CATORZE TRINTA
REVISTA MULTILINGUAGENS Número 01 | Outubro 2020
PANDEMOINHOS Relatos criativos de estudantes de Redação para Mídias Digitais sobre como vivenciaram o período de isolamento social
Catorze Trinta é uma publicação da disciplina Redação para Mídias Digitais do Curso Sistemas e Mídias Digitais da Universidade Federal do Ceará.
EXPEDIENTE Idealização e edição: Andrea Pinheiro – Jornalista MTb 00993/CE - andrea@virtual.ufc.br Design da capa – Nathália Cardoso Imagem da capa: foto e ilustração - Lucas de Almeida Revisão dos textos – Raíssa Veloso Projeto gráfico e diagramação – Arthur Morais – Bolsista PID
#audiovisual #reflexĂľes #desenho #fotografia #quarentena #produtividade #solidĂŁo #felicidade #autocuidado
A revista Catorze Trinta é uma publicação experimental da disciplina Redação para Mídias Digitais e se propõe a ser multimídia e com a marca de cada turma que a produz. O nome da revista, Catorze Trinta, faz referência ao número do bloco do Curso Sistemas e Mídias Digitais no Campus do Pici, nosso prédio, espaço físico de encontros, afetos, vivências e invenções. A produção coletiva de conteúdos tem sido um compromisso da disciplina nos últimos anos e temos exercitado o sentido expandido do texto para além das palavras; exercícios que valorizam a criatividade e a autoria em formato de fotos, desenhos, infográficos, sonoridades ou vídeos. Até agora havíamos utilizado a plataforma Medium como ancoradouro para as nossas experimentações, mas devido a riqueza do material produzido neste semestre, fomos desafiados a fazer algo novo. Em 2020.1, semestre marcado por tantas transformações devido à pandemia da Covid, no qual as aulas aconteceram de forma remota, resolvemos produzir, como trabalho final, uma revista que desse conta das nossas subjetividades por entendermos ser muito importante refletir sobre como tudo isso nos afetou e ainda nos afeta. Foi um período que exigiu de todos nós olhar para dentro, encarar nossos sentimentos e valorizar os silêncios e vazios que nos atravessaram. Foi incrível ver uma turma tão mobilizada, comprometida e engajada na realização deste projeto. A cada uma e a cada um dos estudantes parceiros o meu agradecimento e reconhecimento pela qualidade do material apresentado. Sou grata ainda ao Arthur Morais, monitor da disciplina, pela valorosa contribuição em todo o processo. Agradeço especialmente a duas grandes amigas, ex-alunas, que embarcaram com a gente nessa jornada. À Nathalia Cardoso, que fez a capa com capricho, e à Raissa Veloso, que cuidou tão carinhosamente da revisão. Esta edição intitulada Pandemoinhos abarca a fusão das palavras pandemia e moinhos para representar a diversidade de conteúdos apresentados e para conferir novos sentidos a tudo que foi vivido. Recorremos a figura dos moinhos que trituram grãos para a produção de alimentos, para falar de que como as nossas emoções foram moídas e processadas produzindo novas e inéditas sensações. É com muita alegria que apresentamos a primeira edição de Catorze Trinta! Boa leitura,
Andrea Pinheiro Professora responsável pela disciplina Redação para Mídias Digitais
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PARTICIPAÇÕES
ALLAN THALISSON
ANA RIBEIRO
ANTÔNIO LOURRAN
ANTÔNIO RIBEIRO RODRIGUES NETO
BOSCO BORGES
DANIEL SILVA
ELANE DE SOUSA
EMILI BORGES FARIAS
FABIO RABELO
FRANCISCO ARLINDO
GUILHERME RAMOS
JARDEL SILVA
05 | Outubro de 2020 |
Este índice é interativo: ao clicar em um nome você será direcionado para a página correspondente ao trabalho. Ao fim de cada projeto, no canto inferior da página, há um ícone clicável caso queira voltar para esta página.
JOAO VITOR BATISTA
JOSEMILLY SALES
LEONE FREIRE
LUCAS DE ALMEIDA
LUÍS CARLOS SCHWINDEN JÚNIOR
MÁRCIA DE LIMA CABOCLO
MIKE APOLIANO
PAULO COSTA DOS SANTOS
RAFAEL PIMENTEL GURGEL
ROBSON OLIVEIRA
SARAH ISABELLE B. CINTRA
THAIS TARGINO
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07/2020 Viver um sonho, buscá-lo ou até mesmo ser empurrado de tal forma que se chegue até não ter nada além de uma esperança, a mesma que o mantém levantando todas as manhãs. Não importa o que te levou até lá, importa, hoje, é que você chegou. Dias atrás você sonhava com tudo isso. Não haviam datas, nem hora marcada. O tictac do relógio oscilava entre seu melhor amigo e aquele que se arrastava para correr em uma tarde de sexta. 17 graus, cadeira confortável, sala própria. Talvez isso fosse o desejo de muitos, mas não o seu. Ouse ir além, ouse voar mais alto. A rotina nem sempre é um sacrilégio, mas você não pode, em hipótese alguma, deixar de sonhar. Já é julho. Parece que a tempestade estava passando. As lágrimas de muitas mães, a ausência de muitos filhos na cama ao cair da noite. Você não esperava essa mudança tão brusca de vida. Pegou suas coisas e agora pode viver. Cada sonho daqueles, cada rabisco de logo no caderno velho manchado de café. É agora. Se não agora, quando? Chegou a hora de apostar em si mesmo. Pega aquela caneca e enche de café. Passa a flanela naquela mesa empoeirada. O trabalho não acabou, está apenas começando. O sorriso pode ser mais espontâneo, a risada das alegrias inesperadas estão te esperando. Vai! Um passo de cada vez.
Graduando em Sistemas e Mídias Digitais. Designer, Social Media e Produtor de Conteúdo. Entusiasta de escatologia e apaixonado por ensinar. allanthalisson@gmail.com
Allan Thalisson
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08/2020 Você é capaz de conviver com o medo? A ansiedade das novas aventuras. O frio na barriga do inesperado. É caminhar sem saber onde se está pisando. O futuro parece ser incerto. Eu sei que você está com dúvidas sobre o que te aguarda no próximo passo. Mantenha a calma, o futuro é brilhante! Construir tudo do nada, é difícil. As críticas vão te cercar, mas mantenha-se firme, afinal você sabe quem é e do que é capaz. Faz teus corres, nego. Você está cercado de pessoas que te apoiam. A primeira conquista... incrível essa sensação, não é? A recompensa de tanto trabalho, tanto estudo e horas mal dormidas. Um dia a chave vira. Tem que virar! Consegue ver que está cada vez mais perto disso acontecer? Essa foi só a primeira. Calma. Respira. Vão haver muitas outras. Viu? Eu disse que haveria outras. As oportunidades estão aparecendo. Aproveita cada uma delas. Sabe aquela risada que eu disse que aconteceria? Pois é, olha ela no espelho. O sol sempre nasce para aqueles que estão batalhando. Novos planos. Novos sonhos. Novas metas. Parece que tudo está se fazendo novo. Isso quer dizer que nós já trilhamos um caminho que poucos ousaram ir. Essa é a vida. Hoje você se sente realizado. Noivado, consultorias, cursos, clientes, família... essa lista é imensa. É só saber para onde olhar. Creio que neste ponto da jornada você já descobriu isso. #quarentena #diario #design #poesia #myself
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“Este é um momento de ser paciente consigo mesmo e não de cobrar-se exageradamente.”
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Produtividade na quarentena á se passaram seis meses desde o início da quarentena e ainda continua difícil lidar com suas consequências. Sem passeios na areia da praia aos domingos, sem pedalar com o rosto ao vento, sem conseguir ver o sorriso dos amigos ao se empolgarem falando de seus gostos. É um "novo normal" que veio pra ficar. Vem sendo difícil não associar o ambiente do lar a uma prisão, já que estamos a maior parte do tempo confinados.
“Desde pequenos, somos induzidos a pensar que o nosso valor na sociedade está reduzido àquilo que produzimos”. De certa forma, já nos acostumamos com a incerteza que nos permeia. Esta parece ser a única certeza. Mas isso não significa que a ansiedade diminui. Ou que a vida simplesmente parou. Ainda precisamos ser seres humanos funcionais ou, como a sociedade exige, precisamos produzir.
Desde pequenos, somos induzidos a pensar que o nosso valor na sociedade está reduzido àquilo que produzimos. Mas, nesse período em que vários aspectos de nossas vidas já não são mais tão certos, em que as ansiedades dominam, em que estamos isolados e longe daqueles que gostamos, a pergunta que surge é: isso é o que realmente importa? Em contrapartida, a pressão por ser produtivo permanece, especialmente quando todos dizem estar seguindo cronogramas rigorosos ou se inscrevendo em cursos EAD em busca de manter uma produtividade acadêmica, algo que Aisha Ahmad chamou de pornografia da produtividade . A hustle culture promove a ideia de que não há tempo e nem lugar para trabalhar, de que devemos estar sendo continuamente produtivos, seja em casa, no ônibus ou no escritório. Aqueles que são “viciados em trabalho” devem ser louvados. Essa filosofia vem de bem antes da pandemia, mas, no contexto do home-office e do distanciamento social em que, teori-
icamente, temos mais tempo livre, surge a ideia de que devemos aproveitá-lo para trabalhar ou monetizar nossas habilidades. Milhares de pessoas já perderam seus empregos durante a crise econômica, a precarização do trabalho só aumenta e, ainda por cima, temos a pressão para estarmos constantemente produzindo. E a saúde mental, como fica? Toda essa pressão só aumenta a ansiedade já presente pelas incertezas advindas da COVID-19. Este é um momento de ser paciente consigo mesmo e não de cobrar-se exageradamente. É tempo de desacelerar, cuidar de si mesmo e daqueles que nós amamos. A corrida pela produtividade é mera ilusão quando não há um cuidado com a saúde mental. De nada adianta cumprir todas os prazos e estar à beira de um burnout.
