VOX 71 JUNHO

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B AM

Junho/15 • Edição 71 • Ano VII • Distribuição gratuita

ES

corrida fora da lei Carros de alto padrão, serviço personalizado e mordomias. A tecnologia por trás da liberdade de escolha e da ira de taxistas e governos

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ANDAR COM FÉ - DOMENICO DE MASI EXPLICA RAZÃO DE O BRASIL AINDA SER O PAÍS DO FUTURO


Um dia para comemorar o meio ambiente. Um ano inteiro para cuidar dele.

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5 de junho. Dia Internacional do Meio Ambiente. Para o Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o meio ambiente é pauta diária. Por isso, se hoje o dia é de comemorar, todos os outros são de muito trabalho, fiscalizando, protegendo, planejando e executando ações em favor da natureza e da qualidade de vida das pessoas. Afinal, cuidar do meio ambiente hoje é cuidar de cada mineiro amanhã. |3


EDITORIAL A consciência que nos falta No mês do Meio Ambiente, Vox Objetiva apresenta aos leitores uma cobertura especial sobre a degradação e o avanço, ainda pequeno, quando o assunto são as questões ambientais.

Carlos Viana Editor Executivo carlos.viana@voxobjetiva.com.br

“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)

A Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro, Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060

Do desmatamento desregrado na Amazônia ao lixo produzido pelas famílias, a maioria dos brasileiros ainda não se percebeu como parte de um ciclo fundamental entre a preservação dos recursos naturais e a sobrevivência das gerações. O exemplo de Belo Horizonte é emblemático. Somente nas ruas do Centro da capital de Minas Gerais, diariamente são recolhidas perto de 800 toneladas de resíduos jogados por pedestres, motoristas e ambulantes. O gasto de milhões de reais necessário para recolher esses resíduos poderia ser mais bem utilizado em áreas sensíveis, como educação, saúde e mobilidade. Mesmo sendo uma das cidades mais importantes do país, Belo Horizonte está entre as campeãs de atraso na elaboração de campanhas para o incentivo de coletas recicláveis. Esse é o lixo com DNA, considerado por vários especialistas como “o novo garimpo das sociedades modernas”. Em âmbito nacional, a questão do lixo é ainda mais grave. Mesmo com várias leis exigindo a destinação correta dos resíduos, toneladas de lixo orgânico e sólido acabam indo parar em lixões irregulares. Regiões metropolitanas inteiras estão cercadas por montanhas de dejetos ao relento ou queimando em áreas sem fiscalização nem controle. Impedir o descarte irregular e estabelecer políticas nacionais de geração de renda e de reúso do lixo são medidas fundamentais para o desenvolvimento de qualquer país. É impensável no mundo contemporâneo aceitar o crescimento econômico sem a redução de danos ao Meio Ambiente e a busca por uma melhor qualidade de vida. O descarte nosso de cada dia é a fonte de matéria-prima de que necessitamos para reduzir a exploração dos recursos naturais. Falta educação por parte dos que sujam; falta incentivo das administrações públicas para buscar o compromisso individual por cidades mais limpas e sustentáveis.

Editor adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Felipe Pereira l Reportagem: André Martins, Bárbara Caldeira, Cassio Teles, Haydêe Sant’Ana, Leo Pinheiro, Olívia Pilar, Tati Barros, Thalvanes Guimarães, Wander Veroni | Correspondentes: Ilana Rehavia - Reino Unido | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@voxobjetiva. com.br / (31) 2514-0990 | Atendimento: jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 | Revisão: Versão Final Tiragem: 30 mil exemplares | voxobjetiva.com.br 4 | www.voxobjetiva.com.br


OLHAR BH

Rua da Bahia Foto: Felipe Pereira |5


SUMÁRIO 12

Reprodução

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Erica Fernandes

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Felipe Pereira

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Haydee Sant Ana

VERBO

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DOMENICO DE MASI Observador do cotidiano brasileiro, sociólogo italiano revela entusiasmo com o futuro do país

CAPA

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METROPOLIS

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CIDADE DE PAPEL A estreita relação entre o gerenciamento do lixo e o grau de consciência e politização dos cidadãos

AO MODO SUECO Seminário expõe desafios da mineração no Brasil. Maior produtor de minério da Europa, Suécia é exemplo de boas práticas

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POLÊMICA SOBRE QUATRO RODAS Aplicativo Uber coloca motoristas particulares e taxistas em pé de guerra

SALUTARIS

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QUALIDADE DE VIDA Diabéticos ganham opções alternativas para o enfrentamento da doença

PODIUM

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HORA DA VIRADA Comandados de Dunga disputam a Copa América no Chile. Como reconquistar a supremacia após o vexame no Mundial?


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Colcci

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Divulgação

Cidade Olimpica/Divulgação Divulgação

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Shutterstock

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ARTERIS

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ESFRIOU!

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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci

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METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis

As peças para encarar o inverno com estilo

KULTUR

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GIGANTES DO ENTRETENIMENTO Com conteúdo on-line, Youtube e Netflix ameaçam poderio das TVs aberta e fechada

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LÓGICA DAS CORES O que as cores revelam sobre ambientes e o modo de se vestir?

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ARTIGOS

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IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira Economizando na transferência de propriedades

JUSTIÇA • Robson Sávio Aspectos da cultura e modos de vida urbanos Não desperdice amor

O clima e a saúde

CRÔNICA • Joanita Gontijo “Mimimi” sem preconceito

SAPORIS RECEITA – Chef Adriano Maio Pizza Marguerita

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VINHOS – Nelton Fagundes Das combinações clássicas: vinhos e pizzas |7


VERBO

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Weber Pádua

VERBO

“Criatividade para se reinventar” Em meio à crise econômica mundial, Domenico de Masi aposta no Brasil como fonte de inspiração para outras nações Haydêe Sant’Ana

e

le é um dos pensadores contemporâneos mais famosos da atualidade. Conhecido por propor o termo “ócio criativo”, segundo o qual o ócio é considerado fator estimulante para a criatividade pessoal, Domenico de Masi é defensor da moderna sociologia do trabalho baseada no conceito. Professor de Sociologia das Profissões da Universidade La Sapienza, de Roma, De Masi é autor de livros considerados revolucionários: “A emoção e a regra”, “O futuro do trabalho” e “O ócio criativo”. Em “O futuro chegou – Modelos de vida para uma sociedade desorientada”, lançado em 2014, o pensador italiano destaca que as nações precisam encontrar um novo modelo de vida e afirma que o Brasil pode servir como inspiração. Após copiar, durante vários anos, os modelos econômicos europeu e norte-americano, agora, com a crise, o Brasil se vê obrigado a seguir o próprio caminho. De Masi destaca que este momento é único. Ele aposta na criatividade do brasileiro. Segundo o sociólogo, o povo brasileiro tem a capacidade de se “reinventar na adversidade” e isso pode ser o grande trunfo para o país sair da crise. Profundo conhecedor da cultura brasileira, De Masi tem como referências grandes escritores, como Gilberto Freire, Darcy Ribeiro e Sér-

gio Buarque de Hollanda. De passagem por Belo Horizonte, a convite do Instituto Aquila, para ministrar a palestra do fórum “Visão de Futuro”, o sociólogo falou à equipe da Vox Objetiva. Confira! Como seria o futuro do trabalho? O futuro do trabalho seria a redução da jornada de trabalho, antiga reivindicação do proletariado europeu e tema defendido pelo intelectual alemão Karl Marx. O propósito disso era o de melhorar a qualidade de vida do trabalhador e, ao mesmo tempo, dar condições para que ele pudesse investir nele ou na família. Você propôs em seu livro o conceito de ócio criativo. Qual o significado da expressão? O ócio criativo nada mais é do que a quebra de um antigo e preconceituoso paradigma de que uma pessoa não pode ser ou não é produtiva nas horas de descanso. A ideia consiste em aproveitar os momentos de descanso, em que o trabalhador não está produzindo no ambiente de trabalho, para executá-los de forma livre, criativa e sem a pressão que o trabalho implica. Uma pessoa pode ser produtiva até mesmo dormindo. Então por que não usar isso em benefício da empresa e do empregado? Empresas e alguns trabalhadores já adotam essa teoria ligada ao ócio?

Claro, principalmente as empresas ligadas à informação, comunicação e criação. Vocês têm um exemplo bem próximo aqui no Brasil. No modelo de gestão da Google, os funcionários, além de terem liberdade e flexibilidade de horários, são produtivos mesmo em períodos de lazer e descanso. Em seus livros, você defende que existem três modelos de sociedade. Quais são elas? O Brasil faz parte do modelo “cultura do equilíbrio”? O que significa essa expressão? Quando penso numa estrutura mundial de sociedade e sua divisão, sempre defendo os três modelos contemporâneos que são: o modelo norte-americano e o fundamentalismo guiado pelo consumismo; o modelo do fundamentalismo extremista árabe, com os excessos religiosos; e o terceiro, o modelo greco-latino, no qual se insere o Brasil. A cultura do equilíbrio consiste em priorizar as relações humanas, a comunicação entre os indivíduos e, assim, promover uma interação mais próxima na sociedade. Você fala sobre a criação de um modelo de vida que ofereça mais bem estar à população e defende que o Brasil pode inspirar o mundo. Mas de que forma isso seria possível? Primeiramente, o Ocidente tem uma visão um pouco equivocada sobre a realidade e o estilo de vida do Orien-


VERBO te. Levando-se em conta dados de 2014 da Organização Mundial da Saúde (OMS), países do Leste Europeu e asiáticos apresentam um alto índice de suicídio. A Índia aparece em primeiro lugar, com 258.075 suicídios; a China em lugar, com 120.730; Estados Unidos aparece em terceiro, com 43.361. Percebe-se que o desenvolvimento social e a qualidade de vida estão fortemente ligados à questão da competitividade. Por exemplo, no Japão (quinto lugar, com 29.442 suicídios anuais), temos uma sociedade extremamente competitiva. Isso é da cultura. Na família, na escola e no trabalho esse fator pesa com tanta responsabilidade que obriga o indivíduo a buscar sempre a perfeição. Esse tipo de comportamento contamina a sociedade de uma forma tão devastadora que pode acabar eclodindo nesses números absurdos de suicídios. Mesmo aparecendo na oitava posição desse ranking, o Brasil tem uma sociedade com fundamentos voltados para valores familiares. A sociedade aqui não é competitiva como a asiática e a americana. O povo brasileiro tem a capacidade de pensar mais no coletivo do que no individual, e essa pode ser a maior contribuição que o Brasil pode oferecer ao mundo. No livro “O futuro chegou”, você aponta que o Brasil é um modelo a ser seguido por outras nações. Mas o Brasil é um país marcado pelas diferenças sociais. O que a nossa sociedade tem que deve ser seguido como exemplo? A característica que mais me atrai no povo brasileiro é a capacidade de se reinventar na adversidade. Pode parecer um pouco clichê o que vou dizer, mas o brasileiro sabe tirar o melhor das dificuldades, consegue dar um jeitinho na situação. É um povo disposto, alegre e que sabe lidar melhor com essas diferenças. A miséria e desigualdade sempre assolaram o nosso planeta. É preciso que 10 | www.voxobjetiva.com.br

O povo brasileiro tem a capacidade de pensar mais no coletivo do que no individual, e essa pode ser a maior contribuição que o Brasil pode oferecer ao mundo

Domenico De Masi, sociólogo

parem de olhar para as feridas com esse olhar cético e ver o quanto já evoluíram nestes mais de 500 anos. As diferenças sociais existem nos países ditos desenvolvidos. É claro que em alguns há menos do que em outros. Em menos de 20 anos, o Brasil conseguiu praticamente extinguir os índices de miséria extrema, coisa que muitos países desenvolvidos, como Alemanha, Inglaterra e EUA, ainda não conseguiram. Nos últimos anos, o brasileiro tem ido às ruas para reivindicar direitos e cobrar postura dos políticos. Na sua opinião, isso pode significar uma alteração nessa cultura marcada pela pacificidade? Quando digo que o povo brasileiro é pacífico, não quero dizer que ele seja acomodado. A passividade de

vocês se deve à histórica diplomacia brasileira, no meu ponto de vista, a mais eficiente e respeitada no mundo, pela presença humanitária e de paz em países devastados por guerras e mazelas. Tudo isso torna o Brasil um país pacífico. Este país que não se envolve em guerra, exceto a guerra contra o Paraguai, entre 1864 a 1870. A Inglaterra financiou o maior conflito armado na América Latina, e o Brasil entrou por interesses econômicos. Quanto às manifestações e às recentes ondas de protestos no país, nada mais natural do que a explosão de um acúmulo de sentimentos contra a corrupção e que havia décadas que não se via por aqui se manifestar de maneira tão formidável. Tanto no Brasil como fora dele, há manifestações pela volta do regime de exceção, como forma de combate à corrupção aqui no Brasil. O que você pensa a respeito disso? As pessoas questionam a corrupção hoje como se antigamente não existisse. Na Roma de 1600, tudo era feito por meio da corrupção. Não vejo com bons olhos essa tentativa de trazer algo que custou o crescimento, a liberdade da sociedade e causou tanta dor e sofrimento. De uma coisa tenho certeza: se ditadura ou governos totalitários fossem benignos a uma sociedade, Benito Mussolini não teria seu corpo exposto à execração pública durante vários dias. O Brasil é um dos poucos países a conquistar a democracia plena. Recorrer a esse tipo de intervenção seria o maior retrocesso que uma democracia já teve. No livro “A felicidade”, você propõe uma relação de temas com o conceito de felicidade. Para você, o que é a felicidade? Em um conceito mais amplo, a felicidade é a realização, a conquista de um objetivo muito desejado. A felicidade consiste em sermos determinados e realizar da melhor forma o


