos pela Eslovénia, Polónia e Hungria. “Em relativamente pouco tempo, alguns países conseguiram encorajar uma cultura de reciclagem, com infraestruturas, incentivos e campanhas de notoriedade para o consumidor. Mas outros ainda estão muito atrás, gastando volumes gigantescos de recursos. A actual e intensa procura por materiais deveria alertar alguns países para as oportunidades económicas da reciclagem”, explicou a diretora-executiva da EEA, Jacqueline McGlade.

ciclo de vida, mudar o tratamento de resíduos municipais, entre 2001 e 2010, conseguiu cortar as emissões de gases em 56%, ou 38 milhões de toneladas de CO2.

O relatório conclui ainda que a Europa está a subir na hierarquia da gestão de resíduos, ainda que mais lentamente do que previsto pela legislação. A quantidade de resíduos enviados para as lixeiras diminuiu desde 2001, tendo a Europa aumentado a quantidade de resíduos incinerados, compostos e reciclados.

A melhoria das taxas de reciclagem têm como pano de fundo as tendências na reciclagem de materiais, com menos progressos na área da reciclagem de bio-resíduos. Segundo este relatório da Agência Europeia do Ambiente, 35% de todo o lixo gerado nas cidades ganha vida nova e ainda gera receita: a boa gestão de resíduos sólidos da União Europeia já rende 1% do PIB do bloco. Na ponta do lápis, trata-se de um mercado que emprega 2 milhões de pessoas e rende 145 bilhões de euros por ano.

Convém lembrar que a reciclagem pode reduzir as emissões de gases poluentes e poupar recursos valiosos. Isto porque os materiais reciclados podem substituir materiais virgens. De uma perspectiva de

A principal prioridade da União Europeia é evitar a geração de resíduos. Os resíduos municipais gerados por cada cidadão da União Europeia caíram 3,6% entre 2001 e 2010. Isto, no entanto, é resultado da crise económica, uma vez que a geração de resíduos per capita mantevese estável entre 2001 e 2007. Entre os países que diminuíram a quantidade de lixo gerado destaque para a Bulgária (redução de 18%), Estónia (17%), Eslovénia (12%) e o Reino Unido (12%).


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As empresas portuguesas de produtos de Madeira destinados à construção podem candidatar-se à utilização da Marca dos Produtos de Madeira para a Construção, que envergam a designação “Construir para Viver/ Building for Living”. A estratégia de marketing é idêntica à desenvolvida para o conceito “for Better Life”. É criada uma identidade visual, baseada em quatro directrizes e em dois elementos gráficos (símbolo e assinatura), que devem constar do manual de comunicação de todas as empresas integrantes do projecto. Neste caso, para potenciar a percepção do sector foi desenvolvida uma versão especial onde deverá constar a frase “Materiais de Construção Portugueses em Madeira”. A assinatura deverá adaptar-se ao mercado a que se destina, mas sempre cumprindo as regras gráficas e o idioma pré-definido pela aimmp. Aliás, o regulamento indica ainda que as empresas têm de estabelecer, implementar e manter um sistema de gestão de marca que garanta a conformidade dos requisitos. Para garantir que o produto final seja identificado de acordo com as regras de utilização da marca, a entidade deve seguir uma política de vigilância da marca, de modo a melhorar o sistema e a implementar as acções necessárias para alcançar os resultados desejados.

A Marca Nacional do Mobiliário Português “Para viver melhor/ for Better Living” destina-se a todas as empresas nacionais produtoras de artigos de mobiliário, que desejam alargar a sua linha de actuação e entrar em mercados concorrenciais de forma sustentada e com bens competitivos. Nesse contexto, a aimmp criou uma identidade visual que comunica as principais mais-valias desta marca sectorial. Composta por dois elementos gráficos (símbolo e assinatura), “for Better Living” baseia-se em quatro directrizes, que definem a imagem do projecto Marca de Portugal, a imagem sectorial, o símbolo da aimmp e os conceitos da assinatura “Para viver melhor”. A identidade conjuga cores da matéria-prima (terra e natureza) e do símbolo da organização, associados às cores da identidade Portugal. As formas semi-circulares remetem para a matéria-prima e produto final, transmitindo conceitos de equilíbrio, solidez e segurança. Recorde-se que a Marca é única e tem um objectivo muito específico.

A marca cria uma diferenciação nos produtos ou serviços que representa. A sigla iPack indica qualidade e origem e a sua promoção posiciona os produtos de madeira para embalagens. “To keep the world moving” é o slogan para este mercado. A ambição passa por corresponder às expectativas dos consumidores, sendo portadora de valores como qualidade e perfeição em detalhes, indústria moderna e inovadora, matéria-prima nobre, melhor material para as embalagens, elevado conforto e valor estético e, por fim, sustentabilidade, eco-eficiência e 100 por cento reciclável. O regulamento de utilização da marca foi estabelecido pela aimmp e aplica-se aos três segmentos a que este programa se destina. As empresas interessadas terão de respeitar esse regulamento e cumprir uma série de requisitos, bem como implementar um sistema de gestão da marca. A sua utilização terá um controlo permanente.


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Bicicletas de bambu fazem sucesso O projeto Escolas de Bicicletas tem como objetivo prioritário fazer com que cem alunos de 12 a 14 anos, que frequentam atualmente os 46 CEUs (Centro Educacional Unificado) de São Paulo, consigam deslocar-se à escola em comboios de bicicleta, acompanhados por monitores. Este é uma meta que pretendem ver concretizada até ao final de 2012. Um detalhe importante e curioso relativamente a esta ideia é que os seus promotores pretendem que as bicicletas sejam feitas de bambu e construídas pelos próprios estudantes.

Os referidos veículos utilizarão uma cola natural, feita no próprio centro, ou seja, os jovens juntam os pedaços, formando quadros triangulares. Três horas de secagem e outras peças são acopladas. Rodas, câmbio, catracas, guidão e aí está: uma bicicleta completamente nova, para um dos 4,6 mil alunos da rede municipal ir e voltar da escola a pedalar. A fábrica tem capacidade de produção de cerca de 50 bicicletas por dia e, desde o início da operação, em março, já construiu 1,5 mil. Prevê-se que até Novembro estejam em circulação quase 5 mil bicicletas.

De acordo com o coordenador do projeto, Daniel Guth, a opção pelo bambu tem uma razão de ser. “A nossa ideia não é apenas colocar bicicletas na rua, mas também conscientizar as crianças sobre conceitos como sustentabilidade e ambientalismo. O bambu gasta muito menos energia do que o alumínio e é produzido bem perto daqui, em Bragança Paulista, o que diminui os custos com transporte. A pegada de carbono é muito pequena.” Para além disso trata-se de um material resistente, pois segundo testes efectuados cada bicicleta aguentou, em média, 1,6 tonelada antes do bambu começar a rachar. Ainda segundo informações prestadas pelo designer que concebeu a bicicleta Flávio Deslandes, “elas podem durar até 20 anos”.


Estádio do Dragão com “alma” verde

Quando pensamos no Estádio do Dragão e, mais especificamente, no Futebol Clube do Porto, a primeira ideia que nos surge é em tons de azul. Mas se azul é a cor do clube, o verde tomou contas das suas infraestruturas em termos ambientais. Um jogo assistido por cerca de 50 mil espectadores, no Dragão, produz quatro toneladas de lixo. No final, muito depois de os adeptos e os próprios jogadores estarem nas suas casas, o clube separa os resíduos para reciclagem, aproveitando cerca de 42%, entre resíduos indiferenciados, orgânicos e restos de comida, papel e cartão. Inaugurado em 2003, num FC Porto vs Barcelona que estreou Messi na equipa principal dos blaugranas, o estádio do Dragão – independentemente de opções clubísticas – é um dos mais belos e sustentáveis da Europa. Em 2007, o estádio recebeu a certificação em qualidade e ambiente, sendo o primeiro estádio do mundo a obter a distinção – nesse ano, o clube reduziu em 30% o consumo de eletricidade e água. Nos balneários, as torneiras têm fluxómetros, para moderar o consumo de água, e até o Dragão Caixa, o pavilhão do clube, segue a mesma linha de sustentabilidade a todo o custo.

Construído numa óptica de eficiência energética e redução do consumo da água e resíduos, o Estádio do Dragão tem coleccionado prémios desde a data da sua fundação (16 de Novembro de 2003), sendo considerado um estádio amigo do ambiente. Umas das principais certificações foi atribuída em 2009 pela sociedade Ponto Verde, face à garantia de cem por cento de tratamento de resíduos com potencial de reciclagem. O acordo firmado entre a Sociedade Ponto Verde (SPV) e a PortoEstádio, no âmbito da adesão ao projeto “100R” (reciclagem 100 por cento garantida), visa encaminhar corretamente os resíduos gerados no local. A SPV fica com a responsabilidade de encontrar soluções de recolha e assegurar o posterior envio para a reciclagem desses mesmos resíduos, que chegam a atingir, anualmente, as cerca de 50 toneladas. A Sociedade Ponto Verde é uma instituição privada sem fins lucrativos que tem por missão organizar e gerir a retoma e valorização de resíduos e embalagens, através da implementação do sistema “Ponto Verde”. O certificado “100R”, que visa assegurar a reciclagem a 100 por cento dos re-

síduos gerados em eventos, espetáculos, espaços comerciais, desportivos ou de restauração, incide sobre três vertentes de atuação: reciclagem, prevenção e legislação. Já em 2010, a ECA - European Club Association, atribuiu ao F. C. Porto o prémio para a maior feito não desportivo do ano, no âmbito das boas práticas ambientais implementadas, que estão materializadas nos certificados de qualidade e ambiente atribuídos pela Associação Portuguesa de Certificação. O Estádio do Dragão destaca-se ainda pelo uso racional da energia. A presença de células fotovoltaicas na cobertura faz com que o estádio seja quase autossuficiente a nível energético. A sensibilização do público, através da realização de jogos interativos incentivando à separação de resíduos, é outras das formas exploradas pela organização para manter o estádio de cara lavada. Os adeptos podem ainda revelar a sua faceta ecológica, participando no “Dia Azul”, com a deposição de resíduos de papel, cartão, copos e plásticos nos contentores do estádio. O recinto está ainda dotado de balastros electrónicos para garantir uma iluminação de baixo consumo, tudo isto sempre a pensar no ambiente...

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Caixas de madeira ou de plástico? Caixas de madeira ou de plástico? Quais são as mais higiênicas no transporte e acondicionamento de produtos hortofrutícolas? No transporte e acondicionamento de produtos hortofrutícolas, as tradicionais caixas de madeira têm vindo a ser substituídas por caixas de plástico, sobretudo por se considerar que o plástico é um material mais higiênico e de mais fácil limpeza do que a madeira. No entanto, segundo um estudo efectuado na Universidade Nova de Lisboa, que comparou a contaminação microbiana de embalagens de madeira com as de plástico, concluiu-se que não existem diferenças significativas entre os dois materiais. Do relatório pode concluir-se que a contaminação microbiana elevada, verificada em algumas caixas de madeira e de plástico, é resultado da falta de limpeza das caixas antes da sua reutilização. As amostras, recolhidas no MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa), local escolhido por apresentar um elevado número de trocas comerciais e

também de variedade de produtos, procedeu-se ao controlo da contaminação das embalagens utilizadas no transporte deste género de produtos e quantificou-se a flora microbiana existente na sua superfície. Escolheram-se os microrganismos que são habitualmente identificados com mais frequência e que podem como tal contaminar as embalagens, bem como os que podem resultar do manuseamento das embalagens pelos operadores e pelas suas condições de utilização e de armazenamento. Os resultados obtidos mostraram o seguinte: a) a contaminação das embalagens é sobretudo devida a microrganismos mesófilos, ou então psicrófilos. Os bolores e leveduras são os microrganismos predominantes, seguindo-se as bactérias coliformes e o B. cereus. b) A contaminação de embalagens de hortícolas foi superior à das embalagens de frutos. c) em termos de contaminação microbiana, não se verificaram diferenças significativas entre as caixas de madeira e as caixas de plástico.

De acordo com os resultados obtidos e com as observações efectuadas, verificou-se que as embalagens que apresentaram valores mais elevados de contaminação microbiológica (madeira ou plástico), eram também as que apresentavam uma maior falta de higiene e de limpeza. É, portanto, fundamental que se realize a higienização, a limpeza e a desinfecção das caixas destinadas a acondicionar produtos hortofrutícolas para evitar a proliferação de microrganismos, antes da sua utilização/reutilização. Estes requisitos são válidos para os dois tipos de material estudados, ou seja, é necessário ter estes cuidados quer os materiais sejam de madeira, quer sejam de plástico.


Bolsas de toilette da TAP amigas do ambiente

As novas bolsas de toilette da TAP dedicadas aos passageiros frequentes foram premiadas pela revista britânica Travel Plus. Estas bolsas receberam o prémio Gold Award na categoria de Best Ethically/Sustainable Kit (“Kit mais ético e sustentável”). Nestas bolsas, os materiais sintéticos foram substituídos por produtos naturais, sendo que as próprias bolsas – e o seu conteúdo (meias, viseiras e protectores de ouvido) – são agora fabricados com ingredientes 100% naturais e feitos a partir de materiais reciclados. Também os artigos de higiene pessoal e cosméticos são completamente livres de sulfato, parabenos, ftalatos e corantes artificiais, não tendo sido testados em animais. Com o lançamento das novas

bolsas de toilette amigas do ambiente, agora distinguidas com este importante reconhecimento internacional, a TAP reforça as suas práticas de sustentabilidade e amigas do ambiente, área em que o seu posicionamento é aclamado a nível mundial. Recorde-se que, em 2010, a TAP foi distinguida pela UNESCO e pela International Union of Geological Sciences com o Prémio Planeta Terra IYPE 2010, na categoria Produto Sustentável Mais Inovador, devido ao seu pioneirismo no Programa de Compensação de Emissões. Existe um forte envolvimento e empenho da TAP nas questões de responsabilidade ambiental. A par do já referido Programa de Compensação de Emissões, e

entre outras iniciativas relevantes, destaca-se o projeto dirigido ao público interno, designado Agir Eco, cujo conceito se baseia na renovação do compromisso de protecção do ambiente pela companhia, mobilizando e envolvendo todos os trabalhadores da TAP em ações concretas do dia-a-dia. A TAP tem ainda prestado significativos contributos para a preservação e reabilitação de espécies animais ameaçadas, de que são exemplos recentes o transporte de uma tartaruga-dekemp de regresso ao seu habitat natural ou as cinco águias pesqueiras que voaram num avião da companhia aérea de Helsínquia para Lisboa.

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Fim dos desmatamentos ilegais na amazônia Segundo a Agência Brasil foi assinado um acordo para regularizar os termos de reforma agrária na região da Amazónia, dentro de padrões ambientais estabelecidos por lei. Este acordo teve as assinaturas do Ministério Público Federal (MPF) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O documento congregou metas para a recuperação de áreas degradadas e medidas para impedir desmatamentos ilegais. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon) divulgou, recentemente, um levantamento que mostra que, apenas no Pará, 39% do território apresentam pendências de regularização fundiária. A mesma região em situação pendente responde por 71% do desmatamento no estado. O estudo do Imazon também apontou que 36% do território paraense não tem

qualquer processo de regularização fundiária em andamento em órgãos oficiais, como o Incra. Com o acordo, o MPF poderá suspender as ações civis públicas que estão tramitando contra o Incra não apenas no Pará, mas em vários estados amazónicos (Amazonas, Rondônia, Roraima, Acre e Mato Grosso). Pelo menos seis ações foram movidas em julho do ano passado. Nos processos, o MPF recomenda a implantação de reforma agrária com assistência técnica, proteção à agricultura familiar e respeito ao meio ambiente. O sinal para que o termo de cooperação entre o Incra e o MPF seja efetivamente posto em prática foi dado na semana passada, quando o presidente do Incra, Carlos Mário Guedes de Guedes, e o procurador da República Daniel César Azeredo Avelino, que coordena o grupo de

trabalho Amazónia Legal, assinaram um protocolo de intenções com esse objetivo. De acordo com a assessoria do MPF, o Incra reafirmou as diretrizes do plano de prevenção, combate e alternativas ao desmatamento ilegal em assentamentos da Amazónia Legal, denominado programa Assentamentos Verdes. A expectativa do governo é atender, a partir de programas, como os de estímulos à conservação, nos moldes do Bolsa Verde, por exemplo, 980 projetos de assentamentos, em 199 municípios e alcançar mais de 190 mil famílias até 2019. O Cadastro Ambiental Rural (CAR), que se tornou obrigatório com a aprovação do novo Código Florestal, que será acompanhado pelo Incra, também deve contribuir para o controle fundiário na região. Levantamentos feitos pelos intitutos Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Imazon apontaram que, até 2010, o Incra foi responsável por 133 mil quilómetros quadrados de desmatamento por meio dos 2,1 mil projetos de assentamento que existem na região amazónica, com um prejuízo na ordem dos 38,5 bilhões de reais.


Clean Energy empresa portuguesa conquista prémio na Feira Internacional sobre Tecnologias Ambientais

A empresa portuguesa Clean Energy é a vencedora do prémio mais importante atribuído na segunda edição da Feira Internacional sobre Tecnologias Ambientais. A feira que foi organizada pelo Ministério do Ambiente, em parceria com a

Feira Internacional de Luanda (FIL) atribuiu prémios à Clean Energy, à empresa Green Power (melhor participante em tecnologias ambientais), ao Governo Provincial do Huambo (melhor projecto ecológico), ao Banco de Desenvolvimento Angola (melhor exemplo de gestão ambiental) e à petrolífera Total (melhor participação em inovação tecnológica).

nacional e outras iniciativas que facilitam uma melhor qualidade de vida aos angolanos. “Endereço aos expositores presentes nesta segunda edição da Feira Ambiente Angola o meu apreço pela dedicação e colaboração na salvação do planeta Terra, com a apresentação de projectos ligados a energias renováveis e à protecção de ecossistemas, e tantas outras inovações que permitem a redução de emissões de gases de efeitos de estufa para a atmosfera”, sublinhou a ministra do Ambiente.

O sétimo prémio (Personalidade do Ano),atrbuído pelo júri composto por quadros do Ministério do Ambiente e da direcção da Feira Internacional de Luanda, foi atribuído ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos. A ministra do Ambiente, Fátima Jardim, enalteceu o contributo dado pelo Presidente da República, que permitiu a criação de leis e regulamentos, a expansão das novas áreas de conservação ambiental que hoje ocupam 12 por cento de todo o território

Com 102 participantes, entre expositores nacionais e estrangeiros, a Feira Internacional sobre Tecnologias Ambientais teve como objectivo incentivar e impulsionar a consciencialização para as questões energéticas, incluindo os serviços modernos de energia limpa para todos. O maior acesso à disponibilidade e eficiência energética e a sustentabilidade e o uso das fontes de energia para a realização das Metas do Desenvolvimento do Milénio estão também entre os objectivos da feira.