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inha experiência nesses seis meses de quarentena serviu para me atentar a questões que antes não eram consideradas tão importantes por mim, questões que permaneciam às sombras em meio à correria do dia-a-dia. Por morar sozinha, longe de familiares, trabalhar em casa e não ter contato com pessoas fora do meio digital, fui forçada a abraçar meus medos e inseguranças, reconhecê-los e tentar trabalhar em cima deles. Não é um processo fácil, afinal, são anos de autoconhecimento reduzidos a seis meses. Lidar com isso em meio a uma pandemia, in-
certezas, crise econômica e contexto político conturbado certamente foi um desafio para mim. O conselho que dou para aqueles que estão nessa situação de cobranças, crises existenciais e ansiedades aumentadas é ter paciência consigo mesmo e atentar para os sinais de exaustão que o corpo dá. Desacelere um pouco, tome um tempo todos os dias para olhar para si mesmo, se distanciar das mídias, exercitar corpo e mente, fazer algo que não necessariamente é produtivo. Não se sinta culpado por atrasar uma entrega, jantar pizza na quarta-feira ou demorar um pouco mais de
#quarentena #produtividade #burnout Estudante do curso de Sistemas e Mídias Digitais, designer multimídia, amante da causa animal e apaixonada por ciclismo. analugrs@gmail.com
Ana Ribeiro
13 | Outubro de 2020 |
tempo realizando uma tarefa. Isso tudo ajuda a nos lembrar que há mais no mundo do que só completar tarefas. Priorize sua saúde física e mental. Se tiver como, faça terapia e exercícios físicos, cuide da sua alimentação. Mas não se cobre demais, é um processo lento. Você não vai estar magicamente bem de uma hora para outra. Comece pequeno e depois evolua para tarefas maiores. Ignore a pornografia da produtividade.
Uma estudante desajeitada de Sistemas e MĂdias Digitais. Sou tambĂŠm desenhista e estou sempre buscando a resposta para a pergunta "E onde vou parar?" https://www.behance.net/emilibf
Emili Borges
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#webcomic #ilustração #quadrinhos #quarentena
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PERDIDO. Um curta-metragem mudo que busca explorar sensações visuais e o ato de chorar.
lguns meses após a morte de seu irmão mais velho, durante a pandemia de COVID-19, Antonio ainda busca entender o motivo de não ter chorado no velório. Ao tomar um remédio para diminuir suas dores no corpo, o jovem perde a noção do que pode ser real ou imaginário. Durante esse período de transe, Antonio procura assimilar e rever paradigmas e convicções sobre os seus sentimentos e o que acredita ser correto.
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“A ideia do curta surgiu como uma maneira de explorar o universo do audiovisual e realizar experimentações na área”. Com uma narrativa ficcional, "Perdido." busca falar a respeito de momentos em que os sentimentos se conflituam ao ponto de a pessoa não conseguir externalizar as sensações. Esses sentimentos se intensificam
devido à situação de pandemia de COVID-19 e obriga o personagem a manifestar seus sentimentos em algum momento. Além disso, o curta conta com uma produção independente e reduzida a uma pessoa para realização de todas as etapas, desde iluminação e captação até a montagem e edição.
#perdido #quarentena #audiovisual
Graduando em Sistemas e Mídias Digitais, pela UFC. Sou animador (não o de festas, o de desenhos mesmo) e às vezes também sou ilustrador, designer e editor. O audiovisual é algo que me fascina e sempre que posso tento me aventurar na área. antoniolourran@gmail.com
Antonio Lourran
“Com uma narrativa ficcional, "Perdido." busca falar a respeito de momentos em que os sentimentos se conflituam ao ponto de a pessoa não conseguir externalizar as sensações”.
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Estudante de Sistemas e Mídias Digitais na Universidade Federal do Ceará. Atuo em sistemas e design, mas tenho um foco maior em negócios, área na qual trabalho atualmente. antoniodrigues@hotmail.com
Antonio Neto
#Quarentena #Diario #Refl
exão #Descobertas
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#quarentena #solidĂŁo #paz #deus #musica
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Tratando do tema Isolamento Social, o projeto Solus traz três canções: Novo Normal, Solitude e Solus End.
““As canções retratam sentimentos, acontecimentos, encontros, desencontros e percepções pessoais no período da pandemia da COVID-19”. ”
NOVO NORMAL
SOLITUD
A primeira canção, intitulada “Novo Normal”, reflete, com algum tom de revolta ou chateação, sentimentos de dúvida sobre a pandemia, ao mesmo tempo que expressa indignação pela quebra de paradigma do viver, pela perda do dia-a-dia e da rotina.
A canção seguinte, “Solitude”, expressa, de peito aberto, os efeitos da solidão, retratando um encontro com o eu, que só pode se dar no silêncio (do mundo e da alma) e, também e principalmente, com Deus, presente em cada pensamento, sentimento e momento vividos não só nesse período, mas todos os dias.
SOLUS END O projeto é encerrado com uma extensão da canção “Solitude”, chamada “Solus End”, que continua, em formato de um coro de muitas vozes, a expressar um reencontro de alguém que navegava um mar bravio e, depois de enfrentar a tempestade e a escuridão, encontrou águas tranquilas e paz.
Graduando em Sistemas e Mídias Digitais. Sou apaixonado por música desde os nove anos idade, admiro profundamente a inteligência, anseio por estilos de vida mais tradicionais e busco a preservação dos valores que me fizeram e fazem crescer. boscofilho4@gmail.com
Bosco Borges | Outubro de 2020 | 30
Publicitário, estudante de Sistema e Mídias Digitais, voluntário de grupos de adoção de crianças e adolescentes. Em um relacionamento sério com direção de arte, fotografia, ilustração, música, cinema, bodyboarding, e sem esquecer, pai da Hannah. behance.net/danisb • instagram: @dnl2053
Daniel Silva fotografia impressa é o resultado da captação e fixação de uma imagem em um suporte por meio de processo técnico mediante a ação da luz. Por sua vez, as tecnologias digitais proporcionam mais controle no momento de captação, tratamento e manipulação de imagens.
Desta forma, a fotografia publicitária, resultado da fusão das fotografias artística e documental, apresenta-se como um verdadeiro campo fértil para novas experiências estéticas. Utilizando tais conceitos, construí um mundo onírico para minha filha Hannah Mirela, de dez anos, neste período de quarentena.
A ideia era criar uma alternativa de realidade para a inocência infantil em um momento tão delicado. tão delicado. IMAGENS:. shutterstock.com pixabay.com pngtree.com freepik.com
O tempo A heroína também tem dias de princesa. O sensível e o belo embalam o desenvolvimento da menina que logo será mulher. Enquanto os dias passam lentamente, ela curte seu mundo mágico onde a beleza de ser é o mais importante.
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Processo criativo
1 Para o processo de criação a gente conversava sobre as mais diversas situações e depois procurava referências relacionadas à ideia que queríamos desenvolver. Para isso, nossa pesquisa por determinados temas seguia em sites como Pinterest, Behance, Devianart, entre outros.
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A próxima etapa seria fazer uma série de fotos para selecionar a melhor para criar a composição. Dependendo da ideia que tínhamos pensado em fazer, este processo poderia levar um certo tempo até encontrar a imagem ideal, pois ela deveria estar no mesmo ângulo e iluminação.
Após definidas as imagens e fotos que seriam utilizadas, partiríamos para o processo de manipulação. Nesta fase a Hannah participava bastante, fazendo novas intervenções, incluindo novos elementos, sugerindo cores e, é claro, dando o veredito final quando a arte estava do seu agrado.
A bela e as feras Uma domadora de feras que através da empatia alcança o coração de qualquer ser animalesco. Esta é Hannah, a garota de sorriso fácil que transforma tudo aquilo que toca com seu afeto e carinho.
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Revisitando Iracema Iracema foi concebida na obra de José de Alencar, 1865. O símbolo que representa a força da mulher indígena ganha novos elementos em uma construção imagética atualizada. Aqui, Iracema é uma garota de dez anos que vive num mundo ao avesso, como o século bem sugere. As terras cearenses estão diferentes da narrativa original. Arranha-céus marcam a paisagem, mas a beleza e o encanto da virgem dos lábios de mel seguem eternizados.
#photomanipulation #photoshop_art #publicidade #fotografia #photoshop
Planeta em extinção Sabemos onde estamos agora? Separados, mas juntos. Compartilhando em nossos corações as mesmas esperanças de que o momento presente passe o mais rápido possível e um futuro melhor se projete diante de um planeta cada vez mais castigado que clama por socorro.
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Da primeira infância à primeira revolução Mística e Selvagem, ela carrega a ancestralidade no olhar. Por que não incorporar uma a uma heroína, que defende seu povo? Uma criança tem a força para revolucionar o mundo através do belo e do inócuo.
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Memórias durante Se minhas máscaras falassem
As primeiras Março de 2020, o covid chegou na cidade, eu já estava doente com crise respiratória, e tudo parou. Trabalho em casa, universidade fechada, mudança de casa. As incertezas povoavam nossa mente...
O retorno Em junho de 2020, depois de vários meses trabalhando em casa, o retorno ao escritório foi necessário. Ali eu tinha algumas máscaras, recebi da empresa quatro máscaras. O uso era obrigatório e também as trocas, de acordo com as regras dos órgãos de saúde. Eu trocava quatro vezes ao dia.
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As escolhas As primeiras máscaras utilizadas foram as máscaras descartáveis, durante vários dias não saí de casa, exceto por uma ida ao supermercado.
Os modelos Experimentei diversos modelos de máscaras, meu rosto é pequeno e nem toda máscara ficava boa. Adquiri algumas que ficaram confortáveis, sem cair ou largas demais. Buscando sempre estar melhor protegida.
e a Covid
O Comercio No trabalho, diversas pessoas venderam máscaras e isso facilitou nas escolhas, prezando pelo conforto e segurança. O uso obrigatório continua, mas o desconforto não. E, sabendo que o uso faz diferença na prevenção, virou natural.
O futuro...! A cada dia, o número de máscaras cresce, pois é rotina e as trocas e lavagens são necessárias. Uso nas atividades físicas, no trabalho, em todos os locais da cidade. E ter sempre a mais é mais do que indicado. É a proteção da minha saúde e da saúde dos demais que compartilham espaço comigo. Nós somos responsáveis por nós e pelos outros.
Estudante de Sistemas e Mídias Digitais, trabalho com turismo, curiosa por tecnologia e audiovisual. elane.sousa@gmail.com
Elane de Sousa
#quarentana #mascaras #reflexão #fotos | Outubro de 2020 | 36
#01 - Como foi a vida profissional
Fabio_Rabelo
(spoiler: foi frustrante) Este pedaço da minha vida foi o que mais me gerou ansiedade durante este período da Pandemia. Aliás, a ansiedade, pressão por resultados já é frequente na minha cabeça há muito tempo. O elemento "Pandemia" só veio para me dizer: "Você tem mais tempo agora, precisa devorar todos os cursos existentes. Resumindo: meu rendimento foi bem abaixo do esperado. O tempo passou como o vento e o sentimento de "Dá pra fazer amanhã, a pandemia vai demorar" predominou, fazendo com que tenha avançado muito nesse período (pelo menos é o que meu cérebro diz).