VERBO

que sonhamos. Já no contexto social, a felicidade pode ser qualificada a partir do Felicidade Interna Bruta (FIB). A FIB contempla a qualidade de vida e a sensação de bem estar do cidadão. Por exemplo: quando uma sociedade está em estado de abandono, índices de violência altos e saúde e educação precárias, a FIB tende a diminuir, tornando o indivíduo mais suscetível à depressão e criando um ambiente propício para a instalação de um regime totalitário. Quais são os “amigos” e os “inimigos” da felicidade? Eu acredito que a própria pessoa possa ser tanto amiga quanto inimiga da felicidade. Isso acontece porque nós, seres humanos, é que controlamos nosso destino, tanto para

o bem quanto para o mal. Depende apenas de nós alcançarmos a felicidade. Mas, por outro lado, podemos ser nossos maiores sabotadores. Não devemos atribuir a ninguém nossos sucessos nem fracassos, pois temos consciência plena das atitudes que temos ao longo de nossas vidas. Que características da nossa cultura brasileira nos aproxima da felicidade? O Brasil é um país de povo pacífico. A sociedade é fundamentada nos valores humanitários. Ela enxerga solução na dificuldade e não tem medo de dividir com os demais suas conquistas. Um exemplo disso foi a ação do Brasil ao perdoar dívidas de países africanos, a maioria afetada por longas décadas com guerras ci-

vis e ditaduras. Não se pode planejar um modelo de sociedade no qual só se visa o lucro pelo lucro. Quais as expectativas para o futuro do Brasil? Temos hoje o modelo norte-americano em crise, o modelo europeu em crise e o dos emergentes asiáticos estagnado. Acredito que o Brasil possa se aproveitar desses cenários críticos e incertos para se reinventar, coisa que vocês, brasileiros, sabem fazer muito bem. E a partir disso, montar um próprio modelo de gestão e governança que possa exportar para o mundo. Minha expectativa é de que o Brasil consiga liquidar as questões internas, governos corruptos e a balança comercial desfavorável decorrente da corrupção e, com isso, faça voos prósperos, como fez há cerca de dez anos. | 11


METROPOLIS

consciência no lixo

Grande parte das 700 toneladas de lixo descartado pela população diariamente em Belo Horizonte vai parar nas ruas Érica Fernandes

u

m batalhão formado por mais de 3 mil garis saem às ruas da capital todas as manhãs com uma missão: impedir que as vias da cidade sejam entupidas de lixo. Conforme dados da assessoria da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), 2,5 mil toneladas de lixo são recolhidas diariamente na capital. Desse total, 700 toneladas se referem apenas aos resíduos coletados na varrição. O que mais se encontra

são latas, papéis de bala, panfletos, copos, tampinhas, além de uma variedade de entulhos. A quantidade de lixo jogada nas ruas é tão expressiva que são necessárias quatro varrições diárias, especialmente nas ruas localizadas no entorno da Praça Sete de Setembro, coração da cidade. A funcionária pública Maria das Graças Alves (65) trabalha há 35 anos na SLU. Segundo

ela, a avenida Afonso Pena é a via que mais dá trabalho. “É muito difícil manter os arredores do Pirulito, principalmente a Afonso Pena, limpos. Prefiro trabalhar no Parque Municipal, onde há menor circulação de pessoas”, explica. Para dar uma noção do volume de lixo despejado de forma inapropriada nas ruas, seriam necessários aproximadamente 6,2


METROPOLIS mil caminhões para transportar a sujeira depositada na cidade ao longo de um ano. Todo esse lixo ocuparia uma área que equivale a dois estádios do Mineirão e ainda faltaria espaço. Com tanta sujeira, manter a cidade limpa sai caro aos cofres públicos. Segundo a assessoria da SLU, o custo mensal da limpeza da cidade fica em torno de R$ 34 milhões. Cerca de R$ 7 milhões são destinados apenas à Área Central. Quem tem acesso aos dados expostos até aqui pode pensar que todas as cidades grandes sofrem dos mesmos problemas. Mas não é bem assim. No Brasil há municípios que se destacam positivamente. É o caso de Curitiba. A capital paranaense é reconhecida internacionalmente pelo cuidado com o meio ambiente e dona do título da cidade mais ambientalmente sustentável da América Latina dado pela Siemens e a Economist Intellligence. A cidade-jardim apresenta números surpreendentes. Em Curitiba são coletadas apenas 2,3 toneladas de lixo pela varredura diária. O volume impressiona ainda mais se for comparado aos 700 mil quilos de lixo retirados das ruas de Belo Horizonte. Embora tanto a população quanto a área da capital mineira sejam maiores que as de Curitiba, o entulho por aqui é, visivelmente, um problema alarmante. Curitiba se tornou um exemplo para o Brasil não foi por acaso. Esse é o resultado de um trabalho feito em longo prazo com a participação da população. A consciência ecológica do curitibano foi trabalhada a partir de uma intensa campanha de conscientização realizada durante anos. “No caso de Curitiba, houve uma insistência e uma ação pedagógica muito grande para inserir cul-

turalmente valores relacionados à conservação da cidade. As ruas eram limpas e, quando sujavam, imediatamente recebiam uma nova limpeza. Assim as pessoas percebiam e se conscientizavam de que o espaço precisava ficar limpo. A insistência do poder público no ato de fiscalizar e monitorar é um modo essencial para gerar na população determinados tipos de comportamento”, explica a doutora em Sociologia Maria Cristina Leite. Além do trabalho incisivo de conscientização, Curitiba conta com um eficiente sistema de coleta domiciliar de recicláveis. O programa “Lixo que Não é Lixo” atende a 75 bairros e é responsável por 20% do total da reciclagem no município. Cidades fora do país também são exemplos de consciência urbana e de respeito ao meio ambiente. A capital japonesa é o caso mais emblemático. Quem anda pelas ruas de Tóquio pela primeira vez se surpreende por não encontrar lixeiras. A população entende a obrigação de levar os resíduos para casa e separá-los para a coleta seletiva. Em alguns bairros, como Odaíba, a taxa de reaproveitamento do lixo chega a 100%. “ROSTO DO LIXO” Na tentativa de promover a educação e conscientizar a população, algumas cidades recorrem a estratégias originais e incomuns. O exemplo vem de Hong Kong. A ação “Rosto do Lixo”, criada pela ONG HK Cleanup, espalha pela cidade outdoors com o rosto de quem jogou lixo no chão. Para tornar isso possível, todos os resíduos que podem conter resquícios de DNA (copos plásticos, garrafas, bitucas de cigar-


METROPOLIS A gari Maria da Graça revela que são necessárias quatro varrições diárias para manter o Hipercentro limpo

ro, entre outros) são coletados e enviados para análise. O material é manipulado a partir de uma tecnologia conhecida como Snapshot, que possibilita a descoberta de algumas características físicas do dono do material genético encontrado no material. Assim é possível definir, embora de maneira não tão precisa, a aparência de quem jogou lixo em local inadequado. O uso de tanta tecnologia tem razão de ser: aproximar o máximo possível das pessoas, mostrando que elas realmente fazem parte do problema e podem colaborar com a solução. Em algumas cidades, prefeituras forçam o aprendizado de uma das regras básicas de educação - o não jogar lixo no chão - mexendo no bolso do sujão. É o que acontece no Rio de Janeiro, em Salvador e São Paulo. Na capital paulista, as autuações têm valor mínimo de R$ 80. Em Belo Horizonte, a lei que pune esse tipo de infração estipula multas de R$ 960,87, mas os sujões continuam sem a devida correção porque a fiscalização é falha e não acontece em grande parte da cidade. A socióloga Maria Cristina ressalta que as multas não funcionam se as infrações forem pouco fiscalizadas. Segundo ela, a educação é sempre o melhor caminho. “A sujeira nas ruas está associada ao pensamento de que o espaço público é terra de ninguém. As pessoas acreditam que os locais urbanos sejam de responsabilidade do governo e não delas. É preciso conscientizá-las de que, assim como manter a própria casa limpa é responsabilidade delas, a praça da cidade tam-

bém é. Ela foi feita com dinheiro público, arrecadado em forma de impostos. Então ela precisa ser conservada”, esclarece. Maria da Graça confirma o pensamento da socióloga. “Certo dia, enquanto varria, vi uma criança jogando lixo no chão. Ela olhou para mim e disse que a mãe dela tinha falado que a obrigação de limpar a sujeira era minha”, conta a gari como se a situação fosse algo trivial. Ela diz ter presenciado cenas piores nesses 35 anos de serviços prestados à Prefeitura de Belo Horizonte.

A sujeira nas ruas está associada ao pensamento de que o espaço público é terra de ninguém Maria Cristina Leite, socióloga


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ESPECIAL

O caminho a trilhar Seminário sobre mineração expõe expertise sueca e os desafios para o desenvolvimento do setor no Brasil Olívia Pilar

p

rodução em alta, lucro em queda. Esse tem sido o dilema enfrentado pelo setor brasileiro de mineração nos últimos anos. O preço das commodities vem caindo de maneira brusca, afetando a balança comercial brasileira. O valor do minério de ferro, que corresponde a 75% da produção mineral do país, teve desvalorização de 50% no ano passado. Se, em 2011, o Brasil registrou recorde no valor movimentado de US$ 53 bi-

lhões, 2014 teve uma produção cujo valor foi mais modesto, avaliada em US$ 40 bilhões. A previsão é de que o faturamento de negócios envolvendo a produção mineral, excluindo-se a extração de petróleo e gás, continue a cair, devendo chegar à casa dos US$ 38 bilhões em 2015. A necessidade de pensar na competitividade e nas práticas produtivas do setor minerador brasileiro foi pauta

do seminário “Inovação no Setor de Mineração - A Experiência Sueca”. O evento foi promovido pela Embaixada da Suécia, além do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Sistema Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg), Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra) e Business Sweden - the Swedish Trade & Invest Council. Na segunda quinzena de maio, a sede do Sistema Fiemg reuniu


ESPECIAL representantes dos setores florestal e de mineração, empresários e lideranças políticas. Os exemplos de boa gestão e práticas sustentáveis vieram de um país que ostenta a 12ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a longínqua Suécia. O país europeu é modelo para o mundo no que tange negócios de mineração. Brasil e Suécia mantêm um diálogo estratégico desde 2009. Naquele ano, os países firmaram um acordo que estabeleceu trocas em sete áreas de conhecimento. Dentre elas estão: comércio e investimento, bioenergia e biocombustível; pesquisa, inovação e alta tecnologia, e intercâmbio cultural e educação. Em 2014, a relação econômica entre os países se estreitou ainda mais com a compra de 36 caças suecos pelo governo brasileiro. A escolha de Minas Gerais e, precisamente, de Belo Horizonte como sede do encontro não é um mero acaso. Historicamente Minas é conhecida pela forte atuação na exploração mineral. De acordo com o IBRAM, o estado é o responsável pela maior parte da produção brasileira de minerais metálicos (53%) e de minérios em geral (29%). Por ser a capital do estado, Belo Horizonte abriga sedes das principais empresas do setor. O presidente do Sistema Fiemg, Olavo Machado Junior, ressaltou o peso da economia mineira para o Brasil. Segundo ele, a importância do estado vai além da tradição mineradora. “Atualmente 22% das exportações brasileiras são originárias de nosso estado. Minas participa com mais de 90% das exportações brasileiras de café, cerca de 80% da exportação de pedras ornamentais e 60% da exportação total de tecidos de algodão. Minas Gerais também abriga o principal polo mineral do país, o que O presidente do Sistema Fiemg, Olavo Machado, defende a necessidade de agregar valor ao minério

explica a presença de empresas e de produtos de origem sueca em nossa economia”, analisa. O Ministro da Indústria, Comércio e Inovação da Suécia, Mikael Damberg, esteve presente no evento acompanhado por grande delegação. Apesar de destacar diferenças, o ministro delineou semelhanças entre o país nórdico e Minas. “Este estado é uma região rica e que tem coisas em comum com nosso país. Os setores de Mineração e Florestal são importantes indústrias aqui, assim como são na Suécia. São indústrias que geram empregos, crescimento e dão origem a muitos dos produtos que utilizamos no cotidiano”, apontou. Principal objetivo da visita de Damberg, a cooperação entre os países não foi esquecida pelo embaixador da Suécia no Brasil, Per-Arne Hjelmborn. Ele afirmou que as relações

entre Brasil e Suécia são excelentes e têm progredido a cada dia. “O Brasil é um parceiro estratégico para a Suécia e, de longe, um dos maiores mercados exportadores da América Latina”, ressaltou. OS DESAFIOS BRASILEIROS Além do principal problema externo, a queda livre dos preços das commodities, a mineração brasileira enfrenta desafios: a dificuldade de agregar valor ao minério e ter uma política extrativista que respeite a agenda ambiental. Na visão de Machado, o preço das commodities afeta diretamente futuros investimentos no setor, o que acaba travando o avanço da mineração. Para o presidente do Sistema Fiemg, diante de tão restritivo quadro, há que se investir seletivamente. “Teremos de priorizar as minas que efetivamente


ESPECIAL

dão resultado, em detrimento das outras”, expôs. O empresário acredita que o Brasil tenha de trabalhar com a ideia de agregar valor às matérias-primas, partindo do ferro-gusa, material que dá origem ao aço. “É urgente fazer com que esse setor efetivamente tenha o reconhecimento da importância que tem”, defendeu. O Diretor-Presidente do IBRAM, José Fernando Coura, acredita que seja perceptível a evolução brasileira da produção agregada, mas afirma que o momento da economia exige medidas mais rápidas e eficazes, como a diversificação da produção. “Nós poderíamos ser o terceiro maior produtor de alumínio do mundo. Em vez disso, estamos parando de produzir esse material”, refletiu. Segundo Coura faz-se necessário ainda otimizar e reduzir custos com a produção. “Precisamos de mais tecnologia de modo a tornar nossos custos mais baixos. Minas Gerais tem um desafio superior na questão da mineração. No caso do nosso carro chefe, o minério de ferro, temos jazidas aqui

com teor de concentração de 45% e 50% com custo alto. Em Carajás, no Norte do país, por exemplo, as jazidas têm 65% e o custo é baixíssimo”. A exploração sustentável do minério brasileiro também foi discutida no evento. o Diretor-Presidente do IBRAM destacou a evolução considerável no que diz respeito à questão ambiental. Segundo ele, Minas Gerais tem sido exemplo para o país. “Nós estamos mudando processos, otimizando operações e isso significa uma contribuição ambiental. Atualmente conseguimos reaproveitar 95% das águas nas nossas operações”, indica Coura, que também é presidente do Sindiextra. Os empresários Olavo Machado Junior e José Fernando Coura são otimistas em relação ao futuro do setor. Ambos acreditam que a Suécia e o investimento em processos de inovação possam contribuir em grande medida para tornar a atividade mineradora brasileira ainda mais rentável e ambientalmente correta.