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Projeto LIFE vence Crystal Cabin Award O projeto LIFE, que integra empresas portuguesas como a Amorim Cork Composites e Couro Azul, venceu o principal prémio internacional Crystal Cabin Award, que distingue projetos na área da aviação. O LIFE (Lighter, Integrated, Friendly and Eco-Efficient aircraft cabin) consiste na cria-

ção de um interior de aviões (para classe executiva) mais leve, confortável, ecológico e com uma baixa pegada ecológica. O projeto foi desenvolvido pelas empresas portuguesas Almadesign, Amorim Cork Composites, Couro Azul, INEGI, SETSA com a participação da empresa brasileira de aero-

náutica Embraer. O Projeto LIFE combina novas tecnologias e materiais naturais e sustentáveis para desenvolver uma proposta de design de interiores de aeronáutica. O design resulta da colaboração da Almadesign com o consórcio constituído pela Amorim Cork Composites, a

Couro Azul, o INEGI e a SET. O construtor aeronáutico brasileiro - Embraer - participou também na realização do projeto, contextualizando o conceito no mercado aeronáutico. “O projeto LIFE é uma visão para a aviação executiva do futuro”, disse Rui Marcelino, presidente da Almadesign, em declarações à agência Lusa. O designer explicou que este projeto é a conceção do que será o interior de um jato privado dentro de alguns anos. A preocupação está em combinar soluções e tecnologia de ponta, com materiais naturais e sustentáveis como o couro e a cortiça. Ao prémio concorreram 58 projetos de 10 países diferentes. O LIFE concorreu, na categoria de “Conceitos visionários” ao prémio Crsytal Cabin Award, o único prémio internacional de excelência em inovação para interiores aeronáuticos. A categoria premeia projectos que prevejam o transporte aéreo do futuro, o aumento do conforto do passageiro e a maior eficiência da aeronave. O projeto português ganhou o prémio que é “considerado o óscar” desta área e dinamizado pelo senado da cidade de Hamburgo, na Alemanha. “Este prémio representa o reconhecimento do trabalho feito em conjunto a nível internacional”, adiantou Rui Marcelino, sublinhando que o júri “inclui os mais importantes especialistas a nível mundial”.


Secretário Geral da ONU coloca questões ambientais como prioridade O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, disse que pressionará os líderes mundiais para que fechem um acordo vinculativo até 2015 para combater o aquecimento global. “Esta é uma prioridade para mim e no ano que vem tenho a intenção de convidar os líderes do mundo, individual e coletivamente, para que comece a haver a vontade política necessária para adotar, até 2015, um instrumento forte, completo e vinculante sobre as mudanças climáticas”, afirmou na Assembleia Geral da ONU. Ban Ki-moon deu o pontapé inicial no seu segundo mandato de cinco anos como secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU) prometendo que as questões ambientais estarão no topo da sua lista de preocupações. Traçando as suas prioridades, enquan-

to responsável máximo da Nações Unidas, Ban referiu as cinco “oportunidades” que existem para a ONU: promoção do desenvolvimento sustentável, prevenção de desastres e crises naturais causadas pelo homem, tornar o mundo um lugar mais seguro, auxiliar os países e povos em transição e incentivar o seu fortalecimento. Para responder aos maiores desafios do planeta, como as mudanças no clima e o combate à pobreza, o secretário-geral pretende tirar proveito do “poder forte das parcerias”, comentou numa entrevista à Rádio ONU. Em conjunto, nada é impossível”, enfatizou. “Se fortalecermos estas parcerias entre governos, comunidades empresariais, organizações civis e filantropos, então acredito que todas estas parcerias poderosas podem nos levar à direção correta”. Assim como tem ficado cada vez mais

claro nas conferências internacionais, Ban também ressaltou a interconectividade dos diferentes desafios que a humanidade enfrenta e a necessidade de ligar os pontos entre questões como mudanças climáticas, crise alimentar, escassez de água e de energia, fortalecimento das mulheres e saúde. Relembrou ainda o encontro que teve com um menino na nação insular de Kiribati, que corre o risco de desaparecer devido ao aumento do nível do mar causado pelas mudanças no clima, e disse estar determinado a levar o assunto ao topo da agenda global. O diplomata sul-coreanoapresentou o seu plano de ação para alcançar estes objetivos na Assembléia Geral da ONU e esteve na liderança da iniciativa que declarou 2012 como o “Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos”.

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Estudo revela que uma cobertura florestal pode manter qualidade da água Um estudo referido pela Agência USP defende que a presença de uma cobertura florestal e a recuperação das florestas já existentes pode contribuir para a manutenção da qualidade de águas superficiais e também para aumentar sua protecção. A presença de cobertura florestal é essencial para a manutenção da qualidade da água dos corpos d’água em regiões com atividade agrícola e pecuária. Ao mesmo tempo, a recuperação e o enriquecimento das florestas já existentes pode proporcionar uma resposta mais rápida para a proteção das águas superficiais. As constatações são de uma pesquisa da engenheira Carla Cristina Cassiano realizada no LCF - Departamento de Ciências Florestais da Esalq Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz USP, em Piracicaba.

O estudo foi dividido em duas partes. A primeira buscou avaliar as condições da vegetação florestal na área de estudo e o seu potencial na prestação de serviços, e a segunda parte mensurou o efeito desta vegetação em parâmetros físico-químicos da água. “As unidades de estudo foram definidas na bacia do rio Corumbataí (interior de São Paulo), a partir do mapeamento do uso do solo do ano de 2000 pelo método de amostragem adaptativa, onde as unidades deveriam apresentar um mínimo de 70% de matriz e 10% de cobertura florestal”, explica Carla. “Foram selecionadas seis unidades de 16 quilómetros quadrados (km2), três unidades com matriz de pasto e três unidades com matriz de cana-de-açúcar”. Com as unidades definidas foram realizados os mapeamentos por fotointerpretação para cinco datas (1962, 1978,1995, 2000 e 2008) e, a partir disso, foi possí-

vel calcular as mudanças do uso do solo e índices para os fragmentos florestais que identificaram sua trajetória. “A pesquisa propôs uma metodologia para caracterizar o potencial de proteção dos recursos hídricos pelas florestas a partir da estrutura e dinâmica da paisagem, permitindo a diferenciação da vegetação florestal de acordo com o seu histórico, localização e características do terreno”, aponta o professor Silvio Frosini de Barros Ferraz, que orientou a pesquisa. Segundo a autora do trabalho, os resultados mostraram que a vegetação florestal na área de estudo tem aumentado nos últimos anos, dando indícios ao início de uma fase de regeneração, conhecida como a segunda fase da transição florestal, porém apenas estudos futuros poderão confirmar essa análise. “No entanto, a paisagem apresentou uma baixa


cobertura florestal, de aproximadamente 16% da área de estudo, com muitos fragmentos pequenos, geralmente próximos a cursos d’água de primeira ordem. Das florestas existentes, apenas um terço estaria exercendo seu potencial pleno de conservação das águas”, conta. De acordo com o orientador do estudo, quando pensamos em aumentar a proteção dos recursos hídricos pela vegetação florestal é interessante se atentar para a recuperação dos fragmentos florestais já presentes na paisagem. “Muitas vezes é dada uma importância maior ao plantio de novas áreas, do que ao enriquecimento das já existentes. Plantios novos levarão mais tempo para se estabelecer e se desenvolver enquanto a recuperação dos fragmentos poderá apresentar uma resposta mais rápida para o aumento e a permanência dessa vegetação florestal na paisagem e con-

sequentemente para oferta de serviços ecossistémicos”, conclui Ferraz. A conversão de florestas em usos antrópicos tende a reduzir a qualidade da água, devido ao aporte de nutrientes e sedimentos provenientes da movimentação e manejo do solo. “As florestas apresentam-se como a melhor cobertura do solo para a manutenção da qualidade natural das águas superficiais, proporcionando serviços ecossistémicos de regulação e provisão desse recurso”, refere a autora do estudo. Em contrapartida, segundo a pesquisadora, “a presença de vegetação florestal na área ripária pode reduzir esses efeitos, através da prestação de alguns serviços de proteção dos corpos d’água”. Com o objetivo de detectar a influência da mata ciliar na composição físico-química da água em microbacias agrícolas,

a engenheira florestal desenvolveu, no programa de Pós-graduação em Recursos Florestais da Esalq um trabalho de avaliação da cobertura florestal sua relação com os recursos hídricos. A proposta está inserida no projeto “Avaliação multi-escala de impactos ambientais em paisagem fragmentada agrícola” coordenado pela professora Katia Maria Paschoaletto Micchi de Barros Ferraz, do LCF, que busca avaliar os impactos na fauna, na flora e na água resultantes da ocupação e uso do solo na área rural. O professor Silvio Frosini de Barros Ferraz, também do LCF, orientou a pesquisa, que teve apoio da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

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Números que interessam saber O conjunto de setores de base florestal – silvicultura, indústria da madeira e da cortiça, indústria do mobiliário, indústrias gráficas, e indústria da pasta, papel e cartão –, localiza-se no centro de uma encruzilhada com que os agentes económicos, com particular acuidade no conjunto das economias mais desenvolvidas, em que a economia portuguesa se insere, se vêm crescentemente confrontados. Esta encruzilhada surge na sequência de um trajeto da economia mundial, que se intensificou nos últimos trinta anos, e que, tendo na globalização, na urbanização e no acesso à educação e ao conhecimento os seus elementos mais distintivos, apre-senta, no acentuado crescimento económico à escala mundial (o PIB mundial é hoje mais de dez vezes superior ao registado em meados do século passado), na alteração dos hábitos de consumo e numa acrescida exigência sobre o ambiente e recursos disponíveis, os seus resultados mais enformadores do ambiente económi-co hoje prevalecente. Neste contexto, as diferentes economias mundiais defrontam-se com um conjunto de exigências, seja no plano económico, na esfera ambiental ou na área da go-vernação, perante as quais só um continuado esforço inovador, não circunscrito aos bens e serviços produzidos e transacionados, mas, necessariamente, extensivo à organização dos processo produtivos, à dimensão tecnológica, aos circuitos de

de alguns dos principais constrangimentos com que a economia portuguesa se defronta, não só na vertente económica, mas, também, na esfera ambiental, na contribuição ativa para uma governação mais eficaz e no desenvolvimento de know-how específico e de novos posicionamentos comerciais.

distribuição, aos modelos de gestão, ao posicionamento perante os mercados e Na vertente económica, a fileira floresaos arquétipos governativos. Um ambiente negocial, marcadamente tal tem no elevado valor acrescentado mais competitivo e exigente, transporta na-cional da sua produção, 71.4% por consigo novas “geografias de concorrên- unidade exportada, claramente acima da média nacional, 59.3%, cia” que se refletem, para um elemento que visivelalém da estrita disputa Três mente a posiciona como dos mercados, bem evi- empresas importante contribuinte da denciada no aumento dos portuguesas redução do crónico déficit fluxos de comércio inter- encontram-se da balança de transações nacional que representam entre correntes portuguesa, e hoje mais de um terço do as 100 portanto para o alcançar PIB mundial, na necessária do objetivo estratégico de garantia da sustentabilida- maiores à escala con-vergência para a méde da competitividade dos dia europeia do valor das agentes económicos, obri- mundial. exportações em percentagando-os a equacionar a dimensão ambiental e social da sua in- gem do PIB, 40.5%. tervenção e a envolverem-se ativamente nos aspetos da governação que, direta e Atualmente, a fileira representa, aproindiretamente, contribuam para moldar o ximadamente, 10% das exportações nacionais, sendo o papel e a pasta responsáfuturo das suas atividades. veis por mais de metade das exportações A fileira florestal é uma área do tecido totais. É igualmente muito relevante o económico que, pela própria atividade contributo do sector de base florestal de gestão da floresta que tem na sua gé- ao nível do emprego, 1.8% da população nese e o forte direcionamento para os empregada em Portugal, e o efeito indimercados externos das principais subfi- reto que representa sobre a economia de leiras industriais que a incorporam, se inúmeros agregados familiares, estimaposiciona no centro deste complexo de se poder atingir cerca de 400 mil protensões com que a economia mundial se prietários florestais, nomeadamente em regiões do interior do país em que a disconfronta. ponibilidade de fontes de rendimento alA fileira florestal portuguesa, em parti- ternativas, ou supletivas, assume imporcular, tem sabido encontrar e desenvol- tância capital para a não desertificação ver um conjunto de práticas e respostas do território. que a elevam ao estatuto de parceiro de pri-meira relevância na ultrapassagem Fonte : BES


caracterização do setor do mobiliário em Portugal prima de origem nacional, e a transforma em diversos tipos de produtos, até ao produto final.

O setor do mobiliário insere-se principalmente nas indústrias da Fileira de Madeira, sendo um dos últimos elos desta Fileira, e aquele que está mais próximo do consumidor final. Esta organização, clusterizada, é importante, porquanto a Fileira de Madeira é um dos setores tradicionais da indústria nacional, que utiliza maioritariamente matéria-

Portugal tem tradição de saber trabalhar a madeira desde os tempos da idade média, em que aprendeu a arte de fazer caravelas, e as pequenas naus, que descobriram o Novo Mundo. Esse saber foi passado de

Esta Fileira abrange os seguintes elos: Abate - a extração de madeira, desde a floresta até à indústria;

geração em geração, e foi aprimorado em sofisticação e sistematização de conhecimento, existindo hoje uma fileira industrial importante, suportada por infraestruturas de formação das melhores a nível mundial, por uma indústria de máquinas e ferramentas inovadora, e por diversos centros de saber e investigação.

1ª Transformação: preparação das matérias-primas para utilização conforme o tipo de produção a que são destinadas; 2ª Transformação: transformação de valor acrescentado, em cima das matérias-primas; inclui-se aqui a produção de mobiliário; 3ª Transformação: transformação especializada e de alto valor acrescentado, como por exemplo, o fabrico de móveis ou peças decorativas artesanais.

Quanto vale esta Fileira . 5.000 empresas . 50.000 trabalhadores (emprego direto) . Volume de vendas de 2 mil milhões de euros, 90% exportados . Saldo da balança comercial positivo de 500 milhões de euros . 2,2% do VAB nacional . 10% do VAB da Indústria Transformadora . Distribuição regional essencial ao desenvolvimento rural . Utiliza um recurso natural renovável e endógeno Fontes: MTSS, INE, Banco de Portugal

O Saldo da Balança Comercial é fortemente positivo, sendo os principais parceiros: Exportações Espanha: 36% França: 26% Angola: 11% Alemanha: 5% Suécia: 3% Reino Unido: 2% Holanda: 2%

Importações: Espanha: 34% França: 17% Itália: 13% Alemanha: 10% China: 5% Países Baixos: 5% Fonte: INE, 2010

A Fileira de Madeira por subsetores: Em particular, relativamente ao mobiliário, os tipos principais de mobiliário produzido em Portugal são:

Subsetor

Produção [milhões €]

O que produz

MADEIRA SERRADA E EMBALAGENS DE MADEIRA PAINÉIS DERIVADOS

ap.250

CARPINTARIAS E OUTROS PRODUTOS DE MADEIRA MOBILIÁRIO

ap.200

Madeira Serrada: 700 mil m3 / ano Paletes: 10 milhões unidades /ano Outras embalagens: 20 milhões unidades /ano PB (aglomerado de partículas) MDF (aglomerado de fibras de média densidade) HB (aglomerado de fibras de alta densidade) PW - Contraplacado Produtos Estruturais (telhados, vigas, barrotes, etc…) Recheios (portas, lambris, revestimentos de piso, etc…) Especiais (decorativas: bancos, edifícios públicos, exteriores, etc…) Estilos: Clássico Contemporâneo De design

Fonte: PRODCOM

ap.300

ap.1.200

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Razões para importar de Portugal argumentos face à concorrência

Portugal é um excelente fornecedor de soluções de decoração de interiores por várias ordens de razões: › Mobiliário português é 100% fabricado num país da união Europeia; como tal, cumpre todos os requisitos em matéria de políticas sociais e responsabilidade social; › Tradição, vasta experiência e a arte do Know-how transmitido de geração em geração, sobretudo no mobiliário de estilo e de alto valor acrescentado (mobiliário de design);

› Oferta de grande qualidade, versatilidade de estilos e flexibilidade relativamente aos requisitos dos clientes; › Mobiliário moderno assente numa Escola /Cultura do Design como componente essencial ao estilo de vida das populações mais jovens; › Incorpora, desde os anos 90, as mais modernas tecnologias de concepção de produto, de produção e controlo e as mais eficazes práticas de gestão (maior parte das empresas certificada pela ISO 9000);

› A indústria de mobiliário portuguesa está fortemente apostada em: › Desenvolvimento de Produto com Inovação, e Design › Elevados padrões de qualidade de produto e acabamento › Conquista de cada vez mais mercados (sobretudo extra UE) › Seleção criteriosa de matérias-primas, baseada na experiência de décadas, no conhecimento das espécies nacionais e nas dos parceiros com quem temos fortes laços culturais e históricos (Brasil, Angola, África em geral);


Balanço premilinar 2011 Em 2011, tal como era previsível dado o contexto de retração generalizada da procura, tanto interna, como externa nos mercados de destino mais tradicionais (Espanha, França), a produção do sector decresceu ligeiramente (cerca de 8%). Esta quebra nas vendas registou-se sobretudo ao nível dos produtos de madeira para a construção. No mobiliário, houve a tendência para a manutenção, ou mesmo um ligeiro acréscimo, que radica sobretudo na instalação de grande capacidade de produção, quase 100% direcionada para exportação (caso da fábrica do grupo IKEA, e outros).

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Produção (milhões de Euros)

A floresta portuguesa ocupa 38% do território nacional, com 3.45 milhões de hectares e é a 12ª maior área florestal da UE, sendo que 23% desta área é protegida.

Madeira e Produtos de Madeira MOBILIÁRIO TOTAL

2009 920

2010 817

2011 750

754 1.674

1.180 1.996

1.200 1.950

Fonte: PRODCOM 2007 e 2008 e estimativa AIMMP (2009) baseada no PRODCOM

Comércio externo

(milhões de euros) › Cumprimento das mais recentes regulamentações e normativa em matéria de aprovisionamento, fabrico e especificações de produtos › Indústria integrada numa Fileira industrial da madeira e mobiliário, o que garante: › Sustentabilidade da origem das madeiras: maior parte da matéria-prima para a indústria do mobiliário (painéis derivados) tem origem nas florestas portuguesas; › Aproveitamento máximo da madeira, nos diversos elos da fileira; › Relações de cadeia de valor de grande proximidade: garantia de capacidade de resposta e de qualidade global do produto (matérias primas com marcação CE);

O Comércio externo de produtos do setor da madeira e mobiliário acompanhou a tendência das vendas no mercado nacional, tendose registado, em 2011, acentuadas quebras nas importações, e acréscimos nas exportações, o que resultou num aumento do saldo da balança comercial de quase 80%!

Madeira e Produtos de Madeira MOBILIÁRIO TOTAL

Importação

Exportação

2009 342

2010 551

2011 520

2009 380

2010 515

2011 605

488 830

774 1.325

763 1.283

800 1.180

1.100 1.615

1.200 1.805

Fonte: INE (2009, 2010) e estimativa AIMMP baseada nos dados INE 2011.