7 likes Essa conversa exemplifica bem. Foi, mas não tanto kkkkkkkk #Frustrado #Job #Desafio #Justdoit
Mood: Frustrado
Estudante de Sistemas e Mídias Digitais, quase concluindo o curso com mais perguntas do que respostas. Estagiário de mídias sociais no Sistema Jangadeiro. fabiorabelo28@gmail.com
Fabio Rabelo
37 | Outubro de 2020 |
#02 O convívio familiar em uma casa de 40m² + sem sair de casa Antes de escrever isto, eu saí perguntando aos amigos e lembrando dos stories que vi, e percebi que minha realidade de convívio com minha família foi extremamente positivo. Eu sou extremamente caseiro, então ficar em casa por muito tempo teve uma dificuldade muito reduzida pra mim. Preciso destacar os picos depressivos que tivemos em alguns momentos, mas fui muito bom ficar mais tempo com a família. Os cafés da manhã em torno da mesa (que não existiram) se tornaram frequentes. Se existir algo de positivo nessa quarentena, foi a aproximação com a família. Ah, nem tudo são flores, e o fato da casa ser minúscula trouxe uma consequência: privacidade quase zero.
Fabio_Rabelo
362 likes Teve mini aglomeração no meu aniversário #Family #Happy #Quarentena #NoProblem
Mood: União
| Outubro de 2020 | 38
#03 Como mata o tempo se o tempo parece infinito? Pois é, como passar um dia que não passa?A resposta é: NÃO PASSA! Certo que computador e celular possuem ótimas opções, mas não existe material suficiente que cubra 6 meses de total ócio. Ir ao supermercado e farmácia se tornaram eventos de gala pra mim. E foi inevitável que por vezes, ficasse apenas com o olhar fixo no teto pensando na morte da bezerra. Mas vamos ao que interessa. Vamos aos pontos positivos do meu crescimento cultural. Os materiais audiovisuais me salvaram e muito. Me tornei um crítico de cinema e analista político como nunca antes havia pensado. Os podcast de política me faziam debater com alguma entidade invisível que claramente não concordava comigo e que tinha idéias muito estúpidas. Meu outro lado foi o de crítico de cinema. Comecei a acompanhar canais de filmes e a assistir vários filmes e analisar suas características. Hoje me tornei quem eu mais criticava: o cara que implica com a falta de ritmo de "Crepúsculo". OBRIGADO CANAL PEEWEE E CAFÉ DA MANHÃ POR ME SALVAR! Mood: Julgador
39 | Outubro de 2020 |
Fabio_Rabelo
302 likes Isso é propaganda gratuita?? #Analista #Cultural #Filmes
#04 O Covid nĂŁo precisa atacar seu pulmĂŁo, basta atacar sua cabeça. Sim, talvez este post seja o mais triste/depressivo entre os 4. Vamos falar sobre os efeitos psicolĂłgicos que uma doença pode causar mesmo sem que vocĂŞ. Basta expressar o potencial destrutivo em uma frase: eu sou asmĂĄtico. Sim, um grupo de risco na maior pandemia do sĂŠculo. É justificĂĄvel que eu tivesse medo de sair na rua, mesmo que quisesse muito. Mas ao contrĂĄrio nĂŁo que possa parecer, eu buscava informação. Buscava nĂşmeros, queria saber quais eram os meus riscos. Algo que comecei a gostar enquanto estou no meu estĂĄgio sĂŁo as notĂcias. E sim, algumas vezes as notĂcias nome deixavam pior (Obrigado por nada, Bolsonaro). Mas nĂŁo me arrependo. Se eu consigo ter um posicionamento sĂłlido sobre a pandemia, devo isso a minha "Coragem" de saber quais os riscos que estava correndo. Mas saio com a sensação de que minha cabeça perdeu um ou dois parafusos.
Fabio_Rabelo
17 likes “E daĂ?â€? #Charge #MarcoJacobsen
Charge de Publicada em 30/04/2020 no
Mood: doente
#Diario #Quarentena #Escritor #Desabafo
| Outubro de 2020 | 40
A PRAGA A experiência de um jovem universitário durante a pandemia do novo coronavírus O início uando os três primeiros casos de COVID-19 foram confirmados no Ceará, o desespero tomou conta de praticamente todos ao meu entorno. Quando o vírus ainda estava na China ele era menos real, era algo mais distante e mais fictício. Mas bastaram alguns meses para se tornar realidade. No dia seguinte da confirmação ainda trabalhei normalmente, porém, pela tarde as aulas da faculdade foram canceladas, pelo menos as do meu bloco na UFC. Aos poucos a ficha, de que estávamos no meio de uma pandemia, foi caindo. A primeira grande mudança foi o home office e logo depois a paralisação das aulas. Mal sabia eu que aquilo era apenas o começo e que a minha rotina ia mudar muito, e que isso duraria por meses. Com tudo parando aos poucos o isolamento social ia ganhando forma. Em minha casa moramos: eu, meu pai, minha mãe e minha irmã. Felizmente todos os membros da família foram conscientes e obedeceram às regras de distanciamento
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social ao pé da letra e por felicidade essa doença não chegou a contaminar nenhum de nós. Home Office O home office se tornou um grande desafio desde o começo da pandemia. Era bem complicado trabalhar em casa por três grandes motivos: produtividade, estresse e isolamento. Os primeiros dias foram os mais difíceis, pois era a época de adaptação. Não trocar informações ou até mesmo tirar dúvidas com os meus companheiros de trabalho era estranho para mim. Trabalho com vendas, ou seja, tenho que bater me-
tas todos os meses, ou pelo menos chegar o mais perto possível. Senti uma grande mudança no cenário de vendas, pois muitas pessoas não estavam com muita segurança para investimentos. Esse fato só aumentou meu estresse, já que não me sentia produtivo e não conseguia chegar aos números que a empresa esperava. Entretanto, agora que a pandemia está chegando ao fim, vejo que o home office se tornou uma opção bem viável, principalmente para empresas de tecnologia. Acredito que esse surto de coronavírus ajudou a disseminar essa “forma de trabalhar” em várias empresas do Brasil.
“Mal sabia eu que aquilo era apenas o começo e que a minha rotina ia mudar muito, e que isso duraria por meses.”
#quarentena #solidao #isolamento Imagens: Freepik
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Graduando de Sistemas e MĂdias Digitais. Almejo ser designer. Amo jogar, tocar violĂŁo e fotografia. junior.santos.2178@gmail.com
Junior Santos
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aço aniversário no dia 21 de abril, ou seja, o aniversário mais atípico da minha vida. Gosto de reunir todos os meus amigos para fazer alguma coisa, como assistir um episódio da minha série preferida, como aconteceu no ano passado. Mas em 2020 isso não era possível. Não posso dizer que meu aniversário foi ruim, na realidade ele foi incrível. Minha família ajudou a minha namorada a fazer uma surpresa incrível para mim. Fizemos um piquenique dentro de casa mesmo. Minha mãe fez um bolinho para não passar em branco. Confesso que aquele momento me ajudou bastante, pois, eu sabia que sempre ia ter com quem contar. Foram essas pessoas que me ajudaram muito a passar por essa pandemia sem surtar. Revolta Conforme as informações que a onda do novo coronavírus ia acabando e os casos da doença iam diminuindo as pessoas começaram a se importar menos com a higiene, com o uso de máscara e também com o isolamento social. Isso tudo começou a me estressar bastante, pois tenho quase certeza que o Brasil teria controlado o vírus em poucos meses se o brasileiro ajudasse. Por volta de maio eu já vi muita gente saindo para festas particulares, entre vários amigos.
ou desistir de nenhuma. Volta às aulas
Também via várias pessoas andando pelas ruas sem máscara ou até mesmo, o que mais me deixava com ódio, usando ela de maneira errada. Volta às aulas Quando minha rotina já estava bem estabelecida tive que mudá-la novamente. O retorno das aulas mudou completamente como eu estava vivendo na quarentena, pois, agora eu teria mais trabalhos, mais atividades e mais seis disciplinas para cuidar. Se já era uma tarefa difícil trabalhar e estudar todos os dias e dar conta de tudo isso, imagina isso somado com uma pandemia, o desgaste mental aumenta bastante. Sempre participei de aulas presenciais e tive que, de uma hora para outra, mudar para o ensino à distância. E pode parecer mais fácil, ou até mesmo mais confortável, entretanto, não é bem assim. Meu principal problema nas aulas à distância é o foco e a concentração. Já era bem difícil eu me concentrar
em sala, em um ambiente que é propício a isso. Manter a concentração em meu quarto, onde tenho vários itens que me fazem facilmente perder o foco foi um trabalho quase impossível. Tive que assistir a vários vídeos e aprender várias formas de conseguir manter uma boa produtividade, caso contrário, eu sem dúvidas reprovaria quase todas as disciplinas. E, por incrível que pareça, eu não queria trancar ou desistir de nenhuma. Ele ainda está aqui... É, infelizmente vários meses após o coronavírus ter entrado na vida dos brasileiros, e na minha, ele ainda está aqui. O cenário atual está bem diferente do começo do isolamento social, com medidas que estão afrouxando mais o distanciamento. Para mim, é meio assustador essa incerteza e não saber para onde estamos indo. Além disso tudo, tem o fato de a vacina ainda não tem uma data de chegada e tenho total certeza de que essa crise só será freada com ela.
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#audiovisual #reflexões
Graduando em Sistemas e Mídias Digitais pela Universidade Federal do Ceará. Profissional Multimídia. Apaixonado por música e cinema, principalmente pelas relações entre estes. Meio despenteado e metido a roteirista. guilhermeramosweb@gmail.com
Guilherme Ramos
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proposta foi desenvolver um video-ensaio, como narrador personagem, ilustrando reflexões rápidas que aconteceram durante o período de pandemia. O principal intuito é ilustrar como os pensamentos e a ansiedade foram intensificados durante o período de isolamento. O roteiro partiu da discussão acerca da perda de cabelo, problema comum durante a quarentena, devido principalmente às alterações na rotina e o estresse. O vídeo deve ter duração de um minuto, tendo como referência o Festival do Minuto, onde são publicados projetos audiovisuais de 1 minuto. Para o desenvolvimento da narrativa e roteiro, tive como principal referência o Diário de Quarentena da Dj Laurinha Lero, realizado pela web persona Laurinha Lero, para a Revista Gama. Esse material foi produzido ainda nas primeiras se-
“Esse material foi produzido ainda nas primeiras semanas de quarentena, utilizando o ritmo de fluxo de consciência para narrar reflexões diversas em áudios curtos”. manas de quarentena, utilizando o ritmo de fluxo de consciência, característico da Laurinha, para narrar reflexões diversas em áudios curtos. Partindo daí, propus desenvolver uma narração livre, seguindo um fluxo de consciência, adaptando reflexões recorrentes durante a quarentena à duração de um minuto. Como um áudio de whatsapp enviado a um amigo. Sobre a duração do vídeo, decidi desenvolver um vídeo de um minuto, tendo como referência os vídeos produzidos para o Festival do Minuto, que hoje tem como uma das categorias o 1MI-
NUTO Quarentena. Acredito que essa duração de vídeo permite que eu possa ilustrar bem o meu fluxo de pensamento acelerado, através da narração curta e rápida e do vídeo curto e com mais cortes, como na montagem de um videoclipe, por exemplo. A estética proposta para o vídeo é experimental, unindo recursos de filmagem diversos. Como referências principais de direção de arte serão utilizados dois projetos desenvolvidos durante a quarentena. O primeiro é o Diário de um Confinado, série da Rede Globo, escrita e interpretada por Bruno Mazzeo, com direção artística de Joana Jabace. E o segundo é "Horas em Casa", websérie desenvolvida por Luiz Vilaça e Denise Fraga. Ambos os projetos possuem o ambiente caseiro como cenário, daí foram tiradas referências de direção de arte e enquadramentos, por exemplo.