UM CASO DE SUCESSO De acordo com uma pesquisa anual do Fraser Institute Canadá, a Suécia ocupa a 12ª posição no ranking de melhores lugares para investimentos na mineração. Não é para menos; a expertise da mineração sueca é algo de se admirar. O país é responsável por incríveis 97% da produção de minério de ferro de toda a Europa. Em 55 anos, a produção do país mais do que dobrou e as técnicas de exploração se tornaram mais eficientes. Para dar uma ideia, na década de 60, a Suécia tinha 60 minas operantes, mas a produção não ultrapassava 30 milhões de toneladas. Hoje, com apenas cinco minas ativas, o país produz mais de 70 milhões de toneladas de minério. O crescimento e o desenvolvimento do setor no país se devem principalmente ao investimento do governo em inovação e alta tecnologia. “A Suécia está entre as nações do mundo com o maior percentual de investimentos em pesquisa. O


ESPECIAL país investe 3,42% de seu Produto Interno Bruto em estudos”, revelou o embaixador sueco. A maior mina subterrânea do mundo, localizada em Kiruna, na Suécia, é conhecida pela alta produtividade. A edição de maio da Vox Objetiva trouxe uma matéria sobre a atividade mineradora naquela região. A cidade de Kiruna terá de se deslocar três quilômetros para não ser impactada pela atividade da LKAB, empresa que explora a mina. A matéria de Gisele Almeida aponta a expectativa da comunidade local e as medidas tomadas pelo poder público para reerguer Kiruna em outro local. Coura destacou a mina da cidade sueca como simbolismo da superioridade do país, quando o assunto é mineração. “Kiruna é a terra do sol da meia-noite. A cidade produz minério de ferro em minas subterrâneas com perfuração e desgaste, mas com altíssima tecnologia e com muita eficiência”. O investimento em inovação é fundamental para a expansão da mineração brasileira na visão do Diretor-Presidente do IBRAM, José Fernando Coura (acima), e do embaixador sueco no Brasil, Per-Arne Hjelmborn

Embora invista pesado em exploração mineral, a Suécia é exemplo de responsabilidade ambiental. O presidente da Câmara da Indústria de Base Florestal, Fausto Varela Cançado, citou o país europeu como vanguarda no desenvolvimento, na gestão e no processo, na área florestal. “O Brasil pode aprender muito com o desenvolvimento e a pesquisa feita lá”, destacou. Segundo Hjelmborn, a Suécia sempre pensa seus processos industriais de forma sustentável. “Temos compromisso com a sustentabilidade. Isso é algo essencial para a Suécia e acredito que os recursos ambientais devam ser pensados como tal também no Brasil”, defendeu.


CAPA

TÁXI x UBER

≠ TRANSPORTE ILEGAL

A legalização do aplicativo que conecta motoristas particulares a passageiros não resolve a problemática do transporte ilegal nas grandes cidades brasileiras Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro

“P

osso levar o senhor lá por R$ 70 se não ligar o aplicativo. Telefone direto para mim, que dá para fazer esse descontinho”, falou, sem rodeios, o motorista parceiro da Uber ao ser questionado sobre quanto cobraria para fazer uma corrida particular de Copacabana ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Ao fornecer o cartão de visitas com seus números, ele acabara de engrossar as estatísticas dos motoristas que trabalham ilegalmente e sem fiscalização no país. Durante a curta viagem, o condutor não se esquivou de nenhuma pergunta e, sem saber que estava sendo entrevistado, indicou os principais pontos de parada dos motoristas 20 | www.voxobjetiva.com.br

ilegais do Rio de Janeiro. Tão fácil quanto achá-los foi encontrar um taxista que topasse executar a mesma tarefa. Só que com duas diferenças: não partiu do usuário a negociação de um preço fixo. O motorista se adiantou e, em tom imperativo, disse: “São R$ 100 para pegar uma pessoa na hora certa e levar ao aeroporto. Sabe como é: se é fora do meu caminho, tem que ser fora do relógio”. Além de mais ganancioso, o dono do táxi tinha um perfil, digamos, mais informal. No mesmo trajeto percorrido pelo profissional parceiro da Uber, o taxista, de cerca de 60

anos, contou praticamente a sua vida inteira – bairro em que morava, idades, nomes e profissões dos filhos; suas opiniões sobre política, futebol e, claro, a Uber. “Eu estou na praça há quase 20 anos. Olhe a minha foto aí na licença. E esses motoristas novos: você sabe quem são?”, indagou. “Você pode estar sendo levado por um marginal. Eles não têm que provar quem são para ninguém”, completou o taxista, aparentemente sem saber que para se cadastrar na Uber, o motorista deve apresentar certidões negativas de antecedentes criminais. O mais grave, no entanto, é constatar que pior do que os taxistas e


CAPA motoristas parceiros da Uber passarem por triagens pouco rigorosas e nenhum treinamento específico para transportar passageiros país afora, milhares de carros, vans e até ônibus ilegais rodam por nossas ruas e avenidas. Em um rápido passeio entre a Zona Sul e o Centro do Rio de Janeiro flagramos veículos sem licença específica fazendo transporte de cargas, adultos e crianças sem nenhuma fiscalização da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR). PREFEITURA X UBER A polêmica envolvendo a Uber teve destaque na imprensa após motoristas de táxi de Belo Horizonte organizarem carreatas em protesto contra a startup californiana, chegar à Justiça de São Paulo e virar caso de Polícia no Rio. O assunto ganhou status político tão grande que fez com que o Secretário de Transportes do Rio, Rafael Picciani, acionasse rapidamente os meios legais contra a empresa e em defesa dos taxistas da Cidade Maravilhosa. “O serviço oferecido pela Uber não é regulamentado pela SMTR. Encaminhamos o caso para o Ministério Público e aguardamos um posicionamento do órgão”, afirmou Picciani energicamente.

Faltou Picciani explicar que o número telefônico fornecido não é dedicado às sugestões e queixas do transporte carioca. O serviço é, segundo denominação da própria prefeitura, a Central de Atendimento ao Cidadão e é voltado às reclamações e à solicitação de serviços a todas as 26 secretarias municipais. No dia 27 de maio, a equipe de reportagem da Vox fez contato com a Central de Atendimento 1746 por três vezes. No primeiro telefonema, a ligação caiu logo após a chamada ser completada; no segundo, a espera foi de mais de três minutos para gerar um protocolo de atendimento, mas, em seguida, a ligação caiu novamente. No último teste, a atendente afirmou que era impossível a SMTR enviar fiscalização para um ponto de táxi-pirata, se não fosse fornecido o número de registro do táxi ou a placa do carro. TÁXIS-PIRATAS No Rio de Janeiro é praticamen-

te impossível denunciar táxis-piratas e outras práticas ilegais. O caso é análogo ao de um condomínio de alto padrão na Lagoa, bairro nobre da cidade, em que um garagista prestou ilegalmente serviços de transportes de passageiros por anos a fio, sem sofrer nenhuma fiscalização do poder público. Muito querido pelos moradores idosos, o então funcionário tinha conivência da síndica e de funcionários para levar e buscar passageiros. Ele não foi incomodado, até que passou a ocupar vagas de garagem e as calçadas em frente ao edifício com nada menos que três carros. Moradores do condomínio, que tem famosos proprietários de apartamentos, como o cirurgião plástico Ivo Pitanguy e o ex-presidenciável Paulo Maluf, não gostaram quando o funcionário expandiu os negócios. Segundo um entrevistado que preferiu não ser identificado, o agora ex-garagista comprou um táxi, mas não desistiu de trabalhar na ilegalidade. Simultaneamente à aquisição

Apesar do imbróglio, o secretário não disfarçou a intenção de copiar da Uber alguns mecanismos para fiscalizar os taxistas. “Está em estudo a criação de um aplicativo para permitir a avaliação do serviço prestado, para o sistema de táxi municipal. Contudo, já existe um canal de reclamação oficial da prefeitura: o 1746, que existe em formato de aplicativo e funciona por meio de ligação convencional. Todas as demandas encaminhadas ao 1746 direcionam as ações de fiscalização da Prefeitura”, alegou.

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A falta de fiscalização por parte da prefeitura é um incentivo para a circulação dos “táxis-piratas” na Cidade Maravilhosa

FALAR APENAS O INDISPENSÁVEL Para atender o público que deseja pagar as corridas somente com cartão de crédito, não gosta de esperar táxis nas ruas e anseia por serviços diferenciados, a Uber se instalou há exatamente um ano nas quatro principais capitais do país, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

da autonomia, ele comprou mais dois carros de passeio e instalou no edifício a sua empresa de transportes ilegal. Foi a gota d’água para a então síndica, Marcelina Venturini, que registrou queixa na 12ª DP da capital. “No início, eu achava o serviço dele legal, porque era uma pessoa conhecida e de confiança. Achava-o empreendedor e cheguei a andar com ele duas vezes. Mas depois que ele comprou outros veículos e colocou pessoas estranhas para trabalhar dentro do prédio, fui falar com a síndica para ela abrir o olho, pois ele estava montando uma cooperativa de transporte-pirata aqui dentro”, recordou P.R., decorador e funcionário aposentado do Banco do Brasil. Após o flagrante da Polícia Civil, o ex-garagista não estaciona os ‘táxis-piratas’ no edifício. Mas não foi difícil encontrar o táxi dele nas dependências do condomínio. Entramos na garagem do prédio e flagramos o táxi amarelo (cor padrão na cidade do Rio) do ex-garagista parado na 22 | www.voxobjetiva.com.br

vaga do apartamento 103. Porém, mais uma ilegalidade chamou a atenção: o carro estava sem placa. O porteiro-chefe, Raimundo Bezerra, explica parte do esquema. “Ele é hóspede do apartamento 103. Não mora aqui. É casado com a empregada da dona da casa e aluga, na verdade, a vaga. Mas a proprietária diz que ele é morador. Como provar o contrário?”. A manobra é usada para burlar uma das regras de segurança do condomínio: alugar vagas de garagem para não moradores. A causa, aparentemente perdida pelos moradores, fez com que P.R. não usasse mais o serviço de transporte do ex-funcionário nem do táxi (aparentemente) legalizado. Decepcionado também com os serviços oferecidos pelos aplicativos Easy Táxi e 99Táxis, o decorador optou pela Uber. “Andei pela primeira vez em Nova Iorque e, depois, em Minas Gerais, junto de amigos que são usuários frequentes. Adorei! Os motoristas são de categoria, e os carros, bem cuidados. Gostaria que o serviço desse certo no Rio e em São Paulo. Se dá certo em todo mundo,...”, fica na torcida.

Dentre as diferenças dos carros indicados pelo aplicativo e os táxis tradicionais estão: os sedãs executivos de cor escura devem estar com o rádio desligado e ar-condicionado funcionando antes de o usuário embarcar; os motoristas trabalham uniformizados de calça e camisa sociais; é obrigatório ter água mineral gratuita para os passageiros; o motorista não deve fumar, comer, falar ao telefone nem puxar conversa, a não ser que seja iniciativa do usuário; qualquer discordância em relação ao trajeto percorrido deve ser tratada diretamente com a empresa. Jamais se deve discutir com o passageiro. Seguir o protocolo estabelecido pela Uber em mais de 300 cidades do mundo não é fácil para ex-taxistas que aderiram ao aplicativo e ‘marinheiros de primeira viagem’. Entrevistamos quatro motoristas parceiros da empresa que nos contaram os motivos pelos quais largaram outros empregos para se associar à Uber; os serviços diferenciados que oferecem aos passageiros; e suas rotinas que incluem invariavelmente confrontos com taxistas. Veja o perfil deles:


RJ

MAURICÉLIO RAMOS CARRO: NISSAN SENTRA 2014 DESTINOS MAIS FREQUENTES: ZONA SUL E BARRA DA TIJUCA 37 ANOS, RIO DE JANEIRO PROFISSÃO ANTERIOR

MIMOS OFERECIDOS AOS PASSAGEIROS: ÁGUA MINERAL, REVISTAS E REDE WI-FI

CURIOSIDADES: DIZ QUE TRANSPORTOU, EM TEMPO RECORDE, UMA GRÁVIDA À MATERNIDADE. TRÊS MESES DEPOIS, A PASSAGEIRA ENTROU NO CARRO NOVAMENTE E, QUANDO O RECONHECEU, CONTOU QUE BATIZARA O SEU FILHO COM O NOME DO MOTORISTA.

BANCÁRIO/CONTADOR

SP

LAYZZA BRITO CARRO: FORD FUSION 2012 DESTINOS MAIS FREQUENTES: CENTRO 28 ANOS, SÃO PAULO PROFISSÃO ANTERIOR

MIMOS OFERECIDOS AOS PASSAGEIROS: ÁGUA GASOSA, ÁGUA DE COCO E BALAS

ANALISTA DE RH/ ESTUDANTE DE VETERINÁRIA

DF

CURIOSIDADES: DIVIDE O CARRO COM O MARIDO, O PUBLICITÁRIO IURI TAMPOLSKI, QUE DIRIGE O CARRO ASSOCIADO À UBER NO PERÍODO DA NOITE. POR ISSO, O CASAL FOI APELIDADO PELOS AMIGOS DE 'FEITIÇO DE ÁQUILA', EM REFERÊNCIA AO FILME DOS ANOS 80, NO QUAL OS PROTAGONISTAS VIVIAM UM AMOR PLATÔNICO POR NUNCA CONSEGUIREM SE ENCONTRAR.