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Visão 360º Na área da governação, a fileira florestal portuguesa encara um dos desafios mais determinantes do que poderá vir a ser o papel a desempenhar pelos setores de base florestal no contexto da economia nacional. Neste âmbito, há que atender a um conjunto de intervenções de entidades nacionais e comunitárias, da indústria e dos proprietários florestais, de associações e ONGs, dos consumidores e dos produtores que, podendo divergir na perspetiva com que se posicionam perante o sector, comungam na necessidade de uma efectiva articulação das respectivas actuações tendo como intuito a criação de uma verdadeira malha geradora de competitividade traduzindo-se numa maior qualificação dos recursos, na eficácia das políticas e apoios, na transparência e responsabilização da gestão, na ligação necessária entre a indústria e os mercados com que se relaciona a montante e a jusante da respectiva actividade. A formação de unidades mínimas de gestão do espaço florestal é uma prioridade para qualificar as operações desenvolvidas nas áreas florestais em Portugal – seja através das actuais ZIF (Zonas de Intervenção Florestal), seja através do alargamento do modelo dos fundos de investimento florestal, seja por mobilizações de carácter associativo ou cooperativo. Esta é uma dimensão chave da sustentabilidade da competitividade da indústria de base florestal em território nacional, dela dependendo o respectivo abastecimento em condições de preço e quantidade compatíveis com a dimensão que o sector já hoje apresenta e que futuramente poderá ver reforçada. Portugal apresenta hoje uma propriedade florestal excessivamente fragmentada, com mais de 54% da área florestal distribuída por povoamentos com menos de 10 hectares (63% no pinheiro bravo). A capacidade inovadora evidenciada pelas empresas dos sectores de base florestal é uma condição necessária para a sustentabilidade da competitividade

Os ecossistemas florestais asseguram um conjunto de serviços: sequestro de carbono, valorização da paisagem, preservação da biodiversidade, regulação da qualidade da água e do ciclo hídrico, contenção da degradação dos solos; cuja valorização deve estar no horizonte de uma gestão florestal sustentável. europeia. Na Europa, continente a que corresponde 5% da área florestal mundial, localizam-se 31 das 100 maiores empresas mundiais do sector. Só a capacidade da indústria europeia para continuamente adaptar a sua oferta a novos mercados e novos consumidores, dotando-se do knowhow necessário para que essa capacidade se materialize em novos produtos, novos processos produtivos e novos modelos de gestão, permitirá à Europa permanecer como um player de primeiro plano à escala mundial.

cadeia de responsabilidade emitidos para as empresas à escala mundial, desde Dezembro de 2006. A satisfação do conjunto de exigências que se perfilam perante a fileira florestal (economia, governação, ambiente e inovação) determinará a importância futura de um conjunto de actividades – na área da cortiça, da pasta e do papel, da madeira e mobiliário ou da energia – que, ultrapassando os limites estritos da fileira, se articula, num primeiro anel de proximidade, com sectores tão diversos como a comunicação e os media, o sector químico, a construção civil, os produtos metálicos ou a agricultura e ambiente. Partir de uma encruzilhada estratégica para a construção de um cluster de desenvolvimento sustentável é o desafio que se coloca perante toda a fileira. Da resposta oferecida, ao nível das diferentes condicionantes da realidade presente, dependerá a dimensão e o papel que o sector poderá desempenhar no contexto da economia nacional.

A sustentabilidade da competitividade da floresta europeia exige uma resposta inovadora a um conjunto de desafios muito abrangentes face a uma concorrência que tende a intensificar-se através : › Oferta de produtos que vão ao encontro das novas necessidades dos consumidores (design, gama, conforto, especificações técnicas); A certificação, instrumento fundamental › Satisfação de maior exigência das para que se possa comprovar perante autoridades em matéria ambiental terceiros que se pratica uma gestão (certificação, reciclagem, eficiência florestal sustentável, não só promove energética); a conservação e a melhoria da floresta, › Garantir o acesso aos recursos como assegura um acompanhamento necessários, directa ou indirectamente, e avaliação regular, inclusive de toda a aos processo cadeia, conduzindo à melhoria continua produtivos (água, energia, solos); dos processos, acrescentando valor › Novos circuitos de distribuição aos produtos e indo ao encontro das (comercialização e transporte) e novos tendências observadas nos mercados mercados. mais desenvolvidos. Portugal, 13.3%, Daí a necessidade de uma resposta que encontra-se ainda muito abaixo da média se reflicta numa dinâmica inovadora europeia, 43.4%, em termos de área ao nível das tecnologias de produção, florestal certificada. Contudo, esta é uma tendência mundial que se vem acentuando das características dos produtos, da comercialização da oferta e da selecção na última década, tendo aumentado dos mercados. em 332% o número de certificados de


Mercado da construção civil Portugal, com toda a sua área florestal produtiva florestal, impedindo uma original e população, sempre teve muita agregação maior de valor e uma maior intimidade com a utilização da madeira. interação entre os diferentes segmentos Muito do desenvolvimento atual se consumidores da madeira como deve historicamente à extração de matéria-prima. Países como Canadá produtos florestais, em muitos casos, de e Estados Unidos, onde a madeira forma pouco sustentável e perdulária. desempenha papel fundamental na Lenha, madeira serrada, produtos de habitação, encontraram criativas construção civil etc, soluções para um Apesar dos continuam tendo aproveitamento progressos uso intensivo no mais integrado da país. O curioso é observados, o risco de madeira, destinando que praticamente incêndio permanece os resíduos dessa inexistem pesquisas operação de como a principal científicas e maior valor para ameaça com que a tecnológicas em a fabricação de floresta portuguesa muitas dessas áreas produtos que se defronta. de utilização da impliquem na madeira e produtos desagregação da florestais. Nesses madeira, como é o casos, quase todo caso de aglomerados, o desenvolvimento celulose, papel, tecnológico se alicerçou no chapas, painéis etc. Até certo ponto é conhecimento empírico, trazido pelo compreensível a rejeição da madeira sistema de tentativas na própria para habitações. A tradição portuguesa instalação industrial. Como resultado, sempre foi para o barro/cal e , um os índices de qualidade acabam sendo passo adiante, temos o concreto/ modestos, com baixa agregação de cimento. Outro fator que sempre inteligência ou design, e a quantidade preocupou a população foi o perigo de de desperdícios é enorme. incêndios e sua mais fácil propagação em habitações de madeira. Com isto, a opção para a madeira ficou para a Apesar de toda a riqueza florestal, o população de renda mais alta e as suas país acabou por descartar a opção da casas de lazer no campo e na praia. A madeira para construir casas e fez a rejeição chega a tal ponto, que muitos opção pelo concreto/cimento. Ninguém códigos de obras municipais impedem pode negar, entretanto, que a demanda a construção de casas de madeira na por madeira ainda é muito grande no área urbana, temerosos do risco de país, quer seja para móveis ou como incêndio. Pesa negativamente ainda combustível para secagem de grãos, neste sentido a tendência cada vez fumo, olarias; ou como matéria-prima para muitas utilizações industriais, maior de construção de edifícios, o que sem dúvidas é mais problemático com como o caso da celulose e papel. A falta a madeira. Com essa falta de visão mais de tradição da madeira para construção ampla, acabamos desprezando o enorme de habitações na maior parte do país mercado da construção civil , e hoje está tem sido uma das principais causas para a descontinuidade da cadeia quase impossível de recuperar terreno.

Marcas em destaque no mercado russo Aleal Indústria de Mobiliário, Lda www.aleal.pt Ambitat Móveis, Lda www.ambitat.com B.Living - Mobiliário, Lda www.bliving.pt Bestbed, SA www.bestbed.pt Brasão De La Espada Design, Produção e Comercialização de Mobiliário, SA www.brasao.net Edifice, SA www.belar.pt Jetclass - Indústria de Mobiliário, Lda www.jetclass.pt Provence Mobiliário, Lda www.provence.com.pt Trama - Transformadora de Madeiras, SA www.bebecar.com Urbanmint Design, Lda www.munnadesign.com

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Setor mobiliário Admitindo que a área Resumo, a madeira com manejo próximo de habitações esteja vai ter de custar cada ao sustentável; praticamente perdida, vez menos e agregar que exige pouca o que se pode dizer mobilização de cada vez mais da área moveleira? capital; que gera valor ao usuário, Esta também muitos empregos; se quiser continuar vive momentos que tem alta de transição. O flexibilidade competindo como esgotamento e diversidade matéria-prima de madeiras de qualidade vencedora. nobres e seu (cores, padrões, encarecimento fez densidades etc.) com que a atenção e, principalmente, se concentrasse em outros que é uma das matérias-primas que desenvolvimentos, como painéis, menos consome energia para ser aglomerados, compensados, laminados, transformada em produto final na casa etc. Ao mesmo tempo, outros do consumidor. Veja-se, por exemplo, alternativos à madeira estão surgindo, que a tendência hoje é para esquadrias e os consumidores estão a aceitar bem e aberturas de alumínio, ferro, vidro a mudança para móveis de metal, vidro, nas construções, bem como os pisos plástico, bambu etc. estão a migrar para cerâmicas frias, em detrimento dos parquets/tacos/ Por outro lado,o segmento madeireiro tabuões. Essas tendências são muito está a querer que as madeiras de mais comprometedoras para a saúde reflorestamento substituam as ambiental do planeta e muito mais madeiras nativas com o mesmo tipo consumidoras de energia. de performance e a mais baixo custo, o que é compreensível. O perigo é Definitivamente, falta por parte do querer continuar na mesma filosofia setor florestal ampla articulação de desenvolvimento de produtos, só e planeamento para garantir uma alterando a procedência da madeira maior integração entre os diversos e esquecendo de agregar tecnologia segmentos que utilizam a madeira e design para competir com os como matéria-prima. A par disso, apesar alternativos. O consumidor hoje não de nosso gigantismo, temos muito procura mais móveis para a vida toda, baixa representatividade política/ mas preço, qualidade, performance, institucional e comunicamos muito beleza, estilo. mal com a sociedade. No entanto, não é de surpreender os níveis de resíduos O que preocupa é a falta de valorização gerados nas atividades industriais que dos produtos da madeira, até mesmo têm a madeira como matéria-prima. pelo próprio produtor. Não se tem obtido Aliás, essa é uma regra comum para o êxito necessário na comunicação de o ser humano: “onde há abundância, que a madeira é renovável; que pode há desperdício”. Foi assim que se ser conseguida em florestas plantadas consolidou a filosofia vigente de se

A certificação florestal é um importante instrumento para a garantia da sustentabilidade da competitividade da floresta portuguesa. achar que os resíduos e as perdas são inerentes às atividades florestais e industriais. Enquanto a madeira foi abundante, acostumamo-nos a não nos importar com as perdas. Essa cultura se consolidou no comportamento do produtor florestal. Com a falta de uma política industrial que privilegie a criação de clusters ou aglomerados madeireiros, o que temos ainda é uma conversão desorganizada dos produtos já não tão abundantes das florestas, mesmo das plantadas.


Importância dos clusters Muito se tem falado A sustentabilidade agregação de valor A reduzida da importância implica em empregos e a competitividade dimensão das de se planear de melhor qualidade. da fileira vai exigir propriedades a indústria uma dinâmica florestais faz madeireira Conhecidas essas permanente de da criação de de forma a se características, o foco inovação que, unidades mínimas constituírem deve-se voltar para clusters, para que o desenvolvimento naturalmente, se de gestão uma empresa na industrialização refletirá também da floresta, ofereça às outras da madeira. Como na seleção de independentemente os seus resíduos ele tem sido novos mercados. do modelo como matériapromovido de forma preconizado prima e vice-versa, aleatória, baseado (ZIF, Fundos de em um processo de just-in-time. Mas no ultrapassado conceito da chamada qual é a diferença entre pólo, como “vocação florestal” nacional e também Investimento, apresentado, e cluster, fica evidente. de forma segmentada/fragmentada, associativismo ou No pólo madeireiro, temos muita os ganhos em inovações e capacitação cooperativismo), madeira consumida como matériaprodutiva têm sido minimizados. A um objetivo central prima devido à escala de produção falta de coordenação e orientação para para toda a fileira. aumentada, mas os resíduos também se resultados globais sustentados tem acumularão para descarte. No cluster, feito com que cada um se preocupe as costaneiras, serragens, sobras de em olhar o seu próprio negócio, sem madeira, cascas etc. tudo é aproveitável. ver as inúmeras oportunidades que Uma empresa servindo a outra: como as parcerias, a integração via alianças resultado, o cluster produzirá móveis, estratégicas e a verticalização oferecem. madeira serrada, painéis, cavacos, lápis, palitos de fósforo, cabos de vassouras, aglomerados, laminados etc. Os resíduos de madeira, que não tiverem oportunidades mais nobres, poderão ser usados como biomassa Destaques Indicadores ou para produção de carvão vegetal. Económicos Além disso, há ainda a possibilidade Peso no PIB (2008) de se integrarem outros produtos da 1.65% do PIB português. floresta, como óleos essenciais, resinas, VAB da fileira florestal por hectare de floresta tanino, etc. A integração das atividades EUR 310/ha o valor mais elevado da UE 27. de produção na cadeia oportuniza a População empregada na fileira florestal diminuição de stocks intermediários, 1.8% da população empregada do país. otimização da logística e de fluxos, Empresas na fileira florestal redução do impacto ambiental, Portugal tem 3 empresas no top 100 mundial agregação de valor aos produtos e, com isso, margens e resultados mais interessantes ao acionista. Há ainda inúmeras vantagens sociais, já que

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Visão

— Satisfazer as necessidades da economia portuguesa, garantindo a protecção contra as alterações climáticas e a preservação da biodiversidade VAB da fileira florestal por hectare de floresta

Floresta Portuguesa — Pinheiro Bravo: 27% Eucalipto: 23% Sobreiro: 23% Azinheira: 13%

Exportações Produto:

— Com 41% de peso, o Papel é o principal produto exportado na fileira florestal, demonstrando um bom ritmo de crescimento (TCMA06-10de 10.4%).

Exportações Destino

— Com 25% de peso, Espanha é o principal destino das exportações portuguesas da fileira florestal. A fileira florestal destaca-se dos restantes sectores em termos de VAN (Valor Acrescentado Nacional) por unidade exportada com 71.4%, face á média nacional (59.3%).


Indústria de celulose e papel Quando olhamos a indústria de celulose e papel, vemos uma indústria preocupada em ter a madeira como matéria-prima homogênea e barata para ser demolida; em ter as suas células individualizadas, para depois serem montadas em folhas à nossa conveniência. Desde que passamos a utilizar a madeira como fonte de fibras para a fabricação do papel, passamos a acreditar que somos uma indústria de base florestal. Esquecemos de olhar o mundo competitivo ao nosso redor, que também se interessa em fazer folhas de outros materiais para embalar, limpar, escrever, imprimir etc. Como resultado, vemos esse mundo alternativo como ameaça à nossa indústria de base florestal e não conseguimos nos ver como fabricantes de folhas para essas finalidades, não importando qual seja a matéria-prima. Se assim tivéssemos feito, além de termos tido muito mais oportunidades, estaríamos também a dominar outras tecnologias competitivas, como a do plástico, do nonwoven, do laminado de metais etc. Há cerca de 20 anos, quando começaram a despontar os não-tecidos e a extrusão do plástico, a TAPPITechnical Association of the Pulp and Paper Industry / USA procurou criar divisões técnicas para essas novas tecnologias. A verdade é que essas áreas acabaram por crescer isoladas, não se integrando às demais áreas papeleiras. Conclusão: por uma visão até certo ponto redutora do que é uma indústria de base florestal, esquecemos de olhar as oportunidades que existem em outras áreas afins ou as alianças dentro ou fora da nossa cadeia produtiva. A esperança é de que possamos articular melhor as nossas forças e potenciais para desenvolver tecnologias e alianças que promovam o desenvolvimento sustentável do setor florestal e industrial. É, cada vez mais, importante o setor estreitar-se com outros setores produtivos e ter uma base de sustentação muito mais resistente como só aquela conseguida com as raízes das árvores. Elas são importantes, não há dúvida, mas hoje, com a ampla diversificação de serviços e produtos, esta indústria precisar atuar muito mais com visão matricial do que focal.

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GRUPO IKEA

Os móveis que ganham alma Da Suécia para o mundo. A IKEA é uma marca proveniente deste país nórdico, mas que tem conquistado, gradualmente, posições de relevo em todo o mundo. Poucas são as casas que não têm pelo menos um móvel (ou acessório) desta marca sueca, o que só por si, diz bem da sua implantação a nível mundial.


A história da IKEA começa em 1926, quando o fundador Ingvar Kamprad nasce em Småland, no sul da Suécia. É criado em ‘Elmtaryd’, uma quinta perto da pequena aldeia de Agunnaryd. Desde jovem, Ingvar pretende desenvolver um negócio. E é desta forma que um miúdo cheio de ideias começa, aos cinco anos a vender fósforos aos vizinhos e, aos sete, desenvolve o seu “negócio” mais longe de casa, usando a sua bicicleta. Apercebe-se de que pode comprar fósforos mais baratos a granel em Estocolmo, e vende-los individualmente a um preço muito baixo, ainda com um bom lucro. Dos fósforos, passa para as sementes de flores, cartões de boasfestas, decorações para árvores de Natal

e, mais tarde, lápis e esferográficas. Em 1943, quando Ingvar tinha 17 anos, o seu pai deu-lhe um presente por ter tirado boas notas: uma pequena quantia em dinheiro. Ingvar utilizou-o para fundar a sua própria empresa, que baptiza com o nome IKEA. O nome IKEA é formado pelas as iniciais do seu nome (I.K.) juntamente com a primeira letra de Elmtaryd e Agunnaryd, a quinta e a aldeia onde cresceu. No início, a IKEA vendia canetas, carteiras, molduras, naperons, relógios, bijutaria e meias de nylon, tudo aquilo que Ingvar pensava que as pessoas podiam precisar e que constituía uma boa oportunidade de negócio.

A IKEA oferece uma gama ampla de produtos acessível, funcional e com design. O fundador da IKEA, Ingvar Kamprad, queria criar uma estrutura de propriedade, uma organização independente e uma abordagem a longo prazo. É por isso que, desde 1982, o Grupo IKEA está incorporado numa fundação. Os modernos móveis da empresa de mobiliário sueca são inspirados em ideias de sustentabilidade ambiental e na preocupação com o aumento da qualidade de vida, traduzindo o estilo de vida sueco, adepto de hábitos simples, ecológicos e respeito pelo meio ambiente.

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32 | XYLON PORTUGAL liderança no Grupo IKEA, quer na Suécia quer internacionalmente, como responsável pelo desenvolvimento da gama de produtos e ainda como diretor de loja em Itália. Em 2008 e 2009, Peter foi assistente de Ingvar Kamprad, Anders Dahlvig e Mikael Ohlsson.