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PANDEMIA EM FILMES
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Estudante de Sistemas e Mídias Digitais, filho do sertão que resolveu dar uma de cinéfilo na cidade grande e metido a esperto. Os óculos manchados são puro conceito estético. jardeelfreitas@gmail.com
Jardel Silva
#quarentena #cinema #filmes #audiovisual
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DIA 0 16 de Março Ontem foram confirmados os primeiros casos de covid-19 em Fortaleza. “Que loucura, se preocupar tanto com um vírus chinês enquanto nem a dengue nós superamos ainda”, a ameaça do coronavírus me parece algo assim, um problema distante enquanto ainda temos vários outros para superar. Um problema nunca espera outro ir embora pra poder surgir.
DIA 1 17 de Março As atividades presenciais na UFC foram suspensas até o fim do mês e o governo do estado já começa a dar indícios de um possível isolamento social ou regras rígidas de distanciamento. Acredito que o melhor pra mim será passar esse tempo no interior com minha família, minha avó, minha irmã e meu primo, ficar sozinho na residência universitária da universidade é bastante melancólico.
O Homem Invisível , de Leight Whannell (2020)
romper qualquer tipo de atividade acadêmica, visando não comprometer alunos com certa vulnerabilidade de recursos e acessos, com o tempo livre acho que vou ver um filme antes de dormir.
DIA 6 22 de Março: 3º filme A escola da minha prima não suspendeu as aulas só as adaptou pro ensino remoto, como ela veio utilizar a internet aqui de casa para terminar umas atividades, acaba-
amos vendo a nova animação da Pixar que ambos estávamos querendo conferir.
DIA 08 24 de Março: 4º filme Fui adicionar no Letterboxd os filmes que assisti recentemente e percebi que o filme mais comentado e assistido nessa semana é Contágio, irônico e engraçado. Vou dar uma conferida antes de dormir pra ver se qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
DIA 4 20 de Março: 1º filme Já me estabeleci e me acomodei na casa de minha avó, os primeiros dias são sempre para se acostumar com os horários, com a dinâmica das pessoas e com as rotinas. Meu curso decidiu por inter-
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Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, de Dan Scanlon (2020)
DIA 13 29 de Março: 8º, 9º e 10º filme Domingo e minhas tias decidiram parar com as visitas regulares aqui em casa, não querem acabar comprometendo a saúde de vó que além de idosa é fumante, super no grupo de risco. Minha irmã passa o dia dentro do seu quarto vendo TV, minha avó também no seu, vidrada no Silvio Santos e meu primo está passando esse período na casa do namorado. Aproveitei o dia em minha própria companhia e conferi os filmes do Studio Ghibli que chegaram ao catálogo da Netflix.
“Um tempo atrás eu sempre dizia que qualquer filme mais velho que eu não valeria a pena ser visto… e todo esse período em isolamento me mostrou que estou errado sobre várias coisas, inclusive essa”.
Princesa Mononoke, de Hayao Miyazaki (1997)
DIA 41 26 de Abril: 12º e 13º filme
DIA 55 10 de Maio: 23º filme
Quase um mês desde que não assisto nenhum filme, estava pondo minhas séries em dia porque acompanhar algo mais longo me parecia mais atrativo e um melhor entretenimento. A UFC manteve as atividades práticas e as aulas suspensas e a pandemia continua firme e forte. Acabei começando a conferir as pendências da minha watchlist do Letterboxd e algumas recomendações de amigos.
Um tempo atrás eu sempre dizia que qualquer filme mais velho que eu não valeria a pena ser visto… E todo esse período em isolamento me mostrou que estou errado sobre várias coisas, inclusive essa. Lá nos anos de 1950, Sidney Lumet nos entregou um dos melhores filmes de todos os tempos usando apenas uma sala cheia com doze homens raivosos em busca de justiça.
DIA 61 10 de Maio: 23º filme
12 Homens e Uma Sentença, de Sidney Lumet (1958)
Quase dois meses desde que a pandemia impactou diretamente minha rotina e eu já não consigo mais acompanhar o tempo lá fora, quando é dia eu penso que ainda é noite e quando é noite eu acho que ainda estamos de dia. Meu tempo agora se pas-
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se passa em outro tempo, ou outros. Hoje (ou foi ontem?) eu vi um daqueles filmes que instantaneamente se tornam um dos seus favoritos assim que você olha a ultima cena. Visceral, surreal, dramático, fantástico…
DIA 69 24 de Maio: 41º filme Hoje eu acordei meio melancólico e com saudades da rotina de antes, de ver meus colegas da faculdade, das aulas presenciais, do meu colega de quarto Wesller e de vários amigos de Fortaleza. Vou tentar assistir a meus filmes favoritos e mais esperançosos pra ver se melhoro.
DIA 77 01 de Junho: 59º filme Com a crescente discussão nos últimos dias sobre racismo e a desigualdade racial impulsionados pelos casos recentes de brutalidade policial nos Estados Unidos, resolvi conferir uma obra que venho adiando há muito tempo mas que caiu como uma luva no dia de hoje. Tão visceral que se torna atual, o discurso deste filme lançado em 1989 continua bastante relevante para discutirmos questões sociais do “agora”.
Vá e Veja, de Elem Klimov (1985)
DIA 87 11 de Junho: 76º filme Wong Kar Wai é um diretor chinês proveniente de Hong Kong, conheci seu trabalho enquanto usava os filmes pra fugir da realidade em que me encontro e estou completamente apaixonado. Está longe de ser um dos primeiros a abordar romance gay em seus filmes, mas ‘Happy Together‘, estreado em 1997 e aclamado pela crítica com o prémio de Melhor Realização no Festival de Cannes, não deixa de ser absolutamente pioneiro. O filme retrata a vivência de um casal chinês que viaja e
Faça a Coisa Certa, de Spike Lee (1989)
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emigra para Buenos Aires na esperança de tentar consolidar a sua relação conturbada. Conhecer a romântica Argentina pelo ponto de vista de personagens tão bem retratados e construídos nessa obra foi como se eu mesmo estivesse perdido e sem perspectiva pelas ruas de Buenos Aires.
DIA 113 07 de Julho: 93º filme Até aqui eu acredito que já perdi as contas de quantos dias se passaram ou de quantos filmes, séries, animações, curtas e documentários já me ajudaram a
passar o tempo nesse período conturbado mas que aos poucos parece oferecer um pouco de descanso. Minha irmã já voltou a trabalhar e minha tia também também, minha vó voltou a cuidar de minhas primas durante o expediente e a casa silenciosa e sossegada não existe mais. A UFC começa a dar notícias sobre o retorno de atividades remotas e o melhor seria eu voltar a ficar mais tempo nesse mundo do que em outros.
I May Destroy You, criada por Michaela Coel (2020)
DIA 121 13 de Julho: 94º filme
DIA 127 19 de Julho: 94º filme
Hoje começou a última semana dessa rotina louca sem afazeres e confesso que ao mesmo tempo que desejo ocupar minha mente com tarefas, obrigações e pessoas reais, sentirei bastante falta de poder me anestesiar com a ficção e fugir do mundo real por um tempinho.
Último dia das “férias” forçada pela pandemia e para me despedir dos mundos decidir maratonar a minissérie nova da Michaela Coel, artista que admiro desde Chewing Gun. A série é simplesmente necessária, atual e importante. Espero aprender com a guerreira protagonista e aceitar que, apesar de tudo,
a vida continua e que ela deve continuar. Voltarei para minhas obrigações amanhã, não como eu esperava que fosse, mas no nada sempre aceitamos qualquer coisa. Retorno para Fortaleza já amanhã, um cantinho mais adequado para os estudos, e já sinto falta desses dias com a minha família, dessa rotina e dos mundos que visitei. Até a próxima
Central do Brasil, de Walter Salles (1998)
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Estudante de Sistemas e Mídias Digitais, apaixonado por programação e novas tecnologias. Gosto de desafios e dificilmente me dou por vencido.
joao.vitoor.batista@gmail.com
Joao Vitor
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Imagem de thedarknut por Pixabay.
O MEDO DO DESCONHECIDO A NOVA ROTINA DE TRABALHO Trabalho em uma empresa onde presto suporte de T.I. a servidores e terceirizados. A priori foi um caos generalizado, pois o medo estava instaurado nas pessoas e assim como elas também fiquei com muito medo. O medo maior era de ficar doente e, consequentemente, adoecer todos da minha família, principalmente a minha mãe, que é do grupo de risco por causa da asma. Muitas pessoas no meu setor tem comorbidades, o que também as enquadrava no grupo que mais deveriam tomar cuidado, e essas foram imediatamente dispensadas para trabalhar em home office até que fosse seguro voltar ao normal.
“O trabalho, que antes limitava-se ao horário comercial, agora parecia não ter mais limites... as vezes chegava a atender pessoas as 20 ~ 21 horas, finais de semana, feriados...”
Por estar trabalhando de casa a preocupação deveria ter diminuído, mas infelizmente surgiram outras preocupações como: será que estou sendo produtivo? Será que vai haver diminuição da carga horária e salários? Será que vão haver demissões? Infelizmente os problemas não pararam por aí. O trabalho, que antes limitava-se ao horário comercial, agora parecia não ter mais limites... Às vezes chegava a atender pessoas às 20 ~ 21 horas, finais de semana, feriados... embora meu chefe tivesse dito para não atender, eu não conseguia dizer não para as pessoas que precisavam, afinal de contas também estavam trabalhando de uma forma diferente do acostumado e tentava sempre me colocar no lugar do outro... “E se fosse eu que estivesse precisando? Com certeza eu iria gostar de ser atendido”. Com o passar dos dias, as coisas foram acalmando. Aprendemos, aos poucos, a conciliar os afazeres de casa com o trabalho em modo remoto. Assim como em tudo nessa vida, nos acostumamos a esse novo “normal”, embora ainda seja estranho. O medo foi dimi-
nuindo e as preocupações se esvaindo.