GENIVAL DE SANTANA CARRO: TOYOTA COROLLA DESTINOS MAIS FREQUENTES: PLANO PILOTO 53 ANOS, DISTRITO FEDERAL PROFISSÃO ANTERIOR

MIMOS OFERECIDOS AOS PASSAGEIROS: ÁGUA GASOSA, ÁGUA DE COCO E BALAS

TAXISTA

CURIOSIDADES: HÁ 37 ANOS EM BRASÍLIA, O CEARENSE GENIVAL SEMPRE TRABALHOU DIRIGINDO PARA OS OUTROS, MAS SÓ AGORA ESTÁ CONTENTE COM A PROFISSÃO. ACREDITA QUE A UBER SEJA A GRANDE REVOLUÇÃO DO MERCADO DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS E QUER SE APOSENTAR COM 70 ANOS... COMO MOTORISTA PARCEIRO DA UBER.

MICHELLE OLIVEIRA CARRO: VOLKSWAGEN JETTA 2014 DESTINOS MAIS FREQUENTES: BELVEDERE, MANGABEIRAS, NOVA LIMA E SAVASSI 32 ANOS, BELO HORIZONTE PROFISSÃO ANTERIOR AUXILIAR ADMINISTRATIVO

MIMOS OFERECIDOS AOS PASSAGEIROS: ÁGUA MINERAL E BALAS

CURIOSIDADES: É NAMORADA DE SÉRGIO ABREU, PRIMEIRO MOTORISTA A SE ASSOCIAR À UBER EM BH. PRETENDE USAR O DINHEIRO GANHO PELO CASAL COM O APLICATIVO PARA OFICIALIZAR A UNIÃO. PORÉM, ABREU SE MUDOU PARA SÃO PAULO, ONDE SEGUE TRABALHANDO COM O APLICATIVO...


CAPA PALAVRA DA UBER Após o protesto dos taxistas em BH, no dia 20 de maio, a procura pelo aplicativo na capital mineira cresceu exponencialmente. Segundo a assessoria de imprensa da Uber, naquele dia o número de usuários aumentou duas vezes e meia. Já a procura de motoristas querendo se associar à startup triplicou. Fabio Sabbag, porta-voz da Uber no Brasil, revela que, apesar dos protestos e de ações judiciais, a empresa pretende fazer novos investimentos no país, mas com cautela. “O passo de crescimento precisa ser adequado à manutenção da qualidade do serviço que prestamos. Por isso, atuamos em cada cidade que estamos próximos aos motoristas e usuários, garantindo que o crescimento de ambos na plataforma seja quase simultâneo. E, assim, usuários sempre terão motoristas à disposição com um baixo tempo de espera e motoristas terão um retorno financeiro adequado”, explica. O executivo falou também de temas espinhosos, como o acirramento entre donos de táxi e motoristas ligados à Uber e a queixa-crime registrada na 4ª Delegacia de Polícia do Rio, por taxistas cariocas contra um ex-associado da Uber. “A Uber repudia qualquer tipo de violência. Nosso maior interesse é que as pessoas tenham assegurado seu direito de escolha, tanto para trabalhar quanto para se movimentar pela cidade”. Sobre o vídeo publicado em redes sociais, no qual o homem identificado como Leonardo Amaral de Monteiro ameaçou taxistas com uma arma de fogo, o diretor da empresa esclareceu, por meio de nota oficial, que o motorista tinha sido des24 | www.voxobjetiva.com.br

cadastrado da plataforma antes mesmo do episódio, devido a reclamações dos usuários (Veja o vídeo e a nota da empresa na íntegra, no site da Vox Objetiva). Sabbag acredita que as arestas ainda não aparadas se devam ao fato de as inovações tecnológicas e de comportamento estarem sempre um passo à frente das regulamentações – assim foi com o Youtube, redes sociais etc. “Estamos trabalhando com o poder público para criar um ‘marco civil’ para a economia colaborativa, que pode gerar muitos benefícios para os brasileiros, para o Governo e para a inovação”. Os usuários esperam que a morosidade da Justiça e do Governo não atrapalhem a legalização do serviço. A Uber quer e precisa ser regulada.

O serviço oferecido pela Uber não é regulamentado pela SMTR. Encaminhamos o caso para o Ministério Público e aguardamos um posicionamento do órgão Rafael Picciani, secretário de Transportes do Rio de Janeiro


ARTIGO

Kênio Pereira Imobiliário

economizando na transferência dE propriedades Há muitos compradores de imóveis na planta deixando de economizar até 75% do valor do ITBI porque não sabem que vale a pena antecipar esse imposto. O comprador pode inclusive pagar menos nos cartórios de notas e de registro, se não deixar para depois a transferência da propriedade para seu nome em momento posterior ao da conclusão da obra. A Prefeitura de BH aceita que seja quitado o ITBI com base apenas na fração ideal do lote. Para isso, o adquirente precisa provar que a construção foi feita a preço de custo, ou seja, por administração. Nesse sistema, os donos do empreendimento são os condôminos. A construtora que vai executar a obra mediante o recebimento de um percentual sobre o que for gasto deve ser contratada pelos condôminos ou pelo próprio incorporador. Com o desaquecimento da economia, a insegurança e o aumento dos juros, as incorporações a preço de custo tendem a crescer, já que o risco é assumido pelos condôminos. Na obra a preço fechado, caso sejam vendidos apenas dez apartamentos, tendo o edifício 16 unidades, a construtora terá que assumir sozinha o custo das seis unidades não negociadas. Por isso, muitos construtores vão preferir trabalhar no regime de administração/preço de custo. Atendi a uma consulta de um comprador que ficou perplexo ao comparecer ao Cartório de Notas. Para passar uma escritura para o nome dele, a prefeitura avaliou o apartamento em R$ 1,2 milhão. O imóvel fica em um edifício de 40 unidades e está pendente só da Baixa de Construção. Nesse caso, o valor do ITBI será de R$ 36 mil, mas o comprador entende que deveria ser de R$ 9 mil porque ele adquiriu a fração ideal por R$ 300 mil. Realmente o comprador vai pagar apenas R$ 9 mil de ITBI, desde que prove que assumiu por con-

ta própria o custeio da obra. Nesse caso, a construtora atuou como prestadora de serviços para os 40 coproprietários, que são os donos do empreendimento. A Lei nº 4.591/64 visa proteger os adquirentes na obra a preço fechado ou a preço de custo. É importante que eles registrem o contrato de promessa de compra e venda de imediato. Assim eles têm maior garantia de que sua unidade não corre o risco de ser hipotecada ou vendida em duplicidade. Além disso, eles vão economizar nos valores de ITBI e de emolumentos nos cartórios. Nesse caso, o prejuízo pode chegar a R$ 1,08 milhão, caso os 40 proprietários paguem a mais R$ 27 mil, pois se não provarem que eles arcaram com os custos da obra, vão acabar pagando R$ 36 mil de ITBI em vez de apenas R$ 9 mil por unidade. É importante que os compradores saibam que a lei prevê o registro de imediato do contrato de imóveis negociados na planta justamente para protegê-los. Pagar antecipadamente o ITBI acarreta economia, mas se deixar para depois possibilita que o Fisco tente cobrar como se fosse obra a preço fechado. Nesse caso, o comprador vai ter maior chance de evitar o ônus excessivo, se for assessorado juridicamente, já que vai precisar de argumentar com o Fisco num processo complicado.

Kênio Pereira Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br | 25


ARTIGO

Robson Sávio Justiça

Aspectos da cultura e modos de vida urbanos O que é mais importante numa cidade: o mobiliário urbano ou os sistemas de transporte com largas avenidas permitindo o fluxo dos automóveis? Uma gestão pública eficiente cujo resultado é medido pelas variáveis custo e benefício? Tudo isso pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida urbana. Mas, certamente, o mais importante é a convivência entre as pessoas, o conjunto das relações humanas que nascem das interações sociais. A cidade deveria ser um espaço de interação; não de exclusão.

to à cidade busca combater as desigualdades resultantes de um processo de urbanização acelerado e sem planejamento.

Por que as cidades pequenas são, geralmente, menos violentas? Porque há uma relação de solidariedade entre as pessoas. Nesses locais, onde uns ajudam os outros, há pouco espaço para a criminalidade. Mecanismos de vigilância informal são, muitas vezes, mais eficientes do que o uso de aparatos profissionais.

Infelizmente observamos nas cidades a criação de guetos que segregam parte dos cidadãos: condomínios fechados que isolam as pessoas e favelas que excluem outros tantos. Será que as relações sociais comportam (ou melhor, suportam) o abismo entre esses “dois mundos” no mesmo espaço: a cidade? Esse colossal fosso tem sustentação numa sociedade que se diz democrática?

Já nos grandes centros urbanos, observamos situações que colocam à prova o modo de vida individualista. Há poucos dias, li uma reportagem que narrava a ação de um ladrão num prédio de alto luxo. O ladrão usava o elevador, passando de um andar para o outro, sem que os moradores o percebessem. Isso porque os moradores do prédio não se conheciam. Onde há muito individualismo, paradoxalmente, existe mais exposição ao risco. Uma cidade democrática é fruto de uma construção coletiva, de um pacto sociopolítico com ações voltadas para o respeito e a proteção aos direitos coletivos. O espaço deve garantir a presença e a manifestação das diferentes culturas e dos vários modos e estilos de vida sem distinção. Na definição latina, cidade (civitas-civitatis) era a reunião de cidadãos; lugar onde se respeita o direito do cidadão. Hoje em dia, voltou-se a discussão do tema do direito à cidade. O direi-

Hoje, mais da metade da população do planeta – cerca de 3,4 bilhões de pessoas – vive em cidades. E as previsões indicam que o processo de urbanização vai continuar a ocorrer rapidamente, sendo marcado pela precariedade e pela informalidade da ocupação do solo. Estima-se que um terço dos habitantes das cidades estejam em favelas e em assentamentos informais.

Os responsáveis pelas políticas públicas devem contrapor essa lógica segregadora. É necessário garantir a inclusão de todos os indivíduos no espaço urbano, com dignidade e respeito à alteridade. Isso significa uma convivência saudável, por exemplo, com os moradores de rua - tão discriminados! Nesse sentido, uma ação fundamental para a construção de espaços mais humanizados é a ampliação de mecanismos de participação social na gestão das cidades. Para isso, há que se investir na educação política dos cidadãos.

Robson Sávio Reis Souza Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br


Cuidar bem da cidade e das pessoas.

É assim que a gente faz a melhor capital do Brasil.

Pampulha. Candidata a Patrimônio Cultural da Humanidade. PPP da Educação premiada pelo Financial Times.

Atenção com crianças e adolescentes - Unicef.

O projeto de construção de escolas por meio de Parceria Público-Privada foi premiado pelo Financial Times/Citi Ingenuity Awards e pela publicação Infrastructure 100.

Belo Horizonte foi apontada em 2014 como a cidade com ambiente mais adequado para crianças e adolescentes.

Segurança Alimentar é exemplo para o mundo - ONU.

Nos últimos anos, o trabalho da Prefeitura de Belo Horizonte tem se tornado referência em políticas públicas. Várias ações foram reconhecidas mundialmente por entidades como ONU e Unicef. E as conquistas não param: recentemente, a pesquisa nacional Best Cities Index apontou BH como a melhor capital do Brasil. Esse é o resultado de um trabalho feito a várias mãos: Prefeitura, parceiros e toda a população.

Cidade Livre do Analfabetismo.

BH conquistou, pela 1ª vez, título concedido pelo Ministério da Educação.

Exemplo em Defesa Civil - ONU.

Melhor IDEB do Brasil entre as grandes capitais, segundo o MEC.

O programa de Segurança Alimentar de BH foi reconhecido pela ONU como referência mundial.

Prêmio Sasakawa 2013, reconhecimento da ONU ao conjunto de ações da Prefeitura para reduzir riscos de desastres naturais.

BH tem o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do Brasil entre capitais acima de 2 milhões de habitantes.

Cidade Amiga da Criança Fundação Abrinq.

Maior Programa de Saúde da Família do Brasil.

Cultura é referência em prática sustentável e inclusiva.

Reconhecimento pelo cuidado com crianças e adolescentes. Entre 1.500 cidades avaliadas, somente 9 receberam o Título de Destaque Nacional.

BH é a capital com maior cobertura do PSF: 83% dos moradores são atendidos.

O projeto Arena da Cultura foi premiado pela CGLU, organização com sede em Barcelona e presente em 127 países.

Não para de trabalhar por você.

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www.pbh.gov.br


SALUTARIS

paliativos e esperanças As novidades da indústria farmacêutica e as perspectivas de cura para o diabetes, uma doença que se alastra pelo mundo André Martins

“S

e você quer uma vida longa, tenha uma doença crônica e cuide bem dela”. Para os diabéticos, a frase do endocrinologista americano Elliot P. Joslim costuma fazer mais sentido do que para pessoas que não sofrem com algum tipo de doença crônica. A jornalista Larissa Emanuelle Orneles, de 22 anos,

foi diagnosticada com o diabetes tipo 1 em 1994, logo no primeiro ano de vida. Ela cresceu sendo privada de comer o que as crianças mais gostam: alimentos recheados em açúcares e carboidratos. Como não teve acesso às guloseimas, manter distância dos doces não foi uma tarefa propriamente complicada. O suporte dos pais foi essencial para que a menina se percebesse como uma criança ‘normal’. “Eles sempre tentaram fazer com que eu não me sentisse deslocada. Nas festinhas escolares, por exemplo, meus pais levavam meu refrigerante diet e o meu pedacinho de bolo diet”, relembra. Na adolescência, o tempo fechou. Os medicamentos de que Larissa fazia uso levaram-na a ganhar peso, e aí veio a revolta. A jovem parou de aplicar insulina e entrou em cetoacidose, tendo sido internada em coma no hospital. O susto veio seguido da mudança de comportamento e da necessidade de pensar mais em si.