O grupo O Grupo IKEA compreende todas as operações da IKEA – o grupo industrial Swedwood, a distribuição e divisões de armazenamento e as empresas que possuem as lojas em países à volta do mundo. O seu objetivo é financiar projetos de responsabilidade social através da Stiching Foundation na Holanda e reinvestir no organismo. A empresa opera em toda a cadeia de valor IKEA, desde a estratégia da gama e desenvolvimento de produto até à produção, distribuição e retalho. A marca desenvolve ctividades em 290 lojas IKEA em 26 países como franchisado da Inter IKEA Systems B.V.. Cerca de 40 lojas IKEA em 15 países são franchisadas e não estão inseridas no Grupo IKEA. A Inter IKEA Systems B.V. é o proprietária do Conceito IKEA - que inclui a marca registada IKEA a nível global e é a detentora global do franchise IKEA. Pelos direitos a usar os processos da IKEA, o respetivo desenvolvimento e melhoramentos, o Grupo IKEA e todos os outros franchisados da IKEA pagam uma taxa de franchise à Inter IKEA Systems B.V. A relação entre o franchisador Inter IKEA Systems B.V. e os seus franchisados é uma relação comercial entre empresas independentes. A Inter IKEA Systems B.V. faz parte do Grupo Inter IKEA. O Grupo IKEA e o Grupo Inter IKEA têm proprietários distintos e são dois grupos de empresas diferentes. A nível global existem empresas detidas fora do Grupo IKEA mas que também O Executive Management do

Grupo IKEA consiste em: Mikael Ohlsson (Presidente e CEO), Peter Agnefjäll, Alistair Davidson, Petra Hesser, Helen Duphorn, Torbjörn Lööf, Noel Wijsmans, Jesper Brodin e Steve Howard.

As caras do grupo O Executive Management do Grupo IKEA consiste em: Mikael Ohlsson (Presidente e CEO), Peter Agnefjäll, Alistair Davidson, Petra Hesser, Helen Duphorn, Torbjörn Lööf, Noel Wijsmans, Jesper Brodin e Steve Howard. Peter Agnefjäll, um dos vice-presidentes do Grupo IKEA sucederá a Michael Ohlsson como presidente e CEO da empresa já a partir de 1 de Setembro de 2013. Michael Ohlsson, que assumiu um mandato de 3-5 anos, deu conhecimento à direção que quer deixar de ser Presidente e CEO este ano, depois de 34 anos de sucesso dentro do Grupo IKEA. “A IKEA teve um grande crescimento, impulsionado pela liderança de Mikael Ohlsson, apesar da desafiante conjuntura económica. A atual direção do negócio da IKEA, prevista até 2020, irá manter-se. Peter Agnefjäll vai manter os compromissos de Mikael Ohlsson e, esta transição com a duração de um ano, irá permitir-lhe que se prepare da melhor forma para as responsabilidades planeadas”, afirma Göran Grosskopf, Chairman da Ingka Holding BV – empresa que detém o Grupo IKEA. Peter Agnefjäll tem 41 anos e é atualmente country manager da IKEA na Suécia. Desde 1995 rem ocupado diferentes cargos de

“Estou muito satisfeito por dar as boasvindas ao Peter como Vice-Presidente. Tive o privilégio de trabalhar com o Peter assim que ele se juntou à IKEA e colaborámos de forma muito próxima ao longo dos anos. Vai ser um prazer trabalhar com ele nos próximos 11 meses para garantir uma perfeita passagem de testemunho. O Peter tem um grande compromisso com a IKEA e com a nossa visão e é um excelente líder. Estou confiante que, em conjunto com os nossos colaboradores dedicados, vai continuar a fazer crescer a IKEA”, defende Mikael Ohlsson. Mikael Ohlsson (55 anos) mantém-se Presidente e CEO do Grupo IKEA até 1 de Setembro de 2013, o período acordado originalmente. Depois, tem planeado aplicar os seus 34 anos de experiência na IKEA - passados principalmente em funções operacionais seniores e na direção executiva do Grupo IKEA - no aconselhamento estratégico de vários negócios e organizações, bem como passar mais tempo com a família. “Gostava de agradecer ao Mikael por ter dado tanto à IKEA durante 34 anos, especialmente como CEO nestes últimos anos que foram tão importantes. Estou muito satisfeito pelo Mikael ter acordado em ficar mais um ano, para apoiar o Peter e assegurar uma boa transição para a IKEA”, comenta Ingvar Kamprad, o rosto que fundou e deu o pontapé de partida ao desenvolvimento da IKEA ao Business Insider. Agnefjall disse à Reuters numa entrevista por telefone conjunta com Ohlsson que a empresa de capital fechado, teria como objetivo impulsionar um maior crescimento. “Temos uma visão positiva sobre o futuro, acreditamos que as possibilidades ainda são grandes, mesmo que a economia global permaneça frágil A IKEA quer a partir de 2014-2015 aumentar o ritmo de abertura de novas lojas para 20-25 por ano, em primeiro lugar nos


mercados existentes, de acordo com os executivos. Recorde-se que em 2010/2011, a IKEA abriu sete lojas e em 2011/12, 11 lojas. “Temos registado um bom de crescimento das vendas nos últimos 3-4 anos, principalmente a partir das lojas existentes. Retivemos a expansão de novas lojas, mas pretendemos agora aumentar o ritmo da sua implantação”, disse Ohlsson. A marca, especializada em decoração de casa acessível mas de bom gosto, continuará assim a sua aposta de expansão em todo o mundo, apesar de terem de lutar contra a burocracia, como referiu Anna Molin no The Wall Street Journal: “ a burocracia está a causar inúmeros problemas ao plano de crescimento da IKEA. A quantidade de tempo que leva para abrir uma loja duplicou recentemente. Um processo que há alguns anos levava cerca de dois a três anos, agora demora de quatro a seis anos a estar concluído. E também vemos que há um monte de obstáculos escondidos em diferentes mercados, incluindo a União Europeia que está a travar esse crescimento”, acrescentando que a Índia será a próxima aposta do grupo que pretende criar 25 lojas de propriedade integral em toda a Índia e abrir três novas lojas na China por ano. O grupo IKEA atualmente possui 295 lojas em 26 países. Ainda à Reuters Ohlsson disse que o volume de negócios da IKEA cresceu em cerca de 7 por cento, o que significa que atingiu vendas recorde de 27,0 bilhões de euros. “Isto significa que tivemos um bom ano. Ganhamos ações em todos os mercados”, disse Ohlsson referindo que “em 2010/11, a IKEA cresceu lucro líquido para um recorde de 2970000000 euros, isto significa que vamos continuar a política de preços mais baixos, diminuindo-os sempre que for possível”.

Mini-entrevista

Mikael Ohlsson o ainda CEO da IKEA fala da empresa e da passagem de testemunho

“Os valores permanecem”

Em cada canto da terra, a IKEA simboliza vida, design barato e moda. A entrevista está é Elisabeth Braw e foi publicada no jornal “ Metro” que foi até ao país de origem da IKEA para conhecer o ainda CEO Mikael Ohlsson. Na entrevista o homem de ferro da IKEA defende que a educação não tem muita importância, o sucesso vem de ser honesto e criativo. Estamos a viver uma crise económica mundial, e as pessoas estão a começar a adaptar-se a padrões de vida mais baixos. Como é que a IKEA pretende beneficiar desta recessão?

MO- As crises económicas nunca são boas para ninguém. Eu vivi em Espanha até 2009, de modo que consegui ver como é que a recessão afeta a vida das pessoas. Todos, independentemente do local onde vivem, querem ter uma vida boa, mas as pessoas estão definitivamente a ter uma maior consciência desse período de crise que atravessamos. Quando isso acontece, a IKEA torna-se uma opção ainda mais forte do que aconteceria em caso contrário. Estamos respondendo ao desafio que ocorre, baixando os nossos preços, embora os preços das matériasprimas estejam a subir. Paralelamente a isso estamos também a dialogar com vários governos sobre a abertura de mais lojas nesses países, o que, obviamente, vai permitir a criação de novos empregos. Por exemplo, vamos acelerar a nossa expansão em Espanha, Itália e Reino Unido.

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34 | XYLON PORTUGAL se gosta. Eu nunca acreditei em planear a carreira, fazer algo agora, porque vai ser útil no futuro. Se não conseguirmos ser bons a fazermos o nosso, o resultado vai ser negativo no futuro. Veja os seguintes exemplos, na IKEA, Ingvar Kamprad começou na adolescência, Bill Gates não tinha um diploma universitário quando lançou a Microsoft quer. Isto quer dizer que, por vezes a educação universitária e sobre valorizada, o que importa verdadeiramente é o tipo de pessoa que você é. Na IKEA tentamos não usar o formato padrão para tudo. Há sempre um risco com as tendências - quer se trate de formação universitária ou corporações que utilizam empresas de consultoria - que levam toda a gente a fazer a mesma coisa. Em vez disso, tentamos encontrar pessoas que são inovadoras, isto faz como que normalmente não olhemos apenas para o tipo de educação que uma pessoa tem. Se se aprende algo por frequentar a universidade, é obviamente bom, mas uma educação universitária que é estática não tem muito valor. Alguns dos nossos principais executivos têm graus universitários, enquanto outros aprenderam através do mercado de trabalho.

Estamos a efetuar esta entrevista num sofá numa loja IKEA e não num escritório. Este é um dos pontos que marca o seu estilo de liderança? É parte do estilo IKEA? MO- É claro que temos escritórios, mas eles são geralmente muito informais. Queremos conhecer a realidade, e parte disso passa por sair e conhecer as pessoas, os funcionários das lojas e os nossos fornecedores. É claro que não tenho tempo para atender todos, ou proceder a esse conhecimento, mas a verdade é que passei a maior parte do meu tempo a fazer isso. Aliás essa é uma estratégia seguida pelos nossos executivos, e é com base nela que formamos a nossa estratégia. Temos uma estratégia de 5-10 anos, que às vezes se torna frustrante, porque sentimos que as coisas caminham devagar, mas, por outro

lado, também nos dá força e segurança, porque temos uma estratégia e não fazemos as coisas de forma ad hoc. Esta filosofia parece estar a tornar-se mais comum noutras empresas. Esta é a sua receita para o sucesso? Como se tornou CEO da IKEA? MO- Nunca planeei tornar-me CEO. O meu estilo de trabalho sempre foi o mesmo, o que me leva a dizer que não há uma grande diferença entre ser CEO e ser um assistente de vendas. Temos muitas pessoas que começaram do nada, na base da fábrica e progrediram porque compartilham os valores da IKEA. Não se deve complicar as coisas. Fazer um bom trabalho, fazer um pouco mais e ser um bom colega. Quem conseguir interiorizar estes valores será certamente promovido. Mas o mais importante é fazer algo que

Qual o público-alvo da empresa? MO – O meu foco são as pessoas que levam vidas normais, têm rendimentos regulares e casas relativamente pequenas. Elas têm sonhos, também, e querem criar uma casa acolhedora para si e para a sua família. Hoje, a tecnologia desempenha um grande papel nas casas, a preocupação com sustentabilidade é outra das áreas com que nos preocupamos, as nossas torneiras novas usam 30% menos de água, e agora estamos a dar um grande impulso com o uso de lâmpadas LED que gastam menos 85% de energia do que as lâmpadas normais e duram 20 anos. Naturalmente, o nosso desafio é fazer as lâmpadas LED o mais barato possível. Os recursos naturais são outra área importante. Temos mais de 100.000 produtores de algodão envolvidos em um novo projecto-piloto com a WWF, onde eles usam 50% menos água e 30% menos fertilizantes e pesticidas, e ainda conseguem obter uma melhor colheita. O nosso objetivo é utilizar em breve todo o algodão criado dessa forma. Paralelamente a isso estamos também em busca de


formas de fibras de mistura com algodão. Como é que achas que as pessoas irão viver em 2021? MO- A base do nosso trabalho é estar em contato com a sociedade e como ela influencia as pessoas normais. A nossa tarefa é adaptar os estilos de vida das pessoas aos nossos produtos principalmente numa altura em que o orçamento familiar está a diminuir e se está a registar uma mudança climática importante. As preocupações ambientais são importantes e é verdade que a tecnologia está a mudar a vida das pessoas em casa. As pessoas preocupam-se mais com a saúde - o que comem e quais os materiais que compõem as suas casas. Nós estamos a tentar fazer com que todas essas mudanças nos inspirem a criar melhor. Mas dizer como será a minha casa daqui a 10 anos não é fácil. Há uma diferença enorme entre os diferentes mercados. Acabamos de abrir nossa segunda loja em Xangai, na China, e regista-se uma mudança enorme, com a rápida urbanização de todo o país. Nós usamos as nossas raízes escandinavas para mostrar às pessoas como é que elas podem melhorar a sua vida, usando produtos bons na vida quotidiana, que sejam funcionais e, acima de tudo estamos atentos ao desperdício. Começou sua carreira na IKEA como assistente de loja e gradualmente foi subindo a escada do sucesso. Como acha que se pode reconhecer um líder em potencial? MO- A nossa cultura é a base do nosso sucesso. As nossas raízes estão na região Småland, onde o espírito empresarial, a simplicidade e a comunidade são factores muito importantes. Pessoas que prosperam nesta região são motivados por essa combinação, por isso é natural que os executivos da IKEA gastem a maior parte de seu tempo a conhecer a vida real e não num escritório. Eu visito lojas e fornecedores, converso com os nossos funcionários. Eles sabem o que funciona eco que não funciona. Tentamos minimizar o status e o prestígio. Voltando à sua pergunta: recrutamos com base nesses valores. Queremos gente que com uma visão real das coisas, pessoas honestas e inovadoras. Recrutamos pessoas

apenas em valores, não na experiência. A pessoa, não é o seu CV, é muito mais do que isso, logo todos podemos crescer ao desenvolvermos o nosso trabalho. Queremos que as pessoas se sintam em casa enquanto estão no trabalho, somos uma empresa onde reina um ambiente de carinho, pode soar um pouco antiquado, mas é mesmo assim. Quando comecei tínhamos 4.000 empregados, agora somos cerca de 130mil e queremos continuar a crescer, mas esse crescimento não nos faz esquecer as pessoas e o nosso objectivo é que elas pensem em passar aqui toda a sua carreira, desde que partilhem dos nossos valores Nós não fazemos a gestão de cima para baixo, e eu acho que o nosso meio ambiente encoraja as mulheres que de outra forma não teria uma carreira como executivos. Tentamos posições modelo dentro da empresa para os estágios de vida as pessoas passam, inclusive oferecendo às pessoas movimentos horizontais novos países, novos departamentos. Essa é uma boa maneira de manter os funcionários, independentemente do seu sexo. Pretendemos sempre que os nossos funcionários assumam a responsabilidade individual, que também é um bom motivador para a maioria das pessoas. Temos um novo vice-presidente aqui na Suécia que era uma gerente de loja na Holanda, quando teve filhos decidiu dividir o seu seu trabalho com um colega. Agora que os filhos são mais velhos ela tem uma nova oportunidade de subir na carreira. Mas é claro que estamos continuamente frustrados. Há tantas coisas que queremos

fazer, e sentimos sempre que temos muito poucos recursos para fazer tudo. Assim como é que se pode enfrentar os erros? Apenas as pessoas que estão a dormir não cometem erros. Tentamos ter um ambiente onde se pode dizer “desculpe, eu cometi um erro” e então corrigi-lo. É claro que não se deve fazer várias vezes o mesmo erro, mas não se deve ter medo de cometer erros, ou tentar encobri-los, pois é aí que começam os problemas. Qual é a coisa mais importante que você aprendeu com os seus erros? MO- Que não podemos ter medo de tomar a iniciativa. Se cometermos um erro, devemos reconhece-lo e tentar corrigi-lo. Medo de errar impede uma empresa e as pessoas de se desenvolverem. E cria burocracia e insegurança. Como líder, devese tentar inspirar as pessoas a usar todas as suas habilidades. Agora, a única área onde sou muito rigoroso com os erros é na questão ética. Quanto tempo é que leva para montar móveis IKEA? MO- Demorei cinco minutos a juntar as peças do sofá onde está sentado. 95% dos meus móveis de casa são provenientes da IKEA, e sou sempre eu que os monto. É uma coisa divertida de fazer e é interessante ver o que nós, como uma empresa, podemos fazer melhor. É como testar a minha própria companhia em casa. Eu quero mobiliário IKEA para ser rápido e fácil de montar. Fonte: http://www.metronieuws.nl/world/metrotalks-to-ikea-ceo-mikael-ohlsson-values-matter/ SrZlbw!DxV0vJfR0RIIs/

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Fapimepe

Líderes nos componentes para mobiliário Opera no mercado há quase 30 anos e mantém a mesma fórmula do sucesso. A Fapimepe é uma empresa de venda de produtos de ferragens e componentes para a indústria do mobiliário e continua a registar índices de crescimento a cada ano que passa. A aposta numa panóplia de produtos diversificados e na qualidade do serviço prestado contribuem para que seja uma das maiores do seu setor. O público-alvo está centrado maioritariamente no centro e sul do país.

‘A empresa tem como missão a satisfação atempada das necessidades dos seus clientes. O seu lema é ter consumidores fidelizados e satisfeitos com a qualidade dos serviços’


É uma das maiores empresas na área de criação de ferragens para mobiliário. A Fapimepe foi eleita PME Líder e tem a sua produção centrada na Amadora, embora venda para todo o país. A marca procura desde a sua fundação satisfazer as necessidades existentes no mercado de ferragens para mobiliário. Os seus principais clientes estão concentrados no centro e sul do país, onde a aceitação dos produtos é muito motivadora e tem contribuído para os bons resultados de venda. A qualidade dos produtos e o bom feedback dos clientes tem permitido à Fapimepe registar um crescimento no volume de negócios, mesmo em tempos de crise e de contração do mercado de consumo. A empresa tem como missão a satisfação atempada das necessidades dos seus clientes. O seu lema é ter consumidores fidelizados e satisfeitos com a qualidade dos serviços prestados e dos produtos de ferragens e componentes para a indústria do mobiliário.

Crescimento visível no espaço

A evolução da empresa, a chegada de novos clientes e o consecutivo aumento de encomendas trouxe mudanças na estrutura da Fapimepe. Novos postos de trabalho foram criados e as instalações alargadas. Basta ver a área de armazenamento: • 1991 - 95 m2 • 2000 - 3.050 m2 • 2006 - 3.550 m2 Siga a empresa no Facebook

Sinal dos novos tempos, a Fapimepe soube adaptar-se às novas exigências dos consumidores e tem uma forte presença online, sobretudo nas redes sociais. Conheça o facebook da marca: https://www.facebook.com/fapimepe

Constante evolução A Fapimepe foi fundada em 1984 por três indivíduos: Álvaro Pires, Avelino Meireles e Jerónimo Santos. O constante crescimento da empresa e reconhecimento da marca trouxeram novos desafios à Fapimepe, que teve que se adaptar não só ao nível da inclusão de novas tecnologias, mas também na contratação de novos recursos humanos e alargamento do espaço para armazenamento dos produtos comercializados. Veja-se por exemplo que em 1991, a fábrica ocupava apenas 95 metros quadrados e em 2006 já eram 3550 metros quadrados de área de armazenamento. Para tal, a empresa teve que recorrer à aquisição de armazéns contíguos, na Venda Nova, Amadora (onde está a sede). Posteriormente, adquiriu um armazém em Casais da Serra, em Milharado, Mafra, de modo a estar geograficamente mais próxima dos principais clientes e de outros potenciais consumidores. A localização foi ainda determinada pelas boas acessibilidades, que facilitam o transporte das mercadorias para os vários pontos do país. Atualmente a empresa conta com 26 colaboradores nas mais variadas áreas funcionais, desde a vertente comercial à distribuição.