A DOENÇA CHEGOU À MINHA CASA Sabe quando você fica sem chão e tudo parece perdido? Pois bem, foi assim que me senti quando minha mãe adoeceu. Eu fui o primeiro a sentir os sintomas. Comecei a sentir no dia 02 de maio, um dia após uma visita do meu irmão. Mesmo com todas as notícias e a gente pedindo para ele manter-se em casa, ele continuava teimando em vir nos visitar. Comecei com uma leve dor de garganta, coriza e moleza no corpo. Após dois dias, fiquei sem paladar e sem olfato, mas os sintomas anteriores haviam sumido já. Entretanto, minha mãe quem os sentiu e, infelizmente, nela eles foram mais fortes. Esse sempre foi o meu maior medo, que minha mãe se infectasse, pois ela faz parte do grupo de risco por conta da asma. Com 4 dias depois de sentir os primeiros sintomas, ela já estava bem debilitada. Não conseguia falar direito, pois cansava rapi-
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damente, não conseguia se sentar porque o corpo doía. Acho que foi um dos momentos mais difíceis para mim, ver minha mãe naquele estado, sem falar que os noticiários só relatavam o crescimento no número de casos diários e número de óbitos. Após o quinto dia sem haver nenhuma melhora, minha irmã decidiu levar minha mãe em uma UPA, onde ela foi medicada e avaliada, mas nessa UPA não estavam mais realizando os testes para COVID, então a encaminharam para outra UPA, onde o médico não quis realizar o exame, mas passou várias medicações para que ela se tratasse em casa. Como prescrito pelo médico, coloquei um alarme para cada remédio que ela deveria tomar na hora certinha. Para mim, não existia mais cansaço físico e nem mental, só queria ver minha mãe bem e me virei entre cuidar dela e atender alguém do trabalho. Com certeza foram momentos complicados, mas a partir do quinto dia depois do início das medicações foi notória a melhora dela. Ela conseguia se sentar sozinha, voltou a se alimentar melhor, conseguia falar sem se cansar e as dores no corpo foram sumindo também. Depois de quinze dias do começo do tratamento ela já estava totalmente recuperada. Os únicos sintomas que ainda não haviam sumido, tanto em mim como nela,
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foram a falta do paladar e do olfato, que só desapareceram com vinte e cinco e trinta dias, mais ou menos, após os primeiros sintomas.
RETOMADA Aqui irei contar um pouco sobre como a retomada aconteceu/está acontecendo e o que isso mudou na minha rotina. O medo continua a existir, mas infelizmente tive que aprender a conviver com ele e tive que voltar ao trabalho. No começo, foi pensado em um horário para que os funcionários que pegam ônibus evitassem pegá-los lotados, então meu horário, que antes era de 08:00 às 17:00, passou a ser de 09:00 às 18:00. Todavia, este horário não agradou a nenhum funcionário por causa do horário da saída que ficava ruim, pois além de chegar mais tarde em casa o trânsito parecia ser pior do que o de costume. Atualmente o horário já voltou para o padrão anterior. O meu setor é compartilhado com outro em um salão grande e ficou decidido que apenas 50% da capacidade fosse ocupada, o que nos mantém ainda em escala híbrida: uma semana uma parte vai para o trabalho e a outra fica em home office e na semana seguinte muda. Isso foi planejado para evitar a aglomeração, pois o risco de contaminação ainda existe e, infelizmente, sabe-se pouco sobre o vírus.
Este horário me agradou muito e trouxe um pouco mais de segurança, pois além de ter o final de semana para os trabalhos da faculdade, posso emendar com a semana do home office para não sobrecarregar os dias de descanso. Em contrapartida, os dias em que vou para o trabalho têm se tornado corridos. Desde a liberação das academias, decidi me inscrever em uma para não ficar parado e porque estava sentindo o sedentarismo tomar conta do meu corpo, pois passei todos esses meses sem ter praticado exercícios em casa. Então a rotina é: acordar 04:50, tomar banho, me arrumar, ir para academia, voltar para casa, tomar banho, me arrumar, ir para o trabalho, voltar para casa e descansar para o dia seguinte. Confesso que tem sido bastante cansativo, mas os exercícios têm me ajudado bastante a continuar seguindo em frente. Assim como o mundo, não posso desistir. Tenho que continuar lutando. Ainda nesse novo normal, seguindo as regras do distanciamento, seguindo os protocolos de higiene e torcendo, rezando, acreditando que essa fase vai passar.
#programacao #backend #sql #tecnologias
Imagem de Engin Akyurt por Pixabay.
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13 de março de 2020 Hoje foi o último dia de aula presencial que eu tive. Não sei quando estarei em outra. Cheguei em casa agora e vi que a universidade está vendo a possibilidade de termos aulas à distância. Teria valorizado mais as aulas de hoje se imaginasse. O que eu estou sentindo é algo muito incomum, acredito que uma doença desse porte nunca chegou ao Brasil, pelo menos não desde que eu nasci. Tem sido bastante informação para lidar. No momento, eu estou preocupada em como está a situação pelo interior, porque minha mãe tem pressão alta, então acho que ela é do grupo de risco. Sei que preciso pesquisar mais sobre o Coronavírus, me informar e ver o quanto a minha família está informada.
Antes de ir à faculdade. 57 | Outubro de 2020 |
Estudante do curso de Sistemas e Mídias Digitais, tentando ser designer, que ama viajar, ver coisas fofas, tomar café e comer chocolate. josemillysales@gmail.com
Josemilly Sales
17 de março de 2020 Hoje voltei para o Tururu. Depois que cheguei de Fortaleza, minha família e eu decidimos ficar em isolamento. Ultimamente há muitas notícias ruins passando na televisão, o que tem me deixado ainda mais preocupada. Estive tentando manter a mente ocupada com alguns projetos da Empresa Júnior. Já soubemos de casos confirmados, mesmo aqui no interior, onde tínhamos esperança que demoraria um pouco mais a chegar. Temos tentado nos proteger, mas tem sido bastante estressante pelo fato de sermos seis em uma casa e percebermos que é complicado fazer todos seguirem as formas de prevenção corretamente.
Voltando par
a casa. | Outubro de 2020 | 58
8 de abril de 2020
Já iniciamos abril, o vírus tem se espalhado rapidamente e já está em torno de 14.000 casos agora. Os noticiários têm nos deixado bastante preocupados. Por uma questão de saúde mental, passamos a assistir menos aos jornais. Então, há algumas semanas a vida aqui tem girado em torno do Big Brother Brasil. Estamos acompanhando tudo o tempo inteiro. Tem nos distraído e também nos unido mais. Ah, não posso esquecer de falar que minha irmã começou a demonstrar dotes culinários durante essa quarentena e além de comer, estou tentando aprender alguma coisa com ela. Tenho sentido falta de fazer algum exercício físico e me sentido sedentária por isso.
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Big Brother Brasil 20 59 | Outubro de 2020 |
13 de maio de 2020
Tenho participado do máximo de atividades que posso da Empresa Júnior, tentando aproveitar esse tempo "livre" para aprender novas coisas. Também tenho feito cursos online. Meu cabelo também tem aproveitado esse tempo. Já tem um tempo que quero me libertar das progressivas e agora estou descobrindo sobre como cuidar desses cachos naturais. Igor, meu namorado, estava morando com o tio em São Paulo desde fevereiro, conseguiu finalmente alugar um apartamento para ele e estou tentando ajudá-lo à distância com dúvidas sobre cuidar de uma casa, já que moro longe dos meus pais há 3 anos. Sinto que devo ajudar, porque tive muito a aprender 3 anos atrás.
Bem-vindos, c
achinhos!
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10 de junho de 2020
Decidi viajar. E acho que muita gente decidiu junto comigo, porque o aeroporto estava lotado, o avião estava lotado e para completar, quando as aeromoças distribuíram biscoitos, quase todo mundo do avião tirou suas máscaras. E acho que por isso que existem tantos "memes" falando sobre como os brasileiros não levam nada a sério. Enfim, agora sou uma cearense perdida em São Paulo. Decidi vir porque o Igor vai começar a montar o apartamento. Como planejamos morar juntos quando eu me formar, senti que esse é um momento importante. Além de que provavelmente vai ser uma experiência de bastante crescimento para nós dois.
ulo.
Vila Mariana, São Pa
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13 de julho de 2020
Hoje sou oficialmente uma moradora do Apartamento 42. Por causa da pandemia e para economizar dinheiro, evitamos chamar profissionais para montar o apartamento. Tudo acabou sendo resultado de um trabalho em conjunto. Juntos, pintamos as paredes, montamos todos os móveis, escolhemos cada coisa para decorar. Sobraram alguns pregos que não deveriam? Sim. Mas cada parte do apartamento que ia sendo concluída... O sentimento de orgulho foi muito grande. A sensação de começar e terminar algo - que estava a fazer pela primeira vez - é única. Foi muito cansativo, mas absolutamente tudo foi aprendizado.
Primeiro móv
el montado. | Outubro de 2020 | 62
18 de agosto de 2020
No final de julho a universidade iniciou as aulas remotas e tenho gostado de voltar sa ter algum tipo de rotina. Uma outra coisa que me deixou muito feliz, foi ter voltado a fazer exercício físico. Os parques aqui voltaram a abrir. Só é permitido fazer exercício usando máscara, e embora seja ruim para respirar, é melhor do que ficar parada. Desde a última vez que escrevi, tenho me descoberto bastante. Conhecendo um pouco mais de mim, percebi que gosto muito de estar na natureza, principalmente depois de ter ficado tanto tempo dentro de casa. Começamos até a cuidar de uma plantinha. Percebi que gosto de cozinhar, gosto muito de café e gosto de artesanato.
Voltando a andar de 63 | Outubro de 2020 |
bike.