Para Cassia Andreia Silva Souza, de 34 anos, a doença apareceu mais tarde. Em 1999, ela foi levada às pressas para o hospital devido a sintomas como emagrecimento rápido, sede insaciável, enjoos, perda das forças e da disposição. Ao ser diagnosticada com o tipo 2 da doença, aos 18 anos, Cassia teve que lidar com novas situações. “Tinha de tomar injeções todos os dias, furar os dedos para medir a glicose, seguir uma dieta. Era uma baita novidade e me achava supercorajosa para enfrentar a doença. Mas, com o tempo, fui ficando cansada e desanimei, descuidei. Só nunca deixei de tomar insulina”, conta. Cassia só voltou a ‘andar nos trilhos’ diante da notícia de que, dentro de nove meses, a família da dona de casa maranhense começaria a crescer. Ser diabético continua uma provação para a maioria dos que lidam com a doença. A síndrome metabólica relacionada à disfunção pancreática que prejudica a produção de insulina no

Conhecido como bomba de insulina, o dispositivo lança doses do hormônio no organismo de forma automática, evitando a necessidade das indesejadas agulhadas


organismo exige que o indivíduo tenha diversas obrigações. Exercícios físicos regulares, alimentação regrada e o sistemático controle da glicose são prerrogativas para uma vida normal. A disciplina rigorosa continua a ser fundamental para os diabéticos, mas muito do que antes era usual em termos de tratamento vem sendo substituído por medicamentos que surgiram e continuam a surgir à luz do desenvolvimento de pesquisas e de testes mundo afora. Nesse sentido, se a vida do diabético não ficou mais fácil, ganhou em qualidade. Para o chefe do Departamento de Novas Tecnologias da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Márcio Krakauer, desde a descoberta da insulina, na década de 20, inovações não param de surgir. “Houve o desenvolvimento e a melhora das seringas, das agulhas de aplicação de insulinas, das fitas para fazer testes, dos remédios. Nos últimos 15, 20 anos, a evolução foi acentuada. Hoje é possível ter o conforto, um tratamento moderno, sentir-se num ambiente ‘normal’ no dia a dia e conseguir controlar o diabetes, coisa que no passado era praticamente impossível”, opina. Para Krakauer, a difusão de informações relativas à doença também contribuiu para a melhora na qualidade de vida dos diabéticos. Atualmente há novidades para os dois tipos da doença. O diretor clínico do Centro de Diabetes de Belo Horizonte, Rodrigo Lamounier, explica que as insulinas mais modernas são ótimas alternativas. Além de serem mais efetivas, elas reduzem as chances de hipoglicemia, que é um dos principais pesadelos para quem tem diabetes. Para esse

grupo, as tecnologias de tratamento insensível têm grande potencial. É o caso da bomba de insulina: um dispositivo acoplado na pessoa via cateter e que permanece fixado no corpo, liberando a quantidade de insulina programada. A bomba dá maior mobilidade ao indivíduo e elimina a necessidade das ‘agulhadas’ diárias. Para quem tem o tipo 2 da doença, a novidade mais recente são os inibidores de transportadores de glicose no rim. “São medicamentos que fazem aumentar a perda de glicose pela urina. E isso faz com que o controle da glicose melhore muito. Esses medicamentos possibilitam a perda de peso, o que é muito importante para o diabético porque, afinal de contas, o excesso de peso é um problema que acomete cerca de 80% dos portadores de diabetes tipo 2. A maioria dos tratamentos clássicos favorece o ganho de peso, não a perda”, detalha Lamounier. A CURA Paralelamente aos esforços de produção de novos medicamentos e de tecnologias inovadoras, a comunidade científica busca a cura do diabetes tipo 1. No Brasil, a pesquisa mais promissora vem da USP de Ribeirão Preto. Os pesquisadores da instituição paulista acreditam que seja possível bloquear a função autoimune associada ao diabetes. Grosso modo, eles trabalham com a retirada de parte da medula óssea do paciente - ricas em células-tronco - e a destruição das células de defesa do organismo por meio de seções de quimioterapia. Após esse procedimento, as células previamente retiradas e cultivadas em laboratório são reinseridas no organismo. “A ideia é que isso dê um

DIABETES TIPO 2 Uma combinação explosiva: sedentarismo e péssimos hábitos alimentares. Esses têm sido os dois principais vilões que levam o número de diabéticos tipo 2 a uma progressão em todo o mundo. Segundo o endocrinologista Rodrigo Lamounier, o diabetes talvez seja a doença com maior impacto para a saúde pública mundial. “Isso porque ela pode levar à insuficiência dialítica em adultos, à cegueira, amputações de membros, problemas cardiovasculares e infarto”, alerta. O chefe do Departamento de Novas Tecnologias da SBD, Márcio Krakauer, ressalta que o fator obesidade tem grande influência para o surgimento da doença. “Se o pai e a mãe forem obesos, a pessoa tem o risco de desenvolver a doença aumentado em 80%. Se a pessoa tiver predisposição genética, é quase certo que ela terá a doença”, expõe. No entanto, há outra explicação para o aumento do número de casos. Lamounier lembra que o crescimento da expectativa de vida leva as pessoas a terem de lidar com doenças que antes não eram comuns. “É natural que as pessoas, ao chegarem aos 75 anos de vida, tenham problemas que há cem anos não tinham pelo simples fato de que elas não atingiam idades que hoje são possíveis”, ressalta.


SALUTARIS

Hoje é possível ter conforto, um tratamento moderno, sentir-se num ambiente ‘normal’ no dia a dia e conseguir controlar o diabetes, coisa que no passado era praticamente impossível Márcio Krakauer, chefe do Departamento de Novas Tecnologias da SBD

tipo de boot no sistema imunológico da pessoa, fazendo com que ele se reorganize e pare de se agredir”, sintetiza Lamounier. O especialista pondera, no entanto, que além de ser um tratamento muito invasivo, os resultados foram pouco animadores, pois a maioria dos pacientes tiveram que voltar a usar insulina. Krakauer acredita na cura do diabetes tipo 1, mas rejeita fazer previsões. “Não sei se estarei vivo para ver isso, mas acredito, sim, na cura. O diabetes tipo 1, a aparição da doença, não tem relação com o comportamento e são poucos os genes envolvidos. É o sistema imunológico,... e se sabe bastante sobre essas chaves”, evidencia. Por outro lado, o médico descarta a possibilidade de cura associada ao tipo 2 pelo fato de ser uma doença poligêni-

ca e estar ligada à obesidade, um problema de ordem comportamental. No entanto, há registros que indicam que o diabetes tipo 2 possa ser reversível por meio de uma mudança drástica no estilo de vida. Segundo o diretor clínico do Centro de Diabetes de Belo Horizonte, é justamente sobre a cura que ele mais fala com os pacientes no dia a dia. Para Lamounier, esse é um termo utópico e vazio. “A cura é parar de usar insulina? Vamos dar um exemplo: uma pessoa que tinha insuficiência renal faz um transplante bem-sucedido

e não precisa mais de fazer hemodiálise está curada? Ela trocou um problema por outro. Ela tinha insuficiência renal, tinha de fazer hemodiálise e, agora, passou a cuidar de um transplante. Ela frequenta outros médicos, toma outros remédios e mantém a extensão de vida ao longo dos anos. Isso não é cura”, reflete. “Na vida, você tem que enfrentar problemas. A limitação do ser humano é a própria característica da vida. Então eu acho que essa questão da cura é um pouco vazia do ponto de vista filosófico. Eu não acredito que exista cura”, arremata.


ARTIGO

Maria Angélica Falci Psicologia

Não desperdice amor Quase sempre, o desperdício está associado a recursos: água, energia, alimentos e por aí vai,... No entanto, quero propor uma reflexão diferente: chamar atenção para o desperdício de uma coisa que também faz muita diferença em nossa vida: o amor. Já reparou como as pessoas têm desperdiçado tempo com coisas desnecessárias e deixado de lado o amor? Esse bem tem sido jogado para segundo, terceiro plano como se fosse banal. Alguma vez você parou para pensar na seriedade desse esfriamento? Há muito egocentrismo no mundo e é justamente por isso que devemos pregar o amor e o cultivo de outros sentimentos positivos. Isso, claro, respeitando os polos da razão e da emoção. Esses fatores são muito importantes, mas quando são levados ao extremo, tendem a gerar distorções e conflitos. O ideal é termos os dois de maneira equilibrada. Assim seremos mais focados e centrados, sem exageros.

economizam e desperdiçam sentimentos positivos, atitudes de boa ação, respeito e interesse genuíno pelo outro. Além disso, extravasam, ignoram, rejeitam conselhos na fantasia de que a vida terá sempre um curso e que nada de ruim realmente vai acontecer a elas. Muitas pessoas agem de forma irresponsável, com um egoísmo muito intenso. Desculpe-me a sinceridade, mas a necessidade de um mundo mais humano é emergente!

Desculpe-me a sinceridade, mas a necessidade de um mundo mais humano é emergente!

As exigências atuais, a correria da vida, a busca da perfeição e a própria tecnologia suscitam sentimentos diferenciados e uma visível frieza nos relacionamentos. A questão das prioridades gera conflitos nas famílias. Precisamos nos adaptar, economizar e evitar o desperdício. Mas as pessoas realmente sabem aplicar isso na vida? Sinto que elas fazem exatamente o inverso:

A questão mais grave realmente está no desperdício. As pessoas dão um tiro no próprio pé. Logo ali, a vida cobra tudo com juros altíssimos. A parte emocional, quando não estruturada, faz com que o indivíduo tenha muitas perdas e sofra com as consequências. Isso faz com que seja difícil externar sentimentos bons de forma natural e verdadeira.

Reflita no polo do amor e não seja econômico nesse quesito. Agora, em relação à vida financeira, à água, à energia, preze por um proceder racional para que, no futuro, não estejamos em apuros.

Maria Angélica Falci Psicóloga clínica e especialista em Saúde Mental angelfalci@hotmail.com


SAPORIS

Pizza marguerita Chef Adriano Maio, Buffet Pizza diMaio INGREDIENTES (MASSA)

MODO DE PREPARO

1 kg de farinha de trigo 30 g de fermento biológico granulado 1 ovo 20 g de sal refinado 20 g de açúcar refinado 50 g de margarina vegetal 50 g de azeite extra virgem 200 ml de leite 300 ml de água filtrada

Misture a farinha com o fermento, ovo, margarina, açúcar, azeite e o leite. Amasse com as mãos até ficar homogênea, adicione a água aos poucos até o ponto em que a massa tenha liga, mas a farinha não grude na mão. Adicione o sal e amasse de forma homogênea e forme bolinhos de cerca de 250 g. Espere uma hora e abra a massa em discos de aproximadamente 30 cm de diâmetro. Coloque em uma fôrma redonda furada para assar por igual, calce uma luva e leve ao forno pré-aquecido em 220º por cerca de dois minutos. Retire a pizza e passe o molho.

INGREDIENTES (RECHEIO)

Adicione a muçarela e espalhe por igual. Fatie o tomate em oito partes finas e espalhe com espaçamentos iguais. Calce uma luva e leve ao forno pré-aquecido em 220º por mais dois minutos. Coloque o manjericão e o orégano após retirar a pizza e sinta a diferença de aroma.

1 colher de sopa de molho 200 g de muçarela ralada 1 tomate maduro tipo andrea 10 folhas de manjericão Orégano a gosto

Experimente a pizza com um fio de azeite extravirgem e bom apetite.


SAPORIS

um costume muito charmoso, agora está fora de moda.

Harmonização Pizza Marguerita

Muito se fala sobre as pizzas feitas aqui no Brasil e as fabricadas na Itália. Alguns ousam dizer que as nossas são melhores. Alegam que a diversidade de pizzas na Itália é bem menor, não passando de quatro ou seis tipos. Usualmente no país europeu são servidos recheios clássicos, como marguerita, quatro queijos, presunto e muçarela. No Brasil, a oferta é infinita! Independentemente da questão de qualidade, podemos afirmar que a massa redonda é uma paixão mundial. Menciono isso novamente para mostrar a real importância das pizzas para o estímulo do consumo de vinhos, pois, para um italiano, não há nada melhor que acompanhar o alimento com um bom rótulo. Isso se espalhou pelo mundo inteiro.

Nelton Fagundes, Enoteca Decanter

A pizza marguerita tem em sua base muçarela, tomate e manjericão. Por ser naturalmente leve, ela pede por um vinho branco com bom frescor. Sugiro o Pinot Grigio Villa Cardèto – Umbria, da Itália, cujo valor gira em torno dos R$ 51. Pizzas leves são acompanhadas por vinhos leves.

Das combinações clássicas: vinhos e pizzas Nelton Fagundes Sommelier da Enoteca Decanter BH Uma das combinações mais incríveis que posso citar em minhas experiências com vinhos é a harmonização da bebida com pizzas. Não há nada mais prazeroso que uma massa bem-feita, com ingredientes selecionados e textura adequada, sendo harmonizada com os vinhos

corretos. Arrisco dizer que talvez tenham sido as pizzarias espalhadas pelo Brasil que ajudaram a impulsionar o consumo de vinhos em nosso país. Afinal, quem não se lembra das Chianti’s com garrafas envolvidas em palha e penduradas nos tetos das cantinas? Esse era

Para exemplificar, imagine uma pizza marguerita, que tem em sua base muçarela, tomate e manjericão, naturalmente leve. Ela pede um vinho branco com bom frescor, um Pinot Grigio Villa Cardèto – Umbria, da Itália, por exemplo. Já uma pizza de quatro queijos com gorgonzola e companhia combina com um tinto clássico, como Chianti Vernaiolo – Rocca delle Macìe, da Toscana, Itália. Não importa qual o seu sabor favorito de pizza. Se desejar ter uma experiência instigante, procure escolher vinhos adequados a seu pedido. Se não tiver alguém para orientá-lo, siga as bases clássicas das combinações: pizzas leves são acompanhados por vinhos leves; massas com sabores marcantes e encorpados pedem rótulos com as mesmas características. Um brinde e boa degustação!