‘O constante crescimento da empresa e reconhecimento da marca trouxeram novos desafios à Fapimepe, que teve que se adaptar não só ao nível da inclusão de novas tecnologias, mas também na contratação de novos recursos humanos’

Produtos diversificados A Fapimepe dedica-se ao comércio de produtos de ferragens e componentes para a indústria do mobiliário. o segredo do seu sucesso é a oferta de várias gamas e elementos variados adaptáveis a todas as necessidades do setor. Conheça os principais produtos da marca: . Puxadores . Fechaduras e fechos

. Pulsadores e Amortecedores . Dobradiças . Suportes e ganchos para cama . Rodas . Pés . Acessórios de cozinha . Silicones . Cestos e dispenseiros . Baldes . Lava loiças . Chaminés de cozinha . Elementos de ligação . Ventilador de alumínio . Gavetas . Móveis de cozinha . Niveladores e escápulas . Perfis . Tampos de cozinha . Portas de cozinha . Corrediças . Perfis de roupeiros . Cassete porta única . Compassos . Fornos, placas e micro-ondas . Iluminação . Acessórios para roupeiros . Casquilhos de fixação suporte e batentes . Chão flutuante . Colas, vernizes e betumes . Portas interiores de madeira

Novidades Perante as novas necessidades de mercado, a FAPIMEPE, alargou recentemente o seu leque de oferta, disponibilizando uma vasta gama de portas de cozinha, portas de interiores em madeira e alumínio. A quick- Step é outra das novidades. O catálogo apresenta o pavimento certo para qualquer interior. Placas e ladrilhos, placas largas e pequenas, o moderno e o tradicional. A gama de oferta é ideal para todas as divisões da casa. Já as novas gamas de pavimento flutuante são 100% à prova de água e amigas do ambiente, uma preocupação que faz parte da linha de ação da marca, que quer ser cada vez mais sustentável. O novo suporte inferior do sistema “Atlas” completa a funcionalidade deste dispositivo de fixação para móveis inferiores suspensos, juntamente com uma nova placa de parede maior, para o suporte superior. O sistema “Atlas” é um produto desenvolvido, patenteado e fabricado pela Indaux.

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Neves Magalhães

Mestres na arte de fazer cadeirões As cadeiras são o foco de atuação desta empresa familiar, que nasceu em Paredes há mais de meio século. Desde o estilo clássico ao contemporâneo, a marca é uma das principais fornecedoras da indústria de mobiliário, devido à reconhecida qualidade dos seus cadeirões e versatilidade do design incorporado.

A Neves Magalhães é uma empresa vocacionada para o fabrico de cadeiras em madeira. Desde 1947, a arte de bem servir, o entusiasmo e a vontade de fazer sempre mais e melhor tem contribuído para a gradual conquista de novos consumidores. Atualmente, a marca consegue responder às necessidades dos clientes mais exigentes, antevendo os seus desejos. A marca está direcionada para as empresas de produção de mobiliário, que confiam nosso fabrico e qualidade dos produtos e que procuram a empresa de Rebordosa, Paredes, para darem mais esplendor às su-

as mobílias. Trata-se de uma empresa de cariz familiar, que tem tido a capacidade de se manter na família, passando o saber de geração em geração. Contudo, não parou no tempo. A Neves Magalhães tem vindo a evoluir continuadamente, apostando nas novas tecnologias de informação e na produção. Este é um fator fundamental para a marca, não só por questão de sobrevivência, mas também pela procura de um futuro cada vez melhor, apoiado numa preocupação crescente pelo meio ambiente e pela responsabilidade social.

Aposta na qualidade O fabricante de cadeirões respeita os mais elevados padrões de qualidade e utiliza as técnicas de produção mais recentes. Tudo é aliado à arte e experiência dos bons artesãos, onde se fundem o tradicional e o contemporâneo. As matérias-primas usadas respeitam os padrões ambientais e são totalmente nacionais. Dedicam-se sobretudo à idealização, design, conceção e venda de cadeiras de madeira, recorrendo aos diversos estilos, desde o clássico ao contemporâneo. Os seus principais clientes são a restaura-


Onde encontrar a marca?

A Neves Magalhães tem vários pontos de venda, de modo a chegar a todos os consumidores. Para quem está interessado em visitar os showrooms conheça as moradas das lojas: Grande Lisboa A Cadeirinha do Almeida Morada: Rua Possidonio da Silva, nº64 A 1350-246 Lisboa Tel.: 213902005 Estofos JV, Lda Rua principal viv, Correia Alvajar / Ramada Tel./Fax: 219 333 195 Email: estofos.jv@gmail.com Arte Interior Sociedade de Decorações, Lda. Rua Bica da Costa n.º 5 Loja B Pendão 2745 -032 Queluz Tel./Fax: 214 362 242 Email: geral@anteinterior.pt Grande Porto MVCM Mobiliário Rua Central de Campo, 1364 a 1374 4440-038 Campo VLG Tel./Fax: 224 150 959 Email:mvcm@live.com.pt

ção, a indústria hoteleira, os comerciantes de mobiliário e a indústria no geral. O seu lema consiste na procura de uma combinação perfeita para o conforto e regalo de muitas famílias, pelo que fabricam cadeiras de todos os estilos. A adaptação ao mercado tem sido um ação constante nesta empresa, que se destaca por executar peças à medida do cliente e transformar as suas ideias em realidade. Orgulham-se de apresentar uma excelente relação qualidade/ preço e por conseguirem manter-se no mercado, sempre com novos

modelos e múltiplos estilos. Afinal trata-se de uma marca especializada no fabrico de cadeiras e componentes derivados de madeira, capaz de inovar sem perder a qualidade a que já habituou os consumidores. A satisfação do cliente final e o recurso a técnicas e métodos que preservem a natureza são as grandes bandeiras da Neves Magalhães, que nunca esquece a preservação ambiental.

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China: procura por madeira põe em perigo florestas tropicais mundiais A China é o primeiro importador, exportador e consumidor de madeira do mundo e também o maior responsável pelo esgotamento das florestas tropicais, denunciou uma ONG britânica em um relatório publicado nesta quinta-feira (29), em Pequim. Segundo a Agência de Pesquisa Ambiental (EIA, na sigla em inglês), com sede em Londres, enquanto na década passada Estados Unidos e União Europeia tomaram medidas contra o desmatamento ilegal, a China tem comprado um volume crescente de madeira de origem duvidosa. Fazendo-se passar por compradores de cortiça e filmando com câmara oculta, os cientistas sondaram o mercado do corte ilegal. Assim, demonstraram como as poderosas estatais chinesas dispõem de filiais implantadas em países como Moçambique e Mianmar, onde corrompem autoridades do mais alto nível. “Entre 80% e 90% das árvores cortadas em Moçambique acabam na China”, explicou Julian Newman, encarregado da EIA. Segundo ele, desse volume, 44% são importados por empresas públicas chinesas. A ONG destaca que a demanda interna é o principal fator de alta das importações de madeira, que triplicaram desde o ano 2000. Os chineses apreciam, especialmente, as madeiras tropicais raras, como a da roseira, com a qual fazem reproduções de móveis luxuosos, que estão na moda. Além disso, em 2011 compraram 30% da cortiça à venda em todo o mundo. Interrogado nesta quinta-feira (29) sobre as conclusões do informe, Hong Lei, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, declarou: “A posição da Chi-

na é muito clara: Nós nos opomos ao desmatamento ilegal e ao comércio ilegal de madeira”.

Corte ilegal na África As zonas de corte ilegal, enquanto isso, estão se deslocando para regiões do planeta mais flexíveis à prática. A Indonésia, com as florestas tropicais mais importantes do planeta depois do Brasil e da bacia do Congo, foi durante muito tempo o “mau aluno”, sacrificando suas matas para responder ao apetite insaciável da China, a segunda economia mundial atualmente. Mas desde 2005, Jacarta decidiu endurecer sua legislação. Por isso, as empresas chinesas têm buscado o material em outros países, sobretudo nos africanos, como Madagascar, Serra Leoa, Tanzânia, Gabão, Guiné Equatorial, República Democrática do Congo. No total, mais da metade das importações chinesas vêm de países com má fama quanto ao corte ilegal. A EIA aponta como exemplos mais flagrantes Mianmar, Papua Nova Guiné e Moçambique. Ao mesmo tempo, a China continua sendo uma grande área de lavagem do dinheiro obtido com a madeira ilegal, graças a um setor em plena ascensão. As exportações de produtos madeireiros chineses aumentaram sete vezes em dez anos, dominadas por ordem decrescente por móveis, papel e tábuas. “A China exporta desmatamento”, resume taxativa a EIA. “Os especialistas coincidem em que todos os avanços feitos com as leis adotadas na União Europeia, Estados Unidos ou Austrália não servirão de nada se a China não fizer o mesmo”, insistiu Jago Wadley, pesquisador da ONG britânica.

Eucalipto transgênico pode aumentar produtividade da madeira No caso do eucalipto, a inserção de gene resulta em 20% a mais de volume de madeira e de até 40% mais na produtividade de bioenergia Eucaliptos geneticamente modificados (GM) já estão sendo cultivados em plantios experimentais no Brasil. Ao todo, já são nove hectares plantados com variedades transgênicas dessa árvore. O vegetal foi desenvolvido por meio da inserção do gene de outra espécie, a Arabidopsis thaliana, uma planta-modelo muito usada em experimentos genéticos. Este gene codifica uma das enzimas responsáveis pela formação de celulose. No caso do eucalipto, a inserção resulta em 20% a mais de volume de madeira e de até 40% mais na produtividade de bioenergia. A introdução de um novo gene também pode reduzir o tempo entre o plantio e a colheita. As variedades convencionais de eucalipto costumam ser colhidas aos sete anos de idade, mas a árvore transgênica pode atingir o mesmo desempenho ainda aos cinco anos e meio. Além disso, a manipulação genética de árvores pode também ajudar na preservação das matas nativas de todo o mundo. O consumo de madeira já atinge cerca de 3,4 bilhões de metros cúbicos por ano, e a expectativa é de que esse número aumente 20% até 2020. Para preservar a cobertura vegetal natural, a obtenção de madeira a partir de florestas plantadas é uma alternativa sustentável.


Características requeridas para os diferentes usos da Madeira Resíduos da produção dos materiais citados anteriormente podem ser utilizados, inclusive com altos níveis de aproveitamento. Madeira para construção As características de qualidade requeridas para madeira de construção civil são:

1. resistência 2. rigidez 3. retidão 4. estabilidade dimensional 5. isenção de empenamentos e defeitos 6. longos comprimentos 7. durabilidade Madeira para produção de papel e celulose A madeira utilizada como matéria-prima para produção de pasta celulósica no Brasil provém de várias espécies de Eucalyptus e Pinus. A escolha destas espécies para reflorestamento foi baseada principalmente em seu rápido crescimento. As propriedades físicas e químicas também definem a qualidade da madeira para este fim. As espécies cultivadas no Brasil apresentam madeira cuja massa específica, a 15% de umidade, varia de 600 a 1.600 kg/m3, para o eucalipto, e de 400 a 520 kg/m3 para o pinus. A composição química da madeira é de aproximadamente 50% de celulose, 20% de hemicelulose (polioses), de 15% a 35% de lignina e de até 10% de constituintes menores. Quanto maior o teor de lignina e de extrativos na madeira, menor será o rendimento em celulose e a qualidade do papel produzido.

Produtos re-manufaturados Esta terminologia refere-se a portas, estantes, reformas, parquês e pisos laminados, bem como decks, estrutura de móveis, etc. Nesta linha, a qualidade requerida da madeira é superior a da madeira para construção. Existem grandes restrições a imperfeições, menor tolerância a distorções e padrões exigentes de qualidade. Dureza e usinabilidade são muito importantes para a qualidade do produto final. Os longos comprimentos são menos importantes. A classe de qualidade inferior pode ser direcionada para embalagens, decking ou pallets, onde a resistência é muito importante. Algumas propriedades de adesão tornam-se importantes quando as utilizações finais são vigas laminadas, painéis, ou mesmo quando na composição de compensados. Madeira de uso aparente São aquelas de qualidade superior utilizadas para móveis, painéis decorativos, pisos, lâminas de alta qualidade, torneados, etc. Cor, trabalhabilidade, características de grã e, particularmente, estabilidade, tornam-se muito importantes. Pouquíssimas imperfeições na superfície são admitidas. Fissuras ou outros problemas oriundos da secagem são inadmissíveis, principalmente se a superfície venha a sofrer tingimentos

ou cobertura. As manchas causadas por ataques de fungo são totalmente inaceitáveis. Madeira para produtos reconstituídos Resíduos da produção dos materiais citados anteriormente podem ser utilizados, inclusive com altos níveis de aproveitamento.

Madeira para produção de carvão A qualidade da madeira para a produção de carvão depende da densidade e do teor de resina. Quanto maior a densidade e o teor de resina na madeira, maior é o seu poder calorífico. Isso faz com que o pinus apresente maior poder calorífico que o eucalipto. A análise cautelosa de cada um desses fatores mencionados fará com que se minimize os riscos de perdas de rendimento e qualidade além da maximização do aproveitamento dos ativos florestais, gerando com isso mais recursos para investimentos no processamento. A qualidade da madeira irá sempre influenciar a industrialização dos produtos madeireiros, de forma que o manejo da floresta, o melhoramento genético e as pesquisas em tecnologia da madeira devem caminhar juntos para a obtenção de um produto final de qualidade, agregando valor e incrementando as taxas de retorno do empreendimento.

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CORTIÇA

Indústria do Futuro

— O mercado da cortiça é um setor que não para de crescer. Com a recuperação das rolhas neste material e o seu uso para o desenvolvimento de novas aplicações e produtos têm sido as causas desta evolução. Os designers têm igualmente a sua quota-parte, pois têm tido a capacidade de desenvolver novas criações neste material e de aplicar a cortiça em objetos de grande diversidade, que vão desde os utilitários do dia-a-dia a peças de decoração e obras de arte.

Ecossistemas da cortiça Inovação tem sido a palavra-chave na recuperação da aplicabilidade e utilização da cortiça. Comumente usada no mercado das rolhas (que aliás tem crescido graças à sua reconhecida qualidade e à inovação no design), a cortiça está a ganhar terreno na construção e mobiliário. veja-se o Pavilhão de Portugal da Expo Xangai, do ano passado, inteiramente revestido a cortiça e que teve mais de quatro milhões de visitantes. Encarada como solução de construção sustentável, tem sofrido um forte impulso ao ser utilizada em novas aplicações para marcas internacionais como a Nasa, a Mercedes, a Airbus e até mesmo na moda. Prada, Dior e Marc Jacobs são alguns dos criadores que se renderam ao material. Nesta edição conheça os principais progressos do setor ao longo do ano. A recuperação da quota de mercado do

produto rolha de cortiça, a promoção da cortiça enquanto material de construção e decoração e o lançamento de novos produtos e aplicações são os três grandes vetores da campanha internacional dinamizada pela Associação Portuguesa da Cortiça. França, Itália, Alemanha, Inglaterra, EUA, Canadá, Rússia, China, Japão, EAU e Benelux são os países de destino da ação e que concretizam a aposta estratégica do sector em torno de mercados tradicionais, bem como junto de novos mercados. O objetivo consiste em reforçar e dinamizar as exportações. A afirmação da modernidade aliada à procura contínua da excelência é a via para o reforço da longa tradição portuguesa na produção de cortiça, onde se destacam valores como fiabilidade e confiança.

A indústria da cortiça conta tem um plano de ação ambicioso. O trabalho em curso durante este ano visou o investimento em investigação e desenvolvimento de produto, em novas soluções tecnológicas, no reforço do modelo de internacionalização das empresas, e na aposta crescente na qualificação. Sem esquecer ainda o novo olhar da cortiça para as novas aplicações, estes investimentos vieram permitir que, hoje, o setor se apresente completamente renovado, disponibilizando aos seus clientes um serviço de qualidade total. A Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) aposta na implementação do Código Internacional das Práticas Rolheiras (CIPR) e respetivo sistema de acreditação, o Systecode, que são um bom exemplo do trabalho em curso, sendo que Portugal lidera o processo com quase três centenas de empre-


sas auditadas anualmente. A biodiversidade e os ecossistemas são cruciais para a sobrevivência da humanidade. Apesar de não ter sido alcançado o objetivo comum para 2010 (deter a perda da biodiversidade na União Europeia), muito trabalho foi feito na última década. Foram desenvolvidas novas ferramentas e métodos, como o estudo económico TEEB na interface da economia e ecologia ou ainda a criação de uma plataforma intergovernamental para a biodiversidade ou os serviços dos ecossistemas (IPBES) na interface das ciências e da política. Preservar a biodiversidade é uma pré-condição para manter os ecossistemas saudáveis. Além disso, dos ecossistemas saudáveis dependem o fornecimento de todos os bens e serviços que nascem desses ecossistemas e que servem de base à vida. Cerca de 30 por cento da área terrestre do mundo e um terço da área terrestre da União Europeia está (ainda) coberta de florestas de vários tamanhos e formas. No entanto, algumas são especiais, como é o caso da Amazónia, as florestas da bacia do Congo ou a paisagem selvagem do Alasca. Estas são reconhecidas por todo o mundo, inevitáveis de aparecerem numa maratona de 24 horas do canal NatGeo. Amazónia, Congo, Alasca e alguns outros são os “pop stars” dos ecossistemas florestais. Tudo porque são únicos, representa berços das civilizações e derradeiros espaços selvagens, ou representam espécies preciosas para a sobrevivência do Homem, suportando e regulando a chuva, a produção de oxigénio, o sequestro de carbono e o eterno deleite para quem as contempla. Perder estas florestas seria como perder parte da nossa Humanidade. Só porque algumas coisas não têm preço, não significa que não tenham enorme valor, ainda que esse valor possa ser calculado com base na simples probabilidade de (nós) sobrevivermos. Curiosamente, a cortiça é uma ‘aberração’ da natureza, porque na grande maioria das espécies de plantas, quando se extrai um anel da casca significa a morte da planta, mas isto não acontece no caso do Sobreiro (Quercus suber). Além disso, é possível simplesmente colher uma boa parte desta casca especial sem comprometer e muito menos matar ou magoar a árvore. É quase como um milagre, do ponto de vista biológico.

