Revista Vox Objetiva

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ARTIGO - POLÍTICA

pAULO fILHO Jornalista e consultor de Comunicação Social paulojfilho@ig.com.br

Marina, morena A ex-ministra do governo Lula, ex-senadora e expetista Marina Silva (participou da fundação do PT e da CUT no Acre) anunciou a criação de mais um partido político no país – o Rede Sustentabilidade. É uma pena que mais um partido seja criado no Brasil. dá para perder a conta de quantos existem. Esse foi criado, especialmente, para sustentar uma candidatura à presidência da República. Dessa forma, é mais um partido que surge dentro de uma perspectiva exacerbadamente personalista, em que a figura da liderança é muito maior do que a postura ideológica da agremiação. Por outro lado, respaldada pelos cerca de 20 milhões de votos conseguidos na última eleição, a participação de Marina no próximo pleito é um alento. Sua entrada em cena amplia e melhora o debate, além de tirar o sono dos postulantes que já estão colocados. Para Dilma e o PT, Marina significa o segundo turno. Para o PSDB e o PSB, Aécio Neves e Eduardo Campos, ela significa a possibilidade de que eles nem cheguem ao segundo turno. No fundo, Marina e seus companheiros jogam com a estratégia de tentar o segundo turno agora, consolidar o novo partido e disputar para valer a presidência em 2018. Mas isso só acontece se o roteiro for bem trabalhado e tiver chances reais de vitória.

Sustentabilidade tem apenas três meses para conseguir 500 mil assinaturas que respaldem a sua criação. Com domínio do uso da internet, ampla penetração nas redes sociais e uso de um discurso coletivista pela sustentabilidade, que remonta às “comunidades” sessentistas, a aposta é a de que o número de apoiadores seja batido. Os problemas de Marina devem se dar no jogo pesado dos bastidores. Ninguém põe a cara para dizer que é contra a criação do novo partido. No entanto, a dinâmica das cooptações, das ofertas de vantagens, das “plantações” de notícias na imprensa amiga (e nos “veículos oficiais e oficiosos”) e dos questionamentos legais deve ganhar volume a partir de agora.

“A entrada de Marina em cena amplia e melhora o debate, além de tirar o sono dos postulantes que já estão colocados”

Criar o partido não será tarefa simples nem fácil, principalmente pela urgência dos prazos – o Rede

Enfim, a entrada de Marina no jogo sucessório da presidência, acompanhada ou apoiada, pelo menos por enquanto, por poucos e bons nomes (Gabeira é um deles). é um salutar sinal de que poderemos sair do limitadíssimo debate imposto por PT e PSDB – aquele que tem no marketing orientado por pesquisas seu único pilar.

Não fosse por sua opção evangélica, Marina poderia estar sendo saudada por Darcy Ribeiro e Leonel Brizola, de onde quer que estejam (se é que estão em algum lugar), como a mais digna herdeira e representante do “socialismo moreno” que apregoavam.

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