SONHOS DE ASSIS E JONIELSON -Um Livro Pra Chamar de Meu

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SONHOS DE ASSIS E JONIELSON Um livro pra chamar de meu!

Angela de Carvalho

Mario Baratta

Escreveu

Ilustrou

Edição E-book 2021 Angelita Produções

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SONHOS DE ASSIS E JONIELSON Um livro pra chamar de meu!

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Copyright 2021 texto Angela de Carvalho ___________________________________________ Capa e ilustrações: Mario Baratta Projeto gráfico: Karol Levy Preparação e revisão: Isabel Ferrazoli ___________________________________________ Direitos reservados à Angelita Produções Av. General Osório, 1318 Jesus de Nazaré, Macapá- AP CEP 68.908-127 Telefone: 96 99148-2866 E-mail: angelitaproducoes@gmail.com ___________________________________________ Obra em conformidade ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa ___________________________________________________________________________________ Proibida a reprodução parcial ou total desta obra por qualquer processo, sem autorização por escrito da editora.

Catalogação Internacional na Publicação - CIP

C331s Carvalho, Angela de Sonhos de Assis e Jonielson: um livro pra chamar de meu! / Angela de Carvalho; [preparação e revisão Isabel Ferrazoli]; [capa e ilustrações Mario Baratta]; [projeto gráfico Karollinne Levy]. – Macapá/AP: Angelita Produções, 2021. 42 f.: il. ; 14x21 cm. ISBN 978-65-00-29375-3  (versão digital) 1. Literatura infantojuvenil 2. Folclore 3. Amapá. I. Ferrazoli, Isabel II. Baratta, Mario. III. Levy, Karollinne. IV. Título. CDU 82.3 Ficha catalográfica elaborada por Leididaina Araújo e Silva – CRB2/1560

Esta obra em formato E Book foi viabilizada com acesso a recursos do Governo Federal – Ministério do Turismo – Secretaria Especial da Cultura – pelo Governo do Estado do Amapá, através da Secretaria de Estado da Cultura do Amapá – SECULT com apoio da LEI ALDIR BLANC – EDITAL 009/2020 – SECULT – “Pimpolho Sanches”.

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Para Anita, sempre! Para Lívia, Noah, Joaquim e Maria Eduarda: brotos Carvalhos, de Paulo & Oliete. E aos meninos e meninas embrenhados e perdidos nas florestas de verdes matas e nas selvas cinza das cidades.

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(Jonielson anotou na borda da página.)

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U

m breve piscar da lâmpada de tom amarelado lembrava as chamas de lamparinas de outros tempos, sinal de que já se aproximava a meia-noite. Insistente, Jonielson lutava para manter os olhos abertos. Ele queria ler mais um capítulo de Antes que o Mundo Acabe. “Antes que a energia acabe”, divagou em pensamentos. 7 9


Instantes depois, o barulho do livro que caía de

suas mãos e o clarão de um relâmpago seguido de um trovão juntaram-se a uma cadência de tambores. Luzes e sons confundiram-se em sua cabeça. “Essa Roda de Marabaixo não tem hora pra acabar”, pensou. E foi em meio às sombras que sentiu a presença do personagem de um sonho de outros tempos: o Saci Aladim de Ali Babá! Sempre muito falante e curioso, o saci já chegou cheio de perguntas: – Viva! Viva! Temos aqui um leitor varando a noite em deliciosas leituras? Está Em Busca do Tempo Perdido? Venho ali, da Roda de Marabaixo. Por acaso tem um canto para eu passar esta noite? Sem entender aquela visita inesperada, Jonielson perguntou:

– Saci Aladim! É você?

Ao ver aquele largo sorriso, certificou-se de que era o amigo saci e, mostrando a rede atada no quarto, convidou-o a se deitar ali.

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O saci acomodou-se como quem se sente em

casa. Apoiou a cabeça com as mãos, pronto para ouvir Jonielson. Depois de respirar fundo, o jovem, com a voz baixa para não acordar a mãe que dormia no cômodo ao lado, falou: – Sim, estou recuperando as leituras que não fiz quando criança. Agora sou “um devorador de livros”, como diz a bibliotecária da escola. Acabei de ler As Aventuras do Professor Pierre na Terra Tucuju.