Vencedores do Prémio da Cortiça A segunda edição da Gala Anual da Cortiça premiou os seguintes agentes do setor: Prémio Inovação ETS Laboratories, Gordon Burns Prémio Floresta IPROCOR-Instituto del Corcho, la Madera y el Carbón Vegetal, Ramon Santiago Prémio Informação Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, Nuno Sequeira Prémio Conhecimento Institut des Sciences de la Vigne et du Vin – Bordeaux, Professor Denis Dubourdieu

A Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) aposta na implementação do Código Internacional das Práticas Rolheiras (CIPR) e respetivo sistema de acreditação, o Systecode’

Prémio Revelação Embraer / Projeto LIFE – Lighter, Integrated, Friendly and Eco-efficient, João Taborda Prémio Rolha de Cortiça CIVC – Comite Interprofessionnel du Vin de Champagne > Commission Bouchage, Michel Valade Prémio Mérito Senhor Américo Amorim

Projeto multidisciplinar É uma das matérias-primas mais incríveis, resistente à água e ao fogo, leve, flexível e durável. E o facto mais surpreendente é que estas árvores ocorrem numa das áreas mais emblemáticas do mundo, um dos berços da civilização, a Bacia Mediterrânica. Este é o foco do mais recente projeto comum desenvolvido entre a CELiège e a Corticeira Amorim, chamado “Avaliação de Serviços de Ecossistemas à Escala Local: o Papel do Montado de Sobro (Portugal)”. Representa um esforço pioneiro para compreender a importância dos Serviços de Ecossistemas (SE) a uma escala tão pequena que, no entanto, é a escala utilizada para determinar os subsídios da UE. A principal meta deste projeto é: a) avaliar, a nível local, os serviços dos

ecossistemas mais relevantes para a área de estudo, bem como para outras áreas com escalas e características semelhantes, b) avaliar e compreender a ligação entre serviços de ecossistemas e as boas-práticas de gestão da propriedade, c) explorar a ligação entre serviços dos ecossistemas e dinâmicas espaciais/temporais e, mais importante d) identificar os serviços dos ecossistemas enquanto serviços públicos, comunitários ou partilhados entre o proprietário e a comunidade ou privados. Ao focar em serviços dos ecossistemas que providenciam serviços públicos e comunitários/partilhados e, cruzando esta informação com a gestão do sistema agro-florestal

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STRUCTURE CORK SALES [EXPORTS] PER PRODUCT TYPE IN VALUE - 2010 44,37%

S DE CORTIÇA NATURA A H L L RO TIPO DE ROLHAS OUTRO

25,74% 20,49%

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Fonte - instituto nacional de estatistica - portugal

em curso (associados ou não a um esquema de certificação, ex. – Forest Stewardship Council) e o estado e evolução do estado de conservação dos ecossistemas selecionados, pode-se, por exemplo, debater questões específicas como: será que existem usos do solo que gerem maior valor em serviços dos ecossistemas? O projeto decorreu na Herdade da Machoqueira do Grou E (Ribatejo, Portugal) reconhecida pelas suas excelentes práticas de gestão do Montado de Sobro. Alguns resultados iniciais provenientes deste programa mostram que existe, de facto, uma relação entre o uso do solo e os serviços dos ecossistemas prestados à escala local. Para além disso, o projeto desenvolveu uma matriz para avaliar quem beneficia dos serviços públicos e comunitários providenciados a uma escala local que combinado com um quadro de Avaliação de Propriedades Rurais, que pontua cada ser-

viço de ecossistema baseado nos variáveis estabelecidos e nos indicadores de gestão a monitorizar. Também uma matriz de Valor Económico foi desenvolvida, de forma a tentar determinar o valor monetário que pode potencialmente ser atribuído à propriedade relativamente aos serviços dos ecossistemas públicos e comunitários. Com estes resultados é possível demonstrar a importância relativa de cada opção de uso do solo numa propriedade para além do valor clássico obtido através da comercialização de bens com atual valor de mercado, dando assim ao proprietário as ferramentas necessárias para demonstrar a importância e valor do “Ecossistema da Cortiça”. O projeto pretende ser o ‘pontapé de saída’ para uma estratégia mais ampla de disseminação, demonstração e reforço da importância da “Cortiça para além da Cortiça”

Mercado vinícola A produção mundial de vinho na Europa dos 27 tem diminuído desde 2004, registando uma ligeira subida de 2008 para 2009 na ordem dos 2,3 por cento e voltando a descer de 2009 para 2010 (-6,5 por cento), representando cerca de 153 milhões de hectolitros. França ocupa agora o primeiro lugar, com cerca de 44,8 milhões de hectolitros, logo seguido da Itália com 44,8 milhões de hectolitros. Espanha, embora mantendo o terceiro lugar, registou uma descida de 3,5 por cento. Situação inversa aconteceu com Portugal uma vez que registou uma subida de 13,2 por cento. No que toca à relação entre a produção e o consumo de vinho verifica-se que há um excesso de oferta em relação à procura o que, em 2009, representou cerca de 11 por cento. O consumo de vinho tem-se mantido estável, nos últimos anos, atingindo mais de 240 milhões de hectolitros, apenas se verifica uma pequena descida de 2008 para 2009 onde o consumo ficou pelos 236 milhões de hectolitros. A produção tem oscilado, tendo atingindo em 2004 um pico de quase 300 milhões de hectolitros, mas descendo progressivamente no sentido de se aproximar do consumo, registando, em 2009, um valor de 266 milhões de hectolitros. No que toca à exportação de vinho, em 2010, registe-se que a Itália é o país que surge à frente, representando 22 por cento do total, seguido da Espanha com 18 por cento, tendo este país crescido 1 por cento em relação ao ano anterior. A França está, neste momento no terceiro lugar, no que toca às exportações de vinho, com apenas 15 por cento do total. Portugal também registou um ligeiro aumento, passando de 2,6 para 2,8 por cento. Estes aumentos que Portugal tem registado neste âmbito são boas notícias para o mercado da cortiça, que tem na produção de rolhas a sua principal atividade. Com o consumo a subir, pelo menos a nível interno, a indústria secundária crescido a reboque destes valores. Isto porque as rolhas em cortiça continuam a ser preferidas pelos produtores, devido às suas boas qualidades de isolante e elemento preservador da qualidade do vinho.


A indústria

‘É uma das matériasprimas mais incríveis, resistente à água e ao fogo, leve, flexível e durável. É o foco do projeto comum desenvolvido entre a CELiège e a Corticeira Amorim, chamado “Avaliação de Serviços de Ecossistemas à Escala Local: o Papel do Montado de Sobro (Portugal)”’

De acordo com os dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, a Indústria da Cortiça distribui-se por dez distritos, mas apenas os distritos de Aveiro (Concelho de Santa Maria da Feira) e Setúbal são significativos, sendo responsáveis por cerca de 75 por cento e 12 por cento respetivamente, pelo emprego nesta indústria. Existem aproximadamente 700 empresas a operar no sector da cortiça em Portugal, que produzem cerca de 40 milhões de rolhas por dia (35 milhões das quais no Norte do País), e que empregam cerca de dez mil operários (segundo dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, em 2009). As principais atividades produtivas são a Preparação, Manufatura, Aglomeração e Granulação. Estima-se que, em média, a cortiça introduzida no processo produtivo tenha como principal destino a indústria vinícola que absorve cerca de 70 por cento de tudo o que é produzido, seguido do setor da construção civil com mais de 20 por cento. As rolhas de cortiça continuam a liderar as exportações portuguesas de cortiça, assumindo 528 milhões de euros, seguido da

Exportações e Importações em 2010

A Europa é o principal destino das exportações portuguesas de cortiça absorvendo 59 por cento do total. Os principais países de destino das exportações portuguesas de cortiça são a França (20,3 por cento - 153 milhões de euros), os EUA (15,8 por cento - 118 milhões de euros), a Espanha (10,4 por cento – 78 milhões de euros), a Alemanha (9,6 por cento - 72 milhões de euros) e a Itália (8,4 por cento - 63 milhões de euros). Portugal é, ainda, o maior importador mundial de cortiça que utiliza para transformação e posterior exportação sobe a forma de produtos de consumo final. Em 2010, as importações atingiram 95 milhões de euros e 50 milhares de toneladas, traduzida num aumento de 14 por cento em relação ao ano 2009. O primeiro semestre de 2010 veio também estimular as importações portuguesas de cortiça. Os primeiros seis meses de 2010 registaram um acréscimo do valor das importações, face a igual período do ano anterior, tendência que se alterou em Julho de 2010 onde, face a Julho de 2009, o valor de importações diminuiu ligeiramente, cerca de 3 por cento em valor e 1 por cento em massa. As importações do setor em 2010 são provenientes, essencialmente, de Espanha (78 por cento – o que equivale a 74 milhões de euros). As importações de cortiça natural ascenderam, em 2010, a aproximadamente 63 milhões de euros, representando cerca de 66 por cento do total das importações portuguesas de cortiça.

cortiça como material de construção com 176 milhões de euros. Já nas exportações em volume, os materiais de construção lideram os produtos exportados com 94 milhares de toneladas, seguido pelas rolhas de cortiça com 34 milhares de toneladas. No que toca aos materiais de construção, o principal produto de exportação é Cubos, Blocos e outros produtos com aglutinantes, representando mais de 102 milhões de euros e 50 milhares de toneladas, seguido pelos mesmos produtos mas sem aglutinantes, com quase 28 milhões de euros e 17 milhares de toneladas. Fonte - Anuário 2011 da APCOR

Sabia que?

O montado de sobro ocupa em Portugal mais de 730 000 hectares, cerca de 23 por cento da floresta nacional, representando uma das espécies florestais dominantes em Portugal. O sobreiro encontra-se maioritariamente no Alentejo (72 por cento), sendo que Lisboa e Vale do Tejo ocupam a segundo posição com 21 por cento.

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Cortiça versus Screwcap

“A guerra das rolhas”

A “guerra das rolhas” chegou recentemente à publicidade, com dois produtores nacionais a enaltecerem o vedante escolhido para os seus vinhos. Quase dez anos depois do ‘funeral da rolha de cortiça’ nos EUA, os estudos sustentam uma outra ‘verdade’: a cortiça é o vedante de eleição, mas a screwcap veio para ficar. A ideia de publicitar a embalagem ou outras características externas ao produto não é nova mas só recentemente chegou ao vinho, pelo menos a nível nacional. Dois produtores decidiram fazer campanhas destacando o tipo de rolha escolhido para os seus vinhos – Quinta do Côtto (Douro) e Torre do Frade (Alentejo).

Em 2006, quando anunciou que passaria a usar rolha metálica de enroscar (screwcap) nos seus vinhos – Quinta do Côtto, Grande Escolha e Paço de Teixeiró –, a casa Montez Champalimaud originou grande polémica, no país que é o maior produtor mundial de cortiça. E a agitação voltou no final do ano passado quando o produtor lançou uma campanha onde destaca as vantagens da screwcap. “Tão bom… Tão simples… Tão barato… / Abertura rápida – assegura caráter, preserva juventude, evita sabor a rolha” e “Num Abrir e fechar de olhos / Abertura rápida – assegura carácter, preserva juventude, evita sabor a rolha” foram as mensagens escolhidas para a campanha

que a Quinta do Côtto lançou na imprensa e ainda tem no seu site na Internet. A Sociedade Agrícola da Herdade de Torre de Curvo, que produz o Torre do Frade, lançou depois uma campanha, também na imprensa e na Internet, em defesa da utilização da rolha de cortiça. Uma campanha cujos slogans são: “Já se imaginou a beber um bom vinho num copo de plástico?”, “E um bom vinho sem rolha de Cortiça? Nem pensar!” e “A rolha de cortiça faz parte da essência do vinho – Confere autenticidade, Enaltece a tradição, Preserva o ambiente, Reforça os aromas”.

Miguel Champalimaud, contactado pela Enovitis, preferiu não se pronunciar mas numa carta publicada em vários sites (datada de 16 Dezembro de 2009) no seguimento da campanha publicitária, afirma: “Sou a favor da inovação, da qualidade e modernidade do vinho; sou a favor da verdade achando que chegou a altura de assumirmos, ao nível da indústria vinícola, o que há mais de 40 anos, por razões óbvias, se usa em todas as universidades e ou centros de investigação vinícola, os screwtops/tampas de rosca, único sistema vedante que garante eficazmente o não contágio do vinho que se encontra na garrafa, por produtos, aromas e sabores que lhe são estranhos; sou


a favor da eficácia e produtividade e contra as falácias e os preconceitos que só defendem e servem aqueles que estão instalados à custa do bem-estar e pobreza de terceiros; numa garrafa de vinho, a rolha é apenas uma matéria subsidiária, um vedante que deveria preservar o vinho que a garrafa contém e nunca arruiná-lo; sou a favor dos ventos da História, recusar o progresso científico e tecnológico de nada serve, nem serviu então àqueles que, no seu tempo, foram a favor da destruição das máquinas a vapor”. Por seu lado, Diogo Albino, responsável de Marketing e Vendas da Herdade de Torre de Curvo, que produz o Torre do Frade, explica-nos que a campanha não é uma ‘resposta’ à Quinta do Côtto. “Em primeiro lugar esta campanha surge porque somos alentejanos convictos e porque também somos micro produtores de cortiça. Em segundo lugar, porque a nossa marca já publicita o facto de utilizarmos rolha de cortiça natural desde 2007, altura em que decidimos abdicar da utilização da cápsula (invólucro colocado na parte exterior da garrafa na zona do gargalo que normalmente impede a visualização do tipo de vedante que se encontra na garrafa) para passar a ostentar no gargalo uma gargantilha que enaltece o facto de utilizarmos como vedante do nosso Torre do Frade rolha de cortiça natural. Para além deste detalhe, também no contra-rótulo indicamos o tipo de vedante utilizado. Esta campanha agora lançada na imprensa chega como sequência lógica desta estratégia de diferenciação ao nível da apresentação do produto que temos vindo a implementar desde 2007”. Diogo Albino responde afirmativamente à pergunta se considera saudável para o mercado nacional de vinhos estas campanhas ‘cruzadas’ de promoção, dizendo: “pessoalmente considero saudável esta discussão, pois enquanto consumidor gosto de estar informado e quando pago para beber um vinho faço questão de saber qual o tipo de vedante utilizado naquela garrafa. As campanhas servem para promover este tipo de comportamento e elevar o padrão de exigência em relação a esta temática. A trans-

Soluções mistas Mas há vários produtores e enólogos nacionais que não têm visões tão ‘extremadas’ preferindo soluções equilibradas onde usam rolha de cortiça natural para os vinhos de guarda, rolhas técnicas para outros tintos médios e cápsula de rosca para vinhos brancos, rosés e tintos de consumo imediato. Alexandre Relvas Jr, da Herdade de São Miguel, em Redondo, é um desses produtores de vinho, e também de cortiça, defendendo “uma boa rolha de cortiça natural, com garantia de estar isenta de TCA [vulgo ‘gosto a rolha’], para os vinhos tintos premium, o uso de rolhas técnicas para vinhos tintos que se possam consumir até dois anos e screwcaps para os brancos e rosés, bem como para alguns tintos destinados a exportação para determinados países, como os EUA”.

parecia nesta matéria é muito importante para quem consome, quem sabe se estes eventos cruzados podem contribuir para o aceleramento da aprovação do projecto-lei que visa obrigar todos os vinhos comercializados em Portugal a conterem no contra-rótulo a informação do tipo de vedante utilizado”. O responsável do Torre do Frade adianta que “já há outros produtores interessados em participar” e “estamos a discutir com estas entidades [da indústria da cortiça] uma forma de podermos trabalhar em conjunto para a eventualidade de se fazer uma campanha com diversos produtores a promover esta causa” mas salienta ainda que a campanha publicitária embora tenha tido “um excelente acolhimento por parte de todos os implicados no sector da cortiça, este apoio nunca passou nem passa pelo cariz financeiro. Esta é uma iniciativa de Proteccionismo Económico Liberal Privada”.

O produtor lembra também a importância crescente que o bag in box tem vindo a ter em Portugal mas principalmente em alguns países nórdicos, “como a Noruega onde 90% do vinho é consumido neste tipo de embalagem, que, além do mais, é responsável por muito menos emissões por ser muito mais leve”. Essa poderá ser a ‘ameaça’ do futuro. Posição muito idêntica, em termos de vedantes, tinha já tido o enólogo Mário Andrade, em 2008 ao afirmar, em Vila Real no Infowine Fórum, que a tónica principal a colocar nesta questão é “qual é o melhor vedante que podemos utilizar nos diferentes vinhos”. O enólogo, que trabalha nas regiões do Ribatejo, Alentejo e Algarve, está a utilizar nos seus vinhos topo de gama, para envelhecer a muitos anos, rolhas de cortiça natural. “Não estou satisfeito com nenhum dos estudos até agora em termos de vedantes alternativos, pelo que optei por uma rolha de cortiça natural”, salientou à Lusa. Já para os vinhos tintos, que consomem mais oxigénio, são de gama média e duram cerca de dois a três anos, elegeu as rolhas técnicas, as quais salienta que não levantam problemas de TCA e que permitem uma boa vedação e permeabilidade do oxigénio.”Em vinhos brancos e rosés, para

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consumo de um ano ou dois anos e de maneira a conservar a frescura, estou a utilizar screwcap”, salientou mas, para isso, diz que teve que mudar as “práticas enológicas. A principal mudança está a nível dos antioxidantes. Não posso proteger tanto o vinho da oxidação”, explicou. No entanto, Mário Andrade referiu que, já nessa altura em 2008, uma empresa italiana estava a desenvolver uma rolha metálica de enroscar que permite uma “maior permeabilidade do oxigénio”, que poderá inibir os problemas de redução que provocam os odores estranhos nos vinhos. Mas vários estudos recentes (2007 a 2009) salientam precisamente este fenómeno da redução do vinho (por falta de oxigenação) como um dos principais problemas da screwcap. Sendo por isso uma das razões pela qual vários produtores, enólogos e opinion makers (críticos de vinho, jornalistas, etc.) já têm vindo a recuar na decisão de ‘enterrar’ a rolha de cortiça, pelo menos para alguns vinhos. Por oposição, os vedantes de plástico têm provado ser demasiado permeáveis ao oxigénio, provocando assim uma exagerada oxigenação do vinho. Um dos estudos mais recentes, publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, em Outubro de 2009, por um grupo de investigadores da Faculdade de Enologia da Universidade de Bordeaux, liderado por Paulo Lopes, apresenta os resultados de uma investigação para determinar o efeito do oxigénio dissolvido na embalagem e as propriedades de barreira de oxigénio específica dos vedantes comercialmente disponíveis na composição, cor e características sensoriais de um vinho de Bordeaux Sauvignon Blanc durante dois anos de armazenamento.

A importância do oxigénio para o desenvolvimento do vinho após o engarrafamento foi também avaliada utilizando um frascoampola hermético. Além disso, o aroma e o paladar dos vinhos também foram avaliados. O estudo mostra que “a combinação de oxigénio dissolvido na embalagem e do oxigénio transferido através do vedante tem um efeito significativo sobre o desenvolvimento do Sauvignon Blanc após o engarrafamento”. A análise salienta ainda que “os vinhos muito expostos ao oxigénio na embalagem e os que foram selados com um vedante sintético, Nomacorc clássico, altamente permeável ao oxigénio, estavam relativamente oxidados no aroma, acastanhados na cor, e com um baixo teor de antioxidantes e compostos voláteis em relação aos vinhos selados com outros vedantes”. Por outro lado, acrescenta o resumo do trabalho destes investigadores, “os vinhos selados sob condições mais herméticos, frasco-ampola e screwcap Saran-tin, apresentaram a menor taxa de escurecimento e demonstraram maior conteúdo de antioxidantes e tióis varietais, mas também elevados níveis de H2S, que foram responsáveis pelo carácter dominante de redução nestes vinhos, enquanto os vinhos vedados com rolhas de cortiça e cápsula de rosca Saranex apresentaram redução e oxidação insignificante”.

