Infância e Consumo

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Há educomunicação na televisão brasileira?1 [Flávia Vasconcelos Paravidino]2

Resumo

Milhões de cidadãos brasileiros têm na televisão sua fonte primordial (e, em muitos casos, exclusiva) de informação e entretenimento - inclusive o público infanto-juvenil. Diante do alcance do veículo – e do fato de que se trata de concessão pública –, todos os documentos legais ressaltam a necessidade de que as emissoras desempenhem um papel cultural e educativo. Mas a televisão brasileira de fato cumpre esse papel? Num contexto em que as mensagens televisivas estão repletas, por exemplo, de incentivo acrítico ao consumo e da oferta de valores específicos (e com baixa diversidade) sobre padrões de beleza ou modelos de comportamento, a TV vem efetivamente refletindo sobre como e o que tem educado? E se considerarmos que educação implica dialogia e criticidade, esta televisão dá a seus telespectadores instrumentos para a compreensão das lógicas internas da própria narrativa televisiva (ou seja, existem elementos educomunicacionais na programação)? O objetivo do presente trabalho foi avaliar, com base numa amostra, se os conteúdos apresentados por duas emissoras – a Rede Minas e a Rede Globo – poderiam ou não ser classificados como educativos (em perspectiva dialógica) ou educomunicacionais (apresentando elementos mínimos capazes de levar os telespectadores a uma compreensão do próprio discurso televisivo).

Mídia, identidade e socialização: a presença da TV no cotidiano infanto-juvenil

As mídias caracterizam-se como instâncias discursivas centrais nos processos de compreensão da realidade contemporânea. As narrativas que por elas circulam (bem como os personagens que nelas aparecem) proporcionam, para milhões de telespectadores, não apenas acesso às informações e ao lazer, mas, sobretudo por meio delas, modelos de reconhecimento ou identificação de si mesmos e dos outros. Os grupos sociais, por exemplo, passam a ganhar reconhecimento quando são registrados pela mídia e isso impacta seus próprios processos internos de funcionamento e coesão: ou seja, mesmo nas questões identitárias, o aparato midiático é o lugar por excelência da cultura de nosso 1 O presente artigo foi apoiado pela ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância, no âmbito do Programa InFormação – Programa de Cooperação para a Qualificação de Estudantes de Jornalismo e do Instituto Alana no âmbito do Projeto Criança e Consumo. Os conteúdos, reflexões e opiniões constantes deste trabalho, bem como do Projeto que a ele deu origem, não representam, necessariamente, as opiniões das instituições apoiadoras. 2 Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Trabalho orientado pelo professor Paulo Roberto Figueira Leal.

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