O saci devolveu mais um sorriso, e Jonielson continuou:

– E nem te conto. Tem mais. Escuta só esta dedicatória: “Para Jonielson, um ribeirinho pescador de livros e de sonhos, com carinho, Maria Ester Pena Carvalho”. Tô só pavulagem, não? Agora estou lendo Antes que o Mundo Acabe. 9 11


T

– á por demais! Escute, se eu não me perdi no tempo, estamos em outubro, isso? – perguntou o saci.

– Sim, em outubro. Amanhã é dia 29, o Dia Nacional do Livro. As coisas mudaram por aqui, sabia? Vai rolar uma programação muito irada. Um grande encontro com os representantes das bibliotecas públicas municipais e comunitárias do estado, aqui, em Mazagão. Sabe qual vai ser o nome do evento? I Salão do Livro Infantojuvenil do Amapá! Seguiram conversando sobre as coisas que tinham acontecido desde a inauguração da biblioteca tão sonhada e que acabaram resultando no livro Pescadores de Sonhos. Conversaram sobre os livros e escritores que Jonielson conhecera naqueles anos, sobre os muitos poemas, contos e crônicas lidas e sobre os filmes assistidos nos fins de semana. Tinha agora consciência da importância dos livros e das possibilidades que eles traziam para sua vida. Outro dia mesmo fizera uma inscrição pela internet, no computador da biblioteca, para um intercâmbio com alunos da Carolina do Norte, um estado nos Estados Unidos, que queriam aprender a língua portuguesa.

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Jonielson falava de novos caminhos, luzes

e portas que se abriam para ele, quando notou que uma luz entrava pela janela. Era o dia que começava a clarear. Disse então:

– Mano! Olha a alvorada! Nem notei a noite passar. – Vamos comigo, saci? Temos um bom tempo de remo até a cidade, então precisamos sair logo. Assis vai me esperar logo ali, no trapiche do Carvão. Tomaram um breve café e pegaram algumas frutas para comer no caminho. Assim que se despediram, a mãe do garoto olhou para o saci e falou com ar misterioso: – Saci, tô sentindo cheiro de livros no ar com esta sua aparição por aqui. Jonielson achou bem estranho o que a mãe disse, mas resolveu não falar nada. E então ele e o saci seguiram juntos na canoa.

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L

ogo avistaram Assis, que vigiava a curva do rio. Tinha um exemplar de Todo Cuidado é Pouco nas mãos. Foi só o tempo de Jonielson encostar a canoa, que Assis colocou o livro na mochila e embarcou animado, falando das belas ilustrações de Roger Mello. O saci aproveitou para fazer uma provocação:

– Rapaz! Você ainda lê “apenas” desenhos?

Assis, surpreso com a presença do amigo, respondeu que ainda amava ler ilustrações, sim. Contou como as imagens faziam com que ele viajasse para outras paragens, tão fascinantes quanto as palavras. E agora, feliz por ter conseguido se alfabetizar e se tornado um grande leitor, revidou com outra brincadeira, mostrando os litros de açaí que levava para o lanche. – Eita! Quantas cuias de açaí vai tomar hoje, Saci Aladim? Estes litros aqui vão ser poucos.

Com uma boa risada, o saci respondeu:

– Já sabe que pra matar a saudade eu tomo sempre três cuias! E quero açaí do grosso... Ha, ha, ha!

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A

maré estava enchendo na direção em que seguiam, assim, venceram mais rápido a distância. Logo avistaram o alvoroço de outras montarias e o desembarque de vários meninos e meninas que iriam participar do grande evento.

Chegando ao local, foram cumprimentar as “embaixadoras” e os “embaixadores” das histórias, que já ocupavam seus lugares. Eram crianças na faixa de 8 a 12 anos, as mais exímias contadoras de histórias de cada município. Logo teve início à solenidade de abertura. Uma encantadora menina declamou o poema de Casimiro de Abreu “Meus Oito Anos”. Depois da maçante fala das autoridades, uma grande roda se formou para a apresentação dos embaixadores e embaixadoras.