30 de setembro de 2020
É o fim desse diário, mas a jornada e o aprendizado continuam. A conclusão que fica é que, embora por circunstâncias ruins, vulgo quarentena, ainda assim pude tirar ensinamentos muito positivos, que vão ser úteis pelo resto da minha vida. O meu eu do começo da quarentena, com certeza não é o mesmo eu que escreve essas linhas agora. Cresci bastante durante esse tempo. Me conheci mais, me descobri mais. Tive medo, fiquei ansiosa, fiquei apreensiva, fui aprendiz, fui otimista. E enfim, floresci em mim, assim como fiz florescer também nesse diário. Deixo aqui, por fim, o pôr do sol maravilhoso de hoje, que tive o prazer imenso de presenciar. #fotografia #quarentena #percepções #diário #design
Pôr do sol em
Vila Mariana | Outubro de 2020 | 64
DIÁRIOS DE QUARENTENA ntes da proposta principal do meu texto, em que falarei de vários assuntos sob a minha perspectiva, começo essa escrita desejando meus mais sinceros sentimentos a todos que foram afetados pela pandemia do novo Coronavírus, principalmente aquelas pessoas que perderam entes queridos e amados. Cristão que sou, desejo que Deus se faça presente nos corações de vocês para que superem essa dor. Filho, irmão, novo, profissional de TI, estudante, jogador amador de futebol, jogador de videogame, torcedor do Fortaleza. Acho que essas pessoas são o meu “eu” dividido. Todos elas somadas me fazem ser quem eu sou, ou pelo menos boa parte disso. E, apesar de não ter contraído o Coronavírus nessa pandemia, assim como as pessoas mais próximas de mim, todas essas minhas partes foram afetadas pela doença. Lembro bem que em meados de março de 2020 já ouvíamos por aí que a doença vinha se espalhando pelo mundo afora, mas até então não tinha chegado ao Ceará, e todos levávamos uma vida normal. Eu e minha noiva saímos, em um domingo, para
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almoçar com um casal de amigos, passeamos pela tarde, conversamos, rimos e, de repente, na semana seguinte, o primeiro caso foi confirmado no Ceará. Tudo mudou. Em um piscar de olhos a vida já não era mais a mesma. A empresa onde trabalho rapidamente instruiu que os funcionários ficassem trabalhando em casa, os campos de futebol fecharam, eu não me encontrava mais com minha noiva, as aulas da faculdade foram interrompidas e por aí vai. Todos os meus “eus” foram afetados, e vou falar um pouco sobre cada parte da minha vida (ou pelo menos as principais) e como a pandemia afetou cada uma delas, levantando minha opinião e consideração sobre como os meus relacionamentos foram afetados, bem como minha mudança de visão sobre tudo.
FAMÍLIA E AMIGOS Repentinamente me vi confinado com meus familiares 24 horas por dia. Moro com meus pais e duas das minhas três irmãs (a mais velha mora no interior), e quando tudo isso começou e entramos no modelo de quarentena, passamos a ficar o dia inteiro juntos, pois não estávamos mais passando o
dia fora no trabalho, nem saindo aos fins de semana etc.. Isso de certa forma mexeu com o nosso relacionamento. Percebi que havia mais discussões bobas, sobre assuntos irrelevantes, como quem deixou a toalha molhada no banheiro ao invés de estender no varal. Também notei que passamos a interagir mais (obviamente), conversar mais sobre temas variados, assistir a filmes e séries e jogar cartas. Fiquei aproximadamente 3 meses sem ver minha noiva, e até lembrei dos períodos de intercâmbio acadêmico que eu e ela vivemos, em que passamos períodos longos como esse sem nos ver. Foi um misto de sentimentos, muita estranheza, uma novidade esquisita. Eu estava a 10 minutos dela, mas simplesmente não podíamos nos ver. Quanto aos amigos, obviamente, também paramos de nos encontrar. E como era de se esperar, o contato online aumentou absurdamente. Passamos a fazer vídeo-chamadas para conversar e colocar o papo em dia, interagíamos nas redes sociais mandando fotos do que estávamos fazendo (muitas vezes assistindo a lives), e, claro, a pandemia estava sempre nos “trend topics” dos assuntos mais falados.
#diariodequarentena #diario #quarentena #insights #lifestyle
Profissional da área de TI, professor de Inglês, Matemática, Física e estudante de Engenharia da Computação pela UFC. Irmão de 3 moças, noivo e amante de futebol e jogos eletrônicos. leonefreire0@gmail.com
Leone Freire
Imagem: Freepik
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TRABALHO Assim que o primeiro caso de COVID-19 foi confirmado no estado, as atividades da empresa onde trabalho foram suspensas, mas por pouco tempo. Trabalho em uma empresa japonesa do ramo agrícola, e por se enquadrar nas atividades essenciais definidas pelo governo, logo a nossa fábrica voltou a funcionar e as áreas administrativas adotaram o tão falado home-office. Foi aí que o bicho pegou (no bom sentido), pois como sou do setor da TI, a demanda de atividades da minha área aumentou exponencialmente, pois era tudo novo para os funcionários. Dar suporte ao negócio de uma empresa com 600+ colaboradores de todo o Brasil foi desafiador, principalmente nas primeiras semanas do home-office. Isso, de certa forma, considerei um ponto positivo da quarentena, pois ao contrário do que aconteceu com muitas pessoas que, infelizmente, perderam o emprego, eu mantive o meu e ainda tive uma novidade desafiadora, que com certeza colaborou para o meu crescimento profissional. Outra visão que tive desse contexto é que, após as atividades da minha empresa voltarem, eu passei a ficar o dia com a mente “ocupada” trabalhando, e isso ajudou a levar esse período de confinamento de uma forma mais tranquila. Muitos amigos relataram que estavam se sentindo completamente estressados, tristes, por passar o dia inteiro sem
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produzir algo, apenas “existindo”, como eles falavam.
ESTUDO Com a faculdade não foi diferente. As aulas logo foram suspensas e incertezas sobre como seria o semestre começaram a surgir. Fiquei bastante apreensivo, pois estou perto de me formar e nos últimos semestres passei por alguns problemas e dificuldades que atrasaram ainda mais minha formatura, e então fiquei com o sentimento de que estava sempre surgindo algo para dificultar a conclusão dessa etapa da minha vida. Apenas uma disciplina de todas que estava cursando continuou o cronograma através de aulas remotas, mas o semestre já estava, de fato, “perdido”. O que costumo pensar para relevar isso é que realmente muitos estudantes certamente não tinham como assistir às aulas, por “n” motivos, e isso me fez compreender mais a situação delicada em que todos estávamos. Até me peguei me cobrando algumas vezes, pois eu estava lamentando a perda de um semestre da faculdade, enquanto muitas pessoas estavam lamentando perdas irreparáveis e incomparáveis. Tentei ter mais empatia e foquei no que dava para fazer
HOBBIES O que mais gosto de fazer no tempo livre, não podia mais, mesmo tendo mais tempo livre. Passei meses sem jogar futebol, pois como
é um esporte coletivo, sua prática foi suspensa também em todo o estado, por decreto do governo. Porém, meu segundo hobby favorito sempre foi jogar videogame, e isso eu pude fazer demais durante a quarentena. Como é uma atividade que se pode fazer 100% online, consegui me divertir bastante jogando com os amigos, inclusive dei um upgrade no meu computador, aproveitei para comprar peças novas online e pude melhorar minha experiência com os jogos.
O QUE FICA DISSO TUDO? Empatia, sensibilidade, tentar enxergar a dor do outro, força. É o que acho que deve ficar disso tudo. Esse período que o mundo tem vivido é sem precedentes e precisamos tentar tirar algum proveito disso. Levar para a vida que valorizar os pais não é “besteira”, mas sim importante. Levar para a vida que valorizar o emprego que você tem não é comodismo, mas ter em mente que a busca pelo crescimento e auto lapidação deve ser constante, pessoal e profissional. Hoje está tudo bem, amanhã o mundo está “capotado”. Hoje você tem um emprego, amanhã não tem. Hoje você pode jogar futebol e se divertir com os amigos, amanhã não pode. A vida tem começo, meio e fim. Que possamos aproveitar o meio com alegria, leveza e sabedoria para os momentos ruins, principalmente. Deus abençoe a você que está lendo isso.
“Empatia, sensibilidade, tentar enxergar a dor do outro, força. É o que acho que deve ficar disso tudo. Esse período que o mundo tem vivido é sem precedentes, e precisamos tentar tirar algum proveito disso”.
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Projeto Quarentenados quem gosta de passar o dia tostando no sol na Draga? Mas vão atrás de conhecer o tanto de história e memórias de lá. E mais importante: proteja a Draga. Relaxe que ela é centenária, depois da quarentena, por mais cem anos e ela ainda vai estar lá.
69 | Outubro de 2020 |
O Poço da Draga é uma das primeiras favelas de Fortaleza, tendo se formado entre as décadas de 1920 e 1940, na antiga Praia do Peixe (hoje, Praia de Iracema) nas proximidades da Ponte Metálica (OLIVEIRA, 2006)"
"Em razão dessa imprecisão e da necessidade de estabelecer uma data de fundação à semelhança de um ‘mito de origem’, os moradores decidiram adotar simbolicamente a data de 26 de maio de 1906." (GOMES, Marília).
Graduando de Publicidade e Propaganda. Estudo ilustração, animação e design gráfico. Amo quadrinhos, principalmente mangás e política. Gosto de misturar todos esses campos e áreas no meu processo de produção. Também uso das minhas experiências como LGBT nas minhas artes. Atuo como estagiário de mídias sociais da Cagece e faço consultoria de artes gráficas para cursos em EAD na área da Saúde. lucascastrodealmeida@gmail.com
Lucas de Almeida
“Se quero ir à praia e quero fugir da agitação da Praia de Iracema, vou pra esse espaço do ladinho, que é menos frequentado, mas possui suas belezas e é um dos meus lugares prediletos da cidade.”
| Outubro de 2020 | 70
Com quase 10 mil metros quadrados, a antiga Cozinha do Povo, tem o início da sua história em 1809. E depois de várias e várias reformas, com instalações projetadas por Luiz Fiuza, finalmente temos a versão que visitamos atualmente pelo Centro da cidade. Escolhi o Mercado Central porque sempre passo por lá para visitar, para mostrar a visitantes da nossa cidade, fazer comprinhas etc.
71 | Outubro de 2020 |
Recentemente adotei uma dieta mais vegetariana e acho que gostei de misturar as duas coisas, o espaço do mercado central e a variedade de produtos vegetais que ele oferece. Além de ser um ponto histórico importante da cidade.
| Outubro de 2020 | 72
abiaguaba é um poço de biodiversidade da nossa cidade. Muito cobiçada pelas construtoras & imobiliárias que todo ano ameaçam esse nosso espaço verde. É um dever de todos brigar para proteger a Sabi. Pesquisando rapidinho a Sabi é também um pedacinha da nossa história preservado porque é um dos sítios arqueológicos mais antigos do nosso Estado.
74 | Outubro de 2020 |
Cês sabiam que o nome vem de uma árvore? E que além disso também significa comedouro dos sabiás? Então, simbora preservar!