Uma ‘guerra’ atrasada dez anos O director-geral da Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR), Joaquim Lima, salienta que “esta ‘guerra dos vedantes’ chegou a Portugal com dez anos de atraso e que durante esse tempo a indústria da cortiça fez um esforço extraordinário para resolver o problema do TCA, que não é exclusivo da cortiça, pode encontrar-se em muitos locais e substâncias. E o ‘gosto a rolha’ é hoje um problema quase inexistente”. Para se perceber a importância desta ‘guerra’ convém lembrar que a rolha representa cerca de 70% das exportações de cortiça, enquanto o segmento dos materiais de construção e decoração (embora tenham vindo a crescer nos últimos anos), asseguram apenas 12 a 15%, refere o responsável da APCOR.

Há dez anos, os vedantes de plástico foram os primeiros a retirar mercado à rolha de cortiça mas hoje, a tampa de alumínio com rosca ‘roubou’ quota tanto ao plástico como à cortiça. “Admitimos que a screwcap ainda irá crescer mas o problema de redução já fez com que vários produtores dos Estados Unidos e da Austrália que ensaiaram a cápsula de rosca, já tenham voltado de novo à cortiça”, diz Joaquim Lima. O relatório de 2009 sobre vedantes da Wine Business Monthly, divulgado em Junho, revelou que cada vez mais produtores norte-americanos de vi-


nho estão a usar vedantes diversificados, de acordo com cada tipo de vinho. Mostrou ainda que o uso de rolhas técnicas de cortiça subiu para 30%, contra 20% em 2004, e que os vedantes sintéticos fizeram o percurso inverso: 20% agora, depois terem atingido os 30% em 2004. Além dos problemas de redução, não serão também alheios a esta inversão na decisão dos produtores na escolha dos vedantes vários estudos de mercado realizados junto dos consumidores dos EUA, que mostraram que a screwcap continua a ser associada a vinhos de baixa qualidade e que a cortiça natural é o vedante preferido. De acordo com o estudo de percepção do consumidor conduzido por Nelson Barber of Texas Tech University e Chris Taylor, da Eastern New Mexico University (publicado pela mesma revista WBM de Setembro), “quando se trata de vedantes 71% das pessoas preferem a cortiça natural (ligeiramente mais homens do que mulheres), e os homens preferem mais os vedantes sintéticos e as tampas de rosca do que mulheres. A cortiça natural também foi a primeira escolha quando é vinho para oferecer e quando se come fora de casa. As decisões em relação ao vedante são tomadas cada vez mais à medida do sexo do consumidor, idade, rendimento e do vinho”. E quando se olha “para a ‘percepção’ geral de todos os quatro vedantes, descobrimos que cortiça natural continua a ser o mais cotado (4 numa escala de 5 pontos). Esta avaliação é impulsionada pela aceitação do consumidor em relação à cortiça natural (4,5), o desempenho na linha de engarrafamento (4) e o desempenho do produto. Porque a cortiça natural é geralmente mais cara do que os outros quatro tipos de vedante, a sua única baixa avaliação é o preço (3,1), porém, desde 2004, a percepção de preço tem vindo a deslocar-se mais para o positivo”, salienta o estudo.

InterCork: 21 milhões para promover a cortiça Precisamente para promover a cortiça (com forte incidência na rolha) nos principais mercados internacionais, a APCOR apresentou o programa InterCork – Promoção Internacional da Cortiça. Este é o maior projecto de comunicação desenvolvido até à data para a promoção da cortiça. Com um orçamento total de 21 milhões de euros, o Intercork contará com 12,5 milhões de euros para a promoção da rolha de cortiça, chegando a países como França, Itália, Reino Unido, Alemanha e EUA. Os públicosalvo a atingir são o consumidor, a grande distribuição, a indústria vinícola, os líderes de opinião, organismos profissionais, media, distribuidores e importadores, tal como universidades e laboratórios. No caso dos materiais de construção e decoração, e com um orçamento de seis milhões de euros, a campanha chegará aos EUA e Canadá, Alemanha, Rússia, Japão, Bélgica, Holanda, China e Emirados Árabes Unidos e a públicos como arquitectos, engenheiros, designers, decoradores, retalhistas, importadores e distribuidores, escolas técnicas, universidades, centros de design, consumidor final e media especializado. Entre as diversas acções a realizar encontra-se a criação de 12 gabinetes de imprensa para informar sobre a cortiça, para além da entrada da Cortiça nas redes sociais como o Facebook, Twitter e Youtube, com filmes virais em vários mercados e de um novo look and feel para o site da APCOR.

A organização prevê ainda um orçamento de 2,5 milhões de euros para desenvolver acções transversais a todos os mercados como a criação e produção de suportes de informação e comunicação. Este projecto tem uma participação pública de 80% do Compete – Programa Operacional Factores de Competitividade, sendo que os restantes 20% são financiados por fundos privados, essencialmente de associados da APCOR e de associações e empresas de cortiça nos diferentes mercados. Mais informações em : http://www.enovitis.com/content. aspx?menuid=13&eid=4915

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Mineral em madeira promove eficiência O processamento industrial de madeira pode ser beneficiado com os resultados de um estudo do Laboratório de Produtos Florestais (LPF) do Serviço Florestal Brasileiro que avaliou a quantidade de sílica em 36 espécies de madeiras tropicais.

O mineral é encontrado naturalmente na madeira e está entre as principais características que interferem na trabalhabilidade desse produto, ao lado da densidade da madeira e da forma como as fibras são orientadas. Quanto mais sílica, mais difícil é de serrar ou laminar a madeira, pois o composto aumenta a resistência ao corte. O teor do mineral variou de 0,07% a 1,6% da composição total madeira, sendo que o maior percentual foi registrado na garapa (Apuleia leiocarpa). No conjunto, 12 espécies tiveram valores iguais ou maiores que 0,5%. “Acima desse número, já atrapalha o processamento”, diz o químico do LPF Marcos Santana, um dos autores do artigo, publicado na primeira edição deste ano da revista científica alemã Holzforschung e divulgado no site http://www.florestal.gov.br. É a primeira vez que um estudo traz dados precisos sobre a percentagem de sílica nas madeiras. “É uma informação a mais para ajudar a planear o processamento da madeira, pois a sílica desgasta os instrumentos de corte. Assim, as espécies com maior teor de sílica deveriam ser processadas ao final”, refere o químico. Este planeamento favorece o aumento da vida útil das facas, lâminas e serras. Dados do SFB e do Imazon de 2009 mostram que naquele ano foram produzidos quase 6 milhões de metros cúbicos de madeira processada, entre madeira serrada bruta e beneficiada, além de laminados e compensados.

Precisão Os métodos usados tradicionalmente apresentam dificuldades para quantificar a sílica com alta confiabilidade. O LPF, então, desenvolveu uma metodologia própria, mais simples e rápida, que usa um equipamento capaz de detectar a quantidade de componentes químicos em partes por milhão (PPM). “Em vez de levarmos três ou quatro dias para analisarmos cada amostra, gastamos apenas algumas horas”, diz o químico. Refere ainda que os resultados podem ser aplicados em outras áreas, como a de produtos. A presença de sílica está ligada à resistência de madeiras contra micro-organismos marinhos e os dados podem ser úteis para o desenvolvimento de produtos que ficam em contato com a água do mar, como decks e píers. Já a metodologia pode ser usada para diferenciar espécies de madeira muito parecidas, seja para estudos ou laudos periciais. As madeiras dos gêneros Couropita e Couratari, que se confundem facilmente a olho nu e são indistinguíveis macroscopicamente, podem ser identificadas pela sílica, presente apenas no gênero Couratari. O artigo científico é assinado pelos pesquisadores do LPF Marcos Santana e Esmeralda Okino, da Área de Química, Adesivos e Borracha Natural; Vera Coradin, da Área de Anatomia e Morfologia; Mário Rabelo de Souza, da Área de Engenharia e Física; além de Laércio Carneiro Rodrigues, do Núcleo Regional de Polícia Técnico-Científica de Luziânia (GO). Em 2013, o LPF completa 40 anos de atuação na área de tecnologia de madeira e outros produtos florestais, com a geração, difusão e transferência de conhecimento para contribuir com o desenvolvimento sustentável no setor florestal.


Biocrude das giestas O maior projecto que está a ser desenvolvido em Portugal na área dos biocombustíveis de 2ª e 3ª geração pela BLC 3 – Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro pretende produzir pela primeira vez a nível mundial biocrude através da utilização das giestas.

O BioREFINA-TER, um projecto inovador de transformação da vegetação espontânea da floresta em biocombustíveis lenhocelulósicos substitutos do gasóleo e da gasolina, já tem uma pré-candidatura aos fundos da União Europeia, no valor de 118 milhões de euros, tendo sido considerada por Bruxelas como “relevante”. O projecto que é considerado como altamente estratégico para alavancar em Portugal uma das mais promissoras indústrias da primeira metade do século XXI – a bioenergia - já conseguiu atrair uma rede de conhecimento que engloba 29 entidades de I&D de três países europeus, empresas de renome internacional e várias universidades portuguesas e estrangeiras. Numa primeira fase, o BioREFINA-TER, que no ano passado foi financiado pelo Fundo Florestal Permanente em 500 mil euros, abrangerá os concelhos de Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil e Góis, através da construção de uma Biorrefinaria de demonstração industrial com capacidade para produzir cerca de 25 milhões de litros de biocombustíveis de segunda geração com base em vegetação espontânea. Isto permitirá colocar Portugal na vanguarda da tecnologia e da independência do petróleo.

O BioRefina-Ter foi considerado pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia como “um projeto prioritário e de grande interesse nacional”. Quando o conceito tecnológico estiver provado e a logística operacionalizada, o BioREFINA-TER tem a pretensão de alavancar a indústria nacional de bioenergia, como se pode ler no site desta Plataforma de Desenvolvimento, replicando o modelo em todo o país, por via da construção de uma biorrefinaria que, segundo o conceito que está a ser patenteado internacionalmente, poderá representar, pelo menos, uma poupança anual de 1,5 mil milhões de euros nas importações de petróleo. No final de 2011, o BioREFINA-TER registou um grande avanço científico ao conseguir produzir – pela primeira vez no mundo - o primeiro bio-crude feito através da giesta, que está agora em processo de refinação como substituto do gasóleo e da gasolina. É neste contexto que este projecto poderá transformar o paradigma de desenvolvimento do interior do país.

Inovação A BLC 3 – Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro, com sede em Oliveira do Hospital acaba de conseguir fabricar, em laboratório, pela primeira vez a nível mundial, biocrude proveniente da giesta. Segundo a BLC 3 o biocrude vai agora ser refinado, à escala laboratorial, para obter biocombustíveis substitutos da gasolina e do gasóleo. “Este resultado científico, conseguido através de uma espécie autóctone bastante rica em açucares e com grande capacidade de se multiplicar sem a intervenção direta do homem, vem abrir uma excelente perspetiva para a obtenção de biocombustíveis de 2ª geração, no âmbito do projeto que a BLC 3 se encontra a desenvolver”, refere João Nunes responsável da plataforma. Uma das particularidades deste projeto, que procura valorizar no território a vegetação que hoje está destinada a ser devorada pelos incêndios florestais, “prende-se com o facto de não entrar em competição nem com as culturas alimentares nem com a floresta, uma vez que tem como principal matéria-prima os matos e incultos existentes em solos esqueléticos e sem capacidade para uso agrícola rentável”.

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Nota: Este artigo foi escrito ao abrigo do Antigo Acordo Ortográfico


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Grupo representa 40,7% da área nacional certificada

Portucel Soporcel adere à iniciativa “FSC® Friday” O grupo Portucel Soporcel promove uma gestão eficiente e responsável dos seus espaços agroflorestais, encarando a certificação da floresta como um factor chave de sustentabilidade que visa fortalecer a sua presença num mercado internacional cada vez mais competitivo. Há cinco anos que o Grupo possui a certificação do Forest Stewardship Council® (FSC), para o seu modelo de gestão florestal.

O grupo Portucel Soporcel promove uma gestão eficiente e responsável dos seus espaços agroflorestais, encarando a certificação da floresta como um factor chave de sustentabilidade que visa fortalecer a sua presença num mercado internacional cada vez mais competitivo. Há cinco anos que o Grupo possui a certificação do Forest Stewardship Council® (FSC), para o seu modelo de gestão florestal. A área certificada do Grupo inclui todo o seu património em Portugal Continental e é líder europeu na produção de pasta branqueada de eucalipto e no sector dos papéis de escritório e papéis para a indústria gráfica, o grupo Portucel Soporcel encara a floresta como um dos mais importantes pilares para a sustentabilidade do seu negócio, tendo a sua gestão florestal certificada pelos sistemas internacionalmente reconhecidos, as iniciativas FSC® (Forest Stewardship Council - CO10852) e PEFC (Programme for the Endorsement of Forest Certification schemes).

O Grupo foi a primeira entidade em Portugal a usufruir da gestão florestal certificada simultaneamente pelos dois sistemas.

Em linha com a sua estratégia de promoção da gestão florestal certificada em Portugal, e da adopção dos princípios estabelecidos pelo sistema FSC, em 2007, quando alcançou a certificação, o Grupo junta-se este ano à quinta edição do “FSC Friday”, iniciativa que ocorre no dia 28 de Setembro. Promovido pelo FSC, o “FSC Friday” é um evento anual que celebra as florestas de todo o mundo e envolve escolas, empresas e produtores florestais em torno da gestão responsável da floresta e da preservação da natureza. Neste dia, o FSC convida to-

das as pessoas e entidades a pensar sobre os produtos de madeira e papel que compram habitualmente e a procurar os que têm a marca FSC, a marca da gestão florestal responsável. Para José Honório, Presidente da Comissão Executiva do grupo Portucel Soporcel, “A certificação florestal pelo FSC foi um passo decisivo no processo de constante melhoria da gestão florestal, visando optimizar a rentabilidade dos activos florestais e, simultaneamente, dar continuidade ao cumprimento das responsabilidades ambientais e sociais do Grupo, pelo que continuará a promover a divulgação de iniciativas que visem sensibilizar para a importância da gestão florestal certificada.” O Grupo vê a certificação florestal como um veículo para fortalecer a sua presença num mercado internacional cada vez mais exigente quanto à origem da matéria prima dos seus produtos, e como forma de dar resposta aos legítimos anseios da sociedade.


A Portucel Soporcel tem sido também o grande promotor da certificação florestal em Portugal, enquanto condição essencial para garantir a competitividade dos produtos florestais nos mercados internacionais e estimular a adopção de boas práticas silvícolas e planos de protecção da floresta contra incêndios. Para isso, tem estabelecido protocolos de cooperação com organizações de produtores e dinamizado acções de formação e sensibilização junto dos proprietários, destacando-se o facto de ter introduzido no mercado um prémio monetário pago pela madeira certificada, medida que levou a FAO, no seu relatório “Forest Products Annual Review” de 2007/2008, a considerar Portugal um caso pioneiro de inovação na promoção da gestão florestal certificada. A área de floresta certificada do Grupo tem vindo a aumentar gradualmente, comprovando o seu esforço e investimento na implementação das melhores práticas florestais. Em pouco mais de 5 anos, o Gru-

po aumentou a área de florestas certificada em mais de 20 mil hectares, contando hoje com cerca de 120 mil hectares certificados, e obteve este ano a renovação da sua certificação pelos dois sistemas. O grupo Portucel Soporcel possui ainda a certificação da Cadeia de Responsabilidade, em conformidade com os referenciais normativos FSC (certificado Nº - SW-CoC/ CW-oo1829) e PEFC (certificado Nº - APCER/2007/CDR.0008), em todas as suas unidades fabris. Esta certificação tem a capacidade e o benefício de demonstrar à sociedade que é garantida a rastreabilidade da matéria-prima ao longo de todas as etapas de manuseamento e transformação e comercialização dos produtos florestais. A utilização dos logótipos FSC nos produtos do Grupo contribui para a criação de valor para as suas marcas, garantindo aos clientes o consumo consciente de produtos fabricados a partir de uma floresta gerida de forma responsável.

Forest Stewardship Council – FSC FSC – Forest Stewardship Council – (organismo sedeado em Bona) é uma organização independente, não-governamental, sem fins lucrativos, criada para promover a gestão responsável das florestas do mundo inteiro. O FSC promove a boa gestão florestal através do cumprimento de princípios e critérios que representam um padrão de reconhecimento e respeito internacional. Surgida na década de 90, esta iniciativa envolve, no plano internacional, entidades e profissionais das diversas áreas de interesse na gestão dos recursos florestais. A certificação FSC fornece uma ligação credível entre uma produção responsável e o consumo de produtos florestais, permitindo que os consumidores e as empresas tomem decisões de compra, que irão beneficiar as pessoas e o ambiente, bem como assegurar um valor crescente aos negócios.

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Sobre o grupo Portucel Soporcel O grupo Portucel Soporcel é uma das mais fortes presenças de Portugal no mundo. A nova fábrica de papel teve um impacto significativo na economia nacional, posicionando o Grupo como líder europeu na produção de papéis finos de impressão e escrita não revestidos (UWF) e 6º a nível mundial. Portugal passou assim a ocupar a posição cimeira no ranking europeu dos países produtores deste tipo de papéis. O Grupo é também o maior produtor europeu, e o quarto a nível mundial, de pasta branqueada de eucalipto BEKP – Bleached Eucalyptus Kraft Pulp. O grupo Portucel Soporcel encontra-se entre os três maiores exportadores em Portugal, sendo possivelmente aquele que gera o maior Valor Acrescentado Nacional. O Grupo representa 0,7% do PIB nacional, cerca de 3% das exportações nacionais e 10% da movimentação de carga contentorizada e convencional exportada pelos portos portugueses. É um grupo florestal verticalmente integrado, que dispõe de um Instituto de Investigação Florestal próprio, líder mundial no melhoramento genético do Eucalyptus globulus. Gere em Portugal um património florestal de cerca de 120 mil hectares e a gestão florestal responsável praticada pelo Grupo encontrase certificada pelos sistemas pelos sistemas internacionalmente reconhecidos, FSC ® (licença nº FSC C010852) e PEFC™ (PEFC/13-23-001). Dispõe de uma capacidade instalada de 1,6 milhões de toneladas de papel, de 1,4 milhões de toneladas de pasta (das

quais 1,1 milhões integradas em papel) e de 2,5 TWh/ano de energia eléctrica, atingindo um volume de negócios anual de cerca 1,5 mil milhões de euros. Fruto de um recente investimento na duplicação da capacidade de produção dos seus viveiros, o Grupo dispõe dos maiores viveiros florestais da Europa, com uma capacidade anual de produção de cerca de 12 milhões de plantas certificadas de diversas espécies, que se destinam à renovação da floresta nacional. O Grupo tem seguido, com sucesso, uma estratégia de inovação e desenvolvimento de marcas próprias, que hoje representam mais de 64% das vendas de produtos transformados, merecendo particular destaque a marca Navigator, líder mundial no segmento Premium de papéis de escritório. As vendas do Grupo têm como destino 120 países nos cinco continentes, com destaque para a Europa e EUA. No âmbito da sua estratégia de expansão internacional, o Grupo está a desenvolver um importante projecto de investimento florestal verticalmente integrado em Moçambique, que culminará com a construção de uma fábrica de produção de pasta de celulose com uma capacidade anual de 1,3 milhões de toneladas.

