Michio kaku o futuro da mente

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exemplo: o objetivo do líder é escolher o melhor caminho para a tribo no futuro. Isso significa que o líder precisa entender as intenções dos outros a fim de planejar estratégias. Portanto, simular o futuro foi talvez uma das forças propulsoras da evolução para nosso cérebro atingir o tamanho e a inteligência atuais. E quem pode simular melhor o futuro é quem sabe tramar, conspirar, entender a mente dos outros membros da tribo, e estar sempre preparado para se defender de ataques. Da mesma forma, a linguagem permite simular o futuro. Os animais possuem uma linguagem rudimentar, basicamente no tempo presente. Essa linguagem pode alertar sobre um perigo imediato, como um predador escondido na moita, mas, ao que parece, não possui tempo passado nem futuro. Os animais não conjugam verbos. Assim, talvez a capacidade de expressar os tempos passado e futuro tenha sido uma conquista determinante para o desenvolvimento da inteligência. O dr. Daniel Gilbert, psicólogo de Harvard, escreve: “Nas primeiras centenas de milhões de anos, desde seu aparecimento no planeta, nosso cérebro ficou preso num eterno presente, e muitos ainda estão. Mas não o seu, nem o meu, porque dois ou três milhões de anos atrás nossos ancestrais iniciaram a grande escapada do aqui e agora.”

O FUTURO DA EVOLUÇÃO Até aqui vimos resultados curiosos, indicando que é possível desenvolver a memória e a inteligência, mas isso se deve, em grande parte, à maior eficiência e maximização da capacidade natural do cérebro. Vários métodos estão sendo estudados, como medicamentos, genes e aparelhos (o de EMT, por exemplo) que podem aumentar as capacidades dos neurônios. A ideia de alterar o tamanho do cérebro e a capacidade dos macacos é uma possibilidade, sim, embora seja difícil. A terapia de genes, nessa escala, ainda está a muitas décadas de distância. Mas isso levanta outras questões complicadas: Até onde isso pode chegar? Podemos estender indefinidamente a inteligência de um organismo? Ou as leis da física impõem um limite à modificação do cérebro? A resposta para a última pergunta é sim. As leis da física impõem um limite ao que pode ser feito em termos de modificação genética. Há restrições sim. Para conhecer esse limite, em primeiro lugar, é necessário examinar se a evolução ainda está desenvolvendo a inteligência humana, e depois analisar o que pode ser feito para acelerar esse processo natural. Na cultura popular há a ideia de que no futuro a evolução nos dará um cérebro enorme e um corpo pequeno e sem pelos. Coincidentemente, os alienígenas que


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