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u nunca tinha andando de barco, então em belo dia resolvi comprar um passeio na orla de Fortaleza e conheci alguns pontos de naufrágios que fazem parte desse nosso espaço marítimo. O mais conhecido é o Mara Hope, que afundou no dia 6 de março de 1985. Juan de Austria, inclusive foi seu primeiro nome. Bonito, não? E que é um ponto turístico da nossa orla e já teve
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até algumas intervenções artísticas realizadas nele. Eu tenho um medo de mar, sabe? Não sei nadar e além disso já perdi pessoas amadas para a água. Esse passeio pra mim foi uma grande conquista em desafiar esse medo, além de bastante divertido porque o mar é imenso e mesmo nesse passeio não consegui perceber a infinitude que é o oceano que nos cerca e briguei um pouco com essa fobia.
“Esse passeio pra mim foi uma grande conquista em desafiar esse medo, além de bastante divertido porque o mar é imenso e mesmo nesse passeio não consegui perceber a infinitude que é o oceano que nos cerca e briguei um pouco com essa fobia”.
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uanacés é a cidade natal da minha família materna e paterna, lá que meus pais nasceram, cresceram e se conheceram. Então pra saber um pouco de mim tem que conhecer um pouco desse distrito de Cascavel. Esse município que carrega esse nome devido a uma proteção dívina dada à população local por uma cobra gigante que ali habitava ou por um ninho de cobras, não se sabe ao certo.
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O nome de Guanacés é uma denominação de uma tribo nativa indígena, pesquisando um pouco mais descobri que anteriormente ela era chamada de Bananeiras e mudou após um decreto de 1943. Quando criança brincava, me divertia e fugia do ritmo moderno e agitado da cidade.
#quarentenado #ilustração #quadrinhos #design
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COVID-19 TIMELINE Estudante de Sistemas e Mídias Digitais, ilustrador, editor, programador, jogador, muitos outros “or” porém nada muito especializado, não sei pra onde vou, mas vou indo. luiscarlos.sch@gmail.com
Luis Schwinden
#quarentena #timeline #rotina 79 | Outubro de 2020 |
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QUA REN TE SER O isolamento é um estranho sentimento de se sentir sozinho, mas ao mesmo tempo aprender a conviver com sua própria companhia. É perceber que o tamanho da saudade que sentimos por alguém só é mensurado quando finalmente a vemos de novo. Para mim, sempre fui uma excelente companhia, mas nunca deixei de querer estar perto de outras. Que sorte a nossa ter tanta tecnologia para amenizar a distância! Que sorte a minha poder estar perto de quem eu quero eterno!
Graduanda em Publicidade e Propaganda pela UFC, simpatizante de causas sociais e admiradora de Amelie Poulain. Instagram: @marciadelim
Marcia de Lima
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Quem mais ainda me salvou da loucura? Dos dias que nem sempre tiveram cor? Um amor de quatro patas que me acompanha. Engraรงado esses seres, quanto a gente mais ama ele, mais ele ama a gente.
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Aprendi a ter novos gostos, quem diria que eu estaria colecionando plantinhas! Ahhhh e o quintal? Sim quintal, foste tu que me salvastes desse tĂŠdio tenebroso. Como eu te exalto! Criou pra mim um ritual, levanto-me diversas vezes sem motivo algum, sĂł pra passear nele. Ver as cores, ver as formas de vida diferentes, ver o cĂŠu e sentir o vento ainda que abafado.
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Ser responsável em tempos de pandemia não foi tarefa fácil, a vontade de respirar lá fora, de ver gente, de andar até cansar foi e está sendo grande. Devo me orgulhar e ter orgulho de todos aqueles que suportaram, se adaptaram e enfrentaram tudo isso pra se proteger e proteger a vida do outro. São tempos difíceis, mais do que antes, esta é a minha impressão. Só quero ainda continuar a ter fé na humanidade.
#quarentena #fotografia #sentimento
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Olá, me chamo Mike Apoliano. Tenho 27 anos, sou estudante do curso Sistemas e Mídias Digitais na UFC, e me considero um artista e criador de histórias. Sou um homem trans e desde pequeno gostei muito de desenhar e contar histórias apenas por meio de desenhos. Para contar esta história das minhas vivências na quarentena vou usar desenhos de um personagem chamado Ekim, que é uma representação da minha pessoa em formato cartoon.
Link para a WebComic completa
Também @bluejaypace nas redes sociais, sou quadrinista e artista visual. Gosto de desenhar e criar histórias, principalmente de aventura e fantasia, misturando elementos LGBTQ+ no conjunto.
https://bluejaypace.art/
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Mike Apoliano
#desenho #webcomic #queer | Outubro de 2020 | 88
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É um pouco estranho dizer, mas o "conceito" da quarentena não foi algo tão incomum para mim. Vivi uma infância e adolescência com pouca liberdade. "Ficar trancado em casa" não foi algo novo.
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Então a quarentena foi algo como "mais uma" quarentena. Mas claro, as proporções são diferentes. Não foi só comigo, afetou literalmente todo o mundo. Não dava pra sair de casa de jeito nenhum, além de todo o medo de uma doença que está matando tanta gente. Porém não posso deixar de comparar este ano com o ano passado. 2019 foi um ano de grandes mudanças para mim. Com ajuda psicológica eu consegui assumir a minha identidade trans para as pessoas ao meu redor, e iniciei a terapia hormonal. Junto a isso tive diversos avanços em relação a autoconfiança, recuperando um pouco do tempo perdido.
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interior fluid u me questionei e de uma certa forma forcei em pensar como relatar todos esses dias monótonos, sem fim e que parecem girar sempre em círculo, sem nenhuma interferência, sem nenhuma força. Talvez fosse fácil descrever tudo como o momento certo para o autoconhecimento, descanso ou até mesmo paz? Não sei..tudo foi e é incerto. As emoções tornaram-se mais rasas e fluidas e tudo se volta na tentativa de conhecer o meu EU. Talvez fosse melhor ter evitado, ter fugido, mas sinto que precisava de algo para me entreter e passar os dias. Na tentativa da descoberta, por diversas vezes e dias fracassei..optei por outros caminhos. Não achava que fosse dolorido. Talvez o desejo de se encontrar em algo e se autoconhecer não fosse m a i s tão
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importante e necessário, e muito menos a única saída. Talvez o focar na sobrevivência não fosse mais o foco e por diversas vezes procurei uma válvula de escape. Todos os meus álbuns preferidos foram ouvidos repetidas vezes, o deslizar do dedo na tela do celular não era mais tão cativante, assistir a séries não prendia tanto minha atenção e assim surgiu a necessidade de me reinventar...Assim fiz. A idealização do corpo perfeito e a autossabotagem entraram como
protagonistas e assim segui seus passos e depois de um tempo também tornou-se esquecida e sem graça. Talvez fosse o momento certo para transcender. Isso impulsionou uma viagem impetuosa à parte mais profunda: o meu interior fluido. Mais um vez repeti o processo de mudar a direção. Todos esses processos foram dolorosos, prazerosos e felizes..
do Um misto de sensações e sentimentos que pareciam infinitos e às vezes se repetiam. Durante esses meses houve uma guerra interna para decidir qual lado obtinha força e dominava, e por mais louco que pareça, essa briga fazia eu me sentir acolhi-
Graduando de Sistemas e Mídias Digitais. Um aspirante em Design Multimídia apaixonado por tecnologia e educação. behance.net/paulocost
Paulo Costa
do algumas vezes. De um lado algo intenso, mais carnal que parece um vermelho violento. Do outro um sentimento mais sombrio e que penetra as minhas facetas mais frágeis. Eu o vejo co-
mo um azul das águas profundas do oceano. Se hoje eu consigo andar de mãos dadas com o meu interior fluido? Não..Mas trocamos alguns abraços. É um avanço.
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#fotografia #design #processocriativo
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Fotos Paulo Costa
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Amante das diversas narrativas da vida. Atuante na ĂĄrea de publicidade por hobby e profissĂŁo.
seupimentelg@gmail.com
Rafael Pimentel
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São 7 horas, tenho que deixar tudo pronto para minha avó ao acordar poder fazer seu café da manhã tranquilamente às 8 horas. Particularmente o dia hoje está muito quente, mas não me recordo de algum dia recente ter tido um clima agradável, então aceito esse fato da vida. Minha avó tem uma rotina rígida, sempre faz as mesmas coisas, nos mesmos horários, sei decorado tudo e sempre tento facilitar sua vida. Às 8h ela acorda, arruma a cama, abre a cortina e a janela, logo em seguida toma um banho, 8h25 ela vem até onde estou e me dá um bom dia, com aquele doce sorriso, 8h30 ela começa o preparo do seu café da manhã, normalmente mingau de maizena, mas algumas vezes salada de frutas. 9h caminha pelo quintal, afinal, é importante manter o corpo saudável. 10h não assiste à televisão porque nossa tevê quebrou, mas faz as palavras cruzadas que tanto ama. 12h vai almoçar, normalmente um franguinho e um suco, acompanhados de alguma história intrigante da sua vida, que eu sempre adoro escutar. 14h ela tira aquele famoso cochilo e só acorda às 17h, começa os preparativos do seu jantar, que normalmente é café e pão carioquinha, jantando às 18h. Após o jantar ela começa a rezar seu terço, em seguida se prepara para dormir, toma um banho, arruma a cama e, claro, vem até mim e diz, todos os dias: ‘’boa noite, meu filho, você sabe que eu te amo, né? Até amanhã’’. O sol lentamente surge, sua luz mesmo a tamanha distância, mostra o quão grandioso é ser o motivo do mundo ter várias estações e mesmo assim só poder assistir à devastação humana. Vó, eu também te amo, mas eu te amo tanto, que não sei como te dizer o que há lá fora, não sei como te dizer que a senhora tem amnésia anterógrada e vive o mesmo dia há quase um ano, que foi quando nossa família foi atingida por aquela misteriosa doença e faleceu, só restamos nós dois e poucas pessoas no mundo. A única coisa que eu consigo fazer é encarar o lado de fora, buscar tudo o que a senhora precisa e preparar todos os seus dias, até o último.
#conto #narrativas #aventuras #felicidade | Outubro de 2020 | 102
Devaneios de um isolamento social
Como a quarentena mudou a minha vida: um relato a partir da visão de um jovem estudante de 22 anos.
ssim que eu confirmei que após quatro meses de estágio como designer eu teria minha vaga renovada na empresa que eu trabalhava, uma pandemia mundial de grandes proporções ocorre e uma quarentena como eu nunca vi antes é decretada. Minha renovação no emprego é simplesmente cancelada. Já com os ânimos controlados, tento pensar ra-
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cionalmente e crio em minha mente uma esperança que um tempo depois se provará inconcebível, a de que a quarentena duraria poucas semanas e que em breve eu teria meu emprego de volta. Dadas às circunstâncias, é como a Hannah Horvath afirma na série Girls:
“Eu não perdi o meu trabalho, eu o cedi.”