ARTIGO

Ruibran dos Reis Meteorologia

O clima e a saúde De acordo com a Organização Mundial de Meteorologia, o clima de um local é definido a partir de uma média dos elementos climáticos coletados ao longo de 30 anos. Para a climatologia, o clima de um local não muda ano a ano. Mudanças significativas são registradas com o passar de dezenas ou até de centenas de anos. As condições do tempo, no entanto, mudam em um intervalo de 15 minutos. É possível também fazer previsões para um horizonte temporal de até 15 dias. A mudança no tempo varia espacialmente. Se em uma cidade o tempo está chuvoso, em outra o sol pode brilhar forte. Alguns autores chamam a atenção para o fato de que a descrição climática não é estática, uma vez que o clima local é definido pela interação da atmosfera com a litosfera, a hidrosfera e a biosfera no espaço social.

friados, gripes e inflamações nas vias respiratórias. Para a Organização Mundial de Saúde, as variações da umidade relativa do ar podem ser classificadas como entre 20% e 30%, estado de atenção; entre 12% e 20%, estado de alerta, e abaixo de 12%, estado de emergência. Em Minas Gerais, muitas pessoas sentem os efeitos da baixa umidade do ar durante o outono e o inverno. Sintomas como sangramento no nariz, irritação nos olhos, ressecamento da pele e complicações respiratórias são recorrentes nesse período.

(...) o clima local é definido pela interação da atmosfera com a litosfera, a hidrosfera e a biosfera no espaço social

Desde a antiguidade, sabemos a ligação entre o clima, o tempo e a saúde. O corpo humano responde às variações do tempo e do clima. Em lugares de elevada altitude, o ar se torna rarefeito, isto é, há menor concentração de oxigênio acima de 3 mil metros. Com isso, as pessoas que estão acima dessa altitude sentem os efeitos, como dor de cabeça, fadiga, depressão, insônia, dentre outros.

A temperatura do ar tem relação com várias doenças contagiosas, como peste bulbônica, disenteria, febre amarela, dengue e outras enfermidades viróticas transmitidas por artrópodes (aranhas, insetos, etc.). No outono e no inverno é comum a ocorrência de res-

Para ter uma qualidade de vida melhor durante essas estações, principalmente para os que moram nas regiões Sul e Sudeste do país, a dica é observar as previsões do tempo diárias cujos índices de acerto ultrapassam os 93%. Outra sugestão é se cuidar, usando roupas quentes ou leves, umidificador de ar e deixando as janelas abertas para melhorar a ventilação. Alguns cuidados simples no dia a dia podem melhorar a qualidade de vida e evitar internações hospitalares de crianças e idosos.

Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo e professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com


CADERNO ESPECIAL

A visรฃo de um futuro sustentรกvel







Copasa/Divulgação

Represa de Rio Manso




ESPECIAL CETAS/Divulgação

Até a exaustão Enquanto órgãos ambientais lutam pela proteção de animais silvestres na rota do tráfico, governo corre contra o tempo para reorganizar as contas do estado e assegurar a manutenção de programas ambientais

Cassio Teles


MEIO AMBIENTE

Tráfico de animais no Brasil Animais mais vendidos: O papagaio é a ave mais vendida no Brasil e fora dele. Depois vêm as araras, os periquitos, micos, tartarugas e tucanos. Animais comercializados (por ano): cerca de 12 milhões Como os animais são transportados? Em carros, caminhões e ônibus interestaduais. Na maioria das vezes, os animais são escondidos em fundos de caixas e malas. Com a falta de ventilação, água e os trajetos às vezes longos, nove em cada dez animais morrem no caminho. Fonte: WWF

Valor movimentado (por ano): US$ 1 bilhão

Rotas do tráfico: Grande parte da captura de animais se dá nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, mas a rota de transporte acontece entre as regiões Nordeste e Sudeste. A maior parte dos compradores estão no Rio de Janeiro e em São Paulo. Como denunciar? O IBAMA e Polícia de Meio Ambiente agem de forma articulada. Por meio de qualquer um deles é possível denunciar a compra e a venda de animais silvestres


CETAS/Divulgação


PODIUM

Começar de novo Seleção brasileira disputa Copa América em junho para reconstruir a imagem após fracasso no Mundial de 2014

Divulgação

Thalvanes Guimarães

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a manhã do dia 8 de julho de 2014, o engenheiro paulista Flavio Spina acordava sobressaltado de um pesadelo no qual a Alemanha impunha a pior derrota da história da seleção brasileira em mundiais: um amargo 7 a 1. “Como eu achei o sonho muito maluco, com um resultado impossível de acontecer, postei logo de manhã no facebook para que quem lesse aquilo desse risada. Depois acabou que o inesperado aconteceu”, lembra. Demonstrações de surpresa e ironia seguiram o post de Flávio. Quem poderia pensar que fosse possível uma vitória tão dilatada? No início da noite daquela terça-feira, o engenheiro ganhou notoriedade em todo

o país. O sonho de Flávio foi um tipo de premonição. A seleção mais vitoriosa de todos os tempos perdeu em casa, em frente à sua torcida e de forma vexatória. Depois disso, o mundo do esporte passou a questionar a situação atual do futebol do Brasil. E infelizmente ficou claro que a seleção brasileira não é mais a potência do passado. Para recuperar o prestígio, Dunga foi o escolhido da CBF para comandar a seleção na nova fase. Para muitos analistas, a escolha do gaúcho foi um imenso banho de água fria. Capitão do tetra em 94, o ex-jogador não era tido como um nome cotado para liderar a ascensão da seleção brasileira em nível tático e técnico.

Entretanto, quando o desempenho é analisado no papel, o saldo é positivo. Já são mais de sete amistosos realizados após a Copa do Mundo com 100% de aproveitamento. E os jogos não foram contra qualquer seleção. As partidas envolveram equipes que jogaram a Copa do Mundo e tiveram bom desempenho, como França, Chile, Colômbia e Argentina. Para Dunga, os resultados nos amistosos revelam a incrível capacidade de superação do brasileiro. “Nós, brasileiros, somos muito parecidos. Se pegarmos o time de 66, que não foi bem, ele se recuperou, corrigiu seus erros e ganhou em 70. Em 90, a mesma situação.


Divulgação

PODIUM

Quando o Brasil passa por uma Copa e não consegue atingir os objetivos, depois, com humildade, consegue corrigir os erros. Então passamos a ser mais fortes, e isso está acontecendo mais uma vez”, afirma. O treinador já ostenta o posto de técnico com o melhor aproveitamento: 79,1% dos pontos conquistados. Foram 67 partidas, com 49 vitórias, 12 empates e apenas seis derrotas, sendo a principal contra a Holanda, que culminou na eliminação do Brasil na Copa de 2010. Com esses números, Dunga superou Zagallo, que agora é o segundo melhor técnico no histórico.

O próximo desafio da seleção brasileira é a Copa América, o torneio mais antigo do mundo entre seleções, que começa no dia 11 de junho, no Chile. A competição é uma oportunidade para o time de Dunga mostrar que está mesmo disposto a gerar uma perspectiva após o fatídico episódio do Mineirão. Chile, Colômbia, Argentina e Uruguai foram seleções que deram muito trabalho na Copa do Mundo e têm jogadores nos principais times da Europa, como Alexis Sanchéz (chileno que joga no Arsenal), Falcão (colombiano que veste a camisa do Manchester United), Messi e Suárez, argentino e uruguaio destaques do Barcelona.

Quando o Brasil passa por uma Copa e não consegue atingir os objetivos, depois, com humildade, consegue corrigir os erros. Então passamos a ser mais fortes, e isso está acontecendo mais uma vez Dunga, técnico da Seleção

Para o lateral-esquerdo titular da seleção chilena, Mena, que já enfrentou o Brasil na Copa do Mundo, a seleção brasileira está mais forte taticamente. “Vai ser uma grande Copa América. Nós estamos treinando muito porque vai ser difícil


PODIUM

Das últimas seis edições da Copa América, o Brasil venceu quatro. Em relação aos jogadores que participaram do último amistoso, apenas três atuaram na goleada sofrida diante da Alemanha. Na convocação em 2015, apenas nove jogadores entre os 23 selecionados estavam na Copa do Mundo. Na primeira fase da Copa América, o Brasil vai enfrentar as seleções da Colômbia, Peru e Venezuela. O primeiro jogo será contra o time peruano no dia 14 de junho, em Temuco. Dos 12 times participantes da primeira fase, oito se classificam para a próxima etapa, disputada em forma de mata-mata. EXPERIÊNCIA QUE CONTA O futebol brasileiro ficou conhecido e reverenciado em todo o mundo por ter estilo próprio de jogo. Foco no toque de bola, drible, na habilidade e na técnica fizeram com que o país sobressaísse por décadas perante a força física do futebol europeu. Entretanto, nos últimos tempos, essa marca está sendo desconstruída. A última vez que um brasileiro esteve entre os três melhores do mundo foi em 2007, quando Kaká levou o prêmio. De 96 até 2007, apenas em 2001 o Brasil não teve um representante entre os melhores. O que antes era incomum virou regra. “No futebol brasileiro, uma coisa tem me chamado a atenção: os times não estão mais revelando craques. É preciso olhar o que está acontecendo. Isso é uma coisa séria”, entende o ex-meio-campista Dirceu Lopes. Na Copa América, que começa em junho, no Chile, o Brasil tem a difícil missão de voltar a encantar o mundo com o futebol-arte

Dirceu foi um dos melhores jogadores do Brasil nas décadas de 60 e 70. Foi titular absoluto do Cruzeiro que derrotou o Santos em 1966. Mesmo assim, não foi convocado para a Copa de 70, que tinha Rivellino, Gérson, Clodoaldo, Jairzinho, Dadá, Tostão e Pelé no elenco. Ele acredita que a seleção brasileira tenha condições de ser campeã sul-americana. “Apesar de não estarmos em nosso auge, ainda temos muitos bons jogadores. Só não pode entrar achando que já ganhou”, pondera. Em 2002, quando o Brasil foi pentacampeão, craques, como Alex e Romário, ficaram de fora da seleção de Felipão. Hoje titulares da seleção, exemplo de Firmino e Willian, são considerados bons atletas, mas são poucos que os veem como meias acima da média. Ex-volante titular na Copa de 2002, Gilberto Silva acredita que seja impossível comparar a geDivulgação

ganhar. Vamos jogar no Chile, com o apoio de nossa torcida, e espero representar muito bem a nossa seleção”, acredita.

ração passada com a atual. “Não é justo fazer essa comparação. Tínhamos o Ronaldo, Roberto Carlos, Rivaldo e outros com currículos com finais de Liga dos Campeões e muitas outras conquistas. Hoje temos também jogadores de qualidade, mas que estão passando por um processo pós-copa muito complicado. Agora é absorver o que aconteceu e dar início a um novo trabalho com o técnico”, expõe. Para o ex-atleticano, o 7 a 1 foi uma derrota muito dolorida e agora é hora de esquecer o favoritismo. “Temos que reconstruir uma imagem. Obviamente não vamos esquecer o vexame da Copa do Mundo. O Brasil não tem obrigação de ganhar, mas todos têm obrigação de se comprometer com a reconstrução do futebol brasileiro, não só os jogadores, mas todos os agentes do esporte: clubes, dirigentes, confederações e demais”, arremata.


ARTERIS

texturas As texturas dão forma especial ao visual, tirando a produção do óbvio. Nesta tendência, o trabalho handmade é mais valorizado, permitindo experimentações de materiais e estampas, que podem até resultar em mix superinteressante. COMO USAR?

Confira cinco peças must que devem compor o guarda-roupa nesta temporada

“O cuidado especial é com a roupa de baixo, pois o volume tem que ser pequeno. Assim, quando terminar o look com a capa, você não corre o risco de formar um shape indesejado. Vale também o truque de styling de usá-la apenas jogada sobre os ombros. Um charme só!”

Tati Barros

O inverno já bate à porta, e as baixas temperaturas começam a dar os primeiros sinais nos trópicos. Para muitos, a estação é sinônimo de elegância e sofisticação devido às composições elaboradas. Elas unem o útil ao agradável: são fundamentais para aquecer o corpo e tornam o visual muito mais interessante. O inverno exige o uso sem medo da terceira peça. Casacos, jaquetas e coletes conferem informação de moda instantânea à produção. Isso sem falar dos indispensáveis acessórios, como as echarpes, pashminas, chapéus fedora e, claro, a bota (o modelo over the knee foi eleito o queridinho desta temporada). E para quem deseja atualizar o look para a estação esbanjando elegância, a estilista e produtora de moda Ana Luiza Ballesteros destaca as cinco tendências do mundo fashion que não podem faltar no closet. Confira:

Capa Essa é a grande novidade da temporada. Segundo Ana Luiza, a capa surgiu como uma aposta das fashionistas mais ousadas, mas logo se tornou uma aliada poderosa. Agora as capas estão ganhando as ruas. “Além de servirem para proteger das baixas temperaturas, as capas estão em alta como peça queridinha da estação. Desde modelos lisos até estampados ou com bordados são muito bem-vindas”. COMO USAR? “O cuidado especial é com a roupa de baixo, pois o volume tem que ser pequeno. Assim, quando terminar o look com a capa, você não corre o risco de formar um shape indesejado. Vale ainda o truque de styling de usá-la apenas jogada sobre os ombros. Um charme só!”


ARTERIS

militarismo Aliste-se já! O militarismo é uma tendência conhecida. De tempos em tempos, reaparece com mais força. Neste inverno, ele domina! A boa notícia é que facilmente você vai encontrar elementos que façam referência a essa pegada, como indica Ana Luiza. “Essa tendência presente nas passarelas de moda-festa até a moda casual é bem variada. Vamos lá: nuances de verde musgo, macacão, parcas, jaqueta com abotoadura aparente e central ou duplo, boots, coletes, além de uma infinidade de acessórios”. COMO USAR? “Para dar uma sofisticada, a dica é adicionar elementos que diferenciem o look, como o tom flúor ou estampas animais e/ou florais, resultando numa produção que apresenta a inspiração militar, sem ficar óbvio, definida no look e na saia sem culpa", indica a produtora.

