Vox 64

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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Na área econômica, a falta de investimentos, a inflação próxima ao limite e os juros altos formam uma tríade que deixou a presidente desconcertada durante a campanha eleitoral. A forma de ela se esquivar dos ataques foi se apoiando na crise econômica internacional e na necessidade de manter o pleno emprego e os salários. Com perspectiva de crescimento anual variando de 0,3% a 0,9%, a economia do país vive um período de vacas magras. A crise energética no Brasil torna a missão ainda mais ingrata. Os reajustes nos preços do petróleo, álcool e, principalmente, da energia elétrica devem ser pedras no sapato da equipe econômica da presidente. A indefinição do nome que vai substituir Guido Mantega no comando do Ministério da Fazenda inviabiliza uma projeção sobre os caminhos para a retomada do crescimento econômico. E a situação mantém o pessimismo que ronda a política econômica de Dilma. Alguns pontos críticos das diretrizes atuais devem ser observados com rigor, como sugere o professor de Economia do Ibmec Reginaldo Nogueira. “Há três desafios muito importantes: a adoção de uma polícia econômica que faça a inflação recuar para a meta de 4,5% ao ano, um ajuste fiscal que restaure a credibilidade dos índices de déficit público e o estímulo para que a economia do país volte a contar com o investimento privado”, analisa. Os dilemas da saúde pública brasileira lideram a lista de problemas de maior ressonância na população. No segundo mandato, a presidente tem a missão de sanar o gargalo nos hospitais e em centros de atendimento. O governo pretende colocar profissionais de saúde em pontos periféricos de grandes cidades e em áreas mais remotas do país por meio da expansão do programa ‘Mais Médicos’ e da consequente contratação de profissionais estrangeiros. A dificuldade na marcação de consultas e de exames específicos pode encontrar solução no programa ‘Mais Especialidades’. O governo também pretende expandir o Samu, aumentar o número de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e ampliar o acesso aos medicamentos. Dilma espera viabilizar essas propostas com o auxílio de 25% dos royalties do pré-sal destinados em 16 | www.voxobjetiva.com.br

lei para a Saúde e com a discussão sobre a gestão e o investimento responsável de recursos por parte dos governos estaduais. Os desafios na educação vão além do simples acesso aos ensinos básico, fundamental, médio, técnico e superior. É preciso melhorar a qualidade do ensino e dos profissionais que chegam ao mercado de trabalho. “As escolas de educação básica e os estabelecimentos de ensino superior carecem de investimentos, de uma gestão democrática e de profissionais valorizados”, expôs o cientista político e coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, em texto publicado na coluna UOL Educação. A educação em tempo integral para 20% da rede pública, a valorização do professor e uma reformulação na grade curricular dos alunos matriculados no Ensino Médio são promessas de Dilma a serem cumpridas até o fim do segundo mandato. A destinação de 75% dos royalties do pré-sal pode ajudar na conquista desses objetivos. Mas os especialistas consideram prioridade retirar o Plano Nacional de Educação (PNE) da gaveta. Para os ensinos profissionalizante e superior, o projeto é oferecer mais 12 milhões de vagas por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e ampliar projetos, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e a concessão de mais 100 mil bolsas do Ciência sem Fronteiras até 2018. Na área da segurança pública, Dilma deve combater o galopante aumento no número de homicídios no Brasil, principalmente envolvendo a população jovem e afrodescendente. A articulação de polícias, órgãos públicos e da sociedade civil no enfrentamento da violência e do crime é outro ponto que deve entrar na agenda do governo. Em diversos momentos da campanha, a presidente defendeu um aumento de investimentos federais na área da segurança. A presidente também cogitou enviar para o Congresso Nacional uma proposta de emenda constitucional que defina a segurança pública como atribuição compartilhada entre os estados e a União. Se ela vai conseguir, só o tempo dirá.


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