Você percebe que está sendo afetado pela quarentena quando se vê na frente de um espelho com uma tesoura na mão para cortar o próprio cabelo. Eu confesso que essa foi uma experiência nova, e não me recordo muito bem da razão pela qual eu fiz isso. Não que meu cabelo seja grande ou eu tenha feito um estrago, só cortei algumas mechas um pouco na frente. Eu acho que o pode descrever este sentimento é a revolta. Não daquelas que você se sente injustiçado ou luta por algo específico, apenas uma revolta silenciosa que afeta apenas você mesmo. E a impotência diante de uma enxurrada de notícias descrevendo a evolução de uma doença ainda desconhecida e as mortes provocadas por ela.
Então eu adotei uma gata. Da rua. E organizei uma votação em casa com meu irmão, minha irmã e meus pais para decidir o nome da mais nova membra da família. Estava entre “Nina” ou “Amora”. Claro que meu objetivo era engajar o restante da família na adoção dela. Amora era minha opção favorita, porque eu sempre gostei da animação “A era do gelo”. Minha mãe tinha escolhido Nina. Suspeito que pela vontade de ter dado este nome a uma segunda filha que ela nunca chegou a ter. Complô contra mim formado, “Nina” fica decidido como o nome da gatinha. Eu sempre gostei de animais, e já tive uma gata antes, que após oito meses de muito carinho e amor, chegou a falecer, devido a complicações de uma gravidez precoce.
Eu imaginava que essa nova relação poderia beneficiar a ambos, já que eu tiraria uma gatinha da rua para ser cuidada e alimentada em um lar e em troca ela seria apenas uma gata. E isso é o suficiente para me fascinar. Os comportamentos dos felinos e a nuance de cada personalidade diferente neles sempre será um objeto de curiosidade e interesse para mim. Se não houvesse uma quarentena, provavelmente eu não teria feito isso. Acho que no fim, de pequenas em pequenas boas ações vamos transformando nosso mundo e deixando-o um pouquinho melhor.
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Técnico em Informática e estudante de Sistemas e Mídias Digitais pela Universidade Federal do Ceará. Tem experiência atuando na área de Web Design e Marketing Digital.
robsonrodrigues@alu.ufc.br
Robson Oliveira
#web #design #marketing #fotografia
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Anjo caído Olhei para o céu e uma sombra me apareceu Tinha asas, perguntei-me se era um anjo Um anjo caído do céu Suas grandes asas batiam desesperadamente Meu coração bateu forte, mais forte Enquanto ele chegava perto, mais forte Pousou no chão, e desviou o rosto Sua graciosidade me intimidava Perguntei seu nome, educadamente Nethanael, respondeu-me com um meio sorriso Meu coração bateu forte, mais forte Ele me perguntou onde tinha ido parar A terra, disse a ele Onde tudo cai Onde tudo nasce, cresce e morre Onde há amor e ódio Dessa vez ele sorriu de verdade Tinha o sorriso de um anjo Um anjo caído Meu coração bateu forte, mais forte
Algumas lembranças são importantes demais para não serem relembradas e expressadas por nós. Esta poesia faz parte do meu diário de quarentena . Revivi uma memória e usei uma metáfora na forma desta poesia.
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A QUARENTENA PARA MIM Terceiro capítulo do diário de quarentena. icar de quarentena é frustrante. Mas me permitiu ter mais tempo para descobrir do que eu gosto e melhorar o relacionamento com minha família. Eu sempre tive um interesse por geografia, por isso gastei muito tempo lendo muitas das páginas no Wikipédia sobre os países e cidades do mundo. Apesar de não valer a experiência real de conhecer
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o lugar presencialmente, ter mais informações sobre o mesmo é interessante para compreender a história e cultura de outros lugares e povos. O mesmo é válido para documentários e séries sobre ciência e astronomia. Apesar de eu possuir um grande interesse na área de tecnologia em geral, existe em mim uma necessidade constante de buscar mais informações além das que eu
possuo e que aprendi na escola. Quanto mais eu leio e estudo mais eu percebo que preciso de ainda mais esforço para obter mais conhecimento para eventualmente usá-lo algum dia. Acho que isso parte do meu subconsciente de que o conhecimento tem mais valor do que bens materiais e riqueza. Por isso, na maior parte do meu tempo livre, tento usá-lo para aprender coisas novas
de forma passiva, ou de forma que eu me divirta. O que tem tornado o processo de aprendizado mais interessante e prazeroso. Transição do ensino presencial para o ensino remoto Eu sou estudante de sistemas e mídias digitais, e comecei o curso de graduação em 2016.2, e de lá para cá, até antes da quarentena, sempre tive aulas presenciais na sala de aula. Um das mudanças que a pandemia trouxe, foi à mudança da forma de ensino em várias universidades pelo país, e isso me afetou diretamente. Passei a estudar a distância. A essa mudança foi um pouco difícil de me adaptar no começo, mas principalmente porque eu não estava preparado para ela. Desde o maternal, sempre tive aulas presenciais, o que não mudou quando comecei a faculdade. Mas a pior parte é quando você percebe que esta mudança causa um efeito ainda mais negativo no seu professor (a). Porque, obviamente, ele (a) também não estava preparado. O que fazer? Bom, posso afirmar que tudo depende de como o professor organiza o material complementar, os encontros online e as tarefas. Estou tendo uma experiência positiva em praticamente 80% das disciplinas que estou cursando neste semestre, porém às vezes a falta de organização e o excesso de cobrança, como se o ambiente de aprendizagem ainda fosse o mesmo, é o que torna a disciplina mais cansativa e cheia
de carga mais do que o necessário. Gilmore Girls [Pode conter spoiler] Durante a quarentena eu também maratonei toda a série estadunidense Gilmore Girls e posso afirmar que não tem como não se apaixonar pela Lorelai (personagem principal). Apesar de a realidade em que ela vive ser completamente diferente da minha, o modo como ela lida com as frustrações e sua garra para conseguir o que quer estudar e se desenvolver profissionalmente são motivadores. Bom, ela tem um relacionamento muito longo e complicado com a mãe, e isso é desenvolvido em todas as temporadas, mas dá para perceber que elas se amam quando há raros momentos em que elas se juntam e também na cena que a Lorelai participa de um desfile com a mãe.
Isso revela um aspecto de toda pessoa que passa muito tempo convivendo com os pais. Aos poucos vamos absorvendo pequenos hábitos e nos tornamos tão parecidos com eles que, quando essas mudanças ocorrem em nós, já não percebemos. Para ler a matéria completa clique aqui
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109| Outubro de 2020 |
Se a tristeza vem a felicidade também tenha paciência - Rupi Kaur
Estudante do curso de Sistemas e Mídias Digitais. Apaixonada por design, empreendedorismo, marketing e por pensar em soluções para problemas. Atualmente um pouco louca, um pouco estudante e um pouco designer, mas quem sabe o que o futuro vai trazer? sarahisabellebc@gmail.com
Sarah Isabelle
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Você precisa parar de procurar um porquê em algum momento você precisa deixar quieto - Rupi Kaur
#design #fotografia #colagem #quarentenasempirar 111 | Outubro de 2020 |
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Estudante de Sistemas e MĂdias digitais, Designer UX/UI. Quando nĂŁo estou lendo, faço arte nas horas vagas.
thaistargino16@gmail.com
Thais Targino
113 | Outubro de 2020 |
então a quarentena, ainda hoje me lembro daquele susto e da correria em meados de março, sai de casa numa manhã de quarta feira para nunca mais, ou quase. Foi tão repentino que várias coisas ficaram na minha mesa de trabalho, cenário de fim do mundo mesmo. Desde então, fui forçada a uma adaptação. Como conviver 24/7 comigo mesma, sem mais ninguém além de minha mãe? Quase um atentado à saúde mental já fragilizada de alguém ansioso e inconformado consigo. Foram muitas fases até chegar no que eu digo ser o suprassumo da minha rotina quase estável. Meses de crises quase diárias, fatos que prefiro nem trazer à memória, mas que hoje fico contente por ter resistido e ressignificado tanto. Perder um amigo para a depressão nesse meio tempo foi um gatilho para diversas coisas, entre elas a vontade mudar e me esforçar mais: o meu luto por ele virou uma luta por mim. A princípio esse café de hoje aprendi a fazer graças às instruções do meu companheiro da vida (obrigada babe), cada dia que passo café é uma saudade diferente que aperta dele e “vida que segue”, graças a essa distância nossas vidas e a dos que nos rodeiam estão a salvo.
Eu tenho lido vários livros ao mesmo tempo, tenho essa mania estranha, que muitas vezes me arrependo (risos), de ler livro de acordo com o sentimento e o clima do momento, tanto que hoje esse céu limpinho me deu vontade de ler Orgulho & Preconceito, que fugi por anos devido a todo o rodeio em volta do casamento, hoje me divirto bastante com os diálogos robustos, complexos e carregados de ironia de Elizabeth e Darcy, uma “briga de ratinho” como diria meu amigo Marcos. Quando chega a tarde, ou meu horário de almoço, eu gosto de tomar um banho gelado e fazer meu skin care, que é meu momento precioso de autocuidado e estímulo da minha autoestima, nas pausas das máscaras (hoje foi argila branca + óleo essencial de melaleuca e depois uma sheet mask calmante) gosto de ler um livro também, ou apenas de escutar música, é o que me ajuda a me desligar do dia cheio e recarregar as energias, que muitas vezes me esqueço por conta da correria, dos milhares de projetos e trabalhos da faculdade, é doido viver uma jornada quase tripla e não se confundir com um robô às vezes. É engraçado que o Clyde me acompanha pela
casa inteira, se eu mudo de um cômodo pra outro, lá está ele, nem que seja só pra me encarar e sair correndo depois, gato doido. Sou muito grata por ele ter me escolhido. Fez muita diferença tê-lo como companhia, ele sempre sabe quando eu to mal e vem pra perto de mim, amor tão puro como esse me salvou do isolamento total. Hoje ele tava fazendo graça dentro de uma caixa que encomendei da amazon pra ele, opa... de uma encomenda da amazon que chegou aqui, não aguento a perfeição desse ser vivo. Pra finalizar o dia, eu me obrigo a fazer exercício, o meu grande auxílio com os meus “divertidamente”. Me obrigo, pois é muito difícil vencer a minha preguiça e o sedentarismo, mas aos poucos eu vou conseguindo, pensar positivamente tem ajudado a me recuperar dos fracassos (procrastinei uma semana sem exercício, perdão). Esse foi o meu dia, provavelmente agora vou me deitar e jogar Untitled Goose Game. Obrigada por me acompanhar até aqui, até a próxima.
#arte #solitude #autocuidado
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