Jacquard Um dos tecidos típicos da estação, o jacquard carrega ares de nobreza e sofisticação. Por muito tempo, foi associado como um item do guarda-roupa de mulheres mais maduras e com estilo clássico. Atualmente reinventado, o jacquard é escolhido por garotas que apostam em produções românticas e atuais. “Hoje o tecido ocupa um espaço superdemocrático na moda. Além disso, os desenhos encantam por serem verdadeiras obras de arte. Sem dúvidas, conferem elegância ímpar a qualquer produção”. COMO USAR? “Que tal combinar jacquard com jeans? Depois dessa dica, tenho certeza de que muitas peças esquecidas no guarda-roupas vão ganhar as ruas. Look todo de jacquard? Vale se for monocromático ou no caso de cores ou estampa que sejam um conjuntinho”, sugere a expert.

Maxicolete A alfaiataria masculina nunca esteve tão em alta. Por isso, está mais do que permitido invadir o armário deles. Pelo que anteciparam as semanas de moda internacionais, o maxicolete promete ser a peça-símbolo dessa proposta. "Com a tendência do normcore, as peças com shape mais afastadas do corpo ganharam um lugar especial no guarda-roupa de muitas mulheres. É conforto e estilo na medida certa", explica Ana Luiza. COMO USAR? "Minha dica para as baixinhas é que tomem cuidado para que a calça seja modelagem skinny. Para as mais altas, tanto a skinny quanto a flare são boas opções. Uma dica em comum para todas é o espaço de respiro entre o fim do colete e o início da próxima peça. O olhar deve ir de uma extremidade a outra do look sem barreiras. As cores análogas ou o look monocromático são nossos aliados, quando falamos em diferentes comprimentos de peças. Deixe que cada peça tenha uma função definida no look e saia sem culpa", indica a produtora.


KULTUR

c

onferir a grade de programações da TV no jornal, gravar o conteúdo na impossibilidade de assistir a um programa em primeira mão, esperar meses a fio pelo lançamento de um filme que saiu de cartaz nos cinemas. Esses são apenas alguns dos dilemas enfrentados pelos telespectadores e cinéfilos até pouco tempo atrás. Hoje não é mais assim. Boa parte da programação da televisão está on-line, via streaming. Os responsáveis por essa mudança de comportamento não são apenas o

público, mas dois gigantes do entretenimento audiovisual: o Youtube e o Netflix. “É uma revolução irreversível e que já mostra resultados. O Netflix recentemente ultrapassou 60 milhões de assinantes. O valor de mercado já supera o de grandes emissoras de TV nos Estados Unidos, como Viacom e CBS. É um modelo de negócio extremamente inovador em que o consumidor enxerga uma relação custo - benefício enorme”, explica o professor de Publicidade Digital do UniBH, Danilo Aroeira.

O precursor dessa verdadeira revolução foi o YouTube, por meio do qual o internauta pode ser espectador e produtor. “Ao possibilitar que, em larga escala, o consumidor possa assistir ao que quer, não seguindo uma grade rígida de programação, o serviço de streaming de vídeos do Google abriu o caminho para uma nova realidade”, destaca Aroeira. Mesmo ameaçando a hegemonia das emissoras de televisão, tanto YouTube quanto Netflix já são modelos de


KULTUR negócios que dialogam com o mercado televisivo. O SBT, por exemplo, tem um dos canais de maior audiência do YouTube brasileiro, com 1,54 milhão de assinantes e 416,5 milhões de visualizações. A emissora de Sílvio Santos posta todas as produções na plataforma. Em 2014, um capítulo da novela Chiquititas ficou entre os dez vídeos mais acessados do Brasil. A Record foi mais audaciosa. Todas as séries bíblicas da emissora estão na íntegra no Netflix. Enquanto o SBT disponibiliza apenas a novela Carrossel no mesmo serviço de streaming. Estrategicamente a Rede Globo não utiliza o YouTube nem o Netflix no Brasil. Todo o conteúdo da emissora pode ser acessado exclusivamente por assinantes no portal Globo.com. No mercado internacional, entretanto, todas as novelas da Globo estão no Netflix. Presente em mais de 40 países, só no segundo semestre de 2014, o Netflix obteve lucro de U$S 1,34 bilhão. Atualmente cada usuário usa o serviço durante 90 minutos por dia, no valor inicial de R$ 16,99 por mês. Porém, o crescimento do serviço de streaming fora dos Estados Unidos ocorreu principalmente por uma mudança de estratégia no Brasil e na América Latina. “Foi necessário fazer uma mudança de posicionamento da marca e dos produtos oferecidos aos assinantes. Com o tempo, percebemos que o público não estava só interessado em filmes, séries e novelas dublados, mas em conteúdo com o áudio original. Também incrementamos o portfólio e passamos a oferecer produtos brasileiros, realities, documentários e shows”, revela o diretor de comunicação do Netflix, Joris Evers. O executivo explica que o investimento em séries originais foi decisivo para o fortalecimento do Netflix no mercado. “Um dos nossos primeiros produtos originais, a série “Orange is the New Black”, foi lançada em

julho 2013, e a segunda temporada foi anunciada antes que todos os episódios fossem ao ar. Depois veio “House of Cards”, com Kevin Spacey e Robin Wright, que recebeu várias indicações ao Emmy, e a série “Demolidor”, que é a primeira parceria nossa com a Marvel Comics. O público já percebeu que no Netflix dificilmente uma série é cancelada sem explicação prévia, como acontece na TV”, finaliza Evers.

Novos negócios Popular site de compartilhamento de vídeos em formato de rede social da Google Inc., o YouTube é o segundo endereço eletrônico mais acessado do mundo. Só perde para o buscador de Sergey Brin e Larry Page. Mundialmente a plataforma tem mais de 1 bilhão de usuários únicos por mês, além de 6 bilhões de horas de vídeo assistidas mensalmente e cem horas de conteúdo publicadas a cada minuto. Para o diretor de conteúdo do YouTube no Brasil, Álvaro Paes de Barros, o plano é fortalecer a plataforma de vídeos cada vez mais como um site de entretenimento. Prova disso é que a RioFilme, distribuidora cinematográfica gerida pela prefeitura do Rio de Janeiro, abriu linha de financiamento de R$ 1,5 milhão para canais no site

da Google. “O YouTube passou a ser visto pelo público e pelos produtores de conteúdo como parte importante da cadeia audiovisual. Deixou de ser depósito de vídeos para ser destino de entretenimento do público, com um alcance tão ou mais lucrativo que o da TV. Além disso, a nossa estratégia de transformar o site em distribuidor de conteúdo envolve privilegiar mais os canais, em vez de vídeos soltos”, revela Barros. Quem foi um dos pioneiros no Brasil a usufruir do alcance do YouTube foi o grupo de humor Porta dos Fundos. Com três anos de estrada, o canal tem mais de 1,5 bilhão de visualizações e quase 10 milhões de assinantes. No final do segundo semestre de 2014, os sócios Antonio Tabet, Gregório Duvivier, Ian SBF, Fábio Porchat e João Vicente Castro contrataram a argentina Juliana Algañaraz para ser a diretora executiva do projeto. Em poucos meses, Algañaraz conseguiu um acordo do Porta dos Fundos com a TV, o que permitiu a estreia da trupe no canal FOX. Além disso, criou produtos que serão exibidos tanto na internet quanto na TV, como a websérie “Refém”, exibida primeiramente no Youtube, com previsão de estreia O Porta dos Fundos é um dos casos de maior sucesso do Youtube no Brasil. O canal de humoristas tem mais de 1,5 bilhão de visualizações


KULTUR na TV paga. Para este ano, a projeção de lucro da série é de R$ 35 milhões, o que inclui produtos licenciados, contratos publicitários, lançamento de canais no Youtube e filmes. Para a coordenadora da Faculdade de Comunicação da Newton Paiva, Juliana Dias, o Porta dos Fundos é um fenômeno interessante porque nasceu na internet, ganhou a TV e, em breve, chega no cinema com o filme “Entre Abelhas”. “O que ocorre, muitas vezes, é uma sinergia, uma complementariedade entre as mídias. A TV pauta a internet, a internet pauta a TV e as redes sociais permeiam tudo. Quem quer ter sucesso nesse mercado precisa encarar o público de maneira diferente. O realizador, muitas vezes, nem precisa fazer muito esforço: os próprios fãs criam páginas, grupos de discussão e interagem com muita frequência. Basta acompanhar”, esclarece. Quem também se aventurou no mundo do entretenimento audiovisual e independente proporcionado pelo YouTube foi o ator e diretor Igor Angelkorte, com a websérie “Ferrugem”. A trama narra o relacionamento incestuoso entre os irmãos Bruno (Samuel Toledo) e Letícia (Paula Vilela). A produção, de cerca de 50 minutos (dividida em três episódios) gravada no Interior de Minas Gerais pode ser vista de forma gratuita pelo YouTube. A produção conta com as participações especiais de Daniel Oliveira, Analu Prestes e Fernando Bohrer. Segundo Igor Angelkorte, a escolha pela internet para a série se deve à autonomia que a plataforma oferece para o processo autoral. “Escolhemos a internet por ser a nossa primeira produção e, além de tudo, porque nos dá liberdade e é mais abrangente para um trabalho independente. A história aborda como é difícil romper um relacionamento, independentemente de como seja. Queremos mostrar como é difícil terminar uma história de amor com alguém com quem temos que continuar convivendo”, explica Igor Angelkorte, que estreia como diretor. Atualmente ele aparece na TV como o personagem Clóvis, na novela das 9 da Rede Globo, “Babilônia”.


KULTUR

Matizes da vida Quentes, frias, claras ou escuras, as cores transmitem mensagens visuais que influenciam hábitos de consumo, relações interpessoais e configuração de ambientes Bárbara Caldeira

“n

o momento, meu espírito está inteiramente tomado pela lei das cores. Ah, se elas nos tivessem sido ensinadas na juventude!”. A frase é do célebre pintor pós-impressionista Vincent Van Gogh, um dos maiores nomes da História da Arte. A fala do artista revela um importante elemento na pintura: a cor. Nos quadros do intempestivo Van Gogh, o amarelo é protagonista nas telas e tornou-se marca de seus trabalhos. Os significados das cores ultrapassam o mundo das artes. No cotidiano, elas são capazes de afetar a maneira como as pessoas se relacionam, pois transmitem mensagens e provocam

efeitos intencionais ou não. “Fatores culturais e psicológicos influenciam a experiência de um indivíduo em relação às cores. O luto, que no Ocidente é representado pelo preto, em algumas culturas orientais é simbolizado pelo branco”, observa Andréa Vilela, artista plástica e professora do curso de Design da Universidade Fumec.

às harmonias cromáticas do que às cores isoladamente. “As pessoas reagem às impressões que as cores podem provocar. A publicidade e as artes visuais aproveitam esses efeitos e, muitas vezes, conseguem prever impactos visuais, especialmente as implicações da combinação entre as cores”.

A professora coordena o Grupo de Pesquisa Meda — com enfoque em estudos que envolvem Arte, Design e Sociologia. Para ela, há impressões consideradas praticamente universais, como a noção de cores quentes e frias. Andréa pondera que o impacto visual muitas vezes está mais ligado

Para os leigos, essa estratégia passa despercebida, mas o efeito é certeiro. Por que os restaurantes e as grandes redes de fast food investem no uso do vermelho e do amarelo em suas marcas e espaços? “O vermelho, assim como as demais cores quentes, é considerado estimulante e proporciona


KULTUR o efeito psicológico de abrir o apetite”, revela Andréa. Já o azul, valorizado na cultura ocidental, evoca paz, nobreza e fidelidade. É utilizado pela publicidade em marcas que desejam passar a ideia de sofisticação e sobriedade. BRINCANDO COM AS CORES Se as cores são carregadas de simbologias, o ato de se vestir é um momento de escolha das mensagens a emitir. “As cores constituem o elemento de maior impacto visual e são rapidamente captadas pela parte emocional do cérebro. Antes de alguém notar o que você está vestindo, primeiro percebe as cores, Consultora de estilo e imagem pessoal, Cris Alves se debruça sobre o estudo das cores para definir combinações perfeitas para diversas ocasiões

porque elas já lhe causaram alguma reação psicológica”, afirma a consultora de estilo e imagem pessoal Cris Alves. A profissional ressalta que, como as cores emitem mensagens psicológicas, algumas são mais adequadas para determinadas situações. “O preto transmite sofisticação e autoridade, mas também é uma cor que pode afastar as pessoas por ser sóbria demais. Não seria uma boa escolha para uma entrevista de emprego ou um primeiro encontro”, afirma. “Já o amarelo inspira criatividade e facilita a comunicação e a abertura. É uma cor ideal para apresentações em público, mas deve ser usada em pequenas doses para não cansar a visão dos espectadores”, completa. Até mesmo a coloração dos cabelos importa. Ca-

belos claros transmitem suavidade, leveza e abertura, mas também fragilidade. Por outro lado, os tons escuros tendem a afinar o rosto e transmitir força. Ao montar uma produção, algumas ilusões de ótica criadas com as cores ajudam a equilibrar proporções ou disfarçar imperfeições. Os looks monocromáticos têm a característica de alongar e afinar a silhueta, pois criam um efeito de verticalização da imagem pela falta de recortes ou pelos contrastes horizontais. “No caso, as cores claras emitem sofisticação, proximidade, doçura, elegância, leveza. Já as escuras podem transmitir sobriedade, mistério, frieza, distância, imponência e autoridade”, destaca Chris. Nas produções em tom sobre tom, usar três cores é mais interessante do que duas, por exemplo, na mistura de três tons de azul no mesmo look: marinho, turquesa e bebê. Para não errar na combinação, Cris afirma que é preciso considerar a proximidade entre cada cor dentro do círculo cromático. As cores análogas são aquelas bem próximas no espectro de cor, como verde e azul, rosa e violeta. As complementares são posicionadas de maneiras antagônicas. “Como o contraste é maior nas composições com as cores complementares, é preciso tomar cuidado com a parte do corpo, onde é feita essa linha divisória para não achatar a silhueta. Pessoas de estatura baixa devem, assim, evitar fazer blocos de cores nas roupas, como calça roxa e blusa laranja, por exemplo”, ressalta Cris. “O ideal seria usar uma das cores em proporção maior no look (vestido roxo) e a outra em detalhes, como acessórios (bolsa, brinco, cinto ou calçado laranja)”, sugere. OS EFEITOS DAS CORES NOS AMBIENTES Para as arquitetas Rejane Drumond e Maria Tereza Madeira, fundadoras


KULTUR da Solum Arquitetura e Urbanismo, as cores têm um papel fundamental no desenvolvimento de um projeto. “Elas são capazes de transmitir sentimentos e emoções, além de estarem relacionadas com a luz e o calor do espaço. No projeto de arquitetura e em interiores, é importante pensar na reflexão da luz e na absorção do calor que as cores causam”, afirma Rejane.

ferível usar tons mais escuros. “Na paisagem urbana, também é possível perceber as transformações que as cores podem gerar no cotidiano das pessoas. Cidades com muitos tons de cinza têm o ambiente monótono, frio e desinteressante. Usar cores na cidade também é uma forma interessante de despertar emoções e até mesmo de ocupar espaços antes abandonados”, defende.