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Foi

então que um enorme Zepelim pousou em meio ao salão e levou aquela meninada toda às nuvens. Ao lado das crianças, Jonielson, Assis e o saci ouviram, atentos, a história da Base Aérea do Amapá. Pouco tempo depois, pousaram no Museu a Céu Aberto, onde ainda restava parte da estrutura de pouso construída por volta de 1940.

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Dali, seguiram viagem e aterrissaram em outro

tempo e espaço: no Sítio Megalítico Rego Grande com os embaixadores de Calçoene, que trouxeram os mistérios das enormes estruturas de pedra. A vontade de tocá-las, ao vivo e a cores, e sentir sua energia nas pontas dos dedos foi grande. As crianças, maravilhadas, entraram nos sítios funerários e nas grutas na região do Rio Maracá, no município de Mazagão.

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Para

costurar e emendar contos de lá e de cá, voltaram ao município de Amapá em uma fantástica aventura na praia Boca do Inferno. Em seguida foram à Estação Ecológica do Maracá. Foi de tirar o fôlego o inebriante cheiro de mata que tomou conta do salão quando toparam com a exuberância da flora e fauna dessa ilha: um verdadeiro bálsamo para os ouvintes. Na imaginação, as tintas das ilustrações ganharam os mais belos tons de verde já vistos por ali. O ver também deu espaço ao sentir.

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Todos ficaram “exaustos” com a emocionante

escalada em trilhas pelas Montanhas do Tumucumaque, no município de Oiapoque, que terminou com o voo do beija-flor-brilho-de-fogo. Encharcados de bruma e neblina do Rio Oiapoque, buscaram outras águas, rumo às corredeiras do Rio Jari, passando antes pelas aldeias Wajãpi e pelo município de Pedra Branca do Amapari.

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Já sem fôlego por causa de voos, escaladas,

caminhadas, embalos musicais e viagens de canoas vividos naquela manhã, foram convidados para o almoço coletivo. A longa mesa ofertava delícias dos rios e da floresta: caldeirada de filhote; tucunaré regado ao tucupi; açaí com camarão e farinha de tapioca; e saborosos sucos de graviola, cupuaçu e taperebá. E ainda biscoitos de castanha-do-pará, geleias e outras iguarias da Amazônia.

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E, pela tarde afora, histórias das descobertas de

ouro, manganês e outros tesouros misturaram-se e transbordaram na imaginação dos embaixadores em forma de mitos e lendas e contos de pescadores, de parteiras e de benzedeiras do estado do Amapá. A força das histórias foi tão intensa que as crianças até sentiram os grilhões atados aos pés dos negros e índios durante os dezoito anos de construção da Fortaleza de São José de Macapá. Na grande roda, dançaram o Marabaixo com o Ladrão:

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Bom contador de histórias Conta de noite e de dia, Bom contador de histórias Conta de noite e de dia, Adia o fim do mundo, Cria rabo de cutia, Adia o fim do mundo, Cria rabo de cutia. Eeeeeeeeeiiiitaaa!

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Os contos ao redor da fogueira trouxeram o

sono e os sonhos no cair da noite.

O dia seguinte foi de visita à Maloca do Salão do Livro, um espaço preparado com as melhores publicações para a infância e juventude. A coleção Nossa Capital fez grande sucesso, principalmente o livro Macapá, a Capital do Meio do Mundo, com suas belas aquarelas do Rio Amazonas, da Igreja Matriz de São José, do Monumento Marco Zero do Equador, do Quilombo do Curiaú e de alguns pontos turísticos da capital do estado, como o Trapiche Eliezer Levy. Um espaço divertido foi preparado para fazer fotos. Com as capas dos livros de todas as capitais do Brasil ao fundo – desde Belém, a Terra das Mangueiras, até Porto Alegre, a Capital dos Gaúchos – era possível fazer as mais engraçadas selfies.

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O

s estudantes, de posse de vales-livros, escolhiam e retiravam seu exemplar do estande chamado “Um livro pra chamar de meu”. Ali era o momento de cada um escolher seu presente, já que o livro não precisaria ser devolvido à nenhuma biblioteca. A noite foi de luar, com embalos de redes, sonhos e abraços nos livros recebidos. Com o esperado momento de assinatura do documento “10 anos de Promoção da leitura”, foi iniciado o terceiro dia de programação.

Após a assinatura do governador e dos 16 prefeitos, foi feito o registro fotográfico oficial. Bem à frente, com largos sorrisos, os embaixadores! Um sorteio definiu o anfitrião do Salão do ano seguinte: seria o município de Calçoene! Outros representantes foram empossados para dar início a outras pesquisas e coletas de novas e velhas histórias a serem contadas no II Salão. Muita animação, alvoroço e algazarra. O clima era todo de festa!

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Aladim de Ali Babá, Jonielson e Assis

caminharam até a beira do rio para apreciar o remanso. Sentaram-se à sombra de uma enorme árvore. De lá viam a movimentação. O saci mostrou aos meninos uma pequena arca em forma de barco, recheada de livros dos escritores Ailton krenak, Fernando Canto, Esmeraldina dos Santos, Ed Carlos e Joca Monteiro, embalados para uma longa viagem pelo Atlântico. A correnteza levaria aquela arca ao encontro de crianças de algum lugar distante... Quem sabe... até o Marrocos?

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O saci, muito sabido, falou: – É a leitura que nos permite imaginar um outro mundo. Essas crianças que ouvimos hoje representam as que mais tarde se tornarão leitoras e eleitoras! Este nosso sonho de agora é uma pequena mostra do imaginado para a implementação da Política Pública de Promoção da Leitura. Algo pouco provável? Talvez, sim. Mas tudo é possível quando sonhado.

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Após um breve silêncio, o saci perguntou:

– É aí? Vamos para a festa de encerramento do Salão? Jonielson e Assis concordaram com o amigo e seguiram juntos. Os três se misturaram às crianças que, usando figurinos de personagens históricos, encenavam uma batalha entre mouros e cristãos, lembrando aqueles que atravessaram o Atlântico e vieram fundar a cidade de Nova Mazagão, em 1770.

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Uma estrondosa salva de palmas ao final da apresentação acordou Jonielson. O som confundiu-se com o rufar de tambores do Marabaixo de Rua que anunciava o alvorecer. Sentindo o cheiro de café vindo da cozinha, percebeu atordoado que havia embarcado em mais uma aventura de sonhos. Que susto! O coração bateu forte: não havia nenhum saci em seu quarto.

Ainda meio sonolento, envolto ao sonho fantástico que tivera e pensando nos acontecimentos e datas importantes do mês de outubro, lentamente foi lembrando que poucos dias atrás acontecera as eleições municipais. Repassou na memória com detalhes o que acabara de sonhar e entendeu o novo e precioso recado que o saci lhe trouxera: jamais deixar de sonhar, ficar atento e votar apenas em candidatos a cargos públicos que estejam comprometidos com leis e políticas públicas de proteção à infância, com planos para leitura e literatura, e que valorizem as bibliotecas públicas e, claro, as histórias do seu lugar.

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Remando a caminho da escola, Jonielson encontrou-se com o amigo, que entrou silencioso na canoa.

– Bom dia!

Assis parecia estar distante dali.

– Bom dia, Assis, tudo bem? O que tá matutando nessa cabeça? Tá quieto. Nem respondeu ao meu bom-dia! – Bom dia! Sim, irmão. Tô pensando aqui neste livro que encontrei caído na ponte. É o mesmo do meu sonho da noite passada: Todo Cuidado é Pouco. Sabe, sonhei outra vez com o Saci Aladim, que me disse: “Tudo é possível quando sonhado!”. Entre olhares e sorrisos, entenderam o que tinha acontecido, confirmando a sintonia que havia se repetido entre eles na noite anterior. Então Jonielson fez, mais uma vez, o convite ao amigo.

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– Sim! Sim! É verdade! Então vamos seguir, de novo, essa história juntos? Quem sabe não realizamos o 29 de outubro que invadiu nosso sonho?