Mais informações em: www.portucelsoporcel.com

O Grupo ocupa também uma posição de destaque no sector da energia, como primeiro produtor nacional de “energia verde” a partir de biomassa, uma fonte renovável de energia.


Boca do Lobo

qualidade internacional BOCA DO LOBO móveis é uma experiência exclusiva emocional, um sentimento de pertença e um estado de espírito. Assim se pode ler no site da empresa. Incentivar experiências sensacionais, criando peças belas que são resultado de uma elevada inspiração, são peças artesanais feitas em Portugal por uma equipa que ama o que faz; experiências que trespassam uma sensação de exclusividade. Os designers possuem um talento inato para compor peças que alimentam a emoção dos clientes, tendo por base uma sabedoria, e experiência acumulada ao longo dos anos, associada a um grande amor e dedicação, onde nenhum detalhe ou elemento é ignorado.

Design exclusivo O design é a razão de ser da Boca do Lobo, cada peça reflecte o desejo de projectar peças portadoras de uma personalidade única, com um caráter sofisticado, elegante e cheio requintem numa coleção intemporal. O objetivo desta marca é trazer excelência, com a concepção de peças exclusivas. Em termos de inovação trata-se de um processo dinâmico tanto em termos tecnológicos como de design que permite uma contínua reinterpretação da marca que tem como filosofia: manter uma performance constante que permita uma elevada qualidade do produto final. Tudo isso é traduzido numa busca consistente que adiciona e reinvente novos contextos para oferecer o melhor. A Boca do Lobo tem mudado e crescido desde a sua fundação, mas os valores originais são fundamentais e permanecem no dia a dia da empresa.

História A Boca do Lobo é uma marca portuguesa de mobiliário, criada em Rio Tinto. A marca foi funda-

A marca posiciona-se como mobiliário exclusivo o qual conjuga tradição artesanal com design contemporâneo. da em 2005 pelo designer de produto Amândio Pereira e pelo designer de interiores Ricardo Magalhães. O projecto faz parte da empresa Menina Design Group, grupo que detém outras marcas do sector mobiliário. A empresa é uma marca de referência no sector do mobiliário em Portugal. As peças têm uma assinatura vanguardista e extravagante, vindo assim marcar uma viragem no design português. De Londres ao Dubai, esta marca já foi representada em vários países, expondo o seu mobiliário nas mais concorridas feiras do sector e elevando o design português. Todos os seus produtos são feitos a partir de materiais de alta qualidade, incluindo madeiras maciças trabalhadas à mão por

Cada peça transporta o admirador a uma viagem e a lugares únicos, como o próprio site diz, trata-se de uma viagem para a Boca do Lobo, um mundo de emoções.

artesãos de longa experiência, revitalizando assim a arte da marcenaria. Os acabamentos são igualmente um selo da identidade da marca garantindo a autenticidade, qualidade e modernidade das peças. O reconhecimento da Boca do Lobo resulta sobretudo da sua aposta na internacionalização e no reconhecimento prestado pela imprensa. Assim sendo a marca já fez matéria em várias publicações nacionais e internacionais de destaque, como Vogue Living, Deco Marie Claire, Architectural Digest, Casa Claudia, Elle, Design Today’, entre outras. Presente com os seus produtos em várias feiras, de que são exemplo a Maison et Objet em 2010, no ano anterior decorou a sala VIP da ModaLisboa e teve novas peças no Limited Edition na Tent London com o Projecto Portugal Brands. Estiveram presente na Export Home Angola e na International Contemporary Furniture Fairm bem como na Milan Design Week e na Salone Internazionale del Mobile, Zona Tortona, com o projecto Portu-

gal Brands. Architectural Digest Design Show - primeira presença da num show dos E.U.A.. Peça Mondrian da Limited Edition seleccionada para ser exibida numa montra da 5th Avenue da Lord & Taylor Nova Iorque. Em Janeiro de 2009, em Paris, foi considerada a marca mais inovadora enquanto expositora na Maison & Objet em Scènes d’Intérieur. Parceria com a marca portuguesa Aldeco no seu stand na Maison & Objet éditeurs. Em 2009, foi responsável pela renovação do Hotel Infante de Sagres, um hotel que faz parte da colecção Small Luxury Hotels of the World. Para além de outras participações e, feiras e certames, onde esteve presente desde a sua constituição, com o objectivo de promover o design português para reforçar a competitividade e o desenvolvimento económico do país. Esta dinâmica constante permitiu-lhe receber vários prémios, como o Winner Product Design Juli, o Nelli Rodi Trend e o Elle Decoration International Design Awards.

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Portugal longe da biodiversidade florestal Portugal foi o destino escolhido pela maior organização mundial de investigação em florestas para debater a questão da gestão sustentável. A gestão sustentável das florestas tanto ao nível das plantações como da prevenção dos fogos, é um dos principais desafios a enfrentar pela indústria florestal portuguesa – uma opinião deixada por Pekka Saranpää, responsável da IUFRO (Associação Mundial das Organizações de Estudos Florestais). O chairman do congresso da Divisão 5 da IUFRO (International Union of Forest Research Organizations), que se realizou em Julho no Estoril, explicou a importância do setor florestal para o futuro do bem-estar mundial.

Pekka Saranpää alertou para os principais desafios do sector florestal a curto prazo – aumento da população, o perigo da desflorestação e a cada vez maior procura da madeira para bioenergia – elogiou a inovação portuguesa na área da cortiça mas deixou um conselho para o sector florestal português: “Infelizmente, a comunidade internacional não conhece outra indústria florestal ou de construção em madeira” de origem portuguesa. Os tempos de crise não favorecem, porém, a utilização responsável dos recursos naturais, lamenta Saranpää: “Quando há dificuldades financeiras, como actualmente em Portugal, a tendência é esquecer a protecção da natureza. As decisões concentram-se nos efeitos imediatos e ignoram as consequências para o futuro das gerações seguintes”. Calcula-se que cerca de 18% das emissões globais de gases com efeito de estufa estão relacionadas com a destruição de recursos florestais. A IUFRO organiza, de quatro em quatro anos, em países diferentes, um congresso mundial de produtos florestais. Este ano, mais de 500 cientistas de 62 países, especialistas da área das florestas, estiveram reunidos no Estoril para apresentar o estado actual da investigação mundial em soluções de sustentabilidade e produtos florestais. A indústria florestal portugue-

“O avanço da desflorestação e a utilização cada vez maior da madeira para bioenergia estão entre as principais ameaças à sustentabilidade”, acrescenta o responsável.

sa é ainda pouco conhecida internacionalmente, sendo excepção única a área ligada à cortiça. O congresso da IUFRO foi também uma oportunidade para a apresentação das indústrias florestais portuguesas, nomeadamente a relacionada com a construção de madeira.

fender a biodiversidade. Para isso tem de ser gerida a área florestal para fins económicos de forma a retirar dela os rendimentos que permitam garantir a protecção da floresta natural”. Isto significa que, “se temos árvores de crescimento como o eucalipto, para pasta de papel, necessitamos igualmente de diferentes tipos de madeira, de árvores de crescimento lento e florestas de espécies mistas. E de florestas preservadas por terem outro tipo de valor como, por exemplo, florestas para fins recreativos”, defende o responsável da IUFRO. E explica que a organização procura soluções que permitam ter floresta para fins imediatos, assegurando ao mesmo tempo a biodiversidade.

Procurando soluções de sustentabilidade, os participantes defenderam que, no futuro, a área de floresta seja dividida entre zonas de cultivo mais intenso, como a agricultura e espécies florestais destinadas a exploração comercial, e zonas florestais protegidas que assegurem a biodiversidade, como zonas de floresta natural virgem.

Reconhece que a floresta deve dar rendimento, mas lembra que tem de haver uma boa gestão do crescimento das árvores. E, principalmente, que deve ser assegurada a sustentabilidade da floresta e tem de ser garantido o equilíbrio: “Não podemos destruir este valioso recurso natural sacrificando-o ao lucro económico”, sublinha. De acordo com Saranpää, a introdução de espécies forasteiras nem sempre tem bons efeitos e disso há muitos exemplos no mundo inteiro.

Segundo Pekka Saranpää, “temos de encontrar uma fórmula que nos permita de-

Uma das equipas de investigação na IUFRO ocupa-se, em particular, de estudar


para que a gestão dos recursos naturais seja entendida de forma responsável, Saranpää reconhece que estamos melhor, pois “as sociedades estão, hoje em dia, mais conscientes daquilo que está em jogo”. Helena Pereira, investigadora do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, admite ao blog Diário Agrário que houve decisões negativas, do ponto de vista da sustentabilidade da floresta, “que obedeceram a interesses económicos, com desflorestação em grande escala e extracção ilegal de madeira”. Ressalva, porém, que “garantir sustentabilidade, protegendo florestas e espaços naturais, é hoje preocupação essencial nos setores da produção e da transformação”.

estratégias para o futuro. A humanidade não sabe hoje se conseguirá encontrar uma solução para a crise energética, a reserva fóssil está a esgotar-se, o petróleo acabará por se esgotar. Há que repensar certas soluções, diz Saranpää, apontando exemplos: “A utilização de madeira na construção de edifícios seria vantajosa em comparação com a utilização de outros materiais porque, quando tiverem de ser demolidos, essa madeira pode ser utilizada como fonte de energia, para pasta de papel, fins químicos ou biocombustível.” Defendendo que há muito a fazer ainda

“Necessitamos de produção de madeira, de madeira para bioenergia, para pasta de papel – sem descurar a biodiversidade e a conservação dos recursos naturais”, assinala. E acrescenta que “são necessários estudos sérios para encontrar soluções”.

Considerando existir capacidade técnica em Portugal para actuar bem em termos de gestão florestal, lembra que “não é fácil conseguir uma gestão eficaz, porque a nossa floresta é privada, temos proprietários pouco informados e um mercado pouco transparente, e as áreas são pequenas”. Referiu ainda ao site http://greensavers. sapo.pt/2012/03/22/pekka-saranpaa-ospaises-europeus-deveriam-aumentaro-valor-dos-produtos-florestais/ que a escolha de Portugal para a realização deste evento se deve ao facto de as duas últimas conferências da Divisão 5 terem sido organizadas na Nova Zelândia e Taiwan, “desta vez quisemos dar uma oportunidade para os cientistas da Europa e países vizinhos inscreverem-se na iniciativa. Portugal e Estoril têm excelentes condições logísticas para organizar a conferência. Por outro lado, a pegada ambiental das conferências internacionais está a ganhar cada vez mais atenção mundial, e esta conferência irá tentar reduzir o impacto ambiental directo e encorajar as pessoas a tomarem decisões responsáveis. O Centro de Congressos do Estoril já recebeu a certificação da Green Globe International, um programa que reconhece o compromisso da União Europeia em atingir os mais altos standards ambientais no mundo. O edifício é também um excelente exemplo da utilização da madeira na construção”.

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Benefícios ‘escondidos’ das florestas As florestas são essenciais para a nossa sobrevivência e bem-estar. Elas conseguem limpar o nosso ar, a nossa água, o nosso solo e regulam o nosso clima. Apesar de nem sempre estarem associadas a paisagens urbanas, elas desempenham funções de valor inestimável, mesmo que invisível. Estudos científicos mostram que as florestas urbanas e os espaços verdes ajudam a melhorar a saúde física e o bem-estar psíquico. Mais de três quartos das pessoas na Europa vivem em áreas urbanas, pelo que as árvores são agora mais importantes do que nunca.


1. As alterações climáticas aumentam os riscos para a saúde

Estima-se que as alterações climáticas levem a um aumento de 2ºC a 5ºC das temperaturas médias anuais da Europa até 2100. As ondas de calor apresentam riscos, em particular para os idosos e para as pessoas que sofrem de doenças respiratórias e cardiovasculares. Muitas vezes, a qualidade do ar piora durante as ondas de calor, agravando problemas de saúde. Os idosos são particularmente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. Na Europa, a proporção da população com 65 anos ou mais aumentou de 10% em 1960 para 16% em 2010 – e espera-se que aumente para 30% em 2060. Ao mesmo tempo, o número de pessoas a viver em áreas urbanas também está a crescer. Hoje cerca de 75% da população da UE vive em áreas urbanas, devendo chegar a 80% em 2020. Nesta sociedade cada vez mais envelhecida e urbanizada, as florestas e os espaços verdes podem revelar-se muito úteis.

3. As florestas melhoram a qualidade do ar

As florestas e os espaços verdes ajudam a melhorar a qualidade do ar em áreas urbanas e rurais. Eles extraem uma vasta gama de poluentes do ar, tais como partículas e óxidos de carbono emitidos, por exemplo, pelos automóveis e pela indústria. As árvores também ajudam a combater as mudanças climáticas – num ano, uma árvore adulta absorve cerca de 22 Kg de dióxido de carbono da atmosfera, libertando, em troca, oxigénio. A cada ano, estima-se que 1,3 milhões de árvores removam mais de 2.500 toneladas de poluentes do ar. 4. As florestas evitam inundações

As plantas facilitam a infiltração das águas das chuvas no solo. Plantar árvores e criar espaços verdes urbanos são, portanto, passos essenciais para o fortalecimento da infra-estrutura verde da Europa, pois contribuem fortemente para a gestão de inundações.

2. As florestas reduzem as ondas de calor urbano

5. As florestas ajudam a saúde

As árvores e os arbustos refrescam as áreas circundantes através de uma série de mecanismos. As suas folhas reflectem a luz e o calor e proporcionam sombra, enquanto a sua transpiração liberta água para o ar – o que faz baixar as temperaturas em volta. Estes processos naturais podem reduzir parcialmente os impactos negativos das ondas de calor em áreas urbanas. Alguns estudos prevêem que as temperaturas em áreas urbanas, em locais com somente 10% de cobertura vegetal, possam aumentar 8,2ºC nos próximos 70 anos. Por outro lado, o aumento da cobertura verde nas cidades em 10% pode restringir esse aumento da temperatura em apenas 1ºC.

Dar à população urbana a oportunidade e possibilidade de desfrutar de um maior acesso ao contacto com a natureza traz múltiplos benefícios à saúde física e mental. Um estudo que envolveu toda a população de Inglaterra mostrou que, junto daqueles que vivem mais perto de ambientes verdes, a taxa de mortalidade é 25% menor. Outro estudo concluiu que cada aumento de 10% de um espaço verde está associado a uma redução de doenças, o que equivale a um aumento de cinco anos da esperança média de vida. As florestas proporcionam ainda importantes benefícios, como o incentivo ao aumento da actividade física e redução da obesidade, a redução dos níveis de

stress e melhorias na saúde mental, menores níveis de violência e criminalidade e o aumento das interacções sociais.

O caminho a seguir Mais árvores e florestas urbanas?

À medida que a população europeia envelhece e se torna mais urbanizada, é provável que aumente a necessidade de recorrer aos benefícios das florestas. Em termos práticos, isto significa que muitas cidades precisam de aumentar os seus espaços verdes, torná-los mais seguros e acessíveis. Por outro lado, o cultivo de árvores em meios urbanos deve ser encarado como uma prioridade para o ordenamento do território local e regional.

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64 | XYLON PORTUGAL Gestão e Conservação da Biodiversidade de Florestas Mediterrânicas

O caso dos sobreirais da Serra do Caldeirão

O projeto sobre a gestão de sobreirais da Serra do Caldeirão, que procurou conciliar parâmetros críticos por vezes dificilmente compatíveis, como a minimização do risco de incêndio e a conservação da biodiversidade, valorizando económica e socialmente o sistema e a biodiversidade das florestas mediterrânicas. Nas últimas décadas, as preocupações sociais e ambientais relativas aos ecossistemas do planeta e em particular à gestão das florestas mundiais, provocaram alterações significativas na percepção do papel das florestas. Em consequência, a gestão florestal sustentável é hoje considerada uma componente fundamental do desenvolvimento sustentável global, sendo normalmente entendida como a administração e o uso das florestas de uma forma e a um ritmo, que mantenham as suas biodiversidade, produtividade, capacidade de regeneração, vitalidade e potencial para realizar, no presente e no futuro, funções ecológicas, económicas e sociais relevantes aos níveis local, regional e global, não causando danos a outros ecossistemas. Os povoamentos de azinheira (Quercus rotundifolia) e sobreiro (Quercus suber) da Península Ibérica são geralmente apontados como exemplos de sustentabilidade florestal. O caso dos povoamentos suberícolas é especialmente notável, uma vez que a produção de um bem de

elevado valor económico como a cortiça, se conjuga com o desenvolvimento de outras actividades agro-silvo-pastoris e a manutenção de elevados níveis de biodiversidade. Não obstante, o progressivo abandono rural nestas áreas, conduz a situações de abandono da agricultura e pastorícia, as áreas cobertas por matos tornam-se dominantes nas paisagens suberícolas, com aumento do risco de propagação de incêndios. Verifica-se assim um incremento das preocupações com os fogos florestais que, conjugadas com as disponibilidades de fundos comunitários para a beneficiação da floresta, tem vindo a justificar intervenções de larga escala de limpeza de matos. Para além da remoção de biomassa combustível, esta prática silvícola é por vezes conduzida com o intuito de aumentar a produção de cortiça por diminuição da competição das árvores com os arbustos. Apesar dos seus potenciais benefícios, estas práticas podem ter efeitos ecológicos nefastos sobre a floresta, simplificando a estrutura do ecossistema, reduzindo

a biodiversidade, favorecendo plantas oportunistas, limitando a regeneração natural e provocando a erosão do solo. Em resposta a estas questões, foi desenvolvido o projecto financiado pelo IFADAP no âmbito do Programa Ago, Medida 8.1, intitulado “Gestão da vegetação em paisagens suberícolas da serra algarvia para redução de riscos de incêndio, valorização sócio-económica e conservação da biodiversidade”, bem como o projecto fianciado pela DGRF intitulado “Quantificação de Comunidades de Aves Invernantes e de Fungos Ectomicorrizicos na Serra do Caldeirão” durante os quais foram estudados os efeitos da gestão do subcoberto na conservação da biodiversidade à escala da parcela através da medição de diversos bioindicadores, incluindo a vegetação herbácea, arbustiva e arborea, as comunidades de macrofungos (cogumelos), de macrolepidópteros diurnos (borboletas) e de aves, cujos resultados aqui se apresentam. * Joana Santana – ERENA in: http://naturlink.sapo.pt



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FOCUS

A GUERRA DAS ROLHAS cortiรงa versus screwcrap. conheรงa os desafios de um dos sectores nobres da economia


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