Infância na mídia - 13ª edição

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FONTES OUVIDAS

Série “Realidade em Preto e Branco”, de Andréia Mayumi A Crítica (AM) Finalista da 5ª edição 2001/ 2002

A CONQUISTA DA PLURALIDADE Embora a mídia continue sendo pautada prioritariamente pelo Poder Público, a maioria dos textos apresenta opiniões de diversos atores sociais Nas análises sobre o comportamento editorial da mídia brasileira em relação às questões da infância e da adolescência, realizadas desde 1996, sempre chamou a atenção o fato de as pautas serem geradas, na maioria dos casos, por fontes do Poder Público. A partir de 2002, ao aperfeiçoar a metodologia utilizada pela pesquisa Infância na Mídia – computando como fontes de informações todas aquelas pessoas ou entidades que foram ouvidas pelo repórter ou produziram dados estatísticos, e não apenas o agente que motivara a reportagem – foi possível avançar rumo à radiografia de um novo cenário. E esse panorama é bastante animador. Embora a imprensa ainda continue dependente em grande medida das fontes governamentais, os jornalistas têm procurado contemplar também outras visões. Os números relativos ao período entre janeiro e dezembro de 2002 mostram que a sociedade civil é responsável pela maior parte das fontes ouvidas nas matérias – 44,22%. Já o Executivo, quando somado ao Legislativo, ao Judiciário e ao Ministério Público, compõe 36,94% dos depoimentos. Os restantes 16,22% são formados pela opinião dos representantes da comunidade

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escolar, dos serviços público e privado de saúde, das universidades, das empresas, da igreja e dos partidos ou candidatos políticos (veja tabela na página seguinte). Em 2001, quando a metodologia utilizada aferia apenas a fonte geradora das matérias, os três Poderes e o Ministério Público serviam como ponto de partida para 58,86% dos textos. A sociedade civil estimulara outros 31,05%. O restante, cerca de 10%, estava relacionado às fontes da comunidade escolar, das universidades e das empresas.

Diversidade de atores É possível afirmar, portanto, que 12 anos após a sanção do Estatuto da Criança e do Adolescente, principal marco na luta pelos direitos da infância no Brasil, a pluralidade de vozes começa a se consolidar no noticiário sobre esse segmento populacional. Merece destaque a constatação de que, ao considerar todas as categorias de atores ouvidos nos textos, o Poder Público não é tão soberano na cobertura da infância e da adolescência quanto ocorre ao medir-se a principal fonte das matérias. Por outro lado, se a mídia reconhece, cada vez mais, que a agenda social do País não pode ser


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