– Vamos! Os sonhos de cada noite nunca são iguais.

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Continua...

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Obras citadas na história Antes que o Mundo Acabe, de Marcelo Carneiro da Cunha. Trama que conta a história de um pai que deseja reconstruir a relação com o filho adolescente. As Aventuras do Professor Pierre na Terra Tucuju, de Maria Ester Pena Carvalho. Romance cujo personagem central é o aventureiro professor Jean Pierre, que testemunha de perto eventos históricos. Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust. Publicada entre 1913 e 1927, é uma obra extensa, formada por sete volumes, que destrincha a vida do autor ao longo de diferentes etapas por meio de personagens e ambientes da época. Pescadores de Sonhos, de Angela de Carvalho. Numa pescaria, dois garotos pescam uma pequena arca e um saci muito tagarela, com uma importante missão a cumprir. Cortez, 2017. “Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu. Esse poema, que integra o primeiro livro da coletânea As Primaveras, publicada em 1859, aborda a saudade da infância e da terra natal do autor, escrita durante sua estadia em Lisboa.

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Todo cuidado é pouco, de Roger Mello. Como uma roda-gigante, essa história escrita e ilustrada por Roger Mello traz um fato que puxa outro e encaixa todos eles numa grande estrutura circular. É, assim, um exercício de organização das causas e consequências de uma narrativa, o que a torna uma leitura a ser explorada também em sala de aula. Mazagão, a cidade que atravessou o Atlântico, de Laurent Vidal. Obra que relata a fundação de Mazagão, cidade fundada pelos portugueses no Marrocos, no século XVI, e mais tarde transferida para Lisboa por decisão da Coroa Portuguesa. Macapá, a capital do meio do mundo, de Adriana Abreu e Herbert Emanuel, com ilustrações de Bárbara Damas. Envolta numa atmosfera poética, a obra nos revela a capital do Amapá, com sua deslumbrante fauna e flora, abordando, entre outros assuntos, a origem do nome Macapá e a fundação da cidade. O Marabaixo através da História, de Fenando Canto. Reunião de textos que fazem parte dos ritos e da tradição de Macapá, com seus tocadores de caixas, cantadores e dançadeiras.

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Glossário Base Aérea do Amapá: antiga Base Aérea do Amapá, local histórico do interior do estado, montada como ponto de apoio para as Forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial na década de 1940. Boca do Inferno: única praia da região e de difícil acesso, com estreita faixa de areia escura e barrenta cercada de vegetação densa e dividida pela foz de um igarapé. Ilha de Maracá: ilha localizada na costa do Estado brasileiro do Amapá, integrada ao município homônimo, é uma grande estação ecológica restrita à pesquisa e tida como a terceira maior ilha fluvial do Brasil. Ladrões de Marabaixo: forma de expressão elaborada pelas comunidades negras do estado do Amapá, o Marabaixo é manifestado especialmente por meio de danças e cantigas. Os cantos, denominados Ladrões de Marabaixo, são versos musicados e improvisados que relembram a saga dos navios negreiros a partir dos toques das caixas, instrumentos de percussão produzidos pelos próprios tocadores. Já os passos representam o sofrimento pelo arrastar das correntes e bolas de ferro causadas pela escravidão. 32 34


Marabaixo: conhecida como a maior manifestação cultural do estado do Amapá, a dança do Marabaixo tem sua origem em Mazagão, no Marrocos, e foi trazida ao Brasil por negros escravizados. Desde então, o conhecimento é transmitido de geração em geração. Montaria: pequena canoa; um tipo de embarcação. Monumento Marco Zero do Equador: esse monumento, como referencial, tem um marco que corresponde à linha imaginária que divide a Terra em dois hemisférios e privilegia Macapá como a única capital brasileira cortada por esse paralelo. Paragens: região nas cercanias do lugar onde se está; outros lugares, outros espaços. Pavulagem: significa o excesso de confiança em si mesmo, ou um comportamento de quem conta vantagens. Política Nacional de Leitura e Escrita: programa que tem como diretrizes a universalização do direito ao acesso ao livro, à leitura, à escrita, à literatura e às bibliotecas, cuja implantação fica a cargo da União em cooperação com os estados, o Distrito Federal e os municípios e com a participação da sociedade civil e de instituições privadas.

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Quilombo do Curiaú: quilombo cuja população é constituída por afrodescendentes remanescentes de negros escravizados. Em 1998, o quilombo foi regularizado pela Fundação Palmares, órgão ligado ao Ministério da Cultura, e consta-se ter sido um dos primeiros títulos de quilombo no país. Rio Maracá: pequeno afluente da margem esquerda do Rio Amazonas, localizado na região sudeste do estado do Amapá, no município de Mazagão. Trapiche Eliezer Levy: originariamente construído na década de 40, é o local onde atracava a maioria das embarcações que chegavam a Macapá. Passou por muitas reformas, até ser totalmente reconstruído em concreto armado, constituindo um padrão estrutural permanente, o que contribuiu para a melhoria urbanística de Macapá e para a preservação da história do povo amapaense. Com seus 386 metros de extensão, conta com um bondinho elétrico para transporte de turistas, sorveteria, área coberta, estação de embarque e desembarque de passageiros, restaurante e uma pequena praça.

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Referências bibliográficas Em livros ABREU, Adriana; EMANUEL, Herbert; DAMAS, Bárbara. Macapá, a capital do meio do mundo. São Paulo: Cortez, 2010. ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. In: ______. As Primaveras. São Paulo: Global, 2003. CANTO, Fernando. O Marabaixo através da História. São Paulo: Printgraf, 2017.

CARVALHO, Angela de. Pescadores de Sonhos. São Paulo: Cortez, 2017. CARVALHO, Maria Ester Pena de. As Aventuras do Professor Pierre na Terra Tucuju. Paraty: Selo Off Flip, 2013. CUNHA, Marcelo Carneiro da. Antes que o Mundo Acabe. Porto Alegre: Editora Projeto, 2007. MELLO, Roger. Todo cuidado é pouco. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1999. PROUST, Marcel. Em busca do tempo perdido. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. VIDAL, Laurent. Mazagão, a cidade que atravessou o Atlântico. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 35 37


Em meio eletrônico AGENDA 2030: uma proposta de advocacy junto às bibliotecas das universidades públicas de Florianópolis-SC. Sigrid K. Weiss Dutra; Marli Dias de Souza Pinto; Genilson Geraldo (bibliotecários). Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 13, n. esp. CBBD 2017. Disponível em: <https://rbbd. febab.org.br/rbbd/article/download/939/959>. Acesso em: 31 jan. 2021. ANCESTRALIDADE AFRICANA NO BRASIL CURIAÚ. Instituto de Políticas Relacionais, 2012. Disponível em: <CURIAÚ | Ancestralidade Africana>. Acesso em: 31 jan. 2021. BASE AÉREA DESCOBERTA. Cleber Barbosa (editor). Diário do Amapá, Amapá, 28 out. 2018. Disponível em: <https://www.diariodoamapa.com.br/cadernos/ turismo/base-aerea-descoberta-2/>. Acesso em: 31 jan. 2021. CALÇOENE (CONHEÇA O AMAPÁ). Governo do Estado do Amapá. Disponível em: <https://www. portal.ap.gov.br/conheca/calcoene>. Acesso em: 31 jan. 2021.

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DOSSIÊ DE REGISTRO MARABAIXO. Iphan, Ministério da Cultura. Disponível em: <http://portal.iphan.gov. br/uploads/ckfinder/arquivos/DOSSIE_MARABAIXO. pdf>. Acesso em: 31 jan. 2021. ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE MARACÁ CELEBRA 35 ANOS. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Brasília, 2015. Disponível em: <Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Estação Ecológica de Maracá celebra 35 anos nesta quinta (icmbio.gov.br)>. Acesso em: 31 jan. 2021. FORTALEZA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ. AmapáDigital. Disponível em: <Amapá Digital | FORTALEZA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ (amapadigital.net)>. Acesso em: 31 jan. 2021. HOUAISS, Antônio (Ed.). Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 3.0. 2009. LADRÕES DE MARABAIXO. Direção de Bel Bechara e Sandro Serpa. Produção de Macondo Filmes. São Paulo: Canal Futura, 2015. (15 min). Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=xxhu6RIwmcw&ab_ channel=OMarabaixo%C3%A9DeTodos>. Acesso em: 31 jan. 2021.

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LEI CRIA POLÍTICA NACIONAL DE LEITURA E ESCRITA. Agência Senado, Brasília, 13 jul. 2018. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/ materias/2018/07/13/lei-cria-politica-nacional-deleitura-e-escrita>. Acesso em: 31 jan. 2021. MARCO ZERO DO EQUADOR. AmapáDigital. Disponível em: <Amapá Digital | MARCO ZERO DO EQUADOR (amapadigital.net)>. Acesso em: 31 jan. 2021. MONTANHAS DO TUMUCUMAQUE. Programa ARPA. Disponível em: <http://arpa.mma.gov.br/parquenacional-montanhas-do-tumucumaque-tao-diversoquanto-grande/>. Acesso em: 31 jan. 2021. RIO MARACÁ, RIO OIAPOQUE. Visite o Brasil, Amapá. Portal Brasileiro de Turismo. Disponível em: <Rios no Amapa Região Sudeste Do Brasil (visiteobrasil.com.br)>. Acesso em: 31 jan. 2021. SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NO BRASIL. Melhor Escola. Disponível em: <https://www.melhorescola.com. br/artigos/sitios-arqueologicos-no-brasil-conheca-ariqueza-historica-presentes-nesses-locais>. Acesso em: 31 jan. 2021.

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TRAPICHE ELIEZER LEVY. AmapáDigital. Disponível em: <Amapá Digital | TRAPICHE ELIEZER LEVY (amapadigital.net)>. Acesso em: 31 jan. 2021. WAJÃPI. IEPE (Instituto de Pesquisa e Formação Indígena). Disponível em: <https://institutoiepe.org.br/povos_indigenas/ wajapi/?gclid=Cj0KCQiAx9mABhD0ARIsAEfpavQxNC7HPUJt68U5HANImHjnDI0w5GDJLY6a8sAe0Aapo1ao7aLH 3AaAtvsEALw_wcB>. Acesso em: 31 jan. 2021.

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Foto: Paulo Rocha

Angela de Carvalho Também Angelita, brotou em Macapá, no estado do Amapá, no apagar das luzes de 1961, em 31 de dezembro. Gosta de sentir o cheiro das histórias e seus sabores, de trazer para sua escrita os alimentos de infância: o ouvir histórias na rede antes de dormir nas viagens de férias; o brincar com a terra; o devaneio de admirar as paisagens; o frescor das matas e a presença das águas dos igarapés e rios da Amazônia. Acredita nas infinitas possibilidades da leitura e na ferramenta da escrita como movimento para novas partilhas. No ir e vir das histórias dos que por aqui já habitaram, vive a troca de saberes que ecoam em quem chega com o sol da manhã. Entende que são nos afetos e nos encontros com a família, parentes, amigos e livros que se faz o bom viver a cada dia, como no provérbio Mawé, que diz: “Não estamos aqui somente para viver, mas sim para saber viver”. 40 42


Foto: Bárbara Damas

Mario Baratta Adora ilustrar livros para crianças. Aprendeu com o pai a pintar e a amar a aquarela. Durante quase vinte anos foi professor do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará e, atualmente, é professor do curso de Arquitetura da Universidade Federal do Amapá. Concluiu seu doutorado pela UFRJ pesquisando as casas indígenas e ribeirinhas dos rios da Amazônia. Dedica este livro à pequena Maria Luiza, sua filha, parceira de sonhos e histórias, às crianças da Amazônia e a Filipe Baratta, que acreditava nos livros como barcos a nos levar de rios estreitos a oceanos. 41 43


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Bom contador de histórias Conta de noite e de dia, Bom contador de histórias Conta de noite e de dia, Adia o fim do mundo, Cria rabo de cutia, Adia o fim do mundo, Cria rabo de cutia. Eeeeeeeeeiiiitaaa!

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