Assim, em ambientes que recebem muita luz solar, é interessante optar por cores claras. Já nos ambientes mais quentes e acolhedores, é pre-

As sócias explicam que, para recintos mais aconchegantes e acolhedores, os tons neutros, principalmente próximos ao marrom, são

aconselhados. “Mas isso não quer dizer que não podemos usar cores mais fortes e vibrantes. Mesclar tons neutros com pontos de cores é uma boa forma de tornar o conjunto convidativo e interessante ao mesmo tempo”, argumenta Rejane. Já os ambientes criativos combinam com cores vibrantes. “Como são muito estimulantes para o cérebro, é preciso ter cautela e considerar o uso do espaço. Num ambiente de trabalho que exige muito foco e atenção, a aplicação dessas cores pode ocasionar cansaço e dificuldade de concentração”, explica Maria Tereza.

Simbologia das cores

Cinza

Preto

O cinza também é considerado brilho. Por ser a mistura do branco e do preto, é neutro. Encontrado em muitos metais, é relacionado à ideia de modernização. A variação de tonalidades de cinza é muito utilizada na indústria automobilística, pois sua neutralidade facilita a comercialização

O preto não é, propriamente, uma cor. Pode-se dizer que é um brilho ou a ausência de luz. O que denominamos cor preta é, na verdade, um pigmento que absorve todas as cores. Costuma ser associado ao luto, à vida interior sombria ou, ainda, à elegância e à sofisticação

Branco Costuma representar o vazio e a claridade, bem como ser associado à ideia de depuração, o que traz a noção de pureza e paz

Roxo/Violeta

Vermelho

Laranja

Amarelo

Verde

É uma cor comumente associada à miséria, à violência, bem como a uma conotação fúnebre. Mas é também associada à dignidade, à calma. Nesse sentido, é muito utilizada terapeuticamente

Está associado ao sangue, que é símbolo de vida e de morte. Ao vermelho são atribuídas ideias, como paixão, sensualidade, alegria. É uma das cores que mais se destacam

É considerada a cor do desejo e da sexualidade. Os europeus não faziam referência à cor até terem contato com a fruta laranja, levada para a Europa pelos cruzados

Carrega muitos significados contraditórios. Em algumas culturas, por ser associada ao calor do sol, denota vida e abundância

É associado à natureza, ao frescor, à juventude, ao descanso e à suavidade. Por não cansar o olhar e oferecer boa visibilidade em contraste com o branco, é muito utilizado em placas de sinalização

Azul É visto como uma cor neutra e pacífica. A partir do Renascimento, passou a ser uma das preferidas na Europa. Na cultura da Roma Antiga, porém, o azul era considerado uma cor suja e degradante


CRÍTICA

Em três tempos Encabeçado por John Green, livro propõe reflexão romanceada sobre tipos de relacionamento Haydêe Sant’Ana

q

uando três autores de sucesso se juntam em um trabalho, o resultado carrega uma tendência quase natural ao sucesso. “Deixe a neve cair”, escrito por John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle é prova disso. Consagrado por “A culpa é das estrelas” e outros tantos livros voltados para o público jovem, Green é o principal autor do projeto, mas, em nenhum momento, os demais deixam a desejar. O livro é formado por três histórias que se passam na época do Natal. Com personagens intensos, o livro envolve o leitor facilmente. Cada narrativa se desenvolve de maneira sutil, descontraída e cativante. No final, é possível enlaçar todos os contos em uma história apenas.

Os contos têm como pano de fundo o tema relacionamentos. Em “O Milagre da Torcida de Natal”, de Green, o companheirismo e as afinidades entre três amigos passam por uma ressignificação quando a amizade entre Duke e Tobin evolui para algo mais forte. Em o “Expresso de Jubileu”, escrito por Maureen, a imprevisível mudança nos planos de Jubileu de passar o Natal com o namorado proporciona à personagem o encontro com Stuart, rapaz que atrai todas as atenções da garota de nome atípico e coloca à prova e em reflexão o real sentimento dela pelo namorado. Já em “O Santo Padroeiro dos Porcos”, de Lauren, o fim de namoro de Addie se torna o impulso para uma drástica mudança pessoal e interior. Cansada de desempenhar o papel de menina chorona e egoísta, Addie define o momento de evoluir como pessoa. Divertido e encantador, “Deixe a neve cair” proporciona uma reflexão sobre a forma como conduzimos nossos relacionamentos. É uma história singela que tem tudo para agradar aos fãs de romances leves e de leitura volátil.

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Festival de Cinema Francês

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TERRA BRASILIS • AGENDA

O rei do rock

Exposição Internacional de Gatos de Raça

Presente em várias cidades brasileiras, o evento apresenta a nova leva de produções cinematográficas da França. Serão exibidos 15 filmes sucesso de público e crítica no festival Varilux. Os gêneros das produções revelam a diversidade do festival, que conta com filmes conduzidos por diretores consagrados e novos talentos. É uma ótima oportunidade para quem aprecia o surpreendente cinema francês, que presenteou o mundo com preciosidades, como os filmes de Godard e, mais recentemente, o singelo “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”.

Usando réplicas oficiais das roupas, joias, violão e microfone do rei do rock, o artista Mark Rio incorpora o lendário Elvis Presley. E o trabalho é de surpreender, dada a semelhança física e o jeito inconfundível de Elvis de se portar no palco. Com som da Elvis Tribute Band, quase uma TCB banda original do astro do rock -, o show é sucesso por onde passa. Como a apresentação acontece no dia dos namorados, o repertório é repleto de músicas românticas e nostálgicas. O setlist inclui “My Way” e “Always on my mind”.

Em sua 2ª edição, a Exposição Internacional de Gatos de Raça vai contar com 142 gatos de 15 raças. Dentre elas, Persas, Exóticos, Maine Coon, American Curl, Norueguês da Floresta, Sphynx, Oriental, Siamês. Cinquenta expositores de várias cidades de Minas confirmaram presença no evento. Além de apreciar a beleza e conhecer exemplares de raças desse felino, o visitante vai poder ajudar o Gato Uai, grupo belo-horizontino que luta pela causa animal.

Em vários cinemas De 10 a 17 de junho Preços variados variluxcinefrances.com

Cine Theatro Brasil Vallourec 12 de junho, às 21h De R$ 60 a R$ 120 cinetheatrobrasil.com.br

Shopping Boulevard 13 e 14 de junho, das 10h às 18h R$ 5 associacaodogatomineiro.com.br


TERRA BRASILIS • AGENDA

Decole mais rápido. Conexão Aeroporto BH e Betim. Agora, pela pista rápida e exclusiva do MOVE.

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Minas Tchê Há 11 anos, o evento é responsável por propagar um pouco da cultura do Rio Grande do Sul pelo estado de Minas Gerais. Gastronomia, danças típicas, músicas, moda em couro, selaria e os característicos churrasco, chimarrão e vinho gaúchos são os principais elementos que tornam essa festa especial.

BETIM R$36,05 (HORÁRIOS ESPECIAIS VIA FIAT)

Por trecho.

Serraria Souza Pinto De 19 a 28 de junho minastche.com.br

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WI-FI

Festival Literário Internacional Parque Municipal e Teatro Francisco Nunes De 25 a 28 de junho Entrada Franca bhfazcultura.pbh.gov.br

Com o tema “Imagina o mundo, imagina a cidade”, a edição de 2015 do Flip traz palestras, conferências, mesas de debate, saraus, exposições, apresentações de teatro, sessões de cinema e muito mais. Escritores nacionais e latino-americanos são convidados especiais no evento. Este ano, o homenageado é o poeta, contista e cronista Carlos Drummond de Andrade.

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CRÔNICA

Joanita Gontijo Comportamento

“Mimimi” sem preconceito Nunca a tinha visto antes. Acompanhava amigos de amigos quando conheci aquela mulher. Vamos chamá-la de Mel... Papo vai, papo vem, ela diz sobre si mesma:

é motivo de demérito? Por que as preferências identificadas como “tipicamente femininas” são consideradas chatices e bobagens de “mulherzinha”?

- Só tenho amigos homens. Sempre foi assim! Prefiro me relacionar com eles. Morro de preguiça do “mimimi” feminino.

A resposta pode estar em anos e anos de submissão, depreciação e desprezo à condição feminina. Ainda vai levar algum tempo para que a mulher seja respeitada na sua essência, seja ela qual for, mas desde já, podemos e devemos parar de sentir vergonha de quem somos e do que gostamos. Bonecas ou carrinhos, futebol ou vôlei, azul ou rosa! Tanto faz!

- Mimimi? O que é exatamente mimimi feminino? – perguntei. - Ah! Mulher fala demais e adora essas frescuras de moda, beleza... Também morri de preguiça... dela! Nada contra quem escolhe se relacionar apenas com homens OU com mulheres. Eu prefiro as pessoas legais, independentemente do sexo e acho um tanto ingênuo definir quem somos nós com meia dúzia de assuntos. Pelo que Mel disse, mulheres se resumem a seres que conversam muito e somente sobre “futilidades” como a cor do esmalte da moda ou a dúvida cruel sobre o vestido que irá usar no casamento do fim de semana. Não, minha querida: somos bem mais do que isso e mesmo se a lista de temas incluir vaidade e tendências para a próxima estação, não somos fúteis por causa disso. O quanto há de machismo no comentário de Mel? Na minha opinião, muito! Sem generalizar, estudos científicos já afirmaram que, por dia, falamos três vezes mais palavras do que os homens. O mercado da moda e das revistas sobre moda, a indústria dos cosméticos e os salões de beleza têm as mulheres como seu público principal e mais rentável. Os fatos confirmam que grande parte das mulheres do mundo ocidental é mesmo como Mel descreveu. Mas por que isso 62 | www.voxobjetiva.com.br

Homens falam horas e horas sobre futebol! Se o juiz errou, se foi falta ou pênalti, se aquele gol estava mesmo impedido... Há os que rompem amizades e trocam socos por causa da derrota do time do coração. No caso deles, os temas não são considerados conversa de homenzinho, mas “papo de homem”. Também não são futilidades, mas apenas temas leves que os distraem da pesada rotina do trabalho (nós também estamos nessa luta, meus amores!) Talvez por isso, eu nunca tenha ouvido um homem se encher de orgulho, como Mel, e dizer que só tem amigas mulheres porque morre de preguiça de ouvir apenas conversas sobre futebol, peitos e bumbuns. Quando ouvi o comentário de Mel, não tive reação. Apenas me calei e abreviei a noitada. Mas queria que ela e outras Mels soubessem: ser uma mulher interessante não significa negar o feminino, nem aceitar imposições culturais ou preconceito. Significa ser quem você quiser!

Joanita Gontijo Jornalista e autora do livro “70 dias ao lado dela” joanitagontijo@yahoo.com.br


A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA TRABALHA SEM PARAR.

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VEJA ALGUNS DOS TRABALHOS QUE A ASSEMBLEIA REALIZOU NESSES ÚLTIMOS DIAS:

Deputados visitam hospitais públicos e filantrópicos nas regiões Norte, Zona da Mata e Central do Estado para apurar falhas no atendimento pelo SUS e propor soluções para esses problemas.

Assembleia de Minas apoia o trabalho de comunidades terapêuticas que lutam pela recuperação de dependentes e ex-usuários de drogas.

Parlamentares buscam alternativas para evitar a suspensão de voos regionais do Aeroporto da Pampulha.

Para saber mais, acesse www.almg.gov.br/acompanhe/noticias. Saiba qual é o canal da TV Assembleia na sua cidade. Acesse www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/sintonia. Você também pode receber notícias sobre os assuntos de seu interesse. Para isso, basta clicar em “Receba as nossas notícias” e se cadastrar.

Assembleia reivindica ao governo do Estado projeto de lei com carreira e piso salarial para os servidores administrativos do sistema prisional e socioeducativo.


Exposição

Até 22 de junho

CCBB Belo Horizonte - Entrada Franca

ad Venha conhecer a trajetória e as ideias do artista russo Wassily Kandinsky, pioneiro do abstracionismo. A mostra inédita reúne mais de 150 obras, entre trabalhos do próprio Kandinsky e de artistas contemporâneos a ele, além de peças da arte popular e da cultura xamânica que influenciaram a visão estética do artista ao longo dos anos. Coordenação

Apoio

Realização


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