DE QUANDO CHING LING RESOLVEU NASCER

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"Menininha do meu coração, eu só quero você a três palmos do chão. Menininha, não cresça mais não." Toquinho

Esta obra foi realizada em comemoração ao 1º aniversário da minha neta Mariana. Vovó Marília


L

á em cima, no firmamento, também chamado

céu, vivem muitas estrelas. Algumas são grandes outras pequenas. Mas havia uma, muito pequenininha, que brilhava, brilhava demais.

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Ela gostava de debruรงar nas nuvens e ficar olhando para baixo, para a Terra. Todas as estrelas tinham nome. O dela era Ching Ling.

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Ching Ling era linda! Apesar de pequena, seu brilho era muito grande. Ela era tambĂŠm curiosa. De vez em quando, reparava que alguma estrela sumia e nĂŁo aparecia mais.

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Ching ficava pensando: Aonde foram? Por que nĂŁo voltam? E continuava a observar a Terra.

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Um dia ela resolver perguntar à Estrela Dalva – uma estrela linda, grande, que brilhava até mesmo quando o Sol estava para aparecer – Estrela Dalva, por que algumas estrelas somem do céu e não aparecem mais? A Estrela Dalva riu e Ching Ling ficou aborrecida, pensando que a velha estrela estava “zoando” dela.

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Mas a Dalva, que era bondosa, disse sorrindo: - Elas nascem. - Como assim? falou Ching Ling. - Nascem, Ching Ling. Vão morar na Terra com um pai e uma mãe. - Ué... eu não sabia que estrela pode ir para a Terra, Estrela Dalva. Como elas fazem isso? A Estrela Dalva sorriu para Ching Ling e com sua voz estelar explicou: - Bem, primeiro é preciso querer nascer na Terra. Tem que querer muito, desejar... Os olhinhos de Ching brilharam... - Eu quero. Quero sim. - Mas, cuidado, Ching. É preciso escolher muito bem esses pais. Alguns não são legais e não dá mais para voltar depois que nascer. Ching Ling foi embora e não parou mais de pensar naquele “papo”.



Daí pra frente, não tirava os olhinhos brilhantes da Terra. Ela observava tudo lá do céu: as casas, os carros, aviões, árvores e as pessoas principalmente. Ela via umas tão tristes... outras alegres e felizes.

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Via crianรงas de mรฃos dadas com gente grande. Via gente grande no parque balanรงando as crianรงas... outras ajudando a andar de bicicleta. Via muita gente nas praias... crianรงas jogando bola, tomando sorvete, rindo felizes.

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E de noite, Ching Ling espiava dentro das casas para ver como era.

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E Ching gostava daquilo. Sorria quando via uma menininha correndo com seu cachorrinho. Às vezes, um gatinho no colo.

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Então decidiu: “Eu vou para a Terra. Eu quero nascer”.

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Mas a Estrela Dalva, que ouviu o que Ching Ling disse, chamou-a para conversar. - Ching, você não gosta mais do céu? Quer nascer por quê? Ching Ling abriu os olhos brilhantes e sonhadores e disse: - Ah! Quero nascer sim! Quero brincar nos parques, sentir a chuva, ser abraçada e beijada. Quero ter papai e mamãe! Então a Estrela Dalva pegou uma das pontas de Ching Ling (estrela não tem braço, tem pontas; cinco quase sempre) e levou-a para um cantinho do céu, cheio de nuvens brancas e macias. - Ching Ling, você precisa ter muito cuidado. Se quer nascer, tem que escolher muito bem seu papai e sua mamãe. Eles têm que querer um bebê, que é o que você vai ser quando for para a Terra. Você precisa escolher direitinho...



Assim Ching Ling começou a olhar para baixo com cuidado. Queria encontrar um papai e uma mamãe que fossem alegres e carinhosos. Olhava todo dia. Não gostava de nenhum. Ela já estava quase desistindo. Não ia mais nascer.

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Um dia, estava pertinho da Lua crescente, olhou para baixo sem interesse e... que lindo! Um casal, bonito e alegre, passeando com uma linda cachorra peluda e muito meiga. Seu nome era Gui. Ela achou os dois tão lindos... e pareciam carinhosos também. - Quero ser o bebê deles!

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Daí então, todo dia Ching Ling seguia com seus olhinhos brilhantes, lá do céu aquelas duas pessoas. Eles pareciam se gostar. Se beijavam, se abraçavam, riam...

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Certa de que queria nascer daqueles dois, Ching Ling foi falar com a Estrela Dalva, que sabia tudo: - Já escolhi meu papai e minha mamãe. Eles são bons, carinhosos e muito lindos! Como faço para nascer? A Estrela Dalva sorriu seu sorriso mais lindo de estrela e disse: - Antes deixe eu entrar nos corações deles. Quero ver se são mesmo amorosos. Fechou os olhos e, enquanto os dois dormiam, entrou em seus corações e viu que seriam bons pais para a estrelinha. Então explicou que ela desceria num momento muito especial e ficaria durante nove luas na barriga da mamãe, boiando numa água morninha para poder virar um bebê. Só depois disso poderia nascer.



Ching Ling ficou só um pouquinho desconfiada, mas não teve medo. Queria nascer. Assim foi. Desceu do céu escorregando no arco-íris e saiu para a Terra. Aterrissou na barriga da mamãe. Lá dentro ela dava voltas e também podia ouvir duas vozes, que sempre falavam com ela com muito amor. A voz da mamãe era doce e calma… Papai também falava com carinho. Começaram a chamá-la de Mariana depois que fizeram um exame na mamãe. - Ah, entendi. Esse vai ser meu nome de bebê. Eu vou me chamar Mariana. 36



Finalmente, Ching (agora Mariana) estava pronta para nascer. Ajeitou o cabelinho preto com a mãozinha para sair. Mas, no nervosismo, sentou e não dava para passar por onde precisava. Então uma doutora resolveu ajudar e Ching Ling (Mariana) nasceu. Todos ficaram felizes e diziam que ela era a cara do papai. Mariana não entendia nada, pois não era mais estrelinha. Agora era um bebê e teria que aprender as coisas da Terra. Mas, mesmo assim, estava muito feliz por ter nascido.



Hoje Ching Ling, que agora é Mariana, faz um ano na Terra. Vai ter festa. Todos vão estar presentes: Vovó Marília e Vovô Ruy, Vovó Sueli e Vovô Floriano. As titias Nana, Bruna e Simone. A prima Júlia (que é meiga e linda) e os primos Gabriel, Pedro e Mateus. Mariana está grande agora. Seus olhos continuam lindos e brilhantes; os cabelinhos não são tão pretos como eram, e ela tem um cachinho só. Apesar de já ter alguns traços da mamãe Fernanda, ela continua a cara do papai Rodrigo. Mariana já aprendeu muitas coisas da Terra. Já está querendo falar e andar sozinha. Lá do céu, a Estrela Dalva toma conta dela e sorri. Feliz aniversário, Ching… Opa! Mariana.



Texto: Vovó Marília Ilustrações: Gabriel Santos Diagramação: André Lima (Tio Dedé) Palpites: Papai e Mamãe

© Copyright 2019 por Marília Chermont Bastos Todos os direitos reservados


Essa obra é também dedicada à nossa Gui, mais uma estrelinha que brilha